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sexta-feira, 12 de abril de 2024

Depois das bombas na Ucrânia, Putin tenta interferir nas eleições comunitárias europeias (Foreign Policy)

Kremlin Propaganda Campaign 

Foreign Policy, April 12, 2024

Belgium launched an investigation late Thursday into alleged Russian interference in the European Parliament’s upcoming continentwide elections, slated for June 6 through 9. On Friday, Belgian Prime Minister Alexander De Croo said Brussels’s intelligence service confirmed the existence of a pro-Russian network trying to influence Europe’s vote and undermine its backing for Kyiv. “Weakened European support for Ukraine serves Russia on the battlefield, and that is the real aim of what has been uncovered in the last weeks,” De Croo said.

Among the allegations, Brussels accused Moscow of offering money to European Parliament members to promote Kremlin propaganda. Czech intelligence suggested that the Prague-based Voice of Europe news site had been funded by Russia to pay parliamentarians from Belgium, France, Germany, Hungary, the Netherlands, and Poland to make pro-Russian statements.

Politico investigation found that 16 European Union lawmakers appeared on Voice of Europe, all of them far-right politicians. “If it is a war of civilization, well, I hope the civilization in Ukraine will lose,” Dutch far-right politician Marcel de Graaff said last October during a Voice of Europe-organized debate. Czech authorities sanctioned two of the agency’s executives last month, including Russian oligarch Viktor Medvedchuk, a longtime friend of Russian President Vladimir Putin’s.

“The objectives of Moscow are very clear,” De Croo said. “The objective is to help elect more pro-Russian candidates to the European Parliament and to reinforce a certain pro-Russian narrative in that institution.” The Kremlin has not publicly commented on the allegations.

Russia has long been at the center of alleged interference campaigns across the West. Last month, Latvia’s security service began criminal proceedings against EU lawmaker Tatjana Zdanoka after Russian, Nordic, and Baltic news outlets accused her in January of being a Russian agent since at least 2004. And in the United States, Russian-backed operatives hacked and released Democratic emails as part of a Putin-ordered campaign to influence the 2016 U.S. presidential election in favor of then-candidate Donald Trump. U.S. intelligence suggests that Putin also authorized influence operations in 2020 to undermine confidence in the U.S. voting system, exacerbate social divisions, and disparage then-candidate Joe Biden in favor of Trump.

“This is a global phenomenon,” said a U.S. intelligence assessmenton Russian influence efforts that was released to more than 100 countries last October. Putin has since dismissed these findings.



quinta-feira, 11 de abril de 2024

Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente? - Notícia e Paulo Roberto de Almeida

Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente?

Notícia e Paulo Roberto de Almeida  

Primeiro a notícia:

“Update: Centerenergo loses 100% of generation capacity after Russian attack on Kyiv Oblast plant.

Ukraine's state energy company Centerenergo lost 100% of its generation capacity after the April 11 strike that destroyed the Trypillia Thermal Power Plant in Ukrainka, Kyiv Oblast, the company said.”

Agora meu comentário:

Se isso não é um Estado terrorista, o que seria? Impossibilitado de conquistar militarmente a Ucrânia como pretendeu fazer desde fevereiro de 2022, o tirano de Moscou continua em sua campanha terrorista de destruir sistematicamente a infraestrutura do país e a atacar indiscriminadamente alvos civis, matando o maior número possível de civis. 

 A Ucrânia precisaria dispor de maiores meios de defesa antimísseis, o que só os países ocidentais poderiam fornecer. A outra maneira de contra-arrestar a continuidade desse tipo de massacre sistemático seria estrangular economicamente a Rússia, para impedi-la de prosseguir em sua campanha terrorista. Contra tiranos não funcionam apelos de paz ou negociações diplomáticas: as únicas maneiras são uma força maior ou o constrangimento de sanções paralisantes.

Lideranças esclarecidas do Sul Global poderiam tomar essa iniciativa. Mas onde estão as lideranças democráticas desse fantasmagórico Sul Global? O presidente do Brasil, que pretende ser uma das lideranças dessa diáfano Sul Global, poderia se prestar a esse papel, se não fosse totalmente indiferente aos sofrimentos do povo ucraniano e se não estivesse totalmente comprometido com seu projeto de constituir uma aliança antiocidental em prol de uma fantástica “nova ordem global”, supostamente “multipolar” (o que é uma redundância absoluta), cuja principal característica é a de ter à sua frente duas grandes autocracias voltadas para o objetivo maior de retirar os EUA de sua atual condição hegemônica. 

