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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Balança comercial sob efeito da Covid-19 - IEDI

 

Balança comercial sob efeito da Covid-19

IEDI ( Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial), 1 de setembro de 2020

Para a balança comercial do Brasil, a crise internacional derivada da pandemia de Covid-19 teve o papel de aprofundar o declínio de nossas exportações e, sobretudo, de inaugurar uma fase negativa para as importações, na esteira do tombo da atividade econômica doméstica.

Como resultado, a corrente de comércio acumula perda de -15% entre os meses de abr/20 e set/20 em comparação com o mesmo período do ano passado. Entretanto, como as importações recuam mais intensamente do que as exportações, há um reforço no saldo da balança comercial, chegando a US$ 42,4 bilhões no acumulado dos nove meses de 2020. Isso representa uma alta de +18% ante jan-set/19.

Segundo os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia, as exportações totais no mês de set/20 somaram US$ 18,4 bilhões e as importações, US$ 12,3 bilhões, representando quedas de -9,1% e -25,5% ante set/19, respectivamente, segundo as médias por dias úteis.

No caso das exportações, este foi o pior resultado dos últimos três meses. Ainda assim, a queda do 3º trim/20, de -6,1%, foi mais amena do que no 2º trim/20 (-8,2%), considerado como o pior momento da crise da Covid-19. Nas importações, o ritmo de perda mais do que dobrou, passando de -13,3% no 2º trim/20 para -28,7% no 3º trim/20.

Embora tanto nossas vendas como nossas compras externas estejam no vermelho, os condicionantes deste movimento são diferentes. Nas exportações, como mostram as variações frente ao mesmo período do ano anterior a seguir, é a indústria de transformação que apresenta o maior declínio.

     •  Exportações totais: -6,5% no 1º trim/20; -8,2% no 2º trim/20 e -6,1% no 3º trim/20;

     •  Exportações da indústria de transformação: -10,4%; -19,1% e -13,1%, respectivamente;

     •  Exportações da indústria extrativa: +5,0%; -20,8% e -2,0%;

     •  Exportações da agropecuária: -3,7%; +40,7% e +11,8%, respectivamente.

A Covid-19 pode ter sido o principal fator do retrocesso exportador da indústria brasileira nos últimos meses, mas é importante ressaltar que o setor está no negativo desde o 3º trim/19, sob influência da desaceleração do comércio mundial, com os conflitos entre EUA e China, e também com os primeiros sinais do surto do novo coronavirus na Ásia.

Este movimento agravou a tendência de encolhimento da participação da indústria nas exportações totais do país, que saiu de 67% em jan/17 para 54,6% em set/20, segundo os dados acumulados em doze meses. Lembrando que sua participação até meados dos anos 2000 superava 80%. 

A alta nas exportações de bens agropecuários, por mais intensa que seja, por representar apenas ¼ do valor de tudo que exportamos, não conseguiu reverter a tendência negativa das vendas externas do país. Ademais, o resultado desse setor também sofreu forte acomodação do 2º trim/20 (+40,7%) para o 3º trim/20 (+11,8%). 

Já nas importações, o principal motor da retração é a indústria extrativa, cujas compras externas encolheram -58,1% no 3º trim/20, pela média diária. Isso foi mais do que o dobro da queda da indústria de transformação (-27,4%). Muito desse resultado deve-se a produtos energéticos, como petróleo, carvão e gás natural, pelo baixo nível de atividade econômica nacional, mas também pela queda dos seus preços internacionais. 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Brasil, contas externas: deterioracao da balanca comercial - Banco Itau

A despeito da relativa melhoria no mês de junho, a tendência é preocupante.
Mais uma herança maldita?
Paulo Roberto de Almeida 

BRASIL - Balança comercial apresenta superávit em junho

O mês de junho teve superávit comercial de US$ 2,4 bilhões, abaixo das nossas expectativas e do consenso do mercado (US$ 2,9 bi e US$ 2,75 bi, respectivamente). As exportações somaram US$ 20,5 bi apresentando um crescimento de 1,2% frente a maio (após ajuste sazonal) e as importações somaram US$ 18,1 bi, mostrando um recuo de 2,6% frente a maio.
Em relação ao mesmo período do ano passado, controlando pelo número de dias úteis, houve recuo nas exportações (-3,2%) e nas importações (-3,8%). No primeiro semestre de 2014, a balança comercial acumula déficit de US$ 2,5 bilhões, ligeiramente inferior ao déficit de US$ 3,1 bilhões observado nos primeiros seis meses de 2013.
Nas exportações, o destaque positivo ficou por conta dos básicos que reverteram a tendência recente de queda e apresentaram crescimento de 9,5% na média diária em comparação com junho de 2013. Essa melhoria foi puxada pelas vendas de petróleo bruto, carne suína e bovina, soja (farelo e grão) e café. Os manufaturados, por sua vez, recuaram 19,3% em relação ao ano passado, com o destaque negativo sendo novamente nas vendas de automóveis de passageiros e autopeças cujo principal mercado é a Argentina. Os semimanufaturados também registraram novamente retração (-1,9%).
As importações ex-combustíveis recuaram 2,8% em relação a maio (com ajuste sazonal), revertendo a alta que havia sido observada no mês anterior, em um movimento consistente com a moderação da atividade econômica esperada no segundo trimestre desse ano. Após o ajuste sazonal, observou-se redução mensal das importações em quatro das cinco categorias de uso. As compras de bens de capital, bens intermediários, bens de consumo não duráveis e duráveis, recuaram 1,1%, 7,8%, 0,2% e 4%, respectivamente.
As importações de combustíveis e lubrificantes, por sua vez, somaram US$ 3,3 bilhões em junho, um aumento de 43,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, parte do aumento das compras de combustíveis e derivados foi compensada pelo aumento das exportações de petróleo bruto. No mês o saldo comercial de petróleo bruto foi ligeiramente superavitário em US$ 59 milhões.
Em relação ao comércio com os principais parceiros, continua destacando-se a redução das exportações para a Argentina que no primeiro semestre já recuaram 20% em relação ao mesmo período de 2013. As exportações para os Estados Unidos e para a China, por outro lado, vem compensando parte dessas perdas e avançaram no ano 10,5% e 4%, respectivamente.
Em suma, o saldo comercial de junho, apesar de um pouco abaixo das expectativas, mostrou melhora em relação aos meses anteriores. As exportações continuam em queda em comparação com 2013, mas a redução das importações compensou parte dessa retração. Esperamos resultado ligeiramente superavitário na balança comercial em 2014.

