Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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segunda-feira, 4 de julho de 2016
Cambio e comercio exterior: entrevista com Rubens Barbosa - O Antagonista
Quando é que isso vai acabar?
Eu não sei: mas ouso afirmar que será quando os capitalistas brasileiros se organizarem para liquidar com o Estado brasileiro. Atenção, eu disse LIQUIDAR, e I mean it...
Paulo Roberto de Almeida
Câmbio não é livre em lugar algum, diz Rubens Barbosa
Por Márcio Juliboni
O Antagonista, 03 de Julho de 2016
Passado o susto com a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, o dólar voltou a recuar em relação ao real. O movimento foi reforçado pela sensação dos investidores de que a nova diretoria do Banco Central não iria mesmo intervir na taxa de câmbio. Mas o cenário mudou após o BC vir a campo na sexta-feira (1), realizando a primeira intervenção no mercado de câmbio desde 18 de maio.
O movimento de alta da moeda norte-americana ganhou força ao longo do dia, após as declarações do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que estão abertas as condições, no Brasil e no exterior, para reduzir os estoques de swaps cambiais. Goldfajn reafirmou, contudo, seu compromisso com o regime de câmbio flutuante. Pelo sim, pelo não, o movimento foi interpretado pelo mercado como o estabelecimento de um novo piso para o dólar: R$ 3,20.
Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho superior de comércio exterior da Fiesp, a reação do BC é bem-vinda e necessária. Ele lembra ainda que a indústria defendia a medida havia tempos. Embora o câmbio flutuante faça parte do tripé macroeconômico que sustentou a estabilização do país desde o Plano Real, é temerário segui-lo ao pé da risca. “Nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia”, afirma Barbosa a O Financista. “Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...”. Leia a seguir os principais trechos da conversa:
O Financista: Como o senhor avalia a intervenção do BC nessa sexta-feira?
Rubens Barbosa: Ela foi muito importante. Foi positiva e bem-vinda, porque a indústria já pedia, havia tempos, alguma reação do Banco Central.
O Financista: O mercado interpretou a intervenção como o estabelecimento de um novo piso de R$ 3,20 para o câmbio. Esse patamar é bom para a indústria?
Barbosa: Eu acredito que a intervenção não teve o objetivo de estabelecer um novo piso. Acho que o BC agiu para mostrar que está atento ao câmbio. Agora, o novo piso é algo que deve ser discutido mais adiante.
O Financista: Mas seria o caso de manter o câmbio ao redor de R$ 3,50?
Barbosa: Do ponto de vista dos exportadores, sim. Mas o BC não pode tomar decisões isoladas do mundo. Agora, se o país não criar condições para que as exportações voltem a crescer, a balança comercial será prejudicada. O que estou dizendo é que não se pode pensar na política macroeconômica desvinculada da política industrial e comercial, algo que os economistas brasileiros estão acostumados a fazer. Além disso, nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia. Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...
O Financista: Para a indústria, é melhor que o BC intervenha no câmbio?
Barbosa: O BC precisa acompanhar o que ocorre no mundo. Há toda essa instabilidade recente dos mercados, e o BC tem todo os dados para avaliar a situação. Agora, do ponto de vista macroeconômico, a queda do dólar ajuda apenas pontualmente, como no caso da importação de feijão. Mas manter os juros elevados, em um cenário de inflação convergindo para a meta e câmbio em queda... Isso cria uma situação delicada para alguns setores industriais.
O Financista: Segundo o último boletim Focus, do BC, a expectativa é de um saldo comercial de US$ 50,76 bilhões neste ano. No atual patamar de câmbio, esse saldo pode cair?
Barbosa: Acho que essa projeção foi feita com um câmbio estimado ao redor de R$ 3,50. A queda do dólar tem um efeito muito negativo para a indústria. Como o Custo Brasil é elevado, muitos setores conseguem ser competitivos na exportação por causa do câmbio. Os empresários com quem converso dizem que, com a taxa entre R$ 3,50 e R$ 3,70, conseguem uma pequena margem nas exportações, mas conseguem. Abaixo desse patamar, há um problema sério, porque a margem acaba. O câmbio não é tudo, mas ajuda.
O Financista: O saldo comercial pode cair, então?
Barbosa: Os setores que mais se beneficiaram com a alta do dólar, como o têxtil, calçadista, papel e celulose e máquinas e equipamentos, já estão sentindo dificuldades. As importações estão caindo, mas o problema é que as exportações podem crescer num ritmo menor que o atual. Com isso, o saldo pode desacelerar. Desse jeito, não sei se a projeção poderá ser mantida.
terça-feira, 26 de abril de 2016
Itamaraty: a lista de candidatos no governo transitorio de Michel Temer aumenta: Senador Aloysio Nunes
Mais um "candidato", ou sugerido, para o Itamaraty, num governo de transição de Michel Temer, o atual presidente da CREDN-SF, senador Aloysio Nunes, junto com o embaixador Rubens Barbosa, atualmente presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, e do Conselho de Comércio Exterior da FIESP.
