O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador relações econômicas internacionais do Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador relações econômicas internacionais do Brasil. Mostrar todas as postagens

domingo, 22 de outubro de 2017

Programa do PT para as eleicoes presidenciais de 2002 - comentarios PRA

Como em vários outros casos, não pude dar divulgação pública de minhas análises e comentários aos programas e plataformas eleitorais apresentados pelos diversos candidatos às eleições presidenciais de 2002, quando eu ocupava o cargo de ministro-conselheiro da embaixada do Brasil em Washington. Esses textos foram mais dirigidos aos programas e propostas do PT porque simplesmente se tratava do partido mais vocalmente dedicado à expressão pública de seus pontos de campanha, e também porque eu já pressentia que o partido iria ganhar as eleições.
Como nos aproximamos de novas eleições presidenciais, quando as mesmas propostas podem voltar a ser feitas, no mesmo tom demagógico e eleitoreiro, dou conhecimento de minhas críticas feitas 15 anos atrás. Quem sabe os candidatos melhoram suas propostas desta vez?
Paulo Roberto de Almeida


O Programa de Campanha do PT em 2002:
arredondando o quadrado ou ainda a quadratura do círculo?

Washington, 29/06/2002

Depois de muita discussão, alguma hesitação e certamente toneladas cúbicas de transpiração, o PT conseguiu finalizar e apresentar ao distinto público seu programa político para a campanha presidencial de 2002. A versão definitiva ainda está sendo trabalhada pelos líderes do Partido (que, espera-se, devem corrigir alguns erros de Português da versão resumida apresentada pelo jornal O Estado de São Paulo), mas o texto que foi transcrito no Estadão deste sábado 29 de junho já é suficiente para termos uma idéia do que vem pela frente em termos de propostas inovadoras e idéias criativas para tirar o Brasil do impasse e conduzi-lo a uma nova fase de crescimento com justiça social.
Se eu pudesse resumir o sentido geral do documento, ainda que correndo o risco de ser massacrado pelos meus amigos petistas, eu diria tão simplesmente: neoliberalismo envergonhado e compromisso retórico com o social. Senão vejamos.
A reportagem abre com uma síntese das boas intenções do PT: “O programa de governo do PT propõe crescimento econômico de 7% ao ano, garante que o partido não vai romper contratos nem revogar regras estabelecidas. Diz ainda que os compromissos internacionais serão respeitados e que as mudanças necessárias serão feitas “democraticamente, dentro dos marcos institucionais”.
Bem, se não há rompimento de contratos, nem revisão de regras e se as mudanças serão todas feitas dentro dos marcos institucionais, o que isto significa senão reformismo puro e simples? Algo de diferente ocorreria com o PSDB, com o PPS ou mesmo com o PFL? Provavelmente não, o que confirma a enorme evolução do PT desde as campanhas fracassadas de 1989, 1994 e 1998. Por outro lado, a “proposta” de crescer 7% não deve ser levada a sério, pois se trata… de simples proposta, sem garantia de concretização. Assim fica fácil montar programa, pois pode-se fazer um “caderno de desejos” e oferecer ao eleitor crédulo.
O objetivo é certamente nobre, pois como afirma o documento revelado pelo Estadão, o governo do PT “vai trabalhar dia e noite para que o País evolua da âncora fiscal para o motor de desenvolvimento”. Aqueles que apreciam raciocínios lógicos, isto é, um mínimo de correspondência conceitual entre os elementos de uma mesma equação, ficam se perguntando como é possível comparar “âncora fiscal” (um mero instrumento monetário e contábil) com “motor de desenvolvimento”, projeto grandioso que abarca praticamente todos os instrumentos de política econômica à disposição de um governo. Concedamos, porém, ao PT, o benefício da dúvida: ele quer colocar o desenvolvimento no centro das políticas econômicas, sem que ele diga exatamente como vai alcançar a taxa indicada (7%, indicada como “vocação histórica” do Brasil). Os economistas, como eu, sempre serão um pouco mais céticos em relação a essas metas pré-fixadas, mas vamos e venhamos: todos os economistas do Brasil não conformam sequer 1% da população, o que constitui, para todos os efeitos, um eleitorado insuficiente para definir qualquer tipo de votação (ainda que esse número seja suficiente para criar ou desfazer credibilidades). Primeira constatação, portanto: o PT já é um partido reformista, ainda que ele não se reconheça como tal.
Em segundo lugar, se diz que “A inflação será mantida sob controle, para que a poupança nacional seja orientada e estimulada, garante o PT.” Excelente, mas no mesmo dia em que aparece essa proposta inteligente, o “economista-chefe” do PT, professor Guido Mantega, deu entrevista ao mesmo jornal criticando o sistema de “metas de inflação” do governo e dizendo que um indice de “4% em 2003 ainda não é realista”. Depois de afirmar nominalmente que “A burrice gera inflação”, Mantega considerou que as metas de inflação num governo Lula serão mais realistas, dizendo o o seguinte: “Serão estabelecidas metas mais realistas, o que não significa frouxidão inflacionária. Não vou falar do próximo ano. Mas para este ano, 2002, eu diria que 5% ou 5,5% seria uma meta razoável.
