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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Uma entrevista sobre as relacoes internacionais no (e do) Brasil - Paulo Roberto de Almeida (YouTube)

Alessandro Candeas, meu grande amigo, presta um ENORME serviço à comunidade brasileira da área ao produzir, dirigir e oferecer esta séria sobre as Relações Internacionais Em Pauta, e me fez um grande favor ao me convidar para falar, no último mês de maio.
A ementa: 
Publicado em 12 de mai de 2016
Ministro e Professor Paulo Roberto de Almeida é entrevistado pelo Ministro Alessandro Candeas, Diretor substituto do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.
O video: 

IPRI - Relações Internacionais em Pauta - Entrevista com o Ministro Paulo Roberto

O texto base que eu havia preparado para organizar minhas ideias em vista dessa entrevista, e que obviamente não li:
 
1227. “O Estudo das Relações Internacionais do Brasil”, Entrevista divulgada em 6/06/2016, link: https://www.youtube.com/watch?v=JtnuvVxQj4U). Notas para a entrevista do IPRI, no blog Diplomatizzando (30/04/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/04/o-estudo-das-relacoes-internacionais-do.html). Relação de Originais n. 2967.

PS., Correção importante: Na entrevista, pela brevidade do tempo total, cometi uma impropriedade de uma defasagem cronológica completa: eu queria me referia ao início da Rodada Uruguai do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, e acabei jogando isso mais adiante, final dos anos 1990 e início dos 2000, o que um absurdo. Mil perdões pelo "revisionismo histórico", mas não era a intenção.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

ABRI realiza seu seminario de RI em Florianopolis, 29-30/09/2016


ABRI realizará em Florianópolis 3º Seminário de RI

Entre os dias 29 e 30 de setembro a Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) promoverá o 3º Seminário de Relações Internacionais, com o tema Repensando interesses e desafios para a inserção internacional do Brasil no século XXI. O evento acontecerá na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, e promoverá a discussão de trabalhos através de painéis, workshops doutorais e mostra de iniciação científica, agrupados de acordo com as sete áreas temáticas da Associação:
  1.  Análise de Política Externa;
  2. Economia Política Internacional;
  3. História das Relações Internacionais e História da Política Externa;
  4. Instituições e Regimes Internacionais;
  5. Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa;
  6. Teoria das Relações Internacionais;
  7. Ensino de Relações Internacionais.
O objetivo do seminário é discutir e aprofundar as temáticas específicas da área de conhecimento, com o intuito de melhor qualificar o ensino e a pesquisa no campo das relações internacionais no país. Nos anos 2000, o Brasil assumiu uma nova posição de proeminência internacional. Em um cenário internacional em transformação, o país ampliou a sua presença em alguns temas e arenas centrais da política internacional, ao mesmo tempo em que reafirmou aspectos estruturais do seu comportamento externo.
Mudanças internas no país e no âmbito regional e internacional confluíram para a implementação de uma política externa com novos horizontes, trazendo também novos interesses, desafios e dilemas, cujos significados ainda não foram suficientemente dimensionados. Entre a primeira e a segunda década dos anos 2000, apesar do curto intervalo, a política externa brasileira passou por oscilações significativas, que incidiram sobre as próprias bases e as perspectivas da estratégia de atuação global do Brasil. Assim, na medida em que a política externa do país se torna cada vez mais complexa, é fundamental uma reflexão aprofundada sobre os interesses e desafios para a inserção internacional do Brasil, bem como sobre a própria natureza do ambiente internacional no século XXI e seus contornos definidores.
Insformações adicionais e inscrições no evento podem ser realizadas aqui.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Mais livros digitais de Paulo Roberto de Almeida: Mundorama e Meridiano 47

Mais dois livros disponibilizados na plataforma Research Gate, igualmente disponível no Academia.edu, o que for mais rápido e mais acessível.
Paulo Roberto de Almeida


2813. Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Edição do Autor, 2015; 380 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006). Hartford, 16 abril 2015, 380 p. Livro montado a partir de uma seleção de minhas colaborações ao Meridiano 47, desde 2001. Disponível em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/11981135/28_Paralelos_com_o_Meridiano_47_ensaios_2015_); divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/04/livro-paralelos-com-o-meridiano-47.html). Disponível na plataforma Research Gate (11/08/2015; link: https://www.researchgate.net/publication/280883791_Paralelos_com_o_Meridiano_47_Ensaios_Longitudinais_e_de_Ampla_Latitude?showFulltext=1&linkId=55ca728908aebc967dfbe466). Relação de Publicados n. 1173.


