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sábado, 11 de março de 2023

Filho tardio do Bozo já ganhou uma boquinha no Congresso- Ricardo Bergamini, Rudolfo Lago

 Na defesa de interesses corporativos todas as ideologias existentes no Brasil são aliadas históricas, assim sendo, com Bolsonaro ou com Lula, com a esquerda ou com a direita, com os civis ou militares, com a dita(dura) ou a dita(mole) os problemas serão os mesmos. Vamos ajudar a resolvê-los divulgando as informações oficiais do governante de plantão.

 

Prezados Senhores

 

Na união, estados e municípios, existem em torno de 1,2 milhão de assessores parlamentares (fontes primárias de peculato – exemplos: “rachadinhas” do clã Bolsonaro) que poderiam ser dispensados sem restrições constitucionais. 

 

São amigos, parentes e aliados dos políticos, não são concursados, não têm direitos adquiridos, não têm estabilidade de emprego, não são garantidos pelas cláusulas pétreas da Constituição, além de representarem um contingente correspondente a três vezes o efetivo ativo das FFAA.   

 

Extinção imediata desses parasitas, que considerando um salário médio de R$ 8.000,00 mensais, daria uma economia permanente em torno de R$ 113,3 bilhões ao ano.

 

Vamos transformar a mesmice do discurso liberal em realidade.

 

 

Extinção dos assessores parlamentares (não concursados)

 

Ricardo Bergamini

 

 

Esse tema deveria ser unanimidade de todas as ideologias existentes no Brasil: fim da orgia dos assessores parlamentares, um bando refece de parasitas.

 

- São 25 assessores para cada um dos 513 deputados federais – totalizando 12.825 assessores parlamentares.

 

- São 55 assessores para cada um dos 81 senadores – totalizando 4.455 assessores parlamentares.

 

- São 27 câmeras estaduais com 1.059 deputados, com uma média de 20 assessores cada um – totalizando 21.180 assessores parlamentares.

 

- São 56.810 vereadores nos 5.570 municípios, com uma média de 20 assessores cada um – totalizando 1.136.200 assessores parlamentares.

 

- Total de parasitas indicados por políticos, sem nenhum controle dos estados, das prefeituras, da União e dos cidadãos – 1.174.660 assessores parlamentares. 

 

Em 2019 as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) tinham um efetivo ativo de 381.830 militares, ou seja, representando apenas 31,38% do efetivo das “Forças Desarmadas dos Assessores Parlamentares”. E a sociedade brasileira ainda culpa as FFAA, por não defenderem os nossos espaços territoriais de forma eficiente.

 

Além dos assessores parlamentares acima citados, ainda existem os assessores parlamentares concursados efetivos, que em 2019, somente no Congresso Nacional, eram de 7.822 ativos e 14.222 inativos. 

 

São amigos, parentes e aliados dos políticos, não são concursados, não têm direitos adquiridos, não têm estabilidade de emprego, não é garantido pelas cláusulas pétreas da Constituição, além de representarem um contingente correspondente a três vezes o efetivo ativo das FFAA com 381.830 militares.   

 

Extinção imediata desses parasitas, que considerando um salário médio de R$ 8.000,00 mensais, daria uma economia permanente em torno de R$ 113,3 bilhões ao ano.

 

 

NOMEADO ASSESSOR DE SENADOR, JAIR RENAN PODERÁ IR TRABALHAR NA PRAIA, EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ

 

RUDOLFO LAGO

 

09.03.2023 

 

 NOTÍCIA Em CONGRESSO

 

Matéria completa clique abaixo:

 

https://congressoemfoco.uol.com.br/area/congresso-nacional/nomeado-assessor-de-senador-jair-renan-podera-ir-trabalhar-na-praia-em-balneario-camboriu/

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

As fraudes do FIES e do ProUni, obras do PT (Veja)

 O PT dilapidou recursos públicos — dos pobres, pois são os que mais pagam impostos no Brasil — para enganar jovens estudantes com a ilusão de um diploma do ensino “superior” (qualquer diploma, mesmo de Faculdades Tabajara) e para dar mais dinheiro ainda a quem já é rico, que foi o que mais o partido fez na presidência, sabendo que parte desse dinheiro voltaria para o partido.

Desde o início me pronunciei contrariamente à demagogia, mas não sabia que ela também tinha provocado uma FRAUDE BILIONÁRIA. 

