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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Livros recentes da Fundacao Alexandre de Gusmao disponiveis - site da Funag


A Funag tornou-se, possivelmente, ou quase certamente, a maior editora brasileira de livros de relações internacionais, com a vantagem, utilíssima (e até necessária para muitos estudantes e mesmo professores), de que eles estão livremente disponíveis para download no site da Funag.
Os resumos abaixo foram retirados da seção final dos Cadernos de Política Exterior n. 3, em publicação pelo IPRI. 
Disponham...
Paulo Roberto de Almeida

Publicações Recentes da FUNAG

A China e os Chins – Recordações de viagem

Henrique Carlos Ribeiro Lisboa
 A China e os Chins - Recordações de viagem
Foi no contexto de abertura da China às nações ocidentais que o governo imperial do Brasil enviou sua primeira missão diplomática à China, com o objetivo de assegurar ao País os benefícios da colonização e firmar um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Embora assinado, o tratado não foi ratificado pelo Congresso brasileiro, senão algum tempo mais tarde, com modificações no texto original.
A documentação produzida pelos diplomatas brasileiros foi publicada em edição de 2012, dos Cadernos do CHDD, dedicada ao Oriente. Um dos integrantes daquela missão, que lá esteve entre os anos de 1880 e 1882, foi Henrique Carlos Ribeiro Lisboa (1847-1920), autor da obra que ora levamos ao público e filho do também diplomata Miguel Maria Lisboa (1809-1881).
Além de A China e os chins: recordações de viagem, (1888), Lisboa escreveu Os Chins de Tetartos: continuação d’A China e os Chins (1894). Os dois livros cumpriram o papel de informar os brasileiros sobre diferentes aspectos da China e explorar eventuais possibilidades de uma mudança de posicionamento do Brasil a respeito do país asiático.
O registro de Lisboa, de mais de 130 anos, nos revela uma China há muito desaparecida. O cerimonial do milenar império recebeu minuciosa descrição e, já nos primeiros parágrafos, nos damos conta de que as transformações por que passava o país eram profundas e, sobretudo, irreversíveis. Obra escrita por pessoa culta e observadora, A China e os chins certamente será útil àqueles que têm na China de hoje seu campo de trabalho e estudo.

(Texto extraído da apresentação de Ricardo Pereira de Azevedo, com adaptações)

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O Brasil e as Nações Unidas – 70 anos

Organizadores
Paulo Roberto Campos Tarisse da Fontoura
Maria Luisa Escorel de Moraes
Eduardo Uziel
 Brasil e as Nações Unidas - 70 anos, O
O aniversário de setenta anos da criação da Organização das Nações Unidas e da adoção de sua Carta, celebrado em 2015, inspirou o projeto de publicar este livro, que reproduz as instruções para a delegação do Brasil à Conferência de São Francisco e seu relatório, bem como reúne textos inéditos de cinco Representantes Permanentes do Brasil em Nova York e de diplomata especialista na participação brasileira naquela conferência. O objetivo da obra é recordar a ativa participação do Brasil no processo de elaboração da Carta e, de modo mais amplo, contribuir para a melhor compreensão da política externa brasileira, sempre influenciada pelo apego ao multilateralismo, e da atuação do Brasil nas Nações Unidas.
Ao resgatar e difundir a importante contribuição da diplomacia brasileira às Nações Unidas, esta publicação demonstra e ilustra a relevância do multilateralismo para a realização dos legítimos anseios nacionais por um sistema internacional que favoreça o desenvolvimento do País.

(Texto extraído da apresentação de Mauro Vieira, com adaptações)

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Migrações Internacionais no PlanoMultilateral – Reflexões para a Política Externa Brasileira

Maria Rita Fontes Faria
 Migrações Internacionais no plano multilateral
Como bem assinalado nessa excelente tese escrita por Maria Rita Silva Fontes Faria, parte da Coleção CAE, as migrações internacionais constituem tema global por excelência. O mundo possui hoje cerca de 250 milhões de migrantes internacionais (3,2% da população mundial). A multiplicidade de questões e o montante dos números associados às imigrações – pessoas e países envolvidos, além de fluxos de recursos nos países de origem e destino – elevam a importância do tema na formulação de políticas nacionais e internacionais.
Apesar de terem seus direitos reconhecidos por conjunto expressivo de instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos, os migrantes continuam submetidos à lógica realista da prevalência da soberania estatal no desenho de políticas públicas de controle dos fluxos migratórios.
A obra expõe ainda dimensão importante da atuação interna do Brasil no campo das políticas migratórias, evidenciando as fortalezas e as fragilidades do tratamento do tema pela diplomacia brasileira nos principais debates e negociações internacionais e regionais.
No plano interno, o trabalho revela a existência de visões divergentes quanto à definição das competências dos vários órgãos públicos o tratamento da questão migratória, à luz da futura legislação doméstica sobre a matéria.

(Texto extraído da apresentação de Silvio José Albuquerque e Silva, com adaptações)

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Quarenta Anos das RelaçõesBrasil-Angola – Documentos e Depoimentos

Organizadores:
Sérgio Eduardo Moreira Lima
Luís Cláudio Vilafañe G. Santos
Quarenta Anos das Relações Brasil-Angola
O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola em 1975. Essa decisão, que, internamente, teve repercussões castrenses por chocar-se com a orientação ideológica do regime militar (1964-1985), pelo menos com seus segmentos mais radicais, colocou o Brasil, no plano externo, pela primeira vez, como ator no complexo tabuleiro geopolítico da Guerra Fria na África Austral. O propósito da obra é contextualizar esse importante marco da política externa brasileira com vistas a estimular a reflexão e o aprofundamento da pesquisa sobre o tema. Trata-se de uma das páginas mais reveladoras tanto do pensamento estratégico, quanto dos meandros do processo decisório de uma potência emergente e de sua contribuição para a história contemporânea.
O reconhecimento de Angola representou alento à conclusão do processo de emancipação dos povos africanos. O resgate da hipoteca dos anos de apoio ao colonialismo português teve o mérito adicional de recolocar o Brasil na posição de prestígio que lhe cabe nas Nações Unidas, reforçando suas credenciais históricas, inclusive o compromisso com o multilateralismo.
Ao participar deste projeto de resgate da gênese das relações políticas entre Brasil e Angola, com ênfase nas circunstâncias do reconhecimento de sua Independência, a FUNAG cumpre a missão institucional de apoiar a preservação da memória diplomática e de contribuir para a formação de uma opinião pública sensível aos problemas da convivência internacional.