Paulo Roberto de Almeida
A vice-política externa
Em famosa carta endereçada à Dilma, mas enviada para todo o Brasil, Temer afirma: democrata que sou, converso, sim, senhora Presidente, com a oposição. Em termos de relações exteriores, a frase é mais reveladora do que pode parecer. Temer já mobiliza nomes da oposição como os primeiros formuladores e executores de sua política externa. O primeiro chanceler do “vice-governo” Temer parace inclusive já ter sido escolhido, é o senador Aloysio Nunes
Por Tomaz Paoliello*
*Tomaz Paoliello é professor de Relações Internacionais da PUC (SP)
Fonte: Revista Fórum
www.revistaforum.com.br
quarta-feira, 16 de março de 2016
IRICE: seminario de lancamento, SP: 5 de Abril
A Agenda Externa do Brasil - Comércio, Clima e Energia
PROGRAMA
08h30 às 08h50 - Boas vindas e credenciamento
09h - Abertura, Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin
09h30 - Painel: A política externa e a política comercial do Brasil para Argentina, Chile e Estados Unidos
Oliver Stunkel (FGV-SP)
José Augusto de Castro (Assoc. dos Exportadores Brasileiros)
10h30 - Painel: O Acordo de Paris para mitigação da mudança climática e a evolução da posição do Brasil
A Política do Brasil em relação à Mudança Climática
Tasso de Azevedo (Observatório do Clima)
As Implicações do Acordo de Paris
Marco Antônio Caminha (Depto. de Meio Ambiente, FIESP)
11h30 - Painel: A geopolítica e a geoeconomia das fontes não renováveis de energia
A Política Energética Brasileira Para Fontes Renováveis e Não Renováveis
David Zylbersztjan (Ex-Diretor da ANP e Professor da PUC-RJ)
A Geopolítica e a Geoeconomia das Fontes Renováveis e Não Renováveis de Energia
Adriano Pires (Centro Bras. de Infra Estrutura)
12h30 - Encerramento: Embaixador Rubens Barbosa
Terça-feira, 5 de Abril
9h às 13h
Inscreva-se pelo email
secretaria@irice.com.br
Local:
Millennium Office Park
Av. Chedid Jafet, 222
Bloco B, Auditório
Vila Olímpia, São Paulo
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Debate sobre a diplomacia de FHC e a de Lula: Matias Spektor vs Rubens Barbosa (3ro round)
Rubens Barbosa respondeu no último domingo, dizendo que não, que elas foram muito diferentes, não só no estilo e em outras questões, mas de natureza e substância muito diferentes.
Matias Spektor não respondeu totalmente, mas colocou este texto em sua página, remetendo aos dois artigos e mais aos documentos depositados pelo Embaixador Rubens Barbosa no Cpdoc, ao qual Matias Spektor está associado.
Vejamos o que ele postou:
MS:
Escrevi na Ilustríssima que as políticas externas de Lula e FHC divergem em tom e ênfase, mas têm uma âncora comum: o projeto externo da social-democracia que, nesses vinte anos, deu pra construir.
Ontem, Rubens Barbosa chamou para o debate. Segundo ele, a diplomacia de Lula teria sido ideológica e partidária; a de FHC, não. O embaixador é porta-voz do PSDB em temas de política externa. O texto reflete isso.
Confira você mesmo. E confira ainda: as 20h de entrevista que fiz com o embaixador e o excelente arquivo pessoal que ele doou à FGV.
Meu texto: [MS]
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/10/1697612-a-politica-externa-de-tucanos-e-petistas.shtml
Texto de Rubens Barbosa:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/11/1711638-fhc-e-lula-politicas-externas-divergentes.shtml
Link para entrevista e arquivo de Rubens Barbosa:
https://cpdoc.fgv.br/acervo/arquivospessoais/base
Retomo (PRA):
Não pretendo, neste momento, referir-me à postura, aos artugmentos e posições de nenhum dos dois "contendores", mas colocar mimha própria percepção quanto à natureza dessas duas diplomacias, que considero profundamente diferentes, no estilo, na substância, nos valores, nas orientações, em tudo.
Não é novidade para ninguém que FHC manteve as posturas tradicionais do Itamaraty na sua essência (e na sua forma), inovando em poucos aspectos, mas importantes. A adesão ao TNP foi uma delas, que gerou muita polêmica. A postura cooperativa, mas firme, com a Argentina, foi outra: sempre apoiamos esses país e o ajudamos tanto quanto pudemos, mas quando a Argentina violou cláusulas do Tratado de Assunção, desrespeitou normas de política comercial do Mercosul, FHC defendeu os interesses brasileiros, apelando para o sistema de solução de controvérsias do bloco. Quando ainda assim a Argentina não respeitou a decisão desse órgão, um Tribunal ad hoc de arbitragem, FHC não hesitou -- muito contrariamente a Lula que nunca defendeu os interesses brasileiros -- em levar a Argentina ao GATT, onde ela foi vencida mais uma vez.
Em diversos outros aspectos, a diplomacia de FHC foi profundamente diferente, e eu quero destacar apenas um ponto: apoio a ditaduras, inclusive financeiro, contra a própria Constituição, isso é a marca da diplomacia "cubana" dos companheiros, e isso Matias Spektor sequer menciona.
Creio que basta isso para marcar minha posição.
Paulo Roberto de Almeida
domingo, 8 de novembro de 2015
Mercosul abandonou o livre-comercio: Rubens Barbosa
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington
ISABEL VERSIANI, de Brasília
Folha de São Paulo, 07/11/2015
Para evitar o isolamento no novo cenário comercial mundial em que predominarão grandes acordos regionais como o TTP (Tratado Transpacífico), assinado entre EUA, Japão e outros dez países, o Brasil precisa liderar um processo de revisão das práticas e estratégias do Mercosul.
A opinião é de Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e em Washington durante o governo FHC e presidente do conselho da Sobeet (Sociedade de Estudos de Empresas Transnacionais) e do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp.
Em entrevista à Folha, Barbosa disse que o Mercosul virou um fórum de discussão política e social no qual o protecionismo impera. Além de garantir que as regras internas do bloco funcionem, também é necessário que os sócios busquem mais acordos com países desenvolvidos.
*
Folha - O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) disse que o Brasil poderá no futuro aderir ao TTP. Como o sr. vê essa possibilidade?
