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quinta-feira, 12 de junho de 2014

A estupidez monumental de Piketty - Peter Schiff

O autor deste artigo, um capitalista de sucesso e sem vergonha de sê-lo, argumenta que o economista francês que quer tirar dos ricos para dar aos pobres é motivado basicamente pela inveja.
Pode ser.
Mas a conclusão que eu tiro da leitura deste artigo é que ele é um estúpido fundamental, já que sua "solução" para o problema da desigualdade -- que eu não considero um problema, obviamente, apenas uma faceta da condição humana -- apenas criaria mais problemas, e não representaria solução alguma.
Em todo caso, leiam com atenção.
Quem quiser ler no original, siga este link: http://finance.townhall.com/columnists/peterschiff/2014/06/02/pikettys-envy-problem-n1846197/page/full
Paulo Roberto de Almeida

O problema de inveja de Piketty

Portal Libertarianismo, 10 de junho de 2014
Não há dúvida de que o novo livro de Thomas Piketty, Capital in the 21st Century (tradução livre, Capital no Século XXI) despertou a atenção do mundo. Na verdade, o fenômeno Piketty (o equivalente econômico à Beatlemania) tem em alguns aspectos se tornado uma história maior do que as ideias em si. Contudo, a popularidade do livro não é de todo surpreendente quando você considera que sua premissa central – como a redistribuição radical de riqueza criará uma sociedade melhor – sempre teve entusiastas (muitos dos quais instigaram revoltas e revoluções). O que é surpreendente, todavia, é que as ideias absurdas contidas no livro possam atrair tantas pessoas que supostamente são inteligentes.
Antes do século XX, o impulso da redistribuição foi refreado somente pelo poder incontestável das classes dominantes e, em menor medida, pelas restrições morais e prática contra o roubo. Karl Marx driblou as objeções morais sob o argumento de que os ricos se tornavam ricos somente por meio do roubo, e que a eliminação da propriedade privada era a chave para o crescimento econômico. No entanto, os resultados funestos das revoluções comunistas do século XX levaram os ventos das velas dos redistribucionistas. Depois dessa derrota, novas ideias eram necessárias para salvar a causa. As 700 páginas de Piketty aparentemente preencheram essa lacuna.
Qualquer pesquisador político dirá que a batalha das ideias é ganha ou perdida nos primeiros 15 segundos. A principal conquista de Piketty não reside na importância do seu livro, ou na sua análise de séculos de estatísticas sobre renda (a qual mostrou sinais de desgaste), mas sim na proposição de uma ideia sedutora e emocionalmente simples: que os ricos enriqueceram porque o retorno sobre o capital investido (r) é geralmente duas a três pontos percentuais maiores anualmente do que o crescimento econômico (g). Portanto, as pessoas com dinheiro para investir (os ricos) sempre enriquecerão, num ritmo mais rápido, do que todas as outras pessoas. O livre mercado, portanto, é uma via de mão única em direção ao crescimento da desigualdade.
Como Piketty vê a riqueza em termos de ganhos de soma zero (alguém enriquece empobrecendo a outrem), ele acredita que o sofrimento das massas aumentará até que esse ciclo seja quebrado por meio de: 1) destruição de riqueza que ocorre durante a guerra ou depressão (o que empobrece os ricos) ou 2) redistribuição de riqueza alcançada por meio da tributação sobre a renda, a riqueza e a propriedade. E embora Piketty pareça admirar os resultados alcançados pela guerra e a Depressão, ele não as defende como políticas. Restam os tributos, os quais deveriam ser majorados o suficiente para evitar as altas rendas e a riqueza sob forma de herança.
Antes de demolir o núcleo de sua tese, devemos nos maravilhar com a absurdidade de sua premissa. No seu livro, ele declara “para aqueles que trabalham para viver, o nível de desigualdade nos Estados Unidos é provavelmente maior do que em qualquer outra sociedade em qualquer momento do passado”. Dado que a igualdade é seu padrão de medida de prosperidade econômica, isso significa que ele acredita que os Estados Unidos é provavelmente o pior lugar possível para uma pessoa não rica ter nascido. Essa é uma declaração muito arrogante. E é verdade, em um sentido muito superficial e limitado. Por exemplo, de acordo com a Forbes, Bill Gates é US$ 78 bilhões de dólares mais rico do que o norte-americano mais pobre. Encontrar outro exemplo de tal disparidade monetária pode ser difícil. Contudo, a riqueza é medida de forma muito mais eficiente de outras formas, através do padrão de vida, particularmente.
Por exemplo, acredita-se que o romano mais rico que existiu até hoje foi Crassus, um proprietário de terras do 1º século antes de Cristo. Em um momento quando uma fatia de pão era vendida por 1/2 de um sestércio, Crassus tinha um valor líquido estimado de 200 milhões de sestércios, ou cerca de 400 milhões de fatias de pão. Hoje, nos Estados Unidos, onde uma fatia de pão custa cerca de US$ 3, Bill Gates poderia comprar cerca de 25 bilhões deles.  Então, quando medida em termos de pão, Gates é mais rico. Mas essa é praticamente a única categoria onde isso é verdade.
Crassus vivia em um palácio que teria estado além da compreensão de muitos romanos. Ele consumia alimentos exóticos e vinhos finos até se saciar, tomava banhos quentes todos os dias, e tinha seu próprio grupo de servos, criados, cozinheiros, artistas, massagistas, artistas de teatro e músicos. Seus filhos possuíam tutores privados. Se a temperatura aumentasse muito, ele era carregado em um veículo privado até sua casa de praia, tendo servos abanando-o 24 horas por dia. Em contraste, os romanos mais pobres, se não estavam acorrentados a remos ou gladiando com feras selvagens na arena, provavelmente estariam trabalhando pesado nos campos comendo nada mais do que pão, se houvesse pão, é claro. Ao contrário de Crassus, eles não tinham acesso a uma dieta variada, saúde, educação, diversão ou água encanada.
Por outro lado, veja como Bill Gates vive em comparação com os norte-americanos mais pobres. A pia usada por ambos é notavelmente similar, e ambos disfrutam de água corrente quente e fria. Gates certamente tem acesso a alimento e plano de saúde de melhor qualidade, mas os norte-americanos não morrem de fome ou caem mortos nas ruas por causa de doenças, além de terem muito mais para comer do que meramente pão. Para entretenimento, Bill Gates provavelmente liga a TV e assiste aos mesmos programas que os norte-americanos mais pobres assistem, e quando a temperatura se eleva, ele liga o ar-condicionado, algo que muitos norte-americanos pobres também podem fazer. Obviamente que virar hambúrgueres no McDonald´s não é algo agradável, contudo, é muito melhor do que ser um escravo de uma galera. A mesma disparidade pode ser detectada em outros momentos da história, de Kublai Khan a Louis XIV. Monarcas e a nobreza alcançou riqueza inimaginável enquanto era cercada de pobreza atroz. A mesma coisa acontece hoje em lugares como a Coréia do Norte, onde Kim Jong-un vive em esplendor enquanto seus cidadãos literalmente morrem de fome.
