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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Não chore pela Argentina, os argentinos precisam aprender, um dia - Helio Beltrão (FSP)

 Quando Macri tentou administrar o desastre do kirchnerismo, ele não foi até o fim, o que implicaria fazer os argentinos sofrerem um pouco, para colocar a casa em ordem, Não teve coragem ou condições de fazêlo. 

Se por acaso os liberais ganharem desta vez, tampouco conseguirão, a menos de uma cura realmente radical. Não sei se conseguirão...

Paulo Roberto de Almeida

O POPULISMO E A DERROCADA ARGENTINA!
 

Helio Beltrão, presidente do instituto Mises Brasil

Folha de S.Paulo, 19/08/2022

É assustador como a paixão pelo populismo —identificado em particular com o caudilho e general Perón e mais recentemente com o kirchnerismo— tenha arrasado o glorioso passado econômico da Argentina.

Cunhada por uma brilhante Constituição —promulgada em 1853 e inspirada por liberais—, poucas décadas depois despontou no século 20 como um dos países mais ricos do mundo. Hoje, um século mais tarde, o país tem 50% da população na pobreza e uma inflação que pode fechar o ano acima de 80%. O que ocorre e como afeta o Brasil?

O povo argentino nutre uma espécie de insanidade continuada, de idolatria a salvadores da pátria que empurrem soluções de cima para baixo. No laboratório de testes de políticas públicas, a Argentina figura como o maior fracasso mundial, com mais de cem anos de declínio.

Desde pelo menos os anos 1940, os políticos argentinos adotam políticas tóxicas ao empreendedor, à poupança, à propriedade privada, à moeda, e à ética do trabalho, o exato oposto ao que fizeram os países que mais prosperaram. O kirchnerismo dobrou a aposta.

O Brasil, rodeado por países governados pela esquerda carnívora, tem DNA parecido. Por longos períodos adotamos o intervencionismo e políticas de cunho socialista. Corremos o risco de tomar o mesmo caminho novamente, portanto é preciso entender o que ocorre nos pampas. Toda atenção é pouca ao "efeito Orloff": "Eu sou você amanhã".

O "hoje" da Argentina é tenebroso. O decadente governo de Alberto Fernández assinou um acordo de US$ 44 bilhões com o FMI. Apesar do selo do Fundo, o título soberano ("bond") em dólares, que vence em 2030, o AL30, está rendendo 50% ao ano ao investidor que encarar o risco. A taxa surrealista indica altíssima probabilidade de mais um calote (default), o nono de sua história.

A inflação está descontrolada: o banco central segue financiando o governo com dinheiro criado do nada. Ato contínuo, tenta enxugar a liquidez emitindo títulos seus (os Leliq) e lançando operações similares às compromissadas que conhecemos aqui. Mas a operação-enxuga é uma bomba-relógio, com pouca toalha e muita liquidez. O frágil represamento dessa enorme liquidez, de quase duas vezes o tamanho da base monetária, vaza continuamente com o pagamento de juros altíssimos, que aumenta a massa monetária e a inflação. O iPhone 13 Pro topo de linha já é encontrado por mais de 1.000.000 (1 milhão) de pesos, por exemplo, e um óleo de cozinha sai mais caro que a cédula mais alta, de 1.000 pesos.

Na política, a oposição já lidera nas pesquisas para presidente. O kirchnerismo ("Frente de Todos") despencou, pontuando abaixo da aliança JxC ("Juntos por el Cambio") de Macri, Larreta e do liberal López Murphy, e empatando com a novidade da terceira via, o "Avanza Libertad", dos libertários Javier Milei e José Luis Espert (que buscam agregar os conservadores em seu apoio).

Os argentinos estão fartos da mesmice da alternância entre o peronismo kirchnerista e o socialismo vegetariano da UCR e aliados (que fracassaram no governo Macri em mudar a agenda econômica e combater os privilégios).

Javier Milei, que lidera em algumas pesquisas, tem mérito ao demonstrar didaticamente, há tempos, que as políticas inflacionárias, de Estado grande, e antinegócios são prejudiciais aos pobres e à prosperidade.

As duas forças de oposição têm uma oportunidade única de se aliar nas próximas eleições e escantear o kirchnerismo de uma vez por todas. Será excelente para a Argentina, e para o Brasil.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Venezuela: o que vai se passar depois do fracasso do dialogo mediado pelo Vaticano? Ninguem sabe...