Rubens Barbosa - O acordo é aberto, qualquer país pode tentar aderir. No caso do Brasil, com a baixa competitividade da economia, a adesão é muito difícil porque você não pode mais modificar as regras, que preveem a eliminação das tarifas [de importação] na quase totalidade.
O acordo também prevê a adesão a uma série de normas, que vão desde vistos ao comércio eletrônico, passando pela propriedade intelectual, pelos investimentos, pela competitividade. E essas regras em sua maioria vão além do que é tratado pela OMC [Organização Mundial do Comércio], e o governo brasileiro tem se recusado a discuti-las. Então, teoricamente é possível, mas na prática as regras do acordo e a perda da competitividade do Brasil tornam muito difícil a adesão a curto prazo.
Como o Brasil deve agir então para evitar o isolamento?
Internamente temos que voltar com toda a força a discutir uma agenda microeconômica e facilitar a redução do custo Brasil, dos problemas que incidem diretamente na competitividade dos produtos brasileiros. Agora estamos muito concentrados na agenda conjuntural, do ajuste fiscal, mas temos de pensar a médio e longo prazo, em uma agenda estrutural que passa passa por reforma tributária, da Previdência, da trabalhista, a questão dos juros. É muito difícil hoje qualquer governo enfrentar uma abertura rápida da economia brasileira sem pensar no restabelecimento da competitividade.
Do ponto de vista externo, como o país pode se posicionar?
Temos de mudar a estratégia de negociação comercial, que nos últimos 13 anos ficou voltada para a negociação multilateral na rodada de Doha, da OMC, que infelizmente fracassou. Significa examinar acordos comerciais não só com a região, mas fora, com países mais desenvolvidos.
Além disso, temos que rever a política do Brasil em relação ao Mercosul, que deixou de ser instrumento de liberalização comercial. As regras não são seguidas e o protecionismo é que impera. E as dificuldades vão aumentar agora porque, além da Venezuela, entrou a Bolívia e depois vai entrar o Equador. O Equador, a Bolívia, a Venezuela, não pensam como o empresariado brasileiro, que quer ampliar mercados, abrir para exportação os seus produtos no exterior.
O Brasil deve parar de negociar como bloco e partir para entendimentos bilaterais?
Não, eu acho que o Brasil tem de liderar um processo de revisão das práticas e estratégias do Mercosul. O bloco tem que funcionar. O Mercosul se transformou hoje em um fórum de discussão política e social. No início do Mercosul já havia, ninguém era contra, mas prevalecia a prioridade econômica e comercial.
O acordo tarifário em discussão entre Mercosul e União Europeia pode minimizar perdas que o TTP ameaça trazer?
Dependendo da maneira como a coisa for negociada, mas tem que ver se a UE vai aceitar um acordo. O TTP vai gerar desvio de comércio. O Brasil exporta para os países do tratado US$ 54 bilhões, 35% dos quais são manufaturados, para os EUA, para o Peru, México, Chile. Esses produtos certamente vão enfrentar uma competição dos EUA e do Japão. Sem falar dos produtos agrícolas que vão enfrentar a competição da Austrália e da Nova Zelândia. Se o Brasil conseguir avançar com a UE, será muito positivo.
A resistência da Argentina contribuiu para o atraso das negociações com a UE. O Mercosul tem sido um entrave?
O último obstáculo do lado do Mercosul foi a Argentina, por causa de medidas protecionistas e da relutância em aumentar o volume de comércio na negociação. Mas também não descarto a má vontade de negociação por parte de muitos países da UE, porque a negociação implica uma série de vantagens para o setor agrícola brasileiro. Os dois lados têm dificuldades em avançar nessa negociação, a decisão agora vai ser política.
O governo fechou um acordo automotivo com a Colômbia, começou a negociar com o México a ampliação do comércio com tarifa zero e acertou com os EUA um esforço para harmonizar normas técnicas. Está havendo uma reação?
O governo resolveu se mexer, o que é positivo. Mas temos de lembrar que os acordos da Aladi (acordo de liberalização comercial entre países da América do Sul) preveem que em 2019 todos os países da região vão passar a negociar com tarifa zero a maioria dos seus produtos. Aí o Mercosul praticamente desaparece. O Brasil tem que exigir que os países cumpram o tratado.
-
RAIO-X RUBENS BARBOSA, 77
Carreira: diplomata, foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004)
Cargos: preside o Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp e o conselho deliberativo da Sobeet
domingo, 1 de novembro de 2015
Um Manifesto da revista Interesse Nacional - Rubens Barbosa
Manifesto
A convergência da crise econômica com as crises política e ética está criando uma grave ameaça ao Brasil no médio e no longo prazos. Caso o desequilíbrio da economia e o crescimento do déficit fiscal acima do produto interno bruto persistam, nos próximos anos o país corre o sério risco de se tornar inviável pela redução da capacidade de pagamento de suas dívidas.
Em razão da gravidade da situação atual – déficit fiscal em 2015 e aprovação do Orçamento de 2016 –, agravada pela ação disfuncional do Congresso Nacional, a sociedade e os agentes econômicos e políticos estão focados no curto prazo e menos atentos às questões estruturais. Mas sem atacar as causas da crise brasileira de frente vai ser difícil de evitar o pior nos próximos 10, 15 anos.
Diversas instituições e grupos organizados da sociedade civil estão discutindo essas questões e propondo soluções. A revista Interesse Nacional(www.interessenacional.com) é uma delas. Em seu número de outubro, em circulação, discute os desafios para sair da crise e a agenda nas áreas da Previdência Social, da educação, dos gastos públicos e tributária, além do papel da política e do Congresso para aprovar as medidas duras que terão de ser enfrentadas.
