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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Oswaldo Aranha, textos e analises; Rogerio S. Farias e Paulo R. Almeida

Quase pronto o nosso livro de textos de (e análises sobre) Oswaldo Aranha; últimas correções e depois impressão. Dentro em breve vai estar disponível na Biblioteca Digital da Funag, podendo igualmente ser adquirido impresso.

Eis o Sumário:

Volume 1

Prefácio
Cronologia
Introdução geral
Oswaldo Aranha: the evolution of his strategic vision
Stanley Hilton

Parte I: Diplomacia hemisférica (1934-1939)
Parte II: O chanceler no conflito global (1939-1945)
Parte III: Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958)

Volume 2

Parte IV: O estadista econômico
Parte V: O estadista político

Frases de Oswaldo Aranha
Referências bibliográficas
Sobre os autores

e o Índice Geral:

Volume 1

Prefácio. Oswaldo Aranha: diplomata e estadista, 19
Sérgio E. Moreira Lima
Cronologia , 29
Introdução geral, 37
Rogério de Souza Farias
Oswaldo Aranha: the evolution of his strategic vision, 57
Stanley Hilton

Parte I - Diplomacia hemisférica (1934-1939) 
Introdução, 89
Rogério de Souza Farias
O homem de virtù. Oswaldo Aranha em Washington (1934-1937), 101
Carlos Leopoldo G. de Oliveira
Textos de Oswaldo Aranha
Entre a Europa e a América (1934), 121
A chegada nos Estados Unidos (1934), 127
Um elogio à civilização americana (1936), 131
Limite, fronteira e paz (1937), 135
Retorno da Embaixada em Washington (1937), 155
Posse no Ministério das Relações Exteriores (1938), 157
 Paz para a América: assinatura da paz do Chaco (1938), 163
A vulnerabilidade das Américas (1939), 167
Pan-americanismo (1939), 173
Retorno da Missão aos Estados Unidos (1939), 177
Avaliação da Missão Aranha (1939), 183
Reassumindo Itamaraty (1939), 191

Parte II: O chanceler no conflito global (1939-1945) 
Introdução, 197
Paulo Roberto de Almeida
Oswaldo Aranha e os refugiados judeus, 235
Fábio Koifman
Textos de Oswaldo Aranha
Fronteiras e limites: a política do Brasil (1939), 259
A preparação para a guerra (1939), 279
Conferência sobre a história diplomática brasileira (1940), 283
Reunião de consulta dos chanceleres americanos (1942), 297
O papel do Itamaraty na política do Brasil (1942), 303
O torpedeamento de navios brasileiros (1942), 307
O Brasil e a comunidade britânica (1942), 311
A carta a Vargas: planejando o pós-guerra (1943), 321
A América no cenário internacional (1943), 329
Um ano da entrada do Brasil na guerra (1943)., 333
A Sociedade dos Amigos da América (1945), 337
Comício das quatro liberdades (1945), 347
Liga da Defesa Nacional (1945), 363

Parte III: Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958) 
Introdução, 373
Rogério de Souza Farias
Textos de Oswaldo Aranha
A conception of world order (1947), 391
Homenagem nas Nações Unidas (1947), 399
A profile of Brazil (1947), 401
Sessão Especial da ONU: Partilha da Palestina (1947), 407
Abertura da II Assembleia Geral da ONU (1947), 411
A new order through the United Nations (1947), 419
A crise da consciência universal (1948), 429
Regional systems and the future of UN (1948), 439
A ONU e a nova ordem mundial (1948), 447
Entre a paz e a guerra (1949) , 455
Formatura no Instituto Rio Branco (1950), 477
O Brasil e o pós-guerra (1950), 491
Estados Unidos e Brasil na Guerra Fria (1953), 503
A última missão na ONU (1957), 515
Um balanço da Assembleia Geral da ONU (1957), 521
Dez anos nas Nações Unidas (1957), 525
Reatamento das relações com a União Soviética (1958), 533
Discurso na ESG: o bloco soviético (1958), 545

