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domingo, 12 de agosto de 2012

O Brasil recua (3): a critica ao produtivismo academico - Carlos Fico

Geralmente, aqueles que mais protestam e se insurgem contra a cobrança de resultados na atividade acadêmica são os medíocres, aqueles que não conseguem produzir um único artigo decente, que seja aceito por revistas sérias (ou seja, aquelas com blind peer review), e que só publicam nas suas revistinhas de compadrio, no toma-lá-dá-cá (eu te publico, tu me publicas), os que dão aulas vagabundas, quando dão, e ficam embromando os alunos com aquela velha conversinha da mercantilização do ensino, as diretrizes do Banco Mundial contra a educação livre e crítica, e outras bobagens do gênero.
Infelizmente, os medíocres são os que politizam as demandas universitárias, e como não dão aulas, têm tempo para fazer política nas associações mafiosas que são os sindicatos, e prostituem o meio universitário com questões absolutamente alheias ao ensino.
Abaixo um artigo de um historiador justificando, acertamente, a cobrança de resultados na produção acadêmica.

Brasil Recente, 13 DE JULHO DE 2012

Avaliação da pós-graduação: produtivismo?

Carlos Fico
Torna-se cada vez mais frequente a crítica à avaliação dos cursos de pós-graduação feita pela Capes em termos de que haveria um parâmetro excessivamente "produtivista", isto é, baseado em um número supostamente demasiado de publicações que seria exigido dos professores.
Recentemente, quatro colegas do Programa de Pós-graduação em História da UFPB solicitaram seu desligamento alegando que haveria uma "busca desenfreada de metas quantitativas".
Como Coordenador da Área de História junto à Capes, parece-me conveniente buscar esclarecer certos aspectos.
A avaliação da pós-graduação em nossa área adota critérios eminentemente qualitativos baseados em um princípio que poderíamos chamar de "processo social do conhecimento", isto é, a avaliação feita pelos pares. Os periódicos nos quais publicamos são assim avaliados e recebem uma nota que varia de A1 a B5. Os critérios de avaliação dos periódicos são públicos e bastante referendados pela comunidade científica.
Os livros integrais e capítulos que publicamos também são avaliados segundo critérios públicos através de uma comissão de historiadores que atribui notas que variam de L4 a L1.
As avaliações da pós-graduação brasileira são feitas trienalmente. Assim, considera-se a produção intelectual de um professor ao longo de três anos.
Parte-se da realidade, isto é, da quantidade de artigos, capítulos e livros publicados no triênio em questão. Não há uma exigência numérica a priori. Isso permite à Capes detectar a média da produção dos programas.
Por exemplo, os programas de pós-graduação em História nota 3, no último triênio, tiveram uma média de produção próxima de 1 (um) item (artigo, capítulo ou livro). Ou seja, um professor de um programa nota 3 que, ao longo de três anos, publicou um único artigo em periódico qualificado ou um único capítulo ou um único livro avaliado entre os conceitos L4 e L1 terá atingido a média. Esta, certamente, não é uma exigência descabida.
No caso dos programas nota 4, 5, 6 ou 7 as médias sobem. Por exemplo, a média da produção de um professor de um programa nota 5 ou 6 oscila entre 3 e 4 itens (ou seja, 3 ou 4 artigos e/ou capítulos etc.) ao longo de três anos. Isso não significa que o professor desse programa tenha de publicar no triênio 3 ou 4 artigos seminais que revolucionem a historiografia brasileira. O perfil usual consiste na publicação de um artigo, capítulo ou livro mais denso e de mais algumas publicações decorrentes, por exemplo, da costumeira participação em seminários ou congressos que, frequentemente, produzem anais com nossas intervenções.