Dada a gravidade do contexto interno, pela primeira vez em oito anos a Interesse Nacional decidiu lançar um manifesto para chamar a atenção da sociedade brasileira para os desafios que teremos de enfrentar. Pela atualidade e pelo significado, pareceu-me útil dar repercussão a essa manifestação.
“Os anos de modernização do Estado brasileiro e de inclusão de parcela significativa da população na economia de mercado, no período 1990 a 2015, ficaram para trás. A crise política, econômica e ética acelera a hora da verdade para o Brasil, visto que não se veem saída e recuperação sem medidas estruturais de médio e longo prazo. O programa mínimo que a seriedade da crise atual exige é passar o Brasil a limpo e mudar o que tem de ser mudado, dentro dos princípios democráticos.
O Brasil enfrenta uma situação de extrema gravidade sem uma liderança política, empresarial e dos trabalhadores que expresse os anseios de todos por uma economia estável, um regime político funcional que represente a maioria da população e que favoreça uma sociedade mais justa. O grau alarmante de corrupção, facilitada pela interferência e ineficiência do Estado todo-poderoso, contamina a vida política e econômica do País e clama pelo fim da impunidade. Perdeu-se o sentido de autoridade e de garantia de segurança ao cidadão.
A retirada do grau de investimento do Brasil é a consequência da falta de rumo e da incompetência do governo na condução da política econômica, que fez o país mergulhar na recessão.
O desequilíbrio econômico, o crescimento do déficit público, da inflação, do desemprego e o gigantismo do Estado impõem a prioridade conjuntural do ajuste fiscal. O problema, contudo, é estrutural e torna urgente a discussão sobre a agenda de reformas microeconômicas, iniciada, porém interrompida. A perda da competitividade e do dinamismo do comércio exterior torna urgente a mudança da agenda interna com uma visão de médio e longo prazo.
A ausência de liderança efetiva no Executivo, no Legislativo e no Judiciário agrava o quadro nacional e exige de todos os que se preocupam com o futuro do Brasil um esforço para promover um debate que chame a atenção para as mudanças que a sociedade brasileira terá de enfrentar e aceitar e a necessidade de restaurar o crescimento e aumentar o emprego.
Qualquer que seja o governo em Brasília, essa nova agenda se imporá. O custo de ignorá-la será o caminho do Brasil, a médio prazo, para uma Argentina, uma Venezuela ou, no pior cenário, uma Grécia. O país perderá a capacidade de honrar seus compromissos, pelo nível cada vez maior da dívida, em especial da previdência social, o que levará a índices muito baixos de crescimento, ao caos com o desemprego chegando a níveis impensáveis e com graves custos sociais.
O preço do imobilismo será maior do que o custo das mudanças necessárias para restabelecer as condições de governabilidade do país. Não se pode deixar de contar com um Estado eficiente, efetivo e comprometido com o interesse público, em especial com os interesses dos segmentos mais pobres da população. Será inevitável o reexame do papel do Estado e o grau de sua interferência na vida de todos nós e da empresas.
O cidadão comum tem de aprender a defender seus direitos e participar de forma democrática na solução dos problemas que se acumulam e que parecem sem solução. A população anestesiada pela crise em todos os níveis tem de despertar e exercer seus direitos de cidadania.
A nova agenda não se limita à economia. A simplificação e a desburocratização dos procedimentos em que o cidadão tem de se relacionar com o Estado têm de voltar a ser prioridade. A reforma dos processos nos julgamentos civis, criminais e trabalhistas beneficiarão a sociedade como um todo, sempre preservando o direito de defesa e o devido cumprimento da lei.
Nesse quadro de incertezas e grandes riscos, a defesa do interesse nacional impõe a discussão de uma agenda renovada que venha a examinar medidas duras, mas realistas, que farão a economia retornar a um rumo de estabilidade e de crescimento. Esse é o primeiro passo.
A tarefa é urgente. O Brasil não pode esperar. O mundo não vai aguardar o Brasil”.
Chegou o momento de enfrentar os problemas que de fato afetam a sociedade brasileira. Governo, empresários e trabalhadores, como parceiros, juntamente com os agentes políticos, em momentos cruciais souberam superar suas diferenças e atuar em conjunto em favor do crescimento e do emprego. Não resta alternativa para evitar o que ocorreu em alguns países europeus no passado recente.
Fonte: O Estado de S.Paulo, 27/10/2015.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Deficit diplomatico - Rubens Barbosa (OESP)
Rubens Antonio Barbosa
O Estado de S.Paulo, 22/09/2015
As consequências dos erros na condução da economia estão sendo sentidos por todos. A avaliação das opções estratégicas dos governos do PT na área externa mostra resultados em geral contrários aos interesses nacionais.
A ação da politica externa e de comércio exterior dessas administrações partiu de premissas e percepções que se provaram equivocadas. As prioridades foram, nas grandes linhas, as mesmas dos governos anteriores (África, Oriente Médio, CSNU, América do Sul, China, Mercosul). O que mudou foram a ênfase e a forma da implementação das políticas por influência da plataforma de um partido político.
O declínio do poderio dos EUA e a crítica ao processo de globalização econômica e financeira estavam no centro da visão de mundo do lulopetismo, que requentou temas da esquerda da década de 60 contra a opressão capitalista e o imperialismo.
A retórica oficial ressaltou o interesse do governo em mudar a geografia politica, econômica e comercial global pelo fortalecimento do multilateralismo e pelo fim da hegemonia dos EUA, por meio da reforma dos organismos internacionais e, em especial, do Conselho de Segurança da ONU. Como corolário, politicas começaram a ser desenhadas para mudar o eixo da dependência comercial do Brasil pela redução da influência dos países desenvolvidos e pelo aumento da cooperação com os países em desenvolvimento.
