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domingo, 12 de março de 2017

Brasil: um pais onde o crime compensa (e como) - Josias de Souza

Processo do TSE revela que o crime compensa
Josias de Souza
12/03/2017

Em conversa com um amigo, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, chamou de “kafkiano” o processo que mantém sub judice a Presidência de Michel Temer. A definição é inexata. Na verdade, o processo é pós-kafkiano. O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído de Franz Kafka se contorcendo no túmulo ao perceber que o absurdo perturbador de sua ficção foi superado por uma história fantástica passada num país imaginário. Uma história bem brasileira.

A realidade dos autos relatados pelo ministro Benjamin está cada vez mais inacreditável. O interesse pelo julgamento do processo diminui na proporção direta do aumento das evidências de que a vitória de 2014 foi bancada com dinheiro roubado da Petrobras. Autor da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff—Michel Temer, o PSDB anda tão ocupado em salvar o país que já não tem tempo para cobrar a punição dos crimes que apontou.

O tucanato tornou-se o esteio do governo Temer. O derrotado Aécio Neves virou um levantador de ministros. O vice-derrotado Aloysio Nunes Ferreira acaba de ser nomeado chanceler. Na oposição, o PSDB era incapaz de reconhecer a honestidade dos governantes. No governo, esqueceu que o PMDB é incapaz de demonstrá-la. Todo o dinheiro sujo que a Odebrecht investiu em 2014 não daria para vestir 1% das desculpas esfarrapadas dos tucanos para conspirar contra a lógica no TSE.

Devolvida a Porto Alegre e à sua insignificância, Dilma Rousseff entregou-se a duas atividades. Quando não está cuidando dos netos, dedica-se a denunciar o ''golpe''. No TSE, os defensores de madame se juntam aos advogados de Michel Temer numa tabelinha a favor da protelação. Difícil saber se golpeados e golpistas fogem de um julgamento rápido por que são capazes de tudo ou por que são incapazes de todo.

Há mais: Temer, o processado, indicará entre abril e maio, dois dos ministros que o julgarão no TSE. Há pior: o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, frequenta o noticiário na condição de conselheiro do acusado. Quando Dilma ainda estava sentada na poltrona de presidente, Gilmar pegou em lanças pela abertura do processo, evitando que a podridão das contas eleitorais descesse para o arquivo. Agora, o mesmo Gilmar afirma: o mais importante é a exposição do lixão, não o resultado do julgamento.

Em meio a este cenário pós-kafkiano, um período excepcional da história do país, a qualquer momento se verá a maioria dos ministros do TSE declarar a respeito dos milhões em verbas sujas que passaram pelas arcas de 2014: “Calma! É só caixa dois, gente!”. E o brasileiro perceberá que não é que o crime não compensa. É que, quando ele compensa, muda de nome.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Kafka e a Muralha da China: por favor, me prendam, eu quero ser preso, eu imploro...

Kafkiano, realmente...
Paulo Roberto de Almeida

China: Wanted Exile’s Attempt to Surrender Is Rejected
By THE ASSOCIATED PRESS, November 25, 2013

The second most-wanted student leader from the 1989 Tiananmen Square pro-democracy protests was turned back from Hong Kong on Monday in his latest attempt to surrender to Chinese authorities and return home. It was the fourth such attempt by the former student leader, Wu’er Kaixi, who said his lack of success so far was the result of “absurd” actions by the Chinese government.

Mr. Wu’er, who has lived in exile in the United States and Taiwan for more than two decades, is stuck in a situation in which he is both wanted for arrest and, like many other dissidents who have fled, prevented from returning to China. Mr. Wu’er said in a blog post that he wanted to go back to China to see his ailing parents and other family members, whom he has not seen since he fled into exile 24 years ago. His parents have also been denied permission to visit him. He was named No. 2 on the Chinese government’s list of 21 wanted student leaders (behind Wang Dan) after the military crushed the 1989 protests, killing at least hundreds.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Surrealismo brasileiro: a inacreditavel UnB e o Kafka do cerrado

Bem, quando eu li esta mensagem da UnB, sinceramente eu não sabia se ria, se lamentava a "desnutrição" dos estudantes, ou se me encantava com o estupendo burocratismo dos serviços responsáveis da UnB.
Vejam vocês: 


Informamos à comunidade universitária que o serviço de alimentação especial, oferecido pelo Restaurante Universitário de Brasília/DAC, está temporariamente suspenso devido a falta de nutricionistas para o programa.
Esclarecemos que as necessidades de pessoal já foram encaminhadas ao DGP e tão logo a equipe esteja restabelecida, o serviço retornará a normalidade.
Atenciosamente,
Coordenação de produção do RU

Sinceramente, se Franz Kafka, em lugar de ter nascido (e morrido) em Praga, andasse pelo cerrado central do Brasil, mais especificamente no quadrilátero que responde pelo nome de campus Darcy Ribeiro, ele teria farto, fartíssimo, IMENSO material para mais alguns derivativos do seu mal costurado Processo.
O Brasil é maior (não confundir com algum programa do governo), melhor, muito mais rico do que qualquer romance kafkiano...
Pronto, já terminei minha noite com algum motivo de reflexão (e mais insumo para algum minitratado sobre o surrealismo brasiliense).
Paulo Roberto de Almeida