É preciso destacar que os programas avaliados como "muito bom" (nota 5) ou que integram o "grupo de excelência" (notas 6 e 7) recebem da Capes recursos financeiros públicos não desprezíveis que podem usar com grande autonomia. É natural que se cobre uma contrapartida.
A produção em outras áreas é numericamente maior. No caso da História, há um ritmo necessário à maturação do conhecimento que impede a produção desenfreada de publicações. As especificidades de cada área têm sido respeitadas pela Capes. Por exemplo, depois de muitos anos de demandas, a Capes adotou a avaliação de livros.
A Capes também tem investido bastante na eliminação das assimetrias regionais. O apoio às iniciativas dos programas situados nas regiões Norte e Nordeste é bastante conhecido.
Quando é feita a avaliação de uma proposta de evento acadêmico (seminários, congressos etc.), analisa-se seu alcance tendo em vista o público abrangido (local, regional, nacional ou internacional). Não é correto supor que a definição do alcance de um evento acadêmico nesses termos impeça ou hierarquize a destinação dos recursos: frequentemente, os recursos são aprovados porque se trata, precisamente, de uma boa proposta de evento acadêmico com alcance regional, por exemplo. Note-se, a bem da verdade, que a avaliação da pós-graduação não exige que os professores apresentem propostas de realização de eventos acadêmicos.
A avaliação da pós-graduação feita pela Capes é um caso de sucesso reconhecido internacionalmente. Isso não significa que não tenha problemas. Um deles é de escala: como avaliar a grande quantidade de programas de pós-graduação existente tendo em vista tantos aspectos (produção intelectual, ensino, formação de recursos humanos etc.)? Isso certamente precisa mudar. Algumas propostas de mudança estão em estudo. Caberia, por exemplo, avaliar os programas consolidados quinquenalmente? Isso permitiria um acompanhamento mais cuidadoso dos programas recém-criados?
Um dos problemas reais da avaliação da pós-graduação brasileira que muito atinge a área de História é a "especialização precoce": o aluno de graduação, por vezes beneficiado com uma bolsa de iniciação científica, decide ingressar imediatamente no curso de mestrado, geralmente desenvolvendo o mesmo tema e, em seguida, após dois anos, prossegue trabalhando o mesmo assunto no doutorado, motivado, quem sabe, pela bolsa que continuará recebendo. Com isso, é cada vez mais frequente a titulação de doutores com pouca experiência profissional (no ensino ou em qualquer outra atividade) e que praticamente só conhecem a temática de sua especialização.
Outro problema significativo - em parte já superado pelo longo trabalho da Área de História nas últimas décadas - foi chamado, por coordenadores que me antecederam nessa posição, de "taylorização" e decorria da exiguidade dos prazos que se impunham para a conclusão dos cursos, sobretudo o do mestrado: 24 meses. Hoje, o tempo médio de titulação considerado "Muito Bom" para o mestrado é de 36 meses.
Espera-se que um professor de um programa de pós-graduação chancelado e financiado pela Capes produza conhecimento qualificado. As médias acima mencionadas não são de modo algum exageradas. Trabalhar com essas médias - opção que a Área de História tem feito nos últimos triênios - talvez transpareça uma "tradução numérica" com a qual a comunidade apenas aos poucos se acostuma. Mas isso não pode ser visto como "produtivismo".
 

sábado, 9 de abril de 2011

Politica Externa Brasileira: os 100 dias da nova presidente

100 dias: Dilma imprime pragmatismo à política externa
Wladimir D'Andrade
O Estado de S.Paulo, 09 de abril de 2011

