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terça-feira, 26 de outubro de 2021

O diabo não desiste - Editorial, O Estado de S. Paulo (24/10/2021)

 O diabo não desiste

Editorial, O Estado de S. Paulo (24/10/2021)


O PT não se desculpa por seus erros, e aqueles que o partido não pretende repetir, julga ter poder de apagar

Desde que o PT precipitou a maior crise econômica, política e moral da Nova República, a população esperou em vão por um mísero mea culpa. Após o impeachment de Dilma Rousseff, a única bandeira a unificar seus correligionários foi a denúncia ao “golpe”, logo substituída pelo slogan “Lula Livre”. O PT se opôs a reformas modernizantes como a da Previdência, opõe-se a outras, como a administrativa, e não oferece alternativas construtivas aos desmandos que acusa. Em campanha eleitoral, o partido se mostra incapaz de propor uma agenda positiva para o futuro, muito menos de reconhecer os erros do passado. Ao contrário, afirma que vai repeti-los, por exemplo, implodindo o teto de gastos que estancou a hemorragia fiscal deflagrada no governo Dilma Rousseff. 

Ainda pior, o PT não só pretende repetir seus erros de gestão, como julga ter poder de apagar os crimes dos quais foi cúmplice. Em entrevista coletiva, a sua presidente, Gleisi Hoffmann, afirmou que nunca houve “corrupção sistêmica”, superfaturamento ou desvio de dinheiro na Petrobras.

Boa parte desses delitos foi confessada pelos próprios delinquentes, que devolveram bilhões desviados à Petrobras. Com base em uma auditoria da PriceWaterhouseCoopers, a própria Petrobras admitiu no balanço de 2014 que US$ 2,5 bilhões foram pagos a mais a “um conjunto de empresas que, entre 2004 e abril de 2012, se organizaram em cartel para obter contratos com a Petrobras, impondo gastos adicionais nestes contratos e utilizando estes valores adicionais para financiar pagamentos indevidos a partidos políticos, políticos eleitos ou outros agentes políticos, empregados de empreiteiras e fornecedores, ex-empregados da Petrobras e outros envolvidos no esquema de pagamentos indevidos”.

Segundo Gleisi Hoffmann, a PriceWaterhouse foi obrigada pela Lava Jato a atestar as perdas. Não há evidências disso. Por outro lado, é notório que à época o PT pressionou a diretoria da Petrobras comandada por Maria das Graças Foster, executiva de confiança de Dilma Rousseff, a não publicar os dados auditados, levando a um impasse e finalmente à renúncia de Foster e outros diretores. Depois, a Petrobras participou dos processos judiciais como assistente de acusação do Ministério Público, recuperando mais de R$ 6 bilhões superfaturados pelos cartéis.

O Tribunal de Contas da União (TCU), atuando independentemente da Lava Jato, expôs uma série de ilicitudes nos contratos da Petrobras. Na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, o TCU identificou que o orçamento inicial de US$ 13,4 bilhões foi majorado para US$ 26,3 bilhões. Ao mesmo tempo que o custo final foi dobrado, a refinaria produz apenas metade dos 230 mil barris de petróleo inicialmente previstos. O TCU estimou que as perdas da Petrobras apenas em Abreu e Lima acumularam US$ 19 bilhões.

Similarmente, o TCU verificou que a torre Pirituba, em Salvador, inicialmente orçada em R$ 320 milhões, foi construída pela OAS e a Odebrecht por R$ 1,3 bilhão, e que a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – jamais concluída – gerou perdas de US$ 12,5 bilhões.

É conhecida a candura com que a ex-presidente Dilma Rousseff expôs os métodos petistas: “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”. Ironicamente, o PT, ciente de que ninguém fez mais do que Dilma para arruinar o suposto legado de Lula, a incluiu no rol dos erros a serem esquecidos. O ex-poste de Lula é hoje uma ausência garantida nos discursos e comícios do demiurgo de Garanhuns. 

Lula, por sinal, afetou melindres em suas redes sociais: “Eu sou de um tempo onde a disputa era apenas eleitoral. Você não estava numa guerra. Seu adversário não era um inimigo”. Que o diga a ex-petista Marina Silva, sordidamente vilanizada pelos marqueteiros do PT nas campanhas de 2014, ou todos os brasileiros vilipendiados como “fascistas” simplesmente por recusarem o culto a Lula da Silva.

