O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador reservas internacionais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reservas internacionais. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de maio de 2021

US Dollar Share of Global Foreign Exchange Reserves Drops to 25-Year Low - Serkan Arslanalp and Chima Simpson-Bell (FMI)

 US Dollar Share of Global Foreign Exchange Reserves Drops to 25-Year Low

By Serkan Arslanalp and Chima Simpson-Bell

The share of US dollar reserves held by central banks fell to 59 percent—its lowest level in 25 years—during the fourth quarter of 2020, according to the IMF’s Currency Composition of Official Foreign Exchange Reserves (COFER) survey. Some analysts say this partly reflects the declining role of the US dollar in the global economy, in the face of competition from other currencies used by central banks for international transactions. If the shifts in central bank reserves are large enough, they can affect currency and bond markets.

Our Chart of the Week looks at the recent data release from a longer-term perspective. It shows that the share of US dollar assets in central bank reserves dropped by 12 percentage points—from 71 to 59 percent—since the euro was launched in 1999 (top panel), although with notable fluctuations in between (blue line). Meanwhile, the share of the euro has fluctuated around 20 percent, while the share of other currencies including the Australian dollar, Canadian dollar, and Chinese renminbi climbed to 9 percent in the fourth quarter (green line).

chart

 

Exchange rate fluctuations can have a major impact on the currency composition of central bank reserve portfolios. Changes in the relative values of different government securities can also have an impact, although this effect would tend to be smaller since major currency bond yields usually move together. During periods of US dollar weakness against major currencies, the US dollar’s share of global reserves generally declines since the US dollar value of reserves denominated in other currencies increases (and vice versa in times of US dollar strength). In turn, US dollar exchange rates can be influenced by several factors, including diverging economic paths between the United States and other economies, differences in monetary and fiscal policies, as well as foreign exchange sales and purchases by central banks.

The bottom panel shows that the value of the US dollar against major currencies (black line) has remained broadly unchanged over the past two decades. However, there have been significant fluctuations in the interim, which can explain about 80 percent of the short-term (quarterly) variance in the US dollar’s share of global reserves since 1999. The remaining 20 percent of the short-term variance can be explained mainly by active buying and selling decisions of central banks to support their own currencies.

Turning to this past year, once we account for the impact of exchange rate movements (orange line), we see that the US dollar’s share in reserves held broadly steady. However, taking a longer view, the fact that the value of the US dollar has been broadly unchanged, while the US dollar’s share of global reserves has declined, indicates that central banks have indeed been shifting gradually away from the US dollar.

Some expect that the US dollar’s share of global reserves will continue to fall as emerging market and developing economy central banks seek further diversification of the currency composition of their reserves. A few countries, such as Russia, have already announced their intention to do so.

Despite major structural shifts in the international monetary system over the past six decades, the US dollar remains the dominant international reserve currency. As our Chart of the Week shows, any changes to the US dollar’s status are likely to emerge in the long run.

Serkan Arslanalp is Deputy Division Chief in the Balance of Payments Division of the IMF’s Statistics Department. 

Chima Simpson-Bell is an Economist in the IMF’s Statistics Department.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Reservas internacionais do Brasil: qual o melhor uso? (jornais)

Matérias da imprensa nesta quarta-feira, 31/10/2018:

O Estado de S. Paulo – Guedes e as reservas / Coluna / Monica de Bolle


Em junho deste ano escrevi nesse espaço artigo intitulado “Reservas, para que te quero”. Tratava do volume de nossas reservas internacionais e de propostas sobre como utilizá-las caso houvesse julgamento de que estavam em patamar além do considerado “adequado”. O FMI tem uma metodologia para calcular o nível adequado de reservas para cada país, levando em conta diversas variáveis, inclusive os juros internacionais e o ambiente para os mercados emergentes. De acordo com as contas mais recentes, aponta o Fundo que o nível das reservas brasileiras está cerca de 1,6 vez mais elevado do que o patamar que o FMI consideraria adequado. Isso significa que já podemos começar a usar os US$ 140 bilhões para alcançar algum objetivo?