Esta é, expressa e deliberadamente, a meta da atual política externa brasileira, a pretexto de criar uma ordem global “mais democrática” desde que “multipolar”, como se a ordem de Bretton Woods, caracteristicamente ocidental (pois que baseada em democracias de mercado e em DH e em vários outros princípios iluministas) fosse contrária ou nefasta aos interesses nacionais brasileiros de crescimento econômico com desenvolvimento social, num regime político de plenas liberdades democráticas, como se tal existisse na “ordem global alternativa” prometida pelas duas grandes autocracias da atualidade. É esse projeto insano de colocar a diplomacia do Brasil como caudatária de dois regimes autoritários que move a postura de Lula e seus apparatchiks do PT. 

Eu me pergunto o que passaria pela cabeça de meus colegas diplomatas — a maior parte sendo formada por pessoas esclarecidas, de formação humanista e de índole democrática— ao serem levados a colaborar passivamente com tal tipo de projeto, em tudo e por tudo profundamente contrário e prejudicial aos interesses nacionais brasileiros e violentamente oposto a qualquer sentido humanitário e democrático que eles possam exibir individualmente. 

Pessoalmente, sinto-me profundamente consternado ao assistir a tal DEGRADAÇÃO dos princípios e valores de nossas tradições diplomáticas e até opostos às cláusulas constitucionais de relações internacionais, tal como inscritas no Art. 4 da Carta Magna.

Assim como se faz na carreira médica, em relação ao compromisso hipocrático de “salvaguardar a vida humana”, na carreira diplomática deveria haver o compromisso de defender os princípios constitucionais pelos quais a geração anterior batalhou desde a resistência contra o regime ditatorial que prevaleceu no Brasil dos anos 1960 aos 80. Seria o mínimo a esperar de diplomatas dotadas de alguma consciência humanista. O atual projeto diplomático do partido no poder é antidemocrático e contrário aos interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11 de abril de 2024

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Ainda o caso Putin no G20 - Felipe Krause

 Copio de @felipe_krause:

“ Governo tenta dar um jeitinho jurídico na ONU para permitir vinda de Putin ao G20 no Brasil.

Além de moral e politicamente repugnante, a medida é um erro estratégico. Por quê?

1) No Brasil, só vai agradar a esquerda nacionalista, que já tinha precificado a ausência do Putin. Com o resto do eleitorado, só vai comprar briga.

2) No exterior, dificilmente vai agradar algum parceiro em particular. Mas vai desagradar quase todos os demais convidados do G20.

3) É possível que algum outro convidado cancele sua vinda, em protesto (explicito ou implícito) à presença de Putin.

4) A medida tem poucas chances de prosperar. Portanto, a relação risco/beneficio é péssima.

5) O resultado final dessa tentativa, com a vinda efetiva de Putin ou não, só pode ser uma: tiro no pé, custo político, vergonha, e risco de contaminar agendas boas que o Brasil tenta emplacar no G20. 

Em resumo: a medida soa infantil, amadora e petulante. Um erro crasso.”

Minha questão (PRA):

Resta saber de onde veio esse parecer que remeteu o caso à CDI: se do próprio Itamaraty, se da PR.

Os perigos da diplomacia personalista: Putin, TPI e G20 - Ricardo Della Coletta, José Marques (FSP), Paulo Roberto de Almeida

 Primeiro a noticia (ver a íntegra abaixo):

“ PUTIN

Governo produz parecer que embasa possível vinda de Putin para o G20. Texto oferece defesa para descumprir eventuais ordens de prisão do TPI contra chefes de Estado. A Folha de S. Paulo questionou o Itamaraty sobre o parecer apresentado na ONU e sua relação com a possível vinda de Putin ao Brasil. O ministério respondeu que não comentaria, uma vez que o documento faz observações iniciais de um tema que ainda será negociado.”

Agora o comentário:

O Estatuto de Roma está incorporado à Constituição do Brasil. Mas Lula nunca ligou para isso, assim como nunca ligou para as cláusulas de relações internacionsis contidas no art. 4. da mesma Carta, sobretudo o item da não interferência nos assuntos internos de outros Estados. Ele o fez sistematicamente a favor de seus amigos esquerdistas, com destaque para os comunistas cubanos, os chavistas (Chávez, Morales e outros), e todos os demais que estivessem na lista de alianças do PT. Mais ainda: isso ultrapassa o terreno da esquerda, como visto no caso de Putin, que é simplesmente o fato da aliança com tudo e todos que se contrapõem aos Estados Unidos.