Desemprego, enfermidades ou deficiências não são sentenças de morte nos Estados Unidos como eram em outros lugares no decorrer da história. Na verdade, é possível ganhar até mais sem trabalhar. Mesmo assim, Piketty quer que acreditemos que a desigualdade nos Estados Unidos hoje é pior do que em qualquer outro lugar na história. Se você pode engolir esse abacaxi, acho que você está preparado para aceitar tudo mais que ele quer servir.
Todos os economistas, independentemente de sua orientação política, reconhecem que o aumento do capital produtivo é essencial para o crescimento econômico. Somos tão bons quanto as ferramentas ao nosso dispor. Alimento, roupas e moradia são muito mais abundantes hoje em relação a 200 anos atrás porque o capital na forma de equipamentos torna os processos da agricultura, manufatura e construção muito mais eficientes e produtivos (apesar das regulamentações governamentais e dos tributos que diminuem essa eficiência). Piketty tenta mostrar que foi além de Marx, reconhecendo os problemas das economias planificadas.
No entanto, ele acredita que o Estado deveria estipular limites sobre a quantidade de riqueza que os capitalistas podem reter dos frutos de seu trabalho. Para fazê-lo, ele imagina alíquotas de imposto de renda que se aproximariam de 80% sobre rendas acima de US$ 500 mil, combinada com uma alíquota anual de 10% sobre a riqueza existente (em todas as suas formas: propriedades, artes, propriedade intelectual, etc). Para ser efetiva, ele argumenta que esses tributos confiscatórios deveriam ser impostos globalmente de forma que as pessoas ricas não pudessem transferir seus ativos para outras partes do mundo, fugindo, assim, da tributação. Ele admite que essas transferências podem na verdade não aumentar a arrecadação tributária, as quais poderiam ser usadas, supostamente, para ajudar os pobres. Em vez disso, ele afirma que a questão principal é simplesmente evitar que as pessoas ricas permaneçam ricas ou que enriqueçam.
Dado que seria ingenuidade presumir que os ricos continuariam a trabalhar e investir no nível atual uma vez que tivessem de encarar as barreiras impostas por Piketty, ele claramente acredita que a economia não sofreria nada com isso. Dado o esforço que é demandado para se obter o lucro e o valor que todo mundo coloca sobre o seu tempo livre, provavelmente todos aqueles empreendedores simplesmente decidirão que 100% de esforço por um retorno de 20% não vale a pena.  Piketty realmente acredita que a economia seria beneficiada se os Steve Jobs e os Bill Gates do mundo simplesmente decidissem parar de trabalhar tão logo fizessem meio milhão de dólares?
Como ele considera a riqueza herdada como o pecado econômico original, ele também advoga políticas tributárias que colocarão um fim nela. O que essa medida alcançaria? Se impedirmos a possibilidade de transferir dinheiro ou propriedade a crianças, as pessoas bem sucedidas tenderão a gastar em serviços de luxo (viagem e entretenimento) do que poupar e se planejar para o futuro. Enquanto a maioria dos economistas modernos acredita que a poupança é prejudicial já que reduz o gasto corrente, ela é, na verdade, o capital que financia o crescimento econômico de longo prazo. Ademais, negócios gerenciados com vistas ao longo prazo tendem a oferecer valor incremental à sociedade. Colocar os filhos nos negócios da família também gera valor, não somente para os acionistas, mas para os consumidores. Contudo, Piketty preferiria que os empresários fechassem as portas antes que seus filhos crescessem e fizessem parte do negócio. Como, exatamente, isso beneficia a sociedade?
Se a renda e a riqueza são cortadas, as pessoas com capital e rendas acima desse limite não terão incentivos para investir ou emprestar dinheiro. Acima de tudo, porque correr o risco quando quase todo o retorno seria perdido em tributos? Isso significa que existirá menos capital disponível para ser emprestado aos negócios e indivíduos. A consequência direta será o aumento das taxas de juros, prejudicando o crescimento econômico. Os tributos sobre a riqueza exercerão pressão altista similar sobre as taxas de juros, através da redução dos volumes de capital que estão disponíveis para empréstimo. Pessoas ricas saberão que qualquer riqueza não gasta será tributada em 10% anualmente, de forma que somente os investimentos com retorno maior do que 10%, por uma margem ampla o suficiente para compensar o risco, deveria ser considerado. Essa é uma grande barreira.
A falha principal nos seus argumentos não é moral, ou mesmo computacional, mas sim lógico. Ele nota que o retorno do capital é maior do que o crescimento econômico, todavia falha em considerar comm o capital “gera” benefícios para todos. Por exemplo, é fácil ver que Steve Jobs recebeu bilhões pelo desenvolvimento e venda de produtos da Apple. Tudo o que você precisa fazer é verificar a conta bancária dele. Contudo, é muito mais difícil, se não impossível, medir o benefício muito maior gerado pelas suas ideias na sociedade. Isso é perceptível se você fizer as perguntas corretas. Por exemplo, quanto alguém teria de pagá-lo para que você, voluntariamente, não usasse a Internet por um ano? Provavelmente, a maioria dos americanos escolheria um valor superior a US$ 10.000 dólares. Isso por um serviço que muitas pessoas pagam menos do que US$ 80,00 mensais (às vezes é até grátis, se você consumir uma xícara de café). Esse diferencial é a “matéria escura” que Piketty não consegue identificar, porque nem mesmo se importa em procurar.
De alguma forma, nas várias décadas de sua pesquisa, Piketty negligenciou o fato de que a Revolução Industrial reduziu a desigualdade como um todo. Os camponeses, que tinham estado presos na agricultura de subsistência por séculos, se encontraram com possibilidades econômicas muito maiores dentro de poucas gerações. Então, enquanto a sociedade feudal era dividida em alguns grupos que eram muito ricos e as massas que eram miseravelmente pobres, o capitalismo criou a classe média pela primeira vez na história e permitiu a possibilidade de real mobilidade econômica.  Como subproduto, alguns dos empreendedores mais bem sucedidos obtiveram as maiores fortunas vistas até então. No entanto, Piketty somente dá importância aos extremos. Isso porque ele, e seus seguidores, são impulsionados muito mais pela inveja do que pelo desejo do sucesso. No mundo real, todavia, onde a inveja não é comestível, o padrão de vida é o que realmente importa.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