Paulo Roberto de Almeida

Copio do blog do Orlando Tambosi, 25/02/2021


Dois escândalos do FIES e a farsa da "universidade para todos"


Era óbvio e previsível que muitas faculdades seriam abertas apenas com a intenção de receber recursos do Ministério da Educação, sem qualquer preocupação com a qualidade do ensino. Coluna de Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:


A revista “Veja” noticiou nesta semana uma fraude de R$ 1 bilhão no FIES, o programa criado para financiar graduações de alunos carentes em universidades privadas. Segundo a revista, auditores da CGU (Controladoria-Geral da União) identificaram fortes indícios de que recursos do Fundo de Financiamento Estudantil foram desviados para lobistas, servidores e um grupo de instituições de ensino. A Polícia Federal já abriu inquérito.

Há dois escândalos aí.

O primeiro escândalo:

Vamos ao primeiro, o escândalo da fraude, detalhado pela reportagem de “Veja”. O caso teve pouca repercussão e nem chegou a chocar e surpreender, dada a frequência com que a corrupção anda de mãos dadas com o dinheiro público no nosso país. Deveria, sim, causar muita indignação, porque cada real roubado da educação representa um prejuízo muito maior lá na frente – mas, enfim, estamos no Brasil.

Pois bem, mais de R$ 1 bilhão teria sido repassado de forma ilegal para instituições impedidas de participar do FIES por terem dívidas gigantescas junto à Receita Federal e ao Tesouro Nacional. Sempre segundo a revista, a fraude envolveu a ação de lobistas, a falsificação de documentos e a cumplicidade de servidores do MEC: no final do processo, 30% dos valores repassados às universidades pelo Ministério voltavam para Brasília, na forma de propina.

O absurdo não para aí. Suspeita-se que 20 universidades de pequeno e médio porte inventaram estudantes-fantasmas para vitaminar o aporte de recursos públicos: a “Veja” cita o caso de duas faculdades abertas em 2012 em Mato Grosso, que em cinco anos receberam mais de R$ 20 milhões do FIES.

A revista conclui a matéria com uma declaração do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque que merece reflexão: “Socialmente, o FIES foi ótimo, economicamente tem sido um desastre, do ponto de vista pedagógico o resultado não é o esperado e, sem dúvida, é maravilhoso para os donos das faculdades”.

Por fim, a reportagem informa, en passant, que o FIES acumula atualmente um prejuízo de... R$ 13 bilhões, provocado pela inadimplência dos alunos que solicitaram o financiamento e, depois de formados, não tiveram condições de pagar a dívida.

É isso mesmo. O valor da inadimplência no FIES é 13 vezes maior que o surrupiado pela corrupção: R$ 13 bilhões. E chegamos assim ao segundo escândalo.

O segundo escândalo:

Este é um escândalo a céu aberto: desde a criação do FIES, a inadimplência só faz aumentar, mas sempre se fez de conta que o problema não existe. Talvez porque não pegue bem chamar a atenção para um fato desagradável: o que essa inadimplência bilionária revela é o equívoco estrutural e conceitual do programa – que, contrariamente às aparências, longe de reduzir a desigualdade, apenas alimenta e reproduz uma dinâmica social perversa e excludente.

O FIES é um programa complementar ao PROUNI – Programa Universidade para Todos, cujo objetivo está explícito no próprio nome: garantir acesso ao ensino superior a todos os brasileiros, independente do mérito, do esforço ou da vocação. Mas o que, à primeira vista, parece muito bonito, bem intencionado e justo do ponto de vista do papel redistributivo do Estado – usar recursos públicos para ampliar o acesso de estudantes carentes ao ensino superior, reduzindo o fosso que separa os mais pobres das universidades – na prática não funciona.

O principal efeito do PROUNI foi, sobretudo nos governos do PT, estimular a criação de centenas de “Uni-esquinas” Brasil afora, instituições caça-níqueis que oferecem cursos de péssima qualidade e distribuem diplomas a rodo sem qualificar ninguém – sem falar no terreno fértil aberto para esquemas de corrupção como o apontado pela reportagem de “Veja”.

Ora, desde sempre era óbvio e previsível que muitas faculdades seriam abertas apenas com a intenção de receber recursos do Ministério da Educação, sem qualquer preocupação com a qualidade do ensino.

