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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Concurso da carreira diplomática: bagunça do governo se estende ao Itamaraty -

Transcrevo comunicado do clippingcacd.com.br sobre a trapalhada feita pelo instituto contratado SEM LICITAÇÃO pelo Itamaraty para fazer o concurso deste ano: 

Cancelamento das provas discursivas pelo Iades: entenda o que aconteceu

Para os candidatos ao Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) que aguardavam o resultado final do concurso, chegou a comunicação do Iades no sentido de que haverá:
 nova avaliação das referidas provas, por nova banca avaliadora.
De acordo com o comunicado do Iades, o número de inscrição dos candidatos figurou nas folhas de respostas das provas de Segunda Fase do Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), em desconformidade com o item 14.5.1 do Edital que estabelece que:
14.5.1 Não serão identificadas, para efeito de correção, as provas do concurso.
Analisamos neste post o contexto em que ocorreu esse comunicado e, também, as consequências que pode ocorrer daqui para frente.
O post ficou dividido assim:
  • O que motivou o comunicado do Iades
  • O que foi dito até agora pelo IRBr e Iades
  • O (x) da questão
Vamos a análise bem pragmática desses pontos 🔎

1. O que motivou o comunicado do Iades?

O comunicado do Iades teria sido motivado não por um erro de procedimento identificado pela própria instituição, mas por uma manifestação da Procuradoria da República, que determinou, de ofício, que a banca organizadora e o próprio IRBr prestem esclarecimentos acerca de eventuais irregularidades narradas no âmbito de uma representação de Notícia de Fato. Pelo momento, o que se tem acesso é um trecho do ofício da Procuradoria que vem correndo grupos de whatsapp e as redes sociais:
De acordo com o representante, na folha de resposta da segunda fase do certame constava o número de inscrição de cada candidato e o respectivo local de prova. Essas informações, segundo ele, tornam possível a identificação dos candidatos por parte da banca examinadora, pois o mesmo número de inscrição estaria vinculado ao nome dos candidatos divulgados no Edital de Resultado Final da Primeira Fase e Convocação para a Segunda Fase. Diante disso, em caráter de urgência, determino a expedição: A) de ofício Diretora-Geral do Instituto Rio Branco Maria Stela Pompeu Frota, solicitando esclarecimentos acerca da representação; B) de ofício ao Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades), para que preste esclarecimento acerca do conteúdo da representação.
O Iades foi escolhido como banca realizadora do CACD 2019 mediante dispensa de licitação. De 1996 a 2002 o CACD foi realizado pelo próprio IRBr. De 2003 até 2018, o Cespe foi a banca realizadora do certame. Em 2019, o Iades foi a instituição escolhida para substituir o Cespe. Não houve, até o momento da publicação deste artigo, manifestações públicas do Instituto Rio Branco ou do Ministério das Relações Exteriores sobre as motivações para essa troca de banca. No entanto, comparações do extrato de dispensa de licitação do CACD 2018 com a dispensa de licitação para o CACD 2019, permitem depreender que a decisão tenha sido motivada, sobretudo, por critérios orçamentários.

2. Isonomia nas (re)correções?

Parte da comunidade de candidatos, professores e cursinhos questionam sobre a manutenção da isonomia face a uma nova avaliação por uma nova banca avaliadora nesse momento, já que os espelhos circularam entre candidatos e professores que, normalmente  se apoiam no momento da confecção dos recursos anualmente.
Segundo levantado por matéria do Correio Web, o Itamaraty se manifestou no sentido de que procedimento similar já foi adotado pelo Iades em outros concursos, questionamentos semelhantes a esses já foram feitos anteriormente ao Ministério Público e, posteriormente, arquivados após prestados os esclarecimentos pertinentes. A matéria citada traz a seguinte manifestação:
“Consta das folhas de respostas distribuídas aos candidatos campo no qual estão registrados número sequencial indicando o local de prova e o número de inscrição no concurso. Ressalte-se que procedimento similar foi adotado pelo IADES em outros concursos públicos. Quando da realização de concurso para a Assembleia Legislativa de Goiás, concluído no ano em curso, houve questionamento, junto ao Ministério Público, por parte de candidato, que questionou a segurança da prova. Inquérito Civil Público subsequente foi arquivado após reunião no Ministério Público, que considerou terem sido prestados os esclarecimentos pertinentes”
A posição do Iades colhida pelo e veiculada pelo Correio Web é no sentido de que:
Cumpre salientar que, na folha de resposta do candidato, para a sua própria segurança, consta um código sequencial indicando o local de prova e o número de inscrição, não contendo qualquer identificação nominal. Ressalta-se que, após a avaliação de cada examinador, as notas são lançadas nos campos de cada quesito, com sequenciais alfanuméricos na planilha eletrônica, a qual é identifica com respectivo código da questão. A transcrição das notas que estão na planilha eletrônica para a folha de resposta do candidato é feita em momento posterior pela coordenação pedagógica e antes de disponibilizar a folha de resposta para os candidatos. Por fim, esclarecemos que, todo o corpo de Examinadores assina um termo de compromisso, parentesco e confidencialidade referente ao concurso, resguardando assim, os princípios da moralidade, ética e compromisso em avaliar de forma isonômica, técnica, ética e aderente ao Edital do certame. A composição de nota final na segunda fase de cada candidato não é realizada por somente um examinador, pois conforme acima mencionado, cada uma das questões foram avaliadas por mais de três examinadores, o que impossibilita o risco de qualquer prática antiética nociva ao certame.
A julgar pelos pronunciamentos do Iades e do Itamaraty publicados o Correio Web não está ainda claro como, quando e  mesmo se essas (re)correções seriam efetivamente feitas.