Volume 2
 
Parte IV: O estadista econômico 
Introdução, 569
Paulo Roberto de Almeida
Textos de Oswaldo Aranha
Renegociação da dívida externa (1934), 601
Nacionalismo econômico na Constituinte (1934), 627
Comparando as economias do Brasil e dos Estados Unidos (1936), 633
Soluções nacionais para os problemas de cada país (1937), 643
Tratado de integração econômica Brasil-Argentina (1941), 647
The rise of interdependence (1947), 655
De volta ao Ministério da Fazenda (1953) , 661
A situação financeira e econômica do país (1953) , 671
O parlamento e as finanças (1953) , 689
Os fundamentos do Plano Aranha (1953), 701
O problema da dívida brasileira (1954)., 725
O café e o Brasil (1954), 735

Parte V: O estadista político 
Introdução, 745
Paulo Roberto de Almeida
Textos de Oswaldo Aranha
A Revolução (1930), 761
Despedida do Ministério da Justiça (1931), 765
Roosevelt: o único estadista mundial (1945) , 785
A relevância de Rui Barbosa (1945), 817
Democracia, Estado Novo e relações internacionais (1945) , 819
Os governos e o povo (1947), 825
Discurso no túmulo de Vargas (1954), 837
Compreendendo o suicídio de Vargas (1954) , 847
A despedida do estadista (1959), 857

Frases de Oswaldo Aranha., 873
Referências bibliográficas , 879
Sobre os autores , 911

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro: livro da Funag

Quase pronto: dentro em pouco vai para o forno:




Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro

Sérgio Eduardo Moreira Lima
Rogério de Souza Farias
Paulo Roberto de Almeida (editores)
(Brasília: Funag, 2017)


Oswaldo Aranha: diplomata e estadista – Sérgio E. Moreira Lima

Cronologia                   16

Introdução geral – Rogério de Souza Farias    20

Oswaldo Aranha: the evolution of his strategic vision – Stanley Hilton        37

Diplomacia hemisférica (1934-1939) – Rogério de Souza Farias       59

Oswaldo Aranha e Franklin D. Roosevelt – Carlos Leopoldo de Oliveira      67

Entre a Europa e a América (1934)          68

A chegada nos Estados Unidos (1934).   72

Um elogio à civilização americana (1936)            74

Limite, fronteira e paz (1937)      77

Retorno da Embaixada em Washington (1937)    92

Posse no Ministério das Relações Exteriores (1938)       94

Paz para a América: assinatura da paz do Chaco (1938) 98

A vulnerabilidade das Américas (1939)   100

Panamericanismo (1939)  104

Retorno da Missão aos Estados Unidos (1939)  107

Avaliação da Missão Aranha (1939)       110

Reassumindo o Itamaraty (1939)            116

O chanceler no conflito global (1939-1945) – Paulo Roberto de Almeida      118

Oswaldo Aranha e os refugiados judeus – Fábio Koifman     150

Fronteiras e limites: a política do Brasil (1939)     169

A preparação para a guerra (1939) 186

Conferência sobre a história diplomática brasileira (1940)            188

Reunião de consulta dos chanceleres americanos (1942).  200

O papel do Itamaraty na política do Brasil (1942)            204

O torpedeamento de navios brasileiros (1942)      207

O Brasil e a comunidade britânica (1942)  209

A carta a Vargas: planejando o pós-guerra (1943) 216

A América no cenário internacional (1943)            222

Um ano da entrada do Brasil na guerra (1943)       225

A Sociedade dos Amigos da América (1945)         227

Comício das quatro liberdades (1945)        234

Liga da Defesa Nacional (1945)     245

Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958) – Rogério de Souza Farias         252

