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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Eleicoes 2014: espaco para simples comentaristas: gente como eu e voce...

Leio quase tudo o que aparece de importante na imprensa brasileira, nas matérias puramente informativas que são publicadas nos veículos impressos, ou nos textos dos colunistas mais conhecidos desses diversos órgãos (que consulto aos picadinhos pela internet, ou que recebo de forma assemblada, via boletins de notícias), e posso portanto considerar-me uma pessoa bem informada sobre o que vai pelo país, mesmo estando fora dele.
Mas, de vez em quando "perco tempo" também para ler o que aparentemente seria "desimportante", mas que para mim é revelador do que vai pela "alma do povo", como se diz: são os espaços de comentários abertos aos leitores em praticamente todos esses veículos de comunicação digital, tanto órgãos de imprensa, quanto blogs informativos ou opinativos. É por meio desses comentários, por vezes em Português estropiado e com várias ofensas distribuídas em todas as direções, que se pode saber como os brasileiros comuns, eleitores e contribuintes como eu e você, reagem a essas mesmas matérias, alguns indignados e apenas extravasando seus sentimentos, outros cumprindo o ritual que lhes impõem determinados movimentos de opinião ou partidos políticos.
Existe um padrão comum a pelo menos metade desses comentários, que considero serem os mercenários a soldo, ou legionários do ódio companheiro: eles são inimigos do PSDB para todo e qualquer assunto, um imenso grupo que sempre reage imediatamente após qualquer matéria, procurando enfatizar o ódio que se deve ter aos candidatos da oposição, em especial ao tucano, que seria responsável por tudo de ruim que já aconteceu e que ainda pode acontecer ao país se os tucanos voltarem ao poder.
São uma tribo de comentaristas amestrados, e com eles não há muito a aprender, nem a ensinar, pois é previsível o que vão dizer. E não adianta rebater as mentiras, pois eles estão ali para aquilo mesmo: continuar a disseminar mentiras.
Mas uma outra metade de comentaristas é de gente sincera, apenas externando suas opiniões ou experiências.
São esses comentários que me chamam mais a atenção, pois é por meio deles que e possível aferir o que vai pela mente do povo instruído.
Transcrevo abaixo o que recolhi num site que se dedica à informação politica, e que neste caso estava apenas fazendo um relato da sabatina conduzida pela CNI com os três principais candidatos, realizada na sede da confederação em Brasília, ontem, dia 30/07/2914. O relato da sabatina, previsível, me pareceu menos importante do que os comentários dos leitores.
Mas, atenção meus leitores: esses não representam os eleitores brasileiros, e sim aquela "elite branca" já devidamente estigmatizada pelos companheiros. A maior parte do eleitorado é formada por pessoas com baixa educação formal, pouco instruídos politicamente, e que tendem a acompanhar as promessas dos candidatos ou a realização efetiva de suas expectativas: emprego, casa, renda, Bolsa Família, etc. Portanto, não considerem que o que vai abaixo representa o eleitorado brasileiro.
Trata-se apenas de pessoas bem informadas e participantes.
Paulo Roberto de Almeida
31/07/2014




  • Só posso falar do que eu sei.
    Hoje estou fechando minha firma de serviços de TI para a indústria , comercio e serviços. Depois de 32 anos de atuação no mercado . Dos 16 funcionários , já despedi 14 , com salario médio de R$ 8.000,00 , sendo que só um deles ganhava R$ 17.000,00 , muito mais do que sobrava para mim como lucro liquido no fim do mês.
    Sobraram uma secretaria e um programador.
    No fim de julho de 2014 , só conseguí 15% do faturamento em igual período do ano anterior , que já foi ruim.
    O que aconteceu ?
    Todo dia pego minha pastinha e vou batalhar por contratos.
    Quando levo um não pelas fuças , eu pergunto porque.
    A resposta mais frequente é : Vou esperar clarear as coisas . As coisas estão escuras ?
    Parece que sim.
    Hoje você não consegue mais fornecer para Petrobras se não pagar pedágio.
    As industrias não investem mais em produtividade porque os impostos finais deixam o produto muito mais caro que qualquer equivalente chinês.
    Assim , está todo mundo esperando até outubro para ver se as coisas melhoram.
    E se a Dilma ganhar ?
    Aí vamos esperar até outubro de 2018.
    O pessimismo tem nome e sobrenome : Dilma Roussef.


