O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador desenvolvimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desenvolvimento. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cingapura: cresceu mais de cem vezes desde a independencia - Paulo Silva Pinto (CB)

De favela a primeiro mundo
PAULO SILVA PINTO - Enviado especial
 Correio Braziliense, 19/05/2015

Cingapura — Poucos países têm hoje uma situação econômica de que seus habitantes possam se gabar. Entre os que se livraram da colonização recentemente, a lista é ainda menor. E, se for para aumentar a restrição, considerando apenas as nações pobres em recursos naturais, sobra só uma. É por isso que os 5,47 milhões de moradores de Cingapura se preparam para fazer muita festa em 9 de agosto, quando o país completará 50 anos, cinco a menos do que Brasília. É a data em que os cingapurenses deixaram a Federação Malaia, a qual integravam havia menos de dois anos depois de terem deixado de fazer parte do território britânico.
As comemorações terão um sabor especial pelo fato de que Cingapura não pediu para sair, foi expulsa da Malásia. O argumento, na época, era que haveria grande risco para o equilíbrio de forças mantendo-se uma região na qual a composição étnica era diferente dos demais — 75% dos cingapurenses são de famílias de origem chinesa, e os demais se dividem basicamente entre os descendentes de malaios e indianos.
Com 718 km², 12% do território do Distrito Federal, Cingapura tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 55.187, o terceiro maior do mundo. Entre 1965 e 2013, o PIB per capita foi multiplicado por 107, enquanto o da Malásia ficou em 32 vezes o que era. O Brasil conseguiu um fator intermediário: 43. Para avançar tanto, o governo do pequeno país asiático investiu pesadamente em educação e em infraestrutura.
Parte da água ainda é importada de Malásia, mas, cada vez menos, pois o esgoto é tratado de modo tão rigoroso que o líquido resultante pode ser ingerido pelas pessoas. De uma imensa favela à beira-mar, Cingapura virou um dos lugares mais organizados do mundo. O governo provê habitação social para 85% dos habitantes. Mas não paga aposentadoria com recursos públicos. Com isso, a carga tributária não passa de 16% do PIB. No Brasil, são 36%.
O país é um importante centro de logística, com o segundo maior porto do mundo — perde apenas para Roterdã, na Holanda. Embora o setor de serviços venha se expandindo rapidamente, a indústria responde por 29% do PIB. Mesmo sem produzir uma gota de petróleo, Cingapura tem uma das maiores refinarias do mundo. A construção de navios e plataformas de petróleo é um dos principais setores da economia.
Relações
O país aposta na relação com o Brasil, e uma demonstração disso está no fato de ter instalado em Brasília uma das poucas embaixadas que mantém mundo afora: são apenas 35. Há uma única outra representação nas Américas, em Washington. O embaixador brasileiro em Cingapura, Luís Fernando Serra, afirma, porém, que não é fácil o incremento das relações econômicas. “Tenho dificuldade de convencer brasileiros da importância de estar em um mercado tão significativo quanto esse.” O embaixador de Cingapura no Brasil, Choo Chiau Beng, é também empresário e passa a maior parte do tempo em seu país. Mas acompanha tudo o que acontece por aqui. Para ele, os protestos que ocorreram em junho de 2013 são resultado do aumento da classe média. “Isso eleva as expectativas e cobranças da população”, afirma.
A liberdade de manifestação é, aliás, um dos poucos itens que coloca o Brasil à frente de Cingapura. No país asiático, só é possível protestar se o governo autorizar, e o pedido deve ser feito com um mês de antecedência. Embora haja eleições diretas, a influência do partido que está no governo desde que o país foi criado é muito forte, o que limita o crescimento das legendas de oposição. O primeiro-ministro Lee Hsien Loong é o filho mais velho do fundador de Cingapura, Lee Kwan Yew, que governou o país por três décadas, até o começo dos anos 1990. Ele faleceu em 23 de março, aos 91 anos.
O repórter viajou a convite do governo de Cingapura.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos? - Paulo Roberto de Almeida (Ordem Livre)

Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos?

