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sexta-feira, 25 de março de 2016

Debate sobre o Free Trade nos EUA: esclarecendo posicoes -

Eu havia reagido (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1115225561874226), dias atrás, à carta de um leitor, pinçada na internet, questionando a validade do livre comércio do ponto de vista dos trabalhadores, mas não havia ainda lido o artigo original sobre essa questão, que me havia escapado. Agora leio o artigo e posto aqui, junto com minhas observacões feitas antes e depois de ter postado no Facebook.
Vejamos o que diz o artigo, e, depois, eu agrego meus comentários que foram feitos, é preciso dizer, PREVIAMENTE à leitura deste artigo, e baseado apenas num comentário de leitor.
Paulo Roberto de Almeida

What Americans really think about free trade

For decades, the benefits of free trade have been something that both political parties have agreed on. Eliminating tariffs, proponents said, would reduce the cost of goods for U.S. consumers and put more people to work in exporting industries.
Recently, though, some economists have concluded that the costs of free trade have been greater than expected, and both Democratic candidate Sen. Bernie Sanders and Republican Donald Trump have run successful presidential primary campaigns on protectionist platforms. Many of their supporters are now rejecting more than half a century of bipartisan economic consensus.
Outside of Sanders's and Trump's coalitions, however, there is little evidence of a broad reaction against free trade. Americans are deeply conflicted about the issue, as shown in two recent polls that came to opposite conclusions about public opinion on free trade.
One was a Gallup poll published last month, which found that a majority of Americans — 58 percent — see foreign trade as an economic opportunity. Just 33 percent said foreign trade was an economic threat. The share of respondents who are optimistic about trade has increased since the financial crisis. Perhaps as Americans are seeing the country as more economically secure, they've become less worried about competition from abroad.
Seven years ago, at the beginning of 2009, just 44 percent of those polled said that trade presented an opportunity. Among Democrats — who are more optimistic about the state of the economy under President Obama — the number seeing economic opportunity in trade increased even more sharply, from 43 percent in 2009 to 63 percent today. The figure among Republicans shifted from 45 percent to 50 percent.
That finding — overall optimism about trade, with partisan divisions — contrasted with the conclusion of a poll published Thursday by Bloomberg. "Opposition to free trade is a unifying concept even in a deeply divided electorate," the authors wrote.
Some of the Bloomberg poll's more striking findings seem to suggest a deep skepticism of international economic exchange. For example, Americans are overwhelmingly resistant to the idea of foreign ownership of factories on U.S. soil. Sixty-eight percent said they'd prefer a domestically owned factory in their communities to a Chinese-owned plant offering twice as many jobs.
Likewise, nearly two-thirds said that there should be more restrictions on imported goods, and 82 percent said they'd be willing to pay "a little more" for domestically produced goods in order to protect domestic workers from foreign competition.
These contrasting results show that Americans see both sides of the debate over trade. They also suggest that politicians can win over voters by focusing on either the costs or the benefits, Frank Newport, the editor in chief at Gallup, said in an interview.
"Americans are very much looking for guidance" on complex economic issues, he said. "You can shift people one way or the other. They’re open to argument."
For example, Newport noted, the Bloomberg poll asked about restrictions on imports, but not on exports, which would mean fewer opportunities for U.S. workers. Americans even have different feelings about imports depending on the industry. They are comfortable with the idea of imported electronics but want to protect American agriculture, Gallup has found.
A Pew poll last year revealed even more contradictions. Respondents were more likely to say that free trade had helped their families' finances than that free trade had made them worse off. When asked about the economy in general, though, they were more negative. The poll found that Americans were equally divided on the question of whether free trade improved economic growth, and much less likely to say that trade created opportunities for employment than that it reduced wages and put Americans out of work.
Previously, economists had argued that workers displaced because of competition with manufacturers overseas would quickly find work in other sectors. That hasn't happened, wrote economists David Autor, David Dorn and Gordon Hanson in a paper earlier this year. The costs of trade in the labor market have been higher than predicted, and they've been concentrated in particular sectors and regions of the country.
Those consequences for particular groups aren't clearly reflected in the overall polling data. As Newport said, there are some people in both parties who vehemently oppose trade, maybe because they have been affected by globalization themselves. Those are the groups that Trump and Sanders hope will help mobilize their campaigns.
These candidates might be able to win over some voters if they can focus on how competition from imports has negatively affected those workers, Newport said. "Jobs," he added, is "a magic word."
"There are a few words out there that Americans react very strongly to," he said. "They're willing to sanction almost anything to bring in more jobs."
Max Ehrenfreund writes for Wonkblog and compiles Wonkbook, a daily policy newsletter. You can subscribe here. Before joining The Washington Post, Ehrenfreund wrote for the Washington Monthly and The Sacramento Bee.
 
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Meus comentários (PRA) feitos previamente à leitura deste artigo:
(https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1115225561874226

Livre comércio só interessa às corporações?

Sou um leitor compulsivo, doentio. Leio não apenas as matérias objetivas -- os "reports", como se diz na linguagem do jornalismo americano, que se distinguem das "analysis", quando o jornalista elabora sobre a matéria -- como também os artigos de opinião, que por vezes contém dados ou argumentos que não estão nos dois primeiros. Mas leio também, por incrível que pareça, cartas de leitores e reações virtuais nas colunas de opinião, que são reveladoras do que vai pela cabeça do público em geral, que é um pouco a opinião da média da população (claro, tem muito ativista de causas determinadas, mas eu sei distinguir isso também).
Pois, o que encontro na minha versão eletrônica do Washington Post? Esta diatribe de um leitor contra um artigo anterior que eu não li (mas isso não importa muito, pois importa a tese):

"Free trade is a myth; all we have is managed trade. The question is for whom? In practice, only corporations benefit. Why not workers also?" -- Bruce Bartlett

Concordo inteiramente com o leitor em que não existe Free Trade, apenas Managed Trade, uma espécie de mercantilismo bem comportado, supervisionado de forma muito ineficiente por essa tia gorda (quase 170 membros) e complacente que se chama OMC.
Mas a pergunta dele é absolutamente equivocada: seja free, seja managed, o trade é para consumidores, e para empresas que se abastecem no mercado, ou seja, não é, nunca foi, um jogo de soma zero como sua última afirmação tenta fazer crer.
Não são apenas as corporações que se benficiam do comércio livre. Se esse comércio não fosse livre, esse leitor, Bruce Bartlett, nunca poderia comprar o seu microondas por apenas 80 dólares; se fosse fabricado nos EUA, ou na Europa, não saíria por menos de 180 ou 200 dólares. Não sei se vou convencê-lo, mas as pessoas precisam tomar consciência que, independentemente das formas mais ou menos liberais que regulam o comércio internacional, ele sempre se faz, em última instância, em benefício dos consumidores. No meio, as corporações lucram, o que é óbvio, mas o que pretende esse leitor? Mágica? Ele quer um microondas a 80 dólares feito no seu Arkansas natal? Esqueça...