    • Comentário perfeito Sérgio, colocaria apenas uma ressalva: onde você diz que o pessimismo tem nome e sobrenome, alteraria para dizer que nosso atual "modelo político-administrativo-financeiro-tributário-fiscal-educacional-gestão pública-saúde-segurança- infraestrutura rodoferroaeroportuária-ambiental-penal, entre outras tão ou mais importantes. E afirmo também que qualquer presidente neste país fica refém do "congresso nacional", se não vejamos: porquê parlamentar tem de meter a mão em grana do contribuinte com as tais "Emendas Parlamentares?", inclusive aprovando o tal "Orçamento Impositivo" só para investir nos seus "currais eleitorais" e depois na campanha para a maldita reeleição ele apela dizendo: eu consegui isso ou aquilo, só o judiciário/STE não enxerga que isso é "campanha eleitoral antecipada". Existem ministérios, secretarias, departamentos e órgãos em todas os níveis de poder para cuidar disso. Parlamentar tem só que fiscalizar e produzir leis de interesse da sociedade.



    • Sergio, terrível seu depoimento, infelizmente esse mesmo cenário se alastra.
      Não tenho um colega, ou pessoas da minha rede de contato, que estejam otimistas ou investindo, em novos negócios ou ampliações.
      A ordem parece ser, puxar o freio mesmo.


  • É mesmo empresários, não sejam pessimistas!
    Só porque, temos uma das mais altas taxas de juros do mundo?
    Só porque, o governo perdeu o controle da inflação, que não para de subir?
    Só porque, nossa indústria não consegue competir lá fora?
    Só porque, estamos em 79o lugar no IDH?
    Só porque a Petrobras, é hoje a empresa mais endividada do mundo?
    Só porque, não temos saúde, educação ou segurança?
    Empresários, não sejam pessimistas, e o último que sair, por favor, APAGUE A LUZ!!!



    Civilização composta por indivíduos com nenhum, ou poucos, valores espirituais, na "órbita" do conceito amplo do Amor Infinito (Deus)....e como, assim, não ser pessimista?.....ou no mínimo "desconfiado"?:
    O que me preocupa, como cidadão brasileiro?....
    1 - O modelo político brasileiro;
    2 - O modelo tributário brasileiro;
    3 - O modelo econômico brasileiro;
    4 - A ausência de valores, na alma dos brasileiros (eleitores, políticos e governantes), baseados no conceito amplo da Amor Infinito; Ou seja, a falta de Deus na cultura dos brasileiros e da humanidade;
    5 - A corrupção enraizada no setor público, nos três entes da Federação (União, 27 estados e 5.600 municípios); "Câncer" nacional que "suga" o Brasil desde 500 anos atrás até os dias de hoje;



    Não adianta querer falar agora que terá mudanças na economia no próximo ano, com esse Pibinho, inflação alta, preços reprezados; a presidanta já teve o seu tempo para melhorar as coisas e nada fez.
    Já mostrou que não tem competência administrativa.
  • sexta-feira, 10 de setembro de 2010

    Republica Mafiosa do Brasil (24): sempre tem defensores da imoralidade...

    Recebi, a propósito de um dos meus posts sobre a república mafiosa, um comentário de um leitor, visivelmente partidário de tal república, e sem qualquer vergonha de sê-lo, e provavelmente também gozando de plena satisfação pelo fato de perceber que essa república -- a dele, não a minha -- se encontra em ascensão (o que reconheço plenamente, do contrário jamais teria começado uma série de posts sobre essa entidade obscura e nefasta para o futuro, e o presente, do Brasil).
    Como sociólogo político, como observador dos fatos corriqueiros nesse Brasil semi-clandestino que também existe, eu não me perturbo com esse tipo de atitude congratulatória em relação a essa entidade mafiosa em formação, embora, como cidadão, eu possa ficar preocupado com itinerários e desenvolvimentos que encontro nitidamente regressivos, deletérios e nocivos para o saudável ambiente democrático, e limpo de qualquer corrupção, em que gostaria de viver.
    Já vi outras, em sociedades decadentes que por acaso conheci, na América Latina, em outros continentes periféricos, na própria Europa, ou tenho o registro histórico de casos bem conhecidos pela leitura dos livros: outras sociedades decairam pela ação de elites incompetentes, ou mesmo criminosas, foram absorvidas na voragem da corrupção pela ação de gangues organizadas, frações rentistas, algumas chegando mesmo a conformar Estados ou sociedades falidas, como bem sabemos. Aqui mesmo na região, existem países terrivelmente fragilizados pela ação do narco-tráfico, o que felizmente não é o caso do Brasil, embora tenhamos, também "territórios liberados" em plena cidade do Rio de Janeiro e em certas periferias metropolitanas.
    Mesmo nos casos em que não se desceu fundo no caminho da criminalidade, assisti a casos exemplares de "decadência política", como nos socialismos reais da Europa oriental, onde a mediocridade da nomenklatura era de regra, e os mais oportunistas ascendiam na máquina estatal, obtendo privilégios e favores abusivos em troca de sua absoluta servidão ao Grande Irmão do partido comunista no poder. O que mais me chocava nessas sociedades não era exatamente a penúria material, que também existia -- e que é típica de todo regime socialista ou extremamente dominado pelo Estado, para onde querem direcionar o Brasil --, mas mais precisamente a miséria moral, o ambiente de delação patrocinado pela mediocridade mental dos quadros da nomenklatura, que já foi chamada, por outros, de "burguesia do capital alheio". Isso pode acontecer, e talvez já esteja acontecendo no Brasil.