Na época em que escrevi o artigo supracitado, argumentei que as reservas poderiam ser usadas para recomprar uma parte da dívida brasileira, o que ajudaria a reduzir seu custo de carregamento. Contudo, alertei que tal medida não poderia ser feita de forma isolada: importante seria pensar no uso das reservas para esse propósito como um dos elementos de uma agenda mais ampla de ajustes que incluísse as medidas fiscais cabíveis para reduzir o déficit público e as reformas que não podem mais esperar, como a da Previdência. Evidentemente, sair vendendo reservas antes de consertar os graves problemas fiscais que tem o Brasil seria medida absolutamente inconsequente, sobretudo tendo em vista o ambiente externo menos favorável para mercados emergentes e a crise que se abateu sobre a vizinha Argentina.

Por que se fala em um nível adequado de reservas? A razão é que há um cálculo de custo-benefício para mantê-las: de um lado, volumes maiores de reservas servem como um seguro contra crises externas e episódios de extrema turbulência nos mercados internacionais. De outro, quanto mais reservas tem um país, maior o custo de carregá-las – isso porque, para que sirvam como um seguro em momentos de fortes oscilações externas, é preciso investi-las em ativos de alta liquidez, que naturalmente têm taxas de rendimentos menores. A alternativa seria investir esses recursos em ativos com taxas de retorno mais elevadas, porém abrindo mão da possibilidade de usálos em qualquer momento, isto é, da liquidez.

Há diversos estudos interessantes sobre o nível adequado das reservas internacionais. Em um deles (Kim e Lee, 2017, Asymmetric Stabilizing Impact of International Reserves), os autores mostram como muda o nível adequado em função do ambiente interno e externo.

Durante períodos de calmaria, o patamar adequado poderia ser menor, pois predomina o impacto do custo de carregar reservas sobre o benefício de tê-las. Em momentos de turbulência, seja externa ou interna, predomina o efeito do benefício – o seguro – sobre o custo potencial de carregar mais reservas. O Brasil não enfrenta calmaria alguma, por mais que tenham reagido bem os mercados à eleição de Jair Bolsonaro. Ainda temos um ambiente de instabilidade política interna, um presidente eleito que pouca clareza deu aos seus planos econômicos, e uma equipe econômica que não parece ainda estar falando com uma só voz.

Desde domingo, por exemplo, proliferaram informações contraditórias sobre o posicionamento de diferentes membros do círculo íntimo de Bolsonaro sobre a reforma da Previdência. Além disso, o ambiente externo exige cautela, não apenas por causa das dúvidas sobre os efeitos da guerra comercial

Surgem as consequências de uma campanha sem qualquer discussão sobre a agenda de medidas e reformas

entre China e Estados Unidos, como também em razão da maior desconfiança de investidores estrangeiros em relação aos países emergentes, haja vista a situação da Argentina e da Turquia. Some-se a isso o quadro de elevação das taxas de juros nos EUA e a falta de clareza sobre o ajuste fiscal brasileiro e o que temos é um ambiente em que qualquer discussão sobre o uso das reservas deveria estar, no mínimo, postergada.

Contudo, noticiou o jornal Valor Econômico que Paulo Guedes e sua equipe flertam abertamente com a ideia de usar as reservas para reduzir os juros da dívida sem que exista qualquer condição de fazer isso agora. Estão aí as primeiras consequências de termos passado por campanha inteira sem nenhuma discussão sobre a agenda de medidas e reformas econômicas para o País. O resultado disso é muito ruído e pouco sinal em uma economia que exige clareza para se reerguer, evitar uma crise mais profunda, e dar algum consolo aos cerca de 13 milhões de desempregados.

ECONOMISTA, PESQUISADORA DO PETERSON INSTITUTE FOR INTERNATIONAL ECONOMICS E PROFESSORA DA SAIS/JOHNS HOPKINS UNIVERSITY

Valor Econômico – Guedes usaria reserva em caso de ataque à moeda


Por Cristiane Agostine | Do Rio

Futuro ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PSL), o economista Paulo Guedes disse ontem que o governo poderia vender hipoteticamente US$ 100 bilhões das reservas internacionais, aproveitando para, com isso, reduzir a dívida interna. "Se [o dólar] chegar a R$ 4,20, R$ 4,30, R$ 5, vai ser muito interessante, porque vamos vender US$ 100 bilhões de reservas, que são R$ 500 bilhões", afirmou o economista, ressaltando a importância de um "regime fiscal robusto" para se adotar essa estratégia. Isso permitiria ao país ter um volume menor de reservas - hoje, elas estão na casa de US$ 380 bilhões, e têm um custo fiscal elevado.

