O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador integração europeia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador integração europeia. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de dezembro de 2020

A França Hoje (em 1993) - Paulo Roberto de Almeida

 384. “A França Hoje”, Paris, 16 dezembro 1993, 4 p. Texto sobre a situação política e estratégica da França no mundo contemporâneo e possibilidades de diálogo com o Brasil. Elaborado como “position paper” da Embaixada. Revisto sucessivas vezes para integrar maço básico sobre a França.

 

                                                A FRANÇA HOJE

 

Conselheiro Paulo Roberto de Almeida

Paris, 16/12/1993

 

A França sempre ocupou uma posição singular no quadro das relações internacionais e intraeuropeias contemporâneas: neutralizada durante a maior parte da segunda guerra e considerada no pós-guerra um “sócio menor” pelos aliados, ela teve de desenvolver uma ativa política externa, regional e internacional, para recuperar seu prestígio e posição abalados com a derrota e ocupação. A reafirmação política e o renascimento estratégico devem muito à ideologia gaullista, marcada pelo nacionalismo e pela ideia da “grandeza” da França, de que resultaram um grande esforço de modernização tecnológica e de capacitação militar, sobretudo nos terrenos nuclear, aeronáutico e espacial. Após o processo de descolonização, a manutenção de alguns postos coloniais caracterizados como “territórios de ultramar” também contribui no sentido da afirmação internacional do país.

Reassumindo no pós-segunda guerra sua condição de grande potência, ilustrada entre outros elementos pela sua participação como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, a França ainda assim conservou uma postura à parte, quando não recalcitrante, em relação à moldura política e estratégica imposta pelos Estados Unidos aos participantes do bloco ocidental. Alguns fatos ilustram esse posicionamento independente da França: a recusa da Comunidade Européia da Defesa, em 1954, a busca de um poder nuclear não submetido política ou tecnologicamente ao controle norte-americano, a retirada em 1966 do esquema militar do Tratado do Atlântico e do comando integrado da OTAN e a recusa em aderir ao TNP, ainda que cumprindo seus pressupostos básicos, até 1992.

A projeção externa da França, nas últimas décadas, deve muito à sua “force de frappe” nuclear, adquirida e mantida independentemente de qualquer esquema ocidental de defesa estratégica. Mas, essa projeção também esteve intimamente vinculada aos progressos da integração europeia, ela mesma dependente do estado das relações entre a França e a Alemanha: o estabelecimento da Comunidade do Carvão e do Aço, em 1951, e o Tratado de Amizade assinado por Adenauer e de Gaulle em 1962 marcam as etapas mais importantes do novo equilíbrio geoestratégico no continente, com profunda influência na política internacional da França. Os diversos desdobramentos da integração europeia, desde o Tratado de Roma, de 1957, passando pelo Ato Único de 1986 e pelos acordos da União Europeia de Maastricht, de 1992, até a eventual implementação da união monetária, no final desta década, refletem o entendimento prioritário alcançado entre a França e a Alemanha.

A França de meados dos anos 90 é um país moderno, capacitado tecnologicamente, dotada de uma classe política e de uma burocracia partidárias do planejamento indicativo e da ação coordenadora do Estado e dispostos a assumir os custos políticos e econômicos da projeção internacional do país. Para marcar sua posição independente, o contexto europeu lhe serve de cenário privilegiado para iniciativas de política internacional e regional, descartando em alguns casos qualquer papel especial reservado aos Estados Unidos.  

Derivam dessa política de afirmação externa a proposta feita por Mitterrand de uma grande federação europeia (que retoma o antigo projeto de De Gaulle de uma “Europa do Atlântico aos Urais”), as tentativas no âmbito da CEE de criar um sistema próprio de defesa e de segurança (que têm se chocado com a posição atlantista do Reino Unido, que adere à visão norte-americana) e, mais recentemente, a proposta de um pacto europeu de estabilidade política continental, que conduziria, num quadro exclusivamente europeu, ao que a CSCE, concebida no auge da guerra fria, já não consegue mais realizar: a garantia das fronteiras e da paz civil numa Europa central e oriental abalada pelos excessos dos nacionalismos. O projeto não foi contudo bem recebido pelos seus supostos destinatários, os ex-satélites da URSS, e seria de alcance limitado na medida em que não se aplicaria nem aos Balcãs nem aos diversos contenciosos envolvendo a Grécia e a Turquia no cenário sub-regional. 