Bra
A pergunta do título deste ensaio é inerentemente subjetiva, pois ela expressa preferência por certas realizações nacionais, ou indica, justamente, uma frustração pela sua ausência; são “fatos da vida”, que nunca são de responsabilidade exclusiva de um grupo de pessoas, tampouco, apenas, de governantes do momento ou de “ocupantes” do atual governo (e até de governos passados). Perguntar o que uma nação poderia ter feito de melhor implica dispor de sua própria regra de referência, ou seja, um modelo ideal de sociedade que obviamente não é, nunca é, aquela em que estamos de fato vivendo e da qual participamos como trabalhadores, empresários, responsáveis políticos, artistas, representantes diplomáticos ou simples cidadãos.
Mas a questão pode também ser vista pelo lado objetivo, ou seja, examinar, no conjunto de possibilidades factíveis, comparativamente aferíveis com base nas experiências de outras sociedades, o que, exatamente, o Brasil poderia ter alcançado de melhor, como sociedade e como nação, e que não alcançamos por deficiências nossas, por obstáculos herdados de nossa formação histórica, por dificuldades da natureza ou do meio ambiente externo, enfim, tudo aquilo que poderíamos ter sido e que não conseguimos ser ou fazer. Isso não é difícil: basta coletar indicadores homogêneos e fiáveis de “felicidade” humana, ou seja, nível de renda, educação e disponibilidade de bens e serviços básicos (água potável, saneamento, transportes, comunicações, habitação salubre, segurança alimentar, segurança pessoal, emprego e seguro contra certas coisas desagradáveis – menos a morte e os impostos, claro).
Comparando a situação do Brasil com a de outros países, poderíamos, assim, constatar nosso ‘estado de felicidade relativa’, ou seja, quão mais próximos, ou mais distantes, estamos de países mais ‘felizes’, que são supostamente aqueles países que desfrutam desses serviços básicos em condições normais, onde a longevidade é maior e os riscos inerentes à existência humana foram diminuídos, ao máximo das possibilidades dadas pelo uso das tecnologias atuais (médicas, securitárias etc.). Ainda que se possa dizer, de modo até banal, que dinheiro não traz felicidade, é óbvio que sociedades de renda mais elevada conseguem, sim, satisfazer as necessidades elementares de seus cidadãos, e até provê-los de alguns “supérfluos necessários”.
Esse tipo de exercício comparativo é possível de ser feito, dada a abundância atual de dados. Mas não vou fazê-lo aqui, tanto por limitações de espaço como por ser aborrecidamente repetitivo com vários indicadores existentes no âmbito das Nações Unidas (IDH-PNUD, entre outros). O que eu poderia fazer seria uma exposição eminentemente pessoal sobre o que eu acredito que o Brasil poderia ser, e que ele ainda não é ou não consegue ser, por uma série de fatores “limitativos”. Mas eu sou relativamente otimista ao considerar que poderemos chegar nos objetivos fixados em uma ou duas gerações mais (dependendo do grau de dificuldade do objetivo em questão). O que segue, portanto, é a minha regra de "felicidade nacional", com todas as falhas que podem existir numa seleção subjetiva como a que agora faço.
Pois bem, poderíamos começar sendo um país, não de renda média, mas de alta renda, o que parece difícil no contexto latino-americano; mas já foi obtido no cenário asiático, pela Coreia do Sul, por exemplo, um país duas vezes mais pobre do que o Brasil em 1960, e que tinha sido colônia japonesa de 1905 a 1945 (considerada quase como nação escrava do então expansionismo militarista nipônico). O que os coreanos fizeram que não fizemos? Bem, antes deles, os próprios japoneses já tinham mostrado o caminho: educar a população, o que me parece básico, essencial mesmo. Este foi o nosso maior erro histórico, aliás um “pecado original”, posto que Portugal continuava a exibir muitos analfabetos até bem entrado o século XX.
Calculo que nosso atraso, do ponto de vista puramente quantitativo (ou seja, nossa taxa de escolarização) equivalia, vinte anos atrás, a algo como 150 anos em relação aos países precocemente educados (Alemanha e EUA, por exemplo). Concordo que ‘fechamos’ muito dessa lacuna quantitativa; mas se formos considerar a qualidade da educação, minhas conclusões teriam de ir do ruim ao catastrófico. Infelizmente, vai demorar uma ou duas gerações para consertar, mas apenas se corrigirmos os métodos, que continuam errados, o que está longe de ser garantido atualmente. Acredito, aliás, que continuaremos patinando nesse particular. Isso é complicado, pois da boa educação depende tanto uma distribuição de renda mais equânime, como o crescimento da produtividade do trabalho, base do desenvolvimento social. Ponto negativo neste quesito, portanto.