Julia Gottlieb
Economista

sábado, 10 de maio de 2014

Balanca comercial no vermelho: as transacoes correntes acendem alerta de crise - Miriam Leitao

COLUNA NO GLOBO, 10/05/2014

Balança vermelha

Miriam Leitao
A balança comercial deve terminar o ano com US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões de déficit comercial, segundo o economista Fábio Silveira. Se acontecer, será uma mudança total em relação ao forte superávit de alguns anos atrás. O empresário de comércio exterior Joseph Tutundjian acha que tudo vai depender da conta petróleo, que ficou negativa nos últimos anos.
A balança comercial está no vermelho em US$ 5,5 bilhões. Em entrevistas concedidas a mim na Globonews, os dois especialistas mostram que os problemas se acumulam no setor. E o menor deles é o déficit que pode acontecer este ano.
— Estamos caindo na realidade no comércio externo. Tínhamos um patamar bastante elevado de preços de commodities agrícolas e metálicas. Esses preços começaram a baixar — explicou Fábio Silveira, do GO Associados.
Se a queda continuar, na opinião de Silveira, volta-se ao quadro de superávits pequenos que havia antes do boom das commodities.
Joseph Tutundjan, da Winner Desenvolvimento Industrial, diz que está menos preocupado com a balança e mais com o perfil do comércio:
— No passado, era importante ter um dado positivo na balança, por causa da dívida externa. Agora, é menos importante. Temos outros desafios. A qualidade do nosso comércio exterior deteriorou drasticamente. Nesse cenário, há uma joia lapidada que é o agronegócio. O Brasil deu certo como exportador no agronegócio e está dando errado na indústria, em termos globais. Os preços das commodities quadruplicaram nos últimos 10 anos. É verdade. Mas a produtividade por hectare também aumentou quatro vezes e isso mostra a importância do setor.
Ele disse que perde-se muito mais competitividade com a má qualidade da logística, quando se está movimentando milhões de toneladas de grãos, do que quando a exportação é de produtos industriais. Mesmo assim, a indústria não tem bom desempenho porque não está integrada às cadeias globais de suprimento:
— A indústria se acostumou com a proteção. No começo da política de substituição de importações, a ideia era que a indústria era um bebezinho nos braços da mãe, mimado, protegido, contra o lobo mau. No começo, fazia sentido. O problema é que o bebê cresceu, mas se acostumou a ficar mamando e não aprendeu a caçar sozinho. Quando o Collor abriu, foi um Deus nos acuda. Algumas empresas morreram, outras ficaram mais eficientes. No governo Lula, a tendência à proteção voltou. O empresário brasileiro precisa se integrar à cadeia global.
Fábio Silveira disse que o agronegócio representa de 35% a 40% das exportações, com soja, açúcar, carnes. Se for agrupado os produtos petroquímicos, minerais e siderúrgicos, sobe para 80% da exportação.
— No curto prazo, temos uma situação satisfatória. Mas, no longo prazo, os preços podem cair, não só os minérios, mas também os alimentos. Um dos fatores de alta é uma liquidez grande no mercado internacional. Ela tende a ser reduzida nos próximos anos, à medida que os EUA voltem a crescer e atraiam capitais. Isso derruba os preços das commodities. Eles subiram pela liquidez e pelas compras chinesas. Esse quadro está perdendo fôlego, e o Brasil não está preparado para lidar com déficits na balança.
O rombo em petróleo e derivados cresceu muito nos últimos anos. Foi de US$ 13,7 bilhões em 2012, US$ 24,3 bilhões no ano passado, e a projeção é de US$ 20 bilhões este ano. Os dois explicaram que o Brasil chegou a US$ 40 bilhões de superávit quando a conta petróleo estava baixa e as cotações das commodities agrícolas e metálicas estavam no auge. O aumento da dependência de petróleo e derivados e uma pequena queda nas commodities agrícolas e do minério de ferro alteraram toda a situação.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Fracasso total da politica economica companheira: keynesianos de botequim nao sabem o que fazer...

Parece que a coisa anda feia lá pelas bandas -- se bandas existem, e não apenas trapos -- do Ministério da Fazenda, e o que passa, com alguma largueza conceitual, por comando central das operações de política econômica do governo companheiro.
Como são todos beócios em economia, eles continuam achando que um estímulo keynesiano aqui, uma improvisação prebischiana ali, tudo servido com algum molho de intervencionismo e técnicas à la Barão de Munchausen, vai salvar o desastre que conseguiram produzir na economia.
O barco naufraga, e os ratos começam a se preparar...
Paulo Roberto de Almeida

Desastre no comércio

05 de novembro de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo

Continua mal o comércio exterior brasileiro, com déficit de US$ 224 milhões em outubro e saldo negativo de US$ 1,83 bilhão no ano, mas a pior notícia sobre a balança comercial é outra: o governo ainda se recusa a admitir a gravidade dos problemas e insiste em tratá-los como passageiros. Desta vez, o resultado mensal foi prejudicado por um aumento excepcional das importações de petróleo, causado por dificuldades temporárias da Petrobrás. Em outros meses, as contas foram afetadas pelo atraso no registro de importações, também de combustíveis, realizadas em 2012. Sempre se pode, é claro, ir um pouco mais longe e atribuir os números desfavoráveis à crise internacional e ao recuo das cotações das commodities.

Divulgadas as contas de outubro, as explicações oferecidas à imprensa pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho, seguiram o padrão habitual. Os problemas ficarão para trás e o saldo de 2013 ficará no azul. É até possível. Se o País acumular no último bimestre um superávit maior que US$ 1,84 bilhão, o resultado geral dos 12 meses será positivo. O saldo de dezembro tem superado com frequência US$ 2 bilhões nos últimos anos. Se isso ocorrer mais uma vez, o comércio de mercadorias estará novamente no azul e tudo voltará - esta parece a opinião oficial - ao melhor dos mundos. Mas voltará?
Só haverá motivo para algum otimismo quando o governo reconhecer a dimensão efetiva dos problemas do comércio exterior e começar a agir para resolvê-los. Esses problemas vão muito além de dificuldades ocasionais. No caso da Petrobrás, é inegável o fiasco dos planos de produção. Poucos anos depois de anunciada festivamente a autossuficiência, o País continua dependente da importação. Importar pode ser uma condição normal para uma economia próspera e bem administrada, mas os problemas no setor de petróleo são consequências de erros indisfarçáveis de política econômica e de administração empresarial - a começar pelo desastrado controle de preços.
Pelo menos tão importante quanto isso é o enfraquecimento do setor industrial - a mais visível consequência da perda de produtividade da economia brasileira. A ineficiência crescente da produção está refletida tanto nas dificuldades de exportar quanto no aumento da importação. Esse aumento abrange muito mais que petróleo e derivados.
De janeiro a outubro o valor total da exportação, US$ 200,47 bilhões, foi 1,4% menor que o de igual período do ano anterior. O valor da importação, US$ 202,30 bilhões, foi 8,8% superior ao dos meses correspondentes de 2012. O saldo acumulado em dez meses no ano passado, de US$ 17,35 bilhões, foi substituído por um déficit de US$ 1,83 bilhão.
A importação de combustíveis e lubrificantes aumentou 23,1% nessa comparação, mas o valor adicional, de US$ 6,64 bilhões, explica só em parte o aumento das compras totais no exterior. O gasto com matérias-primas e bens intermediários aumentou US$ 6,36 bilhões de um ano para outro e isso tem forte relação com problemas de competitividade. O acréscimo de compras de bens de capital e de bens de consumo adiciona mais US$ 4,29 bilhões a essa conta.
Além do mais, as vendas de plataformas para extração de petróleo, o item número um na lista da exportação de manufaturados, renderam US$ 4,75 bilhões, pouco mais que os embarques de automóveis de passageiros (US$ 4,56 bilhões). Mas os automóveis foram de fato vendidos e mandados ao exterior. As plataformas nunca saíram do Brasil, porque a sua venda foi só uma operação contábil com fins tributários. O valor da operação foi 500% maior que o de igual período de 2012.
Não se pode reduzir a evidente piora do comércio exterior a uma soma de problemas temporários da Petrobrás. Mesmo acrescentando-se uma referência às condições internacionais, esta ainda será uma tentativa inútil de enfeitar um cenário muito ruim. Os problemas são muito mais graves e resultam de erros políticos acumulados em vários anos. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Brasil: do deficit comercial ao de transacoes correntes? - Editorial Estadao