Precisamente no que se refere ao processo de pacificação na ex-Iugoslávia, e mais particularmente na solução ao difícil problema da Bósnia-Herzegovina, a diplomacia francesa teve um papel protagonista, tanto no plano humanitário (liberação do cerco a Sarajevo e fim dos bombardeios sobre a cidade) como no quadro mais amplo do processo de paz. O empenho das lideranças políticas francesas (e pessoal do Ministro Alain Juppé) foi fundamental para o convencimento dos norte-americanos no sentido de comprometer o esquema militar da OTAN, em coordenação com o Conselho de Segurança das Nações Unidas, com um ultimatum credível lançado às partes engajadas naquele cruel conflito. Da mesma forma, a diplomacia francesa continua atuante na articulação de iniciativas que possam trazer uma solução global ao problema da pacificação nas ex-repúblicas iugoslavas. No plano multilateral, cabe destacar o papel destacado assumido pela França na negociação bem sucedida da Convenção sobre Armas Químicas, que retoma e completa os objetivos do Protocolo de Genebra, de que o país é depositário, bem como sua ativa participação nos diversos dossiês relativos à não-proliferação nuclear e controle de tecnologias duais (MTCR, reforma do esquema do COCOM, etc.).

A postura assumida pela França nas negociações comerciais multilaterais da Rodada Uruguai, nas quais ela esteve aparentemente isolada em momentos cruciais da discussão dos temas agrícola e audiovisual, evidencia igualmente a capacidade de sua diplomacia em vincular a Europa à defesa de seus interesses nacionais, transformando-os igualmente em “interesses europeus”. Contribuem para essa eficácia de suas iniciativas externas a disponibilidade, nos vários escalões do Estado francês, de funcionários e diplomatas de alta capacidade intelectual e organizacional, provenientes dos mesmos centros de formação e que logram manter a permanência dos interesses nacionais a despeito das mudanças ministeriais. A dualidade básica do Executivo francês – um sistema parlamentar saído de eleições proporcionais e um Presidente diretamente eleito pelo eleitorado, com responsabilidades constitucionais em matéria de política externa – tem assim seus efeitos minimizados na implementação de sua ação diplomática, mesmo, como ocorre atualmente, no caso de uma coexistência de um chefe de Governo e de um chefe de Estado oriundos de partidos políticos ideologicamente opostos.

Do ponto de vista geopolítico e geoeconômico, os círculos concêntricos de interesse estratégico francês se disseminam a partir do epicentro comunitário, agora tornado ainda mais importante do ponto de vista político com a entrada em vigor dos acordos de Maastricht sobre a União europeia e a conformação progressiva de uma união econômica e monetária. Em escala ampliada comparecem os problemas de segurança europeia, no qual as relações com a Rússia assumem papel estratégico, a estabilidade política e social nas fronteiras meridionais (aqui incluídas, no sentido lato, as regiões balcânica e mediterrânea magrebina, a Argélia em primeiro lugar) e a recuperação econômica da África negra, especialmente das ex-colônias. Em todas essas regiões, a preocupação com a possibilidade de uma imigração maciça está presente na mente dos dirigentes políticos e da própria opinião pública francesa. 

No plano econômico, a despeito de problemas sociais persistentes, com o desemprego na faixa de 11%, e de algumas disfunções do setor público (déficit orçamentário de cerca de 5% do PIB, falência do sistema previdenciário), a situação parece relativamente confortável, com uma inflação sob controle e modestas perspectivas de crescimento nos próximos anos. O atual Governo retomou e aprofundou o programa de privatização iniciado em 1986, com grande sucesso na oferta pública de ações de grandes companhias do setor de serviços (Banque Nationale de Paris) e da área industrial (Rhone Poulenc).