A relações Sul-Sul passaram a ser uma das prioridades da política externa com maior aproximação e ativismo na América do Sul, na África e no Oriente Médio e a participação nos blocos integrados por países dessas regiões e outros emergentes (BRICS, IBAS, UNASUL, CELAC).
Ampliar a integração regional e fortalecer o Mercosul e sua expansão para formar uma área de livre comércio na América do Sul como forma de oposição aos EUA, foram outras vertentes da política externa que afetaram as reais prioridades do Brasil no seu entorno geográfico.
A aplicação da plataforma do PT com a partidarização da política externa e a criação na América Latina de canal paralelo ao do Itamaraty culminou com a politica de afinidades ideológicas, generosidade e paciência estratégica nas relações econômicas e comerciais com os países sul-americanos como Venezuela, Argentina, Bolívia, Cuba e com países africanos.
A prioridade absoluta nas negociações comerciais multilaterais e a crítica à abertura comercial com a rejeição dos acordos de livre comércio colocaram o Brasil na contramão das tendências atuais de maior integração econômica global
O resultado dessas opções criou um verdadeiro déficit diplomático para o Brasil.
Na política externa, de pouca relevância no governo Dilma, deu-se o enfraquecimento da voz do Brasil no contexto internacional o que afetou nossa projeção externa. Isso criou no Itamaraty crescentes problemas operacionais de gestão pela falta de recursos e resultou na redução do perfil brasileiro nos temas globais discutidos nos organismos internacionais especializados. A desintegração regional se acentuou pela ausência de liderança brasileira e pelo apoio à ALBA (Aliança Bolivariana). Pela dificuldade de fazer avançar o Mercosul, deu-se ênfase às relações bilaterais com os países sul-americanos. O antiamericanismo e o congelamento das relações com os EUA, refletiram-se na criação de novas instituições sul-americanas (CELAC, UNASUL). Sem visão estratégica, abandonaram-se as prioridades de projetos de infraestrutura na América do Sul. A baixa prioridade dada às importantes nações democráticas e a aproximação e o apoio a regimes de clara inspiração antidemocrática são reflexo da confusão entre valores e interesses na definição de políticas nos temas globais (democracia e Direito Humanos). A ausência de uma clara visão do interesse brasileiro se manifesta em relação aos países desenvolvidos (União Europeia, EUA e Japão), China e BRICS.
No tocante ao comércio exterior, essas políticas geraram o isolamento do Brasil das negociações comerciais no âmbito da OMC. Enquanto foram assinados mais de 400 acordos comerciais, o Brasil assinou apenas quatro (Israel, Egito e Autoridade Palestina e África meridional (SACU). Hoje vemos o Mercosul comercial paralisado e cedendo lugar a temas sociais e políticos. Além de que o intercâmbio com a África e o Oriente Médio pouco cresceu em termos percentuais no total do comércio exterior brasileiro. O empobrecimento da pauta comercial brasileira e a perda de espaço no comércio internacional estão associados à manutenção de uma economia fechada. E, por causa de nossa reduzida inserção nas cadeias produtivas globais e à aplicação de políticas restritivas no comércio exterior, acabamos tendo limitado acesso à inovação e à tecnologia.
No inicio do segundo mandato, o governo Dilma até ensaiou alguma evolução na política externa e na negociação comercial externa. Porém, em tempos de ajuste da economia, o governo se vê diante de uma escassez de meios que limitam a ação externa. Os resultados das conversações com os EUA e a Alemanha foram limitados e mais de boas intenções do que de ações concretas. Prossegue, entretanto, a influência partidária, como evidenciado pela não retomada do acordo de salvaguardas tecnológicas com Washington.
As opções equivocadas geraram custos enormes ao pais e terão de ser revistas. Em virtude da partidarização e da falta de visão estratégica, faltou, como recomendou o Barão do Rio Branco, “tomar a dianteira e construir uma liderança serena, coerente com nossa dignidade de nação”.
O ministro Mauro Vieira procura movimentar a ação externa com viagens à Africa, ao Irã e Líbano e afirma que a única ideologia que guia o Itamaraty é a da defesa do interesse nacional. Trata-se de importante mudança de política que, espera-se, possa de fato produzir resultados concretos.
Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.
domingo, 3 de maio de 2015
Barbosa's and Telles Ribeiro's Books: short reviews in Foreign Affairs
The Washington Dissensus: A Privileged Observer’s Perspective on US-Brazil Relations; His Own Man
Reviewed by Richard Feinberg
The troubled U.S.-Brazilian relationship also provides the backdrop for the novel His Own Man. The book’s climactic scene involves a confrontation between the novel’s narrator, a Brazilian diplomat stationed in Los Angeles, and a former chief of the CIA station in Brasília, now retired in La Jolla, California, whose garage is stacked with documents detailing Washington’s covert attempts to foment anticommunist military coups in Latin America in the 1970s. “Maybe that’s why we stand alone today . . . isolated as hell,” the old spook muses, “unable to deal with a world that for the most part despises us.” The historical memories of Americans are famously short, and Ribeiro, a veteran Brazilian diplomat, clearly wants to remind readers in the United States of the cost of U.S. support for the military dictatorship that ruled Brazil from 1964 until 1985—and of the scars carried by people throughout Latin America whose lives were forever altered by the torture and murders carried out during the Cold War by Washington’s authoritarian allies in the region. As His Own Man makes clear, that legacy helps explain the attitudes and behaviors of today’s elites in Brazil—members of the generation that suffered under military rule—and their lingering distrust of U.S. power.