A conception of world order (1947)        265

Homenagem nas Nações Unidas (1947)  270

A profile of Brazil (1947)            272

Sessão Especial da ONU: Partilha da Palestina (1947)   277

Abertura da II Assembleia Geral da ONU (1947)           280

A new order through the United Nations (1947)            285

A crise da consciência universal (1948)   292

Regional systems and the future of U.N. (1948) 299

A ONU e a nova ordem mundial (1948)  305

Entre a paz e a guerra (1949)       312

Formatura no Instituto Rio Branco (1950)          328

O Brasil e o pós-guerra (1950)    338

Estados Unidos e Brasil na Guerra Fria (1953)   347

A última missão na ONU (1957) 355

Um balanço da Assembleia Geral da ONU (1957)          359

Dez anos nas Nações Unidas (1957)       362

Reatamento das relações com a União Soviética (1958)  368

Discurso na ESG: o bloco soviético (1958)         376

O estadista econômico – Paulo Roberto de Almeida          394

Renegociação da dívida externa (1934)    421

Nacionalismo econômico na Constituinte (1934)            441

Comparando as economias do Brasil e dos Estados Unidos (1936)        445

Soluções nacionais para os problemas de cada país (1937)         452

Tratado de integração econômica Brasil-Argentina (1941)          455

The rise of interdependence (1947)         460

De volta ao Ministério da Fazenda (1953)          465

A situação financeira e econômica do país (1953)           472

O parlamento e as finanças (1953)          484

Os fundamentos do Plano Aranha (1953)           493

O problema da dívida brasileira (1954)    511

O café e o Brasil (1954)   517

O estadista político – Paulo Roberto de Almeida       523

A Revolução (1930)         537

Despedida do Ministério da Justiça (1931)         540

Roosevelt: o único estadista mundial (1945)       554

A relevância de Rui Barbosa (1945)        581

Democracia, Estado Novo e relações internacionais (1945)        583

Os governos e o povo (1947)      587

Discurso no túmulo de Vargas (1954)     596

Compreendendo o suicídio de Vargas (1954)      603

A despedida do estadista (1959) 610

Frases de Oswaldo Aranha     621

Referências bibliográficas        623

Sobre os autores          637


[Índice: 14/09/2017]

sábado, 9 de setembro de 2017

Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro - Rogerio S. Farias, Paulo R. Almeida (livro)

Rogerio de Souza Farias e eu estamos nos aproximando da etapa final da construção desta importante obra, em dois volumes, que pretende ser um “reader” relativamente completo dos textos mais importantes redigidos ou assinados por Oswaldo Aranha, com ênfase nos campos da diplomacia e da economia (sem considerar, portanto, suas atividades essencialmente regionais da primeira fase). 
Acreditamos que ele possa constituir uma obra de referência, inclusive no plano historiográfico. A capa será ilustrada com o famoso retrato de OA por Portinari e está reproduzida em sua versão preliminar (os organizadores são, na verdade, editores, e o subtítulo entre parênteses será suprimido). O Embaixador Ricupero se encarregará da quarta capa. 
Ele será publicado pela Funag, para lançamento conjunto em Brasília, no Palácio Itamaraty, em 20 de outubro, junto com a magnífica fotobiografia de Oswaldo Aranha por Pedro Corrêa do Lago (Editora Capivara), já lançada em SP e Rio. 
Este livro promete ser um dos grandes lançamentos editoriais da Funag, num ano em que se comemoram os 70 anos da sessão especial da AGNU, quando Oswaldo Aranha presidiu à partilha da Palestina. 
Creio, pessoalmente, que ele faz um bom “companion” à fotobiografia do Pedro, por trazer textos geralmente completos, organizados tematicamente, e devidamente introduzidos contextualmente e historicamente. Terá a vantagem de ficar livremente disponível para todos os interessados e estudiosos, na Biblioteca Digital da Funag.
Aguardem
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 9 de setembro de 2017


Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro

Rogério de Souza Farias
Paulo Roberto de Almeida
(editores)
(Brasília: Funag, 2017; Coleção Memórias Diplomáticas)

Prefácio – Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima
Cronologia
Introdução: Oswaldo Aranha, um estadista brasileiro – Rogério de Souza Farias

Parte 1: Oswaldo Aranha diplomata (1934-1939)
Introdução – Rogério de Souza Farias