Para especialistas, ela tem conseguido reverter 'estragos' feitos na gestão Lula

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O pragmatismo com que o Itamaraty tem trabalhado suas ações no cenário internacional desde que Antonio Patriota assumiu a chefia da chancelaria brasileira é uma das principais marcas deste início de gestão do governo Dilma Rousseff na área da política externa. A avaliação é de especialistas consultados pela Agência Estado para falar sobre os 100 dias de governo da petista. Segundo eles, Dilma mostra maior apreço às instituições, particularidade que advém de uma característica pessoal dela, e deixa de lado orientações de cunho mais ideológico que marcaram a gestão do ministro Celso Amorim no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O antagonismo entre o pragmático e o ideológico ficou claro no último dia 24, quando a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) mudou o rumo que vinha tomando até então e votou a favor do envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. "Com o novo posicionamento, o Brasil se reaproxima de sua essência democrática, distanciada no governo Lula, que fez com que o País atingisse seu status atual", afirma o cientista político e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Heni Ozi Cukier. "A relação entre países não pode ser guiada por filtros ideológicos dessa natureza e deve ser mais pragmática", acrescentou.
De acordo com ele, a escolha do governo Lula em se aproximar de "países problema", como Cukier define o Irã, a Venezuela e a Bolívia, e adotar uma posição de conflito com os Estados Unidos está diretamente ligada à questão ideológica e mancha a imagem do Brasil no exterior a troco de "ganhos nulos". "O Lula, sim, ganhou uma grande exposição. Mas o Brasil teve uma exposição negativa. E assim é na aproximação com o Chávez (Hugo Chávez, presidente venezuelano)", diz. Na análise do professor do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Georges Landau, o Brasil pode ter se distanciado do seu objetivo de conseguir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Conseguimos antagonizar com os EUA e provavelmente comprometer por muito tempo qualquer aspiração no Conselho de Segurança. O Brasil foi considerado, após esse episódio, um país não confiável", afirma. Essa política, conforme Landau, teria impedido que o presidente Barack Obama declarasse apoio à demanda brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança durante sua visita ao País no mês passado. O norte-americano afirmou apenas que tem "apreço à aspiração do País". "A visita do Obama era a ocasião perfeita para que ele manifestasse apoio, como o fez na India (quando ele viajou ao país asiático em novembro de 2010). Porém, disse que só tinha ''apreço'' pela reivindicação por conta da iniciativa absolutamente cretina do Brasil em relação ao Irã", diz o especialista.
Reversão
No entanto, o governo da presidente Dilma tem conseguido reverter "os estragos" provocados pela política externa do ex-presidente Lula com os EUA. "A visita do Obama não deixou nada de concreto sob a ótica da política externa, mas elevou a relação com os EUA a um novo patamar, de respeito mútuo, diferente dos anos anteriores, quando o clima era de divergências mútuas", diz. Os especialistas destacam ainda a escolha de Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores, um diplomata de carreira, e não político.
"Patriota é um homem vinculado emocionalmente com os EUA (sua esposa é norte-americana) e vai trabalhar por esse relacionamento, o que é muito positivo para o Brasil". Outro desafio que se impõe à política externa do governo Dilma é estreitar relações com a China, hoje principal parceira comercial do País - o comércio entre os dois países movimentou no ano passado US$ 55 bilhões, conforme a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
A presidente Dilma vai desembarcar na próxima segunda-feira em Pequim junto com uma comitiva de empresários e suas reclamações por conta da manipulação chinesa da cotação do yuan e da discriminação de produtos brasileiros de maior valor agregado, entre outras questões.

Segundo o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Coordenador do Grupo de Estudos Ásia-Pacífico da universidade, Henrique Altemani, o Brasil terá de enfrentar as dificuldades comerciais impostas pelos chineses por conta da elevação do país asiático à condição de potência mundial.
"Falta o Brasil definir como quer se relacionar com a China. Até que ponto estamos preparados para esse relacionamento?", questiona. "Temos que entender essa nova realidade e aprender onde vamos nos posicionar". Altemani afirma que a China hoje é um ator fundamental em todas as questões comerciais, políticas e estratégicas no mundo - o país asiático é, inclusive, uma das cinco nações que detêm um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - e uma aproximação é "muito bem-vinda" para o Brasil.
"A China é demandada para todos os assuntos do planeta. Essa proximidade daria mais oportunidades de participar dessas discussões", afirma. Nesse sentido, ser cada vez mais protagonista das discussões mundiais é fundamental para as ambições do Brasil e uma boa relação com os chineses pode ajudar o País a atingir essas meta.
Economia
No entanto, há outro problema à vista: em 2004, durante a primeira visita oficial do presidente Hu Jin Tao ao País, o ex-presidente Lula prometeu reconhecer a China como economia de mercado. O professor Georges Landau explica que o maior número de ações antidumping impetradas pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) tem a China como alvo. "Se isso ocorresse, acabariam as ações antidumping e os produtos chineses invadiriam como nunca o Brasil a preço de banana", explica.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sic transit gloria mundi (no caso, as politicas nacionais...)