Mas talvez a intenção de alguns envolvidos na gestão do programa fosse esta mesmo: não a melhoria e democratização do ensino superior, mas a conquista demagógica de mais votos em troca de diplomas e ilusões. Na prática, recursos acabaram sendo redistribuídos, sim, mas dos pobres – a imensa maioria dos contribuintes – para os ricos – aqueles empresários, políticos e burocratas mal intencionados, sempre dispostos a encontrar uma forma de levar vantagem e usar o sistema a seu favor.

No sistema de educação de qualquer país próspero, como a Coreia do Sul, existe um sistema de seleção que faz com que cheguem à universidade apenas os alunos mais preparados

Mas, mesmo que contasse com a honestidade de todos (não contam) e fossem programas à prova de desvios e de corrupção (não são), o FIES e o PROUNI jamais teriam como dar certo, porque partem de uma premissa errada. Em nenhum país do mundo se cogita garantir, com recursos públicos, universidade para todos – não por maldade ou por aversão aos pobres, mas porque o mercado não absorve esse batalhão de recém-formados que as universidades despejam todos os semestres na vida real – aliás, cada vez mais despreparados.

No sistema de educação de qualquer país próspero, como a Coreia do Sul, existem um afunilamento natural e um sistema de seleção que fazem com que cheguem à universidade apenas os alunos mais preparados, e em quantidade adequada às demandas e a capacidade de absorção do mercado. Se é injusto (e é) que essa competição seja desigual, o caminho é lutar por uma educação básica universal e de qualidade, que mitigue essa diferença de preparo e busque garantir oportunidades iguais para todos os estudantes que quiserem disputar uma vaga, independentemente da sua classe social.

Só quem não tem a mínima noção de como a economia funciona no mundo real pode acreditar que a solução para a educação é uma intervenção do Estado que garanta vagas e diplomas para todos, com o pretexto de proteger os pobres e oprimidos. O resultado dessa intervenção é a mediocrização da qualidade do ensino superior – inevitável, em função das sequelas trazidas do ensino básico ruim.

Somente na utopia de uma sociedade planificada seria possível imaginar que é função do Estado financiar bolsas de ensino superior para toda a população do país. Mas a História demonstra que sociedades planificadas sempre terminam em desastre.

No Brasil, em vez de atacar o problema no ponto de partida – a educação básica – tenta-se resolvê-lo na linha de chegada – garantindo a distribuição de diplomas por meio de cotas e programas de financiamento (na verdade, dinheiro a fundo perdido, já que a inadimplência, como vimos, é bilionária).

“Ain, mas tem que ter vaga para todos sim! Nenhum direito a menos!” Se o objetivo for apenas ter um diploma debaixo do braço, tudo bem: que se abram mais Uni-esquinas e se criem vagas para todos no ensino superior, financiadas com o dinheiro do contribuinte.

Mas qual será o resultado concreto disso? Um exército de desempregados, jovens sem nenhuma qualificação que podem ostentar seu diploma em selfies no Instagram, mas que não encontram emprego nem foram capacitados para competir no mercado. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o índice de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos já está em 30% (índice muito superior ao do do país, que era de 13,3% na época da pesquisa). E vai piorar.

Não adianta tentar enxugar gelo na linha de chegada: não há cotas nem bolsas que consertem o mal que foi causado no ensino básico. O PROUNI e o FIES podem até criar a ilusão de que uma injustiça histórica e social está sendo reparada, mas na prática o modelo apenas reproduz uma estrutura geradora de desigualdade, mal maquiada pelo discurso de que será distribuindo diplomas universitários que se corrigirá o problema da educação no Brasil. Universidade para todos é uma ilusão. O uso político dessa ideia deveria ser um escândalo.

domingo, 15 de setembro de 2019

Pirâmides de Bitcoin: perda pode acabar com economias. Saiba evitar

Pirâmides de Bitcoin: perda pode acabar com economias. Saiba evitar

Milhares de brasileiros são vítimas de golpes financeiros, esquemas que prometem ganhos elevados em um curto espaço de tempo
Por Arena do Pavini
SEU DINHEIRO/EXAME
13 set 2019

Bitcoin: baixa dos juros e pouco rendimento em aplicações financeiras tornam pirâmides mais atrativas