2817. O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: Edição do Autor, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682), Hartford, 21 abril 2015, 294 p. Compilação de artigos selecionados publicados em Mundorama, com uma relação dos escritos anteriormente publicados nas Colunas de RelNet. Revisto e ampliado em 7/05/2015, 308 p. Disponível em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/12038814/29_O_Panorama_Visto_em_Mundorama_2015_), divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/04/o-panorama-visto-em-mundorama-ensaios.html). Nova versão carregada em substituição no Academia.edu e divulgada em 7/05/2015 no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/05/livro-o-panorama-visto-em-mundorama.html). Disponível na plataforma Research Gate (11/08/2015; link: https://www.researchgate.net/publication/280883937_O_Panorama_visto_em_Mundorama_Ensaios_Irreverentes_e_No_Autorizados?showFulltext=1&linkId=55ca738508aeb975674a4d44). Relação de Publicados n. 1174.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Revista Brasileira de Política Internacional: um projeto pedagogico - Antonio Carlos Lessa

A Revista Brasileira de Política Internacional e uma divulgação pedagogicamente instruída
Antônio Carlos Lessa
Mundorama, 9/12/2014

A equipe da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI vem investindo ao longo dos últimos anos no desenvolvimento de novas formas de comunicação e de divulgação das suas edições, mas também de eventos e de notícias relacionadas com os ciclos editoriais do veículo. Nesse sentido, tanto o site do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI (que publica a Revista desde 1958) quanto os seus perfis nas redes sociais tem repercutido intensamente os artigos veiculados, press releases, chamadas para contribuições, perfis, e também entrevistas realizadas com os autores de alguns dos trabalhos publicados.

Na preparação do lançamento da edição especial “China rising – strategies and tactics of China’s growing presence in the world”, o Editor da RBPI apresentou ao time de estudantes que compõe o Programa de Educação Tutorial do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília o desafio da produção da série de entrevistas que foi publicada entre outubro e novembro do corrente ano.

O PET-REL funciona desde o final dos anos noventa e foi o primeiro programa dessa natureza na área de Relações Internacionais no Brasil. O Programa de Educação Tutorial é uma iniciativa do Ministério da Educação que tem por objetivo propiciar a uma seleção de alunos, em geral com rendimento acadêmico destacado e com potencial para o desenvolvimento de estudos avançados, formação complementar que levem ao seu aperfeiçoamento acadêmico, na forma de atividades extracurriculares coordenadas por um professor tutor. Funciona no PET-REL já há alguns anos o Laboratório de Análise de Relações Internacionais, no qual os participantes são levados a construir análises de conjuntura sobre temas da agenda internacional contemporânea.

O exercício proposto pela Editoria da RBPI não era trivial: pressupunha a leitura crítica dos artigos selecionados, a eventual consulta a fontes e recursos de informação adicionais, o estudo dos perfis dos autores, a contextualização do trabalho escrito na literatura da área, a elaboração de roteiros e de perguntas originais, bem redigidas e sequenciadas e, finalmente, a realização das entrevistas.

Sob a orientação do tutor do PET-REL, Alcides Costa Vaz, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, a equipe de estudantes se entregou a esse trabalho com dedicação. Foram produzidas doze entrevistas, cobrindo boa parte dos trabalhos publicados na edição especial da RBPI (que publicou quinze artigos inéditos – a edição especial pode ser lida aqui). As entrevistas foram publicadas no site do IBRI (seção Foco no Autor), no Boletim Mundorama e no Blog Scielo em Perspectiva – Humanas.