(Texto extraído da orelha do livro de autoria de Sérgio Eduardo Moreira Lima, com adaptações)

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LaIndependencia del Paraguay y el Imperio del Brasil

R. Antonio Ramos
La Independencia del Paraguay y el Imperio del Brasil
Al reeditar, junto con la Academia Diplomática y Consular Carlos Antonio López, la obra La Independencia del Paraguay y el Imperio del Brasil, de R. Antonio Ramos, la Fundación Alexandre de Gusmão tiene como propósito contribuir para el rescate de la memoria de hechos destacados, aunque no tan conocidos, de la formación de los Estados de América del Sur em el siglo XIX, como el rol desempeñado por Brasil em el proceso de Independencia del Paraguay.
Por ser su autor el eminente historiador guaraní, fundador de la Academia de Historia del Paraguay, este proyecto editorial de publicación, en el idioma original, adquiere um especial significado. Antonio Ramos, que también fue membro corresponsal del Instituto Histórico y Geográfico Brasileño (IHGB), tiene el mérito de desarrollar allí, desde una perspectiva propria y abarcadora, la narrativa del reconocimiento internacional de la independencia paraguaya, em las décadas de 1840 y 1850, incluyendo la importante participación de Brasil. 

(Texto extraído da apresentação de Sérgio Eduardo Moreira Lima, com adaptações)

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Pedro Teixeira, a Amazônia e oTratado de Madri

Organizadores
Sérgio Eduardo Moreira Lima
Maria do Carmo Strozzi Coutinho
Pedro Teixeira, a Amazônia e o Tratado de Madri
A epopeia de Pedro Teixeira (1637-1639), ao empreender a primeira navegação Amazonas acima e fundar, no retorno, o povoado de Franciscana, em nome da Coroa Portuguesa e por instrução do governador do Maranhão, constitui uma das páginas menos conhecidas da História do Brasil colonial, embora das mais importantes para a formação territorial do País. O explorador português, com sua coragem e bravura, possibilitou o desenho do Brasil resultante do Tratado de Madri (1750) com a notável extensão das fronteiras nacionais para oeste, na Amazônia. Este livro foi inspirado nas consequências diplomáticas da expedição de Pedro Teixeira.
Como pressentido pelas autoridades espanholas do Vice-Reino do Peru e pelo Conselho das Índias, os relatos e documentos que constam da presente publicação foram devidamente registrados e, um século depois, utilizados por Alexandre de Gusmão nas negociações do Tratado de Madri, sendo decisivas no processo de reconhecimento das fronteiras ultramarinas de Portugal e Espanha e no deslocamento da linha limítrofe do Tratado de Tordesilhas, de 1494.
Apesar do alcance da histórica expedição, seu significado ainda não conta com uma narrativa abrangente, que consolide os estudos e documentos esparsos existentes a respeito, alguns dos quais em bibliotecas de Portugal e de outros países europeus.
Diante disso, a FUNAG se propôs o desafio editorial de produzir um levantamento das principais referências documentais sobre a missão de Pedro Teixeira, com o objetivo de contemplar a exploração do rio Amazonas a partir da perspectiva da Coroa Portuguesa, no contexto do período final da União Ibérica. O material deixa entrever a existência de uma efetiva política de Estado de Portugal com vistas à expansão de seu território americano para além dos limites do Tratado de Tordesilhas naquele período; e é possível argumentar que o episódio contribuiu para emular o nacionalismo português em direção ao processo político, iniciado um ano após o retorno a Belém da expedição de Pedro Teixeira e que culminaria com a Restauração da Coroa Portuguesa.
Esta publicação é, portanto, um tributo ao desbravador e explorador luso-brasileiro, a quem a Coroa Portuguesa deveu a posse de quase toda a bacia Amazônica; e o Brasil, a exploração de mais de 10.000km² de seus rios e trilhas. Constitui o reconhecimento de uma visão político-estratégica, cuja dimensão diplomática foi atingida em sua plenitude com o Tratado de Madri, em 1750.

(Texto extraído da apresentação de Sérgio Eduardo Moreira Lima, com adaptações)
Arquivo em pdf para download

 (Mais livros no próximo número, que estou preparando...)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

1492 e o nascimento da moderna diplomacia - Paulo Roberto de Almeida (RBPI, 1991)

Um trabalho antigo, mas que faz parte do processo de revisão e nova edição de artigos publicados para disponibilidade no Academia.edu:

1492 e o nascimento da moderna diplomacia

Paulo Roberto de Almeida
Phd em Ciências Sociais. Mestre em Economia Internacional.
Ex-Professor na Universidade de Brasília e no Instituto Rio Branco
do Ministério das Relações Exteriores. Diplomata.
   
Sumário:
1. O ato fundador da história moderna
2. O monopólio pontifício das relações internacionais
3. Da arbitragem papal à negociação direta
4. Tordesilhas: a primeira partilha do mundo
5. Do condomínio ibérico à balança de poderes
6. O nascimento da diplomacia permanente
7. O Brasil na perspectiva de 1492

[Trabalho apresentado no “VIº Encontro Regional de História”,
organizado pela Junta Regional de História e Estudos Conexos,
Montevidéu, 21-23 de setembro de 1991.]

Revista Brasileira de Política Internacional (Rio de Janeiro: Ano XXXIV, n. 135-136, 1991/2, pp. 35-55). Relação de Originais n. 212; Publicados n. 070.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Luis Cláudio Villafañe: A America do Sul no discurso diplomatico brasileiro (livro)

Uma tese, que eu já conhecia quando de sua apresentação no âmbito do Curso de Altos Estudos do Itamaraty, agora transformada em livro e publicada pela Funag, e que recomendo:

Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos:
A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro
(Brasíla: FUNAG, 2014; 248 p. – Coleção CAE; ISBN: 978-85-7631-525-4)




Disponível no site da Funag: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589


Em A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro o diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe G. Santos discute, com grande rigor analítico e solidez conceitual, a vertente sul-americana da identidade internacional do Brasil, um tema central da política externa brasileira do século XXI. A partir de uma densa discussão teórica, o autor resgata a história da ideia de América do Sul e discute sua ausência ou presença, e em que termos, no discurso diplomático brasileiro, desde o século XIX. Uma ênfase especial fica por conta da apropriação desse conceito nos governos dos Presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas palavras do Embaixador Gelson Fonseca Jr., “a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a o obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira”.

Sumário

Prefácio
Introdução.

1. Geografia e Identidade: América, América Latina, Terceiro Mundo, Ocidente ou América do Sul?
1.1 Identidades internacionais, identidades americanas  
1.2 Os conceitos e sua história
1.3 América Latina como contraconceito assimétrico

2. Identidades Cambiantes: uma revisão histórica
2.1 O Império brasileiro e o “outro” hispano­americano
2.2 A República e a opção pelo americanismo
2.3 O Barão, o ABC e a América do Sul
2.4 A Primeira Guerra Mundial e o alinhamento aos Estados Unidos
2.5 O Brasil e a Liga das Nações
2.6 A Era Vargas
2.7 Americanismo e Guerra Fria
2.8 A Operação Pan­Americana
2.9 A Política Externa Independente e a identidade internacional do Brasil
2.10 Governos Militares: dos círculos concêntricos ao pragmatismo responsável
2.11 A Nova República e a integração latino­americana.109

3. As Reuniões de Presidentes da América do Sul
3.1 Um novo cenário internacional
3.2 O Presidente Itamar Franco e a proposta de Alcsa
3.3 O Presidente Fernando Henrique Cardoso e o conceito de América do Sul
3.4 As Reuniões de Presidentes da América do Sul