    Pois bem, essa longa introdução para explicar porque estou retirando o comentário recebido do partidário da república mafiosa da obscuridade em que ele permaneceria normalmente, apenas para também agregar minhas observações pertinentes.
    Registro, en passant, que jamais faria publicidade de grupos, movimentos, partidos ou candidatos, sobretudo com gente pertencente a tal república, se esse comentário não me oferecesse, justamente, a oportunidade para dizer claramente o que penso.
    Reza, portanto, a mensagem de nosso entusiasta apoiador da república mafiosa, cujo nome não preciso mencionar:

    Dilma será eleita no primeiro turno.
    Em 2014 Lula volta a concorrer, e elege-se também no primeiro turno.
    Em 2018 o mesmo ocorrerá.
    O povo, ao contrário do que certos pensam, não é burro e sabe o que é melhor para sua vida.
    A única maneira de tirar-nos do poder é um golpe, algo improvável, pois as armadas estão do nosso lado.


    Comento eu, agora [PRA]:
    Certamente, o povo não é burro, e sempre atua com base em seu interesse, que é, via de regra, o mais imediato possível, tendo em vista tantas carências detectadas.
    Curioso que, numa fase anterior, as mesmas pessoas tendiam a considerar que o povo era ignorante, votando com os coronelões corruptos da oligarquia tradicional em parte por falta de educação política -- por falta de "consciência de classe", diriam alguns -- e também por interesses imediatos: aquela coisa do empreguinho público, o par de sapatos, um dinheiro aqui, outra promessa acolá.
    Esse era o povo incapaz de reconhecer seus verdadeiros interesses e de apoiar os "salvadores" do povo, que finalmente chegaram ao poder e passaram a fazer o mesmo tipo de coisa que os antigos coronelões, que diga-se de passagem estão todos acomodados na nova situação, pois sempre foram, e sempre serão, governistas, qualquer que seja a cor do governo.
    Pessoas assim, que mantém uma concepção leninista da política -- apesar de terem chegado ao poder pelo voto livre e democrático -- acreditam que só sairão do poder apeados por um golpe, o que é uma visão profundamente autoritária da vida política no país.
    Mas aí vem a arrogância. O partidário da república mafiosa acredita ser esse golpe "improvável, pois as armadas [sic] estão do nosso lado." Ele acredita que as FFAA já foram conquistadas para a república mafiosa, quando o mais provável é que elas se atenham às disposições constitucionais, e se abstenham de intervir na política enquanto corpo organizado.

    No meu caso, não penso que o povo seja burro, mas quando se examina o grau de educação formal da maioria do eleitorado brasileiro, pode-se facilmente concluir que ele pode ser induzido a pensar de certa forma, e não de outra, que surgiria de uma maior educação formal, da instrução política. Isso pode ocorrer pela manipulação de dados, o que todos os governantes podem fazer -- foi o que ocorreu no caso dos fascismos europeus, por exemplo -- ou pela percepção de benefícios imediatos, sem consciência, portanto, de quanto eles estão pagando ao mesmo Estado supostamente benefactor -- no caso dos pobres praticamente 50% da sua renda -- e de como o futuro dos seus filhos pode estar sendo comprometido por uma política, justamente, de resultados imediatos e de transferência dos custos para o futuro. Não tenho nenhuma dúvida de que isso esteja ocorrendo, e que haverá um preço a pagar mais adiante em nossas vidas (ou na de nossos filhos e netos).

    Qualquer que seja o itinerário da "prosperidade" popular, e qualquer que seja a trajetória política dos personagens identificados com essa política, é evidente, para quem quiser ver, que a qualidade das instituições públicas brasileiras vem sofrendo violenta erosão. Basta olhar o Congresso, e os personagens que se candidatam a ele, para perceber isso.
    Não me iludo, obviamente, com que os partidários da situação presente concordem com minha análise, mas numa situação democrática, como ainda é a do Brasil -- mas não mais, ou não é, a de muitos países apoiados pelos partidários da república mafiosa -- eu posso fazer este tipo de comentário, que nada mais corresponde senão à livre expressão de meu espírito cidadão.
    Enquanto durar...
    Paulo Roberto de Almeida
    (10.09.2010)