Disso já sabemos. O que não sabíamos é que o Itamaraty confirma sua submissão caolha, míope, ao que deseja o chefe de Estado. Já o fez sob Bolsonaro, está fazendo novamente sob Lula.

Diplomacia presidencial pode ser um problema, dependendo da qualidade do chefe do Executivo. Vargas, Geisel e FHC conduziram pessoalmente a diplomacia do Brasil em seus respectivos mandatos. Com os demais presidentes, o Itamaraty teve certa latitude de ação, de aconselhamento e até de condução de determinados assuntos.

Diplomacia personalista sempre é um problema, pois que o chefe de Estado conduz as relações exteriores segundo critérios que podem não ser os mais adequados do ponto de vista dos interesses do Brasil, tal como refletidos na agenda do Itamaraty.

Lamento pelos meus colegas diplomatas, lamento pelo Brasil.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 1/04/2024

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Governo Lula produz parecer que embasa possível vinda de Putin ao Brasil no G20

Texto oferece defesa para descumprir eventuais ordens de prisão do TPI contra chefes de Estado


BRASÍLIA

O governo Lula (PT) produziu um parecer com argumentação jurídica que embasa eventual vinda ao Brasil do presidente da Rússia, Vladimir Putin, mesmo ele sendo alvo de um mandado internacional de prisão.

O documento foi submetido em novembro do ano passado à Comissão de Direito Internacional da ONU. O órgão atualmente trabalha na elaboração de uma normativa sobre imunidade de jurisdição a chefes de Estado. O status, que também pode ser conferido a outras altas autoridades, garante que esses líderes não sejam processados ou atingidos por ações judiciais vigentes nos países que os recebem em visitas internacionais.

O governo brasileiro não cita diretamente Putin no texto, mas faz referência a um cenário que se encaixa na situação atual do líder russo: ele é alvo de um mandado de prisão expedido pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), acusado de ter permitido que ocorressem crimes de guerra no conflito com a Ucrânia.

Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que criou o TPI, o país em tese está obrigado a prender Putin caso ele desembarque em território nacional. Encarcerá-lo em solo brasileiro é, no entanto, um cenário considerado inimaginável devido às consequências geopolíticas e de segurança que a detenção do líder da segunda maior potência militar do planeta representaria.

Ainda assim, a hipótese de uma ordem de prisão tem potencial de criar, no mínimo, constrangimento diplomático para Brasil e Rússia em plena cúpula do G20 caso Putin venha para o encontro no Rio de Janeiro em novembro.

O texto submetido à Comissão de Direito Internacional não tem efeito prático e tampouco é garantia de que o Brasil estaria livre de censura do TPI caso ignore uma ordem do tribunal durante possível passagem de Putin pelo país, segundo especialistas ouvidos pela Folha.

Ele indica, porém, uma opinião oficial do governo Lula no sentido de que a imunidade de jurisdição de Putin deveria protegê-lo do alcance do TPI na hipótese de que essa viagem se concretize.

O principal argumento do documento é que acordos que criam tribunais internacionais (como é o caso do Estatuto de Roma) devem ter efeito apenas entre as partes que assinaram o tratado.

Por essa tese, um chefe de Estado de um país não signatário não poderia ter sua imunidade ignorada mesmo ao estar em um território que reconhece a autoridade dessa corte internacional. A Rússia retirou sua assinatura do Estatuto de Roma em 2016.

Em um dos parágrafos do parecer, o Brasil concorda que a imunidade de jurisdição para altas autoridades "não deve afetar os direitos e as obrigações dos Estados partes diante de acordos que estabeleceram cortes e tribunais penais internacionais". Mas em seguida destaca que isso deve ocorrer no âmbito das "relações entre as partes desses acordos".

"É norma básica da lei internacional geral, codificada no artigo 34 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que 'um tratado não cria obrigações ou direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento'", diz o texto.

"Dessa forma, enquanto os artigos [sobre imunidade] não afetam obrigações de tratados referentes a tribunais internacionais, esses acordos internacionais não afetam a imunidade de agentes de Estados não partes".

