O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração, Kristina Michahelles - livro da Casa Stefan Zweig, 2020


 

Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração

Livro da Casa Stefan Zweig, 2020

A Casa Stefan Zweig recebe o apoio da KAS para publicar a cartilha Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração. A publicação apresenta e estimula o debate sobre várias das questões mais em evidência na atualidade, como migração, refúgio e exílio. A obra é dedicada a um amplo público, incluindo jovens, alunos de nível médio e estudantes universitários.

Coordenação editorial: 

Kristina Michahelles

Projeto gráfico: Ruth Freihof, Passaredo Design


Sumário: 


Apresentação, 6 

O viajante, de Luiz Aquila, 8

Artigo: Exílios - Renato Lessa, 11

Exposição | Legado do exílio, 15

Livro: Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, 28

Perfil: Lore Koch, única discípula de Volpi, 35

Grupo de Estudos: Stefan Zweig no país do futuro, 40

Download: 

https://www.kas.de/documents/265553/265602/Stefan+Zweig+-+Ex%C3%ADlio+e+Integra%C3%A7%C3%A3o.pdf/69c28c71-5df3-efd1-cb7f-f2a08d3d9a6f?version=1.1&t=1607529230018


Grupo de estudos

Stefan Zweig no país do futuro


O Grupo de Estudos Stefan Zweig foi criado em junho de 2020 com o objetivo de ampliar a rede de especialistas na obra e a vida do autor austríaco nas universidades brasileiras. Coordenado por Kristina Michahelles, o encontro inicial contou com a presença de Larissa Fumis, Marina de Brito e Carlos Eduardo do Prado. 

Mariana Holms acaba de se juntar ao grupo.

Larissa Fumis é de São José do Rio Preto, SP. Fez mestrado em Literatura com uma tese dissertação sobre Stefan Zweig e seu livro Brasil, um país do futuroNo doutorado, fará uma análise contrapondo o mesmo livro ao Romanceiro Brasileiro, do também exilado Ulrich Becher. 

Marina Brito mora em Viena. Em sua tese de mestrado, fez um estudo comparativo das traduções para o português - em um intervalo de sete décadas - das duas obras icônicas de Zweig, Brasil, um país do futuro e a autobiografia O mundo de ontem.

Carlos Eduardo do Prado é professor de francês da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e se doutorou em Estudos de Literatura – Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense com um estudo comparativo entre as biografias de Balzac e Zweig, com base na obra Balzac, eine Biographiede Zweig.

Mariana Holms é doutoranda em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo. Depois de focar em Stefan Zweig no mestrado, atualmente concentra sua atenção na vida e obra da escritora e pintora austríaca Paula Ludwig, exilada no Brasil entre 1940 e 1953. 

As reuniões serão trimestrais. O site da CSZ (www.casastefanzweig.org) criou uma nova seção para abrigar trabalhos acadêmicos sobre Stefan Zweig no Brasil. 




domingo, 4 de agosto de 2019

What a difference a year makes: lembrança de um outro verão...

No começo do verão passado, no final de junho de 2018, eu e Carmen Lícia Palazzo estávamos fora do Brasil, mais precisamente em Portugal, onde eu estava participando pela segunda vez do Estoril Political Forum, uma grande iniciativa do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, sob liderança do Professor João Carlos Espada.
Lá fui surpreendido com a notícia de minha promoção ao último grau da carreira, ministro de primeira classe, usualmente chamado de embaixador, mas esse título não corresponde verdadeiramente, pois o "embaixador" é apenas aquela pessoa, da carreira diplomática ou não, que exerce a função de chefe de posto, em missão diplomática permanente no exterior. 
Eventualmente, alguns chefes de missão temporária – assembleias da ONU, grandes conferências diplomáticas internacionais, missões especiais a serviço do país no exterior, etc. – também podem passar a ostentar o título, em se tratando de grandes personalidades do mundo político, jurídico ou cultural, a exemplo de alguns ministros de Estado das Relações Exteriores que se destacaram na área, mas isso é mais raro. 
Nunca foi o meu caso, e acredito que não o será, por circunstâncias conhecidas.

Naquela oportunidade, comecei a receber mensagens de cumprimentos de diversas pessoas, colegas de carreira, amigos, conhecidos diversos, às quais eu mal podia responder individualmente, tantas eram, por estar envolvido com as atividades do seminário, que se estende por três dias. Depois disso ainda passeamos um pouco por Portugal. O próprio SG-MRE, embaixador Marcos Galvão, me escreveu cumprimentando, lamentando apenas que a promoção tivesse ocorrido tão tardiamente.


O que fiz então? O que sempre faço: sento, penso e escrevo.

Acabei redigindo uma mensagem geral alusiva ao fato, que publiquei, como também sempre faço, neste meu espaço de liberdade: 


Duas pedras no meio do caminho... (a propósito de uma promoção tardia)”, Estoril, 26 junho 2018, 4 p. Esclarecimento a propósito de minha promoção tardia na carreira. Postado no blog Diplomatizzando(26/06/2018; link:  https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/duas-pedras-no-meio-do-caminho-paulo.html).

Era uma explicação e uma informação. Eu estava bem, então, como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), vinculado à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) do MRE, cargo ao qual tinha sido convidado ao cabo de 13,5 anos de ausência de qualquer função na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, ou seja, durante todo o regime lulopetista, "exílio" do qual fui retirado apenas a partir do impeachment do seu desastroso quarto e último governo (por enquanto).

Pouco antes eu havia estado com a equipe econômica que já estava trabalhando no programa de governo do então candidato que se revelou vencedor em outubro. Fui muito bem recebido, pois tinham tomado conhecimento de alguns textos meus, e me queriam como associado naquela equipe. Recusei de pronto, não a eventualmente enviar textos e reflexões sobre a política externa, mas a me associar a uma equipe de um candidato do qual eu não seria eleitor, nem jamais votaria por ele, digamos que por incompatibilidade total de "programas", ou antes, de "personalidades". Ficamos em bons termos, mas quando da divulgação do programa do dito candidato, escrevi um novo texto comentando rapidamente sua parte econômica – que considerei boa, ainda que vaga – e critiquei asperamente, duramente, a parte de "política externa", uma horrível assemblagem mal costurada de ideias estapafúrdias que já antecipavam o desastre que seria sua diplomacia, caso eleito.
Esse foi o último contato que tive com a equipe econômica, embora tenha conversado posteriormente com um dos membros da equipe, por telefone, e novamente confirmado minha indisponibilidade para colaborar diretamente, mas aberto a oferecer sugestões e subsídios.

Na ocasião, lembrei-me de um outro texto, que havia escrito antes no final de 2016, quando já estava exercendo o cargo de diretor do IPRI, quando desejei rememorar os anos de travessia do deserto no Itamaraty. Eu o coloquei novamente na mesma ocasião da promoção, aqui novamente disponível: 
“Como atravessar o deserto (e permanecer digno ao fim e ao cabo)”, Brasília, 18 dezembro 2016, 7 p. Divulgado no blog Diplomatizzando (24/06/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/uma-longa-travessia-do-deserto.html).
    

Eu sempre preferi manter minha independência de pensamento e de ação, independentemente de cargos, promoções, situações na carreira. Senti que minhas funções se terminariam com a eleição desse novo governo, e assim foi. Logo nos primeiros dias deste governo, em janeiro, recebi a instrução de "não fazer nada" no IPRI, até que as "chefias" decidissem o que poderia ser feito. Já era uma antecipação do que viria pela frente. Fui exonerado no cargo no Carnaval deste ano de 2019, por postar em meu blog três textos convidando a um debate sobre a política externa do governo: uma palestra do embaixador Rubens Ricupero, um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e um outro artigo-resposta do próprio chanceler, respondendo acerbamente aos dois. Isso deve ter sido em torno das 2hs da manhã do dia 4 de março. Fui acordado às 8hs pelo chefe de gabinete do chanceler, comunicando-me a dispensa do trabalho. Ainda argumentei que eu estava fazendo exatamente o que o chanceler fazia: alimentar um blog pessoal com comentários diversos e, no meu caso, artigos de imprensa, todos eles livremente disponíveis, inclusive no próprio clipping do Itamaraty. Enfim, minha sorte já estava selada desde antes, como eu já tinha total certeza.

Em tempo: o referido chanceler tampouco tem o direito de ser chamado de "embaixador", pois jamais exerceu qualquer chefia de missão permanente, assim como jamais teve cargos relevantes na Secretaria de Estado, sendo apenas um ministro de segunda classe chefe de departamento. Foi promovido a ministro de primeira classe junto comigo, em junho de 2018, provavelmente a pedido de seu sogro, duas vezes Secretário Geral do Itamaraty. Este é apenas um esclarecimento.

Acredito que o atual chanceler, que jamais exibiu as ideias que o "distinguiram" desde outubro ou novembro do ano passado, construiu uma personalidade olavo-bolsonarista que nunca teve, de maneira totalmente artificial, e portanto mentirosa, apenas para ser alçado ao cargo que tem atualmente. Aliás, a atenção sobre si foi chamada por um artigo que saiu publicado na revista que eu editava no IPRI: "Trump e o Ocidente", Cadernos de Política Exterior número 6, segundo semestre de 2017. 
Eu comento esse artigo em meu mais recente livro: Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, em duas edições, uma de autor, outra pela UFRR, ambas livremente disponíveis a partir de meu blog: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/miseria-da-diplomacia-em-edicao-de.html .