CAI A APROVAÇÃO DE 5 PRESIDENTES NA AMÉRICA DO SUL!
Ex-Blog de Cesar Maia, 25.01.2011

(La Nacion, 24) José Mujica, Uruguai. Desde junho, sua popularidade caiu 23 pontos, afetado por um alto nível de conflito com a oposição e com os sindicatos . \ Evo Morales, Bolívia. As idas e vindas pela aprovação do "gasolinazo" levaram sua aprovação para o nível mais baixo desde que tomou posse em 2006: 30% \ Hugo Chávez, Venezuela. Vencido pela crise econômica, a percepção negativa, rejeição da sua gestão está no nível mais alto em cinco anos. \ Sebastian Piñera, Chile. O apoio ao empresário alcançou seu nível mais baixo para um líder chileno desde o retorno da democracia em 1990. \ Alan García, Peru. Os escândalos de corrupção que afetam o governo fizeram com que a desaprovação, rejeição da sua gestão disparasse para 65%.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Avaliacao das ciencias sociais: um debate (indireto) com um representante da categoria

Uma avaliação da avaliação acadêmica em ciências sociais: notas a texto de Renato Dagnino
Paulo Roberto de Almeida

Recebi, pela internet, que é o canal universal de comunicações em nossa era, um texto do cientista social Renato Dagnino, intitulado “Os cientistas sociais e a avaliação da sua produção acadêmica”, elaborado em novembro de 2010, a partir de apresentação feita pelo autor no 34º Encontro Anual da ANPOCS, onde o autor participou de simpósio sobre “Política Científica e Pós-Graduação nas Ciências Sociais”. Como me sinto parte da comunidade e portanto interessado no tema, e em suas conexões com o trabalho acadêmico do qual sou parte interessada (ainda que apenas parcialmente), vou me permitir comentar topicamente esse texto, simplesmente pelo método da transcrição (com os trechos marcados assim: RD: ) e acréscimo de notas pessoais, marcadas em itálico e iniciadas por minhas próprias iniciais (PRA: ).
O texto de Dagnino tem a seguinte estrutura: “1. Introdução; 2. Fatos estilizados consensuais; 3. Fatos estilizados menos consensualmente percebidos; 4. Fatos estilizados ainda menos consensualmente percebidos; 5. Particularidades do contexto nacional; 6. Indícios de mudança; 7. Para não concluir”. Procedo de modo linear e não sistemático, apenas retendo trechos e questões que chamaram minha atenção por alguma peculiaridade de redação, problemas detectados no plano formal ou lacunas no texto, do ponto de vista lógico ou substantivo.
Vamos ao exercício:
RN: Os critérios de avaliação da produção acadêmica são formulados de maneira a medir “qualidade” do trabalho dos professores e pesquisadores das ciências "duras" e, por isto não são adequados para as ciências sociais.
PRA: Não creio que as ciências sociais devam se subtrair a avaliação de sua “produtividade”, ainda que se possa conceber alguma peculiaridade pelo fato de não poderem ser conduzidas experiências da mesma forma como nas hard sciences.