Ora, um candidato ao cargo de ministro da Fazenda que já começa antecipando que a inflação está muito baixa e que ele se “contentaria” com um pouquinho mais, é porque pretende fazer o povo sofrer. Em primeiro lugar, nenhum ministro econômico são de espírito e nenhum presidente de Banco Central com os neurônios funcionando ficam expressando satisfação com um objetivo mais elevado para a inflação. Em segundo lugar, se esse desejo é tomado como “meta”, ele servirá certamente de piso para o novo patamar de crescimento de preços, o que atua seguramente em detrimento de todos aqueles que não têm condições de corrigir os seus “preços” de mercado (poupança, salários, rendimentos fixos etc.). Alguém já viu pobre ganhar da inflação? Segunda constatação, portanto: o PT gosta de fazer o povo sofrer.
Num terceiro conjunto de questões, conseguimos ficar mais perplexos do que o militante do PT que estava esperando uma ruptura com o capitalismo e com as políticas neoliberais. O partido confessa que não sabe o que colocar no lugar da “âncora fiscal”. O programa diz textualmente: “É preciso evitar que se consolide uma nova armadilha no País, aquela que estabiliza, mas impede o crescimento. Já tivemos a armadilha cambial. Saímos dela em 1999 com muitas dores, mas sobrevivemos. Agora, temos o dilema da âncora fiscal. A questão é como superá-la sem atentar contra a estabilidade da economia”. Trata-se de verdade de um dilema hamletiano: como fazer o país expandir a economia sem disparar a sineta dos desequilíbrios nas contas públicas. Crescer ou não crescer, eis a questão! Seria bom que o PT pudesse oferecer uma alternativa credível em termos do mecanismo que pretende colocar no lugar do superávit ou da “âncora fiscal”. Terceira constatação, portanto: o PT tem muitas dúvidas e poucas respostas. Como aliás a maioria dos economistas. Bem vindo à realidade!
Um bom exemplo desse tipo de dilema aparece na questão do volume necessário do superávit primário. Segundo o programa, “O nosso governo vai preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente em relação ao PIB e destrua a confiança na capacidade do governo de cumprir seus compromissos.” Mas se ele fizer apenas isso não vai conseguir baixar os juros. O que o PT deveria fazer, desde já, seria anunciar que pretende elevar o superávit para 5 ou 6% do PIB, pois isso significaria, de imediato, que o governo não precisará se abastecer no mercado, não vai concorrer com os particulares e portanto não vai pressionar os juros e, a rigor, terá recursos suficientes para recomprar uma parte dos títulos da dívida pública que ficam servindo de “prato feito” para esses verdadeiros gigolôs da despoupança estatal que são os banqueiros. Se o PT fizer apenas o necessário nessa área, seu governo vai continuar refém desses sanguessugas da economia nacional que são os banqueiros. Quarta constatação: o PT adora banqueiro (ainda que ele não desconfie disso).
No que se refere, por fim, à política externa ficamos avisados do seguinte: “A política externa será instrumento fundamental para que o governo implante um novo projeto de desenvolvimento nacional, diminuindo a vulnerabilidade do País frente à instabilidade dos mercados globais, agravada pelo crescente protecionismo e garantindo uma presença soberana do Brasil no mundo”.  Excelente como discurso grandiloquente, se não fosse pelo simples pormenor de que a intenção está completamente equivocada. Projeto de desenvolvimento nacional se define internamente, em função de instrumentos e políticas públicas de caráter interno, sendo a externa mera conseqüência daquela que se define no plano doméstico, não o contrário. O PT repete aqui o mesmo cacoete que parece ter atingido o presidente FHC quando este deblatera contra os “capitais voláteis” como fontes de instabilidade econômica e de crises financeiras.
Não parece passar pela cabeça desses senhores, FHC e Lula, que a instabilidade e os “ataques especulativos” não são seres alienígenas que resolvem um belo dia atacar algum país incauto, caindo sobre eles assim como um raio num céu azul de primavera. Não lhes vem à cachola que a instabilidade é um dado da realidade interna do País, não algo externo à ele, que o Brasil não é vulnerável porque os capitais americanos, europeus ou japoneses assim o decidiram, mas porque os fundamentos de sua economia não vão bem das pernas. Se isso não ficar claro, de uma vez por todas, o PT vai continuar disparando bobagens contra a “instabilidade dos mercados globais” e deixar de fazer o dever de casa, que é fortalecer a economia brasileira e torná-la assim menos suscetível de sucumbir aos ataques dos “capitais voláteis”. Os economistas do PT deveriam no entanto saber muito bem que não há capital volátil que resista a uma boa quarentena, ou a um imposto financeiro de 10 ou 15%, o que está inteiramente nas mãos do governo decidir.