A situação é muito mais grave do que a que transparece neste editorial, inclusive porque os problemas são de difícil solução (o que aliás está registrado no texto) e porque um déficit comercial tem consequências inevitáveis sobre as transações correntes, nas quais os serviços já são cronicamente deficitários.
A partir de um determinado nível nessa balança (digamos 4 a 5% do PIB como déficit) começa a desconfiança dos investidores estrangeiros e dos próprios nacionais: a tendência se acelera e o déficit se avoluma muito rapidamente, com fuga de capitais e desinvestimento.
As perspectivas não são brilhantes, para não dizer que são claramente negras, se me permitem a boutade politicamente incorreta...
Paulo Roberto de Almeida

A crise que o governo não vê

12 de maio de 2013 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
Ao minimizar os maus resultados da balança comercial - que, de janeiro a abril, acumulou um déficit de US$ 6,15 bilhões, o maior da história para o período -, como fez na segunda-feira em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff tenta encobrir um problema que preocupa cada vez mais o empresariado e está cada vez mais longe de ser passageiro. "Qualquer oscilação na balança comercial é apenas uma oscilação", disse tautologicamente a presidente, na posse da nova diretoria da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, para demonstrar despreocupação com o desempenho do comércio exterior. É uma atitude que pode ter consequências - e não serão positivas para o Brasil.
Nessa questão, quanto mais despreocupado estiver o governo tanto pior para o País, pois cada vez menos os responsáveis pelas políticas públicas voltadas para o setor produtivo conseguirão entender que o problema não é ocasional. Por sua persistência e profundidade, começa a transformar-se em problema estrutural da economia brasileira. Ainda há tempo para evitar que a situação piore tanto que fique muito mais difícil corrigi-la, mas é preciso que, primeiro, o governo entenda o que ocorre e, depois, admita que o problema existe e é grave e comece a agir na direção correta.
São muitos os fatores que afetam o setor produtivo brasileiro, sobretudo a indústria de transformação, que vem tendo dificuldades cada vez maiores para enfrentar os competidores, tanto no mercado externo como no interno.
São muito expressivos os números que mostram a progressiva perda de competitividade dos produtos manufaturados brasileiros. O jornal O Globo (6/5) mostrou que, no ano passado, o setor de bens manufaturados registrou um déficit comercial de US$ 94,9 bilhões. Não se trata de uma oscilação, mas de um processo que começou há seis anos (em 2006, o setor registrou superávit comercial, que, naquele ano, alcançou US$ 5,2 bilhões), intensificou-se em consequência da crise mundial iniciada em 2008 e mantém-se ativo. Os resultado vêm piorando de maneira persistente.
A crise mundial aprofundou uma tendência iniciada em 2007 (no primeiro trimestre daquele ano, a balança da indústria de transformação registrou saldo positivo), fazendo crescer os déficits até os níveis observados atualmente.
De acordo com um relatório divulgado há dias pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o crescimento do déficit comercial da indústria de transformação nesse período não ocorreu de maneira homogênea. Em 2010 e 2011, o saldo negativo foi causado sobretudo pelo rápido aumento das importações, fato que ficou conhecido como "invasão" do mercado por produtos estrangeiros. Embora as exportações continuassem a crescer, as importações cresceram a velocidades bem maiores.
Em 2013, no entanto, embora as importações continuem a crescer, as exportações começaram a diminuir, o que pode tornar ainda maiores os déficits do setor. Essa tendência é observada em três dos quatro segmentos da indústria classificados de acordo com a densidade tecnológica dos produtos. A exceção é a indústria de baixo conteúdo tecnológico, cuja linha de produção inclui itens como alimentos industrializados, bebidas, fumo, produtos de madeira, celulose, papel.
Quanto maior o conteúdo tecnológico, mais rápida tende a ser a deterioração da balança comercial. A balança conjunta da indústria de alta intensidade tecnológica - que atende aos mercados que mais crescem em todo o mundo - e de média intensidade, por exemplo, registrou déficit de US$ 16,3 bilhões no primeiro trimestre, 22,6% maior do que o dos três primeiros meses de 2012.
As causas da perda de competitividade da indústria são conhecidas. Carga tributária excessiva, graves deficiências de infraestrutura, ausência de política efetiva de comércio exterior, escassez cada vez mais aguda de mão de obra adequadamente preparada, entre outras. Sobre isso, o governo nada diz. 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Grande Inversao e a deformacao do capitalismo brasileiro (obra ja' se sabe de quem...)

Rumo ao desastre comercial

03 de abril de 2013 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Com indústria empacada, custos em alta, infraestrutura em frangalhos e consumo acelerado, o Brasil avança para um desastre comercial. Quase todas as grandes crises brasileiras, desde o começo do século passado, foram detonadas por problemas nas contas externas. Desta vez, os primeiros sinais de alerta surgiram em 2007, antes da recessão global. Os maus resultados de 2013 mostram a continuação de uma tendência. Além disso, os números oficiais contam apenas uma parte da história. Sem a contabilidade criativa da Petrobrás, o déficit acumulado nos primeiros três meses teria sido maior que os US$ 5,15 bilhões registrados oficialmente. Falta incluir nas contas US$ 1,8 bilhão de importações de combustíveis. Depois, a instalação de uma plataforma foi inscrita como exportação (no valor de US$ 802 milhões), por uma esquisitice do regime aduaneiro aplicado ao setor de petróleo.
Os problemas importantes vão muito além da estranha contabilidade da Petrobrás. As distorções que ela causa acabam neutralizadas com o tempo e com alguma informação. Os desajustes de maior consequência afetam todo o sistema produtivo e têm sido agravados por uma política econômica equivocada. Um dos mais visíveis e mais comentados é o sistema tributário, cheio de distorções e mal administrado. Esse item aparece em posição destacada em toda análise da competitividade brasileira, sempre acompanhado pela infraestrutura deficiente, pela baixa qualificação da força de trabalho, pela ineficiência do setor público e por mais uma série de desvantagens comparativas. A tudo isso se soma a perda de capacidade produtiva da Petrobrás, refletida no forte aumento da importação de combustíveis.
Erros de diagnóstico e ações oficiais mal planejadas têm agravado o quadro. A maior parte dos incentivos fiscais tem favorecido muito mais o consumo que a produção. O crédito oficial tem beneficiado especialmente algumas estatais, com destaque para a Petrobrás, e alguns grupos privados escolhidos para ser vencedores. Não se vê, nessa política, nenhuma preocupação séria com a eliminação de gargalos estruturais, com a melhora das condições gerais de competitividade e com o envolvimento de mais empresas na exportação.
Incentivos fiscais mal concebidos, parciais e voltados principalmente para o consumo estimulam mais a importação que a produção interna, além de comprometer a arrecadação sem consertar o sistema tributário. Incentivos têm sido renovados de tempos em tempos - é o caso do IPI sobre automóveis - sem criar um horizonte para o planejamento.
Incapaz de cuidar das principais questões, o governo tem aumentado as barreiras para proteger a indústria. Assim favorece mais a sustentação de preços altos do que a adoção de planos de investimento e de modernização. Mas o protecionismo tem efeito limitado, por causa do escasso poder de competição da indústria. O Brasil poderia importar muito mais, com uma economia mais aberta, e ao mesmo tempo exportar muito mais, se o governo se preocupasse com os níveis gerais de eficiência.
No primeiro trimestre deste ano, a exportação foi 3,1% menor que a de um ano antes e, a importação, 11,6% maior, considerando-se a média dos dias úteis. Esse descompasso se manifestou já em 2007, quando a receita comercial aumentou 16,1% e a despesa, 31,5%. A tendência foi interrompida em 2009, com o impacto da crise, e retomada em 2010. Em 2011 as vendas cresceram pouco mais que as compras (26,8% contra 24,7%) e no ano passado a deterioração se intensificou. O Brasil importou quase o mesmo que no ano anterior, 1,4% a menos, enquanto a exportação encolheu 5,3%.
Alguns analistas apontam a valorização do real como grande problema do comércio exterior e da indústria, mas em 2012 o dólar subiu e o saldo comercial piorou. É perda de tempo concentrar a atenção no câmbio quando todos os fatores estruturais deixam o produtor brasileiro em desvantagem. Nem o competitivo agronegócio é imune a esses fatores. O setor é eficiente, mas suas cargas ficam empacadas no caminho dos portos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O grande desmanche do saldo comercial, a unica taboa de salvacao do governo...