Existe algum futuro para o diálogo na Venezuela?


A situação da Venezuela, iniciado o acalentado diálogo entre o governo e as oposições, com mediação do Vaticano, aproxima-se claramente de um impasse, ainda que não se possa prever ainda um desfecho. O governo se empenha em bloquear todas as saídas políticas a um conflito que é o que se estabeleceu em torno da permanência ou não do presidente Nicolás Maduro em seu cargo, esperado pelas oposições numa derradeira saída constitucional, e sabotado pelo próprio governo, o presidente Maduro em primeiro lugar, o PSUV logo em seguida, as FFAA em terceiro lugar, com talvez algumas oscilações de conduta, caso a situação se aproxime de um enfrentamento de tipo violento. Em termos claros, ninguém consegue prever, nem mesmo os principais protagonistas, o que pode ocorrer na Venezuela nas próximas semanas. A situação da população, por sua vez, se agrava cada vez mais, em face do desabastecimento e da própria crise política, alimentada pelo governo diretamente.
O Brasil, país que sob os governos petistas anteriores, em especial o presidente Lula pessoalmente, apoiou aberta e enfaticamente o regime chavista em todas as suas etapas, carrega enorme responsabilidade sobre o impasse que se criou em função precisamente desse suporte político e material fornecido ao regime durante os quase quinze anos de convivência amigável, em grande medida secreta. Não é improvável que o apoio recebido por Chávez de Lula tenha outros elementos a serem considerados do que simples simpatias ideológicas, ou diretrizes emanadas dos comunistas cubanos, diretamente ou via Foro de São Paulo. Os cubanos dominam tão amplamente as duas pontas dessa relação, por motivos que superam o destino individual dos protagonistas, que caberia agregar esse fator em qualquer investigação que se faça sobre os aspectos públicos – negócios, projetos conjuntos, visitas diplomáticas – e sobretudo sobre os aspectos secretos dessa interação pouco documentada nos registros oficiais das duas partes. Agora que Chávez desapareceu – mas os cubanos permanecem – e que o ciclo petista nos quatro últimos governos brasileiros se encerrou, vários elementos dessa relação assumiram necessariamente formas ainda menos claras, ou abertas.
O novo governo do Brasil não tem, obviamente, simpatias pelo regime chavista da Venezuela, mas hesita fortemente quanto aos caminhos a serem adotados, por várias razões, nem todas podendo ser confessadas abertamente. Uma delas, justamente, é a existência de algum comércio residual entre os dois países, uma vez que a Venezuela já chegou a representar um dos mais importantes três ou quatro saldos excedentários das balanças comerciais bilaterais do Brasil. Um rompimento diplomático ou afastamento ainda mais nítido poderia colocar em dificuldade para a liquidação desses saldos, agora irrelevantes no plano macroeconômico, mas ainda importante no plano microeconômico para algumas empresas do norte ou mesmo do sudeste. Existem, por outro lado, vários financiamentos oficiais e negócios em curso, que o governo não quer ver prejudicados se houvesse um rompimento ainda maior do que a atual situação de retirada recíproca de embaixadores.
As hesitações mais importantes se explicam contudo pelo temor de que, ao cabo de uma pressão aberta e declarada do governo brasileiro, sobrevenha um rompimento explícito e formal, o que deixaria o Brasil sem qualquer condição de conduzir contatos, negociações, ou até tratar dos impactos decorrentes do agravamento da crise, sobretudo em seus aspectos humanitários na fronteira e além dela. Essas hesitações são reais, mas não explicam o pouco ativismo do Brasil nos organismos regionais e multilaterais do hemisfério. Por um lado o governo brasileiro não tem nenhuma simpatia pelo presidente da Unasul, não apenas em vista da simpatia sempre demonstrada por Samper em favor dos governos lulopetistas, como também porque essa entidade é considerada como pró-chavista e totalmente complacente com os governos bolivarianos. A OEA, por sua vez, é considerada muito próxima dos EUA para ser eficiente num mecanismo de pressões políticas e de negociações mediadas diretamente por ela (inclusive porque o seu secretário-geral já se inviabilizou como mediador ou patrocinador de um diálogo).
O Mercosul, por sua vez, que já cometeu inúmeras irregularidades nos processos de adesão e de incorporação da Venezuela ao bloco, encontra-se paralisado em função de diferenças de pontos de vista entre seus membros quanto às condições de aplicação da cláusula democrática – Protocolo de Ushuaia – ou qualquer outra medida mais forte. Os chanceleres dos quatro membros originais, à exclusão da própria Venezuela, que tem insistido estar na presidência pró-tempore do bloco, apresentaram uma espécie de ultimatum light à Venezuela, colocando a data de 1/12/2016 como o limite de tempo no qual a Venezuela deveria cumprir uma série de requisitos técnicos para confirmar sua incorporação plena às regras comerciais do Mercosul. Mas isso não representa nenhuma grande ameaça ao governo chavista em si, apenas um incômodo suplementar. Nem se sabe o que ocorrerá, efetivamente, após a data fixada pelos quatro membros do bloco.
A crise econômica se aprofunda, a crise política só pode se agravar com as manobras e tergiversações do governo chavista – ou de Maduro pessoalmente – e o Brasil e o Mercosul encontram-se totalmente indecisos quanto ao que fazer para poder influir no processo político venezuelano. De fato, uma atitude mais incisiva por parte do governo Temer do Brasil teria um efeito muito limitado sobre os atuais dirigentes da Venezuela, com os quais, de resto, não existe diálogo possível, em vista das ofensas já dirigidas pelo presidente Maduro e por sua chanceler contra o governo “golpista” que assumiu oficialmente pouco mais de dois meses atrás (mas o distanciamento já tinha se manifestado desde maio último, com o afastamento provisório da presidente).
Aparentemente, portanto, a crise venezuelana continuará se desenvolvendo com sua dinâmica própria, com um papel irrelevante, ou absolutamente marginal, dos países vizinhos e das organizações regionais num processo que pode atingir algum clímax nas próximas semanas, com o fracasso previsível do atual diálogo mediado pelo Vaticano.
O que fará o Brasil? Provavelmente muito pouca coisa, além de preparar as FFAA para atuar na fronteira de Roraima para acolher um eventual afluxo ainda maior de venezuelanos, fugindo por motivos econômicos, ou saindo no seguimento de uma crise ainda maior, com derramamento de sangue, divisão das forças militares e políticas (do PSUV), e precipitação de choques violentos entre protagonistas ainda não de todo definidos. Se a situação se agravar realmente, nenhum dos órgãos regionais está em condições de exercer qualquer papel protagonista, e talvez o assunto reverta ao próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Não está claro que o Brasil esteja em condições de assumir qualquer liderança em qualquer cenário que se desenho, e isso é preocupante para um candidato a líder regional e alegadamente a uma cadeira permanente no CSNU. A única organização supostamente habilitada a atuar, politicamente, seria o Conselho de Defesa da Unasul, que é singularmente inoperante uma vez que a divisão entre bolivarianos e os demais países se fará clara desde o primeiro momento.
Ou seja, estamos numa situação de impasse real na Venezuela e de total indefinição da parte dos seus vizinhos e organismos regionais. O Brasil deveria, há muito tempo, ter proposto a criação de um “Grupo de Apoio ao povo venezuelano”: ele não o fez, não fará, e não tem condições diplomáticas ou políticas de fazê-lo. Pobre povo venezuelano, abandonado e sem solidariedade real na região ou fora dela.