Por que o governo brasileiro não o faz? Provavelmente porque não consegue se libertar da “drug addiction” do capital estrangeiro. E por que ele não consegue? Talvez porque tenha um desequilíbrio fundamental nas contas públicas, internas e externas. Essa equação vai ser resolvida externamente? Obviamente que não, daí a razão de porque o PT se equivoca completamente quando pretende atribuir à política externa uma missão que pertence inteiramente à política interna. Por outro lado, construir frases em torno do “crescente protecionismo” e pretender garantir “uma presença soberana do Brasil no mundo” não nos leva a lugar nenhum. Em primeiro lugar porque o protecionismo pode ser uma desculpa, ou no máximo uma explicação (parcial) para os nossos problemas, mas não uma solução. Em segundo lugar, porque soberania não se afirma, sobretudo de modo gratuito, sem definir seus instrumentos, mas ela se pratica, no dia a dia, determinando um IOF contra os “capitais especulativos”, por exemplo. Quinta constatação: o PT não sabe para que serve uma política externa ou quer fazê-la cumprir missões que pertencem ao terreno da política interna. Seu chanceler vai ter de passar por umas aulinhas no Instituto Rio Branco antes de poder se qualificar para o cargo…
Aprofundando no terreno da política externa, ficamos sabendo o que o PT pensa da Alca: “A implementação da Alca nos termos definidos pelo Senado dos Estados Unidos, e tendo em vista as recentes medidas protecionistas adotadas pelo governo daquele país pode representar a desestruturação do sistema produtivo dos países do continente, especialmente do Brasil. Sem o abandono das recentes medidas protecionistas do governo norte-americano, a política de livre comércio fica inviabilizada”. Aqui podemos desde logo começar por uma sexta e importante constatação: o PT é a favor do livre comércio, o que é absolutamente surpreendente conhecendo-se sua trajetória anterior e sua retórica reincidente contra o livre-cambismo.
Mas, os economistas do PT não precisam ficar de modo algum envergonhados com essa afirmação “herética” do programa, pois um brilhante predecessor também era a favor do livre comércio: Karl Marx! Isso mesmo, o velho barbudo, inimigo visceral do capital e dos capitalistas. Quem conhece o seu discurso sobre o livre comércio, pronunciado em reunião da associação de trabalhadores de Bruxelas, em 1847, antes que ele redigisse com Engels o Manifesto do Partido Comunista, sabe do que estou falando. Quem não conhece (e suspeito que são maioria no PT), recomendo ler urgentemente esse “texto fundador”: ali pode-se encontrar argumentos edificantes sobre como conciliar a luta contra o capitalismo e a favor do livre comércio. Nenhum problema de angústia filosófica, portanto, ao promover ao mesmo tempo a construção da Alca e a derrubada do capitalismo no hemisfério. Duas citações de Marx curam o problema existencial.
Agora vejamos os equívocos do resto do programa “alcalino” do PT. Ele recusa a “implementação da Alca nos termos definidos pelo Senado dos Estados Unidos”, mas a menos que o PT pretenda negociar dentro do Senado americano, ele vai mesmo encontrar os burocratas de sempre, do USTR, dos departamentos do Comércio, de Estado ou da Agricultura, nas reuniões do processo negociador hemisférico. As negociações se fazem com base em documentos apresentados pelos países, de demandas de acesso a mercados, de concessão de ofertas de abertura de seus próprios mercados, de definição de normas relativas a políticas de concorrência, propriedade intelectual, fitossanitárias etc. Ou seja, nada está definido nos termos de nenhum país em particular, e será a barganha do “toma lá, dá cá” que permitira definir os “termos” do futuro (e ainda hipotético) acordo da Alca.
Por outro lado, achar que “medidas protecionistas adotadas pelo governo [dos EUA] podem representar a desestruturação do sistema produtivo dos países do continente” representa simplesmente confundir medidas de apoio interno com os resultados de um processo negociador que visa, justamente, desmantelar essas medidas protecionistas e assegurar o acesso ao mercado interno. Sem esse acesso, ou seja, sem o desmantelamento progressivo de barreiras e de fatores distorcivos do comércio, não existe acordo comercial digno desse nome. Creio que isto está bem claro para o governo atual e sua diplomacia, e tem sido repetido à exaustão pelos principais negociadores brasileiros, a começar pelo próprio presidente FHC em Québec. Mas, enfim, tomamos nota de que o PT pretende viabilizar o livre comércio desmantelando as “medidas protecionistas do governo norte-americano”, o que sem dúvida se encaixa na perspectiva da atual política externa. Onde está a novidade nas relações internacionais do PT, então?
Por fim, em relação à reforma da Previdência, a constatação é mais uma vez bem-vinda: “Os poucos menos de 1 milhão de aposentados do setor público, que se retiraram da ativa com salários integrais impõem as cofres públicos um déficit em torno de R$ 40 bilhões.” Mas, o governo atual vinha dizendo isto desde 1995 pelo menos, e pretendia justamente acabar com a iniquidade da desigualdade previdenciária, no que não contou, para dizer o mínimo, com o espírito de colaboração do PT. Será que, com o PT no governo, o PSDB vai se vingar e recusar a aprovação dessa reforma? Cruel dilema…
Última constatação, portanto: o PT é bem vindo ao neoliberalismo econômico e à responsabilidade fiscal. Com um programa tão ortodoxo (corrigido dos poucos equívocos que aqui apontamos), ele está pronto para fazer um grande programa de administração social-democrática do processo de reformas de que necessita o Brasil. Enfim, nada de muito diferente do que vinha tentando fazer a administração FHC, mas essas são as ironias da história.