Estas são as lembranças que me foram despertadas pouco mais de um ano depois dos eventos que relato aqui. O motivo foi justamente essa canção americana: What a difference a day makes...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de agosto de 2019

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Mais uma travessia do deserto: desta vez no Arquivo - Paulo Roberto de Almeida

Uma trajetória involuntária no deserto da diplomacia


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de maio de 2019

Entre 2003 e 2016, ou seja, durante todo o regime lulopetista no Brasil, eu não tive NENHUM cargo na Secretaria de Estado, começando por um veto da nova administração – que tomou posse em janeiro de 2003 – a um convite que eu havia recebido para dirigir o mestrado em diplomacia no Instituto Rio Branco. 
Desde essa época, nunca tive nenhum trabalho nas áreas de trabalho diplomático estrito senso; trabalhei primeiramente no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – a convite do então ministro da Secom e chefe do NAE Luiz Gushinken, que eu conhecia de seus tempos de deputado do PT –, depois, a partir de 2006 até 2010 – passei anos e anos no chamado DEC – Departamento de Escadas e Corredores do Itamaraty – fazendo da Biblioteca o meu escritório de trabalho –, fiz um serviço provisório na China durante alguns meses em 2010 (por ocasião da Expo Universal em Shanghai), voltei novamente para o DEC em 2011, em seguida tirei licença-prêmio e fui dar aulas no Institut de Hautes Études de l'Amérique Latine, vinculado à Sorbonne, em Paris (no primeiro semestre de 2012), voltei novamente para o DEC, fazendo novamente da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho – onde escrevi alguns livros: um, na minha série de "clássicos revisitados", O Moderno Príncipe, seguindo os 26 capítulos do clássico de Maquiavel, outro sobre o lulopetismo diplomático: Nunca Antes na Diplomacia (2014) –, para, finalmente, aceitar um posto secundário num modesto consulado brasileiro nos EUA, entre 2013 e 2015. Ao voltar, no início de 2016, continuei nas escadas e corredores, até que o impeachment, em meados de 2016, fizesse com que os novos gestores do Itamaraty se lembrassem novamente de mim, convidando-me para ser o diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty.
Resumi um pouco dessa trajetória no seguinte texto, aqui disponível:  

Como atravessar o deserto (e permanecer digno ao fim e ao cabo)”, Brasília, 18 dezembro 2016, 7 p. Divulgado no blog Diplomatizzando (24/06/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/uma-longa-travessia-do-deserto.html).  

Dois anos e meio de atividades no IPRI me foram extremamente gratificantes do ponto de vista intelectual, pessoal e funcional. Mas a alegria não poderia durar muito tempo, sobretudo depois da mudança de governo, de regime e de "filosofia" diplomática. Já não era o mundo de liberdade relativa da qual eu tinha desfrutado brevemente e tinha inevitavelmente de acabar, em face do autoritarismo (eu até diria da estupidez) da nova administração. Fui exonerado no Carnaval deste ano, e passei novamente a frequentar escadas e corredores, com paragens ocasionais na Biblioteca. 
Bem, acabo de ser lotado no Departamento de Documentação e Arquivo (DCA) e espero passar alguns meses na Divisão de Arquivo, fazendo pesquisa e escrevendo mais algum livro.  Não sei quanto tempo vai durar a nova situação, mas vou tentar ser o mais produtivo possível, esperando que minha presente travessia do deserto termine em algum momento do futuro (breve). 
Ainda não tenho nenhum texto sobre a nova situação, mas não deixo de manter registros privados sobre cada nova etapa da minha vida intelectual.
Informarei oportunamente.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de maio de 2019

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Dever de transparencia, 1 e 2: consolidando os registros - Paulo R. Almeida

No mês de agosto passado, ao "comemorar" dois anos de minha retomada de atuação formal junto ao Ministério das Relações Exteriores, depois de treze anos e meio de um exílio forçado que durou exatamente o dobro de meu exílio voluntário durante a ditadura militar, eu fiz questão de recuperar uma série de escritos que tinham ficado "soterrados" nas dobras do deserto que me serviu de refugio e de ambiente de reflexão durante todo aquele tempo, ou que estavam mesmo "obscurecidos" pela não divulgação durante os anos de "pensamento único companheiro", que não toleravam meus posicionamentos e posturas contrários às políticas praticadas.
Preparei, então, duas listas sucessivas de trabalhos inscritos nessa categoria de "textos marginais", ou seja, que não fizeram necessariamente parte do conjunto de artigos que podem ter sido normalmente publicados por veículos acadêmicos, ou neste espaço, o blog Diplomatizzando, que eu sempre chamei de "quilombo de resistência intelectual", meu pequeno bastião de liberdade.

O primeiro é este aqui, divulgado normalmente no blog e no Facebook, inclusive na plataforma que mais utilizo, a Academia.edu:

3322. “O dever de transparência: flashes da postura pessoal em 2002”, Brasília, 17 agosto 2018, 9 p. Introdução biográfica e listagem seletiva de 33 textos redigidos no decorrer de 2002, um ano antes da assunção dos companheiros ao poder político, no qual eles permaneceram durante mais de 13 anos, período no qual permaneci num total ostracismo profissional, do qual só emergi ao final do regime companheiro. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/escritos-que-precederam-o-ostracismo.html), disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/2052587324804707) e incluído na plataforma Academia.edu (http://www.academia.edu/37250155/O_dever_de_transparencia_flashes_da_postura_pessoal_em_2002).

O segundo foi preparado poucas semanas depois, mas nunca postado neste espaço, ao que parece, unicamente na plataforma Academia.edu:

3325. “O dever de transparência, 2: flashes da postura pessoal em 2003”, Brasília, 2 setembro 2018, 14 p. Seleção de 20 artigos, dentre 174, como representativos de uma produção focada na minha relação com os companheiros, no primeiro ano dos governos lulopetistas. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/37328919/O_dever_de_transparencia_2_flashes_da_postura_pessoal_em_2003).

Para reparar a lacuna, transcrevo o conteúdo logo abaixo. Pode ser que eu continue a série, fazendo novas listas de escritos não divulgados durante meus anos de travessia do deserto, que foram muitos.

O dever de transparência, 2: 
flashes da postura pessoal em 2003

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: continuidade de exercício anterior; finalidade: esclarecimento público]


O ano em que tudo começou: de forma confusa e crescentemente disfuncional
Poucas semanas atrás, revisando alguns textos de épocas passadas, mais exatamente da fase anterior à assunção dos companheiros ao poder, em janeiro de 2003, eu efetuei uma listagem de trabalhos, divulgados ou inéditos, escritos por mim no decorrer de 2002, e que poderiam explicar – mas provavelmente não justificar – o meu completo ostracismo do trabalho diplomático durante todo o reinado companheiro, ou seja, entre janeiro de 2003 e maio de 2016. No dia 31 de agosto de 2018, completaram-se dois anos do afastamento definitivo da sucessora e última presidente do indescritível regime lulopetista, que ainda não foi completamente afastado do cenário político.
O meu trabalho, com o mesmo título deste, mas relativo a 2002, foi divulgado em meu  blog e na plataforma acadêmica de que me utilizo. Reproduzo aqui a ficha: 

3322. “O dever de transparência: flashes da postura pessoal em 2002”, Brasília, 17 agosto 2018, 9 p. Introdução biográfica e listagem seletiva de 33 textos redigidos no decorrer de 2002, um ano antes da assunção dos companheiros ao poder político, no qual eles permaneceram durante mais de 13 anos, período no qual permaneci num total ostracismo profissional, do qual só emergi ao final do regime companheiro. Postado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/escritos-que-precederam-o-ostracismo.html) e incluído na plataforma Academia.edu (http://www.academia.edu/37250155/O_dever_de_transparencia_flashes_da_postura_pessoal_em_2002).

Cabe esclarecer que, no início do governo companheiro, ainda exercendo funções como ministro-conselheiro na embaixada em Washington, eu tinha sido convidado a exercer o novo cargo de coordenador do mestrado do Instituto Rio Branco, a academia diplomática do Itamaraty, uma vez que eu já exercia a função, desde a abertura do mestrado, dois anos antes, de professor orientador das dissertações, como um dos poucos diplomatas que, então, possuíam doutoramento. Poucos dias depois de ter sido convidado, e aceito, esse cargo, fui no entanto vetado – o termo é exatamente esse – pelo Secretário Geral das Relações Exteriores, que provavelmente estava preocupado com minha atitude independente em relação ao regime lulopetista e, mais grave ainda, exibir inaceitáveis credenciais liberais. Agradeci a atenção do Diretor do IRBr e permaneci mais alguns meses em Washington, até que em meados de 2003, uma oportunidade de trabalhar apareceu em Brasília, mas fora do Itamaraty, ainda que no próprio coração do regime petista, num novo órgão chamado de Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), coordenado por um dos condestáveis do novo regime.