As condições do comércio internacional pós-Rodada Uruguai e a situação do sistema monetário europeu (atualmente um “shadow-SME”, segundo os especialistas) são objeto das reflexões dos políticos e burocratas franceses no período recente. Os resultados razoavelmente favoráveis obtidos, graças à pertinácia de sua diplomacia, ao cabo da Rodada Uruguai (flexibilização da reestruturação na área agrícola e exclusão do tema audiovisual), deixarão ainda assim algumas hipotecas no âmbito comunitário (reformulação provável do programa de reforma da PAC) e nas relações com os Estados Unidos. 

A balança comercial tem liberado excedentes satisfatórios no período recente, devido sobretudo às exportações de alto valor agregado, mas também à queda das importações num contexto recessivo. As empresas francesas realizaram grandes investimentos no exterior, em especial nos Estados Unidos, na África e nos demais países europeus (Reino Unido, Espanha e Itália), com uma menor presença no Japão. O Brasil é um dos países privilegiados na estratégia externa dos investidores franceses, mas nos últimos anos o movimento de capitais de risco tem sido modesto. A França tornou-se igualmente um grande recipiendário de investimentos diretos estrangeiros.

Do ponto de vista brasileiro, a França é um país com o qual mantemos um bom diálogo no contexto europeu, bem como um excelente programa de cooperação técnico-científica, com desdobramentos na área tecnológica. Como pontos de aproximação entre o Brasil e a França no terreno político podem ser citados uma mesma concepção geral sobre a necessidade de autonomia tecnológica, militar e estratégica em relação à única superpotência remanescente, uma aceitação doutrinária de um papel econômico regulador para o Estado e uma postura aberta à reforma dos fundamentos institucionais da ordem mundial sem pressupostos ideológicos muito marcados.

Parecem portanto estar abertos os caminhos para o aprofundamento do diálogo político de alto nível, com possibilidades de ampliar a cooperação em alguns setores selecionados da indústria de alta tecnologia, eventualmente inclusive na área espacial, objeto, no curso de 1992, de conversações ente o Ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil e o Ministro da Pesquisa e do Espaço da França. Do ponto de vista da cooperação econômica e científica, não existem obstáculos maiores à intensificação de programas abrangentes nos mais diversos setores. Caberia, portanto, definir mecanismos e modalidades de consulta e coordenação para o estabelecimento de uma agenda de cooperação no período futuro.

 

 

[Paris, PRA: 314e: 16.12.93]

[2a. versão: 21.12.93]

[3a. versão: 22.12.93]

[4a. versão: 11.01.94]

[5a. versão: 03.03.94]

[6a. versão: 06.03.94]

 

384. “A França Hoje”, Paris, 16 dezembro 1993, 4 pp. Texto sobre a situação política e estratégica da França no mundo contemporâneo e possibilidades de diálogo com o Brasil. Elaborado como “position paper” da Embaixada. Revisto sucessivas vezes para integrar maço básico sobre a França.

 

 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

A economia do entre-guerras e as origens da integracao europeia - Jean Monnet Chair, Univ. Lisboa

Acontecendo hoje e amanhã na Universidade de Lisboa: 

Dear colleagues,
This Monday and Tuesday, February 11-12, the Jean Monnet Chair of UFMG’s School of Economics (co-funded by the Erasmus+ program of the European Union) and the Institute of Social Sciences at the University of Lisbon, will host in Lisbon the workshop “Interwar Economics and the Intellectual Origins of European Integration”. Please check the program below.
Venue: “Polivalente Room” - Instituto de Ciências Sociais / Universidade de Lisboa (Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, no 9. Lisboa, Portugal)
Participation is open to all interested.