4. Governo Luiz Inácio Lula da Silva e a Prioridade SulAmericana
4.1 Uma nova política externa
4.2 Identidade americana, latino­americana e sul­americana
4.3 Um balanço provisório ao fim dos dois primeiros anos do governo Lula
Conclusões
Referências 

APRESENTAÇÃO
GELSON FONSECA JÚNIOR

         Apesar de ter sido escrito em 2005 e com o objetivo específico de preencher um requisito para a promoção na carreira diplomática, o livro A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro, ganhou interesse e atualidade. O passar do tempo mostrou o acerto de Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos na escolha do tema que se tornou, como ele já vislumbrava, primeira prioridade na estratégia diplomática brasileira. O livro, ao mostrar as raízes de uma opção diplomática, permite compreendê-la melhor e ter instrumentos para avaliá-la. Os muitos méritos do livro e, portanto, as razões para lê-lo não surpreendem. Aliás, só confirmam, mais uma vez, o lugar de Luís Cláudio entre os mais rigorosos e criativos estudiosos da história da diplomacia brasileira.
         Para quem examina a obra de Luís Cláudio Villafañe, um dos traços que primeiro chama atenção é sua inteligência na escolha de seus “objetos de pesquisa”. Devemos a ele, em um dos seus primeiros trabalhos, a tese de mestrado, publicada em 2002, O Império e as Repúblicas do Pacífico: as relações do Brasil com o Chile, Bolívia, Peru e Equador e Colômbia (1822-1889), uma renovação dos estudos sobre a diplomacia brasileira no século XIX, quando “redescobre” uma área esquecida. De fato, a tradição historiográfica se centrava, naturalmente, no Prata, mas, ao mostrar o outro lado da presença latino-americana do Brasil, Luís Cláudio trouxe uma contribuição única e inédita para a reflexão sobre o Brasil no continente. O estudo da diplomacia brasileira no século XIX se completa com outro texto notável, O Brasil entre a América e a Europa, que lida, entre outros, com o tema da rejeição brasileira às tentativas, promovidas pelos vizinhos, de reuniões multilaterais, no plano regional. Para entender a posterior aceitação brasileira do multilateralismo, já sob a égide do pan-americanismo, o texto de Luís Cláudio é indispensável. Esses livros e textos articulam as sólidas bases para a reflexão de Villafañe sobre a diplomacia brasileira nas Américas.
         Em dois livros mais recentes, o mesmo sentido inovador se exprime com a madura reflexão que faz Luís Cláudio Villafañe para interpretar o papel da inserção internacional na configuração de uma identidade brasileira: O Dia em que adiaram o Carnaval: política externa e a construção do Brasil e O Evangelho do Barão. Não por acaso, Matias Spektor, sobre o último, disse, com razão, que o Evangelho “é um sopro de lucidez” e que corresponde, diante das biografias “tradicionais”, a um “corretivo necessário, põe em perspectiva o que houve de incoerente, inseguro e pretensioso na trajetória do Barão, sem reduzir a genialidade do homem e de seu projeto político”. Assim, ao lembrar esses textos, a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira.
         Neste livro, que agora apresento, os estudiosos em relações internacionais e, além deles, os que se interessam sobre a construção da identidade brasileira, têm muito a ganhar. A escolha do tema amplia e renova as formas tradicionais de pensar o Brasil nas Américas. Luís Cláudio Villafañe mostra, com clareza e competência, como se constrói um espaço de atuação diplomática. A geografia é um dado, fixo; assim, a questão é narrativa que dela se extrai. Neste sentido, mostra, como passo preliminar do seu estudo, como se desenvolve, no plano conceitual, a começar ainda no século XIX; a criação de uma determinada ideia de América Latina e como o conceito ganha autonomia. É notável a precisão e a concisão com que revê as origens e a formação do conceito: lembra Torres Caicedo, Sarmiento, Marti, Rodó, sublinha as diferenças entre as perspectivas autonomistas, que buscavam um espaço próprio para as nações latino-americanas, e as ocidentalistas, que incluíam a América Latina no espaço americano, com o referencial necessário dos Estados Unidos, lembrando que “dentro do espaço criado por elas, ocorreram os grandes debates sobre a construção de uma identidade latino-americana a partir da própria América Latina” (p. 40). Mostra que só se pode falar na consolidação do conceito de América Latina após a Segunda Guerra Mundial, em especial com a fundação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e indica que a consolidação define a América Latina como um “contraconceito assimétrico à leitura que os Estados Unidos fazem de sua própria sociedade”. Chegando ao presente, e voltando-se para o quadro das relações internacionais, mostra que a incorporação da América do Sul como eixo do discurso (e ação) da diplomacia brasileira nasce em parte como contraponto às propostas americanas de uma área de livre-comércio para o continente, a Alca. Aliás, as reuniões pan-americanas foram paradoxalmente uma plataforma para que a América Latina identificasse interesses próprios, como a própria defesa da norma da não intervenção, que, ao longo de “nossa história diplomática, a referência à nossa condição de nação americana e suas variações (latino-americana, sul-americana) sempre foi um dos elementos centrais da identidade internacional” do país, são circunstâncias históricas que explicam o resgate do conceito e a busca de meios para operacionalizá-lo.
         Como diz, em sua esclarecedora introdução teórica, “As identidades, em qualquer nível, são contingentes e históricas – produzidas por um sistema de relações sociais e não de condições naturais (biológicas, geográficas ou de qualquer outra natureza). As identidades (sejam elas pessoais, de grupos ou de nações) são construídas dentro desse espaço de relações e diferenças, sendo sua definição o resultado de um jogo entre as distintas identidades que configuram um determinado sistema social. Seus conteúdos e suas funções sociais têm um caráter essencialmente histórico, o que nos remete à tarefa de estudá-las desde uma perspectiva mais abrangente” (p. 48). Os fundamentos teóricos do trabalho de Luís Cláudio vão naturalmente além disto. Aliás, merecem uma leitura atenta as observações que faz sobre os modos de construção conceitual dos discriminados, dos que não têm poder, dos que estão, no caso da diplomacia, à margem das relações de poder. Na realidade, o livro é impecável metodologicamente. O objeto está bem delimitado, o discurso diplomático, as fontes, primárias e secundárias, são utilizadas com habilidade e sempre de forma a revelar e enriquecer o objeto.
         Assim, a vizinhança sul-americana é a circunstância necessária da atuação do Brasil. Mas, é o interesse político que cria a “identidade sul-americana” e consequentemente define o espaço para a atuação diplomática “positiva”. A diferença de perspectivas entre a atitude do Império de distância dos vizinhos, marcada por contrapontos, e a da República é notável e movida, afinal, por fatores políticos, especialmente nos momentos iniciais da República, e, depois, paulatinamente, por objetivos mais complexos, especialmente de ordem econômica. Na primeira reunião de Presidentes sul-americanos, em 2000, convocada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, a dimensão de integração física era nítida e ampliava o percurso iniciado com o Mercosul.