O Brasil afirma ainda que a imunidade de jurisdição para dirigentes é essencial "para promover entendimentos pacíficos de disputas internacionais e relações amigáveis entre os Estados, inclusive na medida em que permite que funcionários de Estados participem em conferências internacionais e missões em países estrangeiros".

E faz eco a uma crítica que já circulou entre representantes de países em desenvolvimento sobre o mandado do TPI contra Putin: a de que a corte está sendo usada politicamente. "[A imunidade de jurisdição] contribui para a estabilidade das relações internacionais, por prevenir o exercício abusivo, arbitrário e politicamente motivado da jurisdição criminal que pode ser usado contra agentes dos Estados".

Folha questionou o Itamaraty sobre o parecer apresentado na ONU e sua relação com a possível vinda de Putin ao Brasil. O ministério respondeu que não comentaria, uma vez que o documento faz observações iniciais de um tema que ainda será negociado longamente no âmbito da Comissão de Direito Internacional.

A reportagem também encaminhou o parecer a quatro especialistas em direito internacional. Três viram na argumentação uma tentativa de flexibilizar as obrigações do Brasil junto ao TPI e disseram que a hipótese descrita na redação se aplica à situação de Putin.

André de Carvalho Ramos, professor de Direito Internacional da USP (Universidade de São Paulo), diz que a argumentação feita pelo Brasil tem como base um dispositivo específico previsto no próprio Estatuto de Roma: o de que um pedido do TPI pode não ter efeito caso o Estado requerido seja obrigado a atuar de forma incompatível com o direito internacional "em matéria de imunidade dos Estados".

O problema, prossegue o professor, é que já existe precedente sobre esse tema.

"O TPI decidiu que a Jordânia violou o Estatuto de Roma ao não prender em 2017 o então presidente do Sudão Omar al-Bashir durante visita dele ao país. Pois bem, a Jordânia apelou e, em 2019, o TPI decidiu que a norma consuetudinária [invocada pelo Brasil] só se aplica a tribunais nacionais, inexistindo norma consuetudinária imunizante em face de tribunais internacionais, como o TPI", diz ele.

"No plano do TPI, mesmo que o Judiciário brasileiro dê razão ao governo federal, há fortíssima probabilidade do Brasil ter o mesmo destino que a Jordânia."

Wagner Menezes, presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional, opina que a argumentação apresentada pelo Brasil "relativiza" o alcance do Estatuto de Roma e vai na contramão de um dos principais objetivos do TPI: o de constranger a movimentação internacional de pessoas acusadas de crimes de guerra e contra a humanidade.

"Não é relevante se a Rússia ratificou ou não o Estatuto. O Brasil não tem qualquer tipo de relação, nesse caso, com a Rússia. Trata-se de um tema da relação do Brasil com o tribunal", afirma.

Professor titular de Teoria e História do Direito Internacional, Arno Dal Ri Jr. vê na redação submetida pelo governo à ONU uma "cortina de fumaça". Ele também classifica a argumentação de "frágil".

"Os termos do documento são hipotéticos, em que se levanta vários quadros e hipóteses, dentre essas aquela de legitimação da vinda do Putin através da imunidade típica de chefes de Estado", diz.

"É um jogo muito dúbio que está sendo feito, no qual se sabe a realidade de que, em caso de pedido de entrega pelo TPI não cumprido pelo Brasil, existiria uma colisão [com o Estatuto de Roma] e o Brasil que seria responsabilizado por isso. Mas usa-se uma interpretação ampliada para retirar o foco do real problema jurídico que poderia advir."

Já o advogado e doutor em Direito Marcelo Peregrino Ferreira tem opinião diferente e não enxerga na hipótese tratada pelo parecer algo que beneficie o caso russo. "Acho que a investida do Brasil não é contra o Estatuto de Roma ou outra corte internacional, mas contra a suspensão da imunidade pela jurisdição criminal comum de países que não tem um tratado entre si. E a proposta brasileira não me parece beneficiar o caso russo", diz ele.

A possível vinda de Putin ao Brasil para a cúpula do G20 é um tema altamente sensível. Se confirmada, ela deve virar o fato político mais impactante da reunião.

Desde que ordenou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, o líder russo virou alvo de uma operação que, orquestrada por Estados Unidos e Europa, busca isolá-lo nos diferentes fóruns internacionais. Ele não compareceu às duas últimas edições do G20, na Índia e na Indonésia —nenhum dos países é signatário do Estatuto de Roma.