Best regards,
Alexandre

_________________________________________
Alexandre Mendes Cunha
Jean Monnet Chair – School of Economics
Universidade Federal de Minas Gerais


JEAN MONNET WORKSHOP 
“INTERWAR ECONOMICS AND THE INTELLECTUAL ORIGINS OF EUROPEAN INTEGRATION”
(February 11-12, 2019 / ICS-ULisboa – Polivalente Room)

February 11, 2019

09:00-09:30: Opening Remarks (Alexandre Cunha, José Luís Cardoso & Carlos Eduardo Suprinyak)
09:30-10:15: I. Giuliana Laschi: “A laboratory of different paths of integration in Europe. Proposals that prepared the process of European integration, 1919-1939”
10:15-11:00: II. António Costa Pinto: “Technocracy, Corporatism, and the Development of ‘Economic Parliaments’ in Interwar Europe”
11:00-11:30: Coffee
11:30-12:15: III. Alexandre Mendes Cunha: “Third way perspectives and ideas on international order in Interwar France”
12:15-13:00: IV. Katia Caldari: “Between neo-corporatism and planning: a French version of the European project”
13:00-14:00: Lunch
14:00-14:45: V. Erwin Dekker: “The construction of an international order in the work of Jan Tinbergen”
14:45-15:30: VI. Harald Hagemann: “The Formation of Research Institutes on Business Cycles in Europe in the Interwar Period”
15:30-16:00: Coffee
16:00-16:45: VII. Pierre-Hernan Rojas: “At the origins of the European Monetary Cooperation: Triffin, Bretton Woods and the European payments Union”

February 12, 2019
09:30-10:15: VIII. Raphaël Fèvre: “Exploring the Keynesian/Ordoliberal Divide: An Historical Perspective”
10:15-11:00: IX. Timo Miettinen: “Ordoliberalism and the Rethinking of Liberal Rationality”
11:00-11:30: Coffee
11:30-12:15: X. Antonio Masala & Alberto Mingardi: “Classical Liberalism, Non-Interventionism and the Origins of European Integration”
12:15-13:00: XI. Valerio Torreggiani: “British Pluralism, Tripartism and the Foundation of the International Labour Organization”
13:00-14:00: Lunch
14:00-14:45: XII. Carlos Eduardo Suprinyak: “Pluralism and Political Economy in Interwar Britain: G. D. H. Cole on Economic Planning”
14:45-15:30: XIII. Oksana Levkovych: “Liberalism’s Last Gasp: Walter Runciman against the Tide”
15:30-16:00: Coffee
16:00-16:45: XIV. Roberto Lampa: “Divided by an uncommon language? The Oxford Institute of Statistics and the British academia (1935-1944)”
16:45-17:15: Closing remarks (José Luís Cardoso & James Ashley Morrison) 20:30: Workshop Dinner

Jointly hosted by the Jean Monnet Chair (“Economics, Political Economy and the Building of the European Integration Project” - EPEbEIP) of UFMG’s School of Economics and the Institute of Social Sciences at the University of Lisbon (Research Group Power, Society and Globalization) UID/SOC/50013/2013

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Espanha: de imperial a decadente, e agora ameacada de desmembramento - Manuel Muniz

A Espanha já foi um dos impérios mais poderosos do mundo. Começou a decair justamente por ser um império desmesurado, por ambição de seus dirigentes -- os imperadores que dominavam metade da Europa e metade do mundo, pelo menos teoricamente -- e pelo fato desses pretenderem ter mais do que podiam administrar, gastando recursos preciosos não para administrar bem o que já tinham, mas para aumentar ainda mais a extensão de seu poderio, em lugar de cuidar adequadamente da educação dos súditos espanhois. Foi derrotado pelo império americano em ascensão, e depois não conseguiu se corrigir no século XX, caindo ainda mais no enfrentamento das duas ideologias autoritárias desse "breve século XX", o fascismo e o comunismo. Triste Espanha, no dizer de Ortega y Gasset, invertebrada, talvez, mas sobretudo vítimas das ideologias. Pode ser que a Europa seja uma solução ao maior perigo que países ou impérios enfrentam: esse nacionalismo estreito, mas existe também outro, que é a mediocridade dos dirigentes, das elites... e esse perigo também é enfrentado por países não imperiais, como o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 13 de dezembro de 2017

Europe As A Solution To Nationalism




Manuel Muñiz
Manuel Muñiz
José Ortega y Gasset, one of Spain’s pre-eminent intellectuals of the 20th century, wrote in his 1922 seminal work “Invertebrate Spain” that what underpins the existence of nations is not a common history but rather a “compelling project for tomorrow”. For Ortega it was not a shared past that brought and kept diverse peoples together but a captivating vision for the future.
For him, Spain’s territorial decomposition, first with the loss of overseas possessions, and ultimately with the emergence of pro-independence movements in the Iberian Peninsula itself – mainly in Catalonia and the Basque Country – was a product of prolonged decline and the dissolution of the Imperial project. The Empire had acted for centuries as a centripetal force bringing together widely varied political communities under one same roof and justifying that co-existence through a civilizational narrative in which Spain’s role was central. As the Empire began to collapse this narrative was slowly eroded and different political communities started to build – or in some instances re-build – narratives of their own.
When one tries to understand the current troubles in Catalonia it is important to keep Ortega’s analysis in mind. It is no coincidence that Catalan pro-independence sentiment only began in earnest with the collapse of the Empire and that it has since ebbed and flowed according to the economic and political climate in Spain and Europe. The latest swing of that pendulum has been particularly strong. Before the financial crisis began in 2007 support among Catalans for an independent Catalonia was scarcely above 10%. Today, after what could be described as the worst economic crisis in recent Spanish history, it stands at just below 50%. This period of economic contraction has also seen a great deal of corruption scandals affecting national political leaders, political parties and institutions, which has strengthened the idea that Catalans might do better if they had their own state.

Original sin

The reason that led Ortega to write about nationalism was his deep concern about its consequences. He could see, just as many of his contemporaries, that in its desire to exacerbate national identities it carried the seeds of conflict. Nationalism lives off the creation of narratives that instead of including as many as possible seek to elevate a few over others that are depicted as different, inferior or less worthy. This is the reason why it flourishes in moments of pain and misery. Through the lens of nationalism, the origin of such evils is but the other, a certain minority, an external group or a corrupt political class. This adoration of the particular, of that which makes some people different to others, is nationalism’s original sin and the source of its many pernicious consequences.
Not all nationalists would subscribe to this description of their ideology and many believe their actions will in the end produce open and cosmopolitan societies. This is particularly true in the Catalan case with many pro-independence supporters proclaiming to be at the same time nationalists, liberals and globalists. And yet one cannot on the one hand proclaim the value of openness and on the other the impossibility of living within a democratic society shared by peoples that speak different languages or manifest different cultural traits. This is as contradictory as attempting to build a global Britain while at the same time extirpating the country from the world’s largest single market and its most diverse political community.
The parallels between the British and Spanish cases are actually startling in many regards. The United Kingdom was itself a product of the Imperial project. Perhaps the most powerful force that brought together the different nations of the British Isles was the prospect of empire. Scottish nationalism, despite its many claims to deeper roots, only really took hold after the 1950s and gained pace only after de-colonisation. Also, Scottish independence became a far more attractive proposition once the UK decided to leave the European Union and deprive the Scots of the overarching political framework they desired. By voting for Brexit the British hurt their Union more than they could have anticipated. This is particularly tragic in the case of English nationalists that in a display of great short-sightedness rabidly criticise European integration and at the same time praise British integration, when they are today more than ever two sides of the same coin.

Perverse politics

How one views the issue of diversity within a society is as a matter of fact one of the most defining features of one’s ideology. Those who find meaning in closed groups with strong and excluding identities are in one camp. Those that seek to build open, diverse and cosmopolitan societies are in the other. Given the historical record of nationalism and its perverse political and geopolitical consequences, it is somewhat startling to find people in the 21st century ascribing to the latter.
Ortega, himself a convinced liberal, was certain that nationalism was a force to be contained. He believed that imperialism was also perverse and that even though it had provided a solid narrative for the existence of numerous European nations, it did so at the expense of the rights of many others. So, for him the only solution to the troubles affecting Spain and other European powers was European political integration. Only together could Europeans build a peaceful and prosperous project and to matter in the world. He suggested moving in the direction of a European Union with a common foreign and defence policy and others. The alternative would be division, mistrust and ultimately conflict. It is of course tragic that Europeans opted at first for the latter and began two wars that ended up engulfing the entire world and costing millions of lives. It was from the ashes of those wars that the European integration spirit re-emerged in the 1950s.
The ultimate solution to the Catalan problem – and to that of many of Europe’s secessionist movements – is, therefore, the construction of a compelling political project for tomorrow and in particular the completion of a federal Europe. The European goal of an ever-closer union is now more important than ever. The alternative is not just a weaker EU but quite probably the breakup of many European states, dissension and conflict.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Extrema direita na Europa contra a integracao europeia - Andrea Mammone (NYT)

Europeans United, in Hating Europe
Andrea Mammone, Opinion Article
The New York Times, January 2, 2014

LONDON — It may seem bizarre that two far-right, nationalist politicians — Marine Le Pen of France and Geert Wilders of the Netherlands — have reached across borders to form a Pan-European group dedicated to weakening the European Union. Their aim is a transnational political alliance that would compete in the May elections for the European Parliament; once in power, they would cooperate to try to rein in the power of Brussels. 
Are these politicians, who share an opposition to immigration and a skepticism about the free flow of labor and capital across the Continent, simply hypocritical opportunists, as many Europeans of the left believe?
Perhaps.  
But in fact, since the early 20th century, Europe’s far-right nationalists have often united in search of an “other” to oppose, exclude, resist, restrict or oppress — historically, minorities like Jews, homosexuals, the disabled, Roma, Marxists and, more recently, Arabs, Africans and Asians. What emerged after World War I was a philosophy that could be called Euro-fascist. The most extreme proponents, of course, were the Nazis: Notwithstanding their doctrine of racial supremacy, even they formed alliances with Mussolini’s Italy and the militarists of Japan and found keen fascist collaborators in nations they invaded. 
This vision did not die with the end of World War II. Transnational links among right-wing parties, based on common fears of minorities and immigrants, endured. The right-wingers, while speaking different languages, borrowed ideals, strategies, slogans and theorists from one another. The National Front in France, founded in 1972 by Ms. Le Pen’s father, Jean-Marie Le Pen, imitated the symbol and political tactics of the original neo-Fascist party, the Italian Social Movement, which was formed in 1946 by admirers of Mussolini and, in 1979, coordinated with like-minded French and Spanish parties to compete (with little success) in the first popular elections for the European Parliament.  
So when observers marvel about the “new” nationalist parties of Europe, they are capturing only part of the truth. These right-wingers mistrust or even detest the Continent’s core institutions — the European Commission, the European Central Bank and the European Parliament — but they are perfectly happy to join up with extremists in other countries to weaken those institutions.  
Which raises a question: What makes the European Union so appealing as a target? 
The answer may (and should) shock complacent left-leaning and center-right Europeans alike. “Europe,” as an idea and a community, has weakened. The European Union’s byzantine governance makes it seem unaccountable. Its leaders — notably José Manuel Barroso of Portugal, the president of the European Commission, the union’s executive body; Herman van Rompuy of Belgium, the president of the European Council, which comprises the 28 heads of government; and Catherine Ashton, the union’s top diplomat — are little known outside of elite circles.  
Soaring youth unemployment, stringent fiscal policies, German-led monetary clout and the presence of Muslim immigrants have created a perfect target for the likes of Mr. Wilders and Ms. Le Pen, who blame outside forces like the International Monetary Fund, the European Central Bank and the European Union for their nations’ woes. Conveniently, they overlook structural problems like the costs of social welfare and pension programs, declining birthrates, aging populations, stagnant labor productivity and intensifying competition from the economies of Asia and Latin America.  
Surveys show that the anti-European Union forces may win more than 90 of the 751 seats to be contested in the May elections for the European Parliament. That might be enough to form an official parliamentary group — and to make them eligible, like the transnational alliances of socialists and center-right Christian democrats, for European Union financing and full political recognition. Even as a tiny, noisy voice within the European Parliament, this alliance could create a lot of trouble. Just think of the successes that Tea Party Republicans have had in impeding decision making in the United States.  
The perception that bureaucrats in Brussels, bankers in Frankfurt and European lawmakers in Strasbourg, France, are haughty and indifferent has made it possible for demagogues to pose as populists who are alone in understanding “the people.”  
For example, in November, Lorenzo Fontana, an Italian member of the European Parliament from the right-wing Northern League, boasted — ahead of a gathering with leaders of the National Front and similarly oriented Swedish, Austrian and Flemish parties — that they spoke in the name of a “shared ideal of Europe, a Europe of people.” The League’s newspaper, La Padania, on Nov. 14, put it this way: “It will be up to the voters, but this time the troops, willing but disorganized, have the opportunity to unite in a single ‘army’ behind an able leader.”  
How would these right-wingers reshape Europe? They say they would give power back to nations by dismantling the technocratic decision-making power amassed in Brussels and returning powers back to individual member states. They would pause, if not quite reverse, six decades of growing integration.  
Tragically, in the face of this assault, calls for European solidarity are few. This is a sign of how far Europe has come from the dream that helped lift it from the ashes of war. It is a sign of the fading of the vision — common markets, democratic institutions and societal integration — promoted by the postwar founders of European integration: thinkers and statesmen like Konrad Adenauer, Winston Churchill, Jean Monnet, Robert Schuman and Altiero Spinelli.  
The European Union must reclaim its reputation as a champion of the people. Its leaders should abandon their embrace of technocratic solutions, their support for the banking sector and their stoic austerity. Unless they deliver more jobs, and more of a sense that citizens are in charge, the far right will only keep growing.  

  Andrea Mammone  is a lecturer in modern European history at Royal Holloway, the University of London.  

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Integracao europeia: rede internacional de pesquisa historica


INFORMATION
Réseau international de chercheurs en histoire de l'intégration européenne

Chers collègues,
Le réseau RICHIE (Réseau international de chercheurs en histoire de l'intégration européenne), créé en 2005, rassemble plus de 500
chercheurs en Europe et ailleurs. L'histoire de l'intégration européenne est entendue au sens large, associant également les pays d'Europe
orientale et les perspectives des pays candidats, associés ou simplement extérieurs, comme les États-Unis. Elle couvre l'histoire politique,
économique ou l'histoire des relations internationales entre autres.

Le réseau RICHIE n'a aucun parti-pris téléologique ou politique, et ne s'engage pas pour ou contre la construction européenne. Il est animé par
une équipe internationale de jeunes chercheurs, doctorants, post-doctorants ou enseignants-chercheurs, et cherche à favoriser les contacts entre chercheurs travaillant sur les mêmes thématiques. RICHIE est indépendant de toute institution, entreprise, mouvement ou université. Pour  en savoir plus :

Un nouveau site Web a été lancé au début de l'année 2012, radicalement transformé, incluant :
- une interface bilingue français/anglais
- un agenda scientifique interrogeable
- une base de données bibliographiques
- des formulaires en ligne pour proposer un événement scientifique,
  ajouter ses propres publicatios, créer une fiche personnelle, etc.
- un annuaire de chercheurs indexé par mots-clés communs à tout le site
- une gestion en ligne de l'abonnement à la liste de diffusion
- des flux RSS pour l'agenda et la base bibliographiques
- la synchronisation ICal de l'agenda
- l'importation/exportation BibTeX (Zotero) des données bibliographiques