RN: Nos países capitalistas, as ciências "duras" sempre foram imprescindíveis para o processo de acumulação de capital; o que legitima ainda mais o seu apoio diferenciado a ponto de naturalizá-lo como uma hegemonia.
PRA: Por que essa “intromissão” de uma característica socioeconômica numa discussão sobre os procedimentos científicos? Por que as ciências “duras” seriam menos imprescindíveis se o sistema fosse, não capitalista, e sim “socialista”, ou feudal? O que tem a ver o capitalismo com a imprescindibilidade das ciências duras? Ciência é algo que transcende os sistemas socioeconômicos e serve a qualquer sociedade, em qualquer época e lugar, sem discriminação de qualquer espécie. Ela funciona e funcionou da mesma forma na Grécia antiga, no socialismo soviético e no capitalismo liberal. Essa constatação simplesmente não faz sentido.

RN: Os mitos da neutralidade, universalidade e linearidade da ciência difundidos pelos cientistas "duros" (aceitos pela sociedade e não contestados pelos cientistas sociais) levaram a que o caráter enviesado no sentido do capital não fosse percebido sequer pelos de extração marxista;
PRA: Se existe algum mito aqui é o de acreditar que o caráter “enviesado” do capital possa ter algo a ver com peculiaridades do trabalho científico, e que pelo fato de algum cientista trabalhar numa sociedade capitalista ele não pode ser neutro, universal ou “linear”; por que marxistas seriam tão obtusos a ponto de não o perceber essa perversidade do capital?

RN: A dinâmica tecnocientífica mundial, há décadas fortemente influenciada por objetivos militares, está também, cada vez mais, presidida pelo objetivo de lucro das grandes empresas multinacionais, que são hoje responsáveis por metade do gasto mundial de pesquisa;
PRA: “Cada vez mais”? Por que só agora? Sempre foi assim: empresas capitalistas, há vários séculos, atuam com base no lucro, assim como já faziam ou fizeram mercadores fenícios, artesãos medievais, manufatureiros renascentistas e toda e qualquer categoria de atividade produtiva: homens ativos são sempre motivados por algum desejo de retorno, de ganho, de riqueza; da mesma forma, o desejo de segurança, a motivação da conquista, a cobiça por riqueza alheia ou a necessidade de defender a sua própria sempre influenciaram as tecnologias militares e guerreiras, e nisso existe espaço para todos os modos de produção possíveis; RN deveria ser mais universal e neutro, e algo linear; seria melhor assim.

RN: A escassa percepção dessa dinâmica e uma reação automática pouco refletida se materializam no discurso de alguns cientistas sociais que, impregnado de universalismo e neutralidade, defende que devemos melhorar a qualidade do seu trabalho abordando temas de interesse internacional e usando referencias internacionais, para publicar em inglês em periódicos internacionais;
PRA: Antigamente se escrevia em grego, ou latim, ou francês, que foram as línguas mais utilizadas em cada época para produzir e divulgar ciência, literatura, ou qualquer outra coisa, como contabilidade capitalista ou pré-capitalista. Não se percebe porque o preconceito contra o inglês! Não existe nenhuma razão para isso, apenas desejo de não ser universal, apenas tacanhamente latino-americano.

RN: O afastamento da perspectiva latino-americanista fundacional das ciências sociais brasileiras é justificada, neste caso, em função da perda de importância da região no contexto globalizado internacional, da conveniência de que o Brasil se insira no mundo científico dos países líderes e da heterogeneidade existente ao interior da América Latina.
PRA: Nunca houve nada de especificamente latino-americano na construção das ciências sociais brasileiras, que foram muito mais formadas com base em aportes europeus e norte-americanos, do que da própria região. O Brasil não se insere nas correntes mais relevantes da ciência mundial apenas porque a América Latina é perdedora e não produz ciência de qualidade, mas porque é isso que deve ser feito e isso é que beneficia o Brasil, independente de qualquer perspectiva regionalista. A ciência, como deveria saber RN, é universal e universalista.