domingo, 3 de novembro de 2013

Venezuela nega o que de fato pratica: calote nos seus pagamentos externos (Brasil primeiro)


BBC-Brasil, 31/10/2013

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, negou que a crise de desabastecimento que atinge o país tenha virado ponto de tensão na relação com o Brasil.
Em entrevista à BBC Brasil, ele desmentiu que o desembarque em Caracas de uma comissão especial enviada por Brasília tenha tido como objetivo a cobrança de dívidas do governo venezuelano com empresários brasileiros.
“A presidente Dilma (Roussef) enviou uma comissão para ver de que maneira podemos ampliar as importações e fazer frente à guerra econômica que estamos enfrentando”, afirmou o ministro Jaua. “Em nenhum momento foi tratado este assunto (dívida)”, acrescentou.
Jaua rebateu rumores sobre uma mudança de tom por parte da diplomacia brasileira logo após recepcionar os ministros colegas do Mercosul em uma cúpula do bloco na Casa Amarela, sede da chancelaria.
Segundo a imprensa brasileira, a comissão foi enviada a Caracas para cobrar calotes de pagamentos de exportações do Brasil feitas neste ano.
Jaua também minimizou o atraso no pagamento das faturas das importações brasileiras. Empresários não revelam o total da dívida, mas somente neste ano, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões à Venezuela.
“Não há nada diferente” no ritmo habitual do pagamento das faturas, afirmou o chanceler. Jaua disse que detalhes da balança comercial não são de competência da sua pasta, mas admitiu que pode haver dificuldades no pagamento devido às restrições para o acesso à divisas.
“Temos problemas com a concessão de divisas para importações, mas o governo está trabalhando para solucionar isso”, afirmou.