O que eu produzi no decorrer de 2003, que interessa registrar?
Pois bem, cabe agora verificar o que escrevi no decorrer de 2003, o ano que eu nunca pensei que se estenderia por 13 longos anos de afastamento de qualquer função na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, ou seja, o serviço exterior brasileiro, para o qual fiz concurso em 1977 e no qual vinha exercendo normalmente atribuições ao longo do período final da ditadura militar e na redemocratização. Em 2003, entendo que ocorreu um assalto contra o poder, contra o Brasil, contra os brasileiros, por um grupo heteróclito de militantes de causas obscuras que, no conjunto conforma aquilo que eu denominei, depois de algum tempo, de “organização criminosa”. Mas isso eu só fui perceber algum tempo depois, basicamente a partir do Mensalão, em 2005, quando pude comprovar que a inépcia demonstrada nos dois anos anteriores, não apenas o fruto da incompetência administrativa dos companheiros, mas um propósito deliberado, um objetivo claro, para eles: o de dominar o sistema político, o de extorquir capitalistas, o de dilapidar o Estado, o de roubar os brasileiros, para fins de monopólio do poder e de enriquecimento pessoal. Uma quadrilha, enfim, como amplamente demonstrado, depois, pelos muitos processos e investigações ainda em curso. 
Em 2003, isso não estava muito claro para mim. Mas foi ficando claro muito rapidamente, à medida em que, tendo retornado ao Brasil em meados desse ano, eu comecei a trabalhar com os companheiros, numa coisa chamada “Núcleo de Assuntos Estratégicos”, vinculada à Presidência da República e liderado por um dos grão-vizires do novo regime, o ministro das Comunicações de Governo, Luiz Gushiken, um dos três membros da Troika – junto com José Dirceu e Antonio Palocci – que assessora o novo presidente diretamente. Foi um período curioso em minha trajetória, pois a rigor eu era um opositor político do novo regime, ainda que desfrutando da confiança do chefe do NAE, e nunca hesitei em criticar as políticas que estavam sendo implementadas, por achar, no início, que elas eram inadequadas, no mínimo, no máximo equivocadas e provavelmente prejudiciais ao Brasil. Depois vim a descobrir que a inépcia era mais do que deliberada, eram talhadas a propósito para desviar recursos e roubar o erário, assim como todos os intermediários, empresas públicas e privadas. Ou seja, a máfia...
No decorrer de 2002, já plenamente consciente de que os companheiros iriam conquistar, legitimamente, o poder, eu escrevi uma série de ensaios de natureza política que foram sendo publicados, em sua grande maioria, num revista digital tipicamente esquerdista, como soe acontecer nas faculdades de humanidades das universidades brasileiras, chamada Espaço Acadêmico, com a qual vinha colaborando desde 2001; esses textos foram reunidos de forma algo improvisada, no último trimestre de 2002, num livro, finalmente publicado no início de 2003 por uma nova editora, formada pelo antigo editor da Senac-SP, Alberto Quartim; para colaborar na tarefa de divulgação, produzi um texto, finalmente nunca divulgado, para apresentar o livro: a ficha aqui comparece sob o número 994, que abre a lista reproduzida in fine.
O primeiro texto mais diretamente vinculado ao exercício do poder da nova equipe de dirigentes foi, obviamente, o publicado na revista Sociologia e Política, logo no primeiro semestre de 2003 (n. 1010), dedicado à “diplomacia” do novo regime, que eu imaginava não muito distante da tradicional. Foi um julgamento errado como se viu, pois o partido, basicamente, transformou enormemente a política externa, colocando-a a serviço dos seus interesses, que por acaso se pareciam muito com os interesses cubanos. Registre-se que eu era contra salário mínimo, propaganda de governo e diversas outras políticas que seriam as do governo que começava, e nunca deixe de expressar minha opinião como ficou registrado no trabalho 1011, respostas às perguntas de um jornalista para a única resenha de meu livro A Grande Mudança, que estava sendo publicado naquele começo de ano: a manchete foi a de que o meu livro pretendia acabar com o salário mínimo, o que deve ter chocado muita gente. Continuo pensando a mesma coisa.
Logo ao início da nova administração do Itamaraty, foi criado um “canal de diálogo” com os diplomatas, e estes foram solicitados a dar sua contribuição para eventuais reformas da carreira, não sei exatamente com qual intenção. Limitei-me, em todo caso, a falar sobre mecanismos de ascensão funcional e sobre a necessidade de por um fim à famigerada “Lei da Mordaça”, sob a qual eu já tinha sido punido, na gestão anterior, por publicar artigos sem autorização prévia. Minha opinião sobre ambos os temas está expressa no trabalho n. 1013, um número talvez sugestivo...
Em março de 2003, o Diretório Nacional do PT, em meio às contestações de sua ala esquerda, resolveu esclarecer essas contradições internas, emitindo uma resolução, que foi cuidadosamente analisada por mim. Escrevi então um texto comentando cada um dos pontos que mereceram minha atenção, mas não o divulguei, senão a poucos interlocutores (que já não sei quem foram). Mais adiante, revisei o trabalho, n. 1043, que foi publicado numa Revista Autor, hoje desaparecida. Divulguei, portanto, esse texto em meu blog, e ele fica à disposição dos interessados.As contestações então feitas ao “neoliberalismo” do PT no poder continuaram, e até recrudesceram. No dia 1o. de maio, data simbólica para os trabalhadores e para o PT, um grupo de “intelectuais” (assim foram autodesignados) divulgou uma carta ao Presidente com fortes críticas à sua política econômica, ao presidente do Banco Central (Henrique Meirelles) e ao próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci, um trotsquista da boa cepa – dizem que os trotsquistas fazem os melhores capitalistas, quando convertidos – e a vários outros aspectos da condução do governo, que eles certamente esperavam “revolucionária”, e que estavam achando reformista, ou burguesa demais. Pela primeira vez explicitamente saí em defesa do presidente, não por ele, claro, mas em defesa da racionalidade da política econômica. Esse texto ficou inédito, ou teve circulação extremamente restrita, o que me leva a divulgá-lo neste momento (trabalho n. 1044).
Chegou um momento em que o próprio think tank do PT, a Fundação Perseu Abramo, começou a criticar a política econômica do governo. O boletim eletrônico Periscópio, da Fundação e da Secretaria Nacional de Formação Política do PT, publicou um artigo de análise crítica a propósito do documento da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, “Política econômica e reformas estruturais” (redigido pelo economista Marcos Lisboa). Enviei meus comentários ao boletim Periscópio, publicados na seção Cartas do n. 25, maio de 2003, com comentários dos editores ao final do meu texto. Refiro-me ao trabalho 1047, segundo a lista abaixo. Eu estava, portanto, defendendo o governo do PT contra o próprio PT. Para consolidar os textos nos quais eu praticava esse tipo de exercício, ou seja, o ato de criticar as críticas dos militantes de esquerda (inclusive membros do próprio PT) à política econômica do governo do PT, redigi uma pequena nota, para divulgar os trabalhos que eu vinha escrevendo em defesa, não do PT ou do governo do PT, mas da racionalidade, do simples bom-senso na formulação das políticas públicas, sobretudo a econômica. A mesma nota era acompanhada de uma lista de trabalhos redigido até ali, nem todos divulgados devidamente; esse trabalho, de n. 1049, permaneceu inédito até aqui, tendo sido finalmente divulgado em meu blog Diplomatizzandocomo informo abaixo.
Em julho de 2003, ainda trabalhando como ministro-conselheiro em Washington e ocasionalmente atuando como chefe de missão interino, nas ausências ocasionais do chefe do posto, o embaixador Rubens Barbosa, eu provavelmente cometi, aos olhos do então chanceler do lulopetismo, o maior pecado do ponto de vista de quem, junto com os outros arautos do regime, já tinha firme a intenção de implodir a Alca: ousei, num comentário a um artigo dele na FSP, criticar métodos e estratégia, assim como deixar transparecer, de forma moderada, de que alguma acomodação seria possível entre o Brasil e os EUA na questão do projeto americano de um zona de livre comércio hemisférica. Mesmo escrevendo em nome do chefe do posto – pois que o telegrama deveria ser expedido oficialmente, ousei alinhar argumentos, em resposta a circular telegráfica (ou telegrama) da SERE justamente solicitando comentários a esse artigo. Não tenho certeza de que tenha sido deliberado por parte do chanceler calculista, talvez pensando justamente em montar uma armadilha, talvez para demonstrar ao chefe do Estado que o “pessoal de Washington” – o embaixador Rubens Barbosa e eu mesmo – era irremediavelmente pró-americano e pouco confiável para o projeto de implodir a Alca que todos eles entretinham. 
Seja como for, coloquei no telegrama, que redigi inteiramente sozinho (ainda que interpretando o que poderia pensar o chefe do posto), todos os argumentos objetivos e honestos, que poderiam sustentar a postura do Brasil na fase difícil que já estava aberta. Esse trabalho n. 1081 – “A Alca Possível: Comentários a artigo do Ministro de Estado”, de julho de 2003 – pode ter marcado definitivamente, na concepção dos dirigentes do Itamaraty, a ideia de que eu não seria confiável do ponto de vista da política externa dos companheiros. Evitei colocar as “espertezas” que eu percebia que já estavam sendo preparadas para implodir a Alca, e fui bastante moderado na avaliação da postura confrontacionista formulada em Brasília.A partir desse momento, foram 13 anos de afastamento de quaisquer funções na Secretaria de Estado, enquanto durou o regime lulopetista no poder (e eles ainda tentam voltar). Esse meu texto talvez explique algo.A Alca continuou a ocupar-me em diversos outros trabalhos, como o que aqui aparece na listagem sob o número 1087, consolidando três outros textos.
Nessa mesma época, ou seja, em meados de 2003, eu já tinha recebido um convite para trabalhar nesse “Núcleo de Assuntos Estratégicos”, mas também para assessorar diretamente o seu chefe, enquanto um dos ministros mais próximos do presidente. Durante os dois anos em que o assessorei, elaborei uma série de “memos” sobre os mais diversos assuntos, que talvez um dia consolide numa pequena brochura informativa sobre meu trabalho, à margem da agenda normal do NAE. Mas, comecei a assessorá-lo imediatamente, ainda em Washington, enviando material que considerava útil ou pertinente à própria agenda externa da Presidência da República. Exemplo disso é o trabalho 1083, elaborado numa curta passagem por Brasília (exatamente para definir o meu futuro profissional), quando o presidente hesitava em fazer sua primeira viagem à África, por causa de greve de funcionários públicos – os mandarins da República – contra projetos de reforma da Previdência. Elaborei parágrafos para pronunciamento do chefe de Estado à nação, tocando nas duas questões, mas no caso da África, nunca tive essa ideia, formulada pelos petistas e outros “intelequituais” da mesma vertente, de que nós, brasileiros, tivéssemos uma “divida histórica” com os africanos por causa dos séculos de escravidão. Acredito que meu texto não serviu para nada, como vários outros que elaborei ao longo desse período em que fui colaborador direto do regime (embora nunca tenha abandonado meu olhar crítico sobre o regime e suas políticas). 
Em agosto de 2003, estando eu mais uma vez como Encarregado de Negócios ad interim em Washington, recebi despacho telegráfico da SERE cobrando resposta a uma circular telegráfica solicitando comentários a discurso do chanceler do lulopetismo (ele, visivelmente, não só admirava seus próprios textos, talvez escritos por colaboradores, como fazia questão que todos os diplomatas lessem e comentassem), o que tive, talvez em meu próprio detrimento, de comentar, o que fiz abundantemente, numa proporção ainda maior do que o próprio texto original. Esses comentários nunca foram publicados em sua versão original, o que faço agora, para registrar que esse trabalho (n. 1092), pode ter contribuído para “agravar” o meu caso junto à nova administração, pois nele está refletida uma concepção bastante diferente daquele mantida pelos companheiros.
Ao final do mês de agosto de 2003, ainda em Washington, mas já trabalhando em função de meu futuro cargo de assessor de um membro da troika de aconselhamento presidencial, sabedor do comparecimento do presidente, pela primeira vez, à AGNU de setembro desse ano, resolvi propor um artigo a ser assinado por ele, e destinado a ser publicado na imprensa americana (NYT ou WP). Escrevi, assim, o trabalho de n. 1100 e o mandei a Brasília, mas sem qualquer ilusão de que pudesse ser aproveitado. Logo em seguida, confirmando a constatação de que o PT é o seu próprio inimigo, manifestei-me a propósito de dissensões internas ao partido em torno da reforma da Previdência, o que resultaria, como se sabe, na expulsão dos membros opositores. Meus comentários permaneceram inéditos até hoje, razão pela qual julguei que eles merecessem ser conhecidos, como registro no trabalho n. 1105. Como se pode igualmente confirmar, ao início do governo do PT, eu estava defendendo as políticas do governo, por deduzir que elas eram necessárias, de um ponto de vista absolutamente racional, não partidário.
Preparando-me para partir de volta ao Brasil, em pouco menos de um mês, depois de quatro anos em Washington, comecei a colaborar de maneira discreta com uma publicação periódica, por meio de curtos artigos críticos às políticas do PT no governo; devido à sua natureza especial, eles não são considerados aqui para fins de divulgação pública, e permanecerão inéditos até que eu consiga reorganizar a série. Mas já com a mente fixada no trabalho em Brasília, passei a redigir o que me parecia ser uma orientação geral das iniciativas do Núcleo de Assuntos Estratégicos, menos num estilo “produtivista”, como parecia ser a orientação dos companheiros – que não escondiam sua preferência por um modelo de crescimento muito próximo daquilo que eu chamei de “stalinismo industrial” da era militar –, e mais no sentido de privilegiar a formação de capital humano. Este era o objetivo do trabalho n. 1107, que pode ser agora publicado pela primeira vez.
O FMI sempre foi o bode expiatório preferido da esquerda brasileira, desde quando JK recusou um programa de austeridade para poder construir Brasília torrando o dinheiro que não tinha (ou seja, provocando inflação). Vieram com o tal slogan FMI = Fome e Miséria Internacional. O desconhecimento do que seja o FMI, suas funções, seus limites, era proverbial ao início do governo Lula, talvez até hoje. Em setembro de 2003, ainda em Washington, li um artigo no boletim Periscópio, do PT, e me dei ao trabalho de comentar exaustivamente. Nunca ficou conhecido esse meu trabalho, de n. 1113, pois não foi publicado em lugar nenhum. Permito-me assim transcrever em meu blog, em primeiro lugar o artigo publicado pela Fundação Perseu Abramo, e depois o meu longo comentário a esse artigo.
Meu último grande trabalho antes de partir de Washington, com importância para este depoimento de “transparência”, foi feito para meu primeiro trabalho que seria apresentado no Brasil, logo ao desembarcar. Convidado que estava para o Congresso da Anpocs, em Caxambu, eu tinha de participar de uma mesa sobre “Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?”, tendo como colegas debatedores: Luiz Carlos Bresser Pereira (FGV-SP), Luiz Werneck Vianna, (Iuperj) e Ricardo Carneiro (UniCamp). Minha apresentação, feita de forma muito resumida, mas provocadora, foi, junto com a de Bresser – considerado o ministro neoliberal do desmantelamento do Estado –, foi vaiada, o que me confirmou que eu estava correto, tanto em meus propósitos, quanto em relação à atitude dos acadêmicos, petistas, mas contrários à política econômica do PT. O texto foi objeto do trabalho 1133, já postado desde 2016 no blog Diplomatizzando
Finalmente, já a caminho de casa, ainda me permiti redigir em Miami, um texto crítico, bastante irônico, sobre um fantasmagórico “Consenso de Buenos Aires”, que os companheiros mais aloprados achavam que serviria para substituir o famoso “Consenso de Washington”. Se por acaso os companheiros chegaram a tomar conhecimento de minha gozação, imagino que isso deva ter agravado o meu caso. O trabalho, que foi republicado no meu blog em 2015, tem o n. 1136, como registrado na lista.
Ainda antes de desembarcar em Brasília, fazendo trânsito por Porto Alegre, eu redigi, e enviei ao futuro chefe, uma nota bastante crítica quanto ao momento vivido no Brasil, nos planos econômico, político e moral, sendo progressivamente pessimista em cada um deles. Esse trabalho, exageradamente intitulado de “breve diagnóstico” e de “propostas para ação”, recebeu o n. 1137, e permaneceu inédito durante todo o tempo, sendo apenas agora divulgado sem cortes.Ainda não completamente instalado em Brasília, eu continuei em minha missão voluntária de salvar o governo dos seus próprios críticos, ou seja, os economistas de esquerda e os acadêmicos desmiolados. Tendo lido mais um manifesto da mesma tribo contra a política econômica e a favor de mudanças em sua orientação, redigi um novo trabalho (n. 1149), depois ampliado e renomeado, mas que permaneceu relativamente inédito durante muitos anos, tendo sido divulgado de modo amplo neste ano de 2018. 
Mesmo já integrado, plenamente, às minhas novas funções, supostamente de planejador, em princípio, “a favor” do governo, e de assessor de um dos principais caciques do partido companheiro, eu nunca me eximi de formular as mais severas críticas a esse governo, sempre com a intenção de “melhorar” seus métodos de trabalho e de focar mais precisamente os objetivos de suas políticas setoriais. Talvez eu ainda tivesse alguma ilusão de que os companheiros poderiam aprender, ser “melhorados” e colocados a contribuir para a prosperidade dos mais pobres. Só a partir do ano seguinte que fui perceber que eles não podiam ser melhorados, pois sua natureza essencial e sua função básica era simplesmente a de dominar toda a máquina pública, e submeter todos os capitalistas à sua vontade de dominação monopólica e de enriquecimento pessoal, ou seja, corrupção pura e simples, e em grande escala, na verdade, gigantesca proporção. Este foi o sentido de meu trabalho n. 1152, depois revisto sob n. 1196, tentando fazer com que os companheiros passassem de um projeto de poder a um projeto de governo. Esforço inútil, como eu logo percebi, e por isso, ainda no decorrer de dezembro, eu decidi usar o título do famoso conto de Kafka, “Metamorfose”, para descrever a transmutação que já tinha sido operada no partido em relação ao seu anterior discurso político, mas sobretudo em relação às suas práticas. 
Ao aproximar-se o final do ano, eu ainda teci várias considerações dirigidas aos responsáveis do NAE sobre a (não) reforma universitária – os acadêmicos estavam sempre reclamando de falta de verbas – e sobre a situação econômica, já que quase todos os institutos de pesquisa começavam a liberar seus prognósticos para 2004. De minha parte, consoante meu espírito galhofeiro, eu me dedicava a fazer as minhas “Resoluções de Ano Novo”, ou “sete tarefas presidenciais que não serão feitas”, ou seja, metas de governo deixadas por cumprir. Um dos últimos trabalhos, de n. 1166, foi um “debate” indireto com Roberto Mangabeira Unger, demonstrando certos equívocos conceituais e erros factuais em torno do debate da “universalização” ou “focalização” dos gastos públicos. Como esse trabalho, relativamente longo em relação ao pequeno artigo que havia publicado o professor de Harvard, ainda não havia sido divulgado, fiz, como nos casos anteriores, uma postagem recente em meu blog Diplomatizzando.