Peter Schiff
Peter David Schiff (23 de março de 1963) é um autor, empresário e comentarista financeiro dos Estados Unidos. Schiff é o CEO e chief global strategist da corretora de valores Euro Pacific Capital Inc.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Papa Francisco: bom marketologo politico (e religioso), mas pessimo analista economico...

Desde o início, ou seja, a partir da eleição do cardeal Bergoglio como novo papa, eu tinha reparado que ele era bastante diferente no plano dos comportamentos sociais -- podendo colocar em ordem a imensa bagunça sexual da Igreja -- mas totalmente igual aos outros, ou pior, no que se relacionava à sua doutrina (?) econômica, na verdade, um conjunto de preconceitos habituais de muitos religiosos católicos contra a economia de mercado.
Não sei se o papa é um primitivo econômico, ou se apenas faz demagogia política (se aproximando, assim, um pouco, da teologia da liberação, bastante marxista na sua condenação do lucro e da concentração de rendas, riquezas e propriedades), mas o fato é que ele escorrega, cada vez que fala de economia.
Pretendia fazer uma análise de suas declarações econômicas, completamente equivocadas, e só não o fiz por falta de tempo, mas creio que este artigo pode ajudar na tarefa de rebater essas concepções equivocadas sobre o mundo da economia.
Paulo Roberto de Almeida

Is the Pope Right About the World?

We're living at a far more equal, peaceful, and prosperous time than the pontiff acknowledges.

Pope Francis waves as he arrives at St. Peter's Square at the Vatican. (REUTERS/Giampiero Sposito)
It’s official: 2013 has been the Year of the Pope. The latest evidence? Time has named Francis its Person of the Year, noting that the pontiff, during his first nine months in office, “has placed himself at the very center of the central conversations of our time: about wealth and poverty, fairness and justice, transparency, modernity, globalization, the role of women, the nature of marriage, the temptations of power.” Indeed, the pope’s writings and public pronouncements reveal a deeply caring and passionate man who speaks from the heart. In Evangelii Gaudium, an “apostolic exhortation” released late last month, the pope bemoans inequality, poverty, and violence in the world.
But here’s the problem: The dystopian world that Francis describes, without citing a single statistic, is at odds with reality. In appealing to our fears and pessimism, the pope fails to acknowledge the scope and rapidity of human accomplishment—whether measured through declining global inequality and violence, or growing prosperity and life expectancy.
The thesis of Evangelii Gaudium is simple: “unbridled” capitalism has enriched a few, but failed the poor. “We have to remember,” he writes, “that the majority of our contemporaries are barely living from day to day, with dire consequences. A number of diseases are spreading. The hearts of many people are gripped by fear and desperation, even in the so-called rich countries. The joy of living frequently fades, lack of respect for others and violence are on the rise, and inequality is increasingly evident. It is a struggle to live and, often, to live with precious little dignity.”
Just how free the free market really is today is debatable. The United States is perceived as the paragon of free-market capitalism. And yet over the last two decades, according to Wayne Crews of the libertarian Competitive Enterprise Institute, Washington has issued 81,883 regulations—or nine per day. Maybe the marketplace should be regulated less, and maybe it should be regulated more. But unbridled it is not.

Moreover, the government redistributes some 40 percent of all wealth produced in America—up from 7 percent a century ago. Much of that wealth comes from the rich and pays for everything from defense and roads to healthcare and education, which are enjoyed by Americans from all income groups. The top 1 percent of income earners  earned 19 percent of all income in 2010 and paid more than 38 percent of all income taxes. The top 10 percent paid more than 70 percent of all income taxes. Maybe the rich should contribute more, and maybe they should contribute less. But contribute they do—well in excess of the biblical tithe.
As for the negative consequences of “trickle-down” economics that the pope bemoans, let’s look at them in turn.
First, consider inequality. Academic researchers—from Xavier Sala-i-Martin of Columbia University, to Surjit Bhalla, formerly of the Brookings Institution and Rand Corporation, to Paolo Liberati of the University of Rome—all agree that global inequality is declining. That is because 2.6 billion people in China and India are richer than they used to be. Their economies are growing much faster than those of their Western counterparts, thus shrinking the income gap that opened at the dawn of industrialization in the 19th century, when the West took off and left much of the rest of the world behind.
Paradoxically, the shrinking of the global inequality gap was only possible after India and China abandoned their attempts to create equality through central planning. By allowing people to keep more of the money they earned, the Chinese and Indian governments incentivized people to create more wealth. Allowing inequality to increase at home, in other words, diminished inequality globally. And global inequality, surely, is the statistic that should most concern the leader of a global religion.
The graph below shows the narrowing gap between Chinese (orange) and global (red) incomes. As China embraced capitalism in the late 1970s, its economy started growing faster than the world average, making the world less unequal in the process. The figures in the graph are adjusted for inflation and purchasing power parity (in other words, they take into account that the cost of identical goods—such as a pair of shoes or a pound of beef—may be significantly different in two countries, depending on the price of labor, land, capital, etc.)
GDP, per person, 2011 international dollars, PPP

