Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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terça-feira, 13 de junho de 2017
O liberalismo: perguntas e respostas - Carlos Alberto Montaner (Instituto Millenium)
Roberto Campos: liberalismo e pobreza (1996)
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Margaret Thatcher e Ronald Reagan: dois estadistas improvaveis, e que fizeram toda a diferenca - Regina Caldas
O texto abaixo é de Regina Caldas, e foi feito para rememorar o falecimento do ex-presidente americano.
Paulo Roberto de Almeida
Quando nos lembramos de Ronald Reagan, memoravel ex-presidente dos Estados Unidos da América do Norte, nosso pensamento se volta para Lady Margaret Thatcher. Thatcher, também apelidada pelo Kremlim de “Iron Lady” e Ronald Reagan foram grande amigos. Formaram uma dupla imbatível em questões de política internacional, atuando juntos num momento bastante crítico da história mundial.
Thatcher e Reagan se encontraram pela primeira vez em 1975 , quando ela foi nomeada para liderar o Partido Conservador. Ela o conhecia através de seu marido Denis, que retornando dos Estados Unidos na década de 60, entusiasmado entregou-lhe uma cópia de um discurso feito por Reagan no Instituto dos Diretores. Thatcher pressentiu naquele texto o nascimento de um líder. E quando o encontrou pessoalmente, de imediato sentiu-se cativada pelo charme, senso de humor e diretrizes do cow-boy. Tornaram-se amigos, com Reagan a visitando na House of Commons, e Thatcher lendo todas as falas de Reagan e o percebendo cada vez mais forte e capaz.
Descendente de um clã de políticos pelo lado paterno, Thatcher nasceu numa pequena cidade do interior da Inglaterra, Lincoln, distrito de Grantham. Seu pai, além de proprietário de um pequeno mercado, também era militante do Partido Conservador, tendo sido prefeito. Isto deu a ela a chance de passar grande parte dos momentos de lazer durante a infância e juventude debruçada sobre os joelhos paternos, ouvindo-o em suas discussões políticas com a vizinhança. Sempre muito dedicada aos estudos passou pela Universidade de Oxford onde estudou Química. Já na época da universidade seu caráter participativo a levou a uma atuação importante no centro acadêmico (OUCA) daquela escola.
Profundamente religiosa Lady Thatcher considera o cristianismo a sua âncora de estabilidade. Introspectiva gosta de ler, gosta de estar consigo mesma, com seus próprios pensamentos digerindo suas leituras prediletas cujos temas versam sobre política e teologia. Chocada com a leitura de um livro de C.S.Lewis, “Mere christianity”, lido durante o tempo de faculdade, cujo ponto central partia da comparação entre o caminho que os cristão seguem em contraste com a fé que professam, compreendeu que deveria buscar a santidade através do exemplo dos santos.
Da riqueza de detalhes que encontramos na biografia de Thatcher, podemos ressaltar seu visceral repúdio ao pensamento dos intelectuais de esquerda. Estudiosa e responsavel dedicou-se à leitura e interpretação dos textos de grandes escritores como Popper, Hayek, Stuart-Mills, Tocqueville e outros que lhe serviram de modêlo em sua gestão pública.
Perfilando-se nos ideais paternos, Thatcher cresceu acreditando numa sociedade livre. Aos 16 anos de idade leu “Out of the night” do alemão Jan Valtin e impressionou-se muito. Segundo ela, os horrores do nazismo narrados no livro a afligiram muito, bem como as informações sobre os cínicos acordos que os comunistas fizeram com Hitler a fim de subverter a democracia na Alemanha entre o final e o início das décadas de vinte e trinta, quando o pacto nazi-soviético destruiu a Polonia, os estados bálticos e a Finlândia. O livro serviu para faze-la entender que nazismo e comunismo são faces da mesma moeda.
Desde a juventude militou no Partido Conservador. Ainda muito jovem observou que a esquerda inglesa (Labour Party) era extremamente efetiva em retratar os conservadores como os únicos responsáveis pelo abandono da política doméstica numa época em que a Europa se encontrava em plena II Guerra Mundial, e muitos assuntos externos eram mais imperativos que os problemas internos de seu país. As esquerdas inglesas militavam de forma irresponsavel e extremista bem junto ao Partido Conservador. E não queriam a reeleição de Churchill. Movida por esta observação Lady Thatcher iniciou sua militância ativa falando para os candidatos de seu partido incansavelmente. Afirmava sempre aos seus ouvintes: ” Estamos caminhando para uma grande batalha como este país jámais viu anteriormente. Uma batalha entre dois caminhjos de vida, um que leva inevitavelmente à escravidão, o outro à Liberdade. Nossos oponentes querem nos fazer crer que o conservadorismo é um privilégio de poucos. Mas o conservadorismo preserva tudo o que é de melhor e mais grandioso de nossas heranças culturais. Nossa política não é construir na inveja ou no ódio, mas na liberdade para todos. Não queremos suprimir o sucesso. Ao contrario, o encorajamos bem como a energia e a iniciativa. Em 1940, não choravamos o nacionalismo que levantou este país e combateu o totalitarismo. Chorávamos por libertação.” Chocada com as chances que se abriam para a esquerda inglesa, Thatcher saiu em campo para caminhar com seus próprios pés e lutar contra o inimigo.
Em fins de 1969, a convite dos russos, Thatcher realizou sua primeira viagem a Moscou durante um final de semana. Conhecedora das táticas soviéticas pagou por sua viagem e demonstrou interesse apenas em visitar igrejas e museus. Mas sua mente observadora captou através dos trabalhadores que que encontrou nas ruas de Moscou, e dos estudantes nas universidades, que o comunismo era um regime para uma elite privilegiada, e capitalismo o credo para o homem comum.