Um ganho dez vezes maior que o da poupança. Foi o que seduziu o professor Carlos (nome fictício), de Santa Catarina, e o fez seguir o conselho de um amigo, que em todo happy hour contava vantagens sobre como estava ganhando dinheiro em um site de investimentos.
Acostumado a investir em caderneta de poupança e fundos de previdência, o professor se convenceu diante da insistência do amigo, que mostrava os comprovantes de saques semanais com os lucros muito superiores aos das suas aplicações tradicionais.
Carlos resolveu aplicar então R$ 10 mil na Alcateia Investimentos, um site que prometia ganhos em mercados de derivativos e criptomoedas com um sistema infalível, que não perdia nunca.
Isso foi em setembro de 2017. “Fiz dois saques de R$ 250 e R$ 320 e já tinha a certeza que o negócio funcionava e era sério”, lembra. A intenção era, em março de 2018, investir mais R$ 100 mil.

O início do pesadelo
Em janeiro de 2018, o contrato de três meses na Alcateia terminou e Carlos foi então sacar o valor investido. Foi quando começou o calvário, ou o show de horrores, como ele descreve.
A plataforma só dizia “limite de saque diário excedido, tente novamente no próximo dia útil”. E Carlos tentou, escreveu e-mails, não respondidos, fez ligações para o gerente de conta, ou “líder da matilha”, que pouco depois parou de atende-lo.
Até que o telefone do líder deixou de tocar. “Publiquei um texto no site Reclame Aqui”, lembra. “Uma resposta medonhamente escrita, com vários erros de português, informava que eu deveria entrar em contato com a empresa, que não respondia questionamentos pelo site”, diz.
O professor notou então que era uma resposta padrão, exatamente a mesma dada a todos que reclamavam.
Foi aí que os podres da Alcateia começaram a surgir, como o fato de a empresa estar em nome de um vendedor ambulante, possuir inquéritos em várias partes do Brasil e ter o presidente da empresa com o nome sujo na polícia. “Some-se a isso a jogada de gênio deles: simularem a compra da carteira de clientes da Alcateia por outra empresa, a Máximus, que alegou não ter recebido os recursos dos clientes, e tudo se transformou num imbróglio”, conta Carlos.
A Máximus quebrou e saiu como lesada, vítima inocente de uma Alcateia bandida, que por sua vez alegava que passou o negócio adiante e não tinha mais nada com as dívidas.
Carlos entrou na Justiça para tentar reaver o dinheiro aplicado. Por sorte, não recomendou a Alcateia para ninguém, como incentivava a empresa, oferecendo comissões por indicações.
Mas, depois disso, promete que jamais colocará dinheiro nas mãos de aventureiros que prometem riqueza em curto prazo. “Que minha história seja exemplo a muitos, que sonham em ficar ricos sem esforço e por meios estranhos”, resume.

A nova onda das pirâmides
Carlos é apenas mais um dos milhares de brasileiros que foram vítimas de golpes financeiros, as chamadas pirâmides, esquemas que prometem ganhos elevados em um curto espaço de tempo, usando como argumentos aplicações em moedas digitais ou em mercados de moedas no exterior, o chamado Forex.
Além do ganho muito acima da realidade, essas empresas oferecem comissões para quem indicar novos participantes, uma forma de realimentar a pirâmide, que vai pagando os resgates de quem sai com as aplicações de quem entra.
Na realidade, não há investimento nenhum, apenas a troca de recursos entre os que entram e os que saem. Os que investem acreditam que estão ganhando ao acompanhar seus saldos crescendo pela internet, na maioria das vezes meras ilusões digitais.

CVM vê aumento das denúncias
O crescimento dos golpes pela internet provocou um aumento na quantidade de ordens de proibição de ofertas (stop orders) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste ano.
Somente de janeiro a junho, foram 15 proibições, contra 11 do ano passado inteiro, muito em função de esquemas de Forex e pirâmides financeiras, diz Guilherme Aguiar, superintendente de processos sancionadores.
Segundo ele, trata-se de uma situação que não é da competência da CVM, pois é estelionato, e não mercado de capitais. “Mas ficamos de olho mesmo assim, porque tem crescido muito a ocorrência de pirâmides, pela baixa dos juros e inflação e pelas pessoas estarem buscando outros tipos de investimento com maior rentabilidade”, explica.
Para ele, a melhor forma de evitar esse tipo de golpe é com educação financeira, para evitar que as pessoas caiam nas conversas dos golpistas. “As vezes com o mínimo de cuidado, olhando o site da CVM ou entrando em contato com nosso atendimento, a pessoa evitaria perder dinheiro e impediria que esses esquemas se propagassem”, diz.
A CVM tenta cada vez mais chamar a atenção para esses riscos e até reforçou a página do site que trata dos alertas ao mercado, mas vê também que muitas vezes o investidor sabe que o esquema é uma pirâmide e entra achando que vai conseguir sair antes, e acabam multiplicando o golpe, atraindo outras pessoas. “E há muitos incautos que estavam acostumados em investir em poupança com rendimento alto do tempo da inflação elevada que acreditam nas promessas e acabam enganados”, afirma.

