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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Nota pública de médicos mineiros ao CRM-MG e ao CFM sobre o negacionismo brasileiro, inclusive de médicos

 Os médicos andavam muito silenciosos, tanto que muitos de nós os consideramos bolsonaristas de carteirinha. É até possível que a maior parte dos médicos tenha, sim, votado por monstro que ocupa a presidência, talvez ou provavelmente em razão do mais médicos e também da mega-super-hiper-giga corrupção petista. Na medida em que "seu" eleito revelou-se a besta que sempre foi, e que os mortos foram se acumulando, alguns dos conselhos regionais de Medicina começaram a se manifestar, mas isso depende, obviamente, de quem ocupa a presidência de turno desses conselhos, pois ainda tem muito bolsonarista idiota espalhado por aí, mesmo entre médicos, supostamente pessoas bem informadas e esclarecidas (o que não é exatamente o caso).

Esta Nota Pública AO Conselho Regional de Medicina, não DO CRM-MG, os médicos abaixo assinados fizeram um dos manifestos MAIS FORTES CONTRA o degenerado dirigente, só faltando chamá-lo do título que ele merece: GENOCIDA.

Paulo Roberto de Almeida


NOTA PÚBLICA

À sociedade, aos médicos, ao CRMMG e CFM

Uma tragédia se abate sobre o Brasil.

Uma tragédia humanitária sem precedentes na nossa história.

Já superamos 200.000 mortos. Milhões de infectados.

UTI’s e leitos hospitalares no limite de suas capacidades, chegando ao absurdo do que está ocorrendo em Manaus, com a falta de oxigênio.

A este quadro dramático, soma-se o aumento da miséria e do desemprego. O aumento de famílias vivendo nas ruas é visível a todos.

A fome é um espectro que ronda milhões de brasileiros.

E qual a resposta deste governo a esta calamidade?

Frente a essa situação dantesca, o governo acaba com o auxílio emergencial, o que levará ao desespero àqueles que o têm como única fonte de renda para a sobrevivência.

E, no enfrentamento da pandemia da COVID-19, oferece tratamentos sem eficácia clínica comprovada.

Nós, médicos mineiros, que já estivemos à frente de entidades médicas ou que estamos na linha de frente do atendimento à saúde da população ou no ensino médico, resolvemos dar nosso grito de alerta.

Não podemos nos calar frente a omissão das nossas principais entidades, Conselhos, Associações e Sindicatos Médicos.

A Medicina é uma profissão a serviço da vida e da sociedade.

Tem uma história de 2.500 anos, como Ciência e Arte.

Como Ciência, a Medicina deve se ater às medicações comprovadamente eficazes.

Ciência é a defesa de vacinação a todos, para controlar a circulação do vírus.

Afirmar, como faz o CFM, o caráter não obrigatório da vacina, não é ciência. Reforça a política negacionista deste desgoverno.

E como Arte, os Médicos devem cumprir seu papel em saber informar aos pacientes que, infelizmente, ainda não há medicamentos com comprovação científica para o tratamento da Covid-19.

A aceitação de nossas lideranças do uso de medicamentos que, comprovadamente, não trazem benefícios, nem preventivo e nem curativo, é uma afronta a estes princípios.

Chega!


Temos de dizer em alto e bom tom: a prescrição de ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida, azitromicina, doxiciclina, e outros não traz NENHUM benefício aos pacientes.

Ao contrário, leva a uma falsa sensação de segurança à população, com o consequente relaxamento nas medidas preventivas, estas sim, eficazes.

A aceitação deste papel de meros prescritores de placebos nos nivela a charlatães.

E nos tornam cúmplices de um governo de incompetentes, genocida.

Basta!

Toda literatura médica atual demonstra de maneira cabal a ineficácia destas drogas, além dos seus riscos.

Médicos, não aceitem este papel a nós reservado por este desgoverno! Entidades médicas, se posicionem claramente ao lado da Ciência e da Vida!

Os Médicos, por meio do CFM e dos CRM, devem ser orientados a não prescreverem medicamentos que não têm comprovação científica.

Tal orientação e inibição dessas prescrições se sobrepõem a autonomia do profissional médico. A autonomia médica não é um aval para a antimedicina.

A prescrição destes medicamentos não é uso off-label: é anti-ciência; é charlatanismo.

Esse cenário nos coloca como partícipes de uma política cruel, que finge que trata, enquanto

deixa as pessoas morrerem.

Conclamamos que as Entidades Médicas busquem atuar junto às outras entidades de saúde, em defesa de uma política que verdadeiramente enfrente esta barbárie:

- isolamento social; auxílio aos vulneráveis;

- investimentos maciços no Sistema Único de Saúde, para recuperação imediata de sua capacidade de atendimento;

- e investimentos maciços na capacidade brasileira de produção de vacinas.

Esta é a resposta a se esperar de quem tem compromissos com a Medicina e com a Vida.

Belo Horizonte, Minas Gerais, 15 de janeiro de 2021

Afrânio Donato de Freitas - Ex-vice-presidente da AMM, Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão

Alamanda Kfoury Pereira- Professora Departamento de GOB da FM/UFMG e vice-diretora da FM/UFMG, CRMMG-19222

Alzira de Oliveira Jorge - CRM MG 21539, Ex-Diretora da ANMR, Professora UFMG e Diretora Geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves


Ana Maria Medes - CRM MG 20692

Arnoldo de Souza – Ex-Presidente do Sinmed GV e da AMGV

Carlos Roberto de Souza – CRM 22183, Anestesiologista Itabira

Celeste de Souza Rodrigues – CRM 17197

Celso Paoliello Pimenta - CRMMG 8153

Cláudia Ribeiro de Andrade - CRM 29.351, Professora de Pediatria da UFMG

Cristiano da Mata Machado - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos

Cristina Alvim - Professora Pediatria UFMG

Darlan Corrêa Dias – Ex-Presidente do Sindicato dos Médicos de Governador Valadares e da Sociedade Mineira de Pediatria do Vale do Rio Doce

Deborah Carvalho Malta – Ex-Vice Presidente da AMINER, Professora da Escola de Enfermagem da UFMG

Dirceu Bartolomeu Greco – Ex-Conselheiro CRMMG

Eglea Maria da Cunha Melo – Pediatra, CRM 10026

Elson Violante - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Enid Terezinha Freire de Moraes - CRMMG 8404

Evilázio Teubner Ferreira - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM Everaldo Crispim - Ex-Diretor da AMMG e Sindicato dos Médicos

Fausto Pereira dos Santos – Ex-Vice presidente ANMR, Pesquisador da Fiocruz Fernando Antônio Botoni - CRM 20989

Geraldo Luiz Moreira Guedes - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM

Gilberto Antônio Reis - Professor do Departamento de Medicina da PUC Minas

Gilson Salomão - CRMMG 14944, Presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fiora

Giovana da Costa César - CRM MG 38958

Helvécio Miranda Magalhães Júnior – Ex-Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte e Ex- Secretário de Atenção à Saúde do MS

Ismael Teixeira Antuna – CRM 18661, Médico FHEMIG

Jader Bernardo Campomizzi - Ex-Secretário CRMMG

João Batista Duarte Vieira - Ex-Presidente Sociedade de Medicina e Cirurgia de juiz de Fora João Paulo Baccara - CRMMG 17.563

José Luiz dos Santos Nogueira – CRM 20760, Médico PBH

José Luiz Moreira Guedes - CRMMG 16196


José Roberto Batista – Médico Intensivista, Ipatinga, CRM 23071

Jubel Barreto - CRM MG 7553

Kleber Neves da Rocha - ex-diretor do Sindicato dos Médicos de MG e da AMMG, CRM 8347

Lucas Benício dos Santos – CRM 81949

Luiz Oswaldo Rodrigues - LOR, CRMMG 6725, Presidente da Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Neurofibromatoses

Luzia Toyoko Hanashiro e Silva - CRM MG 8591

Márcia Lourenço Lima - CRM 9048, Médica efetiva do SUS-BH

Márcia Rejane Soares Campos - CRMMG 21416, Ex-Diretora da ASMNR e AMINER

Márcia Rovena de Oliveira - CRMMG 8590

Mariangela Cherchiglia – CRM 16754, Professora Faculdade de Medicina UFMG

Maria Angélica de Salles Dias - Médica Sanitarista – Ex-Diretora da AMIMER

Maria Angélica Silva Vaccarini - CRMMG 14.826

Maria Aparecida Martins – Pediatra, CRM 9638

Maria Cristina Veiga Aranha Nascimento Pediatra - Professora Universitária/ UFOP

Maria das Graças Rodrigues de Oliveira - Médica do Hospital das Clínicas da UFMG, CRM 7721

Maria do Carmo – CRM 16499, Ex Associação Médicos Residentes ES, Médica as SMSA/BH

Maria do Rosário Nogueira Rivelli – CRMMG 14545

Maria Teresa Paletta Crespo - Pediatra, CRMMG 10184

Martha Maria Neves Cotta - Ginecologia/Obstetrícia, CRMMG 13.954

Miriam Nadim Abou-Yd – CRM 14659

Mônica Aparecida Costa – CRM 18254, Ex-AMER HC, Médica da SMSA/BH

Paulo Augusto Camargos - Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ex-Vice-Presidente do APUBH

Paulo César Machado Pereira - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Raimundo Marques do Nascimento Neto – Prof. UFOP coordenador da Residência de Clínica Médica

Renato Viana Bahia - Ex-Presidente AMIMER

Roberto de Assis Ferreira - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos Roberto Marini Ladeira - Ex-Secretário CRMMG

Rodolfo de Braga Almeida – Professor Adjunto FM UFMG, CRM 9505 Rosângela Carrusca Alvim - Pediatra e Professora Universitária


Roseli da Costa Oliveira - CRM 14.640

Rubens Campos – Ex-Diretor do Sindicato dos Médicos

Sandino Mendes de Almeida – Ex-Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Teófilo Otoni

Sandra de Oliveira Sapori Avelar - Cardiologia - CRM MG 15 737 Sandra Lagos Motta - CRMMG 17028

Silvana Spindola de Miranda - Professora DCLM- UFMG, CRM 32020 Sonia Maria Rodrigues de Almeida CRM. 11215

Stella Araújo – Médica PBH, CRM 18554 Tatiane Miranda - Pediatra FHEMIG

Unaí Tupinambás – CRMMG 19208, Professor da UFMG, membro dos Comitês enfrentamento ao Covid de BH e UFMG

Valéria Guerra Mendes – CRM 13336

Vera Maria Velloso Prates – CRMMG 23246, Psiquiatra da rede SUS de Belo Horizonte

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Documento sobre a pandemia do Covid-19 por médicos e profissionais da saúde da Bélgica

 A carta a seguir, até o momento, foi assinada por 394 médicos belgas, 1.340 profissionais de saúde com treinamento médico e milhares de cidadãos. Como o texto é muito longo e conta com mais de 50 links, tentei abreviá-lo tanto quanto possível, mas a leitura integral é fortemente recomendada. 

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"Nós, médicos e profissionais de saúde belgas, desejamos expressar nossa séria preocupação com a evolução da situação nos últimos meses, em torno do surto do vírus SARS-CoV-2. Apelamos aos políticos para que sejam informados de forma independente e crítica no processo de tomada de decisão e na implementação obrigatória de medidas em relação ao coronavírus. Pedimos um debate aberto, onde todos os especialistas sejam representados, sem qualquer forma de censura. Após o pânico inicial em torno da covid-19, os fatos objetivos agora mostram um quadro completamente diferente - não há mais justificativa médica para qualquer política de emergência.

A atual gestão de crises tornou-se totalmente desproporcional e causa mais danos do que benefícios.

Apelamos ao fim de todas as medidas e pedimos uma restauração imediata da nossa governança democrática normal, estruturas jurídicas e de todas as nossas liberdades civis.

'A cura não deve ser pior que o problema' é uma tese mais relevante do que nunca na situação atual. Notamos, no entanto, que os danos colaterais que agora estão sendo causados à população terão um impacto maior a curto e longo prazo em todas as camadas da população do que o número de pessoas agora sendo protegidas da coroa.

Em nossa opinião, as atuais medidas e as penas severas pelo seu não cumprimento são contrárias aos valores formulados pelo Conselho Superior de Saúde da Bélgica, que, até recentemente, como autoridade sanitária, sempre garantiu uma medicina de qualidade no nosso país: “Ciência - Competência - Qualidade - Imparcialidade - Independência - Transparência”.

Acreditamos que a política introduziu medidas obrigatórias sem embasamento científico suficiente, direcionamento unilateral e que não há espaço na mídia para um debate aberto em que diferentes visões e opiniões sejam ouvidas. Além disso, cada município e província passou a ter autorização para acrescentar medidas próprias, fundadas ou não. (...)

O conceito de saúde

Em 1948, a OMS definiu saúde da seguinte forma: 'Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou outra deficiência física'.

Saúde, portanto, é um conceito amplo que vai além do físico e também se relaciona com o bem-estar emocional e social do indivíduo. A Bélgica também tem o dever, do ponto de vista dos direitos humanos fundamentais, de incluir esses direitos humanos na sua tomada de decisão quando se trata de medidas tomadas no contexto da saúde pública. (...)

A pandemia prevista com milhões de mortes

No início da pandemia, as medidas eram compreensíveis e amplamente apoiadas, mesmo que houvesse diferenças na implementação nos países ao nosso redor. A OMS previu originalmente uma pandemia que causaria 3,4% das vítimas, ou seja, milhões de mortes, e um vírus altamente contagioso para o qual nenhum tratamento ou vacina estava disponível. Isso colocaria uma pressão sem precedentes nas unidades de terapia intensiva (UTI) de nossos hospitais.

Isso levou a uma situação de alarme global nunca vista na história da humanidade: “achatar a curva” foi representado por um bloqueio que desligou toda a sociedade e economia e colocou pessoas saudáveis em quarentena. O distanciamento social tornou-se o novo normal na expectativa de uma vacina.

Os fatos sobre covid-19

Gradualmente, a campainha de alarme soou de várias fontes: os fatos objetivos mostraram uma realidade completamente diferente.

O curso do covid-19 seguiu o curso de uma onda normal de infecção semelhante a uma temporada de gripe. Como todos os anos, vemos uma mistura de vírus da gripe seguindo a curva: primeiro os rinovírus, depois os vírus da gripe A e B, seguidos pelos coronavírus. Não há nada diferente do que normalmente vemos. (...)

Confinamento

Se compararmos as ondas de infecção em países com políticas rígidas de bloqueio com países que não impuseram bloqueios (Suécia, Islândia ...), vemos curvas semelhantes. Portanto, não há ligação entre o bloqueio imposto e o curso da infecção. O bloqueio não levou a uma taxa de mortalidade mais baixa.

Se olharmos para a data de aplicação dos bloqueios impostos, vemos que os bloqueios foram definidos após o pico já ter passado e o número de casos diminuindo. A queda não foi conseqüência das medidas tomadas.

Como todos os anos, parece que as condições climáticas (clima, temperatura e umidade) e o aumento da imunidade têm maior probabilidade de reduzir a onda de infecção.

Nosso sistema imunológico

Por milhares de anos, o corpo humano foi exposto diariamente à umidade e gotículas contendo microorganismos infecciosos (vírus, bactérias e fungos).

A penetração desses microrganismos é impedida por um avançado mecanismo de defesa - o sistema imunológico. Um forte sistema imunológico depende da exposição diária normal a essas influências microbianas. Medidas excessivamente higiênicas têm um efeito prejudicial em nossa imunidade. Somente pessoas com sistema imunológico fraco ou defeituoso devem ser protegidas por meio de higiene extensiva ou distanciamento social. (...)

A maioria das pessoas, portanto, já tem uma imunidade congênita ou cruzada porque já estiveram em contato com variantes do mesmo vírus. (...)

A maioria das pessoas com teste positivo (PCR) não tem queixas. Seu sistema imunológico é forte o suficiente. O fortalecimento da imunidade natural é uma abordagem muito mais lógica. A prevenção é um pilar importante e insuficientemente destacado: nutrição saudável e completa, exercícios ao ar livre, sem máscara, redução do estresse e nutrição dos contatos emocionais e sociais.

Um vírus altamente contagioso com milhões de mortes sem nenhum tratamento?

A mortalidade acabou sendo muitas vezes menor que a esperada e próxima à de uma gripe sazonal normal (0,2%).

O número de mortes por corona registradas, portanto, ainda parece estar superestimado.

Há uma diferença entre morte por corona e morte com corona. Os seres humanos são frequentemente portadores de vários vírus e bactérias potencialmente patogênicas ao mesmo tempo. Levando em consideração o fato de que a maioria das pessoas que desenvolveram sintomas graves sofria de patologia adicional, não se pode simplesmente concluir que a infecção por corona foi a causa da morte. Isso geralmente não foi levado em consideração nas estatísticas.

Os grupos mais vulneráveis podem ser claramente identificados. A grande maioria dos pacientes falecidos tinha 80 anos ou mais. A maioria (70%) dos falecidos, com menos de 70 anos, apresentava algum distúrbio subjacente, como sofrimento cardiovascular, diabetes mellitus, doença pulmonar crônica ou obesidade. A grande maioria das pessoas infectadas (> 98%) não adoeceu ou dificilmente ficou doente ou se recuperou espontaneamente.

Enquanto isso, existe uma terapia acessível, segura e eficiente disponível para aqueles que apresentam sintomas graves da doença na forma de HCQ (hidroxicloroquina), zinco e AZT (azitromicina). Aplicada rapidamente, essa terapia leva à recuperação e freqüentemente evita a hospitalização. Quase ninguém precisa morrer agora. (...)

Máscaras

As máscaras orais pertencem a contextos onde ocorrem contatos com grupos de risco comprovado ou pessoas com problemas respiratórios superiores, e em um contexto médico / ambiente de lar de aposentados em hospitais. Eles reduzem o risco de infecção por gotículas por espirro ou tosse. As máscaras orais em indivíduos saudáveis são ineficazes contra a propagação de infecções virais.

O uso de máscara apresenta efeitos colaterais. A deficiência de oxigênio (dor de cabeça, náuseas, fadiga, perda de concentração) ocorre com bastante rapidez, um efeito semelhante ao mal-estar da altitude. Todos os dias vemos pacientes reclamando de dores de cabeça, problemas nos seios da face, problemas respiratórios e hiperventilação devido ao uso de máscaras. Além disso, o CO2 acumulado leva a uma acidificação tóxica do organismo que afeta nossa imunidade. Alguns especialistas chegam a alertar para um aumento da transmissão do vírus em caso de uso inadequado da máscara.

O uso impróprio de máscaras sem um arquivo abrangente de teste cardiopulmonar médico não é recomendado por especialistas de segurança reconhecidos para trabalhadores.

Os hospitais possuem ambiente estéril em suas salas cirúrgicas onde os funcionários usam máscaras e há regulação precisa de umidade / temperatura com fluxo de oxigênio devidamente monitorado para compensar isso, atendendo assim a rígidos padrões de segurança.

Uma segunda onda corona?

Uma segunda onda está agora em discussão na Bélgica, com um novo endurecimento das medidas como resultado. No entanto, um exame mais atento dos números da 'Sciensano' (último relatório de 3 de setembro de 2020) mostra que, embora tenha havido um aumento no número de infecções desde meados de julho, não houve aumento de internações ou óbitos naquela época. Portanto, não é uma segunda onda de corona, mas uma chamada “química de caso” devido a um número maior de testes.

O número de internações hospitalares ou óbitos apresentou um aumento mínimo de curta duração nas últimas semanas, mas ao interpretá-lo, devemos levar em consideração a onda de calor recente. Além disso, a grande maioria das vítimas ainda está na faixa populacional> 75 anos.  Isso indica que a proporção das medidas tomadas em relação à população ativa e aos jovens é desproporcional aos objetivos pretendidos.

A grande maioria das pessoas “infectadas” testadas positivamente está na faixa etária da população ativa, que não desenvolve nenhum ou apenas sintomas limitados, devido a um sistema imunológico em bom funcionamento.

Portanto, nada mudou - o pico acabou.

Vacina

Pesquisas sobre vacinação contra influenza mostram que, em 10 anos, tivemos sucesso apenas três vezes no desenvolvimento de uma vacina com uma taxa de eficiência de mais de 50%. Vacinar nossos idosos parece ser ineficaz. Acima de 75 anos de idade, a eficácia é quase inexistente.

Devido à contínua mutação natural dos vírus, como também vemos todos os anos no caso do vírus da gripe, uma vacina é no máximo uma solução temporária, o que requer novas vacinas a cada vez. Uma vacina não testada, que é implementada por procedimento de emergência e para a qual os fabricantes já obtiveram imunidade legal contra possíveis danos, levanta sérias questões. Não desejamos usar nossos pacientes como cobaias.

Em escala global, são esperados 700 mil casos de danos ou morte em decorrência da vacina.

Se 95% das pessoas experimentarem Covid-19 virtualmente sem sintomas, o risco de exposição a uma vacina não testada é irresponsável.

O papel da mídia e o plano oficial de comunicação

Nos últimos meses, os jornais, rádio e TV pareceram apoiar quase sem crítica o painel de especialistas e o governo, onde é precisamente a imprensa que deve ser crítica e impedir a comunicação governamental unilateral. Isso levou a uma comunicação pública em nossa mídia de notícias que era mais uma propaganda do que uma reportagem objetiva.

Em nossa opinião, é tarefa do jornalismo trazer as notícias da forma mais objetiva e neutra possível, visando a descoberta da verdade e o controle crítico do poder, sendo também concedido aos especialistas dissidentes um fórum para se expressarem.

Essa visão é apoiada pelos códigos de ética jornalística.

A história oficial de que um bloqueio era necessário, de que essa era a única solução possível e de que todos estavam por trás desse bloqueio tornava difícil para pessoas com uma visão diferente, bem como especialistas, expressar uma opinião diferente.

Opiniões alternativas foram ignoradas ou ridicularizadas. Não vimos debates abertos na mídia, onde diferentes pontos de vista pudessem ser expressos.

Também ficamos surpresos com os muitos vídeos e artigos de diversos especialistas científicos e autoridades, que foram e ainda estão sendo retirados das redes sociais. Sentimos que isso não se coaduna com um estado constitucional livre e democrático, tanto mais que leva a uma visão de túnel. Essa política também tem um efeito paralisante e alimenta o medo e a preocupação na sociedade. Neste contexto, rejeitamos a intenção de censura aos dissidentes na União Europeia!

A maneira como a Covid-19 foi retratada por políticos e pela mídia também não ajudou em nada a situação. Os termos de guerra eram populares e não faltava linguagem bélica. Freqüentemente, há menção de uma 'guerra' com um 'inimigo invisível' que deve ser 'derrotado'. O uso na mídia de frases como 'heróis do cuidado na linha de frente' e 'vítimas corona' alimentou ainda mais o medo, assim como a ideia de que estamos lidando globalmente com um 'vírus assassino'.

O incessante bombardeio de cifras, que se desatou sobre a população dia após dia, hora após hora, sem interpretar esses cifras, sem compará-los com as mortes por gripe em outros anos, sem compará-las com mortes por outras causas, induziu uma verdadeira psicose de medo na população. Isso não é informação, é manipulação.

Deploramos o papel da OMS nisso, que pediu que o 'infodêmico' (isto é, todas as opiniões divergentes do discurso oficial, inclusive de especialistas com diferentes pontos de vista) fosse silenciado por uma censura da mídia sem precedentes.

Apelamos urgentemente à mídia para assumir suas responsabilidades aqui!

Exigimos um debate aberto em que todos os especialistas sejam ouvidos.(...)

Danos imensos causados pelas políticas atuais

Uma discussão aberta sobre as medidas corona significa que, além dos anos de vida ganhos pelos pacientes corona, devemos levar em consideração outros fatores que afetam a saúde de toda a população. Isso inclui danos no domínio psicossocial (aumento da depressão, ansiedade, suicídios, violência intra-familiar e abuso infantil) 16 e danos econômicos.

Se levarmos em conta esse dano colateral, a política atual está fora de proporção, o proverbial uso de uma marreta para quebrar uma noz.

Achamos chocante que o governo esteja invocando a saúde como uma razão para a lei de emergência.

Enquanto médicos e profissionais de saúde, perante um vírus que, em termos de nocividade, mortalidade e transmissibilidade, se aproxima da gripe sazonal, só podemos rejeitar estas medidas extremamente desproporcionais.

Distribuição desta carta

Gostaríamos de fazer um apelo público às nossas associações profissionais e colegas cuidadores para que deem a sua opinião sobre as medidas em vigor.

Chamamos a atenção e pedimos uma discussão aberta em que os cuidadores possam e ousem falar.

Com esta carta aberta ... convidamos os políticos a se informarem de forma independente e crítica sobre as evidências disponíveis - incluindo as de especialistas com diferentes pontos de vista, desde que com base em ciência sólida - ao implantar uma política com o objetivo de promover a saúde ideal. Link da carta integral:

 https://docs4opendebate.be/en/open-letter/?fbclid=IwAR0nbJk5Mf39ibdw_2Kf38PEfAc98ojKwcv1yPZpz4Lrk7225xJTLExpVLo

sábado, 30 de novembro de 2013

Constatacoes de um medico - Milton Simon Pires

AINDA ESTAMOS AQUI, SEUS DESGRAÇADOS

Milton Pires

As 3 frases que um médico brasileiro precisa conhecer para tornar-se chefe de seus colegas no serviço público são: “isso sempre foi assim”, “eu não estava sabendo disso”, e “desde que fique bom pra vocês; por mim tudo bem”. Foi esse tipo de gente que tornou possível o advento de uma aberração como o Programa Mais Médicos. Filiados ao PIP – Partido do Interesse Próprio – mais de uma vez meus chefes garantiram que não tinham qualquer ligação formal com o PT. Acredito piamente no que me disseram! Não tenho qualquer dúvida da sua “independência” e até mesmo aversão ao partido dos petralhas, mas mesmo assim afirmo que são o tipo de gente preferida por esses bandidos para manter a administração pública sob seu controle.
A característica fundamental dos chefes, coordenadores, diretores, gerentes, ou seja lá qual for o nome que tenham essas criaturas que coordenam os serviços públicos brasileiros no governo petista, não é o fanatismo, não é a convicção no socialismo nem a militância política, mas sim a mais completa indiferença, omissão e negligência com o que acontece no seu ambiente de trabalho. Um chefe, para servir ao PT, deve ser alguém completamente “apolítico”...sua integração com os interesses do partido deve dar-se de maneira silenciosa; não ativamente. É calando-se com relação a tudo aquilo que sabe estar errado que esse tipo de mau-caráter sobe na vida chegando aos altos cargos de direção. Sua consciência política é zero! Ele não tem – nem poderia ter – qualquer tipo de opinião a ser defendida perante os seus superiores. Trata-se normalmente de alguém tecnicamente medíocre e moralmente amorfo..de um burocrata que usa frases como “isso chegou até mim”...e “isso veio de cima, infelizmente não posso fazer nada”..
Desde 2003, toda máquina pública brasileira tornou-se refém desse tipo de gente. Nos hospitais brasileiros, mesmo que ocupem os cargos técnicos, essas criaturas curvam-se docilmente às ordens finais da legião de alcoólatras, militantes dos movimentos de minorias e sindicalistas que tem a palavra final em praticamente tudo que vai ser decidido.
Há muitos anos esse processo de aparelhamento vem acontecendo. A tomada de decisões nesse tipo de organograma é feita a partir do conceito de “centralismo democrático”..em outras palavras: uma ordem é dada por alguém que, muitas vezes, sequer é conhecido pelos subordinados e transmitida numa cadeia de hierarquia de forma que só se sabe que “veio de cima”...é a mediocridade, a covardia dos intermediários nesse “telefone sem fio” que garante o cumprimento rigoroso da estratégia do Partido-Religião. O efeito da administração dessa ralé na saúde pública do Brasil está cada vez mais evidente: falta tudo! Desde soro fisiológico até fio de sutura o que se observa dentro dos hospitais é uma carência total no que se refere às mínimas condições de trabalho. Os setores de compras dos hospitais públicos, por exemplo, são administrados (aí sim) por gente de confiança do partido que não saberia a diferença entre um litro de soro fisiológico e um de coca cola. Esse estado caótico de coisas é acompanhado, além do mal-estar, pela sensação terrível de que nada há a ser feito...pela ideia de que “não é culpa de ninguém” e pelo contínuo pavor de ver-se envolvido em sindicância e inquéritos administrativos sem fim...
É fundamental apontar entre os médicos brasileiros a existência de uma classe de canalhas, de um grupo de médicos capazes de fazer qualquer coisa (na prática deixar de fazer) a fim de receber uma “gratificação por cargo de chefia” no contracheque...1500 a 2500 reais por mês são suficientes para que essa ralé esqueça tudo que aprendeu..para que traia tudo que jurou e para que abandone seus colegas de profissão a mercê das patrulhas de “profissionais da saúde” dentro dos hospitais. Verdadeira legião de recalcados, esse último grupo serve para fazer o trabalho sujo do PT....para conduzir abaixo-assinados..para elaborar memorandos e fazer queixas capazes de colocar as notas das avaliações funcionais (dos famosos estágios probatórios) dos seus inimigos políticos em níveis vergonhosos...
Tudo isso que escrevi aqui eu enfrentei, e enfrento até hoje, pessoalmente. Meu caso está longe de ser o único. A guerra que os médicos brasileiros estão enfrentando dentro da administração públicaestá muito longe de ter um fim. Os efeitos todos nós sabemos quais são: tristeza, sensação de impotência, abandono e a já conhecida sensação de que “ser médico não vale à pena”...
Um recado meu e de todos os verdadeiros médicos brasileiros a essa escória que administra a saúde no Brasil: Ainda não desistimos...Ainda estamos aqui, seus desgraçados...

dedicado ao “Dignidade Médica”...rsss..

Porto Alegre, 30 de novembro de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Governo restabelece trabalho servil no Brasil: a nova escravidão

Vejamos os paralelos históricos: a Rússia czarista aboliu o regime servil em 1861; no ano seguinte, os Estados Unidos emendaram a Constituição, emancipando os escravos (negros, mas preservaram e até aumentaram o racismo e o Apartheid, notavelmente expandidos ainda no século 20); o Brasil aboliu a escravidão em 1888, embora não tivesse feito aquilo que recomendava Joaquim Nabuco: reforma agrária e educação para todos.
O governo do PT pretende restabelecer o regime servil, para médicos (mas vai sobrar para outras categorias, também), em 2013.O governo ainda estimula o racismo oficial e o novo Apartheid, como é sabido.
É o que se chama de parábola histórica.
Desta vez em direção ao século 19.
Para um partido totalitário que vive no século 19, está perfeitamente coerente...
Paulo Roberto de Almeida

CNE vai elaborar novas diretrizes curriculares para cursos de medicina

Reportagem do Portal Uol publica declarações de Gilberto Garcia, presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação
Jornal eletrônico Ciência Hoje, 11/07/2013

O presidente da Câmara de Educação Superior do CNE (Conselho Nacional de Educação), Gilberto Gonçalves Garcia, afirmou, nesta quarta-feira (10), que o órgão irá elaborar novas diretrizes curriculares para os cursos de medicina do país, como parte da regulamentação da MP (Medida Provisória) que instituiu o programa Mais Médicos e alterou a duração do curso de medicina de seis para oito anos.

"O texto [da MP] leva a crer que a diretriz será só sobre o segundo ciclo, o que não é verdade. O que muda não é o segundo ciclo, muda a formação toda. Vai ser preciso reescrever qual o perfil profissional que você deseja, que tipo de habilidades que o formando vai ter que apresentar diante do novo quadro que prevê a formação integrada com o serviço público", explicou.

A medida provisória estabelece que o segundo ciclo corresponde ao treinamento em serviço, exclusivamente na atenção básica à saúde no âmbito do SUS, com duração mínima de dois anos. O primeiro ciclo são os seis anos que o estudante já cursa atualmente.

Segundo Garcia, a diretriz curricular em vigência, que é de 2001, servirá como base para a elaboração da nova, mas pode sofrer muitas alterações durante o processo. "Vai mudar a estrutura como um todo, talvez os termos não mudem completamente, mas tudo isso já é uma nova visão da formação, focada na intensa relação do médico com a saúde do país", disse.

Garcia afirmou que o texto da MP foi recebido pelo CNE cerca de dez dias antes da publicação, que aconteceu na última segunda-feira (8). Assim que recebeu o documento, foi criada uma subcomissão interna para apreciar e avaliar os impactos do trabalho.

Com a publicação da MP será formada uma comissão interna da Câmara de Educação Superior, que será responsável pela redação das novas diretrizes. Esse grupo será assessorado por uma comissão de especialistas, formada por médicos acadêmicos dos setores público e privado, que atuam com a formação dos profissionais.

"Com a minuta na mão, vamos expor para a sociedade, por meio de consultas públicas. Também vamos manter o diálogo com as academias e representações estudantis. Depois desse diálogo a minuta é votada na Câmara do CNE e segue para homologação ministerial", contou Garcia. O CNE tem 180 dias, contados a partir da última segunda-feira, para apresentar a regulamentação finalizada.

Discussão antiga
"Já era uma discussão bem antiga, talvez a aceleração de alguns processos aconteceu em razão de fatos sociais recentes. A discussão de novos cursos para áreas carentes já estamos fazendo há mais de um ano. Os editais devem estar minutados há meio ano", disse o presidente da Câmara de Educação Superior do CNE sobre o Programa Mais Médicos.

Ele discorda das críticas de que as entidades foram pegas totalmente de surpresa com as mudanças, mas entende o estranhamento, por acreditar que a discussão ainda não estava finalizada. "Eram discussões isoladas de cada tema. O CNE conversava sobre novas vagas e formação. O que não se esperava era uma MP que entendesse que os assuntos estavam concluídos em seus diálogos. Quando surge surpreende todo mundo", analisa.

(Suellen Smosinski, Uol)

Mais sobre o assunto:

O Estado de S.Paulo
Médico espanhol diz que não é solução

Universidades indicarão tutores para o 'Mais Médicos'
(O Estado de S. Paulo)

O Globo
MEC pode estender período no SUS a mais faculdades da área de saúde

Diretor da UFF compara mudanças no curso de Medicina ao AI-5

Portal Terra
MEC define regras para a supervisão de médicos estrangeiros

Censo vai traçar diagnóstico das condições de trabalho dos médicos


domingo, 30 de junho de 2013

Medicos de qualidade, hospitais abaixo da qualidade - Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso

Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso
O Globo, 30/06/2013

Há alguns meses eu fiz um plantão em que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, "do trauma", médica "chatinha", preceptora "bruxa", que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.

Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós.

Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós.

Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse "não é para mim, é para o meu pai, uma maca". Como eu faria. Como você. Como nós.

Pensei "meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu... Nãoooo..... Porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo daqui".

E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.

Já levei meu pai para fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse "por que não me falou, levava no privado, Juliana!" Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá.

Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.

Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um professor ele me pergunta: "e você confia?".

"Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim."

Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.

Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS melhor.

Briguei pelo filho do paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso.

Não tenho palavras para descrever o que penso da "Presidenta" Dilma. (Uma figura que se proclama "a presidenta" já não merece minha atenção).

Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.

A ouvi dizendo que escutou "o povo democrático brasileiro". Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. "Qualidade"... Ela disse.

E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil....

Para melhorar a qualidade....?

Sra "presidenta", eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.

Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.

O dia em que a Sra "presidenta" abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.

Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.

Somos quase 400mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não.

Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.

Hoje, eu chorei de novo.


Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso é cirurgiã geral no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Rio de Janeiro.