Informações objetivas, de 2/04/2013 (pós dia da mentira, portanto), graças a meu amigo Luiz Gonzaga Coelho Jr.

O Estado de S. Paulo - Balança tem pior março em 12 anos e alarma governo
 A balança comercial teve saldo positivo de US$ 164 milhões em março, pior resultado desde 2001 para o mês. No trimestre, há um déficit de US$ 5,15 bilhões, também o pior em 12 anos. Os resultados acenderam a luz amarela no governo, e técnicos do Ministério da Fazenda veem risco de superávit inferior a US$ 10 bilhões neste ano. 

Balança comercial tem pior resultado em 12 anos e preocupa o governo. Brasil tem déficit de US$ 5,1 bi no primeiro trimestre e técnicos da Fazenda já veem risco de saldo ticar abaixo de US$ 10 bi este ano.  
Adriana Fernandes e Renata Veríssimo, de Brasília e Fernando Dantas, do Rio
A balança comercial fechou março com saldo positivo de US$ 164 milhões, pior resultado para o mês desde 2001. As exportações foram de US$ 19,323 bilhões, e as importações de US$ 19,159 bilhões. No trimestre, há um déficit de US$ 5,150 bilhões, o o primeiro resultado negativo desde 2001. Esses resultados acenderam a luz amarela no governo, e técnicos do Ministério da Fazenda já veem risco de superávit comercial inferior a US$10 bilhões este ano. No primeiro trimestre, as exportações brasileiras, que acumularam US$ 50,839 bilhões, apresentam retração de 3,1% em relação a igual período de 2012. 
As causas apontadas para a queda do superávit comercial são a crise internacional (que reduz a demanda por exportações), a baixa competitividade dos produtos manufaturados brasileiros e o câmbio um pouco mais valorizado do que 110 fim do ano passado. A área técnica do governo está decepcionada pelo fato de que o câmbio mais desvalorizado no ano passado e o juro mais baixo não tenham impulsionado mais as exportações. A constatação agora é de que pouco pode ser feito para garantir uma melhora da balança comercial, principalmente porque o cenário externo está marcado por muitas incertezas e a economia global segue com crescimento baixo. Por outro lado, as medidas de aumento da produtividade devem demorar a surtir efeito. 
A piora da balança comercial faz parte de um quadro mais amplo de deterioração das contas externas, o que representa mais um problema para a equipe econômica, já às voltas com a inflação e o baixo crescimento. O déficit em conta corrente, que, além da balança comercial, inclui serviços, juros, dividendos e remessas, saiu de 2,12% do PIB em 2011 para 2,79% nos 12 meses até fevereiro de 2013. Para um ex-diretor do Banco Central (BC), "o déficit em conta corrente está abrindo e vai abrir ainda mais - se a economia ganhar fôlego, ele vai para 3,5%, 4% do PIB". Revisão. O BC reviu de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões o superávit da balança comercial este ano. Já a previsão dos analistas financeiros, coletadas pela pesquisa Focus do BC, aponta um superávit de US$ 13 bilhões. 
A previsão deve cair mais. "Já era para a balança ter melhorado em fevereiro e março", alerta o ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Welber Barral. Ele prevê saldo comercial de apenas US$ 4 bilhões em 2013. Barral acha que os preços das commodities exportadas pelo Brasil devem melhorar em abril, mas a perspectiva para os manufaturados está cada vez pior. A balança comercial de petróleo, diz, terá déficit muito alto nos próximos anos. "No médio prazo, há o risco de o Brasil ter um déficit estrutural." Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o problema está na oferta. "Como passamos anos sem lidar com isso, o problema ficou sistêmico. Não tem bala de prata, solução rápida, porque melhorar a competitividade é trabalho para cinco anos", destaca, citando a alta dos custos trabalhistas e as filas nos portos. Mendonça de Barros nota que a pressão inflacionária impôs um limite para o governo usar a taxa de câmbio para ajudar as exportações. "Teria quer ser uma taxa de R$ 2,20 e R$ 2,25, mas aí a inflação fica impossível", diz. 
Investimento. Segundo o economista Samuel Pessoa, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, no Rio, "há uma piora inequívoca das transações correntes". Um problema adicional é que a qualidade do financiamento do déficit também piorou no primeiro bimestre de 2013, com menor proporção sendo bancada pelo investimento direto externo (IED), em produção. Em janeiro e fevereiro deste ano, o déficit atingiu US$ 18 bilhões, e o investimento, de US$ 7,5 bilhões, só financiou 42% do saldo negativo da conta corrente. O resto foi coberto com investimentos em carteira (aquisição de ações e títulos de renda fixa brasileiros) e "outros investimentos", uma rubrica variada, na qual entram linhas ligadas ao comércio internacional. Em comparação, nos dois primeiros meses de 2012, o déficit em conta corrente de US$ 8,8 bilhões foi coberto pelos investimentos de US$ 9,1 bilhões. Pessôa diz que o aumento do I déficit em conta corrente tem a ver com o aquecimento do consumo no Brasil, que reduz a poupança doméstica para financiar investimentos. Assim, parte do investimento acaba sendo financiado com poupança externa. "O mais preocupante é que o déficit esteja aumentando e o investimento caindo - isto significa que a poupança (doméstica) está caindo mais que o investimento", diz. 
Para Pessôa, o aumento do déficit externo para financiar um consumo crescente, com queda do investimento, "é uma combinação ruim". Os analistas em geral, incluindo Pessoa, não veem uma situação de alarme em relação às contas externas do Brasil, que tem reservas internacionais de US$ 376,4 bilhões. Ainda assim, a piora na posição externa do Brasil é vista como um problema de médio e longo prazo. Uma preocupação é com a possível mudança do cenário internacional de juros extremamente baixos (negativos em termos reais nos mundo rico e outros países) e liquidez abundante para os países emergentes. "Caminhamos para um momento em que vai ocorrer um início de normalização da política monetária americana, o que vai afetar os fluxos como aconteceu em 1994, mas não da mesma maneira" diz Tony Volpon, diretor de pesquisas para a América Latina da Nomura./Colaboraram Célia Froufe e Laís Alegretti