         Vale notar, ainda, se viermos para os tempos recentes, a partir da aceitação da América do Sul como espaço privilegiado de atuação, as formas de atuar podem ser substancialmente diferentes, como Luís Cláudio Villafañe mostra quando compara a diplomacia dos Presidentes Fernando Henrique e Lula.
         História conceitual corre ao lado da história diplomática, não a explica totalmente, mas é indispensável para entender as opções, alternativas e variantes dos atores, a começar pelos presidentes e chanceleres. Como o autor diz com razão, “A identidade internacional do Brasil, ainda que tenha fortes elementos de permanência, está continuamente sendo reconstruída e reinventada” (p. 179). Assim, ao leitor, se revela, com clareza, a maneira como surge, se desenvolve a ideia de América do Sul e as possibilidades de seu emprego político. Circunstâncias modelam a criação da ideia que, uma vez introduzida no discurso diplomático, passa a ser uma circunstância que passa a delimitar a própria atividade diplomática. Se somos sul-americanos, a que nos obriga essa condição? O que nos beneficia? Luís Cláudio Villafañe não responde a essas perguntas, que exigiriam ir além do que se propôs, mas, com a clara base em que formula a identidade sul-americana, as respostas ganham um apoio consistente.
         O trabalho de Luís Cláudio Villafañe traz interpretação, sempre criativa e segura, das fontes, virtude essencial para a consistência do estudo historiográfico. Chama atenção a maneira como recupera e revê fontes conhecidas. Os relatórios anuais da Secretaria de Negócios Estrangeiros e, depois, do Ministério das Relações Exteriores, sempre constituíram uma base necessária para quem estuda a diplomacia brasileira. Mas, Luís Cláudio Villafañe retoma os relatórios do século XIX e, depois de uma leitura minuciosa, encontra formulações claras e reveladoras sobre a atitude distante em relação aos vizinhos, o que constituía uma barreira difícil de transpor para incorporar a América Latina ou a América no espaço de formulação diplomática brasileira. Na mesma linha, retoma os discursos do Brasil nas Nações Unidas, na importante coleção organizada e comentada por Luiz Felipe de Seixas Corrêa. As fontes são conhecidas, quase familiares, mas a forma como interpreta o seu alcance e, sobretudo, as relaciona, tornam em novidade o conhecido. São valiosas também as entrevistas que faz o autor com diplomatas, como o Embaixador Luiz Filipe de Macedo Soares e com o Embaixador Eduardo Santos.
         Outra qualidade do livro é constituir-se em texto íntegro. As partes, da teoria à interpretação dos desdobramentos do conceito de América do Sul, encaixam-se com perfeita coerência interna. Cada capítulo enriquece o anterior. Ainda assim, creio que, em alguns momentos, a abordagem mostra-se especialmente útil e valiosa para interpretar momentos da história diplomática. Assim se revela a análise das posições brasileiras diante da revolução cubana. Como lidar com a atitude norte-americana, e de alguns outros vizinhos, que defendiam que a “identidade continental americana” teria, como pilar o anticomunismo? (p. 100). Se aceitamos que a opção marxista-comunista de Fidel era incompatível, nas palavras de San Tiago Dantas, então Chanceler, com os “princípios democráticos, em que se baseia o sistema interamericano” (p. 102), uma segunda dimensão da condição americana repudiava formas de intervenção e de sanção para corrigir a incompatibilidade e, por isto, votamos contra a suspensão do regime na Reunião de Consulta, convocada para Punta del Este em 1962. De uma certa forma, a atitude brasileira, proclamando o princípio da não intervenção ecoava a longa história de defesa daquele princípio no âmbito do sistema interamericano, só aceito pelos americanos em 1933, depois de várias tentativas que começam praticamente com a inauguração das reuniões dos Estados Americanos. Lembre-se que o Brasil que, a princípio esteve perto dos EUA, transforma depois a não intervenção em um dos pilares de sua atitude diplomática. Porém, como sabemos, com o movimento de 1964, a política externa reforça o eixo ocidentalista, de que o anticomunismo é peça fundamental, e as relações com Cuba são cortadas.
         Há ainda dois aspectos do livro que chamam a atenção. O primeiro é a análise que faz do movimento que leva à adoção da América do Sul no repertório da diplomacia brasileira nos governos Fernando Henrique e Lula. Depois de lembrar a noção de Lafer de que a América do Sul corresponde a uma “força profunda de longa duração que vem norteando a ação diplomática brasileira” (p. 142), revê, com pertinência, o lançamento das reuniões de Presidentes sul-americanos, acompanha o seu desenvolvimento, e procura mostrar o reforço da ênfase sul-americana nos dois primeiros anos do mandato de Lula. O segundo aspecto que merece leitura cuidadosa são as conclusões. Luís Cláudio Villafañe não faz propostas de policies, mas, dentro do marco conceitual que discute, levanta questões absolutamente necessárias e que, ainda hoje, estão abertas. Uma das primeiras é mostrar que o conceito de América do Sul ainda está em construção e, pela abrangência do que propõe, enfrenta desafios maiores do que o de América Latina que tinha a vantagem de uma longa história e, a rigor, se fundar em “uma noção de similaridade antes de tudo cultural” (p. 189). Menciona a necessidade de superar os “muitos dos mitos de origem da nacionalidade de cada um dos países sul-americanos (que) incluem a ideia de usurpações e agravos históricos, reais ou imaginários, por parte de seus vizinhos”. E, sobriamente, acrescenta, “A superação desses mitos e ressentimentos é perfeitamente possível – como demonstra a integração europeia –, mas, representa um salto em direção ao futuro, que exigirá liderança, internamente em cada um dos doze países, e uma ação diplomática e firme” (p. 190).
         Para isto, lembra Luís Cláudio Villafañe a importância das trocas culturais, do aprofundamento dos estudos da história regional, que sustentariam, no longo prazo, as formas de aproximação política e econômica. Luís Cláudio lembra também que, “ao afirmar a vertente sul-americana da identidade brasileira não se está excluindo completamente as dimensões latino-americanas e continental” (p. 190). Os avanços institucionais da “comunidade sul-americana” são evidentes, com a criação da Unasul.
         Porém, mais América do Sul significa maior capacidade de vinculação com a América Latina e com os Estados Unidos e Canadá? Ou menos? E, voltamos aqui, a ligar a história do conceito aos desafios das melhores opções diplomáticas. Que regionalismo queremos? A América do Sul está incorporada ao discurso e é parcela fundamental da ação diplomática. Mas, qual o limite do discurso? Incorpora um projeto? É agregador dos vizinhos? É plataforma para uma abertura para o mundo? Luís Cláudio Villafañe não pretende oferecer respostas, mas, se não refletirmos, como sociedade, sobre as indagações que faz, as respostas diplomáticas correm o risco de serem incompletas.
Gelson Fonseca Jr.