"Se houver especulação e jogarem o dólar para cima, não tem problema nenhum, não temos receio nenhum", reiterou Guedes, por diversas vezes, em entrevista ontem no Rio. "Pode vir, pode especular contra, não tem problema nenhum", repetiu. "Se tiver crise e botarem o dólar lá em cima, a R$ 4, R$ 5, será ótimo. Quem quiser dólar nós vamos vender e depois vamos reduzir a dívida interna."

Guedes deu essas declarações ao comentar a manchete do Valor de ontem, que relata que ele havia proposto a redução das reservas em discussões internas com a equipe que elabora o plano econômico de Bolsonaro. O futuro ministro da Economia disse que o tema surgiu quando o dólar bateu em R$ 4,10, há cerca de um mês, e acrescentou a informação de que falou num valor de US$ 100 bilhões.

Em entrevista a jornalistas, Guedes deu ontem mais detalhes sobre o assunto. "Eu comentei com o time [que elabora as propostas econômicas para Bolsonaro]: É interessante como faz falta o ajuste fiscal. Quando existe um regime fisal robusto, não existe essa necessidade de carregar tantas reservas, porque isso é um seguro muito caro", afirmou ele. "Quando entra dinheiro de fora, você acumula reservas e emite reais. Depois você emite dívida interna para esterilizar esse dinheiro que entrou de fora." O volume elevado de reservas e o baixo déficit em conta corrente são fatores que reduzem a vulnerabilidade da economia brasileira, num momento em que a situação das contas públicas é delicada.

Segundo Guedes, a venda de reservas seria feita apenas em um cenário de crise. "O dólar está a R$ 3,60. Para que vou vender dólar? Para derrubar exportação? Para empurrar para baixo?", disse ele, ao chegar à casa do empresário Paulo Marinho, no Rio. De acordo com ele, não haverá meta para câmbio.

"Se houver uma crise especulativa, não tem problema nenhum. Isso vai acelerar o ajuste fiscal", disse Guedes. Ele enfatizou que, se o dólar chegar a R$ 5 e forem vendidos US$ 100 bilhões das reservas, isso equivale a R$ 500 bilhões, que seriam usados para abater a dívida interna. "Eu vendo as reservas, reduzo a dívida de R$ 3,5 trilhões para R$ 3 trilhões e depois sigo a vida. Isso já é um ajuste fiscal em si. Isso já me economiza", afirmou Guedes, que tem como um de seus objetivos principais reduzir o endividamento público e, com isso, diminuir os gastos com juros.

"Qualquer economista bem preparado conhece o que nós chamamos de política de esterilização. Há um ataque cambial, você reduz um pouco as reservas e esteriliza esse efeito recomprando a dívida interna", disse Guedes aos jornalistas.

O futuro ministro afirmou ainda que o próximo governo vai aprovar um projeto que garanta autonomia ao Banco Central, com mandatos não coincidentes com o de presidente da República. De acordo com ele, a permanência de Ilan Goldfajn no BC seria natural. No entanto, disse que ainda não conversou com o atual presidente do BC. Guedes ressaltou que não quer falar com alguém que não tenha o desejo de ficar. "A motivação é fundamental." Guedes citou ainda que Ilan assumiu o cargo "por acidente".

"Ilan ficou dois anos com Temer. O desenvolvimento natural qual seria? Eu defendo há 30 anos um BC independente. O Ilan tem uma proposta de BC independente. O que seria a coisa mais natural do mundo? Eu dar um abraço no Ilan e falar que defendo há 30 anos BC independente. Ele falaria que tem um projeto de BC independente. A gente vai junto, aprova o projeto, você ficou dois anos e ficaria mais dois anos", afirmou ele. De acordo com Guedes, essa eventual permanência do presidente do BC teria que ser combinada com a equipe de Bolsonaro e com Ilan.