O que mais fiz no ano de 2003? Projetos para vários anos de trabalho
Ademais dos muitos trabalhos listados seletivamente na relação abaixo – e eles são apenas duas dezenas num total de 174 – continuei escrevendo desenfreadamente, sobre os mais diversos assuntos, não refletidos aqui uma vez que se afastam um pouco do universo político-profissional aqui retido na sequência de um primeiro trabalho (referido ao início), de cunho similar, sobre minhas relações, nem sempre amistosas, com o chamado lulopetismo. Mal sabia eu, em 2003, que eu demoraria 13 anos mais para voltar a exercer funções na minha área funcional, a diplomacia, uma vez que eu me chocava não apenas com o lulopetismo diplomático, mas também com outros aspectos do desenvolvimentismo itamaratiano, como resultado de anos de estudos comparativos nos terrenos da história econômica e das políticas econômicas para o desenvolvimento, justamente. Até 2003 eu já tinha tido experiência profissional em Genebra (em especial no Gatt, na Unctad e na Ompi, com algumas outras áreas multilaterais afins), em Montevidéu (integração regional), Paris (Clube de Paris e OCDE) e Washington (FMI, Banco Mundial e BID, sem mencionar todos os think tanks e universidades da capital americana), o que tinha me habilitado a uma visão ampla acerca das melhores políticas para o desenvolvimento do Brasil e dos países emergentes. 
A essa altura eu também já tinha publicado diversos livros sobre a integração, a história diplomática brasileira, o multilateralismo e o comércio mundial, as finanças internacionais e vários outros temas de meu interesse. Em Washington dei continuidade a um velho projeto meu de “revisitar” alguns grandes clássicos, o que já tinha feito com Marx, atualizando o Manifesto Comunistapara os tempos de globalização. Assim, comecei a reescrever o clássico de Maquiavel, que anos depois se transformou em um Moderno Príncipe: Maquiavel para os contemporâneos, adaptando-o ao Brasil, mas com sentido universal igualmente. 
O relativo afastamento da rotina diária do Itamaraty, agravada nos anos a partir de 2006 e nos seguintes por um total ostracismo, me permitiram, paradoxalmente, dedicar bem mais tempo às leituras e aos escritos, pois tive muito mais tempo livre para frequentar a biblioteca e outros ambientes de estudo e pesquisa. Talvez eu devesse, portanto, agradecer aos companheiros do partido, seus apparatchiks no governo e seus associados na diplomacia, o tempo disponível para essas outras atividades bem mais agradáveis, estou certo, do que o festival de absurdos a que passou a estar submetida a Casa de Rio Branco. Um dia vou escrever mais claramente sobre tudo isso, de forma bem mais clara, em todo caso, do que em meu livro Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais(Curitiba: Appris, 2014). 
Finalizo esta já longa introdução à relação abaixo, sem prometer que vou continuar a fazer o mesmo tipo de trabalho para os anos seguintes. A razão é que meus trabalhos são muitos e qualquer seleção é trabalhosa, em vista da natureza diversa de muitos deles, alguns inclusive ainda não prontos a serem divulgados. Em todo, continuarei colocando em ordem meus manuscritos em papel e eletrônicos.