[Washington, 29/06/2002]

Seguindo as disputas presidenciais: uma analise das eleicoes de 2002 em politica externa

O texto abaixo nunca foi publicado. Como nos aproximamos das eleições presidenciais de 2018, e eu vou continuar fazendo o que sempre fiz a cada escrutínio eleitoral – que é seguir as plataformas de campanha de cada candidato nos temas de política externa e de relações econômicas internacionais do Brasil – decidi ressucitar a análise que fiz naquela época, sem que ela pudesse ter sido divulgada.
Vou retomar o mesmo hábito em direção das eleições de 2018.
Paulo Roberto de Almeida


O PROJETO EXTERNO COMO PROJETO NACIONAL

A política externa na campanha presidencial de 2002


31 de março de 2002

O Brasil prepara-se para atravessar, desde a redemocratização de 1985, o seu quarto escrutínio eleitoral geral envolvendo uma campanha presidencial. Na campanha de 2002 os temas de política externa estarão bem mais presentes do que em 1989, em 1994 ou em 1994.
Nas primeiras eleições livres para presidente, desde a de 1960, o debate eleitoral esteve dominado e dividido entre as promessas miríficas de um demagogo, Collor, e a utopia socialista de um candidato operário, Lula. Em 1989 defrontaram-se duas concepções do mundo: a modernização capitalista proposta por uma cidadão de baixa estatura moral e o distributivismo fácil de um despreparado bem intencionado. Ganhou a promessa de reformas capitalistas, mas o presidente revelou-se a maior fraude política já conhecida na história do Brasil.
Em 1994, quem ganhou não foi um candidato, mas uma promessa de estabilidade econômica. Levou fácil, no primeiro turno, contra a mesmice de todos os demais candidatos, inclusive o símbolo da classe operária, que continuava a apostar na redenção salvacionista do Estado distributivista. Em 1998, repetiu-se o mesmo cenário: o povo continuou a votar pela estabilidade econômica, contra todas as outras promessas mais ou menos demagógicas das quais ele aprendeu a desconfiar.
Em 2002, o cenário é um pouco diferente. A população continua a preferir a estabilidade econômica (contra as promessas salvacionistas e distributivistas do eterno candidato operário, que aliás está bem mais “neoliberal” desta vez), mas ela também quer dois produtos supervalorizados na atual campanha: emprego (ou pelo menos a perspectiva de) e segurança pessoal, contra a violência urbana e a deliquência. Os estrategistas de campanha terão portanto de conciliar as exigências da clientela eleitoral em matéria de emprego e de segurança com as parcas possibilidades de um orçamento engessado, comprometido em alto grau com o pagamento de juros por causa da dívida pública. Que tenham sorte nessa tarefa de Sísifo!
Um tema, porém, deve distinguir-se dos demais na campanha de 2002: o da política externa, pouco presente nos escrutínios anteriores. Por causa do desastre argentino, da crise do Mercosul, dos dilemas da Alca e das demais negociações em curso (com a União Européia e no âmbito da OMC), e agora com a falência da “democracia bolivariana” do caudilho Chavez da Venezuela, a política internacional do Brasil assumirá um papel jamais visto nas campanhas presidenciais brasileiras. Qual deveria ser a postura dos candidatos nesse terreno?
O candidato do PT, como em todos os escrutinios anteriores, saiu na frente de todos os demais. Muito embora ela ainda não tenha um programa oficial, já se sabe o que ele pensa em política externa: ele favorece uma política agrícola subvencionista e protecionista (como a PAC da UE), ele se posicionou a favor da aliança privilegiada do Brasil com outros grandes países da “periferia” (China, Índia, Rússia) e ele ja se declarou contrário à Alca e a favor de um acordo do Mercosul com a UE.
Não é preciso comentar as ilusões e equívocos de Lula em termos de política econômica internacional (revelada, entre outros, pela sua aversão infantil ao FMI e à globalização), mas uma coisa precisa ficar clara: se ele for eleito, a diplomacia brasileira se retirará das negociações da Alca, deixando vaga a cadeira da co-presidência do processo negociador que o Brasil assumirá com os Estados Unidos a partir de novembro. Ou seja, o Brasil abandona um importante foro negociador da liberalização comercial apenas porque a militância petista tem aversão à Alca (mas favorece um acordo de livre comércio com a UE, sem que se saiba a diferença exata entre um e outro) e acha que esse projeto hemisférico é mais de “anexação” do que de integração. Santa ingenuidade!
O candidato do PPS, Ciro Gomes, foi ainda mais rápido do que Lula e já liberou uma primeira versão do seu programa de campanha, na qual recomenda que o Brasil entre nas negociações da Alca “sem pressa e sem medo”, esquecendo (ou ignorando) que as negociações já começaram e não se sabe de nenhum temor paralizando a diplomacia brasileira (sabe-se de dúvidas e incertezas, mas não se detectou ainda esse medo apregoado). Ciro acredita ainda que o Brasil deve fortalecer seu poder de barganha nesse processo negociando simultaneamente com a UE, a China e a Índia, sem que se saiba como, exatamente, a multiplicação de foros de liberalização comercial com esse parceiros (admitindo-se que seja possível, além da UE, onde o processo envolve o Mercosul) possa alterar significativamente o curso do processo hemisférico.
“Never mind”, diria seu mentor intelectual de Harvard, Mangabeira Unger, pois o Brasil “rejeita a idéia de inevitabilidade da Alca” e acha que a “formação de um espaço das Américas transcende os interesses apenas comerciais”. Conforme essa idéia brilhante, a diplomacia brasileira “insistirá em condicionar a integração comercial a políticas igualizadoras seguindo nisso o modelo da UE e não o do Nafta”. Ele quer ainda livre direito de imigração como parte do acordo, assumindo aqui a causa de milhões de latino-americanos que lutam para entrar nos EUA e realizar seu “sonho americano”, ignorando que os uruguaios também podem temer afluxo similar de milhares de brasileiros. Santa ingenuidade!
O candidato do PSDB, Serra, não disse ainda a que veio, mas parece endossar a maior parte das posições de política econômica e de política externa do atual governo: globalização sim, desde que compatível com nossos interesses e possibilidades, Mercosul também, porque afinal é o que temos como bloco comercial, Alca talvez, desde que satisfeitas determinadas exigências em termos de abertura do mercado americano a nossos produtos competitivos. Ou seja, more of the same, com algumas tinturas desenvolvimentistas e dirigistas, com convém a um antigo expoente do pensamento cepalino.
Mas, precisaremos esperar pela divulgação do programa do candidato do PSDB, provavel vencedor nas eleições de outubro, para analisar com mais cuidado suas propostas de política externa. Pelo que se conhece, ele fará diplomacia como Monsieur Jourdain fazia prosa: de forma involuntária, no caso mediante políticas comercial, industrial e tributária, o que pode não ser de todo mau. Como os diplomatas dependem mesmo das tarifas, dos incentivos fiscais e das regras tributárias para saber até onde podem avançar nas negociações comerciais, Serra pode acabar definindo com clareza os limites e possibilidades de nossa política externa nos próximos anos.
A campanha presidencial de 2002 promete ser movimentada e inovadora, e nela os temas de política externa, a começar pela Alca, assumirão uma importância jamais vista em eleições anteriores. Bom sinal, uma vez que demonstra que o Brasil já está plenamente inserido nos “ares do tempo”, a despeito do que pensam os anti-globalizadores de todos as vertentes. Tanto Ciro Gomes como Serra, dois dos principais candidatos, parecem deixar em aberto as possibilidades do Brasil no processo da Alca, cujo destino será mais determinado pela atitude do Congresso americano do que pelo que digam ou façam os diplomatas.
Só o candidato do PT, Lula, tem uma posição fechada sobre a Alca: ele é contra e no máximo admite um plebiscito nacional, a ser organizado pela CUT, pelo MST e pela CNBB, com resultados mais do que previsíveis. Com esse tipo de atitude principista não é preciso ter política externa: basta providenciar meia duzia de porta-vozes e proclamar os velhos preconceitos de sempre contra o “imperialismo americano” e tudo estará resolvido. Pena que o mundo não é tão simples como apregoa a filosofia do PT. A inconsistência desse tipo de posicionamento em política externa também estará em julgamento nas eleições de outubro.

