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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Crescimento nem sempre é tudo: o paradoxo dos quatro "d"s - Paulo Roberto de Almeida (OESP, 1994)

 Acho que não preciso acrescentar mais nada no que já escrevi em 1994, em Paris, lendo a imprensa econômica francesa, dentro de minhas atribuições como chefe do setor econômico da embaixada do Brasil. O curioso é que na mesma edição do excelente jornal de negócios Les Echos eu tive quatro matérias diferentes, mas cada uma focalizando um aspecto da realidade econômica internacional. Cada uma reproduzia um problema que parecia exatamente do Brasil: só que não era.

Acho que isso destrói um pouco a famosa teoria do Celso Furtado sobre o desenvolvimento, cujas características seriam diferentes nos países ricos e nos países em desenvolvimento. Sempre fui contra isso, dentro dos meus parcos conhecimentos de economia – sou da tribo dos sociólogos – e achava que apenas os resultados eram diferentes, mas que processos, mecanismos e ferramentas do crescimento econômico eram fundamentalmente os mesmos, provocando DESENVOLVIMENTO, e alguns casos, e POUCO desenvolvimento, em outros.

Os nossos desenvolvimentistas rezam pela cartilha furtadiana, o que eu nunca fui, ainda que admirando sua capacidade analítica e explicativa. Mas, como sempre pratiquei o CETICISMO SADIO, sempre mantive um pé atrás em qualquer argumento sociológico e até ECONÔMICO.

Fica aqui o artigo de 1994, para conferir se alguma realidade ou problema mudou, no Brasil e em outros países.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 29/12/2020

Crescimento nem sempre é tudo

 

Paulo Roberto de Almeida

O Estado de São Paulo, 11/09/1994, Opinião, p. 2.

 

Desenvolvimento, desigualdade, desemprego e desequilíbrio: esses quatro “d”s podem apresentar-se como paradoxos no caso de uma economia em crescimento, como a do Brasil.

Comecemos pelo editorial de um jornal econômico: “É lógico que dirigentes ressaltem dados que demonstram o sucesso de sua política. Os indicadores convergem: o desemprego baixa, a inflação está controlada, o produto bruto está em alta. Mas, eles divulgaram também uma pesquisa sobre a renda das famílias. Descobre-se que um quarto das famílias e uma criança em três vivem hoje na pobreza. Seus recursos não alcançam o limite mínimo fixado pelas autoridades. A renda média progrediu 36% em 15 anos, mas os 20% mais pobres nunca foram beneficiados. Quanto aos 10% mais pobres, a renda média real baixou em 17%. Tal contradição obriga a perguntar qual o sentido da noção de desenvolvimento: esse agravamento das desigualdades traz o risco de uma explosão social sobre a qual os índices de crescimento não dão a mínima ideia”.

Brasil? Não! Trata-se da Grã-Bretanha, que passou à frente dos demais países europeus em crescimento e redução do desemprego. Mas, a combinação de crescimento e de aumento das desigualdades sociais e da concentração de renda apresenta um curioso aspecto “brasileiro”.

Vejamos outra citação: “Se a produtividade de nossos trabalhadores fosse a mesma de seus homólogos americanos, o produto interno bruto poderia ser realizado com uma população ativa de apenas 40 milhões de pessoas, contra 60 milhões atualmente. Ou seja, nós teríamos 20 milhões de trabalhadores sobrando”.

Brasil, novamente? Não, trata-se do Japão. A “Nikkeiren”, federação patronal, publicou uma pesquisa que traz a angustiosa conclusão de que os progressos da produtividade no país podem condenar 1/3 da população economicamente ativa ao desemprego. É apenas uma ameaça, mas ressalta a necessidade de controlar a alta de preços e dos salários para manter a competitividade externa. Os japoneses estão preocupados: a alta do yen e as deslocalizações industriais podem acarretar o fenômeno relativamente desconhecido, para eles, do desemprego.

Terminemos pela luta entre o poder central e governos estaduais para “racionalizar” a divisão da receita: “A divisão proposta entre a União e os estados, visando aumentar os recursos do Governo central, ainda não foi aceita por vários governadores. Os dois estados mais ricos recusam-se a seguir as recomendações do Governo central ou contribuir em favor dos estados mais pobres. Mesmas dificuldades para a reforma das estatais no limite da falência e mantidas graças a subsídios. Todo mundo sabe que será preciso, mais cedo ou mais tarde, desfazer-se dessas empresas, que custam muito caro para o Estado. Mas, todos temem as consequências sociais dessas falências”.

Ah, agora trata-se do Brasil ! Ainda não... Trata-se da China, esse fenômeno mundial. Ela vem passando por altas taxas de crescimento, mas os desequilíbrios regionais vêm acentuando-se a ponto de colocar em risco a unidade política do país. E, claro, nenhum governador quer ceder recursos para o Governo central, que tem a seu encargo algumas pesadas estatais ávidas por subsídios públicos.

Desenvolvimento, desigualdade, desemprego e desequilíbrio: quatro fenômenos paradoxais, ilustrados com exemplos diversos, mas que demonstram, de maneira angustiante, que o crescimento e a produtividade não resolvem problemas de emprego e de bem-estar social.

Esses paradoxos não são exclusivos de países pobres, já que a Grã-Bretanha e a França estão descobrindo agora o fenômeno da exclusão social (que é a pobreza do Norte). A economia pode ir bem e a riqueza aumentar, deixando ao mesmo tempo uma parte da população nos limites da precariedade. O Japão precisa enfrentar os dilemas da produtividade e do pleno emprego. O caso da China, por outro lado, indica que toda reforma econômica é sempre difícil, pois ela implica redistribuir recursos escassos, nem sempre com o assentimento de quem está ficando rico. Em tempo: todos os casos e citações foram retirados da mesma edição do jornal econômico francês Les Echos (22/08/1994). 

 

Paulo Roberto de Almeida é mestre em economia internacional e doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas. 

 

450. “O Paradoxo dos 4 ‘d’s”, Paris, 23 agosto 1994, 2 p. Artigo com base em notícias econômicas sobre desigualdade, desemprego e desequilíbrio em outros países. Encaminhado por Alberto Tamer. Publicado, sob o título “Crescimento nem sempre é tudo”, em O Estado de São Paulo (11 setembro 1994, p. 2). Relação de Publicados n. 160.