Second, let’s look at poverty. According to the Brookings Institution researchers Laurence Chandy and Geoffrey Gertz, the “rise of emerging economies has led to a dramatic fall in global poverty.” The authors “estimate that between 2005 and 2010, the total number of poor people around the world fell by nearly half a billion, from over 1.3 billion in 2005 to under 900 million in 2010. Poverty reduction of this magnitude is unparalleled in history: never before have so many people been lifted out of poverty over such a brief period of time.”
If anything, the speed of human progress seems to be accelerating. As Charles Kenny of the Center for Global Development writes, “4.9 billion people—the considerable majority of the planet—[live] in countries where GDP has increased more than fivefold over 50 years. Those countries include India, with an economy nearly 10 times larger than it was in 1960, Indonesia (13 times), China (17 times), and Thailand (22 times larger than in 1960). Around 5.1 billion people live in countries where we know incomes have more than doubled since 1960, and 4.1 billion—well more than half the planet—live in countries where average incomes have tripled or more.”
The graph below shows the percentage of the population living on less than $1.25 a day in Bangladesh (orange), China (blue), Vietnam (purple), and India (green) beginning in the 1980s. The dollar figure is, again, adjusted for inflation and purchasing power parity.
Poverty gap at $1.25 per day, adjusted for inflation and PPP, percent of population

Third, consider violence. In The Better Angels of Our Nature: Why Violence Has Declined—a book that spans 800 pages and millennia of human development—Steven Pinker of Harvard University documents a tremendous decline in global violence. According to Pinker, “Tribal warfare was nine times as deadly as war and genocide in the 20th century. The murder rate in medieval Europe was more than thirty times what it is today. Slavery, sadistic punishments, and frivolous executions were unexceptionable features of life for millennia, then were suddenly abolished. Wars between developed countries have vanished, and even in the developing world, wars kill a fraction of the numbers they did a few decades ago. Rape, hate crimes, deadly riots, child abuse—all substantially down.”
Rape and homicide rates in the United States, percent of 1973 level


Rate of deaths in genocides, per 100,000 people

Last, but not least, consider disease. Measles, polio, and cholera, which destroyed innumerable lives in the past, have been all but eradicated. The spread of HIV/AIDS has been checked by the increasing use of marvelous antiretroviral (ARV) therapies. Some 10 million people, mostly Africans, are being treated with ARVs—an intervention mostly financed by the West. Even cancer rates, which have increased together with life expectancy, are beginning to decline—at least in rich countries. Speaking of living longer, the average global life expectancy at birth hovered around 30 years from the Upper Paleolithic to 1900. Even in the richest countries, like those of Western Europe, life expectancy at the start of the 20th century rarely exceeded 50 years. Today, the average global life expectancy is 68 years.
Antiretroviral therapy coverage, percent of people with advanced HIV


Life expectancy at birth, years

Pope Francis has a big heart, but his credibility as a voice of justice and morality would be immeasurably improved if he based his statements on facts.

sábado, 3 de agosto de 2013

Aldo Ferrer: o maniqueismo, a simplificacao, o reducionismo, a servico do desastre argentino

Vocês querem saber por que a Argentina encontra-se em decadência desde, mais ou menos, 80 anos? Vocês querem saber por que ela não consegue se recuperar?
Vocês gostariam de saber como e por que o Brasil poderia ir pelo mesmo caminho?
Bem, uma das formas é ler o que escreve este economista argentino, famoso autor do período do nacional-desenvolvimentismo, e que hoje é, salvo engano, embaixador da Argentina em Paris. Aldo Ferrer, muito apreciado pelos companheiros, que por isso mesmo o convidaram para se expressar na recente conferência que os companheiros promoveram na Faculdade do ABC para cantar as glórias, entre eles, dos dez anos de poder companheiro, em especial na política externa.
Simplismo, maniqueismo, reducionismo, deformação da história, deturpação das realidades econômicas, distorção das relações políticas, enfim, todos os tipos de equívocos, alguns por ingenuidade, outros por má fé mesmo, estão presentes nesta alocução, reproduzida num jornal argentino que já foi de oposição ao kirchnerismo, e que agora se submete ao poder executivo, comprado, chantageado ou intimidado, como tantos outros, em diversos países da região, pela pressão política e do dinheiro, em favor de teses companheiras.
Não tenho tempo agora -- por estar engajado em diversos trabalhos urgentes -- de rebater cada um dos argumentos do economista argentino, mas deixo o seu texto registrado aqui, para em alguma oportunidade tocar nessas teses e refutá-las, como enganosas que são.
Bem, só posso augurar mais decadência, mais distorções e mais atraso, não apenas à Argentina -- sob essas teses -- mas também a outros países que por acaso seguirem suas recomendações equivocadas. Parece que temos muitos, aqui no Brasil, dispostos a enterrar o Brasil numa decadência de médio e longo prazo.
Sirvam-se, podem se espelhar nestas ideias e seguir suas recomendações...
Paulo Roberto de Almeida

Alianza...