RN: A expressão Ciências Sociais é um “invento” latino-americano, fruto de sua orientação “militante” decorrente do contexto em que se iniciou sua implantação, caracterizado pela condição periférica e suas características de concentração de poder econômico e político no nível interno e dependência cultural e econômica no externo.
PRA: Nunca antes neste país se escreveu absurdo tão grande com respeito às ciências sociais. Não existe qualquer fundamento histórico, material para uma afirmação desse tipo, que é simplesmente incompreensível para quem conhece a evolução do pensamento social ao longo dos séculos, desde os filósofos gregos, os tomistas medievais, os historiadores renascentistas, os ideólogos do iluminismo, os racionalistas do século 19 e os funcionalistas do século 20. “Invento latino-americano”?; “orientação militante”? Acho que Marx contestaria imediatamente essa interpretação grotesca.

RN: Em que pese a projeção no circuito internacional alcançada pelo “alto clero” das ciências "duras", a contribuição das ciências sociais brasileira (Paulo Freire, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, etc.), mesmo quando avaliada segundo os critérios usuais de citação é seguramente maior;
PRA: Nacionalismo e chauvinismo acadêmico certamente não fazem bem a qualquer texto que pretenda fazer uma avaliação das ciências sociais brasileiras. “Seguramente maior”? Com base em que? Uma afirmação que vale tanto quanto o seu exato contrário, ou seja, de uma contribuição pobre, sem significado universal (que é o que distingue a ciência), pelo menos no que concerne Paulo Freire, dono de uma contribuição politicamente motivada, sectária, estreitamente ideológica.

RN: O segmento dos integrantes das ciências duras que podem “enquadrados” na categoria de “progressistas” é menor, no Brasil, do que o das ciências sociais;
PRA: Progressistas? Isso não faz o menor sentido para as ciências duras, e deveria não fazer, tampouco, para as ciências sociais. Não se pede que uma ou outra seja progressista ou reacionária, apenas que sejam boas ciências, a primeiras fundadas nos velhos princípios baconianos bem conhecidos, as segundas tentando construir a objetividade de que falava Weber. Esse “progressismo” do autor do texto só pode conduzir a uma má ciência, dura ou mole...

RN: Aqueles cientistas "duros" vêem seus colegas das ciências sociais como mais capazes de “fazer acontecer” as mudanças sociais que almejam;
PRA: Inacreditável! Como é que o autor foi descobrir as mudanças sociais almejadas pelos cientistas “duros”? Fez uma enquete, uma pesquisa, um questionário? Tabulou os resultados, publicou isso em algum lugar? Não se pode fiar numa afirmação desse tipo, destituída de qualquer validade empírica ou conceitual. Isso é simplesmente subjetivismo da pior espécie, indigno de qualquer ciência que se preze.

RN: Não é percebido que os cientistas "duros" progressistas tendem a pensar que seus colegas das ciências sociais seriam responsáveis, mais que eles, pela alteração do quadro social precário do País.
PRA: Isso tampouco é ciência, e sim profetismo, ou artes divinatórias. O que a ciiencia, dura, mole, técnica ou literária tem a ver com a percepção do “quadro social precário” no Brasil? O autor faz confusão entre o trabalho científico e a elaboração de propostas de políticas públicas que visam, sim, redimir a situação social, mas que dependem de escolhas políticas e valores sociais, não da natureza da investigação científica, ou seu caráter mais ou menos progressista. Isto é instrumentalização dos procedimentos científicos da pior espécie que possa existir, sinal de uma mentalidade autoritária que pretende dizer o que é progressista e o que não é.

RN: Criar consciência de que a mudança dos critérios supõe, mais do que um projeto de consolidação da área, uma discussão franca com esses cientistas "duros" de esquerda acerca do papel da comunidade de pesquisa no processo de democratização política e econômica do País.
PRA: Existem cientistas “duros” de esquerda? Certamente. Existem os de direita? Possivelmente. O que isso tem a ver com a qualidade de seu trabalho científico. Absolutamente nada. Existem cientistas “moles” das duas categorias? Provavelmente mais da primeira espécie do que da segunda. Mas podem também existir os de “centro” ou também aqueles que pretendem fazer apenas ciência, dura ou mole, não proselitismo e evangelização política como as propostas neste texto simplório e canhestro.