31/03/2002

terça-feira, 30 de maio de 2017

Politica externa e relacoes economicas internacionais do Brasil - IPRI-IPEA, Sexta, 2/06

DOIS CONVITES PARA UMA MESMA SEXTA-FEIRA, DIA 2/06/2017
 
 
Relacões econômicas internacionais do Brasil, de Bretton Woods aos nossos dias
Ministro Paulo Roberto de Almeida (IPRI-Funag/MRE)
 
A DINTE/ IPEA  e o IPRI/ FUNAG/ITAMARATY realizarão no dia 2  de junho seu primeiro Seminário Conjunto.
A iniciativa faz parte do programa de trabalho do Acordo de Cooperação IPEA/MRE.
O Seminário constará de apresentação de paper do Ministro Paulo Roberto de Almeida.
O tema será “ A Economia Política das Relações Econômicas Internacionais do Brasil: paradigmas e realidades de Bretton Woods à atualidade”.
O Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (IPRI) é o órgão de pesquisa da  FUNAG do ITAMARATY.

Local . Auditório do 11 o andar do IPEA. 10 hs. Dia 2 de junho de 2017.

 ====================
 
 
A política externa brasileira no contexto internacional, 1987-2017
Embaixador Sérgio Florêncio (IPEA)
 
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) abrem inscrições para a palestra-debate “A política externa brasileira no contexto internacional, 1987-2017”, com o embaixador Sergio Florêncio (IPEA). O evento será realizado em 02 de junho, esta sexta-feira, às 15h, no auditório Paulo Nogueira Batista, anexo II, do Palácio Itamaraty.
As vagas são limitadas e será disponibilizado certificado de participação. Inscreva-se!

Sobre o palestrante
Sergio Augusto de Abreu e Lima Florêncio Sobrinho
Atualmente é diretor de estudos e relações econômicas e políticas internacionais do IPEA. Mestre em Economia - University of Ottawa (1977). Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1968). Graduado no Curso de Preparação à Carreira de Diplomata pelo Instituto Rio Branco (1970). Vasta experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Internacional, desenvolvimento econômico e Relações Internacionais. Ministro de primeira classe do Itamaraty, e desde 1971 desempenhou inúmeras missões diplomáticas, destacando-se como Embaixador do Brasil junto aos Estados Unidos Mexicanos (México) em 2008; Embaixador Alterno na delegação brasileira permanente em Genebra-Suíca, em 2006; e Embaixador do Brasil junto à República do Equador, em 2002.