Se a despeito disso tudo conseguirmos, ainda assim, aumentar a renda nacional (e distribuí-la, vale lembrar), teríamos ipso facto resolvido várias das necessidades básicas apontadas acima, o que envolve, mais do que dinheiro, organização (pois recursos sempre existem, no Brasil ou no exterior). Aumentar a renda implica em crescer mais rapidamente, o que já fizemos no passado (com base em investimentos nacionais e estrangeiros e em uma razoável organização estatal); não conseguimos fazer isso agora, justamente pela ausência de investimentos e pela má organização do estado (que está exatamente na origem da falta de recursos para investimentos produtivos: o estado gasta demais, e consigo mesmo). Outro ponto negativo, infelizmente.
Poderíamos, talvez, ter um estado menos gastador e mais investidor. Isso depende, basicamente, das lideranças políticas e das organizações partidárias. Nesse aspecto, tenho de ser novamente pessimista, pois não acredito que consigamos ter, em prazos razoáveis, uma melhor qualidade da administração, conhecendo-se a atual composição da classe política e seus reflexos no Congresso e no Executivo (mas o Judiciário não se apresenta de modo muito melhor). Melhorar a classe política depende basicamente de educação da população, que acredito continuará rudimentar no futuro previsível (basta assistir, por exemplo, aos canais abertos de televisão).
Esse problema está associado à corrupção na máquina pública, e fora dela, posto que a sociedade procura se defender das disfuncionalidades do setor público (em matéria "extrativa", por exemplo), criando um "universo paralelo", qual seja, a economia informal e a cultura do "jeitinho". Essas duas “peculiaridades” brasileiras tornam especialmente difícil alcançar aquele requisito da boa governança que os economistas reputam importante para fins de redução de custos de transação e para permitir uma maior taxa de crescimento. Não gostaria de ser novamente pessimista, mas tenho de consignar mais esse ponto negativo.
Finalmente, poderíamos ter feito melhor em direitos humanos e em cidadania, dois aspectos cruciais de um quadro social notoriamente lamentável no Brasil. Não vamos dourar a pílula: conseguimos fazer (quase) tudo errado, desde o início. José Bonifácio, por exemplo, foi derrotado em seu projeto constituinte de extinguir o tráfico imediatamente e a escravidão em médio prazo, substituindo-os pela imigração em massa de camponeses europeus; Joaquim Nabuco foi outro derrotado, em seu projeto de abolição imediata, e sem indenização, seguida de ampla reforma agrária e da educação dos libertos (elementar e técnica). Os reformadores educacionais dos anos 1930 não conseguiram, de fato, universalizar o ensino como seria desejável, aliás necessário, para o Brasil tornar-se uma república digna do nome; registre-se, por pertinente, que até hoje a educação padece de um excesso de pedagogas “freireanas” e de sindicalistas “isonômicos”, e de carência de administradores sensatos e racionais, buscando resultados pelo mérito, não pela ideologia. Não um, mas vários pontos negativos aqui...
Tivemos, também, outras derrotas monumentais, em outras áreas: Mauá não conseguiu mobilizar para o empreendedorismo e a meritocracia uma sociedade renitentemente escravocrata, prebendalista e cartorial; Monteiro Lobato lutou, mas falhou em implantar aqui o tipo de industrialismo fordista, que ele reputava ser a chave do sucesso americano; os empresários urbanos se acostumaram (mal) aos favores e finanças do estado (ou seja, o seu próprio dinheiro), concordando com um dirigismo persistente que cobra o seu preço na extorsão tributária generalizada; os atuais capitalistas do campo têm a maior dificuldade em expandir o agronegócio, num ambiente político dominado pela hostilidade ao setor, feito de invasões não reprimidas pelo estado, que aliás, se mostra propenso a gastar os recursos da sociedade numa “reforma agrária” tão inútil quanto regressista.
Não é preciso lembrar, ademais, que construímos a inviabilidade matemática da Previdência pública, ao praticar uma generosidade com certas categorias de aposentados – todas no setor público – que é desconhecida em qualquer pais razoável. Também teimamos em satisfazer necessidades privadas – a tal de “inclusão digital”, por exemplo – por meio de programas públicos, que desviam recursos da própria sociedade, que saberia dar melhor destino ao seu dinheiro (inclusive comprando computadores e assinando provedores de internet, se eles fossem justamente mais baratos, sem a carga impositiva que o governo impõe) se ele não fosse canalizado compulsoriamente para um estado famélico e ineficiente. Enfim, temos vários, inúmeros problemas nacionais e, curiosamente, nenhum deles se relaciona com a exploração estrangeira e a dominação "imperialista", como gostam de apregoar certos espíritos ingênuos ou mal informados. Todos eles, sem exceção, são problemas made in Brazil, e é aqui que teremos de resolvê-los, se quisermos, justamente, responder à questão colocada no título deste ensaio. Acredito que conseguiremos, no médio prazo; apenas não me perguntem o que considero médio prazo...