Addendum: Agrego o que acabo de postar num debate com um amigo de velhas negociações comerciais:
"... eu acho que os grandes problemas, as maiores alienações dos tecnoburocratas como nós (e eu me incluo nessa tropa) é sempre olhar a realidade pela ótica dos nossos materiais privilegiados: relatórios e informações de outros burocratas, documentos de organizações internacionais e livros e artigos de acadêmicos. Isso é uma distorção. O mundo lá fora, o das grandes corporações, das empresas, das pessoas, está se movimentando, e o que quer que façam os governos, estes vão ter em algum momento de se adaptar aos movimentos reais das economias de mercado."

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Depois, sustentei um debate na sequência desta postagem no Facebook, que transcrevo aqui porque ele é instrutivo para todos: 

Marcos Fernandes Não, a todos.....mas que mal faz se sim!? Cadeia de valor diversificada regionalmente...
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida Sim, qual é o problema das cadeias de valor diversificadas regionalmente? Você pode me indicar qual é, exatamente, o problema? Existe um complô de forças poderosas contra os interesses dos consumidores? Me explique isso direitinho...
Paulo Roberto de Almeida
Write a reply...

Thiago D'Ávila
Thiago D'Ávila Paulo Roberto de Almeida, só um detalhe: o comentarista da notícia não falava em consumidores. A pergunta dele foi outra: "Why not workers also?" Ele está perguntando sobre workers...
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida O que são trabalhadores, Thiago D'Ávila, se não consumidores? Vc já se deu conta que seus salários de mercado valem muito mais, compram muito mais graças ao livre comércio? Ou vc acha que sobraria muita coisa se eles tivessem de comprar aqueles enormes televisores made in America?
 Thiago D'Ávila Bem, aí teremos uma infinidade de assuntos interligados. Primeiro, nem todo consumidor é trabalhador (gente rica que não trabalha, criança, idoso aposentado, adulto desempregado, doentes, etc). Trabalhador é uma categoria e consumidor é outra, ainda que em Economia ocorram interligações na análise. Segundo, consumidor beneficiado com baixo preço nem de longe significa trabalhador beneficiado. Se você compra, a preço de banana, uma camisa feita por trabalhador escravo na Ásia, você é um consumidor beneficiado por um trabalhador claramente prejudicado. A pergunta dele é sobre WORKERS. Ele está claramente falando em benefícios trabalhistas.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida Acho que vc ainda não pegou o espírito da coisa Thiago D'Ávila: o trabalhador asiático que você diz ser "prejudicado" (em quê, exatamente?, explique) estaria em muito pior situação se não fosse pelo livre comércio, já pensou nisso? Gente rica que não trabalha, doentes, desempregados, etc, estariam EM MUITO PIOR SITUAÇÃO se não fosse pelo livre comércio. É muito difícil entender isto? Benefícios trabalhistas são uma convenção social, um contrato, uma regra; não tem nada a ver com livre comércio, que é, sempre foi, sempre será infinitamente melhor que todas as situações de mercantilismo, de comércio administrado, de restrições. Acho que qualquer pessoa medianamente aberta aos fenômenos de mercado pode perceber isso, não é?
Thiago D'Ávila
Thiago D'Ávila Paulo Roberto de Almeida, ok. Essas são as ideias nas quais vc acredita. Essas podem ser até as ideias comprováveis empiricamente. Essas podem ser as tão buscadas verdades universais.

O que eu estou apontando, pura e simplesmente, é que o comentaris
ta a quem você critica (ELE) está insinuando que o livre mercado não existe de fato (afirmação com a qual você inclusive concordou acima) e ELE está perguntando em relação a benefícios para trabalhadores, não a consumidores. EU estou dizendo apenas e tão somente que trabalhadores e consumidores são categorias distintas.EU não estou dizendo que livre mercado não possa trazer benefícios a trabalhadores e consumidores.

Isto tudo esclarecido, VOCÊ no fundo concorda com o comentarista a quem crítica, porque assim como ELE, você está dizendo que livre mercado não existe de fato, a situação real (de NÃO livre mercado apenas beneficia algumas empresas). E eu ouso supor que você também concorda com ele de que a atual situação (de NÃO livre mercado) prejudica trabalhadores.

Por fim, EU estou dizendo que sua crítica está errada (porque no fundo você concorda com ele), não a sua ideia.
Esse é o espírito da coisa. smile emoticon
Paulo Roberto de Almeida Meu caro Thiago D'Ávila, desculpe o atraso, mas volto a este debate importante. Acho que você ainda não capturou minha posição, mas independependente da minha posição, você não capturou o espírito da coisa que anda, ou seja, o princípio do livre comércio. Se eu estou concordando com o comentarista de que o livro comércio não existe, isso NÃO QUER DIZER que ele não seja possível, ou que ele é IMPOSSÍVEL. Basta que um país, unilateralmente (como aliás já fez a Inglaterra em 1846, até o início do século XX) decrete o livre comércio para si, para que ele comece a existir na prática. Ou que algum dia ele seja implementado como regra universal (o que ainda está longe), e que restrições, tarifas, normas e outras barreiras sejam a exceção, não a regra. A humanidade estará muito melhor, como estaria se a Declaração Universal dos DIREITOS DO HOMEM fosse implementada na prática, efetivamente (mas ela é NORMA UNIVERSAL, e EXISTE, e os países que se desviam dela são DESVIANTES, não a norma escrita ou não escrita, como é o mercantilismo atual do sistema multilateral de comércio, Gatt-OMC). Não é o livre comércio que prejudica trabalhadores, pois ele apenas desemprega setorialmente ALGUNS trabalhadores, beneficiando TODOS OS DEMAIS, como consumidores e como trabalhadores (e são categorias distintas apenas na teoria, pois na prática são exatamente as mesmas pessoas), pois o NÃO LIVRE COMÉRCIO prejudicará aqueles trabalhadores temporariamente protegidos, pois o setor, o ramo industrial, o país ficará isolado das pressões competitivas do resto mundo e DIMINUIRÁ A RENDA de todos os seus habitantes, não apenas os trabalhadores de um ou outro setor.  

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Keynesianos de carteirinha abrem o debate, atirando contra os de botequim e passando um pito neste blogueiro...