3. O (X) da questão

A julgar pelas informações a que se tem acesso até o momento da publicação desse post, a questão principal é entender assiste razão ao autor da representação feita à Procuradoria da República.
O número de inscrição seria o bastante para que ficasse caracterizado a identificação dos candidatos e, por consequência, a violação do item do Edital  14.5.1, que estabelece que “Não serão identificadas, para efeito de correção, as provas do concurso“?

Eis a questão!
Com base nas informações que temos, alguns cenários possíveis vem sendo debatidos pela comunicade de candidatos:
  • a) Walk on the wild side: Rolará uma (re)correção das provas discursivas, com potencial de impactar significativamente o resultado final;
  • b) False alarm: Ao comunicado oficial do Iades se sobreporá novos esclarecimentos do IRBr ou do próprio Iades e não haverá (re)correção.
  • c) Apocalipse zumbi: CACD fica embargado judicialmente e questionado ex tunc, desde a origem;
Independente do que acontecer daqui para frente, toda solidariedade aos CACDistas e professores. Sigamos, ansiosos, no aguardo de novas informações.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Manuais dos concursos para a carreira diplomatica: disponíveis

Manual do Candidato para o CACD
(Todas as matérias)
03/06/2018

O que é o manual do candidato do CACD?
Manual do Candidato é o nome dado a cada um dos livros editados pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) que funcionam como material base na preparação para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD).
É bastante comum que os manuais da FUNAG sejam o primeiro contato que o candidato tem com o universo do CACD. Por esse motivo é tão comum que as primeiras dúvidas emanem justamente dos manuais.
Nesse post eu vou discutir exatamente isso: como utilizar os manuais do candidato e quais cuidados tomar nesse início de jornada rumo à carreira diplomática.
Os pontos fortes dos manuais do candidato
O primeiro aspecto a se considerar: os manuais do candidato são grátis.
Segundo aspecto: os manuais são editados pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Internacionais. Isso garante que os materiais disponibilizados por ela seguem um certo critério de qualidade.
Outra grande vantagem dos manuais é que eles abordam praticamente todos os pontos do edital do CACD.  Apesar de essa abordagem ser demasiadamente artificial, ela permite que o estudante se familiarize com conceitos dos quais jamais ouviu falar.
Não é possível afirmar categoricamente que os manuais cubram o conteúdo por inteiro, pois eles não são lançados anualmente, enquanto o edital tende a sofrer pequenas alterações de um ano para o outro.
O que eu quero dizer é o seguinte: ao utilizar o Manual do Candidato de Economia (publicado em 2016), por exemplo, você não encontrará capítulos sobre os assuntos inseridos no edital após aquele ano.
Mais uma enorme vantagem dos manuais é o fato de eles possibilitarem ao candidato avaliar com maior precisão a magnitude do desafio que é o CACD. Para alguns, basta imprimir os manuais e empilhá-los em cima de uma mesa para perceber que o caminho não é nada fácil.
É importante lembrar que esses manuais apenas arranham a superfície do conteúdo. Portanto, se você achar que a soma desses livros já representa uma carga de leitura significativa, não queira nem imaginar quantos outros livros você terá de ler até conseguir sua aprovação.

Os pontos fracos dos manuais do candidato
Para os desavisados (não é o seu caso porque você está aqui no Atualidades Concursos), os manuais do candidato são perigosos, pois iludem os candidatos menos experientes.
É extremamente comum que as pessoas que irão tentar o CACD pela primeira vez acreditem que a leitura atenta dos manuais será o suficiente, pelo menos, para que façam uma boa prova.
Isso não acontece.
Quero que fique bem claro: além de serem absolutamente insuficientes para a sua aprovação, os manuais não são capazes nem mesmo de garantir uma boa nota para aqueles que os estudam com afinco.
Não estou me referindo especificamente à qualidade dos livros, mas a realidade é que o volume de informações daquelas páginas está simplesmente aquém do necessário.