* Publicado originalmente em 04/10/2010.

terça-feira, 16 de abril de 2013

India: qualquer semelhanca com o Brasil NAO e' mera coincidencia...

Debating the Tiger's Rise

India would have had 175 million fewer poor people by 2008 had it embarked upon free-market reforms in 1971 instead of 1991.

For the first time since the advent of economic reforms in 1991, a question mark looms over India's development prospects. Growth this year is less than half the tigerish high of 9.8% six years ago, and Prime Minister Manmohan Singh's reputation as a reformer lies in tatters. The government he heads has become synonymous with corruption scandals, reckless populism and policy torpor.
Columbia University economists Jagdish Bhagwati and Arvind Panagariya believe that bad ideas and economic mismanagement are mostly responsible for India's current slowdown. In "Why Growth Matters," they trace India's economic trajectory since independence in 1947 and offer a comprehensive to-do list for reformers. At the heart of this book lies a simple message. The country's post-1991 transformation "from a basket case into a powerful engine of growth," the authors say, unambiguously proves something that many on the Indian left remain in denial about: that a rapidly expanding economy is the best antidote to poverty.

Why Growth Matters

By Jagdish Bhagwati and Arvind Panagariya
(PublicAffairs, 280 pages, $28.99)
Over the past two decades, India's economic reforms—especially scrapping industrial licensing, in which bureaucrats set production targets for firms, and lowering tariff barriers to trade—have pulled nearly 200 million people out of poverty. Yet the country's public discourse remains littered with myths: that only the rich have benefited from growth; that ending poverty depends on redistribution; and that the country's wealth has little to do with its health and education standards. Taken together, they add up to the absurd notion that India has reformed too fast rather than not fast enough. Indeed, the present government first came to power in 2004 by championing the dodgy slogan "inclusive growth," which suggests that somehow growth by itself was exclusive or anti-poor. In fact, it is the bloated and suffocating socialist model unveiled by Jawaharlal Nehru at independence in 1947 that deserves such ignominious labels. Messrs. Bhagwati and Panagariya contrast the heavy hand of Indian central planning with the private-sector-led growth that allowed East Asia's nimble economies, such as South Korea and Taiwan, to prosper from the 1960s onward. By contrast, India grew at an anemic 3.5% per year on average in the three decades to 1980, thanks to government control over private investment, the steady expansion of the public sector, an obsession with self-sufficiency and restraints on foreign investment. In short, as the authors write, after independence "India's economics quickly collapsed into the disaster range."
Nonetheless, the villain of the book isn't Nehru, a hapless idealist born to extreme privilege—his father sent his shirts to Paris to be laundered. It's Nehru's daughter, Indira Gandhi, who led the country from 1966 to 1984 (minus a three-year spell in opposition). She doubled down on her father's mistakes even as the benefits of an unshackled private sector were fast becoming obvious in East Asia. On her watch, India nationalized mines, general insurance companies and the 14 largest banks. She forced the dilution of foreign equity in Indian companies, reserved production in vast swaths of the economy for small firms, limited the size of urban land holdings and made it virtually impossible to fire workers.
Between 1965 and 1975, per capita income in India rose by a minuscule 0.3% annually. If you were to draw up a list of post-colonial leaders responsible for economic crimes against their people, Indira Gandhi's name would figure near the top. By one Cato Institute estimate, India would have had 175 million fewer poor people by 2008 had it embarked upon reforms in 1971 instead of 1991.
Only then, prodded by a balance of payments crisis that threatened to halt imports and tip the government into debt default, did India decisively change course. The government ended industrial licensing and slashed import duties, at the time among the highest in Asia. Since 1991, the trade-to-GDP ratio has risen from 17% to above 50%. Foreign investment soared from $100 million in 1991 to $60 billion in 2007. Over roughly the same period, the number of phones in India skyrocketed from a total of five million to 895 million today, with an average of 15 million new connections each month. Annual automobile production rose from 180,000 to two million in 2010. As for poverty, in the mid-1980s nearly one in two Indians lived below the poverty line. A generation later that proportion is closer to one in four.
And yet, paradoxically, the intellectual debate about reforms in India is untethered from the dictates of common sense. For this Messrs. Bhagwati and Panagariya squarely blame leftist economists, such as their Columbia colleague Joseph Stiglitz, Belgian-born Jean Drèze and Harvard's Amartya Sen, for being "intellectually lazy and unwilling to learn from the ruin they had visited on India and its poor." In the bazaar of ideas, leftists consistently question the efficacy of markets, exaggerate the extent of poverty and oppose the privatization of inefficient public services. In a country once steeped in socialism, these arguments continue to find buyers.
To the outside observer, it may seem strange that Indians are still squabbling over whether growth really matters or over how to define the poverty line. When the data unambiguously point to all social groups, including the lowest castes, having benefited from reforms, then why is this even a topic for discussion? Indeed, the most depressing aspect of this book is the fact that two eminent economists felt the need to write it in the first place. Shouldn't such fundamental questions have passed by now from contention to consensus?
Nonetheless, the authors' deep compassion for the poor, gimlet-eyed view of India's checkered economic past and genuine concern for its future shine through on every page. For the reader interested in the big policy questions facing the world's largest democracy—and, by extension, much of the rest of the developing world—"Why Growth Matters" is as good a place to start as any.

Mr. Dhume is a resident fellow at the American Enterprise Institute and a columnist for WSJ.com. Follow him on Twitter @dhume01.
A version of this article appeared April 16, 2013, on page A13 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: Debating The Tiger's Rise.

domingo, 26 de agosto de 2012

O grande salto para tras da America Latina - Paulo R. Almeida

Mais recente trabalho publicado, mas no original francês: 


BJIR – Brazilian Journal of International Relations
(vol. 1, n. 2, 2012, p. 8-37; ISSN: 2237-7743).
Relação de Originais n. 2381.
Relação de Publicados n. 1071.

Conférence plénière au Colloque organisé par le Creda et Rita :
Dépasser les dichotomies : penser autrement les Amériques ? (Paris, 3-4 mai 2012)

Sommaire :
Les raisons d’un titre : petit récit intellectuel sur le sens de l’histoire
Retour vers l’avenir : et si les choses s’étaient passées différemment ?
Prisonnière du passé ?; la malédiction de l’éternel retour ?
Qu’est-ce qui retient l’Amérique Latine ?; qu’est-ce qui l’empêche d’avancer ?
L’inflation, cette maladie infantile du développement latino-américain
Une petite typologie sur les cas les plus idéal-typiques dans la région
Un continent qui ne perd aucune opportunité de perdre des opportunités
Les Mondialisés ; Les Réticents ; Les Bolivariens
Somme toute, qui a avancé, qui a reculé ?
Stabilité macroéconomique ; Une microéconomie compétitive ; Bonne gouvernance, institutions solides, règles stables ; Haute qualité des ressources humaines, via éducation générale et spécialisée ; Ouverture au commerce international et aux investissements étrangers
Que faut-il conclure de tout cela ?

Résumé : Essai libre sur l’évolution générale de l’Amérique Latine depuis le dernier demi-siècle, en retenant surtout, quoique sélectivement, les facteurs de retard relatif et de blocage à son développement inclusif, surtout par rapport aux pays émergents d’Asie ; examen de quelques éléments responsables pour les lenteurs cumulées ; typologie des cas les plus fréquents, divisés entre pays mondialisés, réticents et bolivariens ; courte discussion finale des performances enregistrées sous des critères macro et microéconomiques, gouvernance, ressources humaines et ouverture à l’extérieur.
Mots-clés : Amérique Latine ; retards de développement ; analyse historique ; typologie des cas typiques ; Argentine ; Brésil ; Chili ; Mexique ; Venezuela.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Chineses na Africa: democracia e mercados - Stephan Richter