Cobiça e falta de cuidado
Cobiça e falta de cuidado na hora de aplicar o dinheiro acabam favorecendo as pirâmides financeiras, diz o delegado Carlos Ruiz, da 4ª Delegacia de Crimes Eletrônicos, do Deic de São Paulo.
Ele tem acompanhado recentemente muitos casos de pirâmides vinculadas à moeda digital Bitcoin. “Muitas vezes, os golpistas criam grupos e acabam captando clientes dizendo que vão aplicar em Bitcoins, mas já chegamos a ter investigações em que não havia investimento algum”, conta Ruiz.
No caso, o golpista criou um site para a pessoa acompanhar os rendimentos da empresa, mas era tudo fictício. Para dar credibilidade, o golpista paga os primeiros saques, o que muitas vezes faz o investidor aumentar o valor aplicado e ainda incentivar amigos, parentes e conhecidos a aplicar.

Aplicação de R$ 500 mil e fim da poupança para a faculdade dos filhos
Os valores perdidos são significativos, conta Ruiz. Apenas um investidor de uma pirâmide que ele investiga aplicou R$ 500 mil com a promessa de aplicar em moeda virtual. “E muitas vezes a pessoa acaba desfalcando o orçamento familiar”, afirma.
Ele conta o caso de uma pai que tinha R$ 100 mil de reserva para pagar a faculdade dos filhos, e conversando com a esposa resolveu investir para ganhar mais. “Visando um rendimento maior, ele perdeu os R$ 100 mil para realizar o sonho dos filhos”, conta.
Há ainda os que pedem dinheiro emprestado no banco ou de agiotas para aplicar.

No rastro do dinheiro
O ponto positivo é que a polícia consegue chegar aos golpistas, pois é um crime em que a pessoa deposita o dinheiro na conta de alguém aqui no Brasil. “Mesmo que o fraudador tenha interposto outras pessoas, para contratar, receber o depósito, acabamos chegando aos culpados”, diz.
Por isso, ele recomenda que as vítimas reúnam o máximo de documentos e informações para ajudar na investigação da polícia, como contratos, recibos de depósitos, números de telefones de representantes e extratos.
A vítima deve também registrar queixa na delegacia mais próxima de sua casa. Como em geral os crimes não são violentos, é preciso convencer o juiz de que a pessoa não pode continuar solta. A pena por estelionato chega a 5 anos, mas pode ser ampliada se houver organização criminosa.

Quanto maior a ambição, maior o tombo
A primeira dica para evitar as pirâmides é: se o ganho prometido estiver muito além do que paga o mercado a pessoa precisa ficar atenta, pois quanto maior a ambição, maior o tombo, afirma Ruiz.
Um jeito simples de se precaver é pesquisar na internet para ver se outras pessoas já foram vítimas daquela empresa. “Hoje temos até grupos anti pirâmide na internet”, afirma, lembrando que a mesma rede que espalha as pirâmides também pode ajudar a combatê-las.
Há também os casos de pessoas que querem tirar algum proveito da situação. “Ouço pessoas que entendem muito de Bitcoin, que querem até dar aula para nós, mas acabam perdendo R$ 50 mil, R$ 100 mil, pois quiseram se aproveitar de uma situação”, conta Ruiz. “Em geral, vitimas de estelionato não são totalmente inocentes, estavam tentando tirar vantagem também”.