Os resultados desse esforço, podem ser acessados abaixo:

The international implications of the Chinese model of development in the Global South: Asian Consensus as a network power`an interview with the authors  – Veja a entrevista concedida a Gabriela Araújo;
“China’s Proposing Behavior in Global Governance: the Cases of the WTO Doha Round Negotiation and G-20 Process”, an interview with Hongsong Liu  – Veja aentrevista concedida a Bruno Basílio Rissi;
“Chinese and Brazilian Ideas and Involvement in Sub-Saharan Africa”, interview with the authors – Veja a entrevista concedida a Mariana Barros Nóbrega Gomes;
“The role of China in the Greater Mekong Sub-region”, an interview with Truong-Minh Vu – Veja a entrevista concedida a Banvasten Araújo;
“The tale of a Trojan horse or the quest for market access? China and the WTO”, an interview with Sven Van Kerckhoven – Veja a entrevista concedida a Laís Bueno Sachs;
“Chinese energy policy progress and challenges, 2006 – 2013”, an interview with Larissa Basso – Veja a entrevista concedida a André Vicente Pintor;
“Macau in China’s relations with the lusophone world”, an interview with Carmen Mendes – Veja a entrevista concedida a Vanbasten Noronha;
“Peaceful Rise and the Limits of Chinese Exceptionalism”, an interview with Raquel Vaz-Pinto – Veja a entrevista concedida a Joana Soares;
“The role of rhetoric in constructing China-Africa relations”, an interview with Lucy J. Corkin – Veja a entrevista concedida a Isabela Ottoni Penna do Nascimento;
Interview about the article “Chinese engagement for Global Governance: aiming for a better room at the table”, with Henrique Altemani – Veja aentrevista concedida a Pedro Simão Mendes;
Interview about “Japan and India: soft balancing as a reaction to China’s rise?”, with Wellington Amorim & Antonio Lucena – Veja a entrevista concedida a Rafael Monteiro Manechini;
Interview about “Swords into Ploughshares? China’s Soft Power Strategy in Southeast Asia and Its Challenges”, an interview with Tung-Chieh Tsai – Veja aentrevista concedida a Mila Pereira Campbell.
Antônio Carlos Lessa é professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB e editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O IBRI e a RBPI: sintese da producao intelectual brasileira em RI e PExtBr, 1954-2014

Estou revisando o trabalho abaixo, na verdade parte de um texto bem mais largo, que teve de ser encurtado para fins de publicação na plataforma Mundorama e no Boletim Meridiano 47, dirigido de forma competente pelo professor Antônio Carlos Lessa, aliás editor da Revista Brasileira de Política Internacional, da qual acontece eu eu ser editor-adjunto (seja lá o que isso queira dizer).
Vou publicar antecipadamente aqui apenas o início e o final dessa nota recapitulativa, bem como o início e o final do quadro analítico sobre a produção brasileira em relações internacionais e política externa do Brasil nestes últimos 60 anos.
O artigo completo será divulgado oportunamente, assim como partes que foram suprimidas, muito provavelmente em outro artigo. Em todo caso, o quadro analítico completo pode ser um instrumento útil aos pesquisadores da área, razão pela qual eu já o coloquei à disposição dos interessados na plataforma Academia.edu, como informado in fine.
Eu sempre digo divirtam-se, mas não creio que seja o caso desta vez, pois tem muita coisa para ler, e para pesquisar, nos mais de 60 desde a criação do IBRI, no velho Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro.
Paulo Roberto de Almeida


O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e a Revista Brasileira de Política Internacional: contribuição intelectual, de 1954 a 2014

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata de carreira; professor no Uniceub; editor-adjunto da RBPI.