A eventual vinda de Putin à cúpula no Rio de Janeiro motivou polêmica antes mesmo de o Brasil iniciar seu mandato na presidência do G20.

Em setembro de 2023, quando participava da cúpula do fórum em Nova Déli, Lula afirmou que seu homólogo russo não corria o risco de ser preso caso decidisse vir à edição seguinte do evento. "Se eu for presidente do Brasil, e se ele [Putin] vier para o Brasil, não tem como ele ser preso. Não, ele não será preso. Ninguém vai desrespeitar o Brasil", disse o petista na ocasião.

Dias depois, Lula voltou atrás e afirmou que a decisão sobre uma eventual prisão caberia ao Poder Judiciário. "Se o Putin decidir ir ao Brasil, quem toma a decisão de prendê-lo ou não é a Justiça, não o governo nem o Congresso Nacional."


quinta-feira, 21 de março de 2024

Lula e PT saúdam Putin por eleição que deu 5º mandato - Felipe Frazao (Estadao)

 Lula e PT saúdam Putin por eleição que deu 5º mandato

Felipe Frazão
O Estado de S. Paulo | Internacional
21 de março de 2024
Aliado no Brics

Desde domingo, legitimidade da vitória do líder russo foi contestada por países ocidentais como Reino Unido e EUA

FELIPE FRAZÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores (PT) cumprimentaram ontem, por meio de duas cartas o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela sua reeleição. O Palácio do Planalto não divulgou o teor da carta do petista.

Em 2022, Putin, enviou uma carta a Lula após a vitória sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem mantinha boa relação. O texto do PT, assinado pela secretaria de Relações Internacionais do partido, foi tornado público.

Desde o domingo, a legitimidade da vitória do líder russo foi contestada por países ocidentais como Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. Os países denunciaram que as eleições não foram livres.

Governantes de ditaduras de esquerda como China, Cuba, Venezuela e Nicarágua reconheceram a vitória e a saudaram como uma demonstração de apoio popular a Putin.

Em disputa de cartas marcadas, sem oposição real, o líder russo conquistou 87% dos votos e assegurou seu quinto mandato de seis anos. Se terminá-lo, se tornará o mais longevo a comandar o país, desde o ditador Josef Stalin.

Desde o ano passado, Lula deu diversas declarações públicas interpretadas como simpáticas ao Kremlin, como quando disse que os dois lados eram responsáveis pela guerra na Ucrânia e que Putin, se viesse ao Brasil, não seria preso, apesar de ter um mandado do Tribunal Penal Internacional contra si ? posteriormente, reformulou essa declaração, dizendo que esse seria um tema para a Justiça. Ele também evitou recentemente condenar a morte do dissidente russo Alexei Navalni, numa prisão no Ártico.

PARTIDO. O PT, por sua vez, divulgou uma nota oficial sobre a vitória de Putin. O partido fora convidado para acompanhar a votação em Moscou. O secretário de Relações Internacionais da legenda, Romênio Pereira, disse que acompanhou a votação com "grande interesse" e felicitou o partido Rússia Unida pelo "resultado expressivo". O comunicado foi enviado ao ex-presidente russo Dmitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.

"Com uma participação impressionante de mais de 87 milhões de eleitores, representando 77% do eleitorado do país, esse feito histórico ressalta a importância do voto voluntário na Rússia. Renovamos nosso compromisso em fortalecer nossos laços de parceria e amizade, trabalhando juntos rumo a um mundo mais justo, multilateral e plural. Enviamos nossas calorosas saudações à Rússia e seu povo neste momento importante e especial para o país", escreveu Pereira.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a reeleição de Putin ocorreu em ambiente doméstico de aparente tranquilidade, em entrevista à rádio CBN. O Itamaraty não divulgou nota sobre a eleição, uma forma comum de reação a processos eleitorais estrangeiros.

Putin usou a eleição como forma de fortalecimento político e, em discurso na Praça Vermelha, afirmou que o território ucraniano da Crimeia "voltou para casa" quando foi anexado em 2014. Já as áreas anexadas no Donbas, após a invasão da Ucrânia, fazem agora parte, segundo ele, da "nova Rússia".