Este blogueiro de vez em quando força a mão, e distorce suas próprias regras, que deveriam se ater unicamente ao debate de ideias, mas por vezes envereda pelas críticas pessoais, com um pouco de ironia, ou de sarcasmo, quando não de grosseria, o que é inaceitável.
Por isso mesmo me desculpo com os "keynesianos de carteirinha", acusados numa postagem anterior, esta aqui,
Onde estamos?!?! Ate os keynesianos ensaiam uma retirada, ou afastamento dos colegas do poder... - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/onde-estamos-ate-os-keynesianos-ensaiam.html#sthash.BBpvPio6.dpuf
 http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/onde-estamos-ate-os-keynesianos-ensaiam.html
Onde estamos?!?! Ate os keynesianos ensaiam uma retirada, ou afastamento dos colegas do poder... - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#sthash.U49vglJb.dpuf
de estarem atrasados na denúncia dos "keynesianos de botequim", os responsáveis pela Grande Destruição que estamos vivendo hoje.
Dois dos keynesianos true believers, mas atentos ao que o mestre realmente disse, me corrigem, e demonstram que avisaram antes do desastre acontecer.
Recebo, do jovem pós-doutor Fábio Terra, um dos dois dois autores, com Fernando Ferrari, um keynesiano gaúcho, do artigo que eu reproduzi na postagem acima indicada, primeiro uma mensagem de crítica à minha atitude, o que aceito inteiramente.
Reproduzo primeiro a sua primeira mensagem, que foi sucedida por um comentário meu, que por sua vez recebeu sua segunda mensagem, recebida abaixo.

Primeira Mensagem:

On Oct 6, 2015, at 20:37, Fábio Terra <xxxxxx@xxxx.br> wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Fábio Terra
Cidade: Uberlândia
Estado: MG
Email: xxxxxx@xxxxx.br
Assunto: Sugestao
Mensagem: Olá prezado Paulo, boa noite.

Com tristeza li seu comentário em seu blog sobre o texto que publiquei ontem no Valor em coautoria com o Prof. Fernando Ferrari. Tristeza, pois, embora você nos denomine keynesianos de carteirinha, você também nos concedeu o adjetivo covarde, sem saber que vimos já desde 2009/2010 argumentando que as mudanças de condução da política econômica, que depois virariam a NMM não eram keynesiana; além disso, fazemos um profundo resgate da obra de Keynes para corretamente apresentá-la aos leitores mais desavisados. Portanto, desde cedo estávamos informando que, se a NMM era keynesiana, tal keynesianismo era de almanaque. Minha tese de doutorado, defendida em 2011, já versa sobre isso; bem como um outro trabalho escrito em 2010, publicado pela Revista da Cepal em 2012. Prof. Ferrari fez o mesmo, desde há muito. Uma pena que não tenha tido contato com estes trabalhos antes de nos qualificar de covardes. Certamente, isso é o que não somos, pois enfrentamos, além de !
desconhecimentos como o seu, a fúria e o ataque daqueles economistas pouco técnicos, mas muito ‘politiqueiros’ que acham que Keynes cabe em qualquer aventura econômica - os, como bem denominou, keynesianos de botequim.
Pelo respeito ao seu excelente currículo, à toda sua produção intelectual e à longa atividade à serviço público do Brasil, buscarei acreditar que seu comentário foi casuísta, coisa de momento, pois não posso crer que você seja assim indelicado. Não lhe conheço, mas é possível perceber em seu blog que você é gentil e cortês, diferente do seu comentário.
Críticas ao texto, são bem-vindas. Às pessoas, talvez desnecessárias.

Seguiu minha mensagem de desculpas e de comentários...
Segunda mensagem: 

Caro Paulo,

obrigado pela atenciosa resposta. Concordo com sua visão sobre o que se fez e o que ainda se faz, teórico e politicamente, da obra de Keynes. Eis minha luta (e do Prof. Ferrari e alguns outros no Brasil) para evitar que Keynes seja uma caixinha para qualquer coisa. Diga-se de passagem, sempre ressalto a incoerência lógica daqueles que pregam que aumento dos gastos públicos gera automática ampliação do investimento privado: como pode algo automático, certo, em termos keynesianos, se foi o mencionado autor que mostrou à teoria econômica o papel fulcral da incerteza nos sistemas econômicos?
Por sinal, você mencionou a Associação Keynesiana Brasileira, sou dela diretor há algum tempo e fui o organizador do seu último encontro, que reuniu mais de 300 participantes. Ela, de fato, surgiu já no descenso do Keynesianismo, mas no fundo ela surgiu por esta trajetória descendente mesmo e, para além, para que o resgate separasse os keynesianos de carteirinha dos de botequim. Ela serve a debater a nobre economia política keynesiana e repudiar o uso vulgar de Keynes.
Tive, como lhe disse, a sensação de que seu comentário era mais provocador do que jocoso, mas no momento que vivemos a provocação não está no nível das ideias, ele nunca esteve tão raso e raivoso. Por isso, até, meu susto: não fomos covardes por apresentarmos o debate, fomos corajosos por enfrentá-lo no momento em que todos apontam o dedo a um tal (qual?) Keynes e por termos sido consistentes com o que vimos falando há tempos (mando os links aos textos abaixo e alguns em anexo). Não pulamos do barco, denotamos que não era esse barco que Keynes estaria.
Não se preocupe. A retirada das qualificações que não fazem jus já satisfaz. Terei maior prazer em conversar e discutir sobre Keynes, pois é uma obra - e vida - que vale a pena ser revista. Muito longe do que se pensa comumente, ele queria salvar o capitalismo, queria promover a liberdade e a iniciativa privadas, achava a experiência comunista um desastre e várias outras coisas que jamais se tocam (na verdade, se toca o contrário do que ele dizia) nos debates.
Este texto apresenta a política econômica keynesiana:
http://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S0185-16672012000300003&script=sci_arttext
Este texto aplica a lógica acima (daí a parte teórica do texto se repetir) ao caso brasileiro e, na última seção, especificamente às políticas contracíclicas de 2009:
http://repositorio.cepal.org/handle/11362/11562
São ambos anteriores a 2012, mas como você sabe, publicações levam tempo.
Os textos em anexo, (i) “o keynesianismo não keynesiano”..... não consegui fazê-lo ser publicado em nenhum jornal do país e (ii) os desafios do investimento e da indústria.... sairá entre novembro e dezembro na Brazilian Keynesian Review. O texto (i), por sinal, serviu de base (ii). Foram ambos escritos na passagem de 2014 para 2015, mas a demora na publicação não permitiu que eles saíssem antes.
Um cordial abraço e qualquer comentário ou menção adicional, por favor, fique à vontade.
Fábio

Recebi, junto com esta segunda mensagem, os trabalhos "O keynesianismo não keynesiano"e "Os desafios do investimento e da indústria no Brasil: um drama em seis atos", mas que ainda não li, para poder comentar.
Com minhas desculpas renovadas por ter misturado no mesmo molho keynesianos de carteirinha, e rústicos keynesianos de botequim, fica enteão aberto o debate sobre o que o keynesianismo pode trazer de útil ao Brasil.
Minha posição pessoal é a de que os keynesianos, contrariando o mestre, estão sempre seguindo algum economista morto, no caso o próprio. A minha crítica principal aos keynesianos é a de que eles continuam transformando algumas receitas mal cozidas de medidas anticíclicas em teoria do desenvolvimento, como já tinha feito Prebisch. Pena, o Brasil merece enterrar os mortos (inclusive Roberto Simonsen, Ce Furtado, Getúlio Vargas, os militares, os petralhas, e outros personagens que ajudaram a criar o ogro famélico que se chama Estado), e olhar para a frente.
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