Entre a Europa e a América (1934)
A chegada nos Estados Unidos (1934)
Um elogio à civilização americana (1936)
Limite, fronteira e paz (1937)
Retorno da Embaixada em Washington (1937)
Posse no Ministério das Relações Exteriores (1938)
Paz para a América: assinatura da paz do Chaco (1938)
A vulnerabilidade das Américas (1939)
Panamericanismo (1939)
Retorno da Missão aos Estados Unidos (1939)
Avaliação da Missão Aranha (1939)
Reassumindo o Itamaraty (1939)

Parte 2: O chanceler no conflito global (1939-1945)
Introdução – Paulo Roberto de Almeida
Fronteiras e limites: a política do Brasil (1939)
A preparação para a guerra (1939)
Conferência sobre a história diplomática brasileira (1940)
Reunião de consulta dos chanceleres americanos (1942)
O papel do Itamaraty na política do Brasil (1942)
O torpedeamento de navios brasileiros (1942)
O Brasil e a comunidade britânica (1942)
A carta a Vargas: planejando o pós-guerra (1943)
A América no cenário internacional (1943)
Um ano da entrada do Brasil na guerra (1943)
A Sociedade dos Amigos da América (1945)
Comício das quatro liberdades (1945)
Liga da Defesa Nacional (1945)

Parte 3: Multilateralismo e pós-guerra (1947-1958)
Introdução – Rogério de Souza Farias

A conception of world order (1947)
Homenagem nas Nações Unidas (1947)
A profile of Brazil (1947)
Sessão Especial da ONU: Partilha da Palestina (1947)
Abertura da II Assembleia Geral da ONU (1947)
A new order through the United Nations (1947)
A crise da consciência universal (1948)
Regional systems and the future of U.N. (1948)
A ONU e a nova ordem mundial (1948)
Entre a paz e a guerra (1949)
Formatura no Instituto Rio Branco (1950)
O Brasil e o pós-guerra (1950)
Estados Unidos e Brasil na Guerra Fria (1953)
A última missão na ONU (1957)
Um balanço da Assembleia Geral da ONU (1957)
Dez anos nas Nações Unidas (1957)
Reatamento das relações com a União Soviética (1958)
Discurso na ESG: o bloco soviético (1958)

Parte 4: Oswaldo Aranha: o estadista econômico (1931-34, 1953-54)
Introdução – Paulo Roberto de Almeida
Renegociação da dívida externa (1934)
Nacionalismo econômico na Constituinte (1934)
Comparando as economias do Brasil e dos Estados Unidos (1936)
Cada país deve buscar soluções nacionais para seus problemas (1937)
Tratado de integração econômica Brasil-Argentina (1941)
The rise of interdependence (1947)
De volta ao Ministério da Fazenda (1953)
A situação financeira e econômica do país (1953)
O parlamento e as finanças (1953)
Os fundamentos do Plano Aranha (1953)
O problema da dívida brasileira (1954)
O café e o Brasil (1954)

Parte 5. Oswaldo Aranha: o estadista político
Introdução – Rogério de Souza Farias, Paulo Roberto de Almeida
Oswaldo Aranha: o estadista nacional - Stanley Hilton
Oswaldo Aranha e os refugiados judeus - Fábio Koifman
Oswaldo Aranha e Franklin D. Roosevelt - Carlos Leopoldo Chagas Cruz
A Revolução (1930)
Despedida do Ministério da Justiça (1931)
Roosevelt: o único estadista mundial (1945)
A relevância de Rui Barbosa (1945)
Democracia, Estado Novo e Relações Internacionais (1945)
Os governos e o povo (1947)
Discurso no túmulo de Vargas (1954)
Compreendendo o suicídio de Vargas (1954)
A despedida do estadista (1959)

Bibliografia
[Índice preliminar: 9/09/2017]

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Oswaldo Aranha: discursos de posse no MRE, 1938; 1939 - CHDD-RJ

Textos constantes do site do CHDD, relativos aos ministros de Estado das Relações Exteriores na República:
URL: http://funag.gov.br/chdd/index.php?option=com_content&view=article&id=135%3Aoswaldo-aranha&catid=55%3Aministros&Itemid=92
Paulo Roberto de Almeida