 

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Venezuela: 200% de inflação, 50% de desemprego, retração econômica de 33% em 2019, sobre queda à metade desde Maduro

Venezuela cerrará el año con una inflación del 200.000%
El FMI rebaja la previsión del alza de precios, aunque la economía se reducirá un tercio a finales de 2019
Florantonia Singer
 El País, Madri – 17.10.2019

En julio el Fondo Monetario Internacional (FMI) comenzó a recalcular las estimaciones de la brutal hiperinflación que vive Venezuela desde hace dos años y en su nuevo informe de este martes la ha rebajado nuevamente. El país sudamericano, inmerso en una profunda crisis humanitaria y política, cerrará el año con 200.000% de inflación y una estimación de 500.000% para 2020. El indicador está muy por debajo del aterrador pronóstico que hacía el organismo multilateral el año pasado de un indicador del 10.000.000%, que en el trimestre pasado ya había rebajado a 1.000.000%. La reducción de ceros no implica, sin embargo, un escenario más alentador para la nación petrolera.
El régimen de Nicolás Maduro ha aplicado medidas parciales y tardías, en opinión de los economistas, para controlar la subida de los precios y la depreciación del bolívar. El aumento del encaje legal bancario ha sido una de las más extremas, pues la restricción del financiamiento crediticio a las empresas ha tenido un costo muy alto para la actividad económica. Además, después de 15 años de férreos controles de precios y de cambio, el chavismo ha flexibilizado de forma no oficial las fiscalizaciones a comercios, lo que ha llevado a una vuelta de hoja demencial en cotidianidad venezolana, en la que por años había visto en Venezuela: anaqueles llenos de productos básicos y ofertas, pero pocos ciudadanos con capacidad para adquirirlos.
La contracción del Producto Interno Bruto sigue en picada como desde hace cinco años y el FMI la calcula en 35% para cierre de 2019 y con una caída menos severa, del 10%, para 2020. En un lustro de encogimiento sostenido de la economía, este año se producirá la reducción más significativa. Desde que Maduro llegó al poder la economía del país se ha contraído a la mitad; en 2019 se achicará otro tercio. Según los datos del organismo, la relación de las caídas ha sido así: en 2018 fue de 18%, en 2017 de 15,7%, en 2016 de 17%, en 2015 de 6,2% y en 2014 de 3,9%. “Se prevé que continúe el colapso multianual de la producción. La profunda crisis humanitaria y la implosión económica en Venezuela continúan teniendo un impacto devastador, y se espera que la economía se reduzca en aproximadamente un tercio en 2019”, refiere el informe presentado este martes.
El FMI destaca que el empeoramiento de las condiciones macroeconómicas entre 2017 y 2019 en un pequeño grupo de países, entre ellos Venezuela, Argentina, Turquía e Irán, ha incidido en una disminución del crecimiento global de 3,8% en 2017 a 3% este año. Para el país caribeño también prevé un aumento del desempleo de 47,2% en 2019 a 50,5% en 2020.
Pese a la desaceleración de los precios que se ha registrado desde julio, la hiperinflación está todavía lejos de desaparecer de la vida de los venezolanos. El Gobierno de Maduro había controlado el gasto fiscal retrasando el incremento del salario mínimo. En 2018 hizo aumentos cada dos meses para compensar el aumento de precios, pero este lunes le tocó dictar su tercer incremento del año, después de seis meses sin ajuste que llevaron la remuneración a un mínimo histórico de menos de 2 dólares mensuales. La reducción de los ingresos por la merma en la producción en la petrolera, sumado a la camisa de fuerza que han supuesto las sanciones económicas de Estados Unidos, obligarán a un aumento de la base monetaria a través de la impresión de dinero sin respaldo, que seguramente disparará los precios.
Maduro ha anunciado que se reunirá con su equipo para definir una nueva “ofensiva económica” para lo que resta de 2019. El plan anunciado en agosto de 2018, que incluyó la resta de cinco ceros a la moneda y la emisión de nuevos billetes, se fue al traste en menos de un año. El nuevo bolívar soberano nació con un cono monetario cuyo billete de mayor denominación era de 500 bolívares y 10 meses después el Banco Central debió emitir nuevas piezas que ahora llegan hasta 50.000 bolívares, que apenas alcanzan para pagar dos cafés con leche en una panadería.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

O Brasil do futuro: desemprego ate onde a vista alcanca? - Daniel Duque (FGV-IBRE)

Análise: Perspectivas desoladoras para o desemprego no Brasil

Mesmo que a conjuntura melhore, milhões de brasileiros devem continuar sem trabalho na próxima década, em meio à digitalização e ao abismo entre baixa qualificação profissional e exigências dos empresários.
    
Baixa qualificação dos brasileiros é desoladora, e tecnologia vai rebentar com os empregos.Funcionários de call-center
Call center é saída para cada vez mais universitários e jovens com ensino médio completo
O economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), divulgou nesta semana prognósticos desoladores: com um crescimento econômico anual projetado de menos de 2%, só em 2033 o desemprego no Brasil retrocederá novamente para abaixo dos 10%.
No momento, 12,5% da população economicamente ativa está sem trabalho, depois de um mínimo de 6,2% em 2013. Contudo, na época o governo pagou caro por esse nível de ocupação, com um déficit estatal alto – muito mais gastos do que arrecadação – e preços elevados de energia e transporte, por exemplo. A economia do país sofre até hoje as consequências dessa "política de emprego".
Hoje são 13,2 milhões de desempregados, e os números são ainda mais desoladores, se considerados também os que estão subempregados ou desistiram de procurar trabalho, com o total de afetados chegando a 28,4 milhões.
Em comparação: com 512 milhões de habitantes, ou seja, cerca de duas vezes e meia a população do Brasil, a União Europeia tem 16 milhões de desempregados, além de redes de assistência social ausentes no Brasil. E isso apesar de alguns Estados do bloco europeu também apresentarem taxa alta de desemprego.
Por mais sombrios que soem os prognósticos de Duque, é preciso notar que eles se baseiam em estimativas conjunturais otimistas. Um crescimento médio do PIB de cerca de 2% ao ano é bem superior ao que o Brasil tem apresentado historicamente. Desde 1980 o crescimento per capita tem estado bem abaixo da média da economia mundial, limitando-se a cerca de 1% ao ano.
O país ainda não tomou consciência da bomba prestes a explodir em seu mercado de trabalho. Pois o desemprego ainda deve crescer, quando, devido à digitalização da sociedade brasileira, ainda mais cidadãos perderem seus empregos. A recessão e o mercado fechado, com pouca concorrência, proporcionou às empresas nacionais uma pausa para respirar, em termos de modernização e automatização.
Há mais de duas décadas a produtividade das empresas brasileiras está estagnada. Porém os planos de abertura do mercado as forçam agora a modernizar suas unidades – do contrário, não terão chance contra os produtos importados, e muito menos poderão competir na exportação: a palavra-chave é "indústria 4.0". Nesse processo de reestruturação, os brasileiros perderão postos de trabalho em massa, acompanhando a reviravolta estrutural que se realiza em todo o mundo.
A grande diferença é que a formação profissional dos brasileiros é especialmente deficiente. Um exemplo: a firma Atento, que opera redes de call centers e telemarketing e se apresenta como maior empregadora do país, recentemente anunciou 1.200 vagas na bolsa de empregos de São Paulo. Apresentaram-se 600 interessados, e apenas sete vagas foram preenchidas. A rede de supermercados Pão de Açúcar também ofereceu 2 mil empregos: 700 pessoas pareciam ser adequadas para vagas, mas somente 32 postos foram ocupados até agora.
Segundo Ricardo Patah, presidente da União Geral do Trabalhadores (UGT), o motivo para tantas vagas abertas em meio ao alto desemprego é a falta de candidatos que dominem as operações aritméticas básicas, saibam se expressar e possuam conhecimentos mínimos de informática que lhes permitam trabalhar no caixa ou operar um PC com monitor.
O abismo entre as exigências dos empresários e a qualificação existente fica cada vez maior: dos 13,4 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2019, 635 mil eram considerados difíceis de colocar no mercado – mais do que o dobro do que em 2014, antes da recessão.
Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), calcula que dentro de dez anos 1,4 milhão de brasileiros não terão qualquer chance de conseguir emprego por falta de qualificação, mesmo que o país volte a crescer economicamente. Cada vez mais universitários ou jovens com ensino médio completo assumem funções simples, de caixa ou num call center, os quais, a rigor, são empregos típicos de baixa qualificação no Brasil.
Ainda assim, há um lampejo de esperança no mercado de trabalho brasileiro: pela primeira vez em quatro anos, no primeiro semestre de 2019 aumentou o número dos empregados fixos.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Desemprego continua aumentando no Brasil - ItauMacroeconomica