 1


China na África: mercado x democracia


As formas e meios pelos quais os chineses estão penetrando no continente africano são tema de debates acalorados em todo o mundo - e em nenhum lugar mais do que nos EUA. A visita de 10 dias de Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, a toda a África colocou o debate em foco detalhado.
De um lado, os que afirmam que os chineses estão comportando-se como neocolonialists (ocidentais), ansiosos por explorar as vastas riquezas de matérias-primas e minerais do continente. Eles veem a China como interessada em ocupar cada espaço não coberto por empresas multinacionais ocidentais.
Do outro lado, principalmente fora dos EUA e predominantemente na África e nos mercados emergentes, estão os que aplaudem a ascensão da China e apontam para os seus sucessos como uma forma tardia de justiça econômica. Estes acreditam que finalmente é hora de uma potência não ocidental rica e mirando horizontes de tempo de longo prazo emergir como parceira viável para o continente.
Melhor ainda, argumentam essas vozes, os chineses - com a sua proposta de construção de infraestrutura em t roca da exploração de matérias-primas - estão apenas cumprindo o que acabaram revelando-se promessas vazias, feitas há um século pelas potências ocidentais.
Construção de ferrovias ligando áreas do interior à costa? A eventual perspectiva de formar uma rede cobrindo a África Subsaariana? Formação de redes de rodovias e autoestradas de quatro pistas a preços acessíveis em todo o continente? Disponibilizar moderníssimos complexos de escritórios, construídos dentro de orçamentos que as nações africanas têm condições de custear?
Concentrem-se primeiro em acabar com a fome; depois, disseminem-se os benefícios não tão materiais da democracia. Esse foco assegura a formação de um eleitorado com melhor formação educacional e autoconfiante, não suscetível à compra barata de votos.
Essas são, certamente, metas que os líderes africanos vêm perseguindo há muito tempo. Mas, no passado, uma combinação tóxica de sua própria corruptibilidade, laços obscuros entre ex-países colonizadores (e suas elites empresariais) e os novos governantes, bem como estruturas de planejamento excessivamente complexas, muito frequentemente resultaram em projetos proibitivamente caros.
Considerando que o crescimento econômico da África tem sido retardado pela inexistência de infraestrutura de transportes confiável - nos países e entre eles - essa é uma oferta mais que tentadora. Ela representa uma oportunidade de proporções históricas.
Sim, o continente tem uma abundância de aeroportos e de telefones celulares, mas devido à infraestrutura totalmente insuficiente, o comércio continua sendo dificultado de uma maneira reminiscente da Europa pré-1820.
Nesse sentido, as iniciativas empreendidas pelos chineses na África são, agora, o equivalente histórico do que as guerras napoleônicas trouxeram para um país como a Alemanha. Representam um há muito tempo necessário brado de alerta para o abandono de tradições ultrapassadas, para um avanço à era de intercâmbio e comércio modernos.
Sem ignorar os problemas inerentes à maneira como os chineses operam, inclusive o fato de que empregam predominantemente mão de obra de suas próprias empresas de construção civil, mesmo para projetos no interior da África subsaariana, a visão chinesa é muito distinta da abordagem ocidental nos últimos 50 anos.
A fórmula do Ocidente aplicada à África pós-independência, pós-1960, é priorizar a construção da democracia em detrimento da construção de mercados. Os chineses, como se sabe, optam exatamente pelo oposto.
Em tese, é sempre preferível concentrar-se em estruturas democráticas. E a secretária Clinton certamente referiu-se enfaticamente a isso durante sua visita. Mas em países onde a pobreza continua excessiva, um contra-argumento desconfortável pode ser sustentado, apoiado no histórico dos últimos 50 anos.
E se uma democracia atrofiada constituiu-se em obstáculo ao surgimento de um verdadeiro mercado para as economias nacionais? Nessas circunstâncias, não será preferível privilegiar a construção de um mercado para produzir uma estrutura mercantil suficientemente distribuída?
Esse é, sem dúvida, um dilema bastante desconfortável para ser analisado pelos ocidentais. Mas, claramente, são os africanos que precisam optar por seguir ou não o conceito ocidental de "democracia primeiro".
Melhor ainda, os defensores da estratégia chinesa para a África podem apontar para o fato de que a África não é a China. A preservação do poder em um Estado de partido único não está em causa na maior parte da África.
Em outras palavras, concentrem-se primeiro em acabar com a fome; depois, disseminem-se os benefícios não tão materiais da democracia. Esse foco assegura a formação de um eleitorado com melhor formação educacional e autoconfiante, não suscetível à compra barata de votos.
Essa abordagem também implica que o desenvolvimento econômico produza desenvolvimento político. Coincidentemente, isso é bastante semelhante ao que ocorreu na história da Europa. Lá, a tomada das rédeas da economia catalisou a demanda por mais direitos políticos por parte das classes mercantis, que terminou por colocar a Europa no rumo de democracia plena.
Por enquanto, em grande parte da África, a evolução política permanece tão atrofiada quanto o desenvolvimento econômico. Dito de outro modo, mas em última análise no mesmo sentido, a maturidade política - no sentido de democracia suficientemente robusta para que as eleições resultem em mudança efetiva no poder - só funciona praticamente em países como Gana, onde o desenvolvimento econômico é suficientemente avançado e amplo.
Ponderar esse tipo de sequenciamento é certamente desconfortável para os ocidentais que têm uma preferência instintiva pela democracia. Apesar disso, essa preferência é também desconcertante - especialmente tendo em vista a forte ênfase dos americanos em economia de mercado em seu país. Os americanos, como sabemos, foram afortunados em seu caso histórico especial, onde os desenvolvimentos econômico e político caminharam de mãos dadas.
É muito desconcertante observar nesse debate sobre construção de mercado versus construção de democracia - que são os chineses, e não os americanos - que podem argumentar persuasivamente que seu foco na África é a criação de futuros clientes e parceiros comerciais.
Esse foco em clientes parece contrário à doutrina marxista. E, de fato, os chineses podem citar ninguém menos que o admirável Adam Smith como sua testemunha principal. Ao avaliar estratégias econômicas de grandes impérios, escreveu ele: "Fundar um grande império com o propósito único de criar um povo de clientes pode, à primeira vista, parecer um projeto capaz de servir a uma nação de lojistas. Trata-se, porém, de um projeto totalmente impróprio para uma nação de lojistas. Mas extremamente adequado a uma nação cujo governo é influenciado por lojistas".
Embora os direitos ao voto não possam ser considerados um luxo, na realidade africana, ao menos, o foco central na construção da democracia, em vez da construção de mercados, tem tido o efeito perverso de asfixiar, e não de promover, o crescimento econômico. (Tradução de Sergio Blum)
Stephan Richter é editor chefe do "The Globalist".

© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/opiniao/2781932/china-na-africa-mercado-x-democracia?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=09082012&utm_term=china+na+africa+mercado+x+democracia&utm_campaign=informativo&NewsNid=2780754#ixzz236sOfpIE

sábado, 12 de maio de 2012

O que seria estrategico no comercio e no desenvolvimento? Comento um comentario

Acabo de receber o seguinte comentário a um dos meus posts:


[...] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Reflexoes ao leu, 3: Diplomacia comercial brasilei...": 

Paulo, os EUA são um de nossos principais parceiros comerciais há décadas. A diversificação de parceiros comerciais e a relutância em aceitar uma zona de livre comércio com os americanos, me parece, até intuitivamente, estratégico para o nosso desenvolvimento sustentado. O exemplo mexicano é, sim, paradigmático. Como tu mesmo reconheces, precisamos resguardar-nos, seja da China, seja dos EUA. Tanto um quanto outro serão importantes nas relações bilaterais brasileiras, sempre, mas não podemos comprometer nosso desenvolvimento em troca de acordos que possuem riscos tão altos. Paranoia? Pode ser... Mas gato escaldado...

Meus comentários (PRA) ao que vai acima:

Bem, ninguém disputa o fato de que, desde meados do século XIX aproximadamente, quando os EUA passaram a comprar a metade do nosso café, aquele país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Não só comercial, pois a relação abarca inúmeros outros aspectos, talvez até mais importantes -- tecnologia, finanças, cultura, ciência, etc, mas é o comércio que sustenta tudo isso -- e de certa forma mais equilibrada do que a relação com os europeus, por exemplo, bem mais padrão Norte-Sul.
A China pode até ser atualmente nosso principal parceiro COMERCIAL, pela magnitude dos intercâmbios, mas ninguém disputará o fato, provavelmente lamentável, de ser uma relação tremendamente DESEQUILIBRADA, com 95% de matérias-primas para lá (na verdade, cinco ou seis produtos primários, apenas) e 95% de manufaturas para lá.
Mesmo que os EUA ainda percam posições, eles SEMPRE vão constituir um parceiro relevante, com uma enorme diversidade de intercâmbios, o que nos é extremamente favorável, mesmo com déficits aqui e ali.

Mercado é mercado, interno, externo, branco, preto, desenvolvido ou emergente, isso não importa, portanto diversificação sempre é bom, e isso depende dos empresários, basicamente, e um pouco do governo, em matéria de prospecção, promoção comercial, etc. Por isso, falar em "nova geografia" é uma mistificação: todas as geografias são possíveis, desejáveis e até mesmo necessárias, e não cabe, absolutamente, promover apenas comércio com o Sul, em detrimento de esforços semelhantes com países desenvolvidos, que tem mercados consolidados, remuneradores, isentos de calotes, etc.
Por isso, a tal de "nova geografia do comércio internacional", patrocinada pela dupla Lula-Amorim, nada mais era do que uma empulhação, uma mistificação, uma tremenda enganação, até em detrimento dos interesses brasileiros, pois que significando um foco exclusivo em países do Sul. Isso, além de tudo, é burro, é estúpido, e até mesmo criminoso, com respeito a um comércio em todas as direções, sobretudo garantindo acesso e consolidação de comércio com países solváveis.
O que ocorreu na versão anterior do comércio Sul-Sul (dos anos 1970)?
Fizemos tremendos esforços, oferecemos créditos generosos (já que não havia linhas comerciais com esses países), apenas para sermos caloteados pouco depois, e ficarmos durante anos e anos renegociados créditos não pagos no Clube de Paris. Um tremendo prejuízo para o país, ou seja, para nós, contribuintes brasileiros, que pagamos a conta.