Serviço:
Tema: A política externa brasileira no contexto internacional, 1987-2017
Palestrante: Sergio Florêncio
Local: Auditório Paulo Nogueira Batista, Palácio Itamaraty, Anexo II, Brasília – DF
Data: 02 de junho de 2017, às 15h

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Livros: preparando a redacao de ensaio sobre as relacoes economicas internacionais no entre-guerras

Com vistas a retomar a redação do segundo volume de minha série de três sobre a diplomacia econômica do Brasil, desta vez cobrindo a República até Bretton Woods, ando comprando livros, de preferência antigos, mas também podem ser recentes, desde que tratando da situação econômica mundial no período entre-guerras, já que esse segundo volume -- provisoriamente intitulado "A Ordem Internacional e o Progresso da Nação: as relações internacionais na era republicana".
Estes são os mais recentes que acabo de encomendar no site do Abebooks.com, que recomendo...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 26 de maio de 2013

Brasil-Argentina: uma análise equilibrada por um conhecedor - Dante Sica


Dez anos de kirchnerismo e a relação com o Brasil

26 de maio de 2013 | 2h 06
DANTE SICA - O Estado de S.Paulo
As administrações kirchneristas completaram dez anos de governo ininterrupto, período que a presidente Cristina Kirchner chamou de "década ganha" (em contraste com a chamada "década perdida" dos anos 80), com certo fundamento se a análise se restringir a comparar pontas do ciclo. Mas considerar estes últimos anos como um todo e como um único esquema de política econômica é, a nosso ver, um erro. Porque, de acordo com nosso diagnóstico, ele é composto por três etapas, não uma só. Uma diferença que não é irrelevante, já que os resultados a que se chega seguindo esse caminho abrem um leque de dúvidas quanto aos benefícios da década.
A primeira etapa é a da abundância, caracterizada por alto crescimento num ambiente de baixa inflação, em que a economia mostrava fortalezas macroeconômicas inéditas. Isso se traduziu rapidamente em melhoria dos indicadores sociais, acompanhada por uma política agressiva das autoridades nacionais nesse campo. Nessa etapa, soube-se aproveitar o vento de popa externo que favoreceu toda a região. A isso se somou um ponto de partida pós-crise de 2001-02 muito favorável, com recursos produtivos ociosos e um câmbio real muito elevado, o que possibilitou um crescimento a taxas inéditas sem se chocar com as restrições fiscais e externas, evitando repetir a história das décadas anteriores. Porém, lamentavelmente, durante esse período se falhou em assentar as bases para sustentar o crescimento.
Isso deu passagem a nova etapa, na qual, em vez de melhorar e mudar essas questões, se tentou remendar as falhas da anterior. Uma etapa em que ficou de lado a abundância, as restrições fiscal e externa começaram a operar em maior ou menor medida e, portanto, os graus de liberdade da política econômica se reduziram. Assim, em meio a uma volatilidade mais acentuada associada a essas margens menores e a um contexto externo conturbado, a economia mostrou maior heterogeneidade em termos de crescimento, com tendência à desaceleração e uma característica que distinguiu essa fase: inflação ascendente até se estabilizar em níveis elevados.
Esse período terminou em 2011. Nesse ano todos os remendos nas inconsistências vindas da etapa anterior se mostraram insuficientes para conter as pressões de todo lado sobre a política econômica, forçando uma mudança de regime. Isto é, não só modificações sobre uma mesma base de política econômica, mas uma mudança total das regras do jogo. Isso abriu nova etapa, a da escassez.
Esse período apagou o crescimento. O investimento despencou e a economia parou de gerar postos de trabalho no setor privado. A economia voltou assim a entrar em cheio, definitivamente, nos ciclos stop-and-go que a caracterizaram em todo o pós-guerra, com uma sucessão de recessões e expansões no marco da inflação alta, embora com uma diferença não desprezível: o contexto internacional, representado pelo preço da soja em torno de US$ 500 a tonelada, e uma pressão fiscal inédita, com uma arrecadação que subiu 10% do PIB em todos esses anos. Num cenário com essas características, é praticamente inexplicável que haja falta de dólares e problemas fiscais. Só o mau desempenho das autoridades pode explicar isso.
Uma década de relação oscilante com o Brasil - A relação com o Brasil foi sempre um reflexo dessas etapas por que transitou a economia argentina nas administrações kirchneristas. Os primeiros anos se caracterizaram por forte aumento das importações do sócio principal, o que deteriorou rapidamente o saldo comercial bilateral. Mas também foi marcada por intensa chegada de investimentos brasileiros, que vieram substituir os de países desenvolvidos. Decisões de investimento que foram enquadradas numa estratégia de internacionalização de empresas do país vizinho, na qual o mercado argentino desempenha papel importante.
Mas no contexto de aumento incessante das importações vindas do Brasil começaram a se fazer ouvir vozes reclamando regulamentações do comércio que protegessem a produção argentina, sobretudo no setor industrial, situação que se agravou com a crise internacional. Assim se intensificaram os primeiros acordos sobre cotas para diversos produtos sensíveis.
Esse panorama se agravou ainda mais já bem entrada a terceira etapa. A necessidade de sustentar o superávit comercial como única ferramenta de geração genuína de divisas na economia obrigou a Argentina a implementar restrições amplas e universais à importação de todo tipo de produtos. O objetivo foi reduzir os déficits comerciais mais significativos em nível setorial, alcançando vários itens de que o Brasil é um dos principais provedores, o que endureceu as posições. Em especial porque a redução das importações oriundas do Brasil muitas vezes não foi compensada por maior produção argentina, mas por um aumento simultâneo da entrada de produtos de outras origens.
Esse cenário piora se somarmos a análise dos maus sinais provenientes do lado do investimento, que têm muito que ver com esse clima negativo em matéria comercial, mas também com a crescente incerteza para fazer negócios na Argentina. O caso Vale, incluindo a forma como se tratou a situação em ambos os países, parece ser a gota d'água do velho formato em que se baseou a relação bilateral (ainda que por trás da decisão da empresa mineradora haja questões próprias de seu negócio), abrindo a porta para um novo cenário que terá de se definir em algum momento próximo.
Assim, a relação bilateral parece estar passando por um equilíbrio muito precário. No entanto, o vínculo histórico e estratégico que nos liga permitirá superar esta e qualquer outra contingência. A vontade política e a vocação de integração nos dois países sempre foram suficientes para resolver as questões em aberto. Mas as tarefas pendentes terão de seguir esperando um momento mais oportuno.
DANTE SICA É ECONOMISTA, DIRETOR DA CONSULTORIA ABECEB.COM, FOI SECRETÁRIO DE INDÚSTRIA DA ARGENTINA 