Por Aldo Ferrer *
Pagina 12, DOMINGO, 28 DE JULIO DE 2013
La visión argentina de Brasil y de su política externa de la última década depende de cómo los argentinos vemos el mundo y a nosotros mismos. En tal sentido, existen dos perspectivas principales y opuestas: la neoliberal y la nacional.
La visión neoliberal
La misma considera a la Argentina como un segmento del mercado mundial, que debe organizarse conforme con las señales del orden internacional. De este modo, su estructura productiva y su inserción en la división internacional del trabajo están determinadas por sus ventajas competitivas estáticas, fundadas en la abundancia de sus recursos naturales y subdesarrollo tecnológico e industrial. Este enfoque supone, asimismo, que, dada la concentración del poder en los mercados y los países dominantes, Argentina carece de la capacidad decisoria necesaria para trazar su sendero de desarrollo, industrializarse, participar plenamente en la revolución científica y tecnológica y, consecuentemente, establecer una relación simétrica, no subordinada, con el orden mundial.
Esta visión responde al convencimiento histórico del neoliberalismo de que Argentina no cuenta con factores autónomos de desarrollo. Debe asociarse, necesariamente, a un centro hegemónico externo que impulse su crecimiento. Esta fue, en efecto, la posición que el país mantuvo, hasta la crisis mundial de la década de 1930, con Gran Bretaña. Posteriormente, la pretendida durante las frustradas “relaciones carnales” con los Estados Unidos. Actualmente, la considerada conveniente con Brasil y, en mayor medida, con China. Se trata del “realismo periférico” de un país, que sólo podría aspirar a conseguir lo posible, dentro de la posición subordinada que inevitablemente ocupa en el orden mundial.
Desde esta perspectiva, es preferible que la política exterior brasileña responda a los mismos principios neoliberales. Pero, sea cual fuere el rumbo de la misma, nuestras relaciones serán determinadas por el libre juego de la fuerzas del mercado y las ventajas comparativas estáticas, determinadas por las asimetrías en los niveles de desarrollo y la dimensión económica de ambos países. Este enfoque considera normal que, en la relación bilateral, estos hechos establezcan una división del trabajo del estilo centro (Brasil)-periferia (Argentina).
La visión nacional. La propuesta industrialista forma parte de una tradición histórica que incluye a políticos y economistas, como Vicente Fidel López en el siglo XIX y, posteriormente, a mediados del XX, a Alejandro Bunge y Raúl Prebisch. La misma concibe al país como un sistema de relaciones económicas y sociales, dentro del espacio territorial, capaz de desplegar en su totalidad los recursos y el talento disponibles, construir una estructura productiva industrializada y compleja, generar ventajas comparativas dinámicas fundadas en el conocimiento, agregar valor a sus recursos naturales y establecer relaciones simétricas, no subordinadas, con el orden mundial. Si se verifican las condiciones determinantes de la densidad nacional, Argentina dispone de los recursos materiales y humanos y del poder decisorio necesarios para trazar su sendero de desarrollo y estilo de relaciones con el resto del mundo, incluso Brasil.
Desde esta perspectiva, es conveniente que la política exterior brasileña responda a objetivos nacionales propios y, al mismo tiempo, conciba la relación bilateral como una alianza estratégica para impulsar el desarrollo complejo de ambas economías y el creciente contenido tecnológico y de valor agregado del comercio recíproco, en ambos sentidos. De este modo, una política exterior brasileña que reivindica la autonomía decisoria frente a los centros de poder mundial y la solidaridad con los países del espacio sudamericano es funcional a la visión nacional del desarrollo en la Argentina.

La evidencia

En la historia contemporánea, Argentina puso en práctica, en su relación con Brasil (y con el resto del mundo), ambas visiones. Al tiempo del regreso de ambos países a la democracia, los acuerdos bilaterales de los gobiernos de Alfonsín y Sarney reflejaron la propuesta nacional del desarrollo argentino y el impulso de una integración programada, a través de la convergencia de las políticas públicas y del estrechamiento de las relaciones entre los sectores privados de ambos países. Su mejor ejemplo fue la prioridad de los acuerdos sectoriales de integración industrial, con eje en el sector crítico de los bienes de capital.
Durante los gobiernos de Menem y Collor, la relación de nuestros países en el marco del Mercosur quedó subordinada a las fuerzas del mercado. Esto se reflejó en un creciente desequilibrio en el contenido de valor agregado y tecnología del comercio bilateral y, finalmente, concluyó en el descalabro de la economía argentina en la crisis del 2001/2.
En el transcurso de la última década (2003-13), la Argentina resolvió la crisis de la deuda externa, recuperó soberanía y la capacidad decisoria de sus políticas públicas. La política exterior brasileña permitió discutir y resolver, con un espíritu solidario, las consecuencias del cambio de rumbo en la Argentina y, al mismo tiempo, fortalecer una visión común sobre las tendencias del orden mundial y el lugar, en el mismo, de nuestros países. Argentina tiene una responsabilidad fundamental en la definición de la naturaleza de la relación argentino-brasileña. Brasil, por su dimensión y potencial de recursos humanos y materiales, es ya un protagonista importante del escenario internacional y, como diría Helio Jaguaribe, está condenado a ser una potencia de primer rango. Somos nosotros, los argentinos, quienes tenemos que contribuir a una relación simétrica y solidaria, a través de la eficacia de nuestras políticas de desarrollo nacional e inclusión social.

Trayectorias comparadas

Los argentinos tenemos que entender por qué Brasil acumuló un considerable poder nacional en sectores fundamentales de la economía. La explicación radica en que, a pesar del sesgo ortodoxo de la política financiera en diversos períodos, Brasil mantuvo a largo plazo la decisión de fortalecer núcleos estratégicos del poder nacional (Petrobras en hidrocarburos, Embraer en la industria aeronáutica, las grandes empresas de construcción e ingeniería). Esto se refleja, ahora, en la proyección internacional de las firmas brasileñas.
En materia de financiamiento del desarrollo, el Banco Nacional de Desenvolvimento (Bndes) es un envidiable ejemplo de movilización de recursos internos, con fondeos en gran medida provenientes del sistema de seguridad social y la masa salarial. Instrumentos financieros como el Bndes y el dinamismo de los principales grupos económicos permitieron el despliegue de ambiciosos planes de desarrollo de la infraestructura y programas de apoyo a la competitividad y el desarrollo de actividades prioritarias. Asimismo, Brasil protegió su soberanía, preservando la jurisdicción de sus tribunales en el caso de litigios con intereses extranjeros, no ratificó ningún tratado bilateral de garantía de inversiones, ni se adhirió al Ciadi.
En contraste con la experiencia del Brasil, en la Argentina, durante el largo período de la hegemonía neoliberal (1976-2001), que no incluye el gobierno de Alfonsín, se demolieron sistemáticamente las fuentes del desarrollo y poder soberano de decisión y se adoptaron compromisos internacionales, que implicaron una renuncia voluntaria de la soberanía.
En el pasado, la asimetría de las estrategias de desarrollo seguidas por Argentina y Brasil generó una división del trabajo en el intercambio bilateral, con Argentina en la posición predominante de abastecedor de bienes de menor contenido relativo de tecnología y valor agregado. La asimetría se expresa en sectores como el automotor, bienes de capital, electrodomésticos, informática, telecomunicaciones, calzado y textiles. De este modo, en el largo plazo, se fueron generando rasgos estructurales en ambas economías, que continúan influyendo en el intercambio y otros aspectos de las relaciones económicas bilaterales.
Una vez que Argentina, después de la debacle de la estrategia neoliberal, resolvió cambiar el rumbo e impulsar su reindustrialización, necesariamente debían cambiar la dinámica y el contenido de la relación bilateral. En la actualidad, la vecindad, la historia y los desafíos que plantea el escenario internacional han llevado a los dos países a establecer un grado de comunicación y empatía sin precedentes y a la instalación del concepto de “alianza estratégica”, indispensable para ampliar las fronteras del desarrollo nacional de cada uno de ellos.