UNILA: democratismo anti-academico defendido por Professora: aberto o debate

Como eu tivesse postado aqui uma petição de professores contrários ao democratismo demagógico praticado na UNILA (mais uma das criações companheiras, feitas com objetivos companheiros), uma professora dessa universidade (ainda que bizarra quanto ao conceito), vem a público defender o critério paritário adotado naquela instituição.
Não tenho nenhum problema em apresentar aqui pontos de vista contrários aos meus, apenas reafirmando que sou contra essa demagogia barata.
Universidade deve ter critérios acadêmicos, o que inclui o mérito e a disposição de seu corpo permanente (professores) em tomar decisões do interesse da instituição como um todo em caráter mais ou menos permanente, o que não deveria, e não deve incluir funcionários e alunos, que ali estão para atender seus interesses de emprego ou de estudo, temporário.
O democratismo demagógico está destruindo as instituições brasileiras de ensino, e é contra isso que eu me posiciono.
Em lugar de uni-la, se me permitem o trocadilho, os demagogos estão dividindo a instituição.
Com a palavra quem é a favor.
Paulo Roberto de Almeida

Sel Guanaes

20 minutos atrás (editada)  -  Compartilhada publicamente
 
Sou professora da UNILA desde a sua fundação, fui membro durante os 2 primeiros anos de sua existência do Conselho Superior Universitário, que com base no princípio da autonomia administrativa conferida pela Constituição tem composição paritária, e posso garantir ao Sr., como docente, que o Conselho Superior da UNILA trabalhou muito bem durante esses dois anos, não faltando com respeito às distintas competências, inclusive àquelas que são de natureza didático-científica e pertinentes ao corpo docente, tendo aprovado ao longo desses 2 anos diversos documentos institucionais, inúmeros cursos de graduação e de pós, cursos reconhecidos pelo MEC com excelentes notas, e documentos aprovados pela CGU e AGU com absoluta transparência e dentro dos trâmites administrativos, o que nos leva a concluir, portanto, que a composição paritária do Conselho não trouxe nenhum impacto negativo e/ou demérito à esta Universidade e o único problema indissolúvel que a universidade enfrenta atualmente é a judicialização dos seus atos e documentos fundantes. Felizmente, essa não é uma mera posição pessoal e tendenciosa, mas de uma ampla maioria da universidade, que recentemente foi legitimada também pela defesa da Procuradoria Geral da União/MEC (https://drive.google.com/file/d/0B0U6YWysHy4KbUpIY1FsSmUyS1E/view?pli=1), que deixa claro, com todas as letras frias da LEI, que a composição paritária do CONSUN não trouxe nenhum dano à universidade e que a mesma tem autonomia administrativa para decidir sobre suas instâncias gestoras, e que, exatamente ao contrário, é a Ação Civil, que criminaliza e pede supressão do Conselho paritário através de uma intervenção judicial, dita improcedente, é que estaria provocando "danos irreversíveis" à Universidade, danos que são cuidadosamente elencados pelo Procurador da União e que tem repercussão negativa em toda a região e comunidade local. Como o Sr. se sentiu no direito de publicar algo sobre uma comunidade acadêmica e um projeto universitário que desconhece completamente, me sinto na liberdade de solicitar ao Sr., já que a universidade foi exposta de maneira negativa e equivocada no seu blog, que publique também a defesa da União. Acho no mínimo ético e coerente, sobretudo quando a "legalidade" é o argumento central aqui e tem servido de retórica, quando convém, a interesses particulares e de cunho político-partidário que em nada contribuem para a elevação e a excelência da universidade brasileira, menos ainda para o estabelecimento de uma efetiva democracia. Por fim, nós acreditamos Sr. Paulo Roberto, que os dilemas internos se resolvem politicamente e intelectualmente junto à comunidade interna, com base no debate de ideias e na defesa de projetos que estejam legalmente amparados, como o nosso está. Fora desse âmbito, qualquer ação e manifestação é alheia, arbitrária e irresponsável, não tendo em vista o bem comum e nem o zelo pelos principios constitucionais.
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Encerro (PRA): Nenhum dos argumentos da professor me convenceu quanto aos supostos méritos da representação paritária, e continuo contrário a ela.
Mas o debate está aberto.
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Debate: o Brasil pode ser uma Suécia? NAO, e explico porque - Paulo Roberto de Almeida

Um amigo, sociólogo como eu -- mas eu sempre achei que os sociólogos, como os advogados, servem mais para produzir déficits públicos do que propriamente riqueza nacional -- me envia uma matéria sobre a Suécia, como sendo a maior maravilha do planeta, e me desafia a publicar em meu blog e a ousar não concordar com a matéria.
Pois não: publico e digo de imediato: NÃO SE APLICA AO BRASIL.

On Dec 4, 2014, at 19:51, fulano <fulano@gmail.com> wrote:

Se vc for honesto como eu acho que é, e  inteligente forecasting, como eu também acho que é, publica este  texto ´desconsidere o blog onde ele foi publicado:


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/impostos-sao-o-preco-que-se-paga-por-uma-sociedade-civilizada-o-relato-de-uma-jornalista-brasileira-que-vive-na-suecia/


Explico porque discordo integralmente dos argumentos, abaixo.
Vocês podem ler a matéria enviada, antes de prosseguir na minha resposta a este amigo, o que fiz agora mesmo, de improviso, e já mandei mesmo sem revisar.
Depois vou escrever de maneira mais estruturada sobre o assunto.
Paulo Roberto de Almeida