Livro disponível no site da Funag:  
http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589

http://funag.gov.br/loja/download/1099-a-america-do-sul-no-discurso-dimplomatico-brasileiro.pdf

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Complemento:
Um artigo de atualidade:

DOMINGUES, R.. Uma Potência Regional em Construção? O Brasil na América do Sul durante os anos Lula (2003 - 2010). Revista Política Hoje, América do Norte, 22, nov. 2014. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/politicahoje/index.php/politica/article/view/274/154. Acesso em: 24 Nov. 2014.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mini-resenhas de livros de diplomatas: Prefacio e Sumario de Polindo a Prata da Casa

Eis aqui a ficha completa, tal como disponibilizado pessoalmente e publicado em formato Kindle, de meu livro mais recente.
Não consegui, e alguém me explique se é possível, oferecê-lo a US$ 0,00; tive de colocar o preço mínimo da Amazon, 0,99. Já na plataforma Academia.edu ele é livre de direitos ou de pagamento, mas suponho que as pessoas tenham de se inscrever na plataforma.
Em todo caso, muitos outros livros meus estão disponíveis nesse mesmo espaço, assim como vários outros serão preparados para Kindle edition, inclusive dois outros com as resenhas que "sobraram" do "esquartejamento" (mas não degola) do grandão Prata da Casa.
Paulo Roberto de Almeida


Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas 
(Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG;
disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG
Relação de Originais n. 2693. Relação de Publicados n. 1145.