Cultura y transformación

Argentina y Brasil no han alcanzado, todavía, altos niveles de desarrollo económico y social. Sin embargo, en el plano de la cultura son potencias de primera magnitud. El aporte de nuestros escritores, pintores, músicos y otros creadores forma parte fundamental de la creación y del ingenio humanos en el escenario mundial. Incluso en las ciencias duras y en las sociales nuestro aporte es significativo. El desafío consiste en poner la realidad económica y social a la misma altura de los niveles alcanzados en la cultura. La ciencia y la tecnología forman parte de este campo fundamental del desarrollo y la integración de nuestros países.
La formación de un sistema económico y social avanzado exige articular la explotación de los recursos naturales, con su industrialización e incorporación de valor agregado y tecnología. Las estructuras productivas, reducidas a producir y exportar productos primarios, desembocan en el subdesarrollo, la dependencia y la exclusión social. En el caso argentino, por ejemplo, es indispensable esta visión integrada del desarrollo para erradicar definitivamente el falso supuesto de que existe un conflicto de intereses entre el campo y la industria.
La movilización de los recursos propios es el fundamento insustituible del desarrollo y la integración. La dependencia del capital extranjero reduce el ahorro interno y la tasa de inversión. Culmina con niveles insostenibles de deuda externa, desequilibrios inmanejables y la subordinación a la irracionalidad de la especulación financiera. Argentina proporciona un ejemplo dramático en la materia. Acontecimientos semejantes suceden, actualmente, en varios países de la Unión Europea. En consecuencia, vivir con lo nuestro, abiertos al mundo, en el comando de nuestro destino, es indispensable para el ejercicio efectivo de la soberanía y del derecho de construir un sendero propio en el orden global. La presencia de las filiales de las empresas transnacionales es positiva cuando contribuye a la apertura de nuevos mercados, la transferencia de conocimientos, los equilibrios en los pagos internacionales y la integración de cadenas de valor de creciente valor agregado y tecnología. Al mismo tiempo, debe ser complementaria, no sustitutiva, del protagonismo del empresariado local, que es uno de los componentes de la densidad nacional.
Lo que está en crisis, en la actualidad, no es la globalización, que es una consecuencia inevitable del avance de la ciencia y la tecnología. La crisis es del neoliberalismo y de los estados neoliberales, cuya impotencia para administrar las fuerzas de la globalización provoca descalabros como los que hemos vivido en nuestra propia experiencia y suceden, actualmente, en otras latitudes.
Aun juntos, Argentina y Brasil no pueden cambiar el mundo de asimetrías, inestabilidad e injusticia que habitamos, pero tienen una capacidad decisiva para estar, en ese mundo, parados en sus propios recursos, ejerciendo la soberanía y, desde allí, en efecto, contribuir a la defensa de los intereses del género humano en el orden global.