Meu caro amigo,
    Eu sendo totalmente honesto, comigo, com você, e com a autora do texto, eu diria que ela se ilude, você se ilude, e todos os que pensam como ela e como você se iludem, ao achar que o mundo, ou outros países, podem ser como a Suécia, e que isso é dado a todo mundo, bastando aumentar impostos que tudo vai se resolver como num passe de mágica.
    Isso é uma grande ilusão, e você, e ela, não percebem que isso só faria com o que o nosso ogro famélico se agigantasse ainda mais, e todos estaríamos muito pior do que com a carga fiscal extremamente elevada que já temos.
    Apenas uma sociedade que seja: pequena, estável demograficamente, altamente educada, com alta produtividade do capital humano, instituições democráticas sólidas, pode ser como a Suécia, e ainda assim sob condições muito especiais.
    A menos que a produtividade do trabalho humano seja altíssima, e crescente, essa sociedade terá cada vez mais problemas para manter seu padrão de vida, pois do contrário o seu crescimento irá diminuindo e ela enfrentará problemas fiscais mais cedo ou mais tarde. Não é possível que se possa fazer milagres numa economia de mercado, a menos de se manter alta taxa de investimento, de crescimento, e de aumento da produtividade.
    A tendência é que a Suécia não consiga manter esses padrões, e tenha de constantemente refazer seu padrão de gastos e de receitas, ou seja, aperfeiçoar e ajustar continuamente o seu modelo de organização social.
    Isso talvez se possa fazer na Suécia, sociedade democrática e que tem a capacidade, me parece, de se reformar consensualmente.
    Isso não é dado acontecer entre nós, e não é dado acontecer na maior parte dos países do mundo, e eu excluo a totalidade da África dessa possibilidade, a quase totalidade da Ásia, a totalidade da América Latina e vários outros países europeus.
    Desconfio que os EUA tampouco conseguiriam reproduzir os padrões e o modelo sueco nas condições existentes, e no futuro previsível. A prosperidade teria de crescer enormemente nos EUA para que eles conseguissem ter um padrão assemelhado ao da Suécia. Veja, por sinal, que o PIB per capita dos EUA é superior ao da Suécia, embora muito mais desigualmente distribuído do que o dos EUA: a disparidade entre rendas de pessoas é enorme nos EUA, e bem menor na Suécia.
    Seria possível fazer um padrão sueco nos EUA? Duvido, pois as condições sociais não estão dadas, e seria preciso um Estado fantástico, quase orwelliano, para transformar a estrutura da sociedade americana.
    E se isso ocorrer, os EUA deixarão de ser a sociedade flexível que são, altamente produtiva, e passarão a crescer menos, ou seja, ficarão mais pobres relativamente do que são hoje.
    Mas, atenção, a Suécia já foi muito mais rica do que é atualmente, comparativamente à média europeia. Não tenho os dados comigo, mas busque a renda média da Suécia hoje, e a da renda média da Europa SETENTRIONAL, no mesmo período, num espaço de 20 a 30 anos. Você vai constatar que a distância diminuiu, ou seja, ou  a renda média da Europa setentrional cresceu num ritmo mais alto, ou a da Suécia cresceu mais lentamente. Pode até ser que a Suécia passe abaixo da renda da Europa setentrional.
    Pesquise depois os dados relativos à Irlanda, um país que era "pobre" quando ingressou na então CEE, em 1972, junto com UK e DK, e que se tornou atualmente um dos países mais ricos do conjunto da UE, e não por ajuda da UE, e sim por políticas corretas de desenvolvimento econômico e social, um pouco de SUFRAMA (defiscalização em atividade ligadas a comércio exterior) e muito de qualificação da mão-de-obra.
    Mas o essencial da riqueza da Irlanda -- que deve ter saído de menos da metade da renda da Suécia em 1972, para provavelmente 130% hoje, dessa renda -- se deveu à DIMINUIÇÃO de impostos, essencialmente sobre o lucro e a folha salarial, ou seja, a Irlanda liberalizou investimentos e emprego, com isso obtendo resultados fantásticos, crescendo a um ritmo chinês durante muito tempo.
    Podemos reproduzir o modelo irlandês? Mais uma vez: DIFICILMENTE. Seria preciso um consenso muito grande, uma democracia funcional, para diminuir o PESO DOS IMPOSTOS, liberalizar a economia, e capacitar educacionalmente toda a população. Não acredito que isso possa ser feito no Brasil, pois JAMAIS haveria consenso político para fazer as reformas necessáriias.
    De toda forma, uma coisa é ESSENCIAL que se retenha: é IMPOSSIVEL aplicar modelos de sucesso em outros países apenas na base da cópia, IMPOSSÍVEL. Estruturas sociais, o peso da história, os arranjos sociais são coisas muito pesadas que não se movem facilmente, e sequer podem ser transplantadas de um lado a outro.
    O que sim é possível fazer seria ver o que funciona, e tentar adaptar às condições locais.
    Em outros termos: sociedades mais livres, economicamente mais baseadas no livre empreendimento, funcionam melhor, são mais prósperas mais ricas. A Suécia é uma sociedade livre, ainda que com muitas regras, mas é uma democracia de mercado, em todo caso, muitas vezes mais livre do que o Brasil.
    Liberdade de mercados funcionou para trazer prosperidade para os EUA, para a Suécia e para a Irlanda.
    E para a China, SIM, por mais incrível que isso possa parecer.
    A China era, três décadas atrás uma sociedade miserável, recém emersa do delírio econômico maoista, que começou a liberalizar a sua economia: agricultura, enclaves econômicos (ZEEs na costa) e progressivamente toda a indústria e todo o comércio. Sobraram, é verdade, grandes empresas estatais e grandes bancos idem, que é onde vigora a corrupção, mas que atuam, em grande medida, com base em regras de mercado. Atualmente, a China tem mais de 70% do seu PIB formado no setor privado, e não no setor estatal, e no setor privado a concorrência é intensa, na China e no mundo.
    A China é, não hesito em dizer, economicamente mais LIVRE do que o Brasil. E se ela cresceu, não foi por causa, mas A DESPEITO dos monopólios estatais que ainda existem. Como ela se tornou mais livre, o "espírito capitalista" dos chineses foi fortalecido, e ela se tornou mais rica, mais próspera, e também mais desigual, que isso é uma consequência associada às economias de mercado.
O título do livro do Giovanni Arrighi - Adam Smith vai a Beijing -- é totalmente errado, ou melhor, é totalmente o contrário do que deveria ser: foi a China que foi à Escócia, não o Adam Smith que foi a Pequim. Ou então, os dirigentes chineses importaram os ensinamentos econômicos de Adam Smith e os aplicaram (mas não os do Iluminismo escocês, a democracia de Locke, Hume, Ferguson).
    Resumindo, meu caro amigo.
    Esqueça, pois o modelo sueco é inaplicável entre nós e na totalidade da América Latina. O que sim podemos fazer é tornar o país uma sociedade economicamente mais livre. Atualmente, o Brasil é um país regulamentado ao extremo, corporativo, quase fascista no plano econômico, e extremamente corrupto em suas instituições, com mandarins da República e marajás do Estado assaltando literalmente os pobres para viver às custas deles.
    Quando, e se, conseguirmos mudar algumas dessas características poderemos talvez melhorar. Mas eu acho que o modelo irlandês, ainda que inaplicável entre nós, seria mais factível do que um modelo sueco.
    Resumo aqui minhas condições para um crescimento econômico sustentado, com transformações estruturais e distribuição equitativa desse crescimento, o que produziria o desenvolvimento econômico e social:
    1) Estabilidade macroeconômica
    2) Competitividade e competição em nível microeconômico
    3) Boa governança (justiça, parlamento, polícia, etc)
    4) Alta qualidade dos recursos humanos e
    5) Abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros

    O Brasil sequer chegou perto de assegurar o primeiro requisito, que está atualmente sendo implodido pela incompetência dos neobolcheviques mafiosos que nos governam. Nem discuto quanto aos demais, pois sequer ficamos no primeiro terço do que seria uma pontuação aceitável em cada um deles.
    Estamos longe, muito longe de ser uma sociedade preparada para a prosperidade, meu caro. Temos de progredir muito ainda.
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@me.com
www.pralmeida.org
diplomatizzando.blogspot.com

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O regime militar e o Brasil: resposta a Frank D. McCann - Jorge Alberto Forrer Garcia

No dia 1 de Abril, transcrevi neste blog a entrevista concedida pelo historiador Frank D. McCann, especialista na história militar e nas Forças Armadas (mais Exército) do Brasil, ao jornal O Estado de S.Paulo, como abaixo.