Os companheiros conseguiram, com a Grande Destruição provocada na economia, causar o maior desemprego de nossa história econômica, e ainda insistem em defender "direitos" trabalhistas da nossa anacrônica legislação laboral.
Paulo Roberto de Almeida

Desemprego atinge 13,7% no 1o. Trimestre de 2017
 Itaú Macro, 28/04/2017
 
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), a taxa de desemprego nacional atingiu 13,7%, contra 13,2% no trimestre concluído em fevereiro. Usando nosso ajuste sazonal, observamos alta do desemprego que passou de 13,1% para 13,2% em março, vigésima oitava alta consecutiva. Projetamos que a taxa de desemprego continue em alta ao longo deste ano.
A desinflação em curso está levando a aumentos da massa salarial real, apesar da queda da população ocupada.

Taxa de desemprego aumentou 2,8  p.p. ante março de 2016
A taxa de desemprego nacional atingiu 13,7% em março[1], ligeiramente acima da nossa expectativa (13,5%) e em linha com o consenso do mercado. O resultado representa uma alta de 2,8 p.p. ante a taxa de desemprego observada no mesmo período do ano passado (10,9%). Usando nosso ajuste sazonal, houve alta da taxa de desemprego de 13,1% em fevereiro para 13,2% em março. A população economicamente ativa (PEA) subiu 0,1% na margem, e 1,4% ante o mesmo período do ano anterior. A população ocupada recuou 0,1% na comparação mensal e está 1,9% abaixo do mesmo período do ano anterior. O emprego no setor privado com carteira de trabalho (-0,5% ante o mês anterior, após ajuste sazonal) foi o que contribuiu para a redução do emprego total.
A taxa de participação (razão entre a PEA e a População em Idade Ativa) subiu 0,1pp para 61,6% (ajustado sazonalmente) e segue ligeiramente acima da média histórica (61,3%).
Contrações da massa salarial real seguem se atenuando
O rendimento nominal habitual aumentou 1,0% em março (dados ajustados sazonalmente). Na comparação ante o mesmo mês de 2016, o crescimento acelerou de 6,8% para 7,2%.
O salário médio real cresceu 0,8% (após ajuste sazonal), a sexta alta consecutiva na margem e continua sendo beneficiado pela desinflação. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 2,3%.
Finalmente, a massa salarial real avançou 0,6% no mês, com a contribuição positiva da desinflação mais do que compensando os efeitos da queda da população ocupada. Na comparação anual, a massa salarial segue melhorando (ver gráfico). Em março, houve alta 0,6% ante o mesmo período do ano anterior (ante -0,3% em fevereiro).
Conclusão 
A PNAD Contínua segue mostrando alta do desemprego, que passou de 13,1% para 13,2% (usando nosso ajuste sazonal), a vigésima sétima alta seguida. Projetamos que esta tendência continue à frente, uma vez que o ciclo de contração da atividade econômica ainda não teve seu impacto completo no mercado de trabalho.

Artur Manoel Passos


[1]Todos os dados da PNAD Contínua são divulgados em médias móveis de três meses

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Fiasco da Pátria Educadora - Celso Ming

A situação, na verdade, é muito pior, mas muito mais pior, como diria o grande apedeuta, do que vocês sequer podem imaginar. Estar nos últimos lugares do Pisa é apenas uma tragédia menor, comparada à catástrofe que é saber que essa situação não vai melhorar, e sim piorar, pois nenhuma, repito NENHUMA política correta está sendo implementada para corrigir os incontáveis equívocos cometidos pelos companheiros, que nesse setor foram muito mais danosos e prejudiciais à nação do que os bilhões roubados pelos gatunos do partido totalitário. Dinheiro roubado se repõe ou se faz novamente, mas educação roubada e destruída isso não tem volta e vai durar anos e décadas para consertar, e isso IF AND WHEN começarem a fazer as coisas certas, o que é amplamente duvidoso.
Paulo Roberto de Almeida


Fiasco da Pátria Educadora

O aumento da produtividade do trabalho que o ministro Joaquim Levy reclama não vai acontecer espontaneamente, sem políticas específicas para isso