O despudor com que o PT tenta reescrever a história do País para edulcorar sua trágica passagem pelo poder rivaliza com o sistemático embuste bolsonarista, o que permite prever que a campanha de 2022, mantido o favoritismo de Lula e Bolsonaro, fará corar o próprio Pinóquio.


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Uma fraude chamada Lula - Editorial Estadao

Uma fraude chamada Lula
Editorial O Estado de S. Paulo [verificar a data]

O impeachment da presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final de um período iniciado com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, em que a consciência crítica da Nação ficou anestesiada. A partir de agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia. De alguém, enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos, elegendo o que ele mesmo chamava de “postes” – nulidades políticas e administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma.
Muito antes de Dilma ser apeada da Presidência já estava claro o mal que o lulopetismo causou ao País. Com exceção dos que ou perderam a capacidade de pensar ou tinham alguma boquinha estatal, os cidadãos reservaram ao PT e a Lula o mais profundo desprezo e indignação. Mas o fato é que a maioria dos brasileiros passou uma década a acreditar nas lorotas que o ex-metalúrgico contou para os eleitores daqui. Fomos acompanhados por incautos no exterior.
Raros foram os que se deram conta de seus planos para sequestrar a democracia e desmoralizar o debate político, bem ao estilo do gangsterismo sindical que ele tão bem representa. Lula construiu meticulosamente a fraude segundo a qual seu partido tinha vindo à luz para moralizar os costumes políticos e liderar uma revolução social contra a miséria no País.
Quando o ex-retirante nordestino chegou ao poder, criou-se uma atmosfera de otimismo no País. Lá estava um autêntico representante da classe trabalhadora, um político capaz de falar e entender a linguagem popular e, portanto, de interpretar as verdadeiras aspirações da gente simples. Lula alimentava a fábula de que era a encarnação do próprio povo, e sua vontade seria a vontade das massas.
O mundo estendeu um tapete vermelho para Lula. Era o homem que garantia ter encontrado a fórmula mágica para acabar com a fome no Brasil e, por que não?, no mundo: bastava, como ele mesmo dizia, ter “vontade política”. Simples assim. Nem o fracasso de seu programa Fome Zero nem as óbvias limitações do Bolsa Família arranharam o mito. Em cada viagem ao exterior, o chefão petista foi recebido como grande líder do mundo emergente, mesmo que seus grandiosos projetos fossem apenas expressão de megalomania, mesmo que os sintomas da corrupção endêmica de seu governo já estivessem suficientemente claros, mesmo diante da retórica debochada que menosprezava qualquer manifestação de oposição. Embalados pela onda de simpatia internacional, seus acólitos chegaram a lançar seu nome para o Nobel da Paz e para a Secretaria-Geral da ONU.
Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe. Quando tinha influência real e podia liderar a tão desejada mudança de paradigma na política e na administração pública, preferiu os truques populistas. Enquanto isso, seus comparsas tentavam reduzir o Congresso a um mero puxadinho do gabinete presidencial, por meio da cooptação de parlamentares, convidados a participar do assalto aos cofres de estatais. A intenção era óbvia: deixar o caminho livre para a perpetuação do PT no poder.
O processo de destruição da democracia foi interrompido por um erro de Lula: julgando-se um kingmaker, escolheu a desconhecida Dilma Rousseff para suceder-lhe na Presidência e esquentar o lugar para sua volta triunfal quatro anos depois. Pois Dilma não apenas contrariou seu criador, ao insistir em concorrer à reeleição, como o enterrou de vez, ao provar-se a maior incompetente que já passou pelo Palácio do Planalto.
Assim, embora a história já tenha reservado a Dilma um lugar de destaque por ser a responsável pela mais profunda crise econômica que este país já enfrentou, será justo lembrar dela no futuro porque, com seu fracasso retumbante, ajudou a desmascarar Lula e o PT. Eis seu grande legado, pelo qual todo brasileiro de bem será eternamente grato.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Eu nao gosto de praia, mas nao recusaria um apartamento de praia, se fosse meu...