Em 27 de janeiro de 1954, um pequeno grupo de intelectuais, de funcionários públicos e de profissionais liberais se reuniu no Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro, sede do Ministério das Relações Exteriores desde o início da República, e tomou a decisão de criar a primeira instituição brasileira especificamente dedicada ao estudo da política internacional e de questões atinentes às relações exteriores do Brasil: o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI). Ele foi definido, nos seus estatutos, como uma sociedade civil com finalidades culturais, com o objetivo de “realizar, promover e incentivar estudos sobre problemas internacionais, especialmente os de interesse para o Brasil”. Condizente com a sede que abrigava o conclave, o IBRI congregaria, ao longo de sua existência continuada, vários diplomatas engajados em suas atividades, assim como devotaria parte de seus esforços analíticos e das iniciativas empreendidas nos anos e décadas seguintes ao registro, à exposição, para um público mais vasto, e à discussão dos mais diversos temas vinculados à relações internacionais, em especial ao pensamento e à ação da diplomacia brasileira.
Uma primeira grande iniciativa concretizou-se quatro anos depois, sob a forma de um periódico, a Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI), o mais antigo e o mais prestigioso dos veículos especializados em temas internacionais no Brasil (ver o n. 1 neste link: http://cafemundorama.files.wordpress.com/2013/10/rbpi_1958_1.pdf). Ambos, o IBRI e a RBPI, passaram por diferentes etapas em seus itinerários respectivos de mais de meio século, em duas fases bem caracterizadas: a do Rio de Janeiro, de 1954-58 até 1992, e a de Brasília, a partir de 1993 aos nossos dias. Um pouco de sua história, ao completar o IBRI meio século de vida, foi recapitulada por este autor na nota comemorativa “Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento intelectual” (Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 47, n. 2, 2004, p. 223-226; link: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v47n2/v47n2a08.pdf ). 
(...)
Quanto à revista, ela não apenas recuperou suas excelentes qualidades analíticas dos anos do Rio de Janeiro, quanto cresceu exponencialmente em prestígio e audiência internacionais, o que é confirmado pela ampla gama de instrumentos de citação e de indexação de âmbito mundial. Dois nomes foram essenciais para essa feliz evolução institucional e intelectual: o professor emérito Amado Luiz Cervo, seu primeiro editor durante os primeiros dez anos da fase de Brasília, e desde 2004 o professor Antônio Carlos Lessa, que imprimiu notável modernização editorial e gráfica à revista, bem como atuou de forma decisiva para inculcar-lhe os mais rigorosos padrões de qualidade propriamente acadêmica (ver a coleção: http://ibri-rbpi.org/category/edicoes-da-rbpi/).
Ela é parte de um esforço mais amplo que também vem acompanhado de outros veículos e instrumentos de pesquisa e publicação, como a antiga plataforma Relnet e, desde muitos anos, a plataforma Mundorama. Por iniciativa do prof. Lessa, em 2000, foi criado o Boletim Meridiano 47, cujo significado foi explicado em seu primeiro número nestes termos: “Meridiano 47 é uma homenagem que o IBRI faz a Brasília (cidade cortada por aquela linha), onde está funcionando desde 1993, com o que renova o seu compromisso permanente com a análise de alto nível na área de relações internacionais, há muito firmado com a publicação ininterrupta da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, que desde 1958 é testemunha e muitas vezes veículo preferencial  dos movimentos intelectuais e políticos que renovaram a ação internacional do Brasil, assumindo desde logo um papel de relevo na cultura política e acadêmica do país.” (n. 1 do boletim, neste link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4774/4007)
O quadro analítico ao final deste ensaio tenta seguir esse longo itinerário a partir de uma compilação seletiva da produção intelectual em relações internacionais e sobre a política externa do Brasil, tal como repercutida em obras de acadêmicos, de diplomatas profissionais e de alguns poucos analistas estrangeiros, obras que foram consideradas relevantes para enquadrar essa rica evolução intelectual e prática do pensamento e da própria ação da diplomacia brasileira. Ele fornece um rápido instrumento de consulta sobre os trabalhos mais importantes publicados no Brasil nas últimas seis décadas, com destaque para a própria RBPI, ademais de uma seleção dos livros já integrados à literatura desses campos, e que marcaram cada um desses anos de aprofundamento analítico e de crescimento intelectual. O IBRI e a RBPI são peças destacadas, e certamente meritórias, desse cenário de realizações intelectuais, como tais destinados a perdurar no futuro previsível, num ambiente certamente mais competitivo do que o das primeiras décadas, e por isso mesmo mais estimulante em termos de rigor analítico e de preservação dos padrões de qualidade que sempre foram os seus.