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Prefácio

Quando, dez anos atrás, na condição de recém empossado diretor “cultural” da Associação dos Diplomatas Brasileiros, assumi voluntariamente o encargo de preparar, para o seu Boletim trimestral, pequenas notas sobre os livros de, ou publicados por, diplomatas, não imaginava que a missão se prolongaria por toda uma década, e continuaria a ser feita mesmo enquanto ex-vice-presidente da ADB, e já fora do país, como é o caso neste momento. Na verdade, eu já tinha colaborado com notas ou resenhas sobre livros de diplomatas algum tempo antes disso, praticamente desde a fase inicial da ADB; mas se tratava de colaboração ocasional ou irregular, apenas quando algum grande livro justificasse tal registro. Como eu sou um homem de livros, provavelmente recebia a sugestão de alguém da diretoria para fazer tal inserção, ou me oferecia voluntariamente para a tarefa, unicamente motivado pela minha própria paixão doentia pelos livros. Ainda tenho de recuperar essas primeiras e fugidias resenhas, que não figuram neste pequeno volume de mini-resenhas.
Não sei quem, em qual momento da vida do Boletim, um de seus diretores, ou dos vários presidentes que se sucederam no cargo, começou a chamar essa seção de resenhas de “Prata da Casa”, o que parece um título apropriado ao que se costuma identificar com certo estilo diplomático. Mas ela tinha uma existência precária, quase bissexta, se ouso dizer. Em todo caso, quando me convidaram – intimaram talvez seja um melhor termo – para assumir aquele cargo em 2004, eu tinha um magnífico programa cultural a desenvolver. No entanto, como ocorre muito frequentemente, as obrigações de trabalho acabam sufocando os projetos mais bem intencionados, e minha especialização produtiva ficou mesmo restrita ao Prata da Casa. É bem verdade que essa corveia voluntariamente assumida se situa no coração de minhas vantagens comparativas, para empregar uma expressão do universo ricardiano.
Eu sempre me desempenhei da tarefa sem qualquer problema, e sem qualquer remorso por tê-la assumido solitariamente, uma vez que a minha terceira jornada de trabalho, já em casa, nas noites sem compromissos, é mesmo constituída pela leitura de livros e pela redação de textos. Assumi, portanto, a responsabilidade do Prata da Casa com satisfação e constância, inclusive porque era uma maneira – altamente egoísta, devo confessar – de aumentar minha biblioteca, já de ordinário enorme. Não creio que nos últimos dez anos tenha faltado um só número do Boletim da ADB sem as habituais mini-resenhas dessa seção, cuja intensidade, aliás, eu aumentei sorrateiramente, de quatro mini-resenhas (em duas páginas), para seis obras registradas a cada número (algumas vezes sobram para o trimestre seguinte).
Dito assim, parece simples de fazer, uma vez que eu preparo resenhas de livros desde quando me conheço por gente, leitor de História do Mundo para as Crianças, na versão de Monteiro Lobato. Tenho muitos cadernos com anotações críticas de livros, desde antes dos tempos de faculdade. Fazer mini-resenhas, no entanto, acreditem, é uma coisa difícil, bem mais difícil do que as habituais resenhas-artigos que eu sempre elaborei, bem ao estilo da New York Review of Books, uma assinatura habitual durante muitos anos, e que recentemente voltei a retomar, morando novamente nos Estados Unidos. Resumir o conteúdo de um livro inteiro em dez linhas, que é de rigor no Prata da Casa, é uma coisa difícil, sendo mais difícil ainda acrescentar algum julgamento sumário sobre a obra, o que também nunca deixei de fazer, mesmo sob risco de descontentar algum colega de carreira, até mais alto na hierarquia.
Devo dizer, de imediato, que aqui não figuram, nem seria possível, todos os livros publicados pelos diplomatas, mas apenas aqueles que eu escolhi resenhar, ainda que, de vez em quando, eu receba, sem solicitar, obras publicadas por colegas. Uns poucos não figuram por uma razão muito simples: seu interesse e seu valor intrínseco justificavam, em lugar de uma simples nota, uma grande resenha, en bonne et due forme. As obras assim distinguidas foram publicadas em outro formato, em outros veículos, uma ou outra até no Boletim da ADB, mas não na seção Prata da Casa.
Ao assumir o encargo, eu me impus, deliberadamente, esse formato camisa-de-força: dez linhas, ponto, sem apelação. Assim, ninguém poderia reclamar de alguma preferência suspeita do resenhista por algumas obras em detrimento de outras, caso eu me entusiasmasse verdadeiramente por algumas delas. Como diria Henry Ford, ao por à venda o seu famoso modelo T: “você tem o direito de escolher qualquer cor, desde que seja preta!” No Prata da Casa, autores famosos ou ilustres desconhecidos têm direito às dez linhas regulamentares e nada mais além disso; bem, eles também têm direito a algum elogio final, ou até a alguma reclamação por um ou outro aspecto que eu julgue apropriado.
Muitos outros livros não entraram no Prata da Casa e não figuram aqui por não terem sido julgados merecedores de um registro formal, mas as razões são várias e eu não preciso me estender sobre elas. Por deformação própria, derivada de meu background acadêmico e cultural, não sou muito propenso a resenhar, porque também leio pouco, literatura de modo geral; poesia menos ainda, embora sempre me digam que é uma pena (o que eu concordo em parte). As poucas peças existentes nesta compilação que se enquadram na categoria “letras” mal ultrapassam 10% do total, ou seja, 17 obras sobre 168 livros selecionados. Na verdade, um a menos – e é o único que mereceu duas mini-resenhas – já que entrou primeiro como edição de autor, mais adiante como publicação comercial. Mas devo dizer que gostei de vários livros de contos e de alguns romances, dentre os muitos disponíveis para leitura e anotação. Desculpo-me com meus colegas poetas e prosadores, alguns até romancistas de sucesso, se eles não entraram no fatídico Boletim, mas eu sou um viciado incurável – o que certamente deve ser doentio – em literatura acadêmica, aquela coisa que dá voltas em torno da questão, sem matar logo de cara algum personagem, sem resolver de imediato algum grande problema social, ocupando-se apenas de alguma tema diplomático, supostamente relevante.
A quase totalidade das mini-resenhas aqui presentes figurou em encarnação anterior desta obra, chamada justamente de Prata da Casa: mas era um livro enorme, de mais de 600 páginas, compilando também as resenhas-artigos sobre livros de diplomatas, bem como de livros de não diplomatas, mas tratando dos temas da agenda de política externa brasileira e de relações internacionais de modo geral. Aqui, para tornar a obra mais manejável, eu me limitei unicamente às mini-resenhas preparadas para a seção Prata da Casa do Boletim ADB, inclusive acrescentando outras, feitas mais recentemente, que não constavam do livrão anterior (que continua disponível na plataforma Academia.edu ou no meu site ou blog). Existem duas ou três exceções, que foram objeto, digamos assim, de censura política – uma vez que eu nunca escondi o que penso – mas eu não preciso identificá-las. Talvez o mesmo tipo de censura que impediu que este livro fosse publicado, como tinha sido inicialmente planejado, pela Funag, quando a grande maioria dos livros aqui coletados foi por ela publicada. Mas, eu não preciso me estender sobre isso, não é leitores?
De fato, os colegas diplomatas são preferencialmente publicados – e supostamente lidos – pelos próprios diplomatas, no caso pela Fundação Alexandre de Gusmão, entidade que divulga, institucionalmente, boa parte da produção feita na própria Casa de Rio Branco. Com exceção da literatura – embora existam ensaios culturais – são geralmente teses do Curso de Altos Estudos selecionadas para divulgação, em alguns casos de maneira muito rápida, o que até dificulta alguma edição mais bem cuidada, conforme os padrões habitualmente encontrados, por exemplo, nas “University press” dos EUA. Nesse período de dez anos em que estive à frente do Prata da Casa – mais exatamente atrás, pois ela não leva assinatura –, a Funag publicou centenas de livros, entre teses do CAE, trabalhos do Instituto Rio Branco, transcrições de seminários por ela organizados, obras diversas realizadas pelos diplomatas num ambiente acadêmico ou profissional, bem como muitos outros trabalhos de acadêmicos voltados para o estudo de temas que pertencem ao universo intelectual das relações internacionais e da política externa do Brasil. A Funag também publicou algumas poucas obras no gênero literário, que resultaram de concursos patrocinados por ela e pelo Itamaraty, dentro e fora do Brasil. Mas esse acervo está bem menos representado aqui, em virtude das afinidades eletivas do resenhista com a produção na área de humanidades. Quem sabe algum outro diplomata, dotado de veia literária, não se apresenta para começar a resenhar poesia, contos, romances, novelas de espionagem e até de terror diplomático? Certos ambientes se prestam muito bem a distopias e divagações orwellianas...
Continuando: à pletora de papel impresso pela própria Casa, eu acrescentei edições comerciais e até livros de autor, mas que também apresentavam “afinidades eletivas” com o universo dos diplomatas e da diplomacia, em especial a brasileira. Ou seja, a amostra aqui reunida é representativa do que melhor se publicou dentro e fora do Itamaraty, nas últimas décadas, podendo, assim, servir como uma espécie de diretório da produção especializada nessa área. Os professores e estudantes de relações internacionais, bem como pesquisadores de temas da diplomacia brasileira e os próprios diplomatas, encontrarão aqui mini-resenhas de tudo o que de mais importante foi publicado nesses campos pelos diplomatas brasileiros nos últimos dez anos. Ficaram de foram, como já expliquei, as resenhas mais longas, de livros de diplomatas, bem como de livros de não diplomatas sobre os temas internacionalistas, vários deles escritos por colaboradores habituais de atividades acadêmicas do Ministério das Relações Exteriores. As 500 páginas que “sobraram” da edição anterior do Prata da Casa serão objeto de reorganização e publicação posterior, provavelmente em dois novos volumes.
Uma diferença possui este pequeno livro em relação à primeira parte daquela edição: em lugar de apenas compilar as mini-resenhas linearmente, eu as dividi em quatro partes distintas (embora possa haver sobreposição no caso de alguns títulos que cabem num universo mais abrangente), ainda que as mini-resenhas figurem sempre cronologicamente, segundo sua data de publicação. São as seguintes: 1) política externa e diplomacia brasileira; 2) história do Brasil e história diplomática brasileira; 3) relações internacionais, política e economia mundiais; e 4) literatura, sociologia e cultura. Embora eu tenha suprimido um índice final de obras e autores, acredito que esta divisão pode ajudar os leitores a encontrar mais facilmente as áreas de pesquisa ou de interesse intelectual que os motivem mais.
Este livro é, portanto, uma pequena amostra da produção intra muros que se encontra em grande medida disponível no site da Funag. Ele tem a vantagem, talvez o incômodo, de relembrar aos pesquisadores e aos jovens estudantes da área quanto coisa ainda precisa ser lida para se obter, ao menos pela súmula do que se publicou de mais relevante, uma espécie de curso ex-cátedra de diplomacia prática, como também de memória histórica, além de oferecer alguns poucos exemplos da boa literatura produzida pelos diplomatas. Nesse sentido, ele é uma obra de referência sobre a produção acumulada nas últimas décadas que deve interessar a todos nós, profissionais, pesquisadores acadêmicos ou aspirantes à carreira.
Ao longo da última década – e suponho que venha a continuar enquanto o vício persistir – eu tive um grande prazer em compulsar todos esses livros – que se encontram, quase todos, incorporados à minha biblioteca – e em preparar essas mini-resenhas para simples informação dos colegas de carreira, e de alguns outros que por acaso tenham acesso ao Boletim da ADB (como deve ser o caso das representações estrangeiras instaladas em Brasília). Espero que os eventuais leitores desta edição livre também encontrem algum prazer a percorrer estas páginas, que muitos já conheciam do boletim. Os leitores “externos” terão aqui “pílulas” que eventualmente os incitarão a recorrer às fontes originais, algumas aliás já fora do mercado.
Minha vocação de resenhista só estará completa quando eu puder satisfazer um projeto antigo, para o qual seria preciso encontrar ainda veículo apropriado. Fazer resenhas de livros “desaparecidos” – não como num romance à la Borges, ou de Umberto Eco, ou até, numa vertente mais leve, de Carlos Ruiz Zafón –, de obras de grandes autores, ou clássicos, que tenham sido publicados mais de 150 anos atrás. Se encaixaria relativamente bem num outro projeto que desenvolvo, de “clássicos revisitados”, através dos quais já pude reescrever o Manifesto de Marx, o Príncipe, de Maquiavel, um pouco de Tocqueville, outro tanto de Sun Tzu, e mais algumas ideias em torno do Animal Farm de Orwell. Nunca é tarde para ler livros antigos. Aliás, porque 150 anos para trás? Não existe um cálculo muito preciso, mas é que eu estimei que, com todos os livros que ainda me esperam, em minha biblioteca e fora dela, eu ainda vou precisar de mais ou menos 150 anos suplementares para terminar sua leitura.
Como aquele personagem mitológico bifacial, eu também olho para a frente e para trás. Tenham todos bom proveito com estes livros mais modernos, aguardando alguns mais antigos graças ao empenho e ao amor pelos livros deste resenhista incurável.