Celso Ming
O Estado de S. Paulo, 13 Maio 2015 | 21h 00
 O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, advertiu nesta quarta-feira, em Londres, que, “sem forte ganho em produtividade, não podemos apoiar salários mais altos”.
O assunto é objeto de reiteradas advertências do Banco Central por seu impacto sobre a inflação. Quando os salários crescem mais do que a produtividade do trabalho, o resultado é a alta de preços, pelo efeito demanda. Aumentos de salário produzem mais procura por bens e serviços e, quando isso acontece acima do aumento da oferta, é inevitável a inflação, que é o mecanismo natural, digamos assim, de ajuste de uma distorção.
No depoimento que fez dia 29 de abril no Congresso, o ministro Joaquim Levy apresentou a tabela e o gráfico que vão reproduzidos aí acima. Mostram que o rendimento médio do brasileiro (portanto os salários) cresceu substancialmente mais do que a produtividade da economia, a produtividade do trabalho e a produtividade do capital.
É um equívoco afirmar que os salários aumentaram demais apenas por pressão dos sindicatos e das bancadas trabalhistas no Congresso. Os salários aumentaram consideravelmente mais do que o ritmo da economia porque a política econômica criou aumento da demanda por mão de obra. Tanto isso é verdade que, ao longo dos dois últimos anos, o mercado de trabalho operou praticamente em regime de pleno-emprego.
Agora os indicadores mostram avanço do desemprego, o que tende a derrubar, também, a renda média do trabalhador, uma vez que a economia brasileira, que já andava devagar quase parando, entrou em recessão. O fator que começou a agir para derrubar os salários é, portanto, o esfriamento do mercado de trabalho e não alguma coisa ligada à eficácia da mão de obra.
A produtividade do trabalho muito baixa no Brasil é também uma consequência da falta de políticas que procurem melhorar o desempenho da mão de obra no País. Isso se faz com melhora da qualidade de ensino e de treinamento.
A Pátria Educadora é um enorme fiasco nesses misteres. O mau desempenho dos estudantes brasileiros nas avaliações internacionais e os movimentos generalizados de greves de professores mostram a situação crítica do ensino no Brasil, apenas o 60.º colocado, na avaliação da qualidade do ensino feita em 76 países pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como está no Confira.
Embora pareça ter entendido o atraso do desenvolvimento econômico e social produzido por esses fracassos, o governo Dilma só consegue apontar soluções a longo prazo, quando o regime de partilha do pré-sal tiver proporcionado rendimentos da produção de petróleo.
O aumento da produtividade do trabalho que o ministro Joaquim Levy reclama não vai acontecer espontaneamente, sem políticas específicas para isso. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: mentiras companheiras sobre FMI e desemprego

Parece que é uma obsessão: a candidata oficialista, mais bem oficiosa, continua exibindo seus fabulosos dotes para a mentira e a mistificação, não tanto por iniciativa própria, pois ela pouco entende do que está falando, mas porque segue determinações dos apparatchiks do partido totalitário e pelos marketeiros pagos a peso de ouro.
Ela ainda afirmou, nesta segunda-feira 20, a mesma mentira que vem propagando desde o início da campanha eleitoral, a saber, que o governo FHC "quebrou o Brasil três vezes", e que seus adversários criaram desemprego.
A matéria está aqui:

http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,em-carreata-no-rio-dilma-afirma-que-tucanos-se-ajoelharam-diante-do-fmi,1579647

Já ofereci minha contribuição sobre o tema das relações do Brasil com o FMI, mas me permito acrescentar aqui algumas considerações sobre  a questão do desemprego.
Sobre o Brasil e o FMI, recomendo, antes da leitura do material abaixo, visitar estes dois links deste blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/o-brasil-nao-quebrou-tres-vezes-mentira.html
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/eleicoes-2014-o-brasil-quebrou-3-vezes.html

Agrego mais algumas considerações:


A alegação de que o governo do PSDB “quebrou o Brasil três vezes”, e a de que o Brasil “teve de se humilhar frente ao Fundo Monetário Internacional, aceitando imposições na política econômica para receber milhões de empréstimo”, constituem deslavadas mentiras. Diversos economistas respeitáveis já desmantelaram essa mistificação, mas os companheiros e sua candidata continuam a repetir isso, como se uma mentira repetida diversas vezes pudesse virar uma verdade, como dizia Goebbels, o famigerado ministro da propaganda de Hitler. Como os antigos fascistas e nazistas, o PT também parece gostar desse tipo de propaganda mentirosa.
A verdade é a seguinte. Os anos 90 foram muito conturbados no plano financeiro. O Brasil estava recém saindo de uma inflação de 900% ao ano, tentando consolidar o Plano Real, quando o México, em dezembro de 1994, enfrentou graves problemas cambiais, que também  afetaram o Brasil. Três anos depois, em 1997, foi a vez dos países asiáticos entrarem em convulsão, inclusive com a queda de vários governos na região. Mas o mais terrível, para o Brasil, foi a moratória russa, em agosto de 1998, dando um calote monumental em vários bancos europeus e num grande fundo americano. Os mercados imediatamente se retraíram, e cessaram todos os tipos de financiamento internacional, até mesmo para operações de comércio exterior. Com essa retração, as reservas do Brasil diminuíram bastante, e embora não houvesse risco imediato, o governo FHC resolveu ampliar essas reservas apelando ao FMI e a diversos países credores. 
Seria preciso deixar bem claro que o Brasil NUNCA quebrou, nem uma, nem duas, nem três vezes. Em todas as oportunidades, o Brasil negociou acordos PREVENTIVOS com o FMI, que colocou à disposição do país alguns bilhões de dólares que reforçaram as reservas internacionais. Foram 20 bilhões de dólares da primeira vez, 10 da segunda e 30 bilhões da terceira vez.
Em 2001 a Argentina quebrou espetacularmente e isso afetou o Brasil também, já que muitos investidores externos não fazem muitas distinções entre mercados emergentes. O Brasil fez um novo acordo com o FMI, pois em 2000, passado o perigo da moratória russa, o Armínio Fraga, na época presidente do Banco Central, já tinha pago a maior parte do dinheiro emprestado no final de 1998. 
Finalmente, em 2002, novas turbulências surgiram, mas em escala muito mais vasta, e por uma razão muito simples: todo mundo temia o que pudesse acontecer no Brasil, depois de anos e anos que os "economistas" do PT pregavam ruptura dos contratos e calotes na dívida externa e até na dívida interna. Esta foi a razão de porque o Brasil teve de ir mais uma vez ao FMI, em 2002, diga-se de passagem, para negociar um acordo que foi feito para beneficiar o governo Lula. Este ficou tão agradecido que até falou em convidar o Armínio para continuar colaborando com o seu governo. Isso está documentado, no próprio livro que o ministro Palocci publicou sobre o seus anos como ministro.
  O Brasil quebrou, sim, uma vez mas foi em 1987, na moratória do Sarney, hoje aliado dos companheiros, uma decisão irrefletida, tomada por influência de muitos economistas que ainda hoje apoiam o governo companheior. Esse gesto deixou o Brasil isolado dos mercados internacionais de capitais durante vários anos. Nenhum país normal pode achar bom ficar sem a possibilidade de recorrer a mercados externos de capitais, e o  governo  companheiro faz isso, de forma contínua e normal, recorrendo aos mercados internacionais sempre quando necessário
Por fim, o empréstimo negociado em 2002 para ajudar o governo Lula, foi estendido duas outras vezes pelo ministro Palocci, que, aliás, sabiamente, ainda aumentou o superávit primário que tínhamos negociado com o FMI em mais meio ponto do PIB. O presidente Lula, num gesto bem mais demagógico do que de sapiência econômica, resolveu terminar esse acordo com o FMI em 2005, mais por razões eleitorais do que outra coisa: esse empréstimo poderia continuar por dois ou três anos mais, e o Brasil só pagava 4,5% de juros ao ano por ele; sem ele, o Brasil continuou a tomar dinheiro lá fora, mas em bases comerciais, custando o dobro disso. Ou seja, o gesto de Lula custou vários milhões de dólares ao Brasil.
 