Na década de 70, com o intuito de combater o Marxismo-Leninismo, Thatcher fazia conferências por toda a Europa, iniciando suas palestras sempre com a mesma frase: ” Em alguns países europeus nós vemos agora os partidos comunistas vestido com roupas democráticas, e falando com vozes suaves…” vendo nestes inimigos dentes e apetite de lobo vorazes. No final desta mesma década, três novos rostos surgiram na Europa e Estados Unidos: um papa polonês ascendia ao trono de São Paulo sonhando reunificar a Europa cristã. Uma mulher de grasnde força moral foi ocupar os escritórios de Downing Street, 10, enquanto um ex-ator norte-americano foi colocado no Salão Oval da White House, e grande comunicador que era logo classificou a União Soviética como Império do Mal.
No início dos anos 80, duras experiencias mostraram que o Ocidente sofria de ilusões persistentes em relação à URSS. Estava em moda entre os cientistas políticos falar de “convergência”, uma idéia de que o tempo poderia drenar de volta para o ocidente o leste assolado por problemas políticos e economicos. Pura ilusão, pois no conceito deles havia o erro de acreditar numa diferenciação entre os regimes comunistas de acordo com sua dependencia de Moscou. Ao contrário, quanto mais repressivo fosse o governo mais favores recebia de Moscou, tal como acontecia com Ceausescu. A outra ilusão era a “detènte”: acreditavam que a conduta de Moscou dependia do bom comportamento do Ocidente. Mas o fato é que os comunistas não reagem à amabilidade. Mas estas esperanças drenavam a tensão das relações Leste-Oeste, vistas apenas como uma estratégia que no futuro talvez fosse bem sucedida. Em meio a estas procrastinações, em 1975 desponta uma nova estrela em Moscou, Mikhail Gorbachev. Para o partido ele não tinha credenciais democráticas , mas como ser humano era diferente. Era o único homem inoculado contra a memória stalinista. Era um homem com quem se poderia conversar, embora os primeiros contatos entre Reagam e ele não foram producentes. Mas, em 1987*, num encontro em Reykjavik entre líderes mundiais para uma discussão sobre desarmamento, Gorbachev surpreendeu propondo um corte de 50% na produção de armas nucleares. O tratado foi assinado. A seguir, um incidente tornou ridícula a Guerra-fria. Um jovem de 19 anos, Matthias Rust, pilotando um mono-motor invadiu o espaço aéreo russo, terminando sua aventura sem maiores problemas próximo às calçadas da praça Vermelha em Moscou.
Uns três anos após a eleição de Gorbachev para a presidência da Rússia, o último império colonial europeu começou a ruir. E a análise de Gorbachev sobre a crise soviética que pode ser deduzida de seu livro “Perestroika” lançado em q989, foi um catálago de desculpas. Os gastos com armamentos roubavam as possiblidades de melhorar a qualidade de vida das populações comunistas. Os métodos de planejamento comunista haviam falhado. O partido era corrupto. Os jovens se afastavam da ideologia comunista enquanto o cidadão perdia a paciência com promessas mentirosas, e a sociedade soviética estava tomada de apatia. Neste clima de necessidade de urgentes reformas Gorbachev deu boas vindas ao Presidente Reagan. E com a glasnost* finalmente rompeu com o silencio por trás da cortina de ferro. A partir daí o comunismo ´passou a ser denunciado ao redor do mundo.
Na magestosa Catedral de Washington, mesmo doente Lady Thatcher esteve presente para dar adeus ao amigo querido, Ronald Reagan. Com certeza seu pensamento retornou àquela criança que aprendeu política debruçada sobre os joelhos paternos. Deste privilegiado posto de observação do mundo, Thatcher pode refazer sua longa e gloriosa caminhada na política interna de seu país e na internacional. Reconheceu erros e acertos. A sua obsessão por disciplina deu um estilo autoritário em todas as esferas do governo. O efeito sem que fosse sua intençao foi uma centralização de poder, o que ela tanto condenava no sistema comunista. Mas em política externa movida pelo seu agudo espírito observador, pelo seu horror ao comunismo, com seu extraordinãrio conhecimento da matéria foi reconhecida como fonte de inspiração para Jacques Delors*** e para o amigo à quem diziam adeus naquele momento.
De seus 15 anos como militante política, e 11 e 1/2 ocupando o cargo de primeiro-ministro, Thatcher nos lega a certeza de que um mundo globalizado com grande mobilidade de pessoas e capitais, revoluções nas Comunicações e na Tecnologia, são o melhor antídoto contra o veneno destilado por mentes e governos com tendências totalitárias. Segundo ela, a experiencia russa demonstra que sem o respeito á lei, sem a compreensão dos limites do governo, sem o respeito á propriedade privada e à liberdade empresarial, é difícil construir instituições democráticas. Sua missão maior, entretanto foi persistir desde a juventude no ideal de combater o comunismo por uma questão de princípio moral.
* glasnost: uma política oficial russa enfatizando informações públicas.
** Jacques Delors: Primeiro Ministro francês, católico e socialista. Mas um discípulo de Monnet e Schuman, visto por seus oponentes como umEuro-fundamentalista. O principal instrumento para as suas ambições foi o Single European Act (SEA). Foi Primeiro Ministro entre 1985 e 1992. O SEA foi um programa elaborado para permitir a total abolição de barreiras e a mobilidade na Comunidade Européia. Apresentado em 1985, e adotado em 1986 pelos estados-membros.
sábado, 8 de outubro de 2016
Quem sao os liberais e o que eles tem a dizer? - Paulo Roberto de Almeida
Atenção: disse "minha concepção atual" porque acredito que circunstâncias, crenças, situações políticas e econômicas vão mudando com o tempo, e devemos estar sempre abertos a rever nossas concepções sobre o mundo, as sociedades e seus problemas, de acordo com essas, e dependendo dessas condições cambiantes.