Paulo Roberto de Almeida
Um bibliomaníaco...
Hartford, 16 de outubro de 2014


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Índice Geral
  
Primeira Parte
Política Externa e Diplomacia Brasileira

Flávio Saraiva e Amado Cervo (orgs.): O crescimento das relações internacionais no Brasil
Samuel Pinheiro Guimarães: Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes
João Clemente Baena Soares: Sem medo da diplomacia: depoimento ao Cpdoc
Fernando de Mello Barreto: Os Sucessores do Barão, 2: relações exteriores, 1964-1985
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil
Paulo Nogueira Batista Jr. (org.): Paulo Nogueira Batista: Pensando o Brasil
Denis Rolland; Antonio Carlos Lessa (coords.): Relations Internationales du Brésil
Celso Amorim: Conversas com Jovens Diplomatas
L. F. Lampreia, M. Azambuja, R. Abdenur, R. Ricupero: A Política Externa Brasileira
Edgard Telles Ribeiro: Diplomacia Cultural: seu papel na diplomacia brasileira
Rubens Barbosa: O Dissenso de Washington
Paulo Roberto de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil
Renato L. R. Marques: Duas Décadas de Mercosul
Gelson Fonseca: Diplomacia e Academia
Luís C. Villafañe G. Santos: O evangelho do Barão: Rio Branco e a identidade brasileira
Antonio A. Cançado Trindade: Repertório da Prática Brasileira do Direito Internacional
Rubens Antonio Barbosa: Interesse Nacional & Visão de Futuro
Clóvis Brigagão e Fernanda Fernandes (orgs.): Diplomacia brasileira para a paz
André Amado: Por Dentro do Itamaraty: impressões de um diplomata
Celso Amorim: Breves Narrativas Diplomáticas
Fernando Guimarães Reis: Por uma academia renovada: formação do diplomata brasileiro
Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais

Segunda Parte
História do Brasil e História Diplomática Brasileira

Paulo Roberto de Almeida: Formação da Diplomacia Econômica no Brasil
CHDD: A Missão Varnhagen nas Repúblicas do Pacífico: 1863 a 1867
Milton Torres: O Maranhão e o Piauí no Espaço Colonial
Vasco Mariz (org.): Brasil-França: relações históricas no período colonial
Marcelo Raffaelli: A Monarquia e a República: relações Brasil-Estados Unidos no Império
Luís C. Villafañe G. Santos: El Imperio del Brasil y las Repúblicas del Pacífico, 1822-1889
Teresa Dias Carneiro: Otávio Augusto Dias Carneiro, um pioneiro da diplomacia econômica
Secretaria dos Estrangeiros: O Conselho de Estado e a política externa do Império, 1863-1867
Luiz Felipe de Seixas Corrêa (org.): O Brasil nas Nações Unidas, 1946-2006
Carlos Alberto Leite Barbosa: Desafio Inacabado: a política externa de Jânio Quadros
Carlos Henrique Cardim: A Raiz das Coisas: Rui Barbosa, o Brasil no Mundo
Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (orgs.): A Abertura dos Portos
Evaldo Cabral de Mello: Nassau: governador do Brasil holandês
Carlos Kessel: Tesouros do Morro do Castelo: Mistério nos subterrâneos do Rio de Janeiro
Roberto Campos: A Lanterna na Popa: Memórias
Oswaldo Munteal Filho et alii (orgs.): Estado e Sociedade no Brasil do AI-5
Eugênio Garcia (org.): Diplomacia Brasileira: Documentos Históricos, 1493-2008
João Alfredo dos Anjos: José Bonifácio, o primeiro Chanceler do Brasil
Vasco Mariz: Temas da política internacional: ensaios, palestras e recordações diplomáticas
Sérgio Corrêa da Costa: Le nazisme en Amérique du Sud: Chronique d’une guerre secrete
Paulo Roberto Palm: A Abertura do Amazonas à Navegação e o Parlamento Brasileiro
Luiz Felipe de Seixas Corrêa: O Barão do Rio Branco: Missão em Berlim – 1901/1902
Flavio Mendes de Oliveira Castro: Dois séculos de história da organização do Itamaraty
Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão: A Revolução de 1817 e a História do Brasil
Ovídio de Andrade Melo: Recordações de um Removedor de mofo no Itamaraty
Luís Gurgel do Amaral: O Meu Velho Itamarati
Fernando Cacciatore de Garcia: Fronteira Iluminada
Oscar S. Lorenzo Fernandez: Três Séculos e uma Geração
Paulo R. de Almeida, Rubens Barbosa (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil
Sidnei J. Munhoz e F. C. T. Silva (orgs.), Relações Brasil-Estados Unidos: séculos XX e XXI
Alberto da Costa e Silva (coord.): História do Brasil Nação: 1808-1830
Eugenio Vargas Garcia: O Sexto Membro Permanente: o Brasil e a criação da ONU
Maria Theresa Diniz Forster: Oliveira Lima e as Relações Exteriores do Brasil
Miguel Gustavo de Paiva Torres: O Visconde do Uruguai e sua atuação diplomática
Luiz Fernando Ligiéro: A Política Externa Independente e o Pragmatismo Responsável
San Tiago Dantas: Política Externa Independente
Fernando de Mello Barreto: A Politica Externa Após a Redemocratização
Renato L. R. Marques: Duas Décadas de Mercosul
Adolpho Justo Bezerra de Menezes: O Brasil e o mundo ásio-africano
Vasco Mariz: Depois da Glória: ensaios históricos sobre história do Brasil e de Portugal
Gustavo Henrique M. Bezerra: A Política Externa Brasileira e a Questão Cubana, 1959-1986
Luiz Felipe de Seixas Corrêa (org.): O Brasil nas Nações Unidas, 1946-2011
Francisco Doratioto: Relações Brasil - Paraguai: afastamento, reaproximação, 1889-1954
Luís Cláudio Villafañe G. Santos: Duarte da Ponte Ribeiro: pionero de amistad Brasil-Perú
Joaquim Nabuco: My Formative Years
Manoel Gomes Pereira (org.): Barão do Rio Branco: 100 anos de memória
Synesio Sampaio Goes Filho: As Fronteiras do Brasil
José Vicente Pimentel (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro, 1750-1964
Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.): Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain
Renato Mendonça: História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825)
Guilherme Frazão Conduru: O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitalização
Fernando Cacciatore de Garcia: Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza
Rafael Souza Campos de Moraes Leme: Absurdos e milagres : um estudo sobre a política externa do Lusotropicalismo (1930-1960
João Augusto Costa Vargas: Um mundo que também é nosso : o pensamento e a trajetória diplomática de Araujo Castro
Rogério de Souza Farias: A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994
Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)
Vasco Mariz: Nos bastidores da diplomacia: memórias diplomáticas
  
