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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 20 de março de 2022

Crônica dos Eventos Correntes sobre as Coisas do Brasil: de um caderno de notas iniciado em 2018 - Paulo Roberto de Almeida

Crônica dos Eventos Correntes sobre as Coisas do Brasil

Paulo Roberto de Almeida 

Sempre tive cadernos de notas, grandes, médios e pequenos, mesmo já na era do computador, quando as notas eletrônicas facilitaram muito o trabalho de registro, reflexão e redação de trabalhos. Pois foi armado de uma dezena de cadernos de notas acumulados ao longo dos anos e de uma máquina de escrever elétrica – que me custou, na Suíça, o equivalente a um carro usado no Brasil – que eu elaborei, em longas noites de inverno em Belgrado, minha tese de doutorado, terminada no início de 1984. Meu primeiro computador só foi adquirido em 1987, mas não deixei de continuar usando cadernos de notas, grandes e pequenos.

Pois ao começar a preparar hoje minhas notas de leitura para mais um evento de caráter acadêmico, retomei, por acaso, um caderno que eu tinha começado em meados de 2018, já prenunciando a tempestade que se avizinhava a partir das eleições de outubro daquele ano.

Eis a primeira página desse caderno iniciado em 7/06/2018, que já expressava seu objetivo basicamente de registro da nova fase na qual o Brasil adentrava, que eu já suspeitava que seria "memorável", no sentido negativo da palavra. Não esperava que fosse tão negativa.


Transcrevo abaixo o que eu havia escrito, num pequeno caderno de bolso, poucos dias antes: 

"Minha ordem de prioridades para os próximos meses - Paulo Roberto de Almeida - Brasília, 2/06/2018

1) Colaborar na obra, gigantesca, de tentar endireitar o Brasil [no sentido da correção dos seus males] ;

2) Preservar a racionalidade, acima de qualquer outra coisa;

3) Preservar o Itamaraty de todos os desvios prejudiciais à sua missão institucional.

    Para fazer tudo isso, na modéstia de meios e possibilidades de que disponho e que se me oferecem, as prioridades corretas, ou reais, seriam estas: 

1) Preservar o Itamaraty;

2) Manter a racionalidade sobre todas as coisas;

3) Ajudar a endireitar o Brasil.

    Tudo isso é muito difícil, obviamente, com a escassez de recurso com que contamos e a irracionalidade reinante. Mas vale a pena tentar! [Bsb, 2/06/2018)" (p. 3) 

Aqui embaixo, a foto dessa página: 


Pois bem, não consegui preservar o Itamaraty, tanto porque fui exonerado de meu posto de diretor do IPRI logo ao início do desgoverno, e objeto de retaliações do desequilibrado chanceler acidental, mas acredito que consegui preservar a minha racionalidade (a julgar por todas as demais notas nesse mesmo caderno), embora não tenha logrado ajudar a corrigir os grandes problemas do Brasil, por insuficiência de meios, como eu também escrevi nessa nota. 

Mas talvez eu tenha ajudado outros, especialmente os mais jovens, no esclarecimento quanto à natureza dos problemas do Brasil, o que já representa algo de positivo. 

Darei continuidade ao caderno – que é uma brochura da AFD, Agence Française de Développement, gentilmente oferecida pela Embaixada da França em Brasília – com um novo projeto que vai me ocupar nos próximos meses.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 20 de março de 2022

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Um cronista misterioso anima a RESISTÊNCIA no Itamaraty - lista das doze primeiras crônicas

Como informei nesta postagem: 

https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-secreto-do-itamaraty.html

recebi um "cacho" de uma dúzia de crônicas saborosas (e uma gastronômica no meio, dedicada a um "bolo de laranja lima", que deve ter sido ainda mais saboroso) sobre a "miséria da diplomacia" brasileira atual – tal é o nome do meu livro de 2019, livremente disponível neste blog –, uma vez que o Itamaraty se encontra perdido num "labirinto de sombras", este é o título do meu livro deste ano, ambos dedicados à "destruição da inteligência no Itamaraty". 
Postei as crônicas recebidas nas várias postagens sequenciais anteriores.
Para os que não puderam lê-las, aqui, no FB ou no Twitter, informo a lista e transcrevo os links para cada uma delas. 
Espero que a maioria se divirta, embora algumas sejam mais propriamente desoladoras, mas este é o retrato do governo atual e da administração bolsolavista no Itamaraty.
Espero receber mais crônicas do diplomata ainda não identificado.
Quando estes tempos obscuros passarem, ele certamente vai aparecer, com seu nome próprio, e será saudado como o iniciador do processo de resistência, um bravo entre muitos bravos (mais discretos).
Sou apenas um assistente de redação, digamos assim, mas meus comentários estão geralmente nas postagens no Facebook, que também vou coletar para registro próprio.
Como diriam os companheiros, a luta continua.
Paulo Roberto de Almeida

As "crônicas:  são estas: 


01) O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
02) Gusmão rendido  (semana 02)
03) Pela restauração! (semana 03)
04) Franjas lunáticas (semana 4)
05) O Anti-Barão (semana 05)
06) Alienáveis alienígenas (semana 06)
07) Nobel (semana 07)
08) Sussurram os Corredores (semana 08)
08bis) Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
09) Meu caro amigo (semana 09)
10) Aos fatos (semana 10)
11) Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]
12) A Era do Rádio (semana 12)

Minha postagem geral: 
3736. “Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: as armas da crítica sarcástica”, Brasília, 20 agosto 2020, 2 p. Introdução às crônicas de um diplomata desconhecido sobre o Itamaraty atual. Em postagem sistemática no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-secreto-do-itamaraty.html). 