As fases da pirâmide
Os esquemas de pirâmides financeiras acabam tendo algumas fases comuns.
A primeira, de euforia, quando o número de associados está crescendo e os mais antigos estão sacando. A segunda, quando o crescimento se estabiliza e a empresa começa a atrasar os pagamentos dos saques.
A terceira, quando a empresa não consegue pagar os resgates e cria justificativas, como problemas operacionais e até ataques de hackers ou desvios de recursos.
Na quarta, a pirâmide vai enrolando os investidores, afirmando que vai pagar, mas os problemas operacionais não permitem, e pede mais uma semana, um mês ou alguns dias.
E a quinta, quando a empresa admite que quebrou e oferece um contrato de confissão de dívida para o investidor, dando a ilusão que ele terá uma garantia de que receberá. “As empresas tentam com o contrato acalmar as vítimas e fugir do crime, mas não conseguem, pois fica claro que o contrato é de má fé”, afirma Ruiz.

Viciados em pirâmides caem no golpe mais de uma vez
Pode parecer incrível, mas há pessoas que conseguem ser enganadas por pirâmides mais de uma vez. “Tem gente que arrisca muito”, diz o advogado Alisson Rodrigues Gomes, de Belo Horizonte.
Ele atende vários clientes da Alcatéia que caíram em outro golpe, da Mattos Investing, cujo responsável, Marcel Mafra Bicalho, também conhecido como Marcelo Mattos, foi preso em agosto em um resort de luxo em Arraial D’Ajuda, na Bahia.
Ele é acusado de montar uma pirâmide que lesou mais de 4 mil pessoas. “Esse do Mattos é mais sério, pois os valores eram mais altos”, diz Gomes, que tenta reaver R$ 10 milhões de clientes que aplicaram na Mattos Investing atrás de ganhos muito elevados.
Já no caso da Alcateia, Gomes representa 27 clientes com valor total de R$ 130 mil de aplicação ou R$ 240 mil se considerados os rendimentos.
O advogado já conseguiu várias sentenças favoráveis em julgamentos contra a Alcateia e a Máximus, mas não obteve sucesso em conseguir o pagamento aos investidores. “A Máximus não tem bens, encontramos apenas alguns veículos, mas estamos tentando encontrar imóveis dos sócios”, diz.
No caso da Alcateia, o caso é o mesmo. “Encontramos apenas um Audi A3 com mais de dez restrições judiciais”, afirma.
Gomes entrou com ação coletiva juntamente com a Máxima contra a Alcateia para tentar reaver o dinheiro dos aplicadores e move ações individuais contra a Máximus também. E diz que há um processo da 3ª Vara Criminal de Contagem. “Mas o estelionato no Brasil é um crime tratado de maneira branda no Brasil, infelizmente”, diz.

A pirâmide que patrocinou até novela
Um dos casos mais famosos de pirâmide financeira foi o da Fazendas Reunidas Boi Gordo, que chegou a patrocinar a novela das 9 da Rede Globo, O Rei do Gado, com Antonio Fagundes no papel principal.
Na época, em 1999, José Raymundo de Faria Junior, planejador financeiro CFP certificado pela Planejar, analisava investimentos para um escritório de advocacia. “Fui olhar esse negócio de boi, mandei e-mail para a empresa e, pela resposta, conclui que era impossível obter o retorno prometido”, lembra Faria Junior, que estima que faltavam uns 10 mil bois para cobrir os investimentos dos 32 mil participantes.
A empresa quebrou e até hoje, 20 anos depois, os investidores receberam menos de 10% do que aplicaram. E os donos da Boi Gordo não foram punidos, pois o processo prescreveu.

Prisões de responsáveis por pirâmides
Apesar das denúncias, punições ainda são coisa rara nos casos de pirâmides, com algumas exceções.
Nos anos 1990, o dono da Gallus, contemporânea da Boi Gordo, Gelson Camargo, foi preso por oferecer investimentos em frango, porco e boi.
Em 2015, Tulio Vinícius Vertullo, dono da Agente BR, uma corretora de câmbio que passou a oferecer investimentos irregulares, foi condenado a 17 anos por prejuízos estimados em R$ 100 milhões.
E, em agosto, Mafra Bicalho, da Mattos Investing, foi preso em grande estilo, em um hotel de luxo na Bahia.

Sai o boi, entra o avestruz e o VoIP
Depois do boi, foi a vez de outro bicho, a Avestruz Master, construir sua pirâmide e depois desabar com mais 40 mil investidores em 2005.
Mais recentemente, a Telexfree fez milhares de vítimas, não só no Brasil, mas em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, vendendo pacotes de telefonia pela internet (VoIP). A empresa quebrou em 2014, deixando uma dívida estimada em R$ 1 bilhão.