Guedes destacou a relevância do projeto de independência do BC para eliminar as incertezas em relação à autoridade monetária em época de eleição. Com mandatos não coincidentes para a diretoria do BC, essa fonte de indefinição seria eliminada.

Ao comentar a ideia de vender reservas para abater a dívida pública, o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, diz que qualquer mudança a respeito precisa ser feita com muito cuidado. "Teoricamente faz sentido, mas é necessário avaliar o risco macroeconômico", afirma Salto, ressaltando a importância de o governo se concentrar em medidas para melhorar o resultado primário (que não inclui gastos com juros), com prioridade para o controle das despesas. É preciso avaliar com muita cautela o impacto que a medida teria sobre o câmbio, diz ele. A venda de um volume muito expressivo de reservas pode causar uma valorização muito rápida do real, ao colocar "uma montanha de dólares na economia", diz Salto.

Há um ganho fiscal, que se daria com a redução das operações compromissadas, pelas quais o BC vende no mercado títulos do Tesouro com o compromisso de recomprá-los depois de um prazo determinado, afirma Salto. Elas fazem parte da dívida bruta, tendo um prazo médio inferior a 30 dias. O fundamental, segundo ele, é avançar na melhora estrutural das contas públicas. Uma eventual venda das reservas para reduzir a dívida deve ser muito cuidadosa, sendo "precedida ou acompanhada" por mudanças no gasto primário, diz Salto. (Colaborou Sergio Lamucci, de São Paulo)

Valor Econômico – Mercado mostra dúvidas sobre a venda de reservas


Por Cristiane Agostine, Estevão Taiar, Lucinda Pinto, Lucas Hirata, Silvia Rosa e Ribamar Oliveira | Do Rio

A ideia do governo Jair Bolsonaro de vender parte das reservas internacionais para reduzir a dívida pública, antecipada ontem pelo Valor, provocou discussões no mercado financeiro. O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou que a venda de reservas, hoje em US$ 380 bilhões, será feita apenas em um cenário de crise especulativa sobre o câmbio no país. "Se botarem o dólar lá em cima, a R$ 4 ou R$ 5, será ótimo. Vamos reduzir dramaticamente a dívida interna". Segundo ele, seria possível vender US$ 100 bilhões com o dólar a R$ 5, o que reduziria a dívida interna em R$ 500 bilhões.

Cândido Bracher, presidente do Itaú, disse que a ideia é interessante, porque teria impacto fiscal positivo. Mas sugeriu que a venda teria de ser gradual. Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, tem a mesma opinião, com a ressalva de que antes de vender reservas é preciso aprovar as reformas e "mostrar uma trajetória de sustentabilidade fiscal". Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, lembrou que essa discussão não é muito relevante no momento, porque as reservas representam "um seguro" para o país, cujo custo diminuiu em função da redução da diferença entre o juro brasileiro e o americano. Para Luis Costa, do Citi em Londres, o ideal seria reduzir reservas apenas depois de o Banco Central zerar o estoque de swaps cambiais, hoje em US$ 68,8 bilhões.

Há no mercado relativo consenso sobre o excesso de reservas no momento, em razão do custo fiscal que elas impõem. Mas entende-se que sua redução seria arriscada, porque poderia piorar a percepção de risco do investidor em relação ao país. Argumenta-se, também, que vender reservas num momento de ataque especulativo, com o dólar em disparada, seria o mesmo que "discutir o seguro quando a casa estiver pegando fogo".

As explicações de Guedes também deixaram duas perguntas no ar: haverá no novo governo um teto para o câmbio? Qual seria essa cotação?

domingo, 17 de janeiro de 2016

Perdas cambiais e prejuizos do BC com os swaps cambiais -- Alexandro Martello (G1)


BC tem perda de quase R$ 90 bilhões com intervenções no câmbio em 2015
Alexandro Martello
G1, em Brasília, 6/01/2016

Disparada do dólar em 2015 motivou maior perda anual desde 2003.
Porém, ganho líquido com valorização de reservas foi de R$ 259 bilhões.

No ano passado, houve a maior perda anual com essas operações da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões).
De forma geral, o BC registra lucro com