Valor Econômico – Saldo de 2013 pode ser inferior a US$ 10 bilhões. 
 Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo.  
O mau resultado da balança comercial no primeiro trimestre (déficit de US$ 5,1 bilhões) e o comportamento dos preços de algumas commodities provocaram redução nas projeções do mercado para o superávit de 2013. Gradualmente, bancos e consultorias econômicas estão reajustando os números, em movimento que se refletiu no boletim Focus, do Banco Central. Cinco semanas atrás, o consenso de mercado registrava um saldo positivo de US$ 15,2 bilhões. No boletim divulgado ontem, a média das estimativas apontou superávit de US$ 12,4 bilhões em 2013. Entre os economistas, contudo, já há previsões de saldo entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, o que representa resultado cerca de 60% inferior ao do ano passado. 
A piora do resultado projetado decorre tanto de uma exportação mais fraca de manufaturados (especialmente em função de mercados tradicionais, como o argentino) como do aumento do consumo e do preço de bens importados, além do efeito estatístico do registro atrasado nas compras da Petrobras. A safra agrícola, embora recorde, não será suficiente para compensar os demais efeitos negativos sobre o comércio exterior, dizem os analistas. A consultoria MB Associados começou o ano prevendo um superávit de US$ 15 bilhões. Em função dos números em janeiro e fevereiro, a projeção para o saldo diminuiu pela metade: US$ 7,4 bilhões. Dois fatores principais explicam a redução, diz o economista Sérgio Vale: primeiro, a conjuntura para este ano, com uma piora no cenário externo, em especial na Europa, e uma deterioração das vendas de manufaturados para a Argentina. Além disso, o atraso na contabilização nas importações de combustíveis realizadas no fim do ano passado também teve influência no novo cálculo. Vale também chama a atenção para a progressiva piora no saldo comercial brasileiro nos últimos anos, consequência da desaceleração chinesa e seu apetite por commodities e a "piora significativa da competitividade do Brasil, ao mesmo tempo que o mundo está se tornando muito mais competitivo." O atraso na contabilização dos combustíveis e a perspectiva de um resultado pior no comércio com a Argentina também fez a Tendências Consultoria reajustar a previsão do saldo comercial, que passou de US$ 15 bilhões para US$ 12,5 bilhões. A GO Associados, consultoria comandada pelo ex-presidente da Sabesp Gesner Oliveira, tem uma das previsões mais baixas para o saldo comercial deste ano. No início de 2013, o cenário era de superávit de US$ 9,5 bilhões. Agora, a projeção para o saldo positivo desacelerou para US$ 8 bilhões. De acordo com Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da consultoria, não houve um fator específico que levou à redução. 
"Quando você junta alterações de preços, com perspectivas de volumes embarcados e desembarcados, o modelo aponta para esse saldo", afirma. O saldo bem menor do que o do ano passado, quando o superávit verificado foi de US$ 19,4 bilhões, deve acontecer principalmente em função "da quase total dependência do desempenho externo comercial do agronegócio", diz Silveira. A balança de bens intermediários também ajudou na revisão do superávit. Em 2011, esses produtos proporcionaram um saldo positivo de US$ 21 bilhões. Ano passado, o superávit desse grupo caiu para US$ 6,9 bilhões, e neste ano a balança de intermediários deve ficar em torno de zero, prevê o economista da GO. 
Na análise da distribuição por setores, o agronegócio deve contribuir com um superávit de cerca de US$ 70 bilhões em 2013, enquanto os bens de consumo devem ter déficit de cerca de US$ 5 bilhões, e os bens de capital têm projeção de um saldo negativo de US$ 47 bilhões. "Isso sugere que é o agronegócio que está trazendo dólares ao Brasil, enquanto bens duráveis e não duráveis, petróleo e derivados e bens de capital levam essas divisas para fora", diz Silveira. 
A Quest Investimentos também projeta superávit de US$ 8 bilhões. O valor é o mesmo desde o início do ano, quando a consultoria previa cenário mais pessimista para o comércio exterior. Para o economista Fabio Ramos, os dois primeiros meses do ano são tradicionalmente deficitários, mas este ano o resultado foi agravado pela contabilização atrasada das importações de petróleo e derivados. "Esse é um dos diferenciais. Mas nós também estamos observando uma tendência de conjuntura que vai definir o superávit menor: preços mais baratos das commodities e industrializados mais caros, afetando as importações", afirma Ramos. O Banco Fator, que estimava superávit de US$ 17 bilhões, está em processo de revisão dos números. A instituição deve baixar a projeção para o saldo até o fim da semana.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vem ai mais protecionismo...

Querem apostar?
Eu não!
Não aposto pois não estou fazendo uma pergunta para mim mesmo: eu tenho absoluta certeza...
Se trata apenas de esperar mais um pouco.
Depois não digam que não avisei...
Paulo Roberto de Almeida 

VEJA.com, 1/04/2013

A balança comercial brasileira registrou superávit de 164 milhões de dólares em março, informou nesta segunda-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O resultado veio abaixo do esperado pela mediana dos especialistas, que projetavam saldo positivo de 200 milhões de dólares. Trata-se do primeiro superávit mensal neste ano e o pior para o mês desde 2001, quando houve déficit de 274 milhões de dólares.
No mês passado, as exportações somaram 19,323 bilhões de dólares e as importações, 19,159 bilhões de dólares, ainda segundo o Ministério. O resultado ainda sofre as consequências do registro atrasado de aquisições de gasolina feitas pela Petrobras no exterior em 2012, mas que estão sendo contabilizadas somente neste ano, elevando as importações.
No mês passado, as importações de combustíveis e lubrificantes somaram 3,177 bilhões de dólares. Pela média diária, que somou 158,9 milhões de dólares, houve alta de 15,8% sobre um ano antes.
Apesar do resultado positivo de março, no acumulado dos três primeiros meses do ano, o saldo segue negativo em 5,150 bilhões de dólares, resultado das vendas externas de 50,839 bilhões de dólares e compras de 55,989 bilhões de dólares. No mesmo período do ano passado, o saldo estava positivo em 2,419 bilhões de dólares. Em fevereiro, o saldo negativo de 1,276 bilhão de dólares foi o maior da série histórica do MDIC para o mês.
Na última semana do mês passado (dias 25 a 28), o saldo comercial ficou positivo em 165 milhões de dólares, com exportações de 4,552 bilhões de dólares e importações de 4,387 bilhões de dólares.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Prenuncio de uma crise cambial? - Editorial Estadao

Pouco provável. Essas coisas demoram a acontecer, inclusive porque o déficit de transações correntes não evolui tão rapidamente assim, no curso normal das coisas. As autoridades dispõem de amplo tempo para remediar, seja atraindo mais investimento estrangeiro, seja emitindo mais bônus externos, seja ainda desestimulando viagens internacionais (tornando o câmbio mais caro, por exemplo).
Mas a reversão pode ser repentina, se por acaso houver uma deterioração externa, quebra de confiança, diminuição da cotação do país pelas agências de classificação de riscos, ou algum aumento mais intenso da inflação interna que induza os nacionais a buscar refúgio em outras moedas, provocando então alguma fuga de capitais mais evidente.
Pode demorar 3ou 4 anos para o déficit de transações correntes passar de 3 para 5% do PIB, mas uma vez chegado nesse patamar, pode passar muito rapidamente a 7 ou 8% do PIB, e aí entra o pânico, que gera mais corrida e mais desastre.
O resultado sabemos qual é: uma maxidesvalorização, que deixa todos mais pobres, mas que restabelece a competitividade dos produtos nacionais (ainda que por razões espúrias, e não por maior produtividade) e equilibra a balança novamente.
Em todo caso, o ideal seria ter uma economia sadia, e equilibrada pelas forças do mercado, não a golpes e patadas governamentais.
Paulo Roberto de Almeida