La integración

La integración de Argentina y Brasil se despliega en tres planos: las políticas internas, las reglas del juego de la integración y la proyección conjunta hacia el resto del mundo. Detengámonos, brevemente, en cada uno de estos tres planos.
Las políticas internas. El avance de la integración depende, en gran medida, de cuestiones que sólo tienen resolución dentro de cada espacio nacional y son indelegables a la esfera bilateral y regional. Tales, por ejemplo, las políticas sociales, para elevar el nivel de vida y las macroeconómicas, para abrir espacios de rentabilidad que fortalecen la competitividad e impulsan la inversión y el empleo. Cuanto más exitosas sean las políticas internas de desarrollo e inclusión social, más amplias son las fronteras de la integración.
La calidad de las políticas públicas depende de la fortaleza de la densidad nacional. Vale decir, de la integración de la sociedad, la vocación patriótica de los liderazgos, la estabilidad institucional de largo plazo y la vigencia de un pensamiento crítico, no subordinado a los criterios de los centros hegemónicos del orden mundial. Estas son condiciones necesarias de las políticas impulsoras de la transformación productiva y la asimilación de la ciencia y la tecnología, generadoras de oportunidades para amplios sectores sociales, protectoras de los intereses nacionales y capaces de arbitrar los conflictos distributivos y asegurar los equilibrios macroeconómicos. El fortalecimiento de la densidad nacional es una responsabilidad propia e indelegable de cada país. Cuanto más sólida sea la de Argentina y Brasil, mayor la posibilidad de construir juntos el sendero de la integración.
Las reglas del juego. La integración es útil en cuanto instrumento para impulsar el desarrollo nacional y fortalecer la posición en el escenario global. Sus reglas del juego deben ser, por lo tanto, consistentes con tal objetivo y distribuir, con equidad, los beneficios de la aplicación de la ciencia y la tecnología, es decir, del desarrollo. Esto implica la formación de economías nacionales integradas y abiertas, relacionadas entre sí y con el orden mundial, a través de la división internacional del trabajo basada en la especialización intraindustrial. Por lo tanto, las reglas del juego de la integración deben ser compatibles con el desarrollo el Brasil y la Argentina. Lo mismo es válido para la integración más amplia en el Mercosur y el espacio sudamericano.
Es preciso, entonces, tomar nota de la situación particular de cada uno y de la naturaleza de la relación, entre dos países vecinos, con una importante asimetría de dimensión y de nivel de desarrollo, en algunos sectores. Aclarar estas cuestiones es vital para el futuro de la integración.
La clave del éxito de la integración no radica en la delegación de soberanía a órganos supranacionales bilaterales o comunitarios. La experiencia de la Unión Europea alcanza para demostrar cómo la cesión de soberanía termina subordinando a las partes más débiles al poder hegemónico de los más fuertes. La integración de Argentina y Brasil y, más allá, en el Mercosur y el espacio de América del Sur, no radica en la cesión de soberanía sino en la construcción solidaria de lo que nos falta en la ciencia y la tecnología, el desarrollo industrial y la inclusión social. En materia financiera, en tiempos recientes se han dado pasos positivos en tal sentido, a través del desendeudamiento externo, la acumulación de reservas internacionales y los controles de los capitales especulativos. La integración consiste entonces en la complementación de las soberanías nacionales a través de reglas adecuadas de la integración.
La adecuación de las reglas del juego de la integración para responder a las asimetrías y a los cambios en las realidades nacionales es imprescindible para el éxito de la integración. De allí la vigencia de reglas graduales, flexibles y equilibradas, como fueron establecidas en los acuerdos de integración bilateral, durante los gobiernos de Alfonsín y Sarney.
Si la integración se concibe como una combinación virtuosa de fuerzas del mercado y políticas públicas, esas reglas revelan la lucidez de las dirigencias para preservar el objetivo estratégico, reconociendo los problemas propios y el cambio de las circunstancias internas de los dos países.
Es claro que las adaptaciones no pueden ser discrecionales y deben surgir de negociaciones entre las partes, para preservar la máxima estabilidad y previsibilidad posibles de las normas. Esto es indispensable para fortalecer la competencia en el mercado ampliado y la competitividad sistémica de las producciones nacionales de bienes transables, en el mercado regional y el resto del mundo. Pero un sistema inflexible, si entra en conflicto con objetivos irrenunciables de los países, se rompe.
Otra cuestión, que influye pero no determina la naturaleza de la relación bilateral, es la asimetría en la dimensión de las dos economías. El factor fundamental que caracteriza la división del trabajo y el conjunto de las relaciones entre economías con tales asimetrías es la estructura productiva comparada, no la dimensión. En Europa, por ejemplo, Suecia y Alemania son países cercanos y el primero, pese a su menor tamaño, es un país plenamente desarrollado, que mantiene una relación simétrica no periférica con Alemania. En el caso de los países emergentes de Asia, como la República de Corea, Taiwan y Malasia, la vecindad con dos gigantes, como India y China, no es obstáculo alguno al pleno desarrollo industrial y tecnológico de los mismos.
En consecuencia, las diferencias actuales de dimensión de las economías no debe inducir a la suposición de que el destino de la relación bilateral es reproducir, en el espacio regional, una relación centro-periferia, entre un Brasil industrial y una Argentina principalmente proveedora de alimentos y materias primas. Esto debilitaría la importancia de Argentina para Brasil, como aliado estratégico, porque el mejor socio es el plenamente desarrollado. Si así fuera, perdería sentido el significado de la integración como instrumento del desarrollo argentino pero, en tal caso, la responsabilidad no sería, como no lo fue en el pasado, del Brasil, sino consecuencia de nuestra propia incapacidad de consolidar la densidad nacional y trazar un rumbo eficaz del desarrollo argentino.
En realidad, contar en paz con un gran vecino (como es para Argentina el caso del Brasil, con el cual comparte, además, la misma matriz histórica y cultural) es un activo fundamental de nuestro propio desarrollo. Para estos fines es preciso enfrentar las asimetrías observables en las estructuras productivas de los dos países, fundadas en la desindustrialización relativa argentina durante la hegemonía neoliberal.
Tenemos así por delante el desafío de construir una relación viable, mutuamente conveniente, para lo cual Argentina tiene que ampliar y profundizar su desarrollo industrial y tecnológico, integrar las cadenas de valor de la producción primaria con la participación creciente de componentes provenientes de nuestro propio acervo, impulsar el protagonismo de las empresas argentinas y, en este escenario, generar una dinámica de integración entre empresas de ambos países y de cadenas de valor binacionales y el acceso conjunto a los mercados internacionales.

La proyección hacia el resto del mundo

La integración de Argentina y Brasil debe proyectarse necesariamente al Mercosur y el espacio sudamericano. Como dice Marco Aurélio García, la relación de Argentina y Brasil no es toda la integración de America del Sur pero, sin ella, esta última no es concebible.
Debe atenderse, en particular, a través de acciones conjuntas, el desarrollo de los países hermanos de menor tamaño y desarrollo. Esta solidaridad hacia afuera construye también la solidaridad hacia adentro argentino-brasileña. La programación del desarrollo industrial en áreas importantes como, por ejemplo, celulosa y papel, es una forma de vincular los intereses de los países miembros del Mercosur. Si, por ejemplo, hubiéramos desplegado esta posibilidad a tiempo, nos habríamos ahorrado los dolores de cabeza de Argentina y Uruguay, provocados por las instalaciones de la pastera de Fray Bentos.
La alianza estratégica se proyecta también al escenario global a través de la concertación de posiciones conjuntas en los foros multilaterales como el G-20, OMC, FMI y las negociaciones con Estados Unidos, la Unión Europea y las potencias emergentes en la cuenca de Océano Pacífico y, también, en cuestiones críticas como las de seguridad, protección del medio ambiente, emergencias sanitarias y la lucha contra el narcotráfico. La emergencia de China y otros nuevos centros dinámicos en la economía mundial es un hecho positivo porque amplía las fronteras de la proyección internacional de Argentina y Brasil. Pero plantea, al mismo tiempo, el riesgo de reactivar el antiguo modelo centro-periferia que, en el pasado, postergó nuestro desarrollo tecnológico e industrial y lo subordinó a la situación de proveedor de productos primarios e importador de manufacturas y capitales. La estrategia conjunta de Argentina y Brasil frente a la nueva geografía de la economía mundial, resultante de la emergencia de China y otros países de Asia, es necesaria para evitar una renovada subordinación periférica.

La convergencia de los tres planos de la integración
No existe una secuencia cronológica entre las tres esferas de la integración de Argentina y Brasil. Es necesario avanzar, simultáneamente, en todas ellas. Es decir, construir, a partir de la fortaleza de las densidades nacionales, una densidad bilateral, mercosureña y sudamericana, fundada en la inclusión social, la eficacia de los liderazgos, la consolidación de la democracia y el pensamiento crítico. Cada país tiene la globalización que se merece en virtud de la fortaleza de su densidad nacional.
Cuanto más se consoliden las situaciones nacionales, más fluidos serán los intercambios, cuanto más flexibles y realistas las normas, mejor serán las respuestas frente a los cambios en las situaciones nacionales y, finalmente, cuanto más solidaria sea la proyección conjunta en el escenario global, más libertad de maniobra tendrán las políticas nacionales, bilaterales y regionales