Atenção 2: quem escreve sobre o liberalismo e os liberais não se classifica como tal, pois acredito que todo rótulo é um pouco redutor, como eu argumento ao final deste pequeno texto.
Atenção 3: Quão antigo é este artigo? Ele foi escrito em Hartford, em 26 de fevereiro de 2015, 3 p. Considerações sobre o que são, e o que não são, os liberais, para circulação no âmbito do Instituto Liberal do Centro Oeste. Depois é que ele foi publicado, nem sei como, pelo Instituto Millenium.
Atenção 4: Depois que escrevi que liberais não têm religião, no sentido puramente formal da expressão, recebi vários comentários a respeito, o que indico, e discuto, no final deste texto e em outra postagem, indicada.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8 de outubro de 2016
Quem são os liberais e o que eles têm a dizer? Paulo Roberto de Almeida explica
O liberalismo é uma doutrina forjada mais sistematicamente em meados do século 19, embora possa ter raízes mais antigas, seja no iluminismo escocês (David Hume, Adam Smith) e na filosofia política britânica (John Locke é o mais distinguido, mas o economista John Stuart Mill também é representativo da corrente), seja já no constitucionalismo francês (Benjamin Constant, Alexis de Tocqueville), e mesmo em algumas correntes da filosofia e do pensamento social alemão (como Immanuel Kant e Wilhelm Humboldt, por exemplo). No século 20, ele está mais identificado, no terreno econômico, com Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Milton Friedman, e com Isaiah Berlin e Raymond Aron, na filosofia da história e no pensamento político. Há também uma vertente do liberalismo social, que poderia ser representada pelo italiano Norberto Bobbio, que sempre tentou fazer uma ponte entre o pensamento liberal clássico e a moderna socialdemocracia, de corte reformista, ou socialista liberal. Já nos Estados Unidos, esse conceito se identificou de modo negativo com a socialdemocracia em sua vertente intervencionista, mas republicanos conservadores, como Ronald Reagan (que não era nada teórico), encarnaram uma vertente prática da doutrina liberal. Na Grã-Bretanha, Margaret Thatcher havia lido Hayek e tentou aplicá-lo, tanto quanto possível.
Existem, portanto, variantes do liberalismo, nas vertentes filosóficas, políticas ou econômicas, mas todas elas parecem exibir certos traços, ou compromissos, comuns: uma desconfiança do poder e a resistência a Estados muito fortes; uma crença básica no progresso social, ou seja, que os homens e suas instituições podem ser melhorados pela aplicação racional de políticas respeitando as liberdades políticas e econômicas; uma aceitação inquestionada do fato que mercados livres sempre funcionarão melhor do que suas alternativas planejadas ou dirigidas pela via do Estado; uma tolerância fundamental em relação às crenças e sentimentos pessoais, no simples entendimento de que sempre haverá algum tipo de conflito entre os interesses concretos dos indivíduos e suas crenças subjetivas, ou religiosas (que sempre são o resultado de construções humanas e sociais).
Em resumo, liberais não são absolutamente conservadores, e sim progressistas e adeptos de reformas contínuas. Eles não são religiosos, ou não é isso que os distingue no plano doutrinal, pois aceitam que as pessoas possam ter fé em doutrinas ou crenças religiosas. Eles são profundamente democráticos, pois acreditam que sempre se deve recorrer a consultas na comunidade, com vistas a um largo debate e o encaminhamento negociado de soluções racionais aos desafios sociais e aos problemas humanos. Eles têm um compromisso fundamental com as liberdades econômicas as mais amplas, base indispensável de sistemas políticos abertos e responsáveis.
Dito isto, os liberais verdadeiros não possuem respostas definitivas para todos os problemas de organização social ou dilemas humanos, com base justamente na modesta crença de que os homens são capazes de encontrar as soluções as mais adequadas, por vezes apenas aproximativamente, a certos problemas complexos, que envolvem não apenas crenças religiosas, mas também sentimentos morais e conflitos éticos. Por exemplo, os liberais deveriam ser a favor ou contra a liberação das drogas? Eles devem ser a favor ou contra a descriminalização do aborto? Eles são por um Estado laico irredutível, ou defendem a total liberdade religiosa, inclusive de catequese e exercícios de conversão de crianças no ensino público? Eles são por casamentos de pessoas do mesmo sexo? Concordam em que bebês e crianças sejam adotadas por tais casais?
Não é seguro que existam respostas unívocas, liberais ou de qualquer outra extração, a determinadas questões, que colocam pessoas em choque umas com as outras, independentemente de suas outras crenças políticas ou econômicas. Os liberais não pretendem ter respostas prontas e soluções “definitivas” a todos os problemas humanos e conflitos sociais, sobretudo de crenças, que devem ser deixados para a esfera dos sentimentos individuais. Na dúvida, ou na incerteza, eles propugnarão acompanhar a evolução dos costumes sociais, que já foram bem mais intolerantes no passado, nos terrenos referidos, do que aparentemente são hoje, com os progressos civilizatórios acumulados ao longo do tempo. Liberais são tolerantes e sempre defenderão a total liberdade das pessoas de adotar suas opções individuais, sem prejuízo de direitos e obrigações estabelecidas democraticamente pela comunidade.