Sobre a Taxa de Desemprego:
   A candidata vive dizendo que os governos lulo-petistas criaram milhões de empregos e que nunca antes na história do Brasil a taxa de desemprego foi tão baixa. A realidade não é bem essa, como explico a seguir.
A taxa de desemprego anunciada pelo IBGE não reflete a realidade do mercado de trabalho em nosso país. Ela é calculada unicamente sobre um quinto da população ativa do país, e apenas e tão somente em seis grandes regiões metropolitanas. Em números claros, estamos falando de pouco mais de 20 milhões de pessoas, num total de 113 milhões de brasileiros em condições de trabalhar. Ou seja, muito pouco para medir a taxa de desemprego real.
Os companheiros também se vangloriam de estar assistindo, por meio do Bolsa Família, 13 milhões e meio de famílias, ou seja, quase 55 milhões de pessoas. Não sei se é o caso de exibir orgulho pelo fato de o País ter praticamente um quarto da sua população como dependentes oficiais do Estado. Isso é uma Argentina inteira, com um cartão magnético, o que não tira ninguém da pobreza, apenas subsidia o consumo de pessoas pobres. Não sei tampouco se é normal um país ter um número tão elevado de assistidos, mas isso é uma outra discussão. Vamos à taxa de desemprego.
Pode-se calcular quantos, na população assistida pelo Bolsa Família, poderiam estar na população economicamente ativa, e trabalhando em empregos formais? Calculando por baixo, devem ser pelo menos três milhões de pessoas, que simplesmente estão fora do mercado de trabalho porque de outro modo perderiam o acesso ao esquema oficial de ajuda.
Pois bem, se juntarmos a taxa de desemprego do IBGE, já metodologicamente falha, mas que dá 5,7% da população economicamente ativa, a esse contingente de assistidos, a taxa de desocupação efetiva poderia subir para até 16%  do total, ou seja, quase três vezes a taxa oficial. A nossa taxa de atividade atualmente, segundo o IBGE, é de 57% da população em idade de trabalhar, mas ela deveria ser de pelo menos 64%.

Paulo Roberto de Almeida  
Hartford, 20/10/2014


 



terça-feira, 29 de julho de 2014

Os sindicatos sao maquinas de provocar desemprego - George Reisman (Mises)

Labor Unions Are Anti-Labor
by George Reisman
Von Mises Institute, on July 28, 2014