Listagem seletiva de trabalhos relativos ao ano de 2003
(Washington-Brasília, do n. 994 ao n. 1168)

994. “A economia política da mudança no Brasil: um livro de reflexões”, Washington, 1 janeiro 2003, 3 p. Considerações a respeito da maneira como foi concebido e escrito meu livro A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política no Brasil (São Paulo: Editora Códex, 2003), em lançamento em janeiro de 2003 no Brasil. Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/a-grande-mudanca-2003-livro-paulo.html).

1010. “A política internacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação do partido à diplomacia do governo Lula”, Washington 19 fevereiro 2003, 27 p. Análise das posições de política externa do Partido dos Trabalhadores e do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, desde a fundação do partido e as eleições de 1989, até o pleito vitorioso de 2002, com destaque para os temas básicos e a evolução em direção de uma postura mais próxima da forma tradicional de atuação da diplomacia. Publicado na revista Sociologia e Política(Curitiba: UFPR; ISSN: 0104-4478; n. 20 jun. 2003, p. 87-102; Dossiê Relações Internacionais, Rafael A. D. Villa (org.); disponível na plataforma Scielo (http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n20/n20a8.pdf). Relação de Publicados n. 435.

1011. “Um diálogo sobre A Grande Mudança”, Washington 21 fevereiro 2003, 9 p. Respostas a questões colocadas por Pablo Pereira, da Editoria de Política do Diário de São Paulo). Matéria publicada sob o título “Livro propõe fim do salário-mínimo para novo país”, Diário de São Paulo(domingo, 16/03/2003). Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/um-dialogo-sobre-grande-mudanca-fev.html).

1013. “Sugestões sobre Formulação e Execução da Política externa”, Washington, 1 março 2003, 2 p. Contribuição em reação à solicitação de comentários e sugestões dos funcionários do MRE acerca da formulação e execução da política externa em todas suas vertentes. Enviada ao endereço eletrônico participe@mre.gov.br. Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/o-que-reformar-no-itamaraty-2003.html).

1043. “O “novo Brasil” em ação: observações sobre a primeira Resolução do PT no poder”, Washington, 30 abril 2003, 17 p. Reformulação do trabalho n. 1018, de 16/03/2003, fazendo análise e observações tópicas sobre a resolução emitida pelo Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) em sua primeira reuniãodesde sua chegada ao poder, realizada em São Paulo, em 15-16/03/2003, com nota explicativa agregada. Publicado na revista eletrônica Revista Autor(a. III, n. 25, jul. 2003; ISSN: 1677-3500; não disponível). Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/a-primeira-resolucao-do-pt-no-poder.html). 

1044. “Uma segunda carta de 1º de maio ao Presidente Lula: Comentando algumas ideias expostas na ‘Carta ao Presidente Lula’”, Washington, 3 maio 2003, 7 p. Desconstruindo uma carta-manifesto de “intelectuais” ao Pres. Lula, a propósito da Alca e da autonomia do Banco Central. Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/intelequituais-criticam-lula-no-poder.html).


1049. “Meu caso com um certo partido”, Washington, 15 maio 2003, 2 p. Introdução a compilação de textos de caráter “polêmico-partidário”, para divulgar de forma agrupada trabalhos de debate “unilateral” com uma certa maioria social. Inédito. Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/meu-caso-com-um-certo-partido-2003.html).


1081. “A Alca Possível: Comentários a artigo do Ministro de Estado”, Washington, 17 jul. 2003, 9 p. Comentários ao artigo do Ministro de Estado, Celso Amorim, “A Alca Possível” (Folha de São Paulo, 8.07.03), do ponto de vista de Brasemb Washington, para ser enviado como telegrama de Brasemb Washington à SERE, tocando em pontos não apenas circunscritos às negociações da Alca. Postado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/a-alca-possivel-comentarios-artigo-do.html).

1083. “Sugestões para Pronunciamento”, Brasília, 23 julho 2003, 2 p. Texto em forma de pronunciamento público do Presidente da República sobre projeto de reforma da Previdência, contendo igualmente elementos sobre viagem à África. Encaminhado ao Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e de Gestão Estratégica (xxx), com cópia ao presidente do IPEA (xxx). Postado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/o-presidente-hesita-2003-entre-primeira.html).

1087. “A Alca e o interesse nacional brasileiro: doze questões em busca de um debate racional”, Washington, 28 julho 2003, 23 p. Compilação feita a partir dos trabalhos 1074, 1079 e 1081. Publicado na revista Espaço Acadêmico(Maringá, n. 27, agosto 2003; ISSN: 1519.6186); e como contribuição na obra coletiva coordenada por Wagner Rocha D’Angelis (org.), Direito Internacional do Século XXI: integração, justiça e paz(Curitiba: Ed. Juruá, 2003. 388p.; pp, 127-154). Disponibilizado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/5783482/036_A_Alca_e_o_interesse_nacional_brasileiro_doze_questões_em_busca_de_um_debate_racional_2003_). 