Rubens Barbosa: Washington Dissensus, book review - History-Diplo
Já tinha lido este livro, do qual fui um dos personagens secundários, se ouso dizer, pois estava em Washington na mesma época, tendo sido chamado pelo mesmo autor de "accident-prone diplomat", em função de minha maneira desastrada de encarar certos assuntos, entre eles os caminhos erráticos de nossa diplomacia, da qual fui um dos mais persistentes críticos (assumindo minhas responsabilidades por isso, e pagando o meu preço por ser um crítico transparente).
Mas o livro tem muito mais do que um simples relato de um embaixador entre duas administrações tão diferentes, quanto as de FHC e de Lula, como evidencia a autora da resenha.
Ela lamenta a ausência de fontes, mas notando que não se trata de obra acadêmica, e sim de memórias pessoais. E evidencia todos os pontos julgados relevantes pelo autor do livro, absolutamente fiel à verdade histórica, ainda que mais propenso a ver os erros de Washington do que as deformações e os vieses da própria politica externa brasileira, ou as insuficiências da diplomacia petista, animada por claros sentimentos anti-americanos, apenas ligeiramente mencionados, embora não examinados em profundidade (e em toda a clareza, como as vinculações cubanas, da administração petista).
Em todo caso, a autora da resenha soube identificar bem o status do Brasil aos olhos da administração americana, na verdade, uma falta de status. Como ela diz, "Brazil is neither significant nor threatening enough to sustainably stay on Washington’s radar."
So be it...
Paulo Roberto de Almeida
Crandall on Barbosa, 'The Washington Dissensus: A Privileged Observer's Perspective on US-Brazil Relations' [review]
Rubens Antonio Barbosa. The Washington Dissensus: A Privileged Observer's Perspective on US-Brazil Relations. Nashville: Vanderbilt University Press, 2014. 272 pp. $69.95 (cloth), ISBN 978-0-8265-2011-1; $27.95 (paper), ISBN 978-0-8265-2012-8.
Reviewed by Britta Crandall (Davidson College)
Published on H-Diplo (March, 2015)
Commissioned by Seth Offenbach
Competitors and Allies: An Insider’s Look At US-Brazil Relations
After the embarrassing revelation in September 2013 that the US National Security Agency had tapped the personal phone calls and emails of Brazil’s president, Dilma Rousseff, relations between the two countries froze. In a chain of blistering speeches, Rousseff condemned the spying as a breach of international law, Brazil’s sovereignty, and the very institutions of democracy. She also became the first world leader in history to cancel her scheduled state dinner at the White House--an honor Brazil had not received in two decades. While genuine, Rousseff’s public ire was driven in part by the need to cater to her left-leaning political base, which is traditionally skeptical of US influence in the region.
For Ruben Barbosa, Brazil’s ambassador to Washington from 1999 to 2004, this display of domestic politics’ influence on foreign policy decisions is nothing new. In his recent memoir, Washington Dissensus: A Privileged Observer’s Perspective on U.S.-Brazil Relations, he unpacks the US-Brazil bilateral relationship and reveals the underlying factors driving policy during his tenure. His timely, direct, and balanced account spans two Brazilian presidential administrations and covers the major foreign policy issues between Brazil and the United States at the turn of the century, among them: the 9/11 attacks; the US invasion of Iraq and Brazil’s subsequent vote against in the United Nations; the prolonged and ultimately failed Free Trade Area of the Americas (FTAA) process; and the 2002 coup that briefly ousted Venezuela’s Hugo Chávez.
Barbosa does not hide his frustration with the shift in Brazil’s policy toward Washington with the onset of the Luiz Inácio Lula da Silva administration, noting that starting in 2003, Brazil’s foreign policy priorities negatively affected relations with the United States. In contrast to Lula’s predecessor Fernando Henrique Cardoso, Lula not only had little interest in deepening relations with the United States, but effectively pitted the developing countries against the developed world. Examples include the creation of South American institutions such as the Union of South American Nations (UNASUR) that excluded the United States, open sympathy for Fidel Castro and Hugo Chávez, and diplomatic overtures to Libya and Syria. Needless to say, Lula’s reference to Libyan leader Muammar Qaddafi as “his friend and brother” threw fuel on the fire of US misgivings toward Brazil (p. 17). Combined with constant friction within the World Trade Organization (WTO) surrounding the ultimately failed FTAA agreement, a relationship of competition and mistrust ensued.
Brazil’s resistance to further cooperation with the United States, Barbosa asserts, stemmed from pressure from the ideological base of the Lula’s Workers’ Party, the PT. During Lula’s presidency, the leadership of Itamaraty--Brazil’s equivalent to the US State Department--became more ideological and opposed to cooperation with Washington. Barbosa even claims that Brazil could have garnered support for its long-sought-after permanent seat on the United Nations Security Council had Lula played his cards better vis-à-vis Washington. While any US endorsement of a permanent UN seat for Brazil may seem far-fetched for observers, the erosive influence of Itamaraty on the bilateral relationship during Lula’s two terms is indisputable.
Washington Dissensus does not critique the Lula administration alone. Barbosa pulls no punches when it comes to his criticism of Washington and its lack of a “Brazil policy,” especially after the 9/11 attacks in which the already scant attention paid to Latin America diminished even further. Indeed, during the George W. Bush era, the State Department’s bureau for the Western Hemisphere did not have a “single diplomat on its staff who had lived in Brazil or could have been considered an expert on Brazilian affairs” (p. 71). Brazil, according to Barbosa, was handled in the same generic way as the rest of the region. And any Brazil policy that did exist was driven by economic and commercial interests, executed principally by the Federal Reserve and Treasury Department. As for the political/diplomatic arena, the Bush White House “displayed a mixture of affinities, suspicions, and reservations” toward Brazil (p. 16).