Em face dessas demandas de alteração dos critérios que devem prevalecer na avaliação das ciências sociais brasileiras, e em vista do que se leu nesse trabalho, uma única conclusão é possível: devem ser reforçados os controles e aumentados as garantias de que as verbas e recursos de todo o tipo que vão para essas ciências, de maneira a evitar que bobagens desse tamanha sejam escritas sob coberta de proposta “científica”.
Talvez seja melhor continuar a conversa numa “mesa de bar”...


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30.12.2010

sábado, 8 de maio de 2010

Novo embaixador da Venezuela no Brasil

Recebido, pela internet, de um fonte confiável na Venezuela, que não foi quem redigiu o texto, obviamente.
Não tenho por que acreditar em tudo o que está escrito abaixo, pois pode ser apenas uma demonstração da luta política que está em curso naquele país atualmente.
Mas tampouco tenho porque descartar o material simplesmente, pois algumas informações podem corresponder à verdade, e podem ser facilmente (ou não) confirmadas por algum jornalista investigativo, que terá interesse em ratificar, ou não, o que está dito abaixo, consultando novas fontes na França, na Venezuela, no próprio Brasil.
Enfim, meu interesse no caso, é puramente intelectual, observador que sou das realidades políticas no Brasil e em toda parte, seguindo alguns velhos conselhos de Maquiavel quanto à condução da análise política com base em fatos, não em concepções...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 9 de maio de 2010)

Biografía de un meteorito francés

Maximilian Sánchez es el nuevo embajador de Venezuela en Brasil. Maximilian Sánchez nació y pasó toda su vida en Francia. Nunca vivió en Venezuela. En el 2001 el agitado joven francés ofrece sus servicios a la delegación diplomática bolivariana en Paris. Su identificación con Hugo Chávez raya en el paroxismo. No obstante el galo no desea otra cosa que vivir el proceso revolucionario desde su interior. Quiere tostar su blanquísima piel francesa con el sol caraqueño. Por sus servicios militantes la embajada de Venezuela en Paris le entrega un pasaporte bien criollo. El documento lo obtiene como quien compra un cocosette. Con el preciado pasaporte en mano vuela a lo que será su segunda patria. Miraflores lo integra en su célula internacional. Ese mismo año su crisis de identidad se atenúa. Inmediatamente el gobierno le entrega una cédula de identidad y accede a la condición de ilustre ciudadano venezolano. Sólo le queda a este « musiuito » un ejercicio lingüístico. Debe borrar la erre glutural que pone al descubierto cada vez que habla sus origines franceses. Maximilian Sánchez aterriza en Venezuela con un currículum vitae precario. Su única experiencia consistió en desempeñarse como guachimán en una escuela de lengua. En Paris cursó estudios de derecho que nunca culminó. Se sabe también que Ramonet lo nombró responsable del movimiento alter-mundialista de Venezuela. El vínculo con este pillo del siglo veintiuno es regular. Ramonet transformó a Maximilian Sánchez en una ficha que maneja a su antojo, sobre todo cuando se trata de agilizar los pagos que el “doctor” reclama por su experticia intelectual. Desde luego hoy el binomio Ramonet-Cassen se frota las manos con la designación de este hombre en Brasil. Este país es por excelencia la tierra del alter-mundialismo. Porto Alegre es la capital de la fauna antimundialista. En tal sentido la marioneta que Ramonet-Cassen mueve desde Paris seguirá jugando su papel de embajador de los intereses del par de pillos franceses, que como se sabe, por tramposos fueron defenestrados por el movimiento alter-mundialista parisino.