domingo, 17 de março de 2013

Economia das relacoes internacionais em falta na Unesp: alunos reclamam

Se fosse uma simples questão de adquirir conhecimentos eu poderia recomendar meus livros, que cobrem tanto a economia das relações internacionais, como as relações econômicas internacionais e a diplomacia econômica do Brasil. O problema para os alunos do curso de RI da Unesp-Franca é que eles precisam da matéria dada por um professor, que nem sempre virá no momento mais adequado para permitir sua formação.
Aí está o protesto.
Paulo Roberto de Almeida 

Alunos da Unesp reclamam de falta de professor e temem não se formar

Estudantes de Relações Internacionais de Franca fizeram uma petição.
Coordenação do curso diz que fará concurso e nega prejuízo a alunos.

Rodolfo Tiengo Do G1 Ribeirão e Franca, 14/03/2013 15h26
Alunos da Unesp em Franca reclamam de falta de professor em curso de Relações Internacionais (Foto: Eliana Assumpção/Divulgação Unesp)Alunos da Unesp reclamam de falta de professor (Foto: Eliana Assumpção/Divulgação Unesp)
Alunos da Unesp de Franca (SP) dizem ter medo de não se formar neste ano em razão da ausência de um professor para lecionar duas disciplinas. Cem estudantes do quarto ano de Relações Internacionais alegam que a universidade se negou a contratar um docente para os módulos de economia política internacional e relações comerciais internacionais. Eles fizeram uma petição e entregaram à direção da universidade. A coordenação do curso informou que a abertura de um concurso público já foi confirmada e que os estudantes não terão problemas para se graduar. A reitoria da Unesp, em São Paulo (SP), alegou que o problema está sendo resolvido.
De acordo com os estudantes, a contratação do professor é requerida pelo campus de Franca desde que entrou em vigor, por meio da resolução nº 20, o novo projeto pedagógico do curso – que prevê a inclusão das disciplinas como obrigatórias - e que têm carga total de 120 horas. Como a solicitação não foi atendida, os alunos ingressantes na universidade em 2010 – para os quais a nova resolução já era válida - não tiveram as aulas de economia política programadas para serem dadas no terceiro ano e correm o risco de não ter as de relações comerciais, que segundo a grade curricular estão previstas para o segundo semestre deste ano.
“É frustrante. Muitos tentarão arrumar emprego e não conseguirão. Quero tentar o mestrado, mas não poderei prestar”, disse Kaique Rodrigues Dantas de Carvalho, de 21 anos, estudante do quarto ano de Relações Internacionais da Unesp, um dos autores da petição que foi elaborada no final de fevereiro e disponibilizada pela internet para recolhimento de assinaturas.
A falta do professor afetará também os estudantes do terceiro ano, disse Carvalho. “O tempo de contratação de um professor demora de um ano a um ano e meio. Se esse concurso não for aberto agora, as pessoas do terceiro ano terão o mesmo problema.”
De acordo com estudante, o documento foi entregue à direção da Unesp em Franca e à reitoria, em São Paulo, como última tentativa de resolver a questão e de ter direito às aulas . Caso isso não aconteça, os universitários pretendem entrar na Justiça.
Unesp
Em nota, a reitoria da Unesp em São Paulo comunicou que o assunto tem sido encaminhado com a Unesp de Franca desde 2012 e a expectativa é de que o problema seja solucionado neste semestre. A universidade nega que a falta do professor resulte na não conclusão do curso pelos alunos. “Não há nenhuma possibilidade de que os alunos do curso de Relações Internacionais sejam prejudicados, inclusive em relação a não concluírem a sua graduação”, informou.
O coordenador do curso de Relações Internacionais em Franca, professor Marcelo Passini Mariano, disse que recebeu ainda na quarta-feira (13) a confirmação de que a universidade abrirá concurso público para um professor efetivo e um substituto para lecionar as disciplinas e que estas serão facilmente encaixadas na grade de aulas dos alunos do quarto ano ainda em 2013. “Já está tudo correto, tem concurso aprovado. (...) O projeto pedagógico tem flexibilidade, são disciplinas que poderiam ser dadas tanto no quarto quanto no terceiro ano”, disse.
Contatada pelo G1, a assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, à qual a Unesp é ligada, disse que a universidade tem autonomia para esclarecer dúvidas sobre sua grade curricular. A reportagem também procurou a direção da Unesp em Franca, que não retornou nossa solicitação até a publicação desta reportagem.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Seminario de relacoes economicas internacionais no Itamaraty