O liberalismo é antes de mais nada uma construção social em constante estado de aperfeiçoamento doutrinal – nos campos do direito, da economia, da política – e por meio de experimentos de “ensaio e erro” no campo mais prático das políticas públicas, pois não existem respostas simples, ou universais, para problemas tão corriqueiros na vida das nações como educação, saúde, sistemas securitários, normas laborais ou para a política fiscal (que envolve um debate sobre o peso do Estado, o sistema tributário e, sobretudo, os desejos de certas correntes respeitáveis por maior igualitarismo social). Nesse campo de escolhas econômicas e de políticas públicas, os liberais procuram sempre privilegiar as mais amplas liberdades econômicas, com total garantia para a propriedade legítima e para a acumulação de riquezas que sejam fruto do trabalho (e não de privilégios administrados pelo Estado), mas também reconhecem a existência de diferenças sociais e de fortuna que merecem encontrar respostas adequadas no quadro de um amplo debate democrático sobre as melhores alternativas a esses problemas. Os liberais entendem que as melhores respostas a essas questões se situam na organização voluntária da sociedade, e não na distribuição pelas mãos de burocratas estatais, que sempre serão volúveis a alguma “taxa de intermediação” pelo “trabalho social”.
Liberais têm dúvidas, sobretudo quanto a projetos de engenharia social, contra os quais eles se posicionam racionalmente, com base na experiência histórica: tentativas de moldar a sociedade, ou de “corrigir os mercados”, sempre resultaram em desastres maiores do que os problemas supostamente na origem de imperfeições de mercado ou de desigualdades sociais. Também se opõem a todos os fundamentalismos, inclusive o do liberalismo, concebido como verdade inquestionável, e infenso ao debate aberto e tolerante com marxistas ou keynesianos, por exemplo, que exibem alguma legitimidade com base em suas propostas de “correção” dos problemas econômicos e sociais. Todas as sociedades apresentam componentes ideológicos e filosóficos os mais diversos e os liberais são herdeiros de uma das correntes da teoria social, o das liberdades individuais, contra o igualitarismo principista (e irrealizável) dos marxistas e contra pretensão dos keynesianos de erigir o Estado em guia e orientador supremo das forças econômicas.
Por fim, quem escreveu estes argumentos não se classifica em absoluto como liberal, pois entende que todo rótulo pode ser redutor ou simplificador das realidades necessariamente complexas do mundo concreto. Se algo poderia ser dito sobre o que guia o seu pensamento, apenas duas palavras o definem: racionalista e irreligioso.
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Ah, a religião, essa força desintegradora.
Sou uma pessoa absolutamente irreligiosa, e nem discuto o que possa ser isso. Sou totalmente indiferente a qualquer religião, mas acredito, sim, que as religiões estão necessariamente presentes na vida de 99,99% das pessoas, e são uma das mais importantes forças da história humana.
Mas, insisto, os verdadeiros liberais, e o liberalismo, não têm absolutamente nada a ver com isso. Liberdades humanas são "coisas" universais, irredutíveis, absolutas, ou deveriam ser, pelo menos.
As religiões não são nada disso: elas são "coisas" humanas, sociais, ou civilizatórias, são redutíveis a um tipo de pensamento ou proposta espiritual, e tendem a ser excludentes (de outras religiões), mas não necessariamente agressivas (como penso que o budismo, ou o confucianismo, acredito, sejam essencialmente "pacifistas"). Mas, as religiões, especialmente as monoteístas, as "conversionistas", as totalitárias, podem ser opressoras, e mesmo terrivelmente "mortais", daí que um verdadeiro liberal deveria ser indiferente às religiões, no que toca o seu "liberalismo".
No mais, um liberal pode ser o que quiser no plano das crenças individuais e pessoais, desde que não ataque, ofenda ou prejudique as liberdades de outrém.
Minha resposta às críticas ao meu texto acima, e meus comentários sobre a problemática estão nesta nova postagem, de 28/02/2015, do meu blog (da qual eu havia me esquecido também):
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/02/debate-os-liberais-precisam-ser.html
Brasília, 8/10/2016
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
PPK: o melhor presidente que o Peru (a America Latina) poderia ter - Luis Prados (El Pais)
Pedro Pablo Kuczynski, popularmente conhecido como PPK, concede ao EL PAÍS sua primeira entrevista como presidente
LUIS PRADOS, Lima
El País, 1 AGO 2016 - 11:07
Pedro Pablo Kuczynski em sua casa de Lima.Pedro Pablo Kuczynski em sua casa de Lima. JUANJO FERNANDEZ
Se o Peru se transformou, desde o início deste século, em um caso especial naAmérica Latina por seu crescimento econômico constante, não menos excepcional é a chegada ao poder de Pedro Pablo Kuczynski, de 77 anos. E nem tanto por sua vitória apertada sobre sua rival Keiko Fujimori nas eleições de 5 de junho passado, por apenas 39.000 votos, mas pela distinção intelectual do novo presidente do Peru, algo que contrasta fortemente com outros líderes passados e presentes da região.
Educado em Oxford e Princeton, economista do Banco Mundial, ex-banqueiro, ex-ministro e ex-primeiro ministro, duas vezes exilado, depois do golpe do general Velasco Alvarado (1968) e durante a década fatídica de Alberto Fujimori(1990-2000), PPK, como é conhecido popularmente, além de tudo é músico —toca piano e flauta transversal— e herdeiro de uma fascinante história familiar na qual não faltam espiões famosos a serviço da União Soviética.