1092. “Governança Democrática: comentários da Embaixada em Washington”, Washington, 6 agosto 10 p. Argumentos e comentários oferecidos a discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores por ocasião da XXXIII Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, realizada em Santiago do Chile em 9/06/2003, sobre o tema geral da “Governabilidade Democrática nas Américas”. Texto inédito nesse formato. Divulgado no blog Diplomatizzando(1/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/governance-democratica-minhas.html).

1100. “Uma certa ideia do Brasil, e do mundo…”, Washington, 23 agosto 2003, 3 p. Proposta de artigo para ser publicado na imprensa americana quando da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia da ONU, em 23 de setembro de 2003. Encaminhado ao Ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica. Divulgado no blog Diplomatizzando(2/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/um-possivel-discurso-do-pr-na-onu-em.html).

1105. “Reforma da Previdência: por que e a favor de quem?: Comentários às posições dos parlamentares do PT contrários à reforma”, Washington, 1 setembro 2003, 10 p. Comentários à carta dos 8 parlamentares do PT punidos pela Executiva do Diretório Nacional por terem se abstido nas votações da reforma da previdência. Divulgado no blog Diplomatizzando(2/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/a-reforma-da-previdencia-no-primeiro.html).

1107. “Capital Humano Estratégico: Proposta modesta para mudar o país via ‘indústria’ dos recursos humanos”, Washington, 7 setembro 2003, 2 p. Reflexões sobre o sentido de escolhas estratégicas para o desenvolvimento do país. Encaminhado ao chefe do NAE. Divulgado no blog Diplomatizzando(2/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/capital-humano-estrategico-uma-proposta.html). 

1113. “O governo Lula, o FMI e a transição de paradigmas: comentários”, Washington, 15 setembro 2003, 4 p. Comentários breves a matéria homônima no boletim Periscópion. 29, set. 2003, da Fundação Perseu Abramo, do PT. Divulgado no blog Diplomatizzando(2/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/os-companheiros-e-o-fmi-uma-obsessao.html).

1133. “A longa marcha do PT para a socialdemocracia: Algumas ideias vencedoras, outras indefinidas e questões ainda não-resolvidas”, Washington, 9 outubro 2003, 7 p. Paperpara apresentação no XXVII Encontro Anual da ANPOCS (Caxambu, 21-25/10/2003), na sessão “Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?”, tendo como debatedores: Luiz Carlos Bresser Pereira (FGV-SP), Luiz Werneck Vianna, (Iuperj) e Ricardo Carneiro (UniCamp). Blog Diplomatizzando(29/10/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/10/anpocs-2016-sociologos-continuam.html). 


1137. “Breve diagnóstico e propostas de ação: Nota sobre a conjuntura em outubro de 2003”, Porto Alegre, 26 outubro 2003, 3 p. Análise da conjuntura, nos aspectos econômico, político e moral, para envio a autoridade política. Inédito. Divulgado no blog Diplomatizzando(2/09/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/meu-diagnostico-e-propostas-de-acao.html).

1149. “Uma nova traição dos clérigos?: Comentários a um novo manifesto em prol de mudanças na política econômica”, Brasília, 27 novembro 2003, 3 p. Observações críticas a abaixo-assinado de acadêmicos circulado no Jornal da Ciência E-mail(n. 2416, 27/11/2003). Reformulado e ampliado como “A neoliberalização e os seus descontentes: os órfãos do old-PT e os filhos (confusos) do new-PT”. Divulgado no blog Diplomatizzando(8/04/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/04/a-neoliberalizacao-e-os-seus.html).

1152. “Do projeto de poder a umprojeto de governo: Algumas reflexões sem estilo”, Brasília, 3 dezembro 2003, 8 p. Texto reservado sobre a conjuntura política, com sugestões de elementos para uma política de governo. Revisto e modificado em 27/01/2004, sob n. 1196. Divulgado, nessa versão, no blog Diplomatizzando(22/10/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/10/o-projeto-de-poder-do-governo.html).



Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de setembro de 2018


quinta-feira, 7 de junho de 2018

Jaime Cortesao: trajetorias de um triplo exílio - Francisco Roque de Oliveira

Transcrevo, sem comentários no momento, excelente relatório feito pelo professor Francisco Roque de Oliveira, sobre o colóquio recentemente realizado na Biblioteca Nacional de Portugal, em torno da obra no exílio do mais insigne representante da historiografia luso-brasileira do século XX.
Paulo Roberto de Almeida 