DISCURSO DE POSSE
MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES OSWALDO ARANHA
15 DE MARÇO DE 1938


A minha vida pública é de ontem, contemporânea de todos vós. Sabem, assim, Sr. Ministro, quantos nos honram com sua presença a esta solenidade, que eu não o vim substituir, mas continuar, mesmo porque neste departamento da vida do nosso país, a coerência fez-se continuidade e esta tradição, inviolável.
Somos, Vossa Excelência por uma longa e brilhante carreira e eu pela minha missão em Washington, funcionários desta casa.
Foi uma grande honra para mim entrar, após ter exercido as mais altas e responsáveis posições na vida política do meu país, há três anos, para o Itamaraty.
Considerei sempre, como devem considerar todos os brasileiros, uma nobre missão a de vir trabalhar à sombra desta casa, viver as suas tradições e compartilhar as suas responsabilidades.
Não tem o nosso país atalaia mais alta na sua história de benemerências, nem mais nobre lição de pacifismo, e de devoção à justiça de outro povo aos demais, do que aquela que se contém nos anais diplomáticos da formação do Brasil.
A diplomacia brasileira é a escola da paz, a organização da arbitragem, a política da harmonia, a prática da boa vizinhança, a igualdade dos povos, a proteção dos fracos, a defesa da justiça internacional, enfim, uma das glórias mais puras e altas da civilização jurídica universal.
A ela deve o nosso povo a parcela maior de suas grandezas, a configuração de suas fronteiras imensas, a conquista de sua unidade, a estrutura de suas soberania, a confiança dos demais povos, e, mais que tudo, o uso e gozo da paz em que temos vivido os brasileiros, mesmo em meio de lutas e de guerras.
Herança do Império desdobrada pela República, a nossa diplomacia é, hoje, uma instituição nacional, inviolável em sua coerência, sagrada em suas tradições, definida em seus fins, clara em seus meios, na qual podem e devem confiar todos os brasileiros como nela têm confiado e confiam os demais povos.
O povo brasileiro é um penhor de boa vontade, de conciliação, de harmonia e de paz.
A obra pacífica do Brasil, no continente e no mundo, não foi, nem é traçada por conveniências ou interesses.
É ideia, é sentimento, é educação e é moral – é atitude tradicional do povo e do Estado brasileiros.
Não houve nem haverá lugar entre nós, dada a nossa índole e formação, para outra política senão aquela – suaviter in modo et fortiter in re – que presidiu à nossa evolução e há de fortalecer e alargar a nossa grandeza.
Representando o nosso governo nos Estados Unidos da América do Norte, o maior centro de convergência das atenções e atividades universais, pude bem medir o respeito por essas nossas tradições e bem avaliar o prestígio da nossa conduta continental e internacional.
É que, meus senhores, a política internacional do Brasil foi sempre uma expressão da opinião nacional do Brasil. 
É só na vontade do povo, na consulta a sua opinião e aspirações, que a paz encontra a sua segurança.
Os governos e os homens nem sempre têm sido bons intérpretes dos seus povos.
Neste erro tiveram suas origens todas as guerras.
É na subordinação dos governos aos seus povos que as nações devem procurar a boa inspiração para os seus destinos, e a solução para os problemas da comunhão universal.
Esta prática, sempre seguida pelo Brasil, foi a base na qual assentou a obra da paz realizada exemplarmente pela civilização brasileira no decurso da sua história e no concerto das nações.
Acreditou-se, num dado momento, que a economia, tornada substância da política, acabaria por inaugurar uma era de cooperação pacífica entre os povos, favorecida por interesses comuns.
Outras soluções foram sugeridas e até adotadas, desde as da força até as do isolamento, como sendo as melhores para manter e desenvolver os meios e instrumentos apropriados à solução pacífica dos problemas e conflitos universais.
A verdade, porém, é que ao termo de tão longos esforços e atormentadas experiências, chegamos todos quantos procuramos o bem estar universal à conclusão de que a paz, a sua segurança e a sua manutenção, residem afinal na obediência dos governos à vontade popular e no respeito das nações à opinião dos seus próprios povos.
O Brasil, justamente porque conduziu sua política internacional consultando sempre a vontade, a aspiração e a opinião de seu povo, é um modelo de cooperação, de desambição e de paz no concerto das nações continentais e mundiais.
O governo atual, malgrado as falsas interpretações de quantos ignoram a sua origem e a sua razão de ser, fundou a sua política exterior nas fontes mesmas da tradição e da opinião do Brasil.
O eminente chefe da nação tem dado, na política internacional do seu governo, as demonstrações mais definitivas de sua fidelidade às nossas tradições diplomáticas, procurando alargá-las e consolidá-las pelo fortalecimento de uma política continental de boa vizinhança e de amizade com os demais povos.

