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terça-feira, 14 de junho de 2016

Grandes Desafios POLITICOS ao Brasil - minhas propostas - Paulo Roberto de Almeida

Acabo, finalmente de assistir ao primeiro evento que o ILCO, Instituto Liberal do Centro Oeste, organizou, com a minha modesta contribuição, em torno dos grandes desafios ao Brasil nos planos político e econômico.
No dia 12 de maio foi sobre política, com a participação minha e do professor Paulo Kramer, na mesa dirigida pelo Rafael Pavão, tal como registrado neste vídeo agora disponibilizado no cana YouTube do Uniceub: 

https://www.youtube.com/watch?v=3A3PJxsHLIU&feature=youtu.be

Seminário: Grandes Desafios ao Brasil: Política

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Publicado em 14 de jun de 2016
O UniCEUB sediou, nos dias 12 e 13 de maio, o seminário Grandes desafios ao Brasil: Política e Economia.
Nesse vídeo, que se refere ao dia 12, foi palestrado os principais problemas do Brasil no âmbito político, e sobre os ajustes e reformas necessárias para a construção de um futuro melhor para o país.

Abaixo, reproduzo o que eu havia anotado, antes, os argumentos a serem desenvolvidos oralmente na segunda parte da exposição, quando elaborei sobre minhas propostas reformistas (sem qualquer ilusão de que venham a ser implementadas).
Mais interessante ainda foram as perguntas e o debate posterior, mas para isso vocês precisam assistir ao video até o final.

Paulo Roberto de Almeida 
notas para a parte de Política: 


Caros amigos, professores, alunos, visitantes, curiosos, coxinhas e mortadelas,
Não nos enganemos: o Brasil não vai escapar de sua crise atual, a pior de toda a sua história, facilmente ou rapidamente. A derrocada econômica, sem precedentes em nosso itinerário de nação independente, é propriamente devastadora, em quase todas as dimensões dos principais indicadores macroeconômicos e variáveis microeconômicas, com a possível exceção, pelo menos até aqui, de um possível estrangulamento cambial, que foi o que tivemos em quase todas as crises econômicas e financeiras precedentes.
Mas o desmantelamento das instituições não é menos importante, pois o que caracterizou justamente a crise política atual foi a submissão do Legislativo à vontade do Executivo, e a chantagem do primeiro exercido contra o segundo, cada vez que se tratava de juntar os cacos da heteróclita coalizão partidária para a votação de alguma proposta executiva. O nosso famoso “presidencialismo de coalizão” transformou-se, nos últimos treze anos e meio, em presidencialismo de mensalão, e agora de petrolão, e sabe-se lá o que mais vai vir, dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Ambos processos, o descalabro econômico e o desmantelamento institucional, se agregam à mais degradante deterioração moral a que já assistimos em nossa história, uma derrocada espetacular que será difícil superar, inclusive porque a expulsão de ineptos e corruptos do poder não transforma, da noite para o dia, as mentalidades sedimentadas durante décadas na ideologia canhestra dos igualitários e dos supostos redentores da injustiça social do capitalismo. Ainda que essa tripla crise – econômica, política, moral – seja superada, pelo menos parcialmente, nada nos garante que os fundamentos ideológicos do estado mental que nos trouxe até a presente condição de anomia política, de fragmentação partidária e de desestruturação econômica possa ser substituída por concepções políticas e filosóficas mais consentâneas com um país menos dominado pelo Estado, dotado de maiores liberdades econômicas, e por um setor produtivo mais guiado pelas dinâmicas dos mercados livres do que regulado pelas diretivas de burocratas mal inspirados.

Deixando de lado, portanto, toda a deterioração moral, toda a corrupção política, todo o desmantelamento institucional que nos trouxe a esta situação de ruptura política, que é a interrupção de um mandato presidencial, e a ascensão de um novo titular ao maior cargo executivo de nossa estrutura constitucional, vamos nos concentrar no conjunto de tarefas que nos parecem relevantes para começar a lenta caminhada em direção de um país normal, neste caso, a consolidação de uma arquitetura democrática menos submetida ao arbítrio de velhos caciques ou de novos coronéis da política, e mais identificado ao que no mundo anglo-saxão se chama de rule of Law, ou, em nossa terminologia, o Estado de Direito.
Não é segredo para ninguém que o nosso sistema político se apresenta como uma democracia de baixa qualidade, aliás de baixíssima qualidade, com vícios que vão do velho patrimonialismo tradicional, ainda presente, ao novo coronelismo eletrônico, passando pelo clientelismo, pelo fisiologismo, pelo nepotismo e diversos outros ismos disseminados no interior de um dicionário de más políticas. Não se enganem tampouco com o parlamentarismo que pretendem implementar daqui até 2018: ainda que eu seja, instintivamente pelo menos, parlamentarista, não tenho nenhuma dúvida sobre o que ele significará numa primeira etapa de seu itinerário enquanto regime político e enquanto sistema de governo: a exacerbação de todos aqueles vícios, os péssimos ismos da vida política brasileira. Tardaremos algum tempo, talvez uma geração inteira ainda, para conseguir ter um sistema político compatível com nossas necessidades econômicas.

Eu me permitiria apontar os seguintes elementos de mudança política que estimo importantes para tornar o sistema democrático mais responsável, mais comprometido com a transparência, mais accountable, como se diz em inglês, que pode ser traduzido por algo próximo da responsabilização institucional. Descarto de imediato chamar essas medidas de reforma política, um conceito abstrato que apresenta diferentes significados para diferentes atores, sobretudo porque nenhuma proposta de reforma política abrangente, completa, unívoca, sistêmica, ou homogênea, será jamais suscetível de ser apreciada, votada e aprovada por um corpo político tão diverso quanto o nosso, em qualquer plano, socialmente, regionalmente, politicamente, filosoficamente. Melhor, assim, propor medidas tópicas que possam ir se somando para melhorar paulatinamente o sistema político-partidário e os regimes eleitorais. Eis as minhas treze medidas:  

1) Redução radical do peso do Estado na vida da nação, começando pela diminuição à metade do número de ministérios, com a redução ou eliminação concomitante de uma série de outras agências públicas;
2) Fim do Fundo Partidário e financiamento exclusivamente privado dos partidos políticos, como entidades de direito privado que são; fim da proibição, que certamente virá, do financiamento de empresas a campanhas eleitorais; e fim de qualquer tipo de financiamento público de campanhas; a população não pode pagar duplamente por um sistema político fundado sobre os impostos.
3) Extinção imediata de 50% de todos os cargos em comissão, em todos os níveis e em todas as esferas da administração pública, e designação imediata de uma comissão parlamentar, com participação dos órgãos de controle e de planejamento, para a extinção do maior volume possível dos restantes cargos, reduzindo-se ao mínimo necessário o provimento de cargos de livre nomeação; extinção do nepotismo cruzado;
4) Eliminação total de qualquer publicidade governamental que não motivada a fins imediatos de utilidade pública; extinção de órgãos públicos de comunicação com verba própria: a comunicação de temas de interesse público se fará pela própria estrutura da agência no âmbito das atividades-fim, sem qualquer possibilidade de existência de canais de comunicação oficiais;
5) Criação de uma comissão de âmbito nacional para estudar a extinção da estabilidade no setor público, com a preservação de alguns poucos setores em que tal condição funcional seja indispensável ao exercício de determinadas atribuições de interesse público relevante;
6) Reforma radical dos sistemas públicos de educação, nos três níveis, segundo critérios meritocráticos e de resultados; criação de uma carreira de professores de primeiro e de segundo grau, e de ensino técnico-profissional sem os vícios do isonomismo e da estabilidade, com requisitos de formação permanente;
7) Autonomia completa das universidades públicas, inclusive do ponto de vista orçamentário, com alguma alocação de recursos públicos para pesquisa e extensão, mas funcionamento de cursos com pagamento de mensalidades e bolsas de estudos, ou empréstimos educacionais; fim de isenções fiscais nas instituições privadas;
8) Início imediato de um processo de reforma profunda dos sistemas previdenciários (geral e do setor público), para a eliminação de privilégios e adequação do pagamento de benefícios a critérios atuariais de sustentabilidade intergeracional do sistema único; trata-se de condição indispensável para a solvabilidade futura de um sistema que terá quebrado três vezes antes que vocês possam se aposentar;
9) Reforma da Consolidação da Legislação do Trabalho, num sentido contratualista, e extinção imediata do Imposto Sindical e da unicidade sindical, conferindo liberdade às entidades associativas, sem quaisquer privilégios estatais para centrais sindicais; também se pode pensar na extinção, pura e simples, da Justiça do Trabalho, que é, ao contrário do que se pensa, criadora de conflitos trabalhistas, estimuladora de litígios, ou de maior litigiosidade no mercado de trabalho, impondo um enorme custo a todo o sistema produtivo e à própria máquina do Estado; a maior parte dos países recorre a sistemas arbitrais ou a varas especializadas do sistema judiciário, não a um caro, perdulário, inútil aparato trabalhista que penaliza a todos sem ganhos reais;
10) Reforma do Sistema Único de Saúde, de forma a eliminar gradualmente a ficção da gratuidade universal, com um sistema básico de atendimento coletivo e diferentes mecanismos de seguros de saúde baseados em critérios de mercado;
11) Revisão dos sistemas de segurança pública, incluindo o prisional-penitenciário, por meio de uma Comissão Nacional de especialistas do setor;
12) Privatização de todas as entidades públicas não vinculadas diretamente a uma prestação de serviço público sob responsabilidade exclusiva do setor público;
13) Revisão geral dos contratos e associações do setor público, nos três níveis da federação, com organizações não governamentais, que em princípio devem poder se sustentar com recursos próprios, não com repasses orçamentários oficiais.
 
Brasília, 11 de maio de 2016

Grandes Desafios ao Brasil: video da sessao sobre politica - Paulo Kramer e Paulo Roberto de Almeida

Presidida pelo membro do Instituto Liberal do Centro Oeste, Rafael de Pavão, organizamos, no dia 12 de maio, o mesmo dia da votação da admissibilidade do processo de impeachment da Afastada (que nome!) na Câmara dos Deputados, o primeiro de dois eventos realizados no Uniceub, sob o signo comum de:

"Desafios ao Brasil: Política e Economia"

sendo que este primeiro foi dedicado à Política, com a participação do cientista político, professor da UnB, assessor legislativo no Senado Federal e consultor político, Paulo Kramer, e minha própria, em substituição ao palestrante original, professor Carlos Pio, retido em São Paulo por razões familiares.
Foi uma excelente noite de exposições e debates, com o Auditório 1 do Uniceub completamente cheio, todas as cadeiras ocupadas, e espectadores infelizmente impedidos de assistir de maneira confortável.
Agora, com a disponibilidade do vídeo pelo Núcleo de Marketing Digital do Uniceub -- e aproveito para agradecer ao professor Roberto Lemos pela prestimosa ajuda -- podemos contemplar todos os que não puderam estar em Brasília ou, estando em Brasília, não conseguiram aceder ao auditório, ao disponibilizar este vídeo, que pode ser acessado neste link:

https://youtu.be/3A3PJxsHLIU

Aproveito para transcrever novamente a parte inicial de meu pronunciamento, lido de maneira imperfeita na minha exposição inicial, elaborado previamente ao evento, uma vez que ele expressa o estado de espírito sob o qual eu e Rafael Pavão concebemos e dirigimos estes dois eventos que deveriam marcar a passagem do Brasil a uma nova etapa de seu itinerário político e seu processo de desenvolvimento (ainda não é exatamente o caso) econômico.
Paulo Roberto de Almeida 


Desafios ao Brasil na política e na economia numa fase de transição

Paulo Roberto de Almeida
 [Notas compilando elementos de informação, para orientar debates na realização dos dois eventos no Uniceub, previstos para os dias 12 e 13 de maio] 
1ro. dia: Política
Por iniciativa do Instituto Liberal do Centro-Oeste, que encontra-se justamente comemorando dois anos de sua recriação em Brasília, a partir de um pequeno grupo anterior de adeptos incondicionais das liberdades econômicas e da mais ampla democracia política, e por sugestão do internacionalista Rafael de Pavão, aqui presente, com a minha colaboração acessória, estamos organizando duas noites de debates prospectivos sobre a situação atual do Brasil e sobre as tarefas à nossa frente.
Digo prospectivos porque a intenção é menos a de repisar os atrozes equívocos de política e de economia dos últimos treze anos e meio sob o signo do Nunca Antes, ou seja, a era dos companheiros, e bem mais examinar e discutir o conjunto de reformas postas à nossa frente, se de fato queremos que o Brasil se converta num país normal.
Digo “à nossa frente” porque não considero que as tarefas que precisam ser empreendidas para conquistar essa normalidade não incumbem tão somente, ou menos ainda exclusivamente, aos dirigentes executivos e aos representantes eleitos, mas também, e talvez essencialmente, à cidadania ativa, todos nós, coxinhas ou não, que saímos às ruas, nos últimos dois anos, para exigir não apenas o fim da corrupção, mas também o fim da impunidade.
Digo coxinhas, mas também poderia dizer mortadelas – se por acaso existem aqui, deve existir, partidários e apoiadores dos mortadelas, o que é totalmente legítimo do ponto de vista da democracia – embora eu não acredite que mesmo mortadelas possam apoiar a corrupção e a impunidade, ainda que eles possam apoiar, o que também é legítimo, o projeto político do partido e dos personagens que estiveram e estão envolvidos no mais gigantesco caso de corrupção jamais visto em nosso país, talvez no hemisfério, quem sabe no planeta.
O que justamente parece distinguir o Brasil de outros países deste nosso planetinha redondo (como disse alguém), que também exibem corrupção nos meios políticos e nos negócios empresariais, é precisamente o grau inaceitável de impunidade que sempre campeou entre nós, pelo menos até aqui, antes que a República de Curitiba começasse a colocar um fim a essa sensação de desesperança ao ver tantos Malufs da vida pública escapar sorridentes entre as malhas da lei. E se me refiro ao Maluf, um político na lista da Interpol, é porque ele se tinha convertido numa espécie de modelo, um benchmark, como se diz na linguagem das comparações de mercado, um exemplo do famoso “rouba mas faz”, embora não tenha feito grande coisa e tenha sido amplamente superado desde então: já se disse que, na escala atual, ele não passa de um reles trombadinha de periferia, ultrapassado que foi por poderes mais altos que no horizonte despontaram. E como...
Disse também que queremos que o Brasil se converta em um país “normal”, pois não considero que seja normal viver no país da meia entrada, do foro privilegiado, do “dez vezes sem juros”, o que não existe em nenhum outro país do mundo, não, pelo menos, nos países normais. Foi com esses objetivos que concebemos e montamos estes dois seminários, que pretendem oferecer algumas indicações sobre essas tarefas e sobre as dificuldades imensas à frente.

Vamos agora iniciar nossos debates; convido o professor Paulo Kramer, meu xará, querido amigo, grande especialista em temas políticos e profundo conhecedor da política brasileira, a fazer sua exposição, com tempo de 20 minutos e tolerância de mais 5 minutos, inapelavelmente, pois o microfone desligará automaticamente.
(...)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 maio 2016, 5 p.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Politica brasileira: registro dos tempos correntes (miseraveis) - Imprensa nacional

Aplaudido de pé, Temer apresenta programa do PMDB a empresários
Catia Seabra
 Folha de S.Paulo, terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SÃO PAULO - O vice-presidente Michel Temer foi aplaudido de pé, nesta segunda-feira (7), ao apresentar o programa de governo do PMDB a empresários em evento da FecomércioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

De acordo com relatos de pessoas presentes ao evento, o vice justificou a existência de um programa exclusivo da sigla que preside, intitulado "Uma Ponte para o Futuro", alegando que a expressão "partido" já deixa claro que o PMDB é parte, mas não é todo o governo.

O peemedebista, que falou por cerca de meia hora, fez críticas à política econômica do governo federal e defendeu uma reforma da Previdência e a implantação de medidas de combate ao desemprego e à inflação no país. Reconheceu que o país vive uma severa crise política e econômica, mas pregou a manutenção dos programas sociais.

Ao discursar para cerca de 150 empresários, disse que o debate sobre mudanças no sistema previdenciário, se travado durante as eleições, tira votos, mas que a discussão é necessária. Segundo Temer, a situação é tão grave que já há cidades no interior de São Paulo onde os funcionários públicos não recebem seus salários

Ele também criticou o excesso de partidos no Brasil. Chamado em duas ocasiões de presidente pelo advogado Ives Gandra, não falou de impeachment.

Sua palestra foi antecedida por uma apresentação do ex-ministro Moreira Franco, um dos maiores entusiastas da ruptura da aliança entre PT e PMDB, que elegeu a presidente Dilma Rousseff.

Crítica
Em sua fala, Temer fez uma crítica sutil à política econômica do governo Dilma. Segundo três participantes do evento, o peemedebista disse que o Brasil poderia estar melhor se a petista não tivesse mudado a condução da economia que vinha sendo seguida desde Itamar Franco (1993-1994).

O vice disse também que o país está parado e precisa retomar o crescimento.

Ex-ministro do Superior Tribunal Militar, Flávio Bierrenbach disse ter entendido a palestra como um sinal de que Temer "está à disposição do país". "Ele falou que o Brasil precisa superar as divergências, não pode ter um tom maniqueísta, a divisão entre o bem e o mal", afirmou.

Agenda cancelada
Temer cancelou agenda na noite desta segunda (7), em São Paulo, para retornar a Brasília e se reunir com integrantes da cúpula do PMDB, principal partido da base aliada do governo Dilma Rousseff.

Após a palestra na Fecomércio, o peemedebista iria a um encontro com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A reunião teria participação do governador, Geraldo Alckmin (PSDB).

A mudança de planos ocorre em meio a rusgas entre o núcleo duro do governo e o entorno do vice. Desde a deflagração do processo de impeachment, petistas cobram posição mais incisiva de Temer em defesa da presidente.

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A empresários, Temer se apresenta como ‘ponte’ para País voltar a crescer

• O documento intitulado 'Uma Ponte para o Futuro' é tido como um plano de governo do partido alternativo ao governo Dilma; Temer, no entanto, não citou a palavra 'impeachment' em seu discurso, disseram presentes

Ana Fernandes e Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta segunda-feira, 7, que as propostas contidas no documento do PMDB "Ponte para o Futuro" (propostas do partido para a área econômica) são uma "ponte que começa a se delinear agora". "É uma ponte para já. Temos que pensar nisso imediatamente", afirmou, em evento em São Paulo que contou com a presença de cerca de 150 empresários.

As declarações do vice-presidente foram feitas em um dia de muita tensão no cenário político e após a presidente Dilma Rousseff ter afirmado esperar "integral confiança" de Temer.

Para aliados do peemedebista, o recado dado aos empresários também tinha como endereço o Palácio do Planalto. Temer avalia que as declarações de Dilma e de outros petistas buscavam constrangê-lo em meio ao trâmite do impeachment deflagrado na quarta-feira passada na Câmara. Com as falas de hoje, Temer deixa claro que manterá sua independência política em relação a Dilma, afirmaram interlocutores dele.

Outro ponto importante das afirmações do vice-presidente foi o aceno ao setor produtivo. Conforme mostrou o Estado, conquistar a confiança do empresariado brasileiro, por meio do programa "Ponte para o Futuro", é a estratégia prioritária da oposição à petista neste momento.

Enquanto o vice-presidente falava aos empresários paulistas, o PMDB não se entendia em Brasília na indicação dos nomes para a Comissão Especial que irá analisar a abertura do processo de impeachment de Dilma. O partido deixou clara sua divisão interna.

'Plano Temer'. O vice também falou sobre a necessidade de uma "outra democracia, que é a democracia da eficiência", e afirmou que "ou nós compreendemos essa transição, ou nós vamos nos dar muito mal. E, para fazer essa transição, entro exatamente no tema do programa do PMDB", disse ele, ao introduzir as propostas do partido para recuperar a economia.

Temer foi o convidado especial do encontro anual organizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio). Segundo os presentes, o vice falou por cerca de meia hora sobre o plano, chamado diversas vezes por Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães (do PMDB), de "Plano Temer".

No discurso a representantes de 150 entidades ligadas ao setor do comércio, o vice se esquivou de falar sobre o impeachment de Dilma. Apenas sorriu, segundo testemunhas ouvidas pelo Estado, quando foi chamado quatro vezes de "presidente" pelo jurista Ives Gandra Martins, presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomércio-SP, uma das principais vozes no meio jurídico a favor do impeachment.

"Eu repito que nós verificamos a necessidade de alguém dizer alguma coisa para o País, dizer por exemplo que a crise é grave porque evidentemente houve crise econômica, crise política, mal-estar político, mal-estar econômico e as pessoas iam disfarçando", disse.

O vice também se referiu à sua própria declaração, feita meses atrás, de que o Brasil precisava de alguém para unificar o País. A fala foi considerada por aliados de Dilma como uma sinalização de que o vice estava se colocando como opção a ela.

"Vocês se recordam que há tempos atrás reuni a imprensa para dizer que é preciso que alguém seja capaz de reunificar o pensamento nacional, no sentido de que todos devem colaborar sem exceção. E é preciso pacificar o País porque é interessante como os embates nacionais levaram a uma divisão extraordinária da sociedade brasileira", disse. "Precisamos reunificar o País", completou.

Ao detalhar o plano, o vice-presidente falou sobre retomada de crescimento econômico, com ajuste nas contas públicas, reformas, em especial a reforma previdenciária, e sobre pacto federativo, com foco em iniciativas para descentralizar o poder. Temer falou ainda sobre relações trabalhistas, defendendo uma maior liberdade nas negociações diretas entre empregados e patrões, um discurso que agrada ao setor empresarial mas causa arrepios entre os principais sindicatos de trabalhadores.

 "Ele falou o que a gente queria ouvir, que o País volte a crescer e que estão faltando ideias", afirmou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Taubaté, Dan Guinsburg. Após o evento, Temer seguiu para Brasília.

O vice também defendeu o que o PMDB vem chamando de "orçamento base zero" como forma de evitar "essa história de pedalada", em uma crítica às manobras fiscais do governo Dilma chamadas de pedaladas fiscais. "Você acaba com essa história de pedalada, essas coisas que são praticadas. Você terá plena obediência ao final do ano orçamentário", disse.

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terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Lava Jato municia ação conta Dilma

• Informações irão reforçar duas das quatro ações que tramitam na corte eleitoral sobre a campanha da petista que podem gerar a cassação do mandato da presidente e do vice, Michel Temer

Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Informações obtidas no âmbito da Operação Lava Jato foram encaminhadas nesta segunda-feira, 7, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e juntadas à ação de investigação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A corte eleitoral recebeu documentos da 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, onde o juiz Sergio Moro conduz os processos sobre o esquema de corrupção na Petrobrás.

As informações irão reforçar duas das quatro ações que tramitam no TSE sobre a campanha da petista, que podem gerar a cassação do mandato da presidente e do vice, Michel Temer. A xorte investiga se houve abuso de poder político e econômico durante a disputa, com financiamento da campanha presidencial com dinheiro obtido através do esquema de corrupção na Petrobrás.

Em delação premiada, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, relatou que teve três encontros com o atual ministro da Comunicação Social, então tesoureiro de campanha de Dilma, Edinho Silva. O contato teria sido feito a pedido do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, para contribuir financeiramente para a campanha de 2014.

O delator afirmou ao Ministério Público Federal ter doado de forma oficial para a campanha Dilma Rousseff entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões. Edinho Silva, segundo o dono da UTC, teria sugerido que, se a presidente Dilma ganhasse as eleições, os contratos com a empresa continuariam vigentes. "O senhor tem obras no governo e na Petrobrás, então o senhor tem que contribuir. O senhor quer continuar tendo?", teria dito Edinho, segundo relato de Pessoa.

Em depoimento à Polícia Federal em outubro, o ministro Edinho Silva confirmou que teve encontros com o presidente da UTC, mas negou ter feito pressão para que o empreiteiro doasse recursos para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.

Na semana passada, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo da delação premiada de Pessoa e Moro então repassou informações ao TSE, conforme solicitado pela Corte.

A defesa da campanha petista do ano passado e os advogados do PSDB, autor dos questionamentos, têm prazo para se manifestar, assim como o Ministério Público Eleitoral. Só depois a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do TSE, deve analisar o caso, que precisa ser julgado pelo plenário da corte eleitoral.

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Opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

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“Seja qual for o caminho de superação do impasse, com ou sem a presidente, precisamos promover a coesão nacional, incluindo todos os dispostos a fazer as mudanças necessárias. Primeiro, no sistema partidário-eleitoral. Segundo, nas contas públicas, inclusive da Previdência. Terceiro, na burocracia, para fazer valer a impessoalidade e o profissionalismo, eliminando o sectarismo ideológico e a incompetência. E por aí segue, com uma condicionante geral: nada a preço de silenciar a Justiça e entorpecer a Lava Jato e outras investigações em curso.”
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Fernando Henrique Cardoso, foi presidente da República, ‘SOS Brasil’, O Estado de S. Paulo, 6 de dezembro de 2015.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Michel Temer vem aí - Carlos Brickmann


Michel Temer vem aí. Coluna Carlos Brickmann
QUARTA-FEIRA, 23 de setembro de 2015

Frase terrível
O deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos, do PMDB pernambucano, respeitado em todas as áreas por sua integridade, é duro ao analisar a situação: acha que Dilma cai, talvez em outubro, por impeachment ou renúncia. Completa: "Temos de nos livrar dessa praga antes do fim do ano. Ela está terminal". Sobre Lula: "É uma quadrilha organizada e o Lula é quem comanda. Vocês têm dúvida de que Lula vai ser preso na Operação Lava Jato? Vai ser uma cena bonita".

A derrota de quem ganha
É difícil que Dilma se salve. Políticos experientes, cuja capacidade de antever o desenho do futuro já foi comprovada, disseram a este colunista que o Governo Dilma acabou; e que ela não comerá o peru de Natal no Palácio da Alvorada. Mas seus maiores adversários, os comandantes do PMDB, também podem ser atingidos pelo furacão da Lava Jato. A Operação Nessun Dorma prendeu o lobista João Augusto Henriques. O lobista Fernando Baiano faz delação premiada. Ambos, afirma-se, sabem muito sobre o PMDB - o que inclui a cúpula do partido. 

Aguarde! Prepare-se. Chumbo Gordo vem aí.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Impeachment "salvador", ou putrefacao do PT ate 2018? - Ricardo Bergamini

Opinião expressa pelo economista Ricardo Bergamini, especialista em contas públicas, sobre os cenários que se abrem ao Brasil a partir do debate atual:
impeachment que pode, hipoteticamente, "salvar" o PT para disputar como vítima em 2018
ou
deterioração progressiva da situação econômica, a ponto de inviabilizar o PT em 2018.
Cabe refletir sobre seus argumentos, mas existem elementos imprevisíveis na equação política, e a realidade sempre pode mudar em função de personagens erráticos.
Paulo Roberto de Almeida

Governo do PT: impeachment ou agonia?
Ricardo Bergamini

Nos 12 anos do governo do PT (2003/2014) as decisões foram muito mais ideológicas do que técnicas, tanto nas politicas internas quanto nas externas, enquanto as condições externas estavam favoráveis ao Brasil, com a supervalorização das commodities, todos imaginavam que o Brasil havia batido à porta do primeiro mundo, mas já ao analisar os números do balanço do ano de 2011 eu alertava para o início de uma crise de balanço de pagamentos, conforme texto abaixo:

Mesmo com um saldo de reservas de US$ 352,0 bilhões em 31/12/11 o Brasil está no limite de uma crise cambial, em função do segundo déficit nas transações correntes de US$ 47,5 bilhões (2,22% do PIB) no ano de 2010 e de US$ 52,6 bilhões (2,13% do PIB) no ano de 2011. Cabe lembrar que 85% das nossas exportações são de commodities (alimentos e metais), os quais tiveram uma valorização internacional em dólares americanos de 152,80% entre os anos de 2002 até 2011.

Nota: No primeiro mandato da presidente Dilma (2011/2014) o déficit nas transações correntes foi da ordem de US$ 279,0 bilhões (2,86% do PIB).

Ao analisar os 12 anos do governo do PT podemos afirmar que, nem o Lula foi responsável pelo falso milagre brasileiro pregado no seu período de governo (não promoveu nenhuma reforma no seu governo), nem a Dilma é responsável pela tragédia atual, visto ser um conjunto vazio (nem é política e nem é técnica), ou seja: o Brasil viveu esses 12 anos sem nenhuma proposta de governo, mas somente uma luta pela manutenção do poder.

Mesmo para um primário em economia sabe que a correção do estágio atual de putrefação das contas nacionais do Brasil (vide análise de macroeconomia de minha autoria divulgada recentemente) levará muito tempo, bem como será de muita dor e sofrimento para os mais pobres, seja qual for o governante de plantão.

Com base no parágrafo acima haverá 2 cenários para o Brasil:

Cenário 1 – que a Dilma vá até o final de seu mandato sangrando, com isso o PT estará praticamente encerrado no ano de 2018. Não conseguiria eleger nem síndico de edifício.

Confesso ser esse o meu desejo.

Cenário 2 – Ocorra o impeachment de Dilma. Sendo um processo político seria a salvação da lavoura da Dilma e do PT, visto que sairiam como vítimas e teriam os argumentos conhecidos da esquerda de longa data de culpar a conspiração existente entre a CIA americana e a elite brasileira para tomarem o poder de forma imoral de um governo legítimo dado pelo povo, visto que o PT estava tirando o pobre da miséria e a elite detesta ver o povo feliz andando de avião e tendo carro (concidentemente pregação atual do Lula). Da mesma forma com que ocorreu com João Goulart onde até hoje ouvimos a mesma ladainha.

Peço paciência aos leitores para que os exaltados sejam humilhados. Não seria justo o segundo cenário do impeachment.

Ricardo Bergamini
www.ricardobergamini.com.br

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Addendum:
Comentário de Carlos Pozzobon:


terça-feira, 10 de março de 2015

Brasil, 15 de Marco, encontro com a Historia: nao deixe ela passar sem sua presenca - Guilherme Spadini

Porque você deve ir às ruas no dia 15, mesmo sendo contra o impeachment
Guilherme Spadini - psiquiatra e psicoterapeuta
09/03/2015

Alguns argumentos são velhos - tão velhos! -, mas continuam atuais. Porque são muito bons. Eis aqui um exemplo que remonta a Aristóteles:
Se você quiser aprender a ser um bom marceneiro, deve procurar marceneiros, ou pedreiros?
Os primeiros, é claro.
Se quiser aprender a pintar, deve buscar a companhia de pintores, ou de músicos?
Você entendeu.
E, será que é importante, para se tornar um bom marceneiro, que você ande com eles enquanto almoçam, descansam, batem uma bolinha, ou enquanto praticam a marcenaria?
Para ser um bom pintor, deve andar com pintores enquanto assistem TV, ou enquanto pintam?
A resposta é óbvia. Não só você deve procurar conviver com pintores ou marceneiros enquanto eles estão exercendo sua arte, como também é bom que o faça enquanto eles a estão exercendo bem.
Isso vale para tudo. Se você quiser ser um bom pintor; marceneiro; médico; escritor, professor é fundamental que tenha a oportunidade de conviver com bons praticantes da arte, para aprender e aperfeiçoar suas habilidades.
Agora, e se você quiser aprender a ser uma boa pessoa? Como se aprende a ser virtuoso, a ter caráter, a fazer a coisa certa? Como se aprende a ser bom em ser humano?
Ora, da mesma forma, convivendo com outras pessoas enquanto elas estão engajadas na arte de ser humano, e fazendo isso bem.
E quando isso ocorre? Quando estão assistindo TV, almoçando, batendo uma bolinha, pintando ou trabalhando? Qualquer um pode ser uma "boa pessoa" enquanto faz todas essas coisas, mas de forma inespecífica.
Qual atividade exige, especificamente, que sejamos seres humanos, apenas, e que o façamos bem?
A resposta aristotélica vai parecer ridícula sob o contexto atual. Mas, não é menos certa por isso. A resposta é: a Política! Esta é a atividade em que, por excelência, homens e mulheres exercem a arte de ser humano. Fazer bem a política é fazer, na prática, o que a moral e a ética comandam na teoria. Parece ridículo porque, hoje, entendemos política como um lamaçal ético. É a realidade em que vivemos. Mas, neste caso, errada está a realidade, não o argumento.
Entendemos política como um vale tudo para obter, manter e exercer poder. O real sentido da política, no entanto, é o oposto disso. A boa política só pode nascer a partir do momento em que alguém abdica de exercer poder. Por exemplo: quando eu como, descanso, ou escrevo, minha ação decorre da minha potência, é um exercício dos meus interesses; o ato verdadeiramente político, ao contrário, é aquele que decorre da potência dos outros, e do mundo, tanto quanto da minha. Quer aprender a ser ético? Conviva com pessoas sendo éticas, ou seja, agindo em função do interesse comum, e não do seu próprio.
E não é a política, por excelência, a arte de agir assim?
Deveria ser.
Temos muitas oportunidades para ensinar essa boa política às novas gerações. Podemos fazer isso ao não invadir o acostamento para fugir do trânsito. Ao não pedir favorecimentos indevidos a amigos e parentes. Ao devolver troco que recebemos a mais. Ao ensinar nossos filhos a respeitarem seus professores. Ao não dirigir alcoolizado. Todas essas pequenas ações são políticas, pois configuram a vivência ética de uma sociedade. É através desses exemplos que ensinamos aos mais jovens a prática da virtude.
Sabemos bem o quanto esses exemplos são raros. A falta de ética na política, que tanto nos indigna, é apenas reflexo de como vivemos. Observamos, diariamente, desrespeito; violência; individualismo; intolerância, e uma perigosa inversão de valores. Há desânimo e desesperança no ar.
Mas, também, há algo mais. Algo diferente. Quem viveu as manifestações de 2013 deve ter experimentado que, ao menos por um breve período, ninguém foi dono daquele fenômeno. Foi uma voz própria que emergiu das ruas, que ninguém sabia bem contra o que era, exatamente. Mas todo mundo soube o que ela afirmava: a desesperada necessidade de valor. Há algo borbulhando sob o relativismo moral que nos assola, clamando por uma ética que nos una.
Por isso, nesse dia 15, vá às ruas. Não pelo PT ou PSDB. Não pela direita ou esquerda. Não pelo impeachment. Vá às ruas pela oportunidade de fazer política. A boa política, que é a prática coletiva da ética.
Arraste seus vizinhos. Tire fotos. Abrace os amigos. Celebre a democracia e a liberdade. Leve seus filhos, para que eles aprendam essa atividade de propor e construir valores. Faça algo que é completamente impossível fazer sozinho: aprender a ser bom em ser humano. É um aprendizado para todos, não só para os jovens.
Vai servir para alguma coisa? Não sei.
É possível, ou desejável, o impeachment? Provavelmente, não.
Vamos conseguir moralizar a política e mudar o Brasil? Difícil.
Mas, quem sabe, talvez seja possível mudar você.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Renuncia voluntaria em lugar de impeachment? Ou tera' de ser "renunciada"? Oh duvida cruel...

Entrando por acaso nas estatísticas de visita deste meu modesto blog, deparo com estas estatísticas do período recente:

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Ou seja, o interesse pelo tema da renúncia da soberana, em lugar de ser apeada do poder por um processo de impeachment, parece ter despertado a curiosidade desse pessoalzinho que anda por aí, em busca de alguma novidade.
Pois é, novidades existem muitas, pois o Brasil anda de crise em crise, sem que se saiba exatamente para onde ele vai. Provavelmente para lugar nenhum, pois ninguém se entende sobre o que deve ser feito, e não existem estadistas neste país.
Mas, eu entendo que muita gente que anda por aí, que gostaria de continuar mandando, não está nada satisfeito com a situação atual. Daí ter surgido essa história de renúncia, na própria fonte do mal, isto é, do mesmo pessoalzinho sedento de poder que não pretende renunciar ao próprio.
Daí que eles estejam talvez pensando em apear a incompetente fazendo-a renunciar.
Como aquele pobre procurador argentino, que foi suicidado, no nossa caso, ela seria renunciada.
Será que cola?
A ver...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A gift to myself: refletindo com Maquiavel sobre o estado da nacao - Paulo Roberto de Almeida

Não há coisa que eu valorize mais do que o conhecimento, não apenas a acumulação de conhecimento, em si mesmo, mas o uso do conhecimento para dele fazer o melhor uso, na compreensão dos problemas de nossa época, na eventual solução dos impasses enfrentados pelo país, na simples satisfação de compreender melhor nossas insuficiências, dificuldades e possíveis vias de escape, para uma melhor situação, de conforto material, mas sobretudo de satisfação intelectual.

Tenho encontrado muitos motivos de satisfação intelectual -- e alguns de angústia, também, mas isso é inevitável -- na companhia de Maquiavel, um dos maiores pensadores da humanidade, ponto.

Abaixo, um trabalho que acabo de compor, com base numa leitura de alguns de seus escritos.


Ou, usando a história para fins do presente (como sempre)

Paulo Roberto de Almeida
Leitura de um clássico, revisitado para fins atuais.

Sumário:
1. O que representam os Discorsi na obra maquiaveliana?
2. O que poderia ser o equivalente dos Discorsi no Brasil atual?
3. Do uso da história para objetivos da luta política corrente
4. Ensinamentos de Maquiavel para uso dos neófitos e litterati
4.1. A organização política
4.2. A qualidade da liderança
4.3. Coesão ou divisão do corpo social?
4.4. Políticas para o popolo grosso e para o popolo minuto
4.5. Alguma perspectiva de mudança?


 “Os homens elogiam o passado e se queixam do presente, quase sempre sem razão.”
(Maquiavel, introdução ao livro II dos Discorsi).

Este ensaio ainda não foi revisto, mas encontra-se disponível, mesmo em versão preliminar, neste link do Academia.edu: 
https://www.academia.edu/9393843/2716_Maquiavel_revisitado_os_Discorsi_e_o_Brasil_contempor%C3%A2neo_2014_ 
Paulo Roberto de Almeida  
Hartford, 19 de novembro de 2014

Longos anos de leituras e de produção acadêmica...

sábado, 6 de setembro de 2014

Miseria da Oposicao: Os dois grandes males do PSDB - Rubem Novaes

O PSDB parece ter perdido o rumo, e não corre o risco de encontrar o rumo certo, pois fica tentando disputar espaços à esquerda contra o PT, e não consegue se entender como direita que deveria ser no cenário político brasileiro: uma direita reformista, liberal, destruidora de mitos.
Concordo com os argumentos de Rubem Novaes.
Paulo Roberto de Almeida


Os 2 Grandes Males do PSDB
Rubem Novaes

1- A vaidade incontrolável dos tucanos de alto coturno, ou pavões.
Eles nunca se apóiam de verdade. Alckmin tem quase 50% dos votos em São Paulo, Serra já tem uma vantagem confortável sobre Suplicy na disputa pelo Senado, mas Aécio está num terceiro lugar longe de Marina e Dilma. O mesmo aconteceu quando Serra e Alckmin precisaram do prestígio de Aécio para desempenhar bem em Minas. Deu PT na cabeça e ficou famosa a dobradinha Dilmasia, folgada na dianteira. Mais recentemente, um novo fenômeno corroborou a tese: Aécio escolheu para seu vice um candidato ligado a Serra, esperançoso de de obter seu apoio entusiasmado. E o que vemos? Marina dá a entender que Serra poderá vir a compor sua equipe de governo e Serra deixa o boato correr esperando dele tirar vantagens eleitorais. É cada um por si e ninguém por todos. FHC parece querer ficar na história como o único do Partido a bater Lula e seu PT. E por duas vezes. Serra e Alckmin, por seu lado nunca defenderam os governos de FHC. Os líderes que se seguiram a FHC muito pouco ou nada fazem uns pelos outros. Parecem estar contentes em ver que os outros também não ganharam nem ganharão o cetro presidencial.

2- O complexo de rejeição pela esquerda.
Os tucanos não se conformam de terem perdido o voto da esquerda e estão sempre sonhando em reconquistá-lo. Em diversos momentos, como agora, tiveram a chance de engrossar substancialmente suas fileiras com o voto conservador/liberal e não o fizeram. Toda a direita torcia para que Aécio escolhesse para ser seu vice alguém com o perfil de um Ronaldo Caiado, capaz de bater duro nas teses da esquerda. Mas Aécio foi buscar como companhia Aloísio Nunes, um ex militante da esquerda armada, sem qualquer charme e possibilidade de agregar votos. A verdade é que o espaço à esquerda no espectro político já está plenamente ocupado: PT, PSD, PDS, PDT, PSOL, PCO, PSTU etc. se bastam. É no espaço a sua direita que o PSDB pode crescer, mas resiste. O país já mostrou com Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Collor e Maluf que, com candidatos assertivos, a direita pode ter força eleitoral capaz de ganhar eleições majoritárias. Mas, o que fazer com o complexo? O que pensarão os professores da PUC e os jornalistas ainda simpáticos ao Partido? No way.

Conclusão: O PSDB prefere manter a sua pose de Partido Social Democrata europeu a correr atrás de um voto que seus líderes intelectuais desprezam. Teve, nestas eleições, a grande chance de vencer, considerada a crise econômica e a fraqueza da candidata petista, mas preferiu vestir as luvas de pelica que o caracterizam e contentar-se com os aplausos minguados de um segmento da população que talvez nunca mais lhe permita vôos mais altos.


[recebido em 5/09/2014]