Jaime Cortesão: escritos e geografias do exílio

Nos dias 10 e 11 de Maio de 2018 deco­rreu na Biblio­teca Nacio­nal de Por­tu­gal, em Lis­boa, o Sim­pó­sio Inter­na­cio­nal Jaime Cor­te­são: escri­tos e geo­gra­fias do exí­lio.Tratou-se de uma ini­cia­tiva con­junta do CEG-Centro de Estu­dos Geo­grá­fi­cos da Uni­ver­si­dade de Lis­boa e do CHAM-Centro de Huma­ni­da­des da Uni­ver­si­dade Nova de Lis­boa e da Uni­ver­si­dade dos Aço­res, em par­ce­ria com a Biblio­teca Nacio­nal de Por­tu­gal. Esta reunião foi rea­li­zada no âmbito das acti­vi­da­des do Pro­jecto de Inves­ti­gação FCT/CAPES «Sabe­res geo­grá­fi­cos e geo­gra­fia ins­ti­tu­cio­nal: influên­cia e relações recí­pro­cas entre Por­tu­gal e o Bra­sil no século XX», desen­vol­vido no Cen­tro de Estu­dos Geo­grá­fi­cos da Uni­ver­si­dade de Lis­boa, e do grupo de inves­ti­gação Lei­tura e For­mas de Escrita do CHAM.
Este Sim­pó­sio propôs-se reunir os mais recen­tes resul­ta­dos da inves­ti­gação que vem sendo rea­li­zada em torno da obra do autor de Ale­xan­dre de Gus­mão e o Tra­tado de Madrid e da His­tó­ria do Bra­sil nos vel­hos mapas. Pretendeu-se tam­bém apro­fun­dar o con­he­ci­mento sobre os suces­si­vos con­tex­tos de exí­lio que Jaime Cor­te­são enfren­tou na Europa e no Bra­sil durante mais de 30 anos, com des­ta­que para aque­les que deco­rre­ram na Espanha repu­bli­cana e no Rio de Janeiro das déca­das de 1940 e 1950. Esta ini­cia­tiva foi ainda pen­sada como uma opor­tu­ni­dade para reflec­tir sobre o impor­tante legado de Cor­te­são enquanto edi­tor e tra­du­tor, assim como para ana­li­sar o estado actual dos pro­jec­tos de edição da sua obra, tanto em Por­tu­gal como no Brasil.
A escolha da Biblio­teca Nacio­nal de Por­tu­gal para local de rea­li­zação deste Sim­pó­sio repre­sen­tou um gesto sim­bó­lico. Jaime Cor­te­são (1884–1960) foi o mais des­ta­cado direc­tor da então cha­mada Biblio­teca Nacio­nal de Lis­boa durante a I Repú­blica Por­tu­guesa (1910–1926). A par­tir de 1919, quando foi nomeado para esse cargo, Cor­te­são teve opor­tu­ni­dade de exe­cu­tar aí um notá­vel tra­balho de reor­ga­ni­zação admi­nis­tra­tiva e téc­nica e – sobre­tudo – de dou­tri­nação cul­tu­ral e cívica, tendo sido saneado em 1927, na sequên­cia da ins­tau­ração da dita­dura mili­tar em Por­tu­gal. Médico por for­mação e escri­tor por vocação, este inte­lec­tual mul­ti­fa­ce­tado foi poeta e fic­cio­nista, dra­ma­turgo e escri­tor de via­gens, peda­gogo das Uni­ver­si­da­des Popu­la­res das pri­mei­ras déca­das do século XX e, final­mente, o historiador-geógrafo que reali­zou a sín­tese entre a his­to­rio­gra­fia dos Anna­les de Lucien Feb­vre e Marc Bloch e a geo­gra­fia humana de Cami­lle Vallaux e Jean Brun­hes apli­cada à his­tó­ria de Por­tu­gal e do seu império.
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Cor­te­são foi estu­dado como um pro­ta­go­nista, entre outros, de uma bril­hante diás­pora polí­tica e cien­tí­fica que tem inúme­ras afi­ni­da­des com a diás­pora repu­bli­cana espan­hola que se viu obri­gada a reinventar-se nas Amé­ri­cas na mesma época, fazendo fru­ti­fi­car aí as suas com­pe­tên­cias inte­lec­tuais e o seu cosmopolitismo.
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Jaime Cor­te­são foi tam­bém um homem de acção polí­tica muito empen­hado e, por isso mesmo, sem­pre muito temido pela dita­dura por­tu­guesa. Os atri­bu­la­dos anos da sua per­ma­nên­cia em Espanha e Fra­nça, entre 1927 e 1940, repre­sen­tam a expe­riên­cia de um dos prin­ci­pais pro­ta­go­nis­tas de exí­lio repu­bli­cano por­tu­guês acos­sado e dis­perso entre Madrid, Bar­ce­lona, o sul de Fra­nça e Paris. Banido para o Bra­sil por ordem de Sala­zar, em 1940, Cor­te­são rela­nçou no Rio de Janeiro o magis­té­rio e as pes­qui­sas que fize­ram dele a mais impor­tante figura da his­to­rio­gra­fia luso-brasileira do século XX. Regres­sado defi­ni­ti­va­mente a Por­tu­gal em 1957, foi eleito pre­si­dente da Socie­dade Por­tu­guesa de Escri­to­res e pro­posto como can­di­dato à Pre­si­dên­cia da Repú­blica pela opo­sição não comu­nista orga­ni­zada sob a égide do Direc­tó­rio Democrato-Social, indi­gi­tação essa que decli­nou. Preso uma última vez por moti­vos polí­ti­cos quando con­tava já 74 anos de idade, foi liber­tado na sequên­cia de uma intensa cam­panha inter­na­cio­nal de pro­testo enca­beçada pela imprensa bra­si­leira. Depois de reins­tau­rada da demo­cra­cia em Por­tu­gal, Cor­te­são seria rein­te­grado na função pública a título pós­tumo, restituindo-se-lhe então as hon­ras e dig­ni­da­des de que fora arbi­tra­ria­mente pri­vado, como se lê no Decreto-Lei 275, de 14 de Agosto de 1980, que deter­mi­nou esta repa­ração moral.
Atra­vés do estudo de algu­mas das prin­ci­pais peças da obra de Jaime Cor­te­são, os par­ti­ci­pan­tes neste Sim­pó­sio tive­ram opor­tu­ni­dade de inqui­rir aspec­tos asso­cia­dos à dura­doura marca dei­xada na ciên­cia e na uni­ver­si­dade por­tu­gue­sas por força dos exí­lios e de toda a série cons­tran­gi­men­tos mais dis­cre­tos, mas nem por isso menos efi­ca­zes, impos­tos pela dita­dura à acti­vi­dade cien­tí­fica e ao saber em geral. Nesse sen­tido, Cor­te­são foi tam­bém estu­dado como um pro­ta­go­nista, entre outros, de uma bril­hante diás­pora polí­tica e cien­tí­fica que tem inúme­ras afi­ni­da­des com a diás­pora repu­bli­cana espan­hola que se viu obri­gada a reinventar-se nas Amé­ri­cas na mesma época, fazendo fru­ti­fi­car aí as suas com­pe­tên­cias inte­lec­tuais e o seu cos­mo­po­li­tismo. O Sim­pó­sio estruturou-se em três mesas dis­tin­tas, pre­ce­di­das por uma ses­são de aber­tura e uma con­fe­rên­cia inau­gu­ral, con­forme a sequên­cia que pas­sa­mos a resenhar.
Usa­ram da pala­vra na ses­são de aber­tura os direc­to­res dos dois Cen­tros de inves­ti­gação orga­ni­za­do­res – Mário Vale pelo CEG e João Paulo Oli­veira e Costa pelo CHAM –, Car­los Kes­sel, chefe do Setor Cul­tu­ral da Embai­xada do Bra­sil em Lis­boa, Vera Lucia Ama­ral Fer­lini, res­pon­sá­vel pela Cáte­dra Jaime Cor­te­são da Uni­ver­si­dade de São Paulo e Ins­ti­tuto Camões, para além de Fran­cisco Roque de Oli­veira, pela comis­são orga­ni­za­dora do Sim­pó­sio. A lição inau­gu­ral esteve a cargo de Joa­quim Romero Magal­hães (Uni­ver­si­dade de Coim­bra), que dis­ser­tou sobre «O des­con­he­cido Bra­sil, de los comien­zos a 1799, de Jaime Cor­te­são (1956)». Trata-se de uma obra que apa­re­ceu inte­grada no volume 26 da His­to­ria de Amé­rica y de los Pue­blos Ame­ri­ca­nos diri­gida por Anto­nio Balles­te­ros y Berreta, publi­cada em Bar­ce­lona pela Edi­to­rial Sal­vat. Sabe-se que a mesma obra teve ori­gem num con­trato assi­nado ainda em 1933, quando Cor­te­são vivia exi­lado em Madrid e cuja con­cre­ti­zação em livro seria pro­te­lada pelas vicis­si­tu­des da Gue­rra Civil de Espanha e da II Gue­rra Mundial.
Jaime Cortesão durante o seu exílio no Brasil (c. 1950) Fotografia: Espólio Jaime Cortesão, Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa).
Jaime Cor­te­são durante o seu exí­lio no Bra­sil (c. 1950)
Foto­gra­fia: Espó­lio Jaime Cor­te­são, Biblio­teca Nacio­nal de Por­tu­gal (Lisboa).
A pri­meira mesa do Sim­pó­sio foi subor­di­nada ao tema «Jaime Cor­te­são, edi­tor e edições», tendo sido preen­chida por duas comu­ni­cações que arti­cu­la­ram a prin­ci­pal acti­vi­dade de Cor­te­são enquanto publi­cista durante a I Repú­blica Por­tu­guesa e o seu con­tri­buto como edi­tor e tra­du­tor ao longo das déca­das seguin­tes. Daniel Pires (Cen­tro de Estu­dos Boca­gea­nos e CLEPUL-Centro de Lite­ra­tu­ras e Cul­tu­ras Lusó­fo­nas e Euro­peias da Uni­ver­si­dade de Lis­boa) trouxe uma comu­ni­cação sobre «Jaime Cor­te­são, o Grupo da Biblio­teca e a Seara Nova», tendo apre­sen­tado uma carta des­con­he­cida na qual o escri­tor e jor­na­lista Raul Proença – chefe da Divi­são dos Ser­viços Téc­ni­cos da Biblio­teca Nacio­nal durante a Dire­cção de Cor­te­são – se insurge con­tra a cen­sura imposta na sequên­cia do golpe mili­tar do 28 de Maio de 1926, que ins­ti­tuiu a dita­dura em Por­tu­gal. Coube a Daniel Melo (CHAM) apre­sen­tar «Jaime Cor­te­são enquanto pro­mo­tor da edição e da lei­tura», suma­riando a fecunda acti­vi­dade que deco­rreu entre a cola­bo­ração de Cor­te­são com o movi­mento cul­tu­ral Renas­ce­nça Por­tu­guesa e o magis­té­rio da Uni­ver­si­dade Popu­lar do Porto, em 1914, e o seu tra­balho como edi­tor lite­rá­rio no Bra­sil, pas­sando pelo com­pro­misso que teve com a Asso­ciação Inter­na­cio­nal de Escri­to­res para a Defesa da Cul­tura, em par­ti­cu­lar por via da par­ti­ci­pação nos Con­gres­sos Inter­na­cio­nais de Escri­to­res pela Defesa da Cul­tura de 1935 (Paris) e 1937 (Valência-Madrid-Barcelona-Paris).
A segunda mesa foi dedi­cada à «Escrita da His­tó­ria», agru­pando qua­tro comu­ni­cações. Vera Fer­lini apre­sen­tou «Jaime Cor­te­são: novas dimen­sões para a His­tó­ria de São Paulo». Par­tindo das obras A Fun­dação de São Paulo – Capi­tal Geo­grá­fica do Bra­sil (1955), Ale­xan­dre de Gus­mão e o Tra­tado de Madrid (1952–1961) e Raposo Tava­res e a For­mação Terri­to­rial do Bra­sil (1958), Fer­lini salien­tou o modo como as mes­mas dia­lo­ga­ram com as pers­pec­ti­vas his­to­rio­grá­fi­cas do Ins­ti­tuto His­tó­rico e Geo­grá­fico de São Paulo (IHGSP) e as teses de alguns dos seus notá­veis his­to­ria­do­res bra­si­lei­ros de então, como Afonso d’Escragnolle Tau­nay e Sér­gio Buar­que de Holanda. Renato Amado Pei­xoto (Uni­ver­si­dade Fede­ral do Rio Grande do Norte) cen­trou a sua inter­ve­nção inti­tu­lada «Oxy­mo­ron: Cor­te­são, Varn­ha­gen, o Meri­diano de Tor­de­sil­has e a repre­sen­tação da For­mação do Bra­sil» numa pers­pec­tiva equi­va­lente a essa. Neste caso, tratou-se de con­fron­tar alguns dos con­teú­dos con­so­li­da­dos na his­to­rio­gra­fia bra­si­leira do século XIX, que se reper­cu­ti­ram dura­dou­ra­mente na cons­trução pro­gra­má­tica da iden­ti­dade nacio­nal atra­vés do ensino da Geo­gra­fia e da His­tó­ria, com algu­mas das teses que Cor­te­são gizou para expli­car o pro­cesso de for­mação terri­to­rial deste país e que for­ma­li­zou em dois pro­jec­tos edi­to­rais orga­ni­za­dos no âmbito do Minis­té­rio das Relações Exte­rio­res do Bra­sil: o Atlas His­tó­rico do Bra­sil (1959) e a His­tó­ria do Bra­sil nos vel­hos mapas (1957–1971).
«Os irmãos Jaime e Armando Cor­te­são. Dos exí­lios e das polé­mi­cas his­to­rio­grá­fi­cas na expan­são atlân­tica» cons­ti­tuiu o título escol­hido por Rui S. Andrade (Cen­tro de His­tó­ria da Uni­ver­si­dade de Lis­boa), numa comu­ni­cação cen­trada em algu­mas das mais rele­van­tes teo­rias que estes dois his­to­ria­do­res desen­vol­ve­ram ao longo de déca­das no qua­dro de um esfo­rço inte­lec­tual mais vasto, com raí­zes fun­das na his­to­rio­gra­fia do século XIX, e de que são exem­plo a cha­mada «polí­tica do sigilo» e o suposto des­co­bri­mento pré-colombino da Amé­rica pelos por­tu­gue­ses. Como ilus­trou Andrade, tais teo­rias esti­ve­ram na ori­gem de um intenso debate tra­vado entre os irmãos Cor­te­são e diver­sos aca­dé­mi­cos anglo-saxónicos, assim como com alguns dos seus pares por­tu­gue­ses e bra­si­lei­ros, cons­ti­tuindo um dos aspec­tos mais inter­es­san­tes, mas tam­bém mais con­tro­ver­sos do seu legado. A fechar a ses­são, José Manuel Gar­cia (Aca­de­mia Por­tu­guesa da His­tó­ria) apre­sen­tou «Os Des­co­bri­men­tos Por­tu­gue­ses de Jaime Cor­te­são: bala­nço de uma carreira his­to­rio­grá­fica». Como o título indi­cia, tratou-se de uma abor­da­gem àquela que cons­ti­tui a última grande empresa his­to­rio­grá­fica de Cor­te­são, vista aqui, simul­ta­nea­mente, como ponto de che­gada e sín­tese monu­men­tal de cerca de qua­tro déca­das de carreira no domí­nio da his­tó­ria da expan­são portuguesa.
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Entre as suces­si­vas ini­cia­ti­vas aglu­ti­na­do­ras da opo­sição por­tu­guesa no exí­lio dina­mi­za­das por Jaime Cor­te­são, destacou-se a União dos Anti­fas­cis­tas Por­tu­gue­ses Resi­den­tes em Espanha, criada em Madrid depois da vitó­ria elei­to­ral da Frente Popu­lar, em Feve­reiro de 1936, e a Dele­gação da Frente Popu­lar Por­tu­guesa ins­ti­tuída em Bar­ce­lona com apoio do governo repu­bli­cano e da Gene­ra­li­tat da Catalunha.
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A última mesa do Sim­pó­sio agru­pou três comu­ni­cações à volta do tema gené­rico «Geo­gra­fias do exí­lio». Cris­tina Clí­maco (Uni­ver­sité Paris 8) leu «O exí­lio euro­peu de Jaime Cor­te­são e a luta anti­fas­cista (1927–1940)», des­cre­vendo e con­tex­tua­li­zando os perío­dos de per­ma­nên­cia de Cor­te­são em Espanha e Fra­nça na sequên­cia da sua par­ti­ci­pação na frus­trada revolta de Feve­reiro de 1927 con­tra a dita­dura mili­tar por­tu­guesa e o papel que lhe coube como dina­mi­za­dor de suces­si­vas ini­cia­ti­vas aglu­ti­na­do­ras da opo­sição no exí­lio. Entre estas, Clí­maco des­ta­cou a União dos Anti­fas­cis­tas Por­tu­gue­ses Resi­den­tes em Espanha, criada em Madrid depois da vitó­ria elei­to­ral da Frente Popu­lar, em Feve­reiro de 1936, e a Dele­gação da Frente Popu­lar Por­tu­guesa ins­ti­tuída em Bar­ce­lona com apoio do governo repu­bli­cano e da Gene­ra­li­tat da Cata­lunha. Fran­cisco Roque de Oli­veira (CEG-Universidade de Lis­boa), Roger Lee de Jesus (Uni­ver­si­dade de Coim­bra) e Rui S. Andrade apre­sen­ta­ram «Abraça-te o teu irmão muito amigo: a corres­pon­dên­cia entre Jaime e Armando Cor­te­são», tendo sin­te­ti­zado o con­teúdo do extenso con­junto de car­tas dis­per­sas pelos arqui­vos de Lis­boa, Coim­bra e Rio de Janeiro atra­vés das quais se podem seguir as vicis­si­tu­des do exí­lio durante muito tempo par­til­hado pelos irmãos Cor­te­são, os con­tex­tos que os enqua­dra­ram, assim como o desen­vol­vi­mento das res­pec­ti­vas obras cien­tí­fi­cas, desig­na­da­mente no domí­nio da his­tó­ria da car­to­gra­fia, cujo inter­esse par­til­ha­ram. Por último, Aqui­lino Machado (CEG-Universidade de Lis­boa) expôs «Do Vera Cruz ao Bra­sil: entre a via­gem de Aqui­lino Ribeiro e as geo­gra­fias do exí­lio de Jaime Cor­te­são», comu­ni­cação cen­trada nos regis­tos autó­gra­fos e na docu­men­tação exis­tente sobre a des­lo­cação de Aqui­lino Ribeiro ao Bra­sil, em 1952, e o círculo de socia­bi­li­da­des do exí­lio polí­tico por­tu­guês aí radi­cado com o qual este escri­tor man­teve impor­tan­tes contactos.
Em ses­são extra­or­di­ná­ria que deco­rreu no início do segundo dia de tra­bal­hos, Roger Lee de Jesus intro­du­ziu os dois úni­cos regis­tos sono­ros de Jaime Cor­te­são edi­ta­dos em disco no final da década de 1950. De seguida, o mesmo Roger Lee de Jesus e Fran­cisco Roque de Oli­veira apre­sen­ta­ram o Dia­po­rama que ela­bo­ra­ram a par­tir da longa entre­vista con­ce­dida por Cor­te­são ao jor­na­lista Igre­jas Caeiro em 1958 e então emi­tida pelo Rádio Clube Por­tu­guês. Na mesma oca­sião, foi exi­bido na sala Mul­ti­mé­dia da Biblio­teca Nacio­nal o epi­só­dio do docu­men­tá­rio À Porta da His­tó­ria dedi­cado a Jaime Cor­te­são. Rea­li­zado por Jorge Pai­xão da Costa para a Rádio e Tele­vi­são de Por­tu­gal (RTP) em 2015, este epi­só­dio foi gen­til­mente cedido para exi­bição não comer­cial durante o Sim­pó­sio pela Ukbar Fil­mes. Para­le­la­mente, os Ser­viços da Biblio­teca Nacio­nal de Por­tu­gal, coor­de­na­dos por Manuela Rêgo, orga­ni­za­ram uma pequena mos­tra biblio­grá­fica que reuniu algu­mas das mais impor­tan­tes obras de Jaime Cor­te­são nos domí­nios da his­to­rio­gra­fia – sobre­tudo sobre o Bra­sil –, da cró­nica de via­gens, do registo memo­ria­lís­tico de gue­rra e da poesia.