En la historia de la diplomacia venezolana, Maximilian Sánchez es un caso atípico. Obtiene la nacionalidad venezolana en el 2002 y ocho años después es designado nada más y nada menos que jefe de la delegación diplomática en Brasil. Por la velocidad de su ascenso algunos chavistas -no sin razón- lo apodan el “meteorito francés”. Una cosa es cierta, Maximilian Sánchez ha sido muy astuto en determinar su trayectoria “meteórica”. Desde su llegada a Venezuela puso a correr la bola mediática según la cual él es la encarnación en Venezuela del frances Bernard Attali. Para quienes no lo saben, Attali fue el colaborador más cercano del presidente François Mitterand. Attali era conocido como la eminencia gris del difunto presidente francés. La más simple comparación pone en evidencia el contraste grosero entre Maximilian Sánchez y el asesor de Mitterand. El señor Attali ha escrito y publicado más de sesenta libros. Al “meteorito francés” no se le conoce ninguna obra de ningún género. Mientras que el señor Attali es un fino conocedor de la historia de Francia, Maximilian Sánchez no sabe ni siquiera tararear la melodía del himno nacional venezolano. En los predios de la Casa Amarilla algunos afirman ácidamente que un niño de sexto grado conoce mejor la historia de Venezuela que este francés reencauchado. De Bernard Attali este usurpador solo tiene en común la nacionalidad francesa. El abismo intelectual entre uno y otro es inmenso. Un elemento es extraño, en la actitud de querer compararse con el “cherpa” de Mitterand. Bernard Attali es judío y Maximilian Sánchez es rabiosamente antisemita. Cuando Hugo Chávez acusa a Israel de estado fascista, Maximilian Sánchez va mucho más lejos en su odio al pueblo judío. Es evidente que entre De Gaulle y el Petain de Vichy, Maximilian Sánchez no vacilaría ni un solo instante en identificarse con el “colaborateur” que deportó miles de niños judíos a una muerte segura en las cámaras de gas hitlerianas. De hecho se sabe que Maximilian Sánchez celebra al escritor antisemita Celine más por sus inmundos panfletos antijudíos que por sus escritos literarios.

La verdad es que a quien más se parece Maximilian Sánchez es al personaje odioso de Pierre Laval, ideólogo y brazo ejecutor de la Wehermacht en un momento poco glorioso de la historia de Francia. Que nadie se equivoque entonces. Maximilian Sánchez es un afiebrado antisemita altamente fanatizado. Es la expresión más clara de una izquierda minoritariamente rabiosa procedente de Francia a quien los artistas de la diplomacia brasilera rendirán tributo con el único propósito de alimentar favorablemente la balanza comercial del Brasil de Lula. En el fondo este oscuro personaje viene como anillo al dedo para aumentar las exportaciones de Brasil hacia Venezuela. En contra partida el “meteorito francés” tendrá libertad absoluta para ser feliz con sus compatriotas franceses que cada año integran la comparsa alter-mundialista de Porto Alegre.

Así andan los desaciertos de nuestra representación diplomática. Salut Maximilian !

Desde Toulouse,
Flora Tristina

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Addendum:
Uma correção e informações adicionais sobre o personagem:
1) El venezolano que escribe el artículo tiene una equivocación. Los atributos que le atribuye a Bernard Attali, son los de su hermano gemelo Jacques Attali. Bernard Attali fue presidente de Air France.
2) Maximilian Sanchez debe ser el Maximilien Sanchez arrestado hace años por disturbios y violencias "sur la voie publique". Es simpatizante de Olivier Besancenot leader de un partido trostkista, revolucionario empedernido, cuyo partido, recientemente re-bautizado NPA (Nouveau Parti Anti-Capitaliste) para hacerlo mas simpático en estos tiempos no logró sin embargo obtener más del 4% en las recientes elecciones europeas en Francia. Hay que notar que en Francia ha declinado en los últimos dos o tres años la influencia del movimiento Attac de los despreciables Cassen y Ramonet.