In addition to highlighting the lack of high-level US attention to Brazil, Barbosa directly criticizes President Bush. While lambasting Bush’s “arrogant unilateralism” (p. 131), Barbosa makes sure to reference the president’s now infamous verbal gaffes, including his question to Lula whether there were many black people in Brazil, the aforementioned question being particularly embarrassing given that approximately half of Brazilians are of African descent, brought about by a slave trade notably larger than that of the United States.
Perhaps Barbosa’s most significant contribution to our understanding of US-Brazil relations is his demonstration that the bilateral relationship is just that--bilateral. All too often, Washington is criticized for ignoring Brazil, or reverting to a policy of benign neglect. While official knowledge and understanding of Brazil within the beltway remains surprisingly weak, Barbosa shows us that the relationship is a two-way street, and that Brasilia is just as responsible as Washington for bilateral misunderstanding, frustration, or “dissensus.” Yes--US policy toward Brazil is still based on “blurred visions, myths, stereotypes, and distortions of reality” (p. 22). But the Lula administration shied away from a clear US willingness to strengthen ties. And Brazil is the only major emerging nation that lacks a strategy toward Washington, perhaps because the “Brazilian government does not have a clear notion of what to extract from its relationship with the United States” (p. 22). In that vein, the absence of a “special relationship” between the two countries cannot be attributed to the United States alone.
Washington Dissensus also correctly emphasizes the crucial role of personalities in the world of politics. Policy decisions are not made in a rational-actor vacuum, but rather by human beings influenced by their own personal histories, preferences, and personalities. Given the unilateralism of the Bush administration and Bush’s ignorance of Brazil, coupled with the PT's traditional antipathy toward the United States, the ultimate friendship between Bush and Lula was shocking to many. However, both leaders were direct and straightforward, and less intellectual than their predecessors. “Personal affinities,” argues Barbosa, “to a greater or lesser degree, helped establish a relationship that fostered solutions for issues in the national interests of both nations” (p. 65). That is, any steps forward between the two countries were helped by the personal connection between the two presidents. Along that same vein, the “lukewarm personal relationship” between presidents Fernando Henrique Cardoso and Bush contributed to the failed attempts to institutionalize bilateral cooperation (p. 76).
An added bonus for the reader of Washington Dissensus is Barbosa’s perspective as a foreigner living in Washington, DC. During the Al Gore hanging chad dispute, Barbosa was fascinated to see how effectively democratic institutions and mechanisms operated in the United States. “The strength of the institutions prevailed over all other interests, party-political or otherwise, rightly considered less important than the permanent values of democracy” (p. 29). While Americans likely took the continuation of business as normal for granted, this Brazilian observer had a much deeper appreciation for the ability of US democratic institutions to withstand such strain.
Barbosa’s “observer’s perspective” is a memoir rather than an academic text. Still, the absence of sources weakens his assertions, especially when referring to foreign policy documents or citing colleagues. Separately, the book often times reads as a who’s who list of high-level individuals Barbosa befriended or brushed shoulders with. His references to the various elite clubs in which he dined, or private camps in which foreigners were rarely received were superfluous, and did not bolster his undeniably important role in Washington. Finally, his comparison of the United States’ Patriot Act to Brazil’s Institutional Act #5 issued by an authoritarian Brazilian dictatorship in 1968 was a stretch, even for the fiercest critics of Bush’s antiterrorism law.
However, any shortcomings in Barbosa’s memoir are minor for the enthusiast of US-Brazil relations. Barbosa’s personal accounts provide a greater understanding of the delicate maneuverings required of an ambassador of a major country. The reader understands the difficulty of Barbosa’s “biggest obstacle” during his term, which was to disabuse the State Department’s perception that Brazilian foreign policy during the Cardoso government had an anti-American edge to it, “when all we were trying to do was defend our national interests” (p. 71). But we also know that Cardoso’s successor did have this aforementioned anti-American edge.
His memoir is a provocative, fair, and hard-hitting account of the sausage-making of foreign policy. We gain a clear perspective on an ambassador’s ultimate hope to broaden and deepen his country’s relationship with the United States, while serving two very different Brazilian presidents, confounded by the timeless problem that plagues Brazil: it is neither significant nor threatening enough to sustainably stay on Washington’s radar.
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Citation: Britta Crandall. Review of Barbosa, Rubens Antonio, The Washington Dissensus: A Privileged Observer's Perspective on US-Brazil Relations. H-Diplo, H-Net Reviews. March, 2015.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=42963
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terça-feira, 14 de abril de 2015
Defesa: uma questao de seguranca nacional - Rubens Antonio Barbosa
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
O Brasil e a OCDE - Rubens Barbosa (OESP) (Draft de 10/02/2015)
Paulo Roberto de Almeida
O BRASIL E A OCDE
Rubens Barbosa
O Estado de São Paulo, 10 de Fevereiro de 2015
No início dos anos noventa, por iniciativa do Itamaraty, conjuntamente com outros órgãos governamentais e instituições privadas, o Brasil partiu acertadamente para uma aproximação gradual com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esta estratégia segue sendo aplicada pelo Governo atual, embora de forma reativa e menos coordenada.
O Brasil nunca procurou uma adesão formal à OCDE, que dependeria de reformas e da defesa de interesses nacionais à luz do conjunto de regras da Organização. A estratégia de aproximação sempre visou à participação nos trabalhos da OCDE como mais um instrumento para apoiar o desenvolvimento do País: modernizar a economia, fortalecer os mecanismos de regulação, aprimorar as politicas públicas e promover reformas estruturais e institucionais.