Many Americans, perhaps a substantial majority, still believe that, irrespective of any problems they may have caused, labor unions are fundamentally an institution that exists in the vital elf-interest of wage earners. Indeed, many believe that it is labor unions that stand between the average wage earner and a life of subsistence wages, exhausting hours of work, and horrific working conditions.
Labor unions and the general public almost totally ignore the essential role played by falling prices in achieving rising real wages. They see only the rise in money wages as worthy of consideration. Indeed, in our environment of chronic inflation, prices that actually do fall are relatively rare.
Nevertheless, the only thing that can explain a rise in real wages throughout the economic system is a fall in prices relative to wages. And the only thing that achieves this is an increase in production per worker. More production per worker — a higher productivity of labor — serves to increase the supply of goods and services produced relative to the supply of labor that produces them. In this way, it reduces prices relative to wages and thereby raises real wages and the general standard of living.
What raises money wages throughout the economic system is not what is responsible for the rise in real wages. Increases in money wages are essentially the result just of the increase in the quantity of money and resulting increase in the overall volume of spending in the economic system. In the absence of a rising productivity of labor, the increase in money and spending would operate to raise prices by as much or more than it raised wages. This outcome is prevented only by the fact that at the same time that the quantity of money and volume of spending are increasing, the output per worker is also increasing, with the result that prices rise by less than wages. A fall in prices is still present in the form of prices being lower than they would have been had only an increase in the quantity of money and volume of spending been operative.
With relatively minor exceptions, real wages throughout the economic system simply do not rise from the side of higher money wages. Essentially, they rise only from the side of a greater supply of goods and services relative to the supply of labor and thus from prices being lower relative to wages. The truth is that the means by which the standard of living of the individual wage earner and the individual businessman and capitalist is increased, and the means by which that of the average wage earner in the economic system is increased, are very different. For the individual, it is the earning of more money. For the average wage earner in the economic system, it is the payment of lower prices.
What this discussion shows is that the increase in money wages that labor unions seek is not at all the source of rising real wages and that the source of rising real wages is in fact a rising productivity of labor, which always operates from the side of falling prices, not rising money wages.
Indeed, the efforts of labor unions to raise money wages are profoundlyopposed to the goal of raising real wages and the standard of living. When the unions seek to raise the standard of living of their members by means of raising their money wages, their policy inevitably comes down to an attempt to make the labor of their members artificially scarce. That is their only means of raising the wages of their members. The unions do not have much actual power over the demand for labor. But they often achieve considerable power over the supply of labor. And their actual technique for raising wages is to make the supply of labor, at least in the particular industry or occupation that a given union is concerned with, as scarce as possible.
Thus, whenever they can, unions attempt to gain control over entry into the labor market. They seek to impose apprenticeship programs, or to have licensing requirements imposed by the government. Such measures are for the purpose of holding down the supply of labor in the field and thereby enabling those fortunate enough to be admitted to it, to earn higher incomes. Even when the unions do not succeed in directly reducing the supply of labor, the imposition of their above-market wage demands still has the effect of reducing the number of jobs offered in the field and thus the supply of labor in the field that is able to find work.
The artificial wage increases imposed by the labor unions result in unemployment when above-market wages are imposed throughout the economic system. This situation exists when it is possible for unions to be formed easily. If, as in the present-day United States, all that is required is for a majority of workers in an establishment to decide that they wish to be represented by a union, then the wages imposed by the unions will be effective even in the nonunion fields.
Employers in the nonunion fields will feel compelled to offer their workers wages comparable to what the union workers are receiving — indeed, possibly even still higher wages — in order to ensure that they do not unionize.
Widespread wage increases closing large numbers of workers out of numerous occupations put extreme pressure on the wage rates of whatever areas of the economic system may still remain open. These limited areas could absorb the overflow of workers from other lines at low enough wage rates. But minimum-wage laws prevent wage rates in these remaining lines from going low enough to absorb these workers.
From the perspective of most of those lucky enough to keep their jobs, the most serious consequence of the unions is the holding down or outright reduction of the productivity of labor. With few exceptions, the labor unions openly combat the rise in the productivity of labor. They do so virtually as a matter of principle. They oppose the introduction of labor-saving machinery on the grounds that it causes unemployment. They oppose competition among workers. As Henry Hazlitt pointed out, they force employers to tolerate featherbedding practices, such as the classic requirement that firemen, whose function was to shovel coal on steam locomotives, be retained on diesel locomotives. They impose make-work schemes, such as requiring that pipe delivered to construction sites with screw thread already on it, have its ends cut off and new screw thread cut on the site. They impose narrow work classifications, and require that specialists be employed at a day’s pay to perform work that others could easily do — for example, requiring the employment of a plasterer to repair the incidental damage done to a wall by an electrician, which the electrician himself could easily repair.
To anyone who understands the role of the productivity of labor in raising real wages, it should be obvious that the unions’ policy of combating the rise in the productivity of labor renders them in fact a leading enemy of the rise in real wages. However radical this conclusion may seem, however much at odds it is with the prevailing view of the unions as the leading source of the rise in real wages over the last hundred and fifty years or more, the fact is that in combating the rise in the productivity of labor, the unions actively combat the rise in real wages!
Far from being responsible for improvements in the standard of living of the average worker, labor unions operate in more or less total ignorance of what actually raises the average worker’s standard of living. In consequence of their ignorance, they are responsible for artificial inequalities in wage rates, for unemployment, and for holding down real wages and the average worker’s standard of living. All of these destructive, antisocial consequences derive from the fact that while individuals increase the money they earn through increasing production and the overall supply of goods and services, thereby reducing prices and raising real wages throughout the economic system, labor unions increase the money paid to their members by exactly the opposite means. They reduce the supply and productivity of labor and so reduce the supply and raise the prices of the goods and services their members help to produce, thereby reducing real wages throughout the economic system.
Note: The views expressed in Daily Articles on Mises.org are not necessarily those of the Mises Institute.
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George Reisman, Ph.D., is Pepperdine University Professor Emeritus of Economics and the author of Capitalism: A Treatise on Economics (Ottawa, Illinois: Jameson Books, 1996; Kindle Edition, 2012). See his Amazon.com author's page for additional titles by him. His website iswww.capitalism.net and his blog is www.georgereismansblog.blogspot.com. Follow him onTwitter See George Reisman's article archives.
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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Aumento de salario minimo causa mais desemprego e mais pobreza - George Reisman (Mises)

Aliás, não só o aumento, mas a própria instituição do salário mínimo exclui dezenas, centenas, milhares, centenas de milhares, talvez milhões, do mercado de trabalho, ou seja, confirmando o que diz o articulista abaixo, do Mises Institute, dos EUA.
Por outro lado, um salário mínimo nacional homogêneo, como existe no Brasil, desprezando as desigualdades regionais e os diferentes componentes de custo de vida em cada uma das regiões não é apenas excludente socialmente, é também estúpido economicamente, pois que tendo de ficar no meio termo entre SP e os confins da Amazônia, sendo inadequado para ambas as regiões, muito pouco para a primeira, muito para a segunda.
Já sabemos, por outro lado, o que ocorre com as taxas reais de desemprego, graças ao artigo de Leandro Roque, mais abaixo. O Brasil deve ser o único país do mundo em que o "desemprego" cai, ao mesmo tempo em que o seguro-desemprego aumenta. Mais uma jabuticaba.
O Brasil é repleto de irracionalidades desse tipo...
Paulo Roberto de Almeida


Mises Institute, on April 4, 2014

An Open letter to Thomas Perez, U.S. Secretary of Labor
Dear Secretary Perez:

Raising the minimum wage is a formula for causing unemployment among the least-skilled members of society. The higher wages are, the higher costs of production are. The higher costs of production are, the higher prices are. The higher prices are, the smaller are the quantities of goods and services demanded and the number of workers employed in producing them. These are all propositions of elementary economics that you and the President should well know.
It is true that the wages of the workers who keep their jobs will be higher. They will enjoy the benefit of a government-created monopoly that excludes from the market the competition of those unemployed workers who are willing and able to work for less than what the monopolists receive.
The payment of the monopolists’ higher wages will come at the expense of reduced expenditures for labor and capital goods elsewhere in the economic system, which must result in more unemployment.
Those who are unemployed elsewhere and who are relatively more skilled will displace workers of lesser skill, with the ultimate result of still more unemployment among the least-skilled members of society.
The unemployment directly and indirectly caused by raising the minimum wage will require additional government welfare spending and thus higher taxes and/or greater budget deficits to finance it.
Your and the President’s policy is fundamentally anti-labor and anti-poor people. While it enriches those poor people who are given the status of government-protected monopolists, it impoverishes the rest of the economic system to a greater degree. It does this through the combination both of taking away an amount of wealth equal to the monopolists’ gains, and of causing overall production to be less by an amount corresponding to the additional unemployment it creates. The rise in prices and taxes that results from raising the minimum wage both diminishes the gains of the monopolists and serves to create new and additional poor people, while worsening the poverty of those who become unemployed.
Furthermore, the higher the minimum wage is raised, the worse are the effects on poor people. This is because, on the one hand, the resulting overall unemployment is greater, while, on the other hand, the protection a lower wage provides against competition from higher-paid workers is more and more eroded. At today’s minimum wage of $7.25 per hour, workers earning that wage are secure against the competition of workers able to earn $8, $9, or $10 per hour. If the minimum wage is increased, as you and the President wish, to $10.10 per hour, and the jobs that presently pay $7.25 had to pay $10.10, then workers who previously would not have considered those jobs because of their ability to earn $8, $9, or $10 per hour will now consider them; many of them will have to consider them, because they will be unemployed. The effect is to expose the workers whose skills do not exceed a level corresponding to $7.25 per hour to the competition of better educated, more-skilled workers presently able to earn wage rates ranging from just above $7.25 to just below $10.10 per hour. The further effect could be that there will simply no longer be room in the economic system for the employment of minimally educated, low-skilled people.
Of course, the minimum-wage has been increased repeatedly over the years since it was first introduced, and there has continued to be at least some significant room for the employment of such workers. What has made this possible is the long periods in which the minimum wage was not increased. Continuous inflation of the money supply and the rise in the volume of spending and thus in wage rates and prices throughout the economic system progressively reduce the extent to which the minimum wage exceeds the wage that would prevail in its absence. The minimum wages of the 1930s and 1940s — 25¢ an hour and 75¢ an hour — long ago became nullities. To reduce and ultimately eliminate the harm done by today’s minimum wage, it needs to be left unchanged.
The standard of living is not raised by arbitrary laws and decrees imposing higher wage rates, but by the rise in the productivity of labor, which increases the supply of goods relative to the supply of labor and thus reduces prices relative to wage rates, and thereby allows prices to rise by less than wages when the quantity of money and volume of spending in the economic system increase.
If raising the standard of living of the average worker is your and the President’s goal, you should abandon your efforts to raise the minimum wage. Instead, you should strive to eliminate all government policies that restrain the rise in the productivity of labor and thus in the buying power of wages.
If your goal is to raise the wages specifically of the lowest-paid workers, you should strive to eliminate everything that limits employment in the better-paid occupations, most notably the forcible imposition of union pay scales, which operate as minimum wages for skilled and semi-skilled workers. In causing unemployment higher up the economic ladder, union scales serve to artificially increase the number of workers who must compete lower down on the economic ladder, including at the very bottom, where wages are lowest. To the extent that occupations higher up could absorb more labor, competitive pressure at the bottom would be reduced and wages there could rise as a result.
Abolishing or at least greatly liberalizing licensing legislation would work in the same way. To the extent that larger numbers of low-skilled workers could work in such lines as driving cabs, giving haircuts, or selling hot dogs from push carts, the effect would also be a reduction in competitive pressure at the bottom of the economic ladder and thus higher wages there.
The principle here is that we need to look to greater economic freedom, not greater government intervention, as the path to economic improvement for everyone, especially the poor.
Sincerely yours,
George Reisman, Ph.D.

Desemprego no Brasil: a farsa dos numeros - Leandro Roque

Alguns detalhes sobre o emprego no Brasil
por , Instituto Mises Brasil, quarta-feira, 2 de abril de 2014

 