* Profesor emérito. Universidad de Buenos Aires.
El texto es la ponencia presentada en el panel sobre la visión de los países vecinos. Conferencia nacional “2002-2013. Una Nueva Política Externa” del Brasil. Universidad Nacional del ABC, Sao Bernardo do Campo, del 15 al 18 de julio de 2013. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Politica Industrial (1): a visao a favor (simplista, claro)

Um debate que começa aqui e termina no próximo post. Os argumentos deste economista do BNDES são tão canhestros, tão contraditórios, tão enviesados a favor da gastança inútil, desnecessária, equivocada, no limite da estupidez, que o governo comete, em favor de piratas industriais, que não seriam necessários muitos contra-argumentos para desacreditar suas teses, todas elas carentes de lógica e de comprovação empírica.
Mas, enfim, como toda crença nacional, por mais irracional que seja, precisa ser combatida com a lógica irrefutável da teoria econômica e da experiência comprovada, traremos, no post seguinte, sua contra argumentação.
Por enquanto fiquem com a bondade industrial de um economista oficial. Mas não deixem de ler o próximo post.
Paulo Roberto de Almeida 

Desafios da política industrial

Marcelo Mitterhof
Folha de S.Paulo, 25/10/2012

Na semana passada, tratei do regime automotivo, argumentando que ele traz boas novidades por ser uma política setorial na qual, ante aos benefícios concedidos pelo governo, são exigidas contrapartidas por parte do setor privado. No entanto, foi ressaltado que o seu sucesso depende de ter havido uma boa calibragem na exigência das contrapartidas.
Além disso, será crucial o governo desenvolver instrumentos que aperfeiçoem o acompanhamento das atividades do setor em termos de compras locais, eficiência energética e atualização tecnológica.
Esse breve resumo mostra que não é simples conceber e executar uma política industrial, algo que é sempre sujeito a riscos. Isso ocorre porque há um inerente descasamento temporal entre os benefícios concedidos e os resultados desejados. Contribuintes e consumidores pagam de imediato, por meio de subsídios e proteção comercial, para que a produção local seja competitiva ante a importada. Mas os benefícios esperados --a transformação da estrutura industrial-- são de longo prazo.
Para mitigá-los, as experiências mais bem-sucedidas cobraram das empresas apoiadas metas de exportação, pois o mercado externo é o principal balizador da competitividade da indústria de transformação. Nas últimas décadas, porém, as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) limitam o uso dessa estratégia, dificultando a formatação das políticas industriais.
Mais importante, nesses casos o foco no mercado externo foi frequentemente estabelecido em detrimento do mercado interno. Na Coreia do Sul, uma famosa história diz que o país exportava aparelhos de TV em cores nos anos 1970, mas não os vendia internamente, pois o governo entendia que não seria desejável incentivar um símbolo tão marcante de diferenciação social.
No Brasil, mesmo sob ditadura, esse tipo de restrição dificilmente seria aceitável. A industrialização brasileira foi voltada para desenvolvimento do mercado interno. Quer dizer, o avanço da estrutura produtiva foi em boa medida condicionado à ampliação do acesso dos brasileiros aos bens de consumo modernos.
Numa democracia, é ainda mais complexa a arbitragem de interesses com a qual a política industrial precisa lidar. Até para um indivíduo há um conflito entre as preocupações de consumidor e as de trabalhador, quanto mais sendo coletiva a percepção desses interesses. Nem todos estão dispostos a arcar no curto prazo com custos (fiscais ou de preços maiores) em troca de benefícios (melhores empregos e mais renda), que são futuros e algo incertos.
Evidentemente, governos são eleitos para decidir como ponderar objetivos que, ao menos em prazos mais curtos, podem ser conflitantes.
Nesse sentido, a abertura comercial nos anos 1990 foi um sintoma da interrupção do desenvolvimento na década anterior. Num ambiente de estagnação, a sociedade concluiu que não havia motivos para restringir o acesso a importações mais baratas e de mais qualidade.
De forma parecida, a retomada da política industrial a partir de 2005 ocorreu sob uma aparentemente paradoxal valorização do câmbio. O real apreciado dificultou que as cadeias produtivas da indústria se beneficiassem mais do crescimento econômico, mas também ajudou a promover a inclusão social.
Com isso, foram mais significativas suas ações transversais, como as associadas aos mecanismos de incentivo à inovação e as de desoneração tributária e redução de custo do investimento.
Agora, o novo regime automotivo reabre as perspectivas de uma atuação setorial que exija resultados do setor privado e que seja coerente com o estágio intermediário de desenvolvimento da indústria do país.
Essa atuação é importante porque, sem uma indústria poderosa e competitiva, um país populoso como o Brasil não conseguirá crescer para dobrar sua renda per capita num horizonte relativamente próximo e, assim, se tornar desenvolvido.
A indústria, como o mais importante setor para o avanço produtivo e para a difusão de inovações, precisa ser a motriz desse processo. Por isso, é preciso aprender a lidar com os conflitos e as dificuldades da política industrial, mas sem abrir mão dela.
Arquivo pessoal
Marcelo Miterhof, 38, é economista do BNDES. O artigo não reflete necessariamente a opinião do banco. 

domingo, 2 de setembro de 2012

Reflexao da semana: a distancia entre a realidade e a ficcao

Mundos à parte

Com base em uma longa observação da história econômica real da América Latina e a versão que dela se fala nas Faculdades de Economia, em disciplinas como história econômica ou pensamento econômico latino-americano, cheguei à conclusão de que há uma enorme distância entre os fatos e a sua versão ficcionalizada, essa que se ensina em certas faculdades.
Antes, a bibliografia dominante era dominada por figuras como Raúl Prebisch, Aníbal Quijano, FHC (e sua famosa teoria da dependência, equivocadamente famosa nas academias americanas, e uma das idiotices latino-americanas) ou então a inefável Maria Conceição Tavares (e seus muitos pupilos, algum continuando a cometer equívocos no governo ainda hoje). 
Atualmente, quem pontifica são luminares como Bresser Pereira, Ha-Joon Chang e muitos outros, todos na beatitude dessa coisa que se chama "pensamento econômico latino-americano".
Ainda vou escrever um trabalho sobre essa enorme distância entre a realidade e os mitos, especialmente sobre a ficção do keynesianismo e suas diferenças (conceituais, materiais, de política) com os processos reais.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de Setembro de 2012