'Vivi com o golpe toda a minha carreira'
Em entrevista ao Estado, historiador americano explica em que 1964 foi diferente das outras tentativas de golpe
Entrevista: Frank D. McCann
Wilson Tosta
O Estado de S. Paulo28 de março de 2014
- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/04/frank-d-mccann-tentando-entender-os.html#sthash.y4M3JZ19.dpuf

Recebo agora do historiador militar Jorge Alberto Forrer Garcia os comentários abaixo que se referem a trechos, afirmações, argumentos, do dito historiador, especialmente na parte final de sua entrevista.
Quem desejar ler primeiro a entrevista, siga este link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/04/frank-d-mccann-tentando-entender-os.html
Mas, recomendo a leitura atenta, e a reflexão sobre as palavras que vão abaixo transcritas.
Paulo Roberto de Almeida 
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Sr. Diplomata Dr.  Paulo Roberto de Almeida.
Sou oficial do Exército, do posto de Coronel Reformado, residente em Curitiba/PR. Acompanho seu "blog" por indicação de amigos.
Dessa forma, fiquei um tanto revoltado com as palavras finais da entrevista concedida pelo "scholar" Frack D. McCann em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo e reproduzida no "blog" de V. Sa. Acompanho há anos a obra de McCann como historiador do Exército Brasileiro e estudei 3 (três) de suas obras. Isto posto, Venho solicitar de V. Sa. que se digne publicar o texto que consta abaixo.
Certo de sua compreensão, desde já agradeço. Tentei postá-lo diretamente,mas a operação não se completou.
Jorge Alberto Forrer Garcia

Cel Ref

Tomado apenas o trecho final da entrevista que o Sr. Prof. Franck D. McCann deu ao jornal O Estado de São Paulo em 31 de março de 2014.

Prezado amigo, cordiais saudações.
É triste ver um estudioso como esse, de quem li os três livros sobre os militares do Brasil...(lágrimas)
Comecei a preparar essa resposta e fui tomado pela raiva. Ira, na verdade. Sei que são sentimentos menores, burrice mesmo, mas, preciso de várias reencarnações para chegar a um estado de evolução que me permita não mais sentir as coisas dessa forma.
Esse estudioso, que, até ler no jornal sua entrevista, eu tinha como um conhecedor dos militares do Brasil atreve-se a, hoje, tratar-nos dessa forma. Justamente ele que teve o mais amplo acesso que o Exército lhe poderia dar para a execução de suas pesquisas.
Eu mesmo, como tenente, participei de uma demonstração de ataque de carros de combate especialmente realizada para ele no 4° RCC, em Rosário do Sul. Até no tiro de M41 ele participou como atirador do Carro. (“A Nação Armada”, Franck D. McCann, 1982, Editora Guararapes, Recife/PE) Tenho fotos. Entrevistou-se com vários oficiais. Ele fora até lá como convidado do Estado-Maior do Exército e amigo do Comandante. Hoje, sou obrigado a ler tais palavras e pensar que ele, que tanto se serviu do Exército, foi levado na "onda" do "politicamente correto" e, agora, expressa-se dessa maneira. Para ficar só nas questões finais de sua entrevista ao Estado de São Paulo, tento argumentar como se segue.
Como evitar que tudo aconteça de novo? Basta que os Poderes da República e as instituições nacionais tomem vergonha na cara e cumpram com seus deveres...Retomem seus compromissos com a Nação e o Povo brasileiros. Quando me refiro a vergonha na cara quero dizer que voltem a se fazer respeitadas pelo cumprimento de suas missões constituicionais, e não mais se sirvam do Brasil e voltem à servi-lo.
É bom que a Presidente Dilma tenha proibido os militares de comemorar 1964 e o regime posterior...Que parte de seus estudos Sr. Frack lhe deu autoridade para tratar de assuntos internos do Brasil assim com essa desfaçatez? Seria a amizade que o Sr. sempre cultivou nos altos círculos do Exército e que foram fontes para seus estudos? Militares morreram em consequencia desse evento. Por que não podemos cultuá-los dentro dos quartéis? Eles estavam fardados, enquadrados e com, missões definidas. Não eram um “bando armado”. Tinham comandantes, famílias...Por que não se poder homenageá-los?
As escolas militares deveriam estar ensinando sobre tudo isso como um exemplo do que os militares brasileiros não devem fazer...Pôxa! Sr. McCann. Pelo fato de o Sr. nos ter estudado tanto isso lhe dá a suprema sabedoria para nos dizer como conduzir o ensino nas nossas escolas militares? Logo o Sr.! Que deve conhecer mais escolas militares brasileiras do que eu mesmo. Gostamos de cultuar aquele ditado militar que diz que numa Força Armada são preferíveis os leões aos cordeiros. Então posso concluir que o Sr. preferiria que nossas escolas estivessem formando cordeiros?
A melhor proteção para as Forças Armadas é ver o golpe como um erro grave...Sr. Franck! Tenha a santa paciência. Proteção contra quem e/ou contra o quê? E o que lhe dá o direito de vir apontar erros das Forças Armadas de um país que – até onde eu sei – é soberano? O Sr. é um historiador, logo, não serei eu a lhe dizer o que é conjuntura de uma época. O Sr. percebe que vivíamos uma conjuntura específica ou, com tanto estudo, o Sr não percebe? Se o “golpe”, como por V. Sa. tratado, não tivesse acontecido não há dúvida de que hoje seríamos um país comunista ou posso concluir que o Sr. preferiria que o país que tão bem o acolheu – e lhe permitiu sucesso por isso – fosse uma imensa Cuba?
Não foi uma vitória sobre o comunismo...Em seu livro “Soldados da Pátria – História do Exército Brasileiro 1889-1937” (Frack D. McCann, 2007, Editora Companhia das Letras, São Paulo/SP) V. Sa. gasta um bom números de páginas discorrendo sobre os acontecimentos de 1935. Então posso entender que também lá quando o Exército respondeu com armas à tentativa de tomada do poder pelos comunistas, a Instituição não os derrotou? Claro, o Sr, pode vir com aquele ponto de vista de que as ideias não se podem derrotar. Mas, acho que não vem ao caso. Não vamos agora discutir se trocamos uma ditadura por outra, pois isso também não vem ao caso. Se 1964 - num contexto de Guerra Fria - não foi uma vitória sobre o comunismo o que foi então? Talvez, se nos tivéssemos tornado aquela "Grande Cuba" o Sr. não tivesse tido a oportunidade de ter realizado tantas pesquisas com os militares brasileiros. Mas a História não aceita "talvez" e o Sr. bem sabe do perigo que o Brasil corria em 1964. Em 1965 o Sr. era professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Como historiador e pesquisador o Sr. não auscultava o que a população dizia daqueles anos? E depois, entre 1976 e 1977, quando o Sr. lecionou da Universidade de Brasília (UnB) não percebeu a ação deletéria das esquerdas sobre a vida acadêrmica brasileira? Afinal, que historiador o Sr. me saiu?
Mas um ataque à democracia e ao Brasil como um país livre...Para qual democracia o País estava indo? É como dizem: "O Brasil não é para principiantes!", ou o Sr. - que tanto nos estudou e, por isso, nem principiante pode ser considerado - não sabe da infiltração comunista no governo João Goulart? Das Ligas Camponesas? Da atuação de Prestes? Do apoio financeiro de Cuba? Isso tudo o Sr. não sabia?
Devo lembrar que as Forças Armadas de hoje não são as mesmas que as de 1964...Novamente nos jogam essa cunha ideológica para, noutra tentativa divisionista, tentar dissolver o amálgama que une as gerações de militares brasileiros. Como podem as Forças Armadas serem instituições permanentes e a cada momento serem tratadas como as de "ontem" e as de "hoje". Esta é uma das variadas formas de romper o compromisso da juventude militar das tradições históricas de cada uma das Forças Armadas. Verdadeira quimera buscada incessantemente pelas esquerdas.
As instituições militares de hoje no Brasil são politicamente neutras e totalmente engajadas na sua missão de defesa nacional...e de garantia da Lei e da Ordem! O Sr. esqueceu dessa parte da missão? Cabe às Forças Armadas defender o Brasil dos próprios brasileiros. Como não? Veja o que o que diz a missão de países tidos como muito desenvolvidos: defender a nação contra todos os tipos de inimigos, mesmo os domésticos. Ou o Sr. considera que estes não existem? Forças Armadas totalmente engajadas na defesa nacional? E as Forças Armadas de outros tempos não o foram igualmente? O Sr. que tanto nos estudou poderia citar uma oportunidade em que as Forças Armadas furtaram-se à defesa do Brasil por serem menos profissionais? Quanto a elas serem politicamente neutras aí eu concordo com o Sr. pois, toda a vez em que os militares brasileiros meteram-se com políticos deram-se mal. Não se trata de um juízo de valor É uma constatação histórica. Bem fazia Caxias. Quando o Império lhe dava poder militar sobre uma região ele logo pedia também o poder político local, pois bem sabia o que podia acontecer se assim não fosse.
Portanto Sr. Franck D. McCann, desça do pedestal a que o Sr. foi levado por essas mesmas Forças Armadas às quais ousa agora dar lições de moral e use o amplo conhecimento que tem de nós não para nos ser gratos, mas para ser honesto em seus propósitos de acadêmico e historiador..