As contas cambiais pioram um pouco mais

23 de fevereiro de 2013 | 2h 09
Editorial econômico O Estado de S.Paulo
 
As contas cambiais apresentaram nova piora em janeiro, decorrente do déficit crescente do comércio exterior, das remessas de dividendos das empresas instaladas no País e do déficit de serviços, liderados pelo turismo. O resultado foi um déficit mensal nas contas correntes de US$ 11,4 bilhões e de US$ 58,6 bilhões nos últimos 12 meses - equivalente a 2,58% do PIB, ante 2,26% e 2,2%, respectivamente, nos 12 meses terminados em janeiro de 2011 e 2012. É cerca de US$ 2 bilhões mais elevado do que esperavam os analistas e indício de maiores dificuldades neste ano.
A entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) foi de US$ 3,7 bilhões, no mês passado, muito inferior à de janeiro de 2012 (US$ 5,4 bilhões) e à média mensal do ano passado, de quase US$ 5,7 bilhões.
Em resumo, o Brasil está importando cada vez mais - e, assim, reduzindo o superávit da balança comercial, que vinha sendo um dos pontos fortes do balanço de pagamentos nos últimos anos. Entre 2011 e 2012, o peso dos importados no consumo doméstico de produtos industriais aumentou de 23,1% para 23,5% e chegou ao maior nível histórico, segundo estudo distribuído ontem pela Fiesp.
No curto prazo, há pouco a fazer para alterar a trajetória das contas cambiais. De fato, os analistas continuam esperando que elas melhorem nos próximos meses. Mas ainda falta contabilizar, provavelmente até o mês que vem, US$ 2,7 bilhões em importações de derivados de petróleo feitas no ano passado. E as projeções do mercado para este ano são de um déficit de US$ 70 bilhões nas contas correntes, quase 30% superior ao de 2012 (US$ 54,2 bilhões) e acima dos US$ 65 bilhões estimados pelo Banco Central para 2013, mostrou relatório distribuído ontem pela instituição.
O mais provável é que o déficit projetado para este ano seja, mais uma vez, financiado pelo investimento estrangeiro - o que depende de que outros países não se mostrem mais atraentes do que o Brasil.
As contas teriam sido piores, em janeiro, sem o retorno de US$ 4,3 bilhões de recursos brasileiros no exterior e sem o ingresso de US$ 3,3 bilhões para aplicações em bolsa.
Graças à acumulação de reservas de US$ 376 bilhões e aos bons resultados do balanço de pagamentos nos últimos 11 anos, o País dispõe de uma situação cambial que permite enfrentar dificuldades. Mas nem por isso o governo deve dar-se ao luxo de adicionar riscos à economia com uma política errática para o câmbio, capaz de afastar investidores e de elevar gastos, como as remessas de renda.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Brasil sucumbe ao protecionismo: poderia ser de outro modo...

O governo que governa o Brasil (assim parece) chegou à conclusão que o Brasil não é competitivo. A palavra de ordem, portanto, é recuperar a competitividade.
Como é competitividade é dada por fatores puramente internos -- pois não se concebe como um país poderia obter competitividade a partir de fora, a não ser por insumos fornecidos -- o mais natural é o esse país atue sobre os fatores internos que determinam seu nível de competitividade, comparativamente à de outros países.
Ou seja, basicamente se trata de reduzir custos internos e passar a oferecer produtos inovadores, de qualidade e a preços "competitivos", justamente.
O protecionismo é uma medida defensiva que apenas atrasa a busca da competitividade, pois afasta justamente a competição estrangeira durante o tempo em que for possível manter a proteção (um dia ela acaba, ou seus efeitos se revelam temporários). O país também pode ter as medidas contestadas no sistema multilateral de comércio e ter de eliminá-las ou reduzi-las parcialmente.
Em todo caso, com essas medidas, o Brasil não está recuando apenas meio século, no começo do sistema multilateral de comércio; ele está recuando 80 anos, diretamente para os anos 1930, tempo de protecionismo exacerbado.
Paulo Roberto de Almeida


Pronunciamento do Senhor Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Antonio de Aguiar Patriota, na Cerimônia de Abertura do Seminário Internacional “O Brasil e o Sistema de Solução de Controvérsias da OMC” - Brasília, 10 de outubro de 2011

Há exatos dez anos, o Itamaraty adotava medida administrativa que habilitaria o Brasil a tornar-se importante ator do sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC). A criação da Coordenação-Geral de Contenciosos (CGC), precisamente no dia 10 de outubro de 2001, pode ser considerada um marco para a diplomacia comercial brasileira. O seminário internacional que tenho o prazer de inaugurar nesta oportunidade foi organizado com o propósito de celebrar essa data e refletir sobre os desafios que se nos apresentam.
Gostaria inicialmente de agradecer, de forma muito especial, a presença neste evento do Professor Celso Lafer, em cuja gestão à frente do Itamaraty foi criada a CGC. Aliás, uma unidade que foi muito prestigiada pelo Governo do Presidente Lula e pelo Chanceler Celso Amorim, também. E hoje em dia queremos fortalecê-la e levá-la ainda mais longe.
Nas duas pontas do decanato que hoje celebramos, encontramos o mundo imerso em situações de crise. Há dez anos, no momento mesmo em que a CGC era criada, a comunidade internacional enfrentava o impacto dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001. Transcorridos dez anos, nos encontramos novamente sob o impacto de uma crise de alcance global, desta feita de natureza econômico-financeira.
A crise econômico-financeira de 2008 e seus efeitos prolongados encontraram o Brasil preparado para enfrentá-los. Os sólidos fundamentos de nossa economia, aliados a um mercado consumidor robustecido pelo ingresso de milhões de brasileiros em virtude de políticas socialmente inclusivas praticadas por sucessivos governos, serviram e continuam a servir de esteio para o Brasil no enfrentamento da crise.