Os manuais do candidato são confiáveis?
Sim, são confiáveis. Mas há ressalvas.
Os manuais lançados recentemente são bastante superiores àqueles que a FUNAG disponibilizava há apenas alguns anos. Atualmente é possível dizer que a Fundação Alexandre de Gusmão foi altamente cautelosa na seleção dos professores que criaram cada um dos manuais.
O melhor exemplo disso é o Manual do Candidato de História do Brasil, que em 2016 foi completamente reescrito pelo extremamente competente professor João Daniel.
Dito isso, é essencial tomar cuidado com o conteúdo de alguns manuais devido à natureza de algumas disciplinas.
Mais uma vez, deixe-me explicar:
Matérias como Geografia e Política Internacional sofrem mudanças, literalmente, todos os dias. Não seria razoável esperar que os manuais dessas matérias refletissem essas mudanças diárias. Por isso que o serviço aqui do Atualidades Concursos é útil, você precisa manter-se atualizado de maneira autônoma.
Já que estamos conversando sobre isso, aproveita e se registra na Plataforma de Estudos de Atualidades aqui embaixo:
Voltando aos manuais de Geografia e de Política Internacional: o fato de eles estarem desatualizados não significa que não tenham utilidade. Alguns conceitos geográficos além de doutrinas de política internacional são imutáveis, você pode estudá-los tranquilamente pelos manuais.

Os manuais do candidato são atualizados?
Eles são relativamente atualizados, com as claras exceções das disciplinas de Geografia e de Política Internacional.
Isso quer dizer que as demais matérias estão em dia?
Não!
Quando você baixar os manuais, que eu disponibilizei logo abaixo, vai perceber que cada um deles tem sua própria data de publicação. Uns são mais recentes, outros menos.
Você precisa ficar atento ao fato de que, manuais editados há dois anos obviamente não irão refletir pequenas alterações que ocorreram desde a data de publicação até o dia da sua prova.
Isso é uma questão de bom senso.
Esse é um dos motivos pelos quais os candidatos evitam utilizar os manuais quando precisam redigir um recurso que questione o gabarito da banca. Nesses casos é sempre mais produtivo utilizar a bibliografia recomendada de cada matéria.
Por falar nisso, aqui está a lista das bibliografias que eu selecionei para cada uma das matérias:

Vale a pena ler os manuais do candidato na íntegra?
Depende.
Apesar de os manuais não serem a melhor fonte de informações para o CACD, para aqueles que não podem fazer um investimento substancial na preparação para a prova, os manuais são uma boa indicação. Além de serem grátis, permitem que o candidato tenha o primeiro contato com as disciplinas.
Se você tem condições financeiras para comprar os livros das bibliografias mencionadas acima, utilize os manuais apenas como material de apoio. Eles são ótimos instrumentos para preenchimento de lacunas no aprendizado.
Contanto que você não utilize os manuais do candidato da FUNAG como seu principal meio de estudo, sinta-se livre para utilizá-los como preferir.
Lembre-se: o tempo é o seu bem mais precioso. Você encontrará dezenas de livros no seu caminho até o Itamaraty. É importante discernir quais precisam ser lidos e quais precisam ser ignorados.

Caso você precise de mais dicas, leia esse post: Como começar a estudar para o CACD.
Esse outro também ajuda bastante: 30 Dicas e Segredos do CACD

Manuais do Candidato para o CACD:


Manual do Candidato de Português:
Esse manual está absolutamente desatualizado. Além de anacrônico, ele é absolutamente inútil para a sua preparação. Não vou nem disponibilizar o download.


Conclusão
Em um mundo ideal, você teria tempo o suficiente para ler todos os livros na sua preparação para o CACD. Infelizmente, a realidade não é essa.
Uma das características comuns aos aprovados é a capacidade de priorizar as leituras mais importantes e ignorar aquelas que são supérfluas.
É fundamental que você tenha pragmatismo durante toda a sua jornada. Não custa lembrar que essa era uma das facetas mais notórias do Barão do Rio Branco.
Utilize os manuais do candidato para o CACD como uma ferramenta, mas não se deixe escravizar por esses livros. Há leituras muito mais importantes que essas.
Bons estudos e inscreva-se na Plataforma de Estudo de Atualidades:


domingo, 13 de agosto de 2017

Livro de P.R. Almeida no concurso de admissao a carreira diplomatica, 2017

Uau! Parece que, depois dos 13 anos de pensamento único companheiro, quando não só minha figura, como todos os meus escritos estavam banidos de qualquer instância no Itamaraty, desde o concurso de admissão ao curso do Instituto Rio Branco, até as esferas de definição de políticas, depois dessa longa travessia do deserto, alguém (não tenho a menor ideia quem) resolve me "ressuscitar", trazendo um pequeno trecho de um dos meus livros como base para questões formuladas aos candidatos:

O livro está citado, e é este aqui:

Paulo Roberto de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 309 p.; ISBN 978-85-216-2001-3)