MAIS INFORMAÇÕES
Kuczynski promete transformar o Peru em um país moderno até 2021
Pedro Pablo Kuczynski: o presidente peruano mais inesperado
'O Peru a salvo', por Mario Vargas Llosa
Seu pai, médico judeu, fugiu em 1936 da Alemanha de Hitler para se estabelecer no Peru como especialista em doenças tropicais na Amazônia. Ali ajudou a fundar o leprosário de San Pablo, onde, anos depois, já nos anos cinquenta, um jovem estudante de medicina, Ernesto Guevara, trabalhou como voluntário. Sua mãe, nascida na Suíça e professora de música e literatura, era tia do diretor Jean-Luc Godard. Este parentesco cinematográfico se reforça com a coincidência de que sua atual esposa, Nancy Lange, seja prima da atriz Jessica Lange.
Kuczynski concedeu ao EL PAÍS sua primeira entrevista como presidente em sua residência no distrito de San Isidro, um bairro residencial de Lima. Em seu escritório, cheio de livros, PPK explica com bom humor e calculadora na mão o Peru com o qual sonha depois de outro dia de atividade estressante sob um insólito sol de inverno. Uma visão sobre o futuro de seu país que em apenas dois dias fez com que passasse de ser acusado de lobista a ser chamado de esquerdista.
Pergunta. O Peru cresce a 4%, acima da média da região, e reduziu a pobreza à metade na última década. No entanto, há um mal-estar que, inflamado pela corrupção e pela insegurança, esteve a ponto de dar a vitória ao autoritarismo populista de Keiko Fujimori. Por quê?
Resposta. Parte do problema está no próprio sucesso do país. Por mais que seja verdade que o índice de pobreza caiu 23%, isso ainda representa um monte de gente: são quase sete milhões e meio de pessoas, um número que quase coincide com o número de pessoas que não têm água em casa, que são quase dez milhões. Outra razão é que houve uma falta de seriedade dos Governos anteriores diante desse grupo de pessoas, uma falta de conexão. Além disso, há a percepção entre as pessoas mais educadas de que houve uma corrupção brutal, e a isso se acrescenta a recessão econômica dos dois últimos anos.
“Não vou indultar Alberto Fujimori”
P. O senhor terá de governar com minoria no Congresso. Seu partido, Peruanos por el Kambio, tem apenas 18 cadeiras diante das 21 da esquerda e dos 73 da Fuerza Popular, de Keiko Fujimori, em um Parlamento de 130. É possível a colaboração com o fujimorismo?
R. Nem todos os 73 congressistas da bancada fujimorista são membros do partido, há cerca de 30 que subiram no bonde acreditando que ela ganharia e que receberiam seu quinhão. De um ponto de vista completamente egoísta, é preciso atrair alguns deles. Se não o fizermos, será difícil trabalhar no Congresso depois da pequena lua-de-mel que, tomara, teremos nas próximas semanas. Mas não espero uma grande colaboração, espero que sejam tolerantes de uma forma neutra.
P. Esperava protestos dos fujimoristas quando assumiu o governo?
R. Não, e também não aplaudiram nada do que disse. Acredito que é falta de educação, mas minha pele é de couro, consigo aguentar.
P. Vai tirar Alberto Fujimori da prisão?
R. Se o Congresso propuser uma lei geral que lhe permita cumprir sua sentença em casa, assinarei, mas não vou indultá-lo.
Kuczynski com seu novo gabinete no dia da posse.Kuczynski com seu novo gabinete no dia da posse. RODRIGO ABD AP
P. Existe um território comum com o fujimorismo na política econômica?
R. Eles se opõem a reduzir o IVA, mas reduzi-lo é bom, porque é um imposto indireto que vai diretamente na veia dos mais pobres. Um IVA alto promove a informalidade, que no Peru representa 60% da força de trabalho. E a informalidade promove a falta de investimento em modernização. É a história do aspirador e da vassoura; para que vou ter uma máquina elétrica se posso ter um monte de mulheres às quais pago quatro centavos para que varram as ruas? Por isso é preciso atacar a questão social.
P. Em sua vitória eleitoral, foi chave o apoio do Frente Amplio de Verónika Mendoza. Acredita que seja possível trabalhar uma agenda com a esquerda?
“O Peru está abaixo de seu peso internacional”
R. O divisor de águas no Peru entre a esquerda e a direita é a mineração, que é o que traz mais divisas para nós e sou partidário de sua industrialização. Para entender-se com o Frente Amplio e trazê-lo a posições moderadas é preciso trabalhar com a agricultura e a educação. Como é possível que haja tanta gente sem água ou ter escolas caindo aos pedaços? Resolver isso não é de esquerda ou de direita, é questão de bom senso.
P. O senhor prometeu uma revolução social. Por onde vai começar?
R. Queremos fazer uma revolução social porque este país é ainda muito retrógrado. Os líderes dos negócios ainda falam em cholos [termo ofensivo para se referir aos mestiços de origem europeia e indígenas], estão no século XIX e é preciso mudar isso. A água e a saúde são as prioridades. O programa para dotar de água todos os peruanos deve gerar meio milhão de postos de trabalho.
P. Como reativar a economia?
R. Destravando os 10 ou 15 grandes projetos que estão emperrados. Isso significa um crescimento em um ano de um ponto e meio a mais no PIB.
P. Como vê o Peru no contexto da América Latina? Que papel quer desempenhar diante da crise da Venezuela?
R. O Peru está abaixo de seu peso internacional. Por exemplo, em relação à Venezuela temos de criar um clube de presidentes, um grupo do tipo do Contadora, que promoveu a paz na América Central em meados dos anos oitenta.
“O divisor de águas no Peru entre a esquerda e a direita é a mineração, que é o que nos traz mais divisas”
P. Como se define politicamente?
R. Temos que buscar uma política centrista: dar muita ênfase no lado do bem-estar no qual estamos muito atrasados —saúde, água, educação— e, do outro, precisamos de uma economia de mercado que financie tudo isso.