site dagobah
Lula na praia
Lula só será candidato em 2018 se houver um verdadeiro golpe no país
Um criminoso presuntivo, neopopulista e psicopata quer voltar ao poder
O interrogatório de Lula pelo juiz Sérgio Moro, ocorrido ontem, 10 de maio de 2017, foi revelador sob três aspectos. Revelou o criminoso sem explicações plausíveis para os atos ilegais que cometeu, o neopopulista que conspira contra a democracia e o Estado de direito e o psicopata (ou sociopata). Lula é o sujeito desses três atributos.
1 – O CRIMINOSO PRESUNTIVO 
Em primeiro lugar, o interrogatório revelou a presunção de culpa de Lula, posto que ele não teve respostas convincentes para as perguntas feitas pelo juiz. Para acreditar em Lula, teríamos que admitir que todos os seus ex-amigos, correligionários e subordinados, no governo e fora dele, no partido e nas empresas amigas, dirigidas por pessoas de suas mais íntimas relações, estariam mentindo e, mais do que isso, mentindo orquestradamente, o que pressupõe que haveria uma conspiração para condená-lo, com a participação de todos, inclusive da Polícia Federal (que teria plantado provas falsas em seu apartamento em São Bernardo), dos procuradores (que teriam plantado notícias falsas na imprensa) e do próprio juiz Moro (que teria comandado toda a armação para condená-lo prendê-lo).
As alegações de Lula são tão esfarrapadas que praticamente tornam desnecessária qualquer argumentação para desmascará-las. Vejamos algumas:
Lula disse que não tinha amizade com Duque (o indicado pelo PT para chefiar o esquema de corrupção na Petrobrás). Depois confessou que se encontrou com ele num hangar por causa das notícias de corrupção divulgadas pela imprensa.
Lula respondeu a Moro que não sabia se Vaccari e Duque se conheciam. Em seguida disse que pediu a Vaccari que armasse um encontro com ele (para perguntar se ele tinha uma conta secreta no exterior).
Ora, se Lula não era mais presidente, nem tinha – segundo ele – qualquer influência no PT, por que foi cobrar de Duque, que não conhecia, explicações sobre corrupção?
Lula disse a Moro que, nem ele, nem sua falecida esposa, Marisa (que não gostava de praia), queriam o apartamento (para morar ou veranear).
Marisa teria encomendado (ou não) as reformas no triplex – reformas que, aliás, nunca pagou – para fazer investimento. Lula transformou a defunta numa especuladora de imóveis
Será que Marisa também queria o sítio de Atibaia para investimento? Ela mandou fazer lá a mesma cozinha do triplex. E não pagou por ambas.
Mas a cozinha do triplex que não é de Lula foi a mesma do sítio de Atibaia que também não é dele: ambas “pagas” (quer dizer, não pagas) pelo mesmo filho do seu amigo (e ex-dirigente do PT) Jacó Bittar, chamado Fernando Bittar, que também e sócio de próprio filho de Lula em outros empreendimentos escusos.
Lula não soube responder por que uma minuta do contrato do apartamento em Guarujá foi encontrada pela Polícia Federal em seu apartamento em São Bernardo do Campo. Preferiu insinuar que foi a Polícia Federal que plantou essa prova falsa na sua residência.
Lula não soube responder por que já era notório, desde 2010 (segundo reportagem publicada em O Globo), que o triplex era dele, quando (segundo ele próprio) só ficou sabendo da existência do apartamento anos depois. Preferiu acusar o Ministério Público de São Paulo, de ter plantado essa falsa notícia na imprensa. O que só seria verossímil se a armação para condená-lo já estivesse em curso há anos, antes mesmo da Lava Jato.
Lula não soube responder por que Marisa havia assinado uma adesão para aquisição do apartamento em Guarujá um ano antes do prazo em que declarou ter aderido ao negócio.
Lula alegou não ter qualquer influência no PT. Mas se é assim, como é que ele indica todos os presidentes e tesoureiros do partido?
Lula disse a Moro que não tem qualquer influência no PT. Mas em seguida declarou que não saiu candidato em 2014 porque não quis. E que agora em 2018 quer. E então aproveitou para lançar sua candidatura.
2 – O NEOPOPULISTA QUE CONSPIRA CONTRA A DEMOCRACIA E O ESTADO DE DIREITO