O Brasil tem parceiros estrangeiros; o PT tem aliados preferenciais: Putin, por exemplo (G1)

Há uma certa confusão, no governo atual, entre aliados políticos e parceiros comerciais. Creio que não se faz muita diferença entre as duas categorias. PRA

PT parabeniza Putin pela eleição na Rússia e chama vitória de 'feito histórico'

Organismos internacionais criticam eleição na Rússia pela falta de transparência e de real competitividade. Para secretário do PT, vitória de Putin 'ressalta a importância do voto voluntário na Rússia'.

G1, 21/03/2024

Em uma carta pública, o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, parabenizou o presidente russo Vladimir Putin pela vitória na eleição no último fim de semana. Pereira chamou a vitória de Putin de "feito histórico" e disse que a conquista do novo mandato "ressalta a importância do voto voluntário na Rússia".

A eleição russa é criticada por organismos internacionais pela falta de transparência e pela ausência de real competitividade. 

Putin, que está no poder há 24 anos, não tinha outros concorrentes com real chance de vitória. Os outros três candidatos, todos deputados, eram considerados fantoches do governo — eles votaram a favor da guerra na Ucrânia no Parlamento (sinal de alinhamento a Putin) e já fizeram declarações públicas de apoio ao presidente. 

O país vive uma repressão implacável que sufocou os meios de comunicação independentes e grupos de direitos humanos proeminentes. O mais destacado adversário de Putin, Alexei Navalny, líder da oposição, morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro. Outros críticos estão na prisão ou no exílio. 

Putin está no poder há 24 anos e é o presidente mais longevo da Rússia desde Josef Stalin, da época da União Soviética. 

"Acompanhamos com grande interesse o desenrolar do recente processo eleitoral presidencial na Rússia, que resultou na reeleição do presidente Vladimir Putin. Com uma participação impressionante de mais de 87 milhões de eleitores, representando 77% do eleitorado do país, esse feito histórico ressalta a importância do voto voluntário na Rússia". escreveu o secretário de Relações Internacionais do PT.

A carta, apesar de pública e aberta, é endereçada a Dmitry Medvedev, aliado de Putin e presidente do partido Rússia Unida, pelo qual o presidente se elegeu. 

"Renovamos nosso compromisso em fortalecer nossos laços de parceria e amizade, trabalhando juntos rumo a um mundo mais justo, multilateral e plural. Enviamos nossas calorosas saudações à Rússia e seu povo neste momento importante e especial para o país", continua Pereira. 


Silêncio no governo 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também é do PT, ainda não se pronunciou publicamente sobre a vitória de Putin. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também não. 

Interlocutores de Lula no Palácio do Planalto afirmam que o presidente mandou cumprimentos privados a Putin pela vitória eleitoral. 

No início do mandato, Lula foi criticado por declarações que conferiam à Ucrânia parte da responsabilidade pela guerra. A Ucrânia foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, e a guerra dura até hoje. A decisão de invadir foi unilateral da Rússia. 

Depois da má repercussão, Lula moderou o discurso e não mais disse que a Ucrânia é culpada pela guerra. Ele também tenta criar um grupo de países neutros para intermediar negociações de paz.


domingo, 10 de março de 2024

Los planes que tiene Putin para Ucrania, en un mapa: un paisito con Kiev como capital - Martin Idafe (Clarin)

Los planes que tiene Putin para Ucrania, en un mapa: un paisito con Kiev como capital

 

Territorio ucraniano

UCRANIA POSTGUERRA

Anexado por Rusia

Anexado por Polonia

Anexado por Hungría

Anexado por Rumania


El presidente ruso Vladimir Putin justificó hace dos años el ataque militar de su país a Ucrania diciendo que sus vecinos preparaban una agresión armada contra Rusia y negó al inicio de la guerra que Moscú tuviera tentaciones expansionistas. Se limitaba a decir, al principio del ataque, que su país exigía cosas como una supuesta “desnazificación” de Ucrania, un país con un presidente judío y nieto de judíos que lucharon contra los nazis en la Segunda Guerra Mundial y en el que la presencia parlamentaria de la extrema derecha es de las menores de Europa.

La diplomacia occidental y sobre todo los gobiernos de Europa del Este siempre han corregido a Putin para decir que lo que busca el autócrata del Kremlin es expandir Rusia para que ocupe las partes de Europa oriental que un día ocuparon la Rusia zarista o la Unión Soviética. Acusan así a Moscú de buscar la desaparición de Ucrania y más cambios en las fronteras, lo que daría paso a años de inestabilidad y guerras, incluyendo un conflicto con la OTAN.