imagem-imgdest-seguro-desemprego-parcelas.jpgImagine uma economia formada por 100 pessoas.  Destas 100 pessoas, suponha que 90 tenham algum tipo de ocupação (seja um emprego com carteira assinada, seja fazendo bicos ou até mesmo um trabalho voluntário).  E suponha também que as 10 pessoas restantes estejam desocupadas, mas estão à procura de uma ocupação.
Neste cenário, temos a seguinte situação estatística:
A População Economicamente Ativa é de 100 pessoas.  A População Ocupada é de 90 pessoas, e a População Desocupada é de 10 pessoas.  A taxa de desocupação é de 10%, pois há 10 pessoas desocupadas em um universo de 100 pessoas economicamente ativas.
Agora, suponha que destas 10 pessoas desocupadas, 3 desistam de procurar alguma ocupação.  Os motivos dessa desistência podem ser vários: ou a pessoa achou alguém disposto a sustentar seu ócio, ou ela perdeu as esperanças de encontrar alguma ocupação, ou ela simplesmente aceitou um programa de assistencialismo governamental que proveja todas as suas necessidades básicas.
Em termos puramente estatísticos, houve uma alteração importante.  O fato de 3 pessoas terem deixado de procurar uma ocupação significa que tais pessoas deixaram de ser economicamente ativas.  Consequentemente, o arranjo agora passa a ser outro.
A População Economicamente Ativa passa a ser de 97 pessoas.  A População Ocupada continua sendo de 90 pessoas.  A População Desocupada caiu de 10 para 7 pessoas.  E essas 3 pessoas que se retiraram do mercado agora fazem parte da População Não-economicamente Ativa.
Consequentemente, há agora uma nova taxa de desocupação.  Antes, a taxa era de 10 pessoas em um universo de 100.  Agora, a taxa é de 7 pessoas em um universo de 97.  Ou seja, a nova taxa de desocupação é de 7,22% (7 dividido por 97).
Traduzindo: sem que um único emprego tenha sido criado, a taxa de desocupação — popularmente chamada de taxa de desemprego — caiu de 10% para 7,22%.
Por que isso é importante?  Porque é exatamente isso o que está acontecendo no Brasil.  E é o próprio IBGE quem faz esse alerta.
Comecemos por esta notícia, do final de 2013 (negrito meu):
A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 4,6% em novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado aponta para o menor desemprego da série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
[...]
A redução na taxa de desemprego foi causada pela migração de indivíduos para a inatividade, e não pela geração de postos de trabalho, apontou a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
"O que a gente vê aqui é a redução da desocupação em função do aumento da inatividade. Então não houve aumento do número de postos de trabalho. O que houve foi aumento das pessoas que passaram para a inatividade", ressaltou o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Em novembro, houve aumento significativo na população não economicamente ativa. Na comparação com outubro, o aumento foi de 0,8%, o equivalente a 148 mil indivíduos. Em relação a novembro de 2012, a alta foi de 4,5%, mais 801 mil pessoas na inatividade.
Agora vejamos esta notícia, de 27 de março (negrito meu):
O número de pessoas economicamente não ativas que não buscam emprego porque não têm interesse em trabalhar aumentou 1,2% em fevereiro em relação a janeiro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
[...]
"O que essa população não economicamente ativa está mostrando é que são pessoas que não trabalham e não procuram, elas não estão pressionando o mercado de trabalho. O que a gente vem observando é o crescimento da fatia das pessoas que não estão exercendo pressão sobre o mercado de trabalho por uma opção", disse Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O aumento da população inativa tem contribuído para manter a taxa de desemprego em mínimas históricas. A população não economicamente ativa aumentou 3,8% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, o equivalente a 686 mil pessoas migrando para a inatividade no período. Ao mesmo tempo, a criação de vagas ficou estatisticamente estável, com a abertura de apenas dois mil novos postos de trabalho.
Toda essa evolução pode ser observada no gráfico abaixo, que contém os dados do IBGE, que estão disponibilizados no site do Banco Central.
A linha vermelha mostra a evolução da População Economicamente Ativa nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.  A linha verde mostra a evolução da População Ocupada, e a linha azul, a da Desocupada.
cewolf (1).png
Vale lembrar que 'Ocupados' abrange absolutamente todos os tipos de ocupação, seja ela remunerada (desde o executivo até o malabarista de semáforo) ou não-remunerada (instituições religiosas beneficentes, cooperativismo, aprendiz ou estagiário).  Isso quer dizer que abrange também funcionários públicos, pessoas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos.
Para apreender corretamente o que o gráfico acima está dizendo, o melhor procedimento é fazer um gráfico que mostra a taxa de crescimento anual da População Economicamente Ativa e a taxa de crescimento anual da População Ocupada.  Isso nos permitirá constatar as declarações do IBGE.
taxa desemprego.png
O gráfico acima ilustra vários fenômenos interessantes.
Para começar, sempre tenha em mente a seguinte igualdade:
População economicamente ativa = ocupados + desocupados.
O primeiro fenômeno que chama a atenção no gráfico é o ocorrido no ano de 2003.  Mesmo com a recessão daquele ano, e com a SELIC a 26,5%, a população ocupada aumentou 4,5%.  Porém, também naquele ano, a população economicamente ativa cresceu a uma taxa ainda maior.  Por causa da igualdade acima, isso significa que a população desocupada também aumentou.  Consequentemente, a taxa de desemprego (ou, no caso, a taxa de desocupação) chegou a 13%.
Após aquele ano, a população economicamente ativa passou a crescer a uma taxa menor do que a taxa de crescimento da população ocupada.  De novo, pense na igualdade acima: se a população economicamente ativa cresce, mas o número de ocupados cresce ainda mais, então o número de desocupados está caindo.  Exatamente por isso, a taxa de desocupação apresentou cifras declinantes a partir de meados de 2004.  E assim foi até 2009.
A recessão de 2009 fez com que as duas variáveis ficassem praticamente estagnadas, mas por pouco tempo.  Já em 2010, ambas voltaram a crescer com grande vigor.
(Para entender as causas desse forte crescimento do emprego no período 2004-2011, veja este artigo).
Nos anos de 2011 e 2012, a situação foi de estabilidade, com a população ocupada crescendo a uma média de 2% ao ano, e a população economicamente ativa, a 1,5% ao ano.
Já em 2013, houve uma guinada radical e inédita nos indicadores, especialmente a partir do segundo semestre.  A população economicamente ativa começou a encolher.  Em novembro de 2013, por exemplo, ela foi 1% menor do que em novembro de 2012.  Isso significa que havia menos pessoas no mercado de trabalho (trabalhando ou procurando emprego) em novembro de 2013 do que havia em novembro de 2012.
Junto com a queda da população economicamente ativa ocorreu também uma queda na população ocupada.  Em novembro de 2013, o número de pessoas ocupadas foi 0,73% menor do que em novembro de 2012.
E a coisa ficou ainda mais interessante agora no mês de fevereiro de 2014.  A taxa de crescimento da população ocupada foi de 0%, o que significa que a quantidade de pessoas ocupadas simplesmente não se alterou em relação a fevereiro de 2013 (segundo o IBGE, neste período houve a "abertura de apenas dois mil novos postos de trabalho").  Mas a taxa de crescimento da população economicamente ativa foi negativa, de -0,46%.
De novo, voltemos à igualdade acima: se a população ocupada não se altera, mas a população economicamente ativa encolhe, então o número de desocupados também encolheu.  Isso significa que as pessoas que estavam desocupadas simplesmente pararam de procurar ocupação e se retiraram do mercado de trabalho, tornando-se não-economicamente ativas, e contribuindo para reduzir a taxa de desocupação (desemprego).
Como o gráfico deixa claro, trata-se de um fenômeno inédito no Brasil.  Nem mesmo nas recessões de 2003 e 2009 houve uma taxa de crescimento negativa.  Muito embora a série estatística do IBGE comece apenas em 2002, a lógica leva a crer que tal fenômeno nunca antes havia ocorrido, pois a taxa de crescimento da população geral (a qual está em 1% ao ano) era bem maior no passado, o que significa que o número de pessoas jovens entrando no mercado de trabalho era maior.
Enquanto este fenômeno — pessoas desistindo de procurar ocupação e se retirando do mercado de trabalho — prosseguir, a taxa de desemprego continuará baixa.
Conclusão
Com efeito, as recentes notícias sobre uma "inesperada disparada" nos gastos com o seguro-desemprego, mesmo com a taxa de desocupação estando em no menor nível da história, confirmam uma das teses acima (negrito meu):
Os gastos com seguro-desemprego e abono salarial devem alcançar R$ 45 bilhões nesse ano [2013], um aumento de 16% com relação ao ano passado e tem crescido muito nos últimos anos. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego vem declinando, passando de 13% em 2003 para 5,4% em 2013. 
Quais as principais consequências desse êxodo do mercado de trabalho?
De um lado, uma menor oferta de mão-de-obra tende a pressionar os salários para cima; de outro, a atual redução na taxa de crescimento do crédito (veja detalhes neste artigo) tende a contrabalançar essa pressão altista nos salários.  No momento, a massa salarial registra a menor alta desde 2009, ano em que o país estava em recessão
No cômputo geral, trata-se de um fenômeno lastimável.  O baixo crescimento da mão-de-obra só pode ser compensado se houver um crescente aumento na produtividade.  Como o Brasil é conhecido justamente por ter uma mão-de-obra pouco produtiva, esse baixo crescimento da mão-de-obra tende a reduzir sobremaneira o aumento da oferta de bens e serviços e, consequentemente, o crescimento da economia e o enriquecimento da população.
No final, este lamentável fenômeno serve apenas para gerar uma redução artificial na taxa de desemprego, algo que o atual governo certamente usará a seu favor como ilustração do "sucesso" de suas políticas.
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Leia também:

2007062509039.jpgAs causas desse êxodo de pessoas do mercado de trabalho são diversas, e sua análise está fora do escopo deste artigo.  Certamente há de tudo: há pessoas que se contentam com os proventos do Bolsa-Família, há pessoas sem capacitação que desistiram da vida, há pessoas que dão seguidos golpes no seguro-desemprego, e certamente há um grande número de pessoas indolentes que têm quem lhes sustente (inclusive, e principalmente, jovens de classe média-alta).
Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.