Pirâmide patrocinou Neymar e o Vasco
No começo deste ano, outra pirâmide, da JJ Invest, do empresário Jonas Spritzer Amar Jaimovick, que patrocinava clubes de futebol como o Vasco, ruiu no Rio de Janeiro, levando junto parte do dinheiro de celebridades como o jogador Zico.
O prejuízo total da JJ Invest foi estimado em R$ 170 milhões. Até o craque Neymar Júnior chegou a usar a camisa com a marca de Jaimovick, que desapareceu em janeiro, depois que a CVM alertou que ele não tinha autorização para operar no mercado de capitais.

Madoff, o rei das pirâmides
Mas não pensem que pirâmide é coisa só de brasileiro, ressalta Faria Junior, citando o caso de Bernard Madoff nos Estados Unidos, a maior pirâmide da história, que durou décadas e enganou grande parte da comunidade financeira, não só americana, como europeia e até brasileira.
Grandes bancos como Santander, Safra e J.P. Morgan tiveram de pagar indenizações à Justiça e aos clientes pelas perdas provocadas aos seus investidores de alta renda de private banking pela pirâmide bilionária.
Madoff, que chegou a ser presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, deixou um prejuízo estimado em US$ 65 bilhões e só foi descoberto por causa da crise mundial de 2008.
Mas o esquema dele era diferente. Em vez de oferecer ganhos enormes, ele nunca perdia, mesmo nas crises. Na verdade, ele falsificava os relatórios de rendimentos e pagava um investidor com o dinheiro do outro.

Ganho do Bitcoin atrai os investidores
Agora, as pirâmides mudaram de novo de instrumento, usando o mercado de Forex e os Bitcoins.
No caso dos Bitcoins, a atração vem da forte alta da criptomoeda no fim de 2017 e início de 2018. A criptomoeda digital passou de US$ 900 em janeiro de 2017 para US$ 19 mil em dezembro, o que despertou uma febre mundial, ou melhor, uma bolha. Em 2019, porém, ela caiu para US$ 3,6 mil, recuperando-se depois para US$ 10 mil.
Diante de tanta oscilação, ninguém entende muito bem como funciona o mercado e fica fácil para os golpistas justificarem os ganhos. “Mas o que se pode dizer para quem recebe esse tipo de oferta, de ganhos de 100% em seis meses, um ano, é que não há nenhum tipo de investimento que dê retorno fixo, nem nesses níveis prometidos”, diz.
E, como a taxa de juros está baixa, o que aumenta a dificuldade das pessoas em guardar dinheiro, o incentivo para as pirâmides e sua atração aumentam.

Tecnologia ajuda no crescimento das pirâmides
A tecnologia também facilita a propagação dos golpes, explica Faria Junior.
Ele lembra, nos anos 1970, quando as pessoas faziam esquemas de pirâmide parecidos com cartas. Hoje, há ferramentas de marketing na internet para enviar centenas de mensagens nas redes sociais oferecendo as pirâmides.
A sofisticação das pirâmides atuais é que a propagação é rápida e as pessoas que começam acabam recebendo dinheiro e incentivam o golpe, ostentando carrões, barcos, mansões e jóias nas redes sociais e atraindo mais vítimas.
Alguns até sabem que se trata de pirâmide, mas acham que estão entrando no começo e vão ganhar e podem ser pegos no contrapé. “Mas a grande maioria não sabe que é um golpe e acaba perdendo tudo”, diz.

Movimento de rebanho e incentivo de celebridades
Há também um componente psicológico forte no fascínio das pirâmides, explica Faria Junior. Em geral, o investidor é influenciado por parentes, amigos, conhecidos, que falam dos ganhos rápidos, e fica incentivado a participar, para não se sentir excluído, entrando no movimento de rebanho.
Para completar, os esquemas mais sofisticados aparecem com uma garantia, uma pessoa famosa que endossa o esquema, como atores e celebridades, normalmente sem saber.
Na Alcateia, uma bailarina do Faustão fazia propaganda do golpe. “Mas não há possibilidade de retorno garantido, e as pessoas vão ter de se acostumar com retorno mais baixo, sob o risco de perderem tudo que guardaram”, alerta.
E cair em um golpe financeiro pode ser pior que apenas perder o dinheiro, alerta Faria Junior. Muitos também perdem o controle das próprias finanças, ao pedir empréstimos para investir ou ao ficar sem reservas para emergências.