Recebido da Funag-MRE:


Com o intuito de dar seguimento à reflexão sobre a conjuntura e as tendências das relações econômicas internacionais e os desafios e oportunidades que se apresentam ao Brasil, e com base nas pesquisas e trabalhos conduzidos em 2011 em algumas das principais instituições de pesquisa brasileiras, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), tem o prazer de convidar Vossa Senhoria para o “IV Seminário sobre Pesquisas em Relações Econômicas Internacionais” (vide programa no corpo de e-mail), que será realizado nos dias 28 de março (das 14 às 18h00 horas) e 29 de março (das 9h30 às 13h00) de 2012, na Sala San Tiago Dantas, do Palácio Itamaraty, em Brasília.    
As inscrições serão gratuitas, mas a participação se dará sem custos para o Ministério das Relações Exteriores. Caso tenha interesse em participar, agradeceríamos enviar, até 16 de março de 2012, para tiago.nunes@itamaraty.gov.br, com cópia para aurelio.avelino@itamaraty.gov.br, nome completo, cargo, instituição, e-mail e telefones para contato.

Programação:
IV Seminário sobre Pesquisas em Relações Econômicas Internacionais
Data: 28 e 29 de março de 2012
Local: Sala San Tiago Dantas, Palácio Itamaraty, Brasília – DF
Organização: DEC/FUNAG

Programa
28/03/12 – Tarde
14h00 – 14h30 – Credenciamento
14h30 – 15h00 – Abertura
15h00 – 16h25 – Painel I: China
- A Concorrência de Produtos Brasileiros e Chineses em Terceiros Mercados
Autora/Palestrante: Lia Valls Pereira (FGV-RJ)

- Relações Comerciais entre o Brasil e a China: a Concorrência em Terceiros Mercados e os Desafios para a Indústria Brasileira
Autores/Palestrantes: Ariane Danielle Baraúna da Silva e Álvaro Barrantes Hidalgo (UFPE)

- O Intercâmbio Comercial Brasil-China: o Caso das Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste
Autores: Paulo Ricardo Feistel (UFSM), Álvaro Barrantes Hidalgo (UFPE) e Uacauan Bonilha (UFSM)
Palestrante: Paulo Ricardo Feistel (UFSM)

- Discussão/Debate
16h25 – 16h40 – “Coffee Break”

16h40 – 18h05 – Painel II: África e BRICS
- A África na Agenda Econômica do Brasil: Comércio, Investimentos e Cooperação.
Autores: Pesquisadores do CINDES
Palestrante: Pedro da Motta Veiga (CINDES)

- O Papel das Instituições Formais e Informais para o Crescimento Econômico: Brasil, Rússia, Índia e China em Perspectiva Comparada
Autores: José Alexandre Ferreira e Thales Castro (UNICAP)
Palestrante: José Alexandre Ferreira (UNICAP)

- Análise das Relações Bilaterais entre o Brasil e a Índia pós-Década de 1990
Autores/Palestrantes: Jacqueline A. H. Haffner (UFRGS) e Marcel Jaroski Barbosa (ULBRA)
-Discussão/Debate

29/03/12 – Manhã
09h30 – 10h55 - Painel III: Estudos sobre Exportações Brasileiras e MERCOSUL
- Estimativas dos Índices de Restritividade das Exportações Brasileiras de Manufaturados
Autores: Honório Kume e Guida Piani (IPEA)
Palestrante: Honório Kume (IPEA)

- Análise da Comercialização do Óleo Essencial de Tangerina: um Enfoque das Relações Comerciais entre Brasil e Europa
Autores: Andrea Cristina Doerr, Rúbia Strassburger, Aline Zulian, Jaqueline Carla Guse, Maykell Leite da Costa (UFSM)
Palestrante: Andrea Cristina Doerr (UFSM)

- O Âmbito Político-Institucional do MERCOSUL: a Política Externa Brasileira e o Desenvolvimento Institucional do Bloco
Autores/Palestrantes: Luiz Augusto E. Faria e Giulia R. Barão (UFRGS)
- Discussão/Debate

10h55 – 11h10 – “Coffee Break”

11h10 – 13h00 - Painel IV: EUA, NAFTA e G-20 
- Hegemonia em Tempos de Crise: Lições da Reação dos EUA às Crises e Contestações dos Anos 1970
Autores/Palestrantes: Filipe Almeida do Prado Mendonça e Carlos Eduardo Carvalho (UNESP, UNICAMP, PUC-SP)

- A Crise Financeira dos EUA e suas Prováveis Repercussões na Economia Global e na América Latina: uma Abordagem pós-Minskyana  
Autor/Palestrante: David Ferreira Carvalho (UFPA)
Participação: Flávio Augusto Sidrim Nassar (UFPA)  

- O NAFTA e as Assimetrias: o Caso do México
Autores: Luiz M. de Niemeyer e Mayla Pereira da Costa (PUC-SP) 
Palestrante: Luiz M. de Niemeyer (PUC-SP)

- Estimando o Desalinhamento Cambial para o G-20 e em Alguns Países Selecionados utilizando Análise baseada em Fundamentos
Autor/Palestrante: Emerson Marçal (EESP-FGV)

-Discussão/Debate

13h00 – Encerramento