Terceira Parte
Relações Internacionais, Política e Economia Mundiais

José Augusto Lindgren Alves: Os direitos humanos na pós-modernidade
Paulo Antonio Pereira Pinto: Taiwan – um futuro formoso para a ilha?
Paulo Antonio Pereira Pinto: Iruan nas reinações asiáticas 
Luís Fernando Corrêa da Silva Machado: Brasil e investimentos internacionais
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro
Alfredo José Cavalcanti Jordão de Camargo: Bolívia: a criação de um novo país
Antonio Cachapuz de Medeiros (org.): Desafios do Direito Internacional Contemporâneo
Marcelo Böhlke: Integração Regional e Autonomia do seu Ordenamento Jurídico
Maria Nazareth Farani de Azevedo: A OMC e a Reforma Agrícola
Alexandre Guido Lopes Parola: A Ordem Injusta
Sérgio Eduardo Moreira Lima: A Time for Change
Omar L. de Barros e Sylvia Bojunga (eds.), Potência Brasil: Gás natural, energia limpa
Vera Cíntia Alvarez: Diversidade cultural e livre-comércio: antagonismo ou oportunidade?
Tarcísio Costa: As duas Espanhas e o Brasil
Antonio de Aguiar Patriota: O Conselho de Segurança após a Guerra do Golfo
Ciro Leal M. da Cunha: Terrorismo e Política Externa Brasileira Após o 11 de Setembro
Rômulo Figueira Neves: Cultura Política e Elementos de Análise da Política Venezuelana
Nelson A. Jobim, Sergio W. Etchegoyen, João Paulo Alsina (orgs.): Segurança Internacional
José Augusto Lindgren Alves: Viagens no Multiculturalismo
Michel Arslanian Neto: A Liberalização do Comércio de Serviços no Mercosul
Daniel Costa Fernandes: A Política Externa da Inglaterra
Fernando Pimentel: Fim da era do petróleo e a mudança do paradigma energético mundial
Sarquis José Buainain Sarquis: Comércio Internacional e Crescimento Econômico no Brasil
Ademar Seabra da Cruz: Diplomacia, sistemas nacionais de inovação: estudo comparado
José Estanislau do Amaral: A diplomacia contemporânea dos Estados Bálticos
Letícia Frazão Alexandre: O Tratamento Especial e Diferenciado: do GATT à OMC
Felipe Hees e Marília Castañon Penha Valle (orgs.): Dumping, Subsídios e Salvaguardas
André Heráclio do Rêgo: Os Sertões e os Desertos: o combate à desertificação
Maria Feliciana N. Ortigão: O Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT)
Emerson Coraiola Kloss: Transformação do Etanol em Commodity
Paulo Roberto de Almeida: Integração Regional: uma introdução
Augusto César B. de Castro: Os bancos de desenvolvimento e a integração da América do Sul
Ricardo Luís Pires: A Nova Rota da Seda: caminhos para a presença brasileira na Ásia
Luiza Lopes da Silva: A questão das drogas nas relações internacionais
Elias Luna A. Santos: Investidores soberanos, política internacional e interesses brasileiros
Douglas Wanderley de Vasconcellos: Esporte, poder e relações internacionais
José Vicente Sá Pimentel (org.): O Brasil, os BRICS e a agenda internacional
Silvio José Albuquerque e Silva: As Nações Unidas e a luta internacional contra o racismo
Elisa de Sousa Ribeiro (coord.), Direito do Mercosul
Antônio Augusto Cançado Trindade: Os tribunais internacionais contemporâneos
Ronaldo Mota Sardenberg: O Brasil e as Nações Unidas
André Aranha Corrêa do Lago: Conferências de desenvolvimento sustentável
Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak: O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil
Eugênio V. Garcia: Conselho de Segurança das Nações Unidas
Carlos Márcio B. Cozendey: Instituições de Bretton Woods
Luiz Maria Pio Corrêa: O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional
Marcelo P. S. Câmara: A política externa alemã na República de Berlim: de Gerhard Schröder a Angela Merkel
José Ricardo da Costa Aguiar Alves: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
José A. Lindgren Alves: Os novos Bálcãs
Paulo Estivallet de Mesquita: A Organização Mundial do Comércio
Sergio Florencio: Os Mexicanos
Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.): The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva
 
Quarta Parte
Literatura, Sociologia e Cultura

Felipe Fortuna: Em Seu Lugar: poemas reunidos
José Vicente Lessa: O autoengano coletivo: uma crítica do ideário nacional brasileiro
Alberto da Costa e Silva: Das mãos do oleiro: aproximações
André Heráclio do Rêgo: Famille et Pouvoir Regional au Brésil
Murilo Vieira Komniski: Buritizal
Raul de Taunay: Rosas da infância ou da estrela
Agenor Soares dos Santos: Dicionário de anglicismos e de palavras inglesas em português
Alexandre Vidal Porto: Matias na cidade
Armindo Branco Mendes Cadaxa: No Jardim de Inverno
Rubem Mendes de Oliveira: A Questão da Técnica em Spengler e Heidegger 
Jorge Sá Earp: O olmo e a palmeira
Milton Torres: No Fim das Terras e Andaimes
Fernando Reis: Falta um cão na vida de Kant
Flávio de Oliveira Castro: Caleidoscópio: cenas da vida de um diplomata
Geraldo Holanda Cavalcanti: Encontro em Ouro Preto: contos fantásticos
Everton Vargas: O Legado do Discurso: Brasilidade e Hispanidade no Pensamento Social
Fernando Cacciatore de Garcia: O Príncipe Irreal e o Poeta Errante
André Heráclio do Rêgo: Família e Coronelismo no Brasil: uma história de poder
José Roberto de Almeida Pinto: O Conceito de Poder nas Relações Sociais
Adriano Silva Pucci: O Avesso dos Sonhos
João Almino: Escrita em contraponto: ensaios literários
Jorge Sá Earp: O Legado
Alberto da Costa e Silva: Castro Alves: um poeta sempre jovem
Jorge Sá Earp: O novelo
Geraldo Holanda Cavalcanti: As desventuras da graça
Marcelo Cid: Os Unicórnios
Paulo Roberto de Almeida: O Moderno Príncipe: Maquiavel Revisitado
Carlos Augusto de Proença Rosa: História da Ciência
Fernando Cacciatore de Garcia: Memórias de um homossexual na infância
Marcelo Cid (org.): Priapeia: Poesia erótica latina
Fernando Guimarães Reis: Caçadores de Nuvens: Em busca da Diplomacia
Renato Mendonça: A Influência Africana no Português do Brasil
Geraldo Holanda Cavalcanti: A herança de Apolo: Poesia, Poeta, Poema
José Guilherme Merquior: Liberalism, Old and New
Renato L. R. Marques: Memorábilia
João Almino: Free City
Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel

Livros de Paulo Roberto de Almeida

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Vem mais coisas por aí, aguardem...
Paulo Roberto de Almeida