Assim como é estúpido o tal "programa de importação substitutiva de importações", imposto pela mesma dupla, numa outra demonstração de generosidade com o nosso dinheiro. Ora, os países, os fabricantes, os comerciantes, fazem comércio com base em interesses concretos, mercados, lucro, ganhos substantivos, não por simpatia ou interesses políticos. Ninguém importa de ninguém apenas para fazer favor ao ofertante estrangeiro, apenas porque vai vender no seu mercado doméstico. No máximo o governo pode gastar o nosso dinheiro para promover os nossos produtos lá fora, não para convencer os nacionais a comprar produtos estrangeiros.
Isso, além de estúpido, mais uma vez, é gastar o nosso dinheiro com generosidades indevidas, uma tremenda empulhação, e um gasto criminoso. Quem quiser vender, que faça esforços, quem quiser importar, que o faça a sua conta e risco, não com o nosso dinheiro.

Voltando ao comentário acima, eu sinceramente não concordo: 
"relutância em aceitar uma zona de livre comércio com os americanos, me parece, até intuitivamente, estratégico para o nosso desenvolvimento sustentado."
O que pode haver de estratégico numa relutância? 
Não vejo absolutamente nada. Pode haver estratégia numa ação determinada, mas a recusa de fazer algo é apenas isso: omissão, não ação. Nunca se saberá o que poderia ocorrer, de estratégico ou não.
Ou pode-se até imaginar: mais concorrência, mais produtos, mais investimentos, maior escala de mercados, maior integração com o mundo, menos barreiras, enfim, globalização, ainda que de forma restrita, pelo comércio preferencial com apenas um grande parceiro, e com todos os demais parceiros do hemisfério, aliás.
O que pode haver de estratégico na recusa disso tudo?
Eu não vejo absolutamente nada, só temor, paranoia, relutância, justamente, em se ter mais concorrência.
Industriais protecionistas podem até gostar, mas não entendo como consumidores livres poderiam apreciar isso.

E não tem nada a ver com desenvolvimento sustentado. Isso é conceito vazio. Comércio é comércio, ponto. Pode até ajudar um pouco no desenvolvimento, mas não é isso que desenvolve um país, e sim transformação produtiva, inovação tecnológica, educação, infraestrutura, créditos, juros baixos, boa governança, baixa corrupção, etc, coisas que pode até ser facilitadas pelo comércio, mas que dependem muito mais de outras ações internas, sobretudo estabilidade macroeconômica e competição microeconômica.
O medo dos EUA me parece infantil, e até estúpido, se me permitem a expressão.

O exemplo do México é paradigmático?
Absolutamente não. Ele só serve para o México, nem para o Canadá, que também tem "dependência" -- como gostam de dizer certos ingênuos -- das relações com os EUA (e não poderia ser de outro modo).
O Uruguai tem o mesmo tipo de "dependência" dos mercados do Brasil e da Argentina, a Bélgica da França e da Alemanha.
Sim, e daí?
O que isso importa? 
Comércio é comercio, e o fato de o México estar concentrado nos EUA é problema dele, não nosso. Que os empresários e o governo procurem outros mercados, o que não me parece proibido pela vizinhança americana. Se eles se acomodam numa relação de "dependência", problema deles...

Tampouco concordo com isto aqui: 
"Como tu mesmo reconheces, precisamos resguardar-nos, seja da China, seja dos EUA."
Não reconheço absolutamente nada, e acho simplório isso: resguardar do que? Vão nos invadir, vão nos obrigar a importar deles, exclusivamente?
Não sejamos ridículos, o comércio é feito pelo setor privado para fazer lucro, não para ser bonzinho com americanos ou chineses.
E se compramos mais deles, é porque vende aqui (ou seja, é mais barato ou de melhor qualidade do que a oferta interna), não porque queiramos deixá-los ricos e satisfeitos.

Volto a repetir: o rabo do comércio NÃO consegue abanar o cachorro do desenvolvimento. Ou fazemos desenvolvimento por muitas outras políticas, ou nunca conseguiremos crescer só pelo comércio, inclusive porque permanecemos GENETICAMENTE PROTECIONISTAS, agora agravados por políticas ainda mais estúpidas e de duvidosa legalidade no Gatt-OMC.

Paranoia? Sim existe, mas eu não tenho...
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

China: impasses no crescimento e na estabilidade politica (WP)