P. Parafraseando Zavalita, de Vargas Llosa [protagonista do romance Conversa na catedral], o Peru vai começar a parar de estar “ferrado”?
R. Bem, ainda tem muita gente ferrada. É preciso “desferrar” o Peru e isso custa dinheiro.
quinta-feira, 9 de junho de 2016
O liberalismo: as falacias da esquerda e a incapacidade dos liberais - Fernanda Barth (O Voto)
Sejamos sinceros, o liberalismo nunca soube vender bem seu peixe no Brasil, produzir respostas para temas prioritários da sociedade, mostrando-se como uma alternativa. Não sabe se comunicar. Não faz o enfrentamento de ideias no campo teórico e não constrói lideranças no campo político. Os poucos pensadores liberais que temos hoje, buscaram seu referencial teórico para além das Universidades, em institutos liberais ou fora do país.
A verdade é que o PT e a esquerda sempre souberam produzir respostas sobre temas prioritários, mesmo que suas respostas sejam ruins ou insustentáveis ou careçam de lógica. Eles têm argumentos para todas as questões. O nosso lado não tem produzido respostas que cheguem a novos públicos. Não conseguimos mostrar nossa visão de mundo para fora do campo econômico.
Exatamente isto. Não se pode acusar o Estado, ou a esquerda, apenas eles, por nossos fracassos, insuficiências, lacunas, omissões e insucesso. Os liberais carregam sua responsabilidade por não saberem se comunicar...
Arregaçar as mangas e trabalhar contra as falácias da esquerda e os desastres que suas políticas provocaram contra o país e a sociedade.
Esta é tarefa daqueles que se opõem às políticas públicas, não apenas as do PT, que provocaram esse Grande Desastre, mas as do Estado em geral, que só trata de obter financiamento para suas muitas "missões".
Abaixo, o artigo em questão.
Paulo Roberto de Almeida
Revista O Voto, Artigos - 07/06/2016 - 11h58
Artigo sobre liberalismo: o problema, as causas e algumas soluções
Sejamos sinceros, o liberalismo nunca soube vender bem seu peixe no Brasil, produzir respostas para temas prioritários da sociedade, mostrando-se como uma alternativa. Não sabe se comunicar. Não faz o enfrentamento de ideias no campo teórico e não constrói lideranças no campo político. Os poucos pensadores liberais que temos hoje, buscaram seu referencial teórico para além das Universidades, em institutos liberais ou fora do país.
A verdade é que o PT e a esquerda sempre souberam produzir respostas sobre temas prioritários, mesmo que suas respostas sejam ruins ou insustentáveis ou careçam de lógica. Eles têm argumentos para todas as questões. O nosso lado não tem produzido respostas que cheguem a novos públicos. Não conseguimos mostrar nossa visão de mundo para fora do campo econômico.
Para o ativista político Yaron Brook, presidente e diretor executivo do Ayn Rand Institute, uma das causas desta dificuldade em abraçar o liberalismo no Brasil está nos autores que são escolhidos para compor a base filosófica na academia. Desprezamos os filósofos iluministas do século XVIII (The Age of Enlightenment), como Locke, Newton, Franklin, Jefferson e Adam Smith, que produziram os conceitos que norteiam o pensamento anglo-americano. Valorizamos apenas autores como Fourier, Robert Owen, Rousseau, Hegel, Heiddeger, Kant, Sartre, Marx, Saint-Simon, Lévi-Strauss, Comte, Durkhein, Proudhon e Babeuf, todos autores obrigatórios em qualquer curso da área de humanas. Esta base teórica defende o Estado como o tutor, condutor e organizador do caos e da irracionalidade “intrínseca” aos seres humanos. O modelo é hostil ao racionalismo, ao indivíduo, à liberdade. A educação que é dada nas universidades e na formação de docentes é toda baseada neste modelo parcial. Isto precisa ser combatido e mudar.
Precisamos das ferramentas para desmascarar as respostas inventadas pela esquerda, mostrando que elas não são soluções, que são apenas utopias, falácias, que comprometem o futuro. Mostrar, como diz Brook, que o socialismo não passa do triunfo da fé sobre a razão, que é uma crença, não é baseada em ciência. É fruto de um engano que é plantado em nós, desde crianças, uma falsa moral - o mito do BOM SACRIFÍCIO que diz que “minha vida não me pertence, que a felicidade é um ato egoísta e que devemos dividir tudo e dar aos outros o que é nosso”.
Temos que aprender a dizer e a provar que as sociedades liberais são mais saudáveis, inovadoras e criativas e que elas produzem pessoas com mais capacidade de esforço, auto interesse e desenvolvimento. O Índice de Liberdade Econômica demonstra isto claramente, os números falam por si mesmos. Quanto mais liberdade, mais riqueza. Quanto menos liberdade, mais pobreza. Quanto mais liberdade, menos corrupção.
Mostrar, em contraponto, que todas os governos socialistas fracassaram, trouxeram pobreza em larga escala, destruíram a economia e o futuro de seus cidadãos, abusaram do autoritarismo e da violência para imporem seu projeto injusto de nivelar todos pela mediocridade e deixaram um saldo de milhares de mortos. Ao se utilizarem do princípio aparentemente bem intencionado da luta pelo “bem comum”, criam o Estado autoritário, centralizador e gigante, destroem a liberdade e o próprio indivíduo. Precisamos de uma revolução de ideias, contrapondo os filósofos socialistas com seu antídoto, os filósofos da razão. Assim daremos as ferramentas necessárias para que mais e mais pessoas entendam a lógica liberal, adotando e defendendo o liberalismo em seu dia-a-dia.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Um companion book ao pensamento de Raymond Aron, por mais de 100 dolares!!??