Compilação seletiva da produção acadêmica e profissional em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014
1954
Fundação do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, no Palácio Itamaraty, RJ;
Cassiano Ricardo: O Tratado de Petrópolis; Lygia Azevedo e José S. da Gama e Silva: Evolução do Ministério das Relações Exteriores;
Lançamento do Boletim da ADESG (em 1968: Segurança e Desenvolvimento).
1955
Afonso Arinos: Um Estadista da República: Afrânio de Melo Franco e seu tempo; Álvaro Teixeira Soares: Diplomacia do Império no Rio da Prata.
1956
Revista do Clube Militar: Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro: A Questão da Antártica.
1957
A. J. Bezerra de Menezes: O Brasil e o mundo ásio-africano; João Neves da Fontoura: Depoimentos de um ex-ministro.
1958
Lançamento da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI; no Rio de Janeiro de1958 a 1992; ano I, n. 1: Raul Fernandes: O malogro da segurança pela união das nações e a liderança americana; Hermes Lima: A conferência econômica da Organização dos Estados Americanos; ano I, n. 2: Oswaldo Aranha: Relações diplomáticas com a União Soviética; José Garrido Torres: Por que um mercado regional latino-americano?; ano I, n. 4: O. A. Dias Carneiro: Interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos na América Latina;
Hélio Jaguaribe: O Nacionalismo na Atualidade Brasileira; Hélio Vianna: História diplomática do Brasil; Caio de Freitas: George Canning e o Brasil; Gilberto Freyre: Sugestões em torno de uma nova orientação para as relações internacionais do Brasil; Hélio Vianna: História Diplomática do Brasil.
 (...)
2014
Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais; Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994); Luiz Felipe Lampreia: Aposta em Teerã: o acordo nuclear entre o Brasil, Turquia e Irã; Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel (3a. ed.); Fernando Cacciatore de Garcia: Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza;  
RBPI: Special issue: China; Henrique Altemani de Oliveira & Antônio Carlos Lessa: China rising: strategies and tactics of China's growing presence in the world; Jose León-Manríquez; Luis F. Alvarez: Mao's steps in Monroe's backyard: towards a United States-China hegemonic struggle in Latin America?; José Augusto Guilhon de Albuquerque: Brazil, China, US: a triangular relation?; RBPI, vol. 57, n. 1: Andrea Q. Steiner et alii: From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country.
Fontes: Elaboração de Paulo Roberto de Almeida, com base nos arquivos do IBRI/RBPI (http://ibri-rbpi.org/), do boletim Meridiano 47 (http://periodicos.unb.br/index.php/MED/issue/archive) e do Scielo (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7329&lng=en&nrm=iso); 02/12/2014.

Nota: Versão completa deste quadro analítico, sob o título “Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014”, encontra-se disponível na plataforma Academia.edu, sob o seguinte link: https://www.academia.edu/9617558/2723_Produ%C3%A7%C3%A3o_intelectual_sobre_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_e_pol%C3%ADtica_externa_do_Brasil_1954-2-14_.

Vale uma consulta, igualmente, ao número comemorativo dos 40 anos da RBPI, que eu coordenei, contendo uma síntese de tudo o que a revista havia publicado desde 1958, neste link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732919980003&lng=en&nrm=iso


[Hartford, 4 de dezembro de 2014]

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

IBRI: 60 anos + RBPI: 56 anos - Amado Luiz Cervo (Mundorama)