CENTRO DE ESTUDOS GEOGRÁFICOS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. Sabe­res geo­grá­fi­cos e geo­gra­fia ins­ti­tu­cio­nal: influên­cia e relações recí­pro­cas entre Por­tu­gal e o Bra­sil no século XX, Pro­jecto Con­vé­nio FCT-CAPES, 2016–2018, Proc. 44.1.00 CAPES/8513/14–7. <http://www.ceg.ulisboa.pt/saberesgeograficos/>

OLIVEIRA, Fran­cisco Roque de. A «Ilha Bra­sil» de Jaime Cor­te­são: ideias geo­grá­fi­cas e expres­são car­to­grá­fica de um con­ceito geo­po­lí­tico. Biblio 3W. Revista Biblio­grá­fica de Geo­gra­fía y Cien­cias Socia­les. [En línea]. Bar­ce­lona: Uni­ver­si­dad de Bar­ce­lona, 25 febrero 2017, Vol. XXII, nº 1.191. <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1191.pdf>

Fran­cisco Roque de Oli­veira é inves­ti­ga­dor do Cen­tro de Estu­dos Geo­grá­fi­cos e pro­fes­sor no Ins­ti­tuto de Geo­gra­fia e Orde­na­mento do Terri­tó­rio da Uni­ver­si­dade de Lisboa.

Ficha biblio­grá­fica:
OLIVEIRA, Fran­cisco Roque de. Jaime Cor­te­são: escri­tos e geo­gra­fias do exí­lio. Geo­cri­tiQ. 30 de mayo de 2018, nº 391. [ISSN: 2385–5096]. <http://www.geocritiq.com/2018/05/jaime-cortesao-escritos-e-geografias-do-exilio>