Books and Culture
Such attitudes have deep roots. Over the course of the twentieth century, liberalism had few defenders in Paris and was overshadowed by seductive varieties of nationalism, existentialism, structuralism, surrealism, and Marxism. It wasn’t until the end of the century that the non-liberal alternatives were spent and interest in liberalism was renewed—at least among scholars.
It would be nearly impossible to speak about French liberalism today if Raymond Aron had not kept the flame alight while other philosophical fashions tried to blow it out. Therefore, The Companion to Raymond Aron, edited by José Cohen and Elisabeth Dutartre-Michaut, is a welcome new addition to the work on Aron available in English. It brings to light Aron’s characteristic mode of political reflection, which remained close to political actors’ realistic options and the concerns of citizens—rather than elaborating the sort of high-minded theoretical schemas that often typify French thinking.
Aron’s life tracked the “short” twentieth century. He was born in 1905 just prior to the Great War and the Bolshevik Revolution. He died in 1983 just prior to the fall of the Berlin Wall and the collapse of the Soviet Union. In between, his political judgment was extraordinary. Calling him the “Thucydides of the twentieth century” isn’t an overstatement.
After studying in Germany just prior to the rise of Hitler, Aron adopted the position that Nazism had to be unequivocally opposed. After Paris fell to the Wehrmacht, Aron went into exile in London to join General Charles de Gaulle and the French Resistance. After the war, he consistently championed Western democracy over Soviet totalitarianism. He endorsed the Cold War strategy of undermining and outlasting the Soviet Union. He favored decolonization of French North Africa. During the events of May 1968, he rejected the students’ fantastical utopianism. Throughout his career he championed the basic liberal values of Western civilization. Compared with Jean-Paul Sartre, who got almost all of these questions wrong, Aron looks prophetic.
Of course, no good deed goes unpunished. Aron paid for his good judgment with isolation from French intellectual circles. The Left regularly derided him as a “Cold Warrior,” especially after his most famous book, The Opium of the Intellectuals (1955), exploded the cherished myths of the Left, the proletariat, and the revolution. Soon thereafter, the French Right abandoned him because he favored Algerian independence. Aron’s caustic analysis of the “psychodrama” of May 1968 once again placed him firmly outside the fashionable trends of his time.
Sartre—a former schoolmate and friend, whom he had introduced to German existentialism—quipped that Aron was “unworthy to teach.” Others censured Aron for the “icy clarity” of his analyses, which supposedly lacked compassion. It became a commonplace in French intellectual circles that “it is better to be wrong with Sartre than to be right with Aron.” In that light, Aron’s intellectual fortitude and independent-mindedness were truly remarkable. It was only near the end of his life, in the late 1970s, with publication of Alexander Solzhenitsyn’s work on the Soviet gulag and the revelation of the horrors of Communism in Cambodia and Vietnam, that French opinion shifted in Aron’s favor. He now appeared to have been right all along about the nature of Communism—and much else. Claude Lévi-Strauss called Aron a “teacher of intellectual hygiene.”
The Companion to Raymond Aron is an excellent introduction to the main events of his life and the core themes of his work. The various authors reveal how and why Aron became recognized as one of the world’s most thoughtful analysts of the moral, political, economic, military, and sociological dimensions of modern democracy. His interests ranged from nuclear strategy to Tocqueville.
Primarily known outside France as an analyst of international relations, Aron was one of the first to develop the idea of totalitarianism. He argued that the Nazi and Stalinist regimes were without precedent in human history because they were based on “secular religions.” Each expressed a notion of providential destiny: for the Nazis, the victory of a race; for the Soviets, the victory of a class. These totalizing ideologies were what made these regimes so dangerous. Aron concluded that Marxist-Leninism “as an ideology is the root of all (in the Soviet regime), the source of falsehood, the principle of evil.” Ultimately, the Soviet regime’s attempt to make man into an angel in fact “create a beast,” while the Nazi’s experience showed that “man should not try to resemble a beast of prey because, when he does so, he is only too successful.”
The lessons that Aron drew from the twentieth century were that history is tragic, human freedom fragile, and theories of historical determinism pernicious. In his defense of liberal principles, Aron described himself as an adherent of “democratic conservatism.” Compared with the totalitarian regimes, “we are all the more conservatives because we are liberals who want to preserve something of personal dignity and autonomy.”
Aron sought to distinguish politics as a prosaic activity from the quest for salvation. “Modern society is a democratic society that must be observed without transports of enthusiasm or indignation,” he once remarked. “It is not the ultimate fulfillment of human destiny.” Aron’s outlook was characterized by modesty about what politics could achieve and what one should thereby expect from it. His liberalism fits into the French historical tradition more than the classical liberalism of England or the United States. For instance, Aron did not stress ideas of natural rights, which are the root of American liberal principals.
The recent terrorist attacks in Paris raise profound questions for both France and the Western democracies. How can the West develop a foreign policy that addresses the threats of Islamic terrorism and the reality of evil in the world but doesn’t get trapped trying to transform other regimes through nation-building and social engineering? Aron’s hostility to philosophies of history—such as recent claims about the “end of history” and the democratization of the world—is a powerful reminder that a hard-headed realism about what needs to be done can be combined with a balanced notion of how much can be achieved through political action. The presence in Europe of large numbers of Muslims citizens along with immigrants from the Middle East and Africa means that domestic and foreign policy are closely intertwined. How can France, which has the largest Muslim population in Europe, simultaneously preserve its own traditions and values and address increasing cultural and religious diversity? How can France integrate its Muslim population while simultaneously taking military action in the very regions from which its immigrant population hails?