Em segundo lugar, o interrogatório de Lula revelou a concepção neopopulista do caudilho, que mais parece uma espécie de Maduro à brasileira. Como todo populista, Lula quer ser julgado pelas urnas. Ou seja, ligação direta do líder com o rebanho. Instituições são desnecessárias. O populismo não apenas conspira contra a democracia, mas também contra o império da lei (não, não são a mesma coisa, mas democracia e Estado de direito estão associados na democracia dos modernos).
Vejamos algumas evidências:
Em comício logo após seu depoimento a Moro, Lula afirmou que vai depor quantas vezes for preciso. Mas se é assim, então por que seus advogados fizeram tudo, até a undécima hora, para adiar o interrogatório?
Lula insinuou que uma minuta não assinada do contrato do triplex, apreendida em seu apartamento – e devidamente periciada antes de constar dos autos -, teria sido “prova plantada” pela PF.
Lula declarou que a matéria de O Globo, noticiando, ainda em 2010, que Lula era dono do triplex, foi notícia falsa plantada na imprensa pelo Ministério Público de São Paulo.
A argumentação, repetida ad nauseam, de que não há provas contra ele, refere-se sempre a documentos assinados, títulos de propriedade e assemelhados. Claro que Lula não tem nada em seu nome. Se prova for só isso, então o crime estará liberado no país, bastando para tanto que os frutos do roubo sejam registrados em nome de terceiros.
Ou seja, naquilo que não sabe – e não pode – responder, Lula acusa as instituições do Estado de direito de estarem montando uma armação para condená-lo. Com isso deslegitima tais instituições, alçando-se acima delas como alguém que tem a verdade porque é ungido pelo povo – o que é típico do comportamento político caracterizado como populismo (e neopopulismo).
Lula quer atrasar a condenação de Moro para postergar a condenação do TRF4 e não ficar inelegível. Acha que se subir no palanque escapará. Quer transformar as urnas em tribunais.
A questão central para a democracia não é se Lula será eleito e sim se ele poderá sair candidato. Se sair, não há mais império da lei no Brasil.
3 – O PSICOPATA OU SOCIOPATA
Em terceiro lugar, o interrogatório revelou detalhes alarmantes e escabrosos da personalidade de Lula. Lula não é propriamente um caso de política, nem mesmo apenas de polícia. É um caso de transtorno pesado de personalidade antissocial.
Algumas evidências:
Só um psicopata (ou sociopata) teria coragem de jogar toda a culpa na sua falecida esposa.
Para se salvar, Lula vai entregar todo mundo. Ontem entregou Dirceu, Vaccari, Duque e até a própria esposa. Se mãe viva tivesse, entregaria também.
Ao que tudo indica, Lula vai entregar ainda a cabeça de Palocci, Mantega e Okamotto. Se preciso vai entregar seus próprios filhos. Isso revela uma personalidade transtornada.
Uma das “profissões” mais perigosas do mundo é ser amigo de Lula. À menor dificuldade ele entregará a cabeça de qualquer um para escapar. Quando seus interesses estão ameaçados, Lula não tem amigos, nem mesmo parentes.
Lula é psicopata (ou sociopata) mesmo, daqueles típicos de manual. Fez comício no velório da mulher, mandou Bumlai jogar a culpa pela sede do Instituto Lula na falecida, responsabilizou-a pelas reformas no triplex e fará o mesmo em relação ao sítio de Atibaia. É como se, na verdade, estivesse sendo cometida uma brutal injustiça contra Lula. Tudo foi armado pela (falecida) Marisa: o verdadeiro cérebro por trás do esquema.
Como é possível que a democracia não tenha filtros para barrar a ascensão de psicopatas desse tipo ao poder?
Mas não é que uma pessoa assim não possa se candidatar a presidente do Brasil. Ela não pode permanecer no convívio social. É perigosa não apenas para o Estado, mas para a sociedade humana.
Aguardemos os próximos capítulos dos vários julgamentos em que Lula é réu. Não há, para Lula, como escapar das condenações, a menos que – aí sim – haja uma conspiração para manietar a justiça, barrar a Lava Jato, inculpar Moro e a força-tarefa e absolver todos os criminosos. Ou seja, Lula só não será impedido de fugir da justiça, agarrando a tábua de salvação do palanque de 2018, se houver um verdadeiro golpe no país.
Esperemos que esse golpe não venha da nossa corte suprema de justiça. Se vier, independentemente do desfecho eleitoral de 2018, será sinal de que nos transformamos numa república bolivariana. Atenção! O principal indicador de que isso vai acontecer será a permissão para a candidatura de Lula.