Bitcoin pode ser investimento sério
Mas isso não significa que o investidor não possa comprar moedas virtuais, criptoativos, explica Faria Junior.
Isso deve ser feito, porém, observando-se duas coisas: um valor baixo em relação ao patrimônio, meio por cento, um por cento, uma quantia que equivaleria a deixar de comer uma pizza ou fazer um passeio. “Pode ser que a moeda suba bastante, como antes, e mas se ela cair você perde pouco”, diz.

Denuncie a pirâmide
Faria Junior recomenda que, se receber ofertas de empresas suspeitas, o investidor entre em contato com o Banco Central e com a CVM para buscar informações. E fuja de quem promete retornos de 1% ao dia. “Não existe retorno garantido, é tudo pirâmide”, diz.
Além disso, a oferta em geral não vem de um fundo, uma empresa financeira regulamentada junto ao Banco Central e à CVM. “Por isso a primeira coisa é não fazer a aplicação e entrar em contato com as autoridades”, diz. “E, se o investidor não conhece o mercado de criptomoedas ou de forex, se não consegue entender o produto, não tenha”, recomenda.
“Na dúvida, deixa o dinheiro no banco, pois até a poupança pode ser melhor do que perder o que se guardou”, alerta.

Marketing multinível e pirâmides
Outra tática dos golpistas é disfarçar a pirâmide de empresa de vendas de produtos por marketing multinível, uma estratégia de venda direta ao consumidor em que os vendedores vão formando redes de representantes que pagam uma parte dos ganhos para os níveis mais altos.
Mas, no negócio sério, a compensação do distribuidor ou revendedor depende da efetiva venda de produtos e serviços, e não do simples recrutamento de novos revendedores. “Por esta razão, ele não pode ser considerado um investimento, pois é uma forma de trabalho”, destaca a CVM em seu Boletim de Proteção do Consumidor/Investidor.
Várias empresas grandes usam o marketing multinível, como as pioneiras AmWay, Tupperware, Avon e a brasileira Natura.

Crime contra a economia popular
No entanto, enquanto na venda direta a remuneração dos participantes decorre da venda dos produtos ou serviços, nos esquemas irregulares não há realmente uma atividade comercial envolvida e os ganhos decorrem da indicação de novos participantes, destaca a CVM.
Dessa forma, tais esquemas podem vir a ser considerados como crime contra a economia popular.
A CVM informa que, embora as pirâmides não estejam “no escopo da fiscalização”, a autarquia analisa todas as denúncias e consultas recebidas do público e presta as devidas orientações ao cidadão, comunicando o caso ao Ministério Público quando há indícios de crime.
Além das orientações sobre a identificação de esquemas fraudulentos, a CVM recomenda que o investidor a consulte em casos de dúvida sobre a licitude de ofertas de investimento, orientando os consumidores que se sentirem lesados em ofertas de marketing de rede ou multinível a procurarem os órgãos de defesa do consumidor em sua cidade.

Como identificar uma pirâmide financeira
A CVM e a Secretaria Nacional do Consumidor elaboraram um boletim sobre como distinguir uma pirâmide financeira de um sistema de vendas multinível. São seis as principais dicas mencionadas no estudo:

1 – Exigência de pagamento inicial de valores expressivos para a adesão, especialmente se comparado com o custo do produto e muitas vezes sem uma contrapartida real (por exemplo, kit de produtos para revenda, cursos ou vídeos de treinamento pagos, taxas de inscrição)

2 – O trabalho do “revendedor” não está claramente vinculado a um esforço real de vendas efetivas do produto. Pode até haver alguma atividade envolvida, mas ela faz pouco sentido para a venda, não tem um valor econômico ou poderia ser realizada de forma automática por programas de computador; é o caso de sites que prometem dinheiro a quem dá cliques no portal da empresa ou simplesmente compartilha mensagens.

3- Há promessa de altos ganhos, normalmente em pouco tempo, mas sem que haja clareza quanto a um real esforço do participante com a venda de produtos

4- Não há menção a eventuais riscos de perdas envolvidos na operação.

5- O ganho vem mais da indicação de novos participantes do que da venda do produto em si.

6- Esquemas piramidais normalmente escolhem produtos cuja produção é barata (podem ser apenas virtuais) e não possuem um valor relevante de mercado. Ou seja, é importante que os produtos vendidos sejam realmente demandados pelo mercado.