O nosso engajamento na OCDE serviria para enriquecer os processos de reflexão e de formulação de políticas. Permitiria colher lições de experiências de 34 países que em conjunto somam cerca da metade da corrente de comércio do Brasil, a maioria esmagadora dos investimentos diretos estrangeiros no País e da capacitação dos nossos cientistas e engenheiros em pesquisa, doutorado e pós-doutorado no exterior.
Em contraste com outros organismos econômicos (como o BIRD, o FMI, a OIT e a OMC), a OCDE tem um escopo temático mais abrangente. Reúne capacidade para integrar temas de diferentes perspectivas. Atua em várias frentes do G20, tais como: monitorar medidas restritivas do comércio e dos investimentos internacionais; combater a corrupção e outros ilícitos transnacionais; aprimorar a governança corporativa e a responsabilidade social das empresas; revisitar as regras internacionais de tributação contra a erosão fiscal; compreender as relações entre emprego e comércio e o papel das cadeias globais de valor; identificar politicas e reformas estruturais para revigorar o crescimento de cada país de modo sustentado e equilibrado.
O reconhecimento do papel da OCDE na construção da ordem econômica internacional não pode ser passivo, mas ativo e crítico. Deveria estimular a Organização a reconciliar interesses e objetivos de países desenvolvidos e em desenvolvimento – uma missão implícita nos mandatos que lhe atribui o G20. Cabe ao Brasil, membro desse Grupo e tradicional advogado do desenvolvimento, ser um dos líderes nesse processo. Como outras organizações econômicas internacionais, a OCDE não logrou antecipar a crise financeira internacional iniciada nos EUA, tampouco denunciar convincentemente desequilíbrios – mesmo entre países membros. Ao Brasil e à comunidade internacional interessa que a OCDE corrija consideráveis falhas em análises e prescrições, feitas individual ou coletivamente, para países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Hoje a OCDE negocia a adesão da Colômbia e da Rússia, entre outros países e intensifica relações com países do sudeste asiático. Deseja, sobretudo, a participação ampla e regular e, mesmo, se possível, a adesão do Brasil e dos outros BRICS.
Da integração dos BRICS – a OCDE não esconde - dependerão não só o alcance e a credibilidade dos seus trabalhos, mas também a superação de seu déficit de representatividade. São essenciais todas essas condições para que a OCDE continue a desempenhar papel influente e global. Por essa razão, a OCDE já vem incluindo os BRICS sistematicamente em todos os seus principais estudos e relatórios. Ademais, faculta a estes participar de virtualmente todos os 200 Comitês e organismos da OCDE, dedicados a distintos setores e temas.
De sua parte, o Brasil, como outros BRICS, participa, em diferentes modalidades, de cerca de 1/3 desses Comitês e organismos. Essa presença é, porém, ainda discreta, sem que o País exerça a influência correspondente ao seu peso internacional dentro da OCDE, exceto em alguns poucos foros - por exemplo, o encarregado do programa internacional de testes de educação (PISA).
Tanto diante da internacionalização da economia como para a consecução dos objetivos de desenvolvimento do Pais, são três as vantagens que se tornam cada vez mais evidentes para o Brasil numa eventual adesão `a OCDE:
1) comparar políticas econômicas e públicas aplicadas por países, muitos dos quais mais desenvolvidos, e aperfeiçoarmos praticas, por exemplo em matéria de eficiência de políticas econômicas em prol do crescimento, de desenvolvimento da capacitação em C&T e da inovação industrial, de aprimoramento das políticas nas áreas de educação, saúde e inclusão social em geral,
2) influenciar, com base em nossa experiência e nossos interesses, inclusive como país em desenvolvimento, a concepção de estatísticas internacionais, bem como a identificação e a difusão de "boas práticas" de políticas econômicas públicas;
3) participar ativamente - e não reativamente - da definição de parâmetros e regras internacionais que, inicialmente aplicadas pelos países membros, acabam tornando-se elementos centrais em negociações multilaterais, (inter-)regionais e mesmo bilaterais, por exemplo nas áreas de tributação, comercio, investimentos, agricultura, finanças (inclusive créditos e garantias à exportação), propriedade intelectual, energia e mudança do clima.
As mudanças comandadas pelo Ministro Joaquim Levy para dinamizar a economia e torná-la mais produtiva e competitiva podem se beneficiar da adesão à OCDE. O Brasil poderia retirar lições comparadas, identificar subsídios para nossas políticas, fortalecer a ação de nossa diplomacia econômica e melhor projetar no mundo nossas experiências e “boas práticas”.
Novo governo, novas ideias. O ingresso do Brasil na OCDE seria uma estimulante decisão de politica externa com amplos reflexos na economia.
RUBENS BARBOSA, Presidente do Conselho de Comercio Exterior da Fiesp
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Crimes Economicos do Lulo-Petismo: a sabotagem do acordo de Alcantara - Rubens Barbosa
Esse foi um dos maiores crimes, pois cortou do Brasil a possibilidade de ganhar milhões de dólares com lançamentos comerciais e de, pouco a pouco, absorver tecnologia de formas variadas.
Os petistas, com outros nacionalistas de araque, bloquearam o acordo, como bloquearam outros, causando imensos prejuizos ao Brasil.
Vou dedicar-me agora a fazer a história dos crimes econômicos do lulo-petismo: eles atingem todos os setores do Brasil, causando milhões, bilhões de prejuizo, sem falar do custo-oportunidade.
Criminosos econômicos, é o que eles são, sem falar de outros crimes, claro, alguns até ao estilo Renascimento...
Paulo Roberto de Almeida