The New York Times, May 10, 2012

China’s Growth Slows, and Its Political Model Shows Limits



CHONGQING, China — After the economies of Western nations imploded in late 2008, Chinese leaders began boasting of their nation’s supremacy. Talk spread, not only in China but also across the West, of the advantages of the so-called China model — a vaguely defined combination of authoritarian politics and state-driven capitalism — that was to be the guiding light for this century.
But now, with the recent political upheavals, and a growing number of influential voices demanding a resurrection of freer economic policies, it appears that the sense of triumphalism was, at best, premature, and perhaps seriously misguided. Chinese leaders are grappling with a range of uncertainties, from the once-a-decade leadership transition this year that has been marred by a seismic political scandal, to a slowdown of growth in an economy in which deeply entrenched state-owned enterprises and their political patrons have hobbled market forces and private entrepreneurship.
“Many economic problems that we face are actually political problems in disguise, such as the nature of the economy, the nature of the ownership system in the country and groups of vested interests,” said Zhang Ming, a political scientist at Renmin University in Beijing. “The problems are so serious that they have to be solved now and can no longer be put off.”
On Thursday, China released data that showed its economy was continuing to weaken. Many economists have been urging the government to loosen controls over the financial system, to support lending to private businesses while reining in state-owned enterprises, to allow more movement in exchange rates and interest rates, and to improve social benefits.
Such changes would curb the state’s role, lessen corruption and encourage competition. But making them would involve a titanic power struggle. Executives of Chinese conglomerates, army generals, Politburo members, local officials and the “princeling” children of Communist Party elders have little incentive to refashion a system that fills their coffers.
Another significant aspect of the China model is the growing security apparatus. Its heavy-handed tactics in pursuit of social stability have been called into question by, among other things, more than 30 self-immolations by disaffected Tibetans and a diplomatic crisis between China and the United States precipitated by the plight of a persecuted dissident, Chen Guangcheng. A well-documented uprising last winter against corrupt officials in the southern village of Wukan ignited a debate about how protests should be addressed: by the sword of the security forces, or through mediation by senior officials.
But it is the scandal over Bo Xilai, until recently a member of the party’s elite Politburo, that has most humbled those who previously praised the well-oiled nature of China’s political system and its appearance of unity.
Before the charismatic Mr. Bo lost his party chief post in Chongqing, other leaders were already starting to view him as an increasingly intolerable maverick. After arriving in Chongqing in late 2007, Mr. Bo began what was billed as a crackdown on crime, along with a revival of Mao-era singalongs and welfare policies, aimed at generating populist backing and winning political support from the “new left,” or hard-core socialists, for his bid to join the top-level Politburo Standing Committee, which is scheduled to turn over this year.
Mr. Bo’s bid veered sharply from the traditional route of ascension, which since the era of Deng Xiaoping has been one of back-room patronage and shadowy negotiations among party elders. The problem now in China is that the powers of those elders have diminished with each generation — the current president and party chief, Hu Jintao, is weaker than his predecessor, Jiang Zemin, who was much weaker than Mr. Deng.
With the dissolution of power, a multitude of factions and alliances are emerging under one-party rule, with no one voice able to impose order.
“China needs a system in place more than ever,” said Wang Kang, a liberal writer from Chongqing. “Only a system can guarantee stability.”
Some say that the purge of Mr. Bo was a correction in the political system, and that the system has returned to normal. But many others argue that given the growing incoherence at the top, and the diversity and reach of mass media in China, it is inevitable that more politicians will adopt Mr. Bo’s populist methods. Cheng Li, a scholar of Chinese politics, noted that at the annual National People’s Congress in March, several rising sixth-generation leaders gave prominent news media interviews, a form of self-promotion that was a break from tradition.
“There are no clear and steadfast rules,” said Wu Si, chief editor of Yanhuang Chunqiu, a journal of politics and history. “In this confused state, there is bound to be someone like Bo Xilai who deploys various methods to compete to enter the standing committee.”
Mr. Bo’s policies also helped expose another fault line in the China model: the priority placed on economic growth through investment projects carried out by state-owned enterprises, with generous loans from state banks. This is the framework propping up the Chinese economy.
Flush with infrastructure projects, Chongqing, with a population of 31 million, had an economic growth rate of 16.4 percent last year, the highest of any municipality. But the municipal government and local state-owned companies have accumulated $160 billion in debt, according to an estimate by Victor Shih, who studies China’s political economy. Many of those loans might never be repaid.
Policy makers pushing for a different model across China, one that relies more on consumer spending and encourages private enterprise, insist that long-stalled structural overhauls must be restarted. Some see an opening in the coming leadership transition. But the biggest hurdle may be the fact that both departing and incoming leaders have close ties to state-owned enterprises, which are keen to preserve the status quo.
The hesitancy over the next step is heightened by China’s cooling economy. The growth rate slowed to 8.1 percent in the first quarter of this year, and Prime Minister Wen Jiabao in March cut the forecast for the year to 7.5 percent. The property market is deflating. The data released on Thursday showed that domestic demand is weakening and exports are flagging.
China warded off the global financial crisis with a $580 billion stimulus package and a loosening of bank lending. Its leaders could fall back on that government-led, investment-driven approach if the economy cools too much.
One thing keeping them in check, however, is fear of rampant inflation, which could increase social unrest. Discontent among the poor and middle class is a major source of anxiety for Chinese leaders, yet there are no easy solutions to the widening wealth gap, as long as rapid growth is the priority.
The surging number of protests arising from this gap is another stress point in the China model. Officials rely heavily on domestic security forces to quell what they call “mass incidents,” which one sociologist, Sun Liping, estimated at 180,000 in 2010. In March, the government announced that it planned to spend $111 billion on domestic security this year, a 12 percent increase over 2011, and $5 billion more than this year’s military budget.
During the uprising in Wukan last winter, which began because of what villagers called illegal land seizures by local officials, police units surrounded the village, but backed off after Guangdong Province officials negotiated with the residents. Wang Yang, the provincial party chief, took credit for the peaceful settlement and has proposed that that strategy be more widely adopted, in an implicit criticism of the militant tactics used in “stability maintenance.”
The weakness of those tactics was exposed once again when Mr. Chen, the activist put under house arrest in 2010, made his nighttime escape from village guards who had beaten him and his wife. Mr. Chen, who is blind, fled to the United States Embassy in Beijing. That such brutality could set off a diplomatic crisis between the world’s superpower and its rising rival is as obvious a sign as any of the deep flaws in China’s security methods.
“From the few times I’ve engaged with them,” Mr. Chen said, “I know they have the intention of reforming, of slowly initiating the rule of law. But I don’t know how soon.”

Jonathan Ansfield contributed reporting, and Li Bibo and Edy Yin contributed research.