DISCURSO DE POSSE
MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES OSWALDO ARANHA
27 DE MARÇO DE 1939


Senhor Ministro, meus Senhores,

Esta cerimônia, ainda quanto seja uma simples formalidade íntima do Itamaraty, tem uma grande significação.
Ela mostra que a continuidade e a coerência são as linhas mestras desta casa, da ação diplomática e da vida mesma de quantos se devotam ao serviço exterior do Brasil.
A fidelidade aos princípios básicos de nossa formação e evolução política foi e será existencial, na ordem interna do Itamaraty e na exterior do Brasil.
A defesa dessas normas no campo internacional e a sua conservação e aperfeiçoamento na vida diplomática e dos diplomatas brasileiros tornam-se cada dia mais necessárias.
As grandes crises econômicas e políticas universais vieram e virão da falta de continuidade e de coerência dos governos e da crescente infidelidade dos povos aos princípios e tradições, que lançam, através dos tempos, os alicerces mesmos da solidariedade e do aperfeiçoamento humanos.
O respeito ao passado, a devoção às ideias, o sentimento das tradições nunca transviaram os homens e sempre protegeram o destino dos povos.
A força moral do Brasil, no continente como no mundo, emana dessa política invariável de apego àquelas normas que traçaram as suas fronteiras geográficas e alargam todos os dias as de seu prestígio internacional.
Esta cerimônia demonstra como essa linha geral preside, igualmente, ao exercício de nossas funções e ao trato de uns com outros no desempenho das atribuições que nos são confiadas no serviço exterior de nosso país.
E nada, meus amigos, eleva mais uma corporação do que a segurança de que cada um de seus membros, nas suas divergentes atividades, obedece à lei geral, à harmonia do todo, ao supremo interesse do país.
A impessoalidade é a primeira condição para bem servir e melhor contribuir para a obra comum que nos cumpre realizar nesta casa.
A minha viagem aos Estados Unidos veio demonstrar que, lá como aqui, estivemos juntos e solidários, porque, ainda quando distanciados pelas atividades, nunca estivemos ausentes, mas mais reunidos pelo dever e pelo ideal.
O nosso trabalho foi comum, e a conjugação de nossos esforços tão perfeita que, quando se for apreciar a obra por nós realizada nos Estados Unidos, o historiador não a poderá atribuir a mim ou aos meus auxiliares, mas ao Itamaraty, ao governo, ao presidente da República, enfim, ao Brasil, aos que o serviram e aos que o estão agora servindo sob a inspiração desses antepassados.
É esta a significação desta cerimônia: um funcionário substitui outro, sem que a função, no que tem de essencial, sofra a menor solução de continuidade, porque aqui, nesta casa e neste serviço, os homens passam, maiores ou menores, como expressões efêmeras de uma devoção eterna, que as gerações de nossos diplomatas têm conservado, à defesa, à integridade, à grandeza e ao prestígio do Brasil.
Agradeço às generosas palavras do Ministro Freitas Valle, porém, mais ainda, aos relevantes serviços por ele prestados e por todos vós ao governo, durante minha estada nos Estados Unidos, facilitando-me e aos meus companheiros o desempenho de uma missão que, graças à direção do Presidente da República e assistência do Itamaraty, veio confirmar e ampliar a tradicional política de cooperação e de amizade de nossos dois povos, pela qual trabalharam, no Império e na República, sem exceção, todos quantos dirigiram os nossos grandes destinos políticos, nacionais e internacionais.