Postagens: 
01 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/01-o-papel-do-asno-na-sociedade.html); 
02 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/02-gusmao-rendido-um-cronista-secreto.html); 
03 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/03-pela-restauracao-um-cronista-secreto.html); 
04 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/04-franjas-lunaticas-um-cronista.html); 
05 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/05-o-anti-barao-um-cronista-secreto-do.html); 
06 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/06-alienaveis-alienigenas-um-cronista.html); 
07 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/07-nobel-um-cronista-secreto-do.html); 
08 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08-sussurram-os-corredores-um-cronista.html); 
08bis (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08bis-bolo-de-laranjalima-um-cronista.html); 
09 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/09-meu-caro-amigo-um-cronista-secreto.html); 
10 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/10-aosfatos-um-cronista-secreto-do.html); 
11 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/11-kejserens-nye-klder-andersen-roupa.html); 
12 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/12-era-do-radio-um-cronista-secreto-do.html). 

Estou esperando receber novas e saborosas crônicas... 

Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Cronica dos eventos correntes - Paulo Roberto de Almeida

Anotações que fiz, literalmente out of the blue, voando de Brasília a Lisboa, quase uma semana atrás, e que justamente tinha ficado para trás, sem qualquer divulgação até o momento...
Paulo Roberto de Almeida 

Crônicas dos Eventos Correntes sobre as Coisas do Brasil

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de junho de 2018


Crônicas de fatos correntes e não correntes, assim como sobre aventuras e desventuras dos tempos presentes, acompanhadas de relatos circunstanciados de eventos acontecidos e não acontecidos, relativos aos mesmos tempos, no todo e em tudo sempre associados a coisas do Brasil, e do seu mundo ao redor, por um observador, também narrador, mais ou menos objetivo, de todos esses fatos ocorridos ou imaginados, no registro que aqui se faz, mais vulgarmente denominado de Crônicas dos Eventos Correntes sobre as Coisas do Brasil.

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Em voo, Brasília-Lisboa, 21/06/2018

            Um filósofo social do século XXI escreveu uma vez que os homens fazem sua própria história, mas não a fazem conforme a sua própria vontade, e sim condicionados pelas circunstâncias que os cercam, pelo contexto político, econômico e social que é o deles, segundo a força do meio, do legado do passado, em grande medida forçados pelas condições nas quais estão imersos, limitados pelos recursos disponíveis, e atuando em conformidade com a inteligência de que são capazes. Não sei se ele disse exatamente isso, com palavras semelhantes, ou similares, mas é algo próximo disso que esse filósofo procurou expressar, numa obra que se tornou clássica, de análise política sobre a transição entre dois regimes, o primeiro, uma república periclitante, insegura, confusa, quase anômica, o segundo, um regime marcado por tendências autoritárias, personalistas, talvez populistas.
            Eu não costumo ser dramático inutilmente, não gosto de abusar das palavras, mas creio que todos concordarão comigo que o Brasil atravessa um dos piores momentos de sua história, nos quase duzentos anos de sua independência como nação, como Estado soberano. Eu não me refiro à recessão econômica, à maior crise de nossa trajetória republicana, um desarranjo econômico formidável, que nada tem a ver com uma alegada crise internacional, e sim foi construída inteiramente no Brasil, pela inépcia administrativa extrema, pela inacreditável corrupção a que fomos levados pelos governos que nos precederam até pouco tempo atrás. A Grande Destruição, que é como eu designo esse período negro de nossa história, foi totalmente produzida pela organização criminosa que comandou aos destinos da nação entre 2003 e 2016.
            Não, eu não me refiro a essa tremenda crise econômica, que ainda vai exigir muitos anos de duro trabalho de reconstrução, para tentar recompor as bases essenciais de funcionamento de nossa econômica. Eu me refiro, mais exatamente, à terrível crise moral que alcançou todos os poros da nação, à deterioração ética que se disseminou pelo tecido social e que percorre e impregna todos os estratos da sociedade, mas que atingiu sobretudo as chamadas elites do país, aparentemente todas elas corruptas.
            Este é o mais grave momento que atravessa o Brasil, e eu não costumo ser leviano com as palavras. Meus argumentos são em geral sóbrios, ainda que incisivos. Creio que nesta hora devemos nos unir em torno de três coisas: do Brasil, como nação, da racionalidade, como instrumento analítico, do Itamaraty enquanto ferramenta de ação. Devemos reconstruir as bases de funcionamento do país, ou o Brasil vai continuar sua lenta trajetória em direção do pântano da nossa desesperança, sua caminhada para a mediocridade econômica, para o declínio moral, e para o fracasso, como sociedade e como nação. 
            Nosso dever, neste momento, é o de ver claro quais são os desafios principais, para poder fazer um diagnóstico realista sobre nossa verdadeira situação, para depois empreender o duro caminho da reconstrução do país, uma tarefa que é sobretudo moral. Permito-me citar aqui as palavras de um estadista, a quem coube conduzir a nação numa das horas mais perigosas para a preservação de sua soberania: “O sucesso nunca é definitivo; o fracasso não é fatal; é a coragem de continuar que conta.”
            Vamos nos unir e lutar: primeiro, para ajudar a reconstruir o país; depois para manter nossa racionalidade em face de tantos desafios; em terceiro lugar, para preservar o Itamaraty enquanto instrumento de nossa ação coletiva.

Em voo, Brasília-Lisboa, 21/06/2018, 22:30hs.

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 (to be continued...)