Meus cumprimentos ao professor Amado Luiz Cervo pelo seu artigo em torno dos 60 anos do IBRI, que tem como principal empreendimento a Revista Brasileira de Política Internacional, a mais antiga e mais prestigiosa revista dessa área no Brasil.
Estou preparando um artigo (longo) e um outro mais curto sobre os dois instrumentos. Já está pronto, mas sob revisão, para divulgação dentro de poucos dias.
Paulo Roberto de Almeida

Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: sessenta anos com o mesmo empreendimento 
Amado Luiz Cervo
Boletim Mundorama, 3/12/2014

Em 1954, sessenta anos atrás, um grupo de intelectuais brasileiros fundou o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, movido pela necessidade e pela intenção de promover estudos sobre a inserção internacional do Brasil. Em 1958, o grupo lançava o primeiro número da Revista Brasileira de Política Internacional-RBPI, publicação que mantém sua regularidade até o presente.

O nascimento do IBRI ocorria no momento em que o desenvolvimentismo da era Juscelino Kubitschek requeria maturidade de pensamento para instruir a decisão em política externa e influir sobre a qualidade da inserção internacional do país. Esse espírito governava as mentes dos fundadores, José Honório Rodrigues, Oswaldo Trigueiros, Henrique Valle e Cleantho de Paiva Leite. Se estivessem entre nós, em 2014, por certo orgulhar-se-iam de contemplar o ponto de chegada de seu projeto editorial, que se apresenta como a mais antiga e a maior coletânea de estudos sobre relações internacionais existente no país.

A oportunidade do lançamento da RBPI pelo IBRI nos anos cinquenta do século XX resulta principalmente da inexistência na Universidade brasileira de então, ainda jovem, de qualquer núcleo de pensadores sobre relações internacionais. E da conveniência de pensar, debater e avaliar a escolha de estratégias externas adequadas à promoção da maturidade da nação.

Quantos dilemas, com efeito, enfrentará o Brasil, dos anos 1950 ao século XXI! As divisões de pensamento e de opções consequentes escandem a formação nacional, desde então, entre dirigentes e na sociedade. Entreguistas e nacionalistas, liberais e protecionistas, industrialistas e primaristas, americanistas e universalistas, isolacionistas e globalistas, pacifistas e confrontacionistas. Não convinha e não convém, pois, pensar a inserção internacional? Qual o rumo da formação nacional? Sem pensamento forte, uma nação não se põe em marcha rumo à maturidade. A História que o diga!

As contradições do pensamento internacionalista brasileiro desembocaram, com o tempo e a reflexão, em admirável harmonia. Harmonia que, se não foi suficiente para orientar o país ao patamar desejável de sua cultura e de seu desenvolvimento, salvou-o, por certo de radicalismos presentes em outras experiências de formação nacional, que a ninguém fazem inveja.

Os grandes desígnios da evolução brasileira amarraram o interno ao externo, como se percebe lendo as análises da RBPI, dos anos 1950 ao presente. O Brasil moderno nasceu conectado ao mundo, universalista, cultor de vocação globalista. Aborreceu-lhe o isolacionismo; se pendeu para o ocidentalismo ou o latino-americanismo, fê-lo para lançar raízes na vizinhança e ir além, como se aqueles fossem instrumentos do desígnio universalista.

A modernização do país foi concebida antes da fundação do IBRI como derivada da industrialização. Esta, porém, não convinha que fosse dependente apenas desta ou daquela nação avançada, que aportaria insumos externos ao desenvolvimento interno por meio de capitais, empreendimentos e tecnologias. Nascia, destarte, a ideia de cooperação externa necessária, que a RBPI cultivou. Assim como estimulou projetos voltados à autonomia do processo de desenvolvimento, ou seja, formação de capital, criação de empresas e inovação tecnológica nacionais. Uma complementação entre interno e externo.

A necessária convivência de diferenças sugerida pela heterogeneidade da identidade brasileira inspirou entre pensadores o conceito do universalismo sem restrições e do pacifismo. Inspirou como traço da política exterior a boa convivência entre nações, mesmo distintas por cultura, etnia ou civilização. Sucumbiram no tempo proselitismos políticos e diplomáticos, tais como amarrar o país ao ocidentalismo, ao liberalismo radical, ao anticomunismo, a ideologias excludentes. Cresceu uma nação tolerante, cooperativa, pacifista, internacionalista como pensavam os fundadores da RBPI: um liberalismo cunhado na identidade, uma experiência nacional quase única no mundo pela sua envergadura.