Jorge Alberto Forrer Garcia
Coronel Reformado

Curitiba/PR

terça-feira, 1 de abril de 2014

Cebri-RJ: Brazil’s Global Role: losing momentum? - 2 Abril (vagas limitadas)


Amanhã, dia 2 de abril, a BBC realizará debate e gravação do 

Brazil’s Global Role: losing momentum? 

do programa World Tonight, promovido em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).

O evento, no Rio de Janeiro, encerra uma série de reportagens do especial realizado pelo veículo inglês sobre diferentes temas da realidade brasileira como segurança, educação, transporte e infra-estrutura. 

A ocasião será aberta ao público e a imprensa brasileira, mas conta com vagas limitadas.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Biquinho do Brasil contra os EUA por bisbilhotagem: quem perde mais?Debate NYT

As Brazil Snubs the U.S., Who Loses?
The New York Times, SEPTEMBER 24, 2013 6:27 PM

DEBATERS

INTRODUCTION

Sergei Karpukhin/ReutersBrazil’s president, Dilma Rousseff, and President Obama at the G20 summit in St. Petersburg, Russia.
After calling off a state visit to the White House because of revelations that the National Security Agency had spied on her personal communications, President Dilma Rousseff of Brazil told the U.N. General Assembly on Tuesday that the spying had violated international law and principles of human rights.
The dispute has stalled efforts to continue strengthening relations between the two countries as Brazil’s economic power has grown, and Washington has tried to reduce the influence of China. But which country has the most to lose from the deterioration in relations?
READ THE DISCUSSION »

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um debate sobre a educacao superior: seria ela dominada pelo mercado?

Tenho mantido, no espaço pouco adequado de "notas de rodapé", ou "notas de final de livro", ou seja, os comentários eventualmente recebidos neste blog -- um "debate", entrecortado, com o leitor Luiz Espíndola, sobre as peculiaridades do nosso sistema de ensino.
Embora o tema inicial fosse a meritocracia, e a oposição das máfias sindicais de professores estaduais (do RJ) a qualquer sistema de avaliação por desempenho dos seus caros afiliados, o debate acabou se concentrando na situação do ensino superior.
Os comentários do Luiz foram feitos a propósito desta minha postagem:

"Professores sao contra a meritocracia; eles preferem a mediocracia... - artigo de Jose Goldemberg"

Permito-me, sem remeter a todos os meus comentários, transcrever aqui o comentário mais recente recebido do Luiz: 

Prezado Paulo,
Entendi seus comentários em relação à gestão universitária que, segundo você, prejudica a produtividade, os resultados etc. 
Apesar de entender de forma um pouco distinta - a visão mercadológica é presente nas universidades e faz surgir um excesso de produção de qualidade questionável e que nunca são revisitados -, concordo que deva haver na reitoria gestores capacitados.
Não obstante, isso não é o bastante. A insuficiência reside na seguinte questão: por que o mercado deve ser referência quando se trata de educação? 
O reitor-gestor, no meu ponto de vista, ou deve ter suas origens na área de educação e ter especialização na área de gestão ou, quando não, o vice-reitor deve ser um economista nato.
O que quero dizer com isso. Compreendo que as bases epistemológicas das áreas do conhecimento (no exemplo aqui: pedagogia e economia) são distintas e sua seara de atuação deve ser bem definida. Com o objetivo principal de uma universidade? Educação. Então, as diretrizes devem ser pautas por concepções educacionais, com as ponderações (assessoramento) do especialista em economia ou gestão. O que não pode é um economista, a frente de uma reitoria, querer utilizar sua base para gerir o campo educacional. Quando isso acontece, distorções prejudiciais acontecem. A louvada, pelo professor Goldemberg (o do pitaco acima), meritocracia torna-se um câncer se não bem desenvolvida no âmbito educacional: no ensino básico, existe manipulação de números para receber os ganhos; no ensino superior, os Currículos Lattes se enchem de “produção improdutiva” para que as verbas continuem a correr pelos corredores universitários, oriundas dos órgãos de fomento à pesquisa.
Por fim, existe, ainda como reflexo positivista, uma hierarquia nas áreas de conhecimento, na qual as humanas são preteridas. Na prática, ninguém dá pitaco, com se fundamentado fosse, em uma obra de um engenheiro de qualquer área ou em um trabalho de física quântica – no primeiro caso, pode matar alguém e, no segundo, é muito distante do “pitaqueiro”. Entretanto, quando se trata de sociedade ou educação, qualquer um tem uma solução na ponta da língua, por se achar o assunto próximo ao “pitaqueiro”. Contudo, um olhar desnaturalizado já constrói uma complexidade que não se vislumbra na “ponta do iceberg”.
Essa hierarquização que gera muita incoerência: o que se mais vê encabeçando as secretarias de educação pelo Brasil são economistas ou administradores. Por que não vemos educadores ou sociólogos como secretários de fazenda?
Novamente, volto a minha ideia de que “cada um no seu quadrado”! 
Desculpe-me pelo tamanho do texto!
Com respeito,
Luiz Espindola