These are enormous questions, but Aron provides some helpful guideposts. His skepticism about historical determinism casts doubt on the reigning “secularization” thesis—or dogma. This thesis holds that, as society modernizes, citizens will slowly lose their religious convictions, and those that cling to them will agree to do so exclusively in private. Reading Aron helps to break such spells. A broad understanding of his work would temper optimism about what laïcité (or secularism) can do to transform Europe’s Muslims. Europeans in general—and the French in particular—need to come to terms with the fact that Islam is not likely to follow Christianity’s historical trajectory in Europe. Only then can realistic approaches to religious diversity begin to be developed.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Transformacoes da ordem mundial, do final do seculo XIX a nossos dias - Entrevista com Paulo R. Almeida (RBPI)
Depois eu coloco o artigo em si.
E ainda tem uma entrevista em inglês, que também deve estar sendo publicada...
Paulo Roberto de Almeida
Transformações da ordem econômica mundial, do final do século 19 à Segunda Guerra Mundial – Entrevista com Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida is a career diplomat at the Brazilian Foreign Service (since 1977) and a University professor at the Master and Doctoral programs in Law of the University Center of Brasilia (Uniceub), since 2004. He holds a degree in Social Sciences from the University of Brussels, Belgium (1975), a Master in Economic Planning from the Developing Countries College of the University of Antwerp (1976), and a Ph.D. in Social Sciences also from the University of Brussels (1984). He was visiting professor at the Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine of the Paris University (Sorbonne), in 2012, and gives regularly talks about Brazil, its economy and its diplomacy in many foreign universities. Currently he serves Itamaraty (Brazilian Foreign Ministry) at the General Consulate of Brazil in Hartford, CT, USA.
- 2014: Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais;
- 2013: Integração Regional: uma introdução;
- 2012: Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização;
- 2010: Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização;
- 2010: O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado;
- 2006: O estudo das relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia;
- 2005; 2001: Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império;
- 2002: Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas.
- 2014: “The Politics of Economic Regime Change in Brazilian History”, in: Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.), The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva (Kindle Book; ISBN: 978-1-4951-2981-0).
- 2013: “Renato Mendonça: um pioneiro da história diplomática do Brasil”, In: Renato Mendonça: História da Política Exterior do Brasil (1500-1825): Do período colonial ao reconhecimento do Império (Brasília: Funag, ISBN 978-85-7631-468-4; p. 11-44).
- 2013: “L’historiographie économique brésilienne, de la fin du XIXème siècle au début du XXIème: une synthèse bibliographique”, In: Marie-Jo Ferreira; Simele Rodrigues; Denis Rolland (orgs.): Le Brésil, territoire d’histoire. Historiographie du Brésil contemporain (Paris: L’Harmattan, 306 p.; ISBN: 978-2-336-30512-7; p. 93-105; format digital: EAN Ebook format: 978-2-336-33277-2).
- 2013: “Oswaldo Aranha: na continuidade do estadismo de Rio Branco” (com João Hermes Pereira de Araújo), in: José Vicente Pimentel (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e Agentes da Política Externa (1750-1964). Brasília: FUNAG, 3 vols.; ISBN 978-85-7631-462-2; vol. 3, p. 667-711).
- 2013: “Pensamento diplomático brasileiro: introdução metodológica às ideias e ações de alguns dos seus representantes”, in: José Vicente Pimentel (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e Agentes da Política Externa (1750-1964). Brasília: FUNAG, 3 vols.; ISBN 978-85-7631-462-2; vol. 1, p. 15-38).
- 2013: “Brazil-USA relations during the Fernando Henrique Cardoso governments”, In: Munhoz, Sidnei J.; Silva, Francisco Carlos Teixeira da (eds). Brazil-United States Relations: XX and XXI centuries. Maringá: Eduem, ISBN: 978-85-7628-532-8; chapt. 7, p. 217-246).
- 2012: “Brasil”. In: Malamud, Carlos (coord.). Ruptura y Reconciliación: España y el reconocimiento de las independencias latinoamericanas (Madrid: Ed. Taurus y Fundación Mapfre, 402 p.; Serie Recorridos n. 1; América Latina en la Historia Contemporánea; ISBN: 978-84-9844-392-9; p. 199-212)
- 2011: “Attraction and Repulsion: Brazil and the American world”, in: Clark, Sean and Sabrina Hoque (eds.). Debating a Post-American World: What Lies Ahead? (London: Routledge; ISBN-13: 978-0415690553, p. 135-141).
- 2014: “Brazilian Economic Historiography: an essay on bibliographical synthesis”, História e Economia: Revista Interdisciplinar (vol. 12, n. 1, p, 149-165; ISSN: 1808-5318).
- 2014 : « Géoéconomie du Brésil : un géant empêtré? », Géoéconomie (n. 68, Février ; ISSN : 1284-9340 ; p. 102-115).
- 2013 : “Sovereignty and Regional Integration in Latin America: a political conundrum?”, Contexto Internacional (vol. 35, n. 2, ISSN: 0102-8529; p. 471-495).
- 2013: “Brazilian trade policy in historical perspective: constant features, erratic behavior”, Brazilian Journal of International Law (vol. 10, n. 1, ISSN: 2237-1036 (on-line), p. 11-26; doi:10.5102/rdi.v10i1.2393).
- 2013: “A política externa das relações Sul-Sul: um novo determinismo geográfico?”, Revista Espaço da Sophia (vol. 6, n. 47; ISSN: 1981-318X; p. 163-188).