Controle cambial
O governo acusa empresários que, para importar alimentos, têm acesso ao dólar oficial, de guardar as divisas no exterior ou vendê-las no mercado paralelo, em vez de usá-las para a compra de produtos de primeira necessidade para abastecer o país.
Já os empresários venezuelanos dizem que a política de controle de divisas do governo tem impedido acesso aos dólares necessários para pagar suas dívidas.
O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, esteve em Caracas na semana passada, acompanhado do assessor especial para assuntos internacionais da presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia. Publicamente, Pimentel manteve o discurso do governo e disse que o Brasil ajudaria a Venezuela a “vencer” a “guerra econômica”.
“Fizemos os planos para que, de maneira imediata, os produtos que fazem falta na Venezuela para esta conjuntura saiam do Brasil”, afirmou, após reunião com o presidente Nicolás Maduro, no dia 21.
“Ativamos de imediato planos especiais para conseguir o superabastecimento de produtos-chave que foram golpeados por essa guerra econômica de especulação”, acrescentou.
O diretor da Câmara de Comércio Venezuela-Brasil, Fernando Portela, disse que apesar de haver atrasos no pagamento de algumas faturas, o Brasil está mais preocupado em ampliar as exportações para o vizinho caribenho e frear a entrada de produtos chineses no mercado venezuelano.
“Nessa situação, o Brasil não pode vir puxar as orelhas do governo venezuelano, a mensagem vem em outro sentido”, disse Portela à BBC Brasil.

Queda no comércio
Um fator de preocupação para o Brasil seria a queda de 17% no comércio bilateral neste ano. Em 2012, o Brasil exportou US$ 5 bilhões à Venezuela.
Apesar da queda nos números em geral, a importação dos produtos essenciais para combater a escassez, como carne bovina, carne de frango, açúcar e medicamentos, cresceu cerca de 30%.
O setor de alimentos, que corresponde a cerca de 40% das importações brasileiras, tem sido “beneficiado” com a crise de abastecimento: as faturas demoram entre dois a três meses para serem saldadas, o que é visto como um tempo “razoável” por um negociador brasileiro.
De acordo com o empresário, os setores automotriz e de construção chegam a esperar até um ano para receber o acumulado da dívida. “Esses atrasos têm prejudicado a produção de muitas empresas que começam a se questionar se vale a pena seguir exportando para a Venezuela ou não”, afirmou o empresário.

Desabastecimento
A crise de desabastecimento de alguns produtos da cesta básica são o principal reflexo da crise econômica que os venezuelanos enfrentam. Com uma inflação acumulada de mais de 40%, a população tem que visitar diferentes supermercados e enfrentar longas filas para conseguir comprar os produtos com preços congelados, como o açúcar, óleo de soja, arroz, papel higiênico e margarina.
Para o governo, empresários e opositores são os responsáveis pela escassez ao promover uma “guerra econômica”, estocando alimentos e diminuindo a produção.
Empresários, por sua vez, afirmam que dificuldades no acesso às divisas para importação e a aplicação da lei trabalhista — que proíbe demissões de funcionários de baixo e médio escalão — inibe novos investimentos e desestimula a produção instalada.
Frear o desabastecimento e conter a inflação é um dos desafios do governo, que disputará sua hegemonia nas eleições regionais de dezembro, que escolherão prefeitos e vereadores. O pleito é visto como um teste da força do chavismo pós-Hugo Chávez, morto em março.