Em 1993, após a morte de Cleantho de Paiva Leite no ano anterior, IBRI e RBPI transferiram-se do Rio de Janeiro para Brasília. Tanto em sua origem quanto por ocasião dessa transferência, diplomatas e professores universitários uniram-se para dar início ou continuidade ao empreendimento. Porém, uma nova fase inaugurava-se junto à Universidade de Brasília, cujo Instituto de Relações Internacionais abrigou IBRI e RBPI desde então.

Naquela década proliferaram no Brasil cursos de graduação e depois de pós-graduação em relações internacionais. Grupos de pensamento, pesquisa, ensino e publicação nessa área foram surgindo. A sociedade amadurecia para os estudos, novas revistas e publicações voltavam-se ao tema, enfim, não estava mais o Itamaraty isolado da sociedade ao ocupar-se com a inserção internacional do país, tampouco a UnB ao estimular seus programas de ensino e pesquisa. Entretanto, com seu curso pioneiro de relações internacionais, implantado em 1974, a Universidade de Brasília assumiu as responsabilidades mantidas nos anos anteriores por Cleantho de Paiva Leite, Diretor do IBRI e Editor da RBPI. É fácil entender, nessas circunstâncias, a nova fase da Revista Brasileira de Política internacional.

Além de manter ininterruptamente a publicação da revista, o IBRI irá atuar como organizador de seminários e editora.  Em coedição ou isoladamente, publicou dezenas de obras sobre relações internacionais em si ou sobre a inserção internacional do país. Transformou-se em pesquisador e provedor de conhecimento especializado tanto para segmentos da sociedade que dele se serviam com a finalidade de ampliar o espectro das relações exterior do pais, quanto para subsidiar o ensino de relações internacionais nas Universidades. Contudo, o grande projeto permaneceu sendo a revista, cuja coletânea atual vai além de uma centena de volumes.

Desde a década de 1990, sem descolar-se dos diplomatas, os professores da Universidade de Brasília que assumiram a direção do IBRI e a edição da RBPI vincularam tais empreendimentos à sociedade, especialmente às Universidades. A revista aprimorou sua qualidade com essa agregação de inteligência, evitou publicar documentos oficiais e concentrou-se em estudos avançados sobre as relações internacionais. Tornou-se indispensável à comunidade acadêmica, à diplomacia e a outros segmentos da sociedade envolvidos com aquilo que era seu objeto específico de estudo.

A RBPI espelhou o grande debate dos anos 1990, entre neoliberais, desenvolvimentistas e neodesenvolvimentistas, até que a nação definisse e consolidasse seu novo paradigma logístico de inserção internacional no século XXI, a era da interdependência global. Contribuiu, destarte, com conceitos elaborados no Brasil para implantação pela nação de modelo próprio de inserção internacional, feito de cooperação entre Estado e sociedade, ao imbricar condução política com participação de atores não governamentais.

Por haver-se refugiado na academia, e no maior centro de estudos de relações internacionais do país, a RBPI se faria atenta aos requisitos de publicações universitárias congêneres de todo o mundo, as quais aspiram situar-se entre as classificadas no topo das escalas. Por isso goza de prestígio como periódico científico nos países onde existem centros de estudo de relações internacionais e ocupa atualmente classificação elevada das entidades que estabelecem as posições das revistas pela qualidade editorial.

Ao completar sessenta anos de atividades, o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais pode orgulhar-se de seu maior empreendimento. A Revista Brasileira de Política Internacional segue cumprindo sua missão original: rastrear o pensamento brasileiro e instruir decisões de que depende o curso do país rumo a sua maturidade sistêmica.

Amado Luiz Cervo é Professor Emérito da Universidade de Brasília e Presidente de Honra do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI