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quinta-feira, 9 de maio de 2013

MEC confirma sua incompetencia sistemica e total alienacao

Dizer que vai punir erros de Português é uma confissāo de incompetência e uma profunda incompreensāo quanto às suas funçōes. O MEC continua um dinossauro inútil...
Paulo Roberto de Almeida

Erros de português serão punidos com maior rigor no Enem 2013
Mariana Tokarnia
Agência Brasil, 9/05/2013

Além de regras mais rigorosas para os candidatos, mudanças no edital também atingem os corretores, que terão mais horas de capacitação e serão acompanhados e avaliados

O Ministério da Educação fez alterações no edital deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tornando-o mais rigoroso. Uma das medidas é que as redações com inserções indevidas serão zeradas. Outra mudança prevê que serão aceitos apenas desvios gramaticais excepcionais e que não caracterizem reincidência. Antes, eram permitidos "escassos" desvios.

A correção das redações será mais rígida. A expectativa é que uma a cada três redações irá para um terceiro corretor, antes o índice era de aproximadamente 21%. Isso ocorrerá quando houver uma discrepância de mais de 100 pontos entre os dois primeiros corretores. No ano passado, a discrepância tinha que ser de mais de 200 pontos para que fosse encaminhado a um terceiro avaliador.

O edital também prevê maior rigor para os corretores, que terão mais horas de capacitação e serão acompanhados e avaliados. Eles poderão ser dispensados inclusive durante a correção.

Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as mudanças foram implantadas porque as regras aplicadas anteriormente não mostraram resultado satisfatório. Apesar do maior rigor, sobre as questões gramaticais, Mercadante diz que caberá à banca considerar o erro uma exceção ou não. "A regra é clara, mas a interpretação do juiz nem sempre é um consenso. Tem um grau que compete à banca, não tem como prever o grau que será aceito ou não. O que podemos dizer é que será mais rigoroso", diz.

Ele explicou também que tanto para a nota máxima na redação, que é mil, quanto para erros gramaticais considerados exceção será preciso uma justificativa dos avaliadores.

Outra novidade é que será divulgado no cartão de inscrição um telefone pelo qual candidatos com alguma condição especial (gestantes, pessoas com deficiência) serão orientados. Essa edição trará também dois modelos de prova com letra maior - uma com fonte tamanho 18 e outra 24.

Os candidatos com renda mensal per capita de até 1,5 salário mínimo estão isentos da taxa de inscrição. Antes, eram isentos apenas aqueles com renda de até um salário mínimo per capita. Os estudantes de escolas públicas continuam sem ter de pagar pela inscrição.

Mercadante desmente a intenção de cobrar a taxa daqueles que faltarem à prova, mas ressalta que o gasto é calculado pelo número de inscrições. "Apelo para aqueles que se inscreverem para que realmente façam o Enem. Os custos levam em conta os inscritos e temos tido uma diferença importante". No ano passado, foram 5,8 milhões de inscritos. Desses, 4,3 milhões fizeram a prova.

As inscrições começam na próxima seguna-feira (13) até o dia 27 de maio. Os candidatos podem pagar a taxa de inscrição até o dia 29 de maio. As provas serão aplicadas nos dias 26 e 27 de outubro. Os portões serão abertos às 12h (horário de Brasília).

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 MEC vai anular redação do Enem com deboche
Folha de São Paulo, 9/05/2013

As inscrições para a nova edição do exame começam segunda (13) e se estendem até o dia 27
O Ministério da Educação anunciou que anulará redações do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano que fugirem do tema proposto --com deboches ou trechos inusitados.

A decisão visa impedir situações como as verificadas no ano passado, quando dois textos que continham respectivamente trechos do hino do Palmeiras e uma receita de miojo, sem relação com o assunto sugerido, receberam notas válidas.

As inscrições para a nova edição do exame começam segunda (13) e se estendem até o dia 27. As provas serão nos dias 26 e 27 de outubro.

Outra mudança para evitar questionamentos sobre as redações será a ampliação dos casos em que um terceiro avaliador terá que examinar os textos, de maneira independente.
 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Concurso do Itamaraty: erros graves do CESPE prejudicam milhares de candidatos, provavelmente todos

Como ocorre com todo monopólio construído na base da troca de favores, e na suposta "especialidade" do fornecedor do serviço, o CESPE, que monopoliza as provas do concurso de ingresso para a carreira diplomática comete não apenas erros materiais -- alguns deles graves, como esse relatado abaixo -- mas sobretudo erros substanciais, com uma visão politicamente distorcida, muitas vezes enviesada dos processos diplomáticos, o que obriga os candidatos a tentar saber o que anda pela "cabeça" -- se o termo se aplica -- do formulador da questão, para tentar responder, não o que seria ou é o certo, mas o que seria correto nessa versão distorcida sobre alguns fatos históricos, sobretudo contemporâneos, e especialmente de certa época de nossa história recente.
Eu já postei aqui reclamações de candidatos, que podem ter a correção de suas provas simplesmente inviabilizada pour erros graves na organização dos cadernos de respostas, sem falar, claro, dos erros substanciais que poderemos constatar por uma leitura da prova.
Abaixo nova mensagem de um dos candidatos envolvidos, malgré lui, nessa triste questão, para o qual eu talvez só possa reafirmar o que já disse: burocratas arrogantes não vão querer corrigir o tremendo "malfeito" -- como diria certo personagem tristemente famoso -- e vão deixar o prejuízo todo para esses candidatos já prejudicados.
Paulo Roberto de Almeida 


Muito obrigado pela atenção, PRA!
Nosso grupo está tentando evitar que eles simplesmente anulem essas 5 questões, uma vez que a anulação concede 5 pontos para todos os candidatos, igualando os que tiveram pontuação menor que 5 (porque erraram ou deixaram em branco) aos que acertaram todos os itens destas 5 questões. Embora pareçam insignificantes, 5 pontos representam aproximadamente 7% de uma prova em que os candidatos erram uma média de 10-12% para serem aprovados.
Além de o CESPE e o IRBr estarem ignorando, muitos candidatos prejudicados são completamente céticos, e a imprensa não tem muito interesse porque "não dá leitura" esse tipo de notícia. Enfim, o fato de o Sr. ter-se solidarizado com nossa causa é de inestimável valor.
Muito obrigado,
[Nome]

A mensagem anterior era esta aqui:

On 01/04/2012, at 01:49, Anônimo wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Anônimo
Cidade:
Estado:
Email: @gmail.com
Assunto: Opiniao

Mensagem: Na prova da primeira fase do concurso do IRBr, no último domingo, havia, em vários modelos de provas, entre 1 e 4 questões com alterações na ordem dos itens (a saber, são as questões 7, 8, 15 e 55, mas no site do CESPE, obviamente, a ordem está correta no caderno modelo). Em algumas provas, apenas uma questão tinha problema. Em outras, as quatro estavam problemáticas. Por exemplo, os itens no caderno de provas poderiam estar na ordem “1 4 2 3”, enquanto no gabarito a ordem estava correta, “1 2 3 4”.
Além disso, em uma questão de múltipla escolha (questão 24) estavam, em alguns cadernos, constando itens com as letras “a b c a b”, em vez da ordem natural, “a b c d e”.

Pois bem, a confusão aumentou quando os fiscais, após um tempo considerável de prova, começaram a receber reclamações de candidatos que perceberam os erros. Daí em diante, enquanto em algumas salas os fiscais ignoraram o problema, calando-se, em outras eles disseram para preencher de acordo com a ordem da prova; em mais outras salas, diziam para responder de acordo com a ordem no gabarito, enquanto, talvez os piores casos, fiscais asseguravam em outras salas que as questões seriam todas anuladas, e que os candidatos deveriam tranquilizar-se e ignorar aquelas questões. Enfim, instruções contraditórias em cada local, causadas por falta de coordenação do CESPE.
Como resultado, houve completa quebra de isonomia do concurso, com claro comprometimento de toda a prova, com alguns candidatos ignorando as questões, enquanto outros desesperaram-se buscando quais questões estariam com erro, e outros tantos sequer sabiam o que se passava – marcando o gabarito de maneir!
a errada, por sua vez. Mais grave ainda, as instruções, por pior que fossem, foram passadas no momento em que vários candidatos já haviam marcado o gabarito definitivo. Isso tudo foi na parte da manhã. Na parte da tarde da
prova, os candidatos foram recepcionados com uma mensagem padrão, novamente ambígua, escrita nos quadros de cada sala, a respeito de como proceder caso houvesse mais erros (nessa segunda etapa, “apenas” a questão 55 apresentou problema). Como a mensagem não era clara, vários procuraram os fiscais pedindo maiores explicações e, novamente, as instruções em cada sala foram contraditórias.

Então chegamos à terça-feira, ontem, dia da divulgação do gabarito provisório da primeira fase. Embora tantos candidatos já cogitassem até a possibilidade de anulação do concurso, devido a toda a confusão no dia da prova, o gabarito simplesmente ignorou quase todos os problemas. Apenas a questão problemática de múltipla escolha (24) veio anulada. Todas as outras tiveram gabarito divulgado, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivessem dito a vários candidatos que deveriam ter marcado de outra forma.
Como se outros tantos não tivessem sido instruídos a ignorar as questões, já que lhes asseguraram que seriam anuladas.

O fato é que, já no dia, alguns candidatos chegaram a protocolar reclamações por escrito no próprio local de prova; outros solicitaram inclusão de relato sobre o problema em ata exarada pelos fiscais. Outros, ainda, estão encaminhando processo judicial.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Concurso para a carreira diplomatica: TPS comentado por Mauricio Costa

Meu colega Mauricio Costa, que é professor de curso preparatório e anima o blog e a lista Diálogo Diplomático, postou nesse blog seus...
In fine, o comentário de um candidato que fez o concurso e achou tudo uma M...; creio que eu também ficaria horrorizado com certas questões, como já fiquei com várias outras em concursos anteriores: questões ambíguas, politizadas, vagas, enviesadas e muitas outras deformações.
Paulo Roberto de Almeida 


COMENTÁRIOS SOBRE O TPS

Diálogo Diplomático


Ontem foi o primeiro grande dia do CACD 2012. Apenas cerca de 4% do mais de 6000 inscritos ultrapassarão esta etapa. Espero que todos os leitores deste blog, meus alunos e todos os demais candidatos tenham tido boa sorte na execução da prova.

Comentarei a prova por disciplina, depois apresentarei minha impressão geral. Gostaria de salientar que são apenas as minhas impressões de professor e orientador de candidatos, e não devem ser tomadas como afirmações absolutas. Após o gabarito e após o desenvolvimento do ranking, poderei mudar de opinião, ou não, como diria o glorioso Caetano.

A prova de português seguiu o padrão do CACD 2011, com muitas questões de interpretação e com peso relativo menor de sintaxe. Confirmou-se a tendência de mudança para aqueles que preferiam acreditar que a prova de 2011 havia sido um ponto fora da curva. Muito embora tenha sido uma prova trabalhosa, os candidatos que compreenderam a tendência e se prepararam adequadamente devem ter bom desempenho.

A prova de política internacional foi bastante coerente. As 11 questões foram abrangentes e trataram de atualidades, sempre concentradas naquilo de mais relevante para a política externa brasileira. MERCOSUL, UNASUL, BRICS, IBAS, BASIC, oriente médio e primavera árabe, comércio exterior, África, questão nuclear, teoria das relações internacionais. O que faltou? Nada, porque meio ambiente caiu em geografia! Por outro lado, havia itens de alto grau de dificuldade, cuja solução dependia do conhecimento de detalhes e de especificidades com relação aos temas. Esses detalhes serão a armadilha de muitos candidatos desprevenidos.

Geografia foi uma prova limitada pela pequena extensão, apenas quatro questões. Esse fator limita demais a abrangência da prova. Ainda assim, foi possível surpreender com questões que os candidatos esperavam em outras provas, como a de meio ambiente, esperada em PI, e a de limites e fronteiras, sempre esperada na prova de história do Brasil.

Inglês foi uma prova bem elaborada, acredito que bastante equilibrada. Sempre se deve considerar que o grau de dificuldade da prova está diretamente relacionado ao nível de cada candidato na língua, portanto não se podem fazer afirmações absolutas sobre esta prova.

A prova de direito teve grande ênfase em direito interno, o que alguns candidatos consideram surpreendente. Eu diria que não foi tão surpreendente assim, porque o mesmo ocorreu em concurso recente, mais especificamente em 2009. O grande mérito e, ao mesmo tempo, o grande problema de uma prova assim é que uma prova com esse estilo testa a ênfase dada pelos candidatos em relação a cada ponto do programa. Por isso afirmo repetidamente que se deve estar preparado pra tudo.

Economia confirmou a tendência recente de "desmatematização da prova". Mais teoria, menos matemática, mais raciocínio econômico, menos cálculo.  Para uma prova de "noções", como ainda é definida, estava bastante bem elaborada.

História do Brasil teve pouca ênfase em HPEB, o que não foi surpreendente. Há pelo menos uma questão controversa, mas deixemos esse debate para os candidatos e para os recursos. De forma geral, foi uma prova bem elaborada.

História mundial pareceu a mim, e a todos os candidatos com quem conversei uma prova mais equilibrada do que a de 2011. Acredito que se deva ter atenção com a sensação de "falsa facilidade" desta prova, uma que é extensa, e muitas armadilhas esperam os candidatos em detalhes que são ignorados ou desconhecidos. Muito embora a prova estivesse mais equilibrada, acredito que deverá ser uma das responsáveis pela diminuição da média geral, juntamente com a prova de português.

Minha avaliação geral da prova pode ser sintetizada nos seguintes pontos:

1- acredito que deve ser mantido o padrão de desempenho do CACD 2011.  Não esqueçamos que a prova, pela primeira vez, repetiu o número de questões por disciplina;
2- O grande número de questões de múltipla escolha deve ser o principal fator de contenção a nota de corte. Mais do que pontos perdidos, são os pontos não alcançados nessas questões que diminuem a média geral;
3- A nota de corte não deve ser muito mais elevada do que a nota do 200o colocado em 2011 (42,2), a não ser que haja grande número de anulações de questões. Se houver muitas anulações, sobe a média geral e sobe a nota de corte.

Espero ter contribuído para o debate. Nos próximos dias, voltarei a discutir esse tema com base no gabarito provisório e no desenvolvimento do ranking. Desejo boa sorte a todos e espero encontrá-los no curso de segunda fase!


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Comentário de um leitor, candidato, indignado, se ouso dizer, provavelmente com inteira razão: 



Um processo seletivo discricionário e vergonhoso. Erros crassos que só evidenciam a incompetência do Cespe, totalmente incompatível com o grau de exigência da prova. A mera disposição da numeração dos itens em sua sequência lógica parece um desafio homérico para essa instituição que se quer exemplo de primazia na seleção dos "candidatos". Muitos dos quais serão aprovados sem a menor vocação para o cargo.
Dor de cotovelo? Talvez. Mas com páginas que trazem o nome do candidato impresso em frente e verso, questões mal formuladas, e funcionários sem competência para, sequer, transmitir informações coerentes quanto ao procedimento frente à palhaçada da "dança dos números" da última prova, só resta o ceticismo. Tanto melhor que o processo não se pretendesse "democrático".
No mais, desculpas pela indignação, se parece infundada, mas não pela sinceridade.
Saudações ao Professor. 




sábado, 10 de setembro de 2011

Como NAO se deve fazer a prova do Rio Branco (ou escrever a Historia)...

Algum tempo atrás, ao ser "apresentado" às -- enfim, considerem "tomar conhecimento" das --  provas deste ano da graça de 2011 do Instituto Rio Branco -- que na verdade não tem muita culpa no "negócio", pois as provas são geralmente feitas pelo CESPE, ou seja professores da UnB -- eu escrevi um pequeno post com este título (e o link vai junto):



SEXTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2011


Após breves considerações sobre o autor da frase -- o alemão Von Martius -- eu transcrevia algumas questões das provas deste ano como exemplos do título, ou seja, de como NÃO se deve fazer provas do Rio Branco.
Enfim, tenho minhas muitas críticas aos professores da UnB e seus famosos livros -- que evito de veicular em público para não causar constrangimentos em nenhuma das partes -- e tenho também muitas outras críticas às provas do Rio Branco -- que evito... etc., etc., etc... -- mas, de vez em quando sou consultado por alunos, candidatos, aspirantes, curiosos em geral, sobre a natureza das minhas críticas, o que geralmente vem associado a pedidos de "dicas" ou recomendações de estudo para essas provas.
Assim, por exemplo, recebi a seguinte mensagem de um "interessado":


Impressão minha ou algumas questões nao dão espaço para o sujeito dissertar contrariamente as posições tomadas pelo itamaraty?
Ex: questao 2 de politica internacional.



Evito comentar  ou de fazer esse tipo de "coisa" -- ou seja, recomendações do que eu mesmo consideraria mais "correto", ou mais apropriado --, pois acho que faria mais mal do que bem aos candidatos em geral. Como não sou eu quem formulo questões, como não dou aulas no Rio Branco, nem na UnB, aliás, como não vou ser convidado para qualquer dessas coisas justamente porque minhas posições e opiniões não estão conformes ao "canon" oficial, digamos assim, não adianta nada eu levantar problemas onde isso só representaria problemas, justamente, e não soluções para os que buscam, por vezes desesperadamente, soluções aos seus problemas.
Ou seja, os candidatos se deparam com questões "debilóides", politicamente enviesadas, ou torcidas para a única posição possível -- a oficial, obviamente -- o que mais uma vez confirma que, em determinadas circunstâncias, a versão é mais importante do que o fato.
Por exemplo, se você se depara com uma questão sobre a "relação estratégica Brasil-Argentina", ou sobre "a importância do Mercosul" na, e para a, política externa do Basil, o que é que você vai fazer? Vai contestar a versão oficial, apontando problemas e incongruências, ressaltando os percalços e as ilusões?
Acho que é uma dead issue, e portanto prefiro ficar quieto.
Vou continuar escrevendo meus trabalhos e livros, respondendo em toda honestidade intelectual, apenas ao que coleto e seleciono em minhas leituras, pesquisas históricas, reflexões comparativas, dados empíricos, etc. Como sempre fiz, aliás.
Deixo a ideologia de lado, ou talvez eu tenha as minhas próprias ideologias, mas não pretendo confrontar instituições "respeitáveis", como podem ser o CESPE, a UnB, o IRBr, o MRE, com minhas próprias posições, que também podem ser o resultado de outros tantos equívocos ou erros de compreensão.
Em todo caso, não deixo de constatar equívocos e desvios em todas essas provas, que são reais, do contrário tantos candidatos não me consultariam, depois, para tentar elucidar algo que eles próprios acharam equivocado, ambíguo, contrastante com a realidade, etc.


Pois bem, acho que não ajudei ninguém, que seja candidato, quero dizer, eu ainda "coloquei minhocas" nas cabeças de alguns, que apenas querem estudar segundo os padrões politicamente corretos, para passar nas provas politicamente corretas do IRBr. Como eu não sou um sujeito politicamente correto, eu fico perturbando o cenário com os meus questionamentos. Mas a intenção, sincera, não é atrapalhar ninguém, é apenas a de corresponder ao meu habitual compromisso com a verdade dos fatos e com a minha proverbial honestidade intelectual. Quando eu vejo um equívoco não consigo deixar de apontar o equívoco. Quando eu vejo má-fé, sinto-me tentado a denunciar o fato. Tem gente que não gosta, e muitos não gostarão. Mas, eu faço apenas o que me dita minha consciência livre...
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Como NAO se deve escrever a Historia do Brasil (nem a Politica Internacional, alias)...

Karl Friedrich Philipp von Martius esteve no Brasil em meados dos anos 1820, acompanhando a comitiva da primeira imperatriz do Brasil, quando ele viajou pelo país e recolheu muitas espécies botânicas, como correspondia a seu espírito naturalista e investigador.
Vinte anos depois, atendendo a um concurso do IHGB, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado em 1839, ele escreveu, em Munique em 1843, um texto, que ficou famoso:

MARTIUS, Karl Friedrich Philipp von:
Como se deve escrever a História do Brasil
Revista do IHGB. Rio de Janeiro 6 (24): 389 - 411. Janeiro de 1845.
(Revista Trimensal de História e Geografia ou Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)

Pois bem, onde pretendo chegar?
Por enquanto, apenas argumentar sobre como NÃO se deve escrever a história do Brasil, nem a política internacional, com base, por exemplo, nas provas abaixo transcritas aplicadas em 2011 no concurso de ingresso à carreira diplomática.
Depois -- não agora, apenas por falta de tempo -- eu vou demonstrar por que provas abertas aos talentos não poderiam ter sido redigidas dessa maneira. Esse tipo de empreendimento intelectual exige critérios abertos à inteligência, não a submissão ao pensamento único e a subserviência mental. Desenvolverei, no devido tempo, meus argumentos metodológicos, obviamente, mas também de caráter substantivo, talvez políticos, quem sabe até históricos e, finalmente, sociológicos, para sustentar minha crítica em favor de um serviço diplomático de qualidade, colocado a serviço do Estado, não do governo, de qualquer governo. Infelizmente, no Brasil, a estreiteza mental se torna cada vez mais estreita.
Bem, no momento, o que faço, unicamente é postar.
Paulo Roberto de Almeida

Instituto Rio Branco Prova Escrita de História do Brasil
Admissão à Carreira de Diplomata (Terceiro Secretário)


PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL
Na prova a seguir, faça o que se pede, usando, caso julgue necessário, as páginas para rascunho constantes deste caderno. Em seguida, transcreva os textos para as respectivas folhas do CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL, nos locais apropriados, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Em cada questão, respeite o limite máximo de linhas estabelecido.

No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas na capa, pois não serão avaliados os textos que tenham qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.

QUESTÃO 1
Desenvolva análise comparativa do processo de definição das fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa e com a Guiana Inglesa.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)

QUESTÃO 2
Redija texto dissertativo a respeito das iniciativas que caracterizaram a Política Externa Independente (1961-1964) no âmbito da descolonização afro-asiática, do descongelamento do poder mundial e do discurso desenvolvimentista. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
- participação do Brasil no processo de descolonização africana naquele momento histórico;
- ideias de Araújo Castro acerca da ordem global;
- relação entre a Política Externa Independente e a formação de conceitos brasileiros de relações internacionais.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)

QUESTÃO 3
Disserte sobre a importância da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para a política externa brasileira na década de 50 do século XX.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)

QUESTÃO 4
Ao assumir a Presidência da República, em abril de 1964, o Marechal Castelo Branco alterou os rumos da ação do Brasil no plano internacional. Caracterize as rupturas verificadas nas relações do Brasil com a Argentina, em decorrência da política externa brasileira adotada no primeiro governo do regime militar.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)

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UnB/CESPE – Instituto Rio Branco Prova Escrita de Política Internacional
Admissão à Carreira de Diplomata (Terceiro Secretário)


PROVA ESCRITA DE POLÍTICA INTERNACIONAL
Na prova a seguir, faça o que se pede, usando, caso julgue necessário, as páginas para rascunho constantes deste caderno. Em seguida, transcreva os textos para as respectivas folhas do CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA ESCRITA DE POLÍTICA INTERNACIONAL, nos locais apropriados, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Em cada questão, respeite o limite máximo de linhas estabelecido. No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas na capa, pois não serão avaliados os textos que tenham qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.

QUESTÃO 1
Nos últimos anos, o Brasil ampliou sua interlocução externa com os mais variados parceiros. Nessa interlocução, o governo brasileiro vem defendendo os interesses nacionais e buscando produzir resultados socioeconômicos, sem negligenciar os esforços em prol da melhoria das condições tecnológicas e da competitividade de sua estrutura produtiva. Ao mesmo tempo, o país sinaliza com o “idealismo como horizonte”, em defesa de uma ordem mais justa e do respeito aos valores democráticos e aos direitos humanos.
Disserte sobre os desafios a serem enfrentados para a materialização desses objetivos políticos.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)

QUESTÃO 2
Em 17 de março de 2011, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) aprovou, por meio da Resolução n.º 1.973, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia. A adoção da resolução, em cuja votação se absteve, entre outros Estados, o Brasil, expressou a resposta do CSNU à situação interna naquele país. Comente tal situação, do ponto de vista político, econômico e humanitário, e identifique, com base nos traços definidores da diplomacia brasileira, as razões que levaram o Brasil a abster-se na votação da referida resolução.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)

QUESTÃO 3
Quem poderia imaginar, em um passado não tão distante, que os chefes de Estado do Brasil e da Argentina poderiam dar instruções a suas agências nucleares para que desenvolvessem conjuntamente um reator nuclear multipropósito com fins de pesquisa? Quem poderia supor que esses países desenvolveriam em conjunto um veículo militar para equipar os dois exércitos, ou que seriam capazes de cooperar em áreas tão variadas e de alta tecnologia como a construção de um satélite para observação de oceanos e da costa, a fabricação de peças para aviões, a TV digital? Há apenas três décadas, não seria possível, tampouco, iniciar estudos para a construção de hidrelétricas na fronteira ou para melhorar a integração rodoviária e ferroviária entre ambos os países. A fronteira, hoje, pode ser mais bem descrita como o espaço por excelência da integração, da paz, da união e da amizade.
Antonio Patriota, "Um exemplo de audácia". In: La Nación, 10/1/2011 (com adaptações).

Considerando o fragmento de texto acima, assim como a diversidade da agenda bilateral, analise os principais tópicos do relacionamento Brasil-Argentina.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)

QUESTÃO 4
Defina BRIC — grupo negociador, bloco econômico, grupo consultivo, agrupamento ou nenhuma dessas opções? Em sua resposta, especifique a participação do BRIC nos regimes globais de comércio, clima e segurança e explicite o modo como iniciativas como essa contribuem para os esforços da política externa brasileira em prol do fortalecimento das estruturas de governança global.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)

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A bientôt...
Paulo Roberto de Almeida