Venezuela: assalto a luz do dia; sim, do Estado contra uma empresa privada

Petróleo

Venezuela confisca duas plataformas de petróleo

"Foi como um ladrão entrando na nossa casa, pedindo as chaves do cofre", diz diretor da empresa confiscada

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mostra um livro do ex-líder do país, Hugo Chávez, durante uma coletiva de imprensa na sede do Partido Socialista, em Caracas, em 21 de outubro de 2013
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro (Leo Ramirez/AFP)
A Venezuela desapropriou duas plataformas de petróleo pertencentes a uma unidade da empresa americana Superior Energy Services depois de a companhia fechá-las porque a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) está meses atrasada em seus pagamentos. "Foi como um ladrão entrando na nossa casa, pedindo as chaves do cofre e esperando que você o ajudasse a levá-lo embora", afirmou Jesus Centeno, gerente das operações locais da Superior na cidade de Anaco. "O argumento deles era de que nós estávamos praticamente sabotando a produção nacional", disse.
O confisco ocorreu na quinta-feira, após um juiz do estado de Anzoátegui, acompanhado de quatro integrantes da polícia local e da guarda nacional, entrar em uma área da Superior e ordenar que a empresa cedesse o controle de duas plataformas especializadas para uma subsidiária da PDVSA.
A estatal justificou a expropriação dos equipamentos dizendo que eles são essenciais para o desenvolvimento e o bem-estar social do país sul-americano, de acordo com a ordem judicial. Funcionários da companhia foram instruídos a deixar as plataformas e entrar em caminhões para serem levados a "poços importantes" em outras regiões, de acordo com o documento.
Nem o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nem qualquer autoridade do governo comentou publicamente o confisco das duas plataformas. Um porta-voz da PDVSA em Caracas não quis se pronunciar e disse que não estava ciente do caso.
As empresas de petróleo estão receosas em trabalhar com a PDVSA, que vem acumulando grandes dívidas com prestadores de serviços dos quais depende para desenvolver as maiores reservas provadas de petróleo do mundo. A Superior é uma empresa de serviços de petróleo com mais de 14 mil funcionários em todo o mundo e 4,5 bilhões de dólares (10,1 bilhões de reais) em receita anual.

(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 2 de junho de 2012

Venezuela: votos pela boa saude, do caudilho e do pais...

Nossos desejos sinceros são pelo pleno restabelecimento da saúde do caudilho, embora isso parece que se afigura difícil, a partir das últimas notícias, como abaixo.
Em todo caso, também aspiramos pela boa saúde da Venezuela, um país contaminado pelo virus do populismo, da demagogia e do autoritarismo, e que sofre, acima de tudo, de um inevitável descalabro econômico e de uma divisão terrível no corpo social, o que poderia precipitar enfrentamos dolorosos nos próximos meses.
Sem previsões quanto ao desenlace fatal, mas em qualquer hipótese ele nunca será positivo: a metástase já contaminou  toda a política e a própria sociedade venezuelanas. Infelizmente...
Paulo Roberto de Almeida

Chávez toma remédio 100 vezes mais potente que morfina para a dor

Presidente sente fortes dores devido ao 'avanço do câncer nos ossos', diz jornal

02 de junho de 2012 | 15h 39
CARACAS - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, toma um opiáceo "100 vezes mais forte que a morfina" para aliviar as fortes dores que sente devido ao "persistente avanço do câncer nos ossos", revelou neste sábado o jornal espanhol ABC, que cita um "relatório de inteligência".
Eleitora homenageia Chávez - Leo Ramirez/AFP
Leo Ramirez/AFP
Eleitora homenageia Chávez
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O periódico indica que, além desse remédio, denominado "fentanilo", os médicos também lhe fornecem bisfosfonato para combater a progressão da metástase e corticosteroides para aliviar os efeitos secundários da radiação e da quimioterapia.
ABC garante ter tido acesso ao "último relatório de inteligência" elaborado a partir das recomendações médicas da equipe que atende ao líder venezuelano.
As mesmas fontes confirmam que Chávez sofre um rabdomiossarcoma, tumor maligno nos músculos aderidos aos ossos, com metástases.
A reportagem indica que pelo menos parte da equipe médica estima, de acordo com o relatório de inteligência, que, "se não houver uma recaída inesperada, o presidente Chávez poderia chegar às eleições" presidenciais de 7 de outubro.
A candidatura de Chávez para o pleito foi registrada nesta sexta-feira no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) durante o primeiro dia do prazo formal para que os partidos apresentem seus postulantes.
Segundo o relatório citado pelo ABC, os sintomas posteriores do tratamento de Chávez em Cuba - que inclui radiação e quimioterapia -, como forte dor e grande ansiedade, são "especialmente preocupantes e, em algum momento, seu corpo não será capaz de superá-lo".
O texto destaca que os tratamentos servem "para combater a propagação do câncer, não para erradicá-lo".