Acrescento agora meus comentários (PRA):

Caro Luiz, 
Sem tempo para fazer um comentário mais elaborado, peço desculpas por apenas comentar topicamente algumas afirmações suas: 
1) "... a visão mercadológica é presente nas universidades e faz surgir um excesso de produção de qualidade questionável e que nunca são revisitados..."
   PRA: Que existe uma imensa produção de baixa, e muito baixa qualidade, saindo aos borbotões dessas coisas que respondem (muitas indevidamente) pelo nome de universidades (tanto privadas, quanto públicas, mas especialmente nessas coisas que passam pelo nome de "humanidades"), disso eu não tenho nenhuma dúvida, mas o que é que o mercado tem a ver com isso???
   Ao meu ver, absolutamente NADA, e de fato nada. Isso é quantitativismo, REGULADO pelos órgãos dinossáuricos da (des)educação brasileira. Mercado seria se os escrevinhadores dessas coisas inúteis tivessem de disputar espaço num MERCADO definido pelas preferências do consumidor, ou seja, as demandas de outros cientistas ou acadêmicos. Mas não é, nem nunca foi o caso: essas coisas saem por revistas institucionais pagas pelo dinheiro público, depois de passaram por uma avaliação complacente dos "pares", segundo o velho princípio: "me publica que eu te publico".
   Você está confundindo quantitativismo -- estatísticas -- impostas pelo MEC-Capes, ou CNPq, ou seja, o Estado, com o mercado, que não tem nada a ver com isso.

2) "por que o mercado deve ser referência quando se trata de educação?"
    PRA: O Mercado, esse deus absoluto segundo os companheiros -- que adoram viver dos frutos do mercado, sem jamais contribuir com um grama de riqueza para ele -- não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER COM A EDUCAÇÅO. Ele só existe em função da incapacidade do poder público em prover escolas suficientes e de qualidade para todos, nos primeiros níveis, e da demanda da população por algo melhor do que as coisas oferecidas nas escolas públicas, de qualquer nível. Mas todas as regras, inclusive no ensino privado, são determinadas pelo ESTADO, inclusive essas excrescências ridículas que são a obrigatoriedade de ensino de "estudos afrobrasileiros" e de "espanhol" no primeiro ciclo, e a compulsoriedade de estudos de "Sociologia e Filosofia" no ciclo médio. 
   Seria bom se o mercado fosse realmente uma referência na educação, mas infelizmente não é o caso. O mercado somos todos nós, que queremos profissionais competentes para nos servir sob a forma de produtos ou serviços, e não profissionais incompetentes dotados de um diploma aceito por essa coisa horrorosa que se chama MEC. O mercado filtra imediatamente a competência ou incompetência dos egressos do sistema educacional, tanto é que se paga mais a alguém que tem diploma de uma universidade pública -- supostamente melhor -- do que a outro que tem um diploma de uma Faculdade Tabajara. isso é mercado, e acho que está certo. Mas deveria ser mais, não menos. Ou seja, se o mercado funcionasse, esses diplomas reconhecidos pelo MEC seriam filtrados pela competência específica do ofertante de mão-de-obra. Hoje em dia temos milhares de funcionários públicos fazendo cursinhos vagabundos, em faculdades Tabajara, apenas para, com os certificados fornecidos, inclusive por professores complacentes de instituições públicas, para que eles possam ganhar adicionais de salários por títulos. Isso é mistificação e fraude.

3) "O reitor-gestor, no meu ponto de vista, ou deve ter suas origens na área de educação e ter especialização na área de gestão ou, quando não, o vice-reitor deve ser um economista nato."
   PRA: Sou totalmente contrário. A área da educação no país é a que concentra o maior número de deformações, besteirol, ideologices e outros absurdos desse universo paulo-freire, que só forma as saúvas que estão acabando com o Brasil atual. A maior parte da educação é um lixo, e poderiam ser totalmente fechadas as faculdades de educação sem nenhum prejuízo da educação dos brasileiros, até com alívio.
Reitor tem de ser um administrador, ponto, de qualquer área, de qualquer especialização, desde que competente e munido de um programa de trabalho, de metas, e de resultados esperados, cobráveis por um conselho autônomo e independente. Professores, de educação ou não, podem até servir, mas isso não deveria ser o critério, e sim o pleito do candidato a reitor. As universidades americanas anunciam a vacância do cargo em jornais (leio sempre na Economist) e que se apresentem os candidatos, munidos de seus planos de administração. Ponto.
A economia ajuda, mas depende: um keynesiano de botequim, armado de suas loucuraas econômicas, pode fazer mais mal a uma universidade, do que um literato ou filósofo armado apenas de bom senso, e sentido de contas simples: dá para fazer?, quais são as alternativas para o uso desse dinheiro?; o Conselho (independente, e não apenas de professores) aprova? OK, vamos fazer.

4) "volto a minha ideia de que “cada um no seu quadrado”! "  
   PRA: Não acredito nesse tipo de enquadramento, de um nicho reservado a alguém. Acredito, por exemplo, que o diretor de um hospital não precisa ser médico, sequer entender de qualquer operação cirúrgica. Ele precisa ser um bom administrador, para que todas as áreas de funcionamento-fim tenham os meios necessários, com base em avaliações técnicas, não influenciadas pelo "médico-catedrático, que é uma sumidade" coisa e tal. Administração é administração, e o conselho deve, sim, ter pessoas competentes para aprovar o plano de trabalho e as metas.

Termino por aqui: infelizmente, a educação brasileira vai continuar afundando, lenta e seguramente.
Nem acredito que a prioridade seja o ensino superior. 
Eu concentraria os recursos nos dois primeiros níveis e nas escolas técnicas, ponto.
Universitários, vocês são bem grandinhos, virem-se, apelem ao mercado, ponto.
Sinceramente,
Paulo Roberto de Almeida