A crise, lamentavelmente, ainda não chegou a seu fim. Ao contrário, instituições como o FMI, o Banco Mundial e agências das Nações Unidas, entre outras, alertam para os riscos concretos de que ela se prolongue no tempo e de que, em futuro próximo, tenhamos que enfrentar não apenas a desaceleração do crescimento econômico mundial, mas até mesmo uma recessão, com efeitos inevitáveis sobre as perspectivas de contínuo desenvolvimento.
A fim de preservar as conquistas econômicas e sociais que alcançamos, o Brasil está atento para a evolução deste cenário. Precisamos continuar a explorar novas oportunidades comerciais, em especial nas nossas relações com os demais países em desenvolvimento, onde hoje se concentra o maior dinamismo da economia internacional. Digo isso sempre com a ressalva de que não negligenciamos as parcerias e os mercados desenvolvidos. Demonstração disso foi a recente viagem da Presidenta Dilma Rousseff a Bruxelas para o encontro da Parceria Estratégica Brasil – União Européia. O Itamaraty trabalha de forma criativa e com afinco para contribuir de forma efetiva para esse esforço coletivo, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC) e outros órgãos do Governo.
O apoio do Brasil ao multilateralismo, de forma ampla, mais especificamente no campo econômico, é um traço inconteste da nossa ação diplomática. Nos últimos quatro meses, o país teve a satisfação de ver dois ilustres brasileiros escolhidos para dirigir organizações internacionais de escala global: refiro-me, obviamente, ao Professor José Graziano, na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e ao Dr. Robério Silva, na Organização Internacional do Café (OIC).
A confiança que a comunidade internacional depositou nesses dois brasileiros, para além de seus indiscutíveis méritos pessoais e profissionais, reflete apreço pelos avanços do Brasil na esfera agrícola e por seu engajamento com o sistema multilateral em suas diversas expressões especializadas.
Esse compromisso, que permanece inabalado, não nos impede de reconhecer, contudo, que a crise econômico-financeira, entre outros fatores, tem incidido negativamente sobre as perspectivas de êxito das negociações comerciais multilaterais em curso no âmbito da Rodada Doha da OMC. Da mesma forma, desafios têm sido impostos pela crise à conclusão de negociações comerciais nos planos birregional e bilateral.
Com esse pano de fundo, impõe-se ao Brasil fazer o melhor uso possível das disciplinas comerciais de que dispomos hoje, bem como das condições de acesso a mercado que já conquistamos até aqui. Para tanto, precisamos ser capazes de, primeiro, explorar, na mais ampla medida possível, as oportunidades que formos capazes de identificar e, segundo, usar com proficiência os instrumentos que o sistema multilateral de comércio nos oferece para assegurar a prevalência de nossos direitos.
No que tange às condições de acesso consolidadas pelo Brasil ao longo dos anos, faço referência especial ao mercado ampliado do MERCOSUL, destino privilegiado para as exportações de produtos manufaturados dos quatro sócios do agrupamento, e ao mercado ampliado sul-americano, que vislumbramos no horizonte na medida em que avança a convergência dos acordos comerciais firmados no âmbito da ALADI. O mercado interno brasileiro e o mercado ampliado do MERCOSUL, ao qual se somará o futuro mercado ampliado sul-americano, constituem patrimônio que merece ser cada vez mais valorizado.
Utilizar de maneira eficiente os recursos humanos e materiais ao nosso alcance constitui passo essencial para a defesa dos interesses nacionais em meio à crise. O Itamaraty dispõe de uma rede de 218 postos no exterior, entre Embaixadas, Missões e Consulados. A grande maioria pode ser posta a serviço dos interesses comerciais brasileiros. Um número crescente de diplomatas brasileiros é hoje responsável, no exercício de suas funções regulares, pela promoção dos interesses comerciais do país. Por instrução minha, em coordenação com o Secretário-Geral – que é grande conhecedor da matéria - estamos reforçando esta importante vertente de nossa ação externa.
Não nos esqueçamos, neste particular, que existe um contínuo entre a ação diplomática de caráter político e a de caráter econômico-comercial. Para ilustrar essa realidade, basta lembrarmos o extraordinário crescimento dos fluxos de comércio resultante da diversificação de parceiros comerciais brasileiros, em direção a economias dinâmicas do mundo em desenvolvimento, e resultado da abertura de Embaixadas em grande número na África e no Oriente Médio, na Ásia Central; e também de outras iniciativas: trilaterais, como foi a do IBAS, a ASPA – que associa a América do Sul ao mundo Árabe -, e a ASA, que associa a América do Sul à África, entre várias outras.
A CGC cumprirá papel relevante nesse exercício, tanto na sua função de defesa do Brasil em contenciosos na OMC, como também, sempre que solicitado, na assessoria a outras áreas do Itamaraty e aos demais órgãos da estrutura governamental brasileira em questões afetas às disciplinas multilaterais de comércio. Para habilitar a CGC a melhor desempenhar suas atribuições, determinei seja prontamente aumentada a lotação de diplomatas na unidade.
Para apoiar a CGC na defesa dos interesses do Brasil em contenciosos na OMC, autorizei a abertura de procedimento licitatório em Washington, destinado a selecionar escritório de advocacia que substituirá uma das duas bancas especializadas que hoje prestam serviços ao Brasil no exterior, cujo contrato expira no final do ano. A nova firma a ser contratada será uma associação entre um escritório brasileiro e um escritório internacional.
Tenho a grata satisfação de referir-me à assinatura na data de hoje, juntamente com o Ministro Luís Inácio Adams, de Protocolo de Intenções entre o Itamaraty e a Advocacia-Geral da União, para o estabelecimento de parceria destinada a aprimorar, por meio de atividades de capacitação técnica, a colaboração prestada pela AGU ao cumprimento, pelo Ministério das Relações Exteriores, de suas responsabilidades na defesa dos interesses do Estado brasileiro no exterior.
Em reconhecimento à relevância para o Brasil do sistema multilateral de comércio, inclusive de seu mecanismo de solução de controvérsias, vamos incluir no currículo do Curso de Formação do Instituto Rio Branco disciplina denominada “OMC e Contenciosos”. A partir de agora, todos os diplomatas brasileiros terão, já no Instituto Rio Branco, treinamento para atuar em questões relacionadas às disciplinas multilaterais de comércio.
Para contribuir também com a formação de quadros especializados em comércio internacional nos demais órgãos da estrutura governamental brasileira, bem como no setor privado – em especial jovens advogados com atuação em bancas de advocacia nacionais – estamos explorando formas de ampliar e intensificar as oportunidades de treinamento hoje oferecidas pela Missão do Brasil junto à OMC, em Genebra, pela Embaixada do Brasil em Washington e pela própria CGC em Brasília.
Estamos conscientes de que o trabalho da CGC será mais efetivo na medida em que criarmos mecanismos que facilitem os seus contatos com os operadores econômicos nacionais. Com esse objetivo, viabilizaremos encontros regulares das áreas econômica e de promoção comercial do Itamaraty com lideranças empresariais brasileiras, do setor manufatureiro ao agronegócio, a fim de que sejam melhor mapeadas as dificuldades específicas que os diferentes setores porventura enfrentem em seu esforço exportador. Adicionalmente, vamos atualizar a página web da CGC para torná-la mais completa e acessível.
Ainda com o propósito de identificar dificuldades que os exportadores brasileiros possam enfrentar na realização de seus negócios no exterior, elaboraremos estudos analíticos sobre barreiras comerciais ao produto nacional, tarefa atribuída a Embaixadas brasileiras junto a nossos principais parceiros comerciais atuais e parceiros potencialmente interessantes. O resultado desse trabalho permitirá que os diplomatas brasileiros atuem de maneira mais informada, em diferentes foros internacionais – bilaterais, regionais ou multilaterais –, em defesa de interesses comerciais brasileiros específicos.
No que tange especificamente à China, constituímos uma Força-Tarefa no âmbito da Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, sob comando do Embaixador Valdemar Carneiro Leão. O objetivo dessa unidade especializada é monitorar o desenvolvimento das relações econômico-comerciais com nosso principal parceiro comercial, bem como oferecer sugestões para a ampliação, em bases equitativas e de mútuo interesse, para aquilo que temos chamado de “para além da complementariedade”, nome do evento empresarial que a Presidenta Dilma Rousseff abriu em Pequim, e que, acho, sintetiza o esforço de diversificação de nossa pauta exportadora e de melhorar o conteúdo desse comércio.
Com a finalidade de reforçar a capacidade do Itamaraty na defesa da ampla gama de interesses comerciais, refiro-me à assinatura nos próximos dias, juntamente com o Dr. Márcio Pochmann, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do Acordo de Cooperação Técnica MRE-IPEA. O Acordo estabelecerá bases para a cooperação na realização de estudos e pesquisas de interesse mútuo, com ênfase nas relações econômicas internacionais. Estou certo de que essa cooperação, fundada na expertise técnica acumulada de lado a lado ao longo dos anos, em muito contribuirá para a defesa de nossos interesses.
Para assegurar que a diplomacia brasileira esteja apta a lidar com os desafios impostos pelo comércio internacional de produtos agropecuários, realizaremos nova edição do chamado “Programa de Imersão no Agronegócio Brasileiro”, iniciativa conjunta do Itamaraty com o Ministério da Agricultura – hoje representado aqui pelo Dr. Célio Porto – destinada a qualificar diplomatas para a promoção de produtos agropecuários brasileiros no exterior. Para participar do Programa, a ser implementado no final do corrente mês, serão chamados a Brasília os chefes dos setores agrícolas das Embaixadas brasileiras em 25 países identificados como estratégicos e prioritários pelo agronegócio brasileiro. 


Para além do objetivo de assegurar o pleno exercício dos direitos que lhe são reconhecidos pelas regras do sistema multilateral de comércio, o Brasil está ciente de que, em um cenário de crise econômica, e diante das dificuldades em avançar nas negociações comerciais em curso, deverá envidar novos e criativos esforços com vistas a promover o produto brasileiro e, por essa via, expandir suas exportações para outros mercados. O Itamaraty está em condições de dar contribuição efetiva nesse sentido.
Em consonância com a “Estratégia Nacional das Exportações 2011-2014”, iniciativa concebida em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC), com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil), identifiquei as seguintes medidas concretas a serem implementadas pelo Departamento de Promoção Comercial (DPR) do Itamaraty, hoje sobre a direção do Ministro Rubens Gama. Citarei seis medidas específicas:
A) Ampliação da participação anual do DPR em feiras setoriais e multissetoriais no exterior de 130 (2010) para 190 (2015) eventos, bem como em feiras no Brasil de 12 (2010) para 25 (2015) eventos;


B) Elevação de 35 para 100 do número de (i) estudos sobre investimentos e comércio e (ii) pesquisas de mercado, contratados ou realizados anualmente pelo DPR;
C) Incremento em até 50% dos roadshows destinados a atrair investimentos para obras de infra-estrutura, megaeventos esportivos, economia verde e inovação;
D) Ampliação em 40% da base de importadores cadastrados na rede BrasilGlobalNet;
E) Aumento do número de missões comerciais ao exterior apoiadas pelo DPR, mediante parcerias com outras agências governamentais ou com entidades do setor privado;
F) Expansão do número de Setores de Promoção Comercial (SECOMs) na rede de postos brasileira no exterior, passando, no prazo de 4 anos, de 100 unidades em 78 países para 134 unidades em 101 países.
Ainda em linha com a necessidade de promover a formação e a capacitação de quadros especializados na promoção de interesses comerciais brasileiros no exterior, ampliaremos em 50% o número de atividades de treinamento para os operadores do sistema de promoção comercial brasileiro. Implementaremos, já a partir do início de 2012, para todos os funcionários de SECOMs em todo o mundo, curso de capacitação on line em promoção comercial e investimentos, atualmente em fase final de ajustes.
A implementação dos cursos on line não excluirá a realização de treinamentos no Brasil, ocasião em que os diplomatas responsáveis pelas atividades de promoção comercial têm a oportunidade de visitar fábricas e centros de pesquisa, manter encontros com diferentes associações empresariais, bancos e empresas e familiarizar-se com novos instrumentos de trabalho disponibilizados pelo DPR.
Complementarmente, autorizei a realização de novos encontros regionais de Chefes de Setores de Promoção Comercial, oportunidade interessante para a troca de informações e experiências sobre as atividades regulares de promoção do produto brasileiro em áreas geográficas específicas. Após a realização de encontros muito bem sucedidos em Washington, Bruxelas e Xangai, será convocado, para os dias 1º e 2 de novembro próximo, encontro na Embaixada do Brasil no Catar, ocasião em que os chefes de SECOM do Oriente Médio e do Egito discutirão maneiras de promover exportações brasileiras para a região.
Senhoras e Senhores,
O trabalho profissional desenvolvido pela CGC há dez anos nos inspira a explorar, de forma a um só tempo dinâmica e responsável, iniciativas que permitam ao Brasil preservar, em meio à crise econômico-financeira atual, os avanços sócio-econômicos que alcançamos e olhar para novos horizontes.
Confio na estrutura, capacidade e disposição do Itamaraty para associar-se a outras esferas governamentais, ao setor privado e à sociedade civil em prol de uma presença internacional cada vez mais competitiva.
Faço votos de que o seminário internacional que ora se inicia possa nos trazer idéias novas, em benefício de toda a sociedade brasileira.
Muito obrigado
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AEB vê como positivas medidas anunciadas por Patriota

Agência Brasil
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) avalia como positivas as medidas anunciadas hoje (10) pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, visando reforçar a defesa comercial brasileira no exterior. Em entrevista à Agência Brasil, o vice-presidente executivoda entidade, Fábio Martins, comemorou as medidas de incentivo às exportações e a decisão do governo de estreitar relações com as principais lideranças empresariais do país, para identificar as barreiras às exportações dos produtos nacionais.
“É muito bom quando o governo afirma que vai tomar medidas ouvindo o setor empresarial. Isso para nós é muito bom, se a gente puder fazer chegar ao governo as nossas opiniões, os nossos pleitos”, disse Martins. Ele considerou acertada também a colaboração do Itamaraty com outros órgãos federais, como a Advocacia Geral da União (AGU), para que haja uma atuação mais forte na área de defesa comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC). O mesmo se aplica na prospecção de novos negócios e mercados, enfatizou.
“Vemos isso como positivo, sobretudo o anúncio que ele [Patriota] fez de criar uma força-tarefa para acompanhar as relações comerciais entre o Brasil e a China”. Martins ressaltou que a China é o nosso principal parceiro comercial atualmente. O comércio bilateral vemcrescendo a um ritmo forte, com perspectiva de continuar em expansão.
O vice-presidente executivo da AEB manifestou, contudo, preocupação pelo fato de a exportação brasileira para a China estar muito concentrada em apenas quatro produtos (petróleo, minério de ferro, soja e celulose), “respondendo pela quase totalidade do que nós vendemos para o país asiático”.
Por outro lado, o Brasil compra da China uma gama diversificada de produtos. “Isso faz com que o nosso comércio seja muito desbalanceado”, disse. “Por isso, vemos com muito bons olhos o acompanhamento da China pelos peritos brasileiros. Gostaríamos de participar, colaborando com essa força-tarefa que vai acompanhar as relações Brasil-China”.
Outra preocupação da AEB está relacionada à dificuldade dos acordos comerciais, relatada pelo ministro. Fábio Martins defendeu que o Brasil não fique preso ao Mercosul, para não perder oportunidades de avançar nas negociações com outros países, a exemplo do que fizeram a Coreia e o México, por exemplo, que competem com o Brasil no mercado internacional, em especial na área de manufaturados. “Esses países conseguiram fazer um número bem mais expressivo de acordos, ao passo que o Brasil, ao ficar limitado nas negociações com o Mercosul, praticamente não fez nenhum acordo nesses últimos anos. Acreditamos que é hora de o Brasil avançar agora”.
Martins concordou que o comércio brasileiro vai crescer mais com os países emergentes do que com as nações desenvolvidas. “Isso é o que tem acontecido nos últimos anos e está em linha com o que a maioria dos analistas apresenta”. Ele acredita que isso justificaria uma ação mais contundente da diplomacia comercial brasileira com os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Agricultura, para resolver entraves ao comércio que ficam, muitas vezes, limitados a questões que já deveriam ter sido superadas.
Entre elas, destacou as barreiras sanitárias à exportação de carne do Brasil. Embora seja um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, o Brasil não consegue vender 1 quilo de carne in natura para os Estados Unidos, que são o principal consumidor global. “Acho que está na hora de a diplomacia brasileira atuar mais firmemente nas negociações governo a governo para eliminar sobretudo as barreiras sanitárias que têm limitado a expansão das exportações brasileiras no agronegócio, onde temos reconhecida a competitividade”, disse. Segundo Martins, essas barreiras prejudicam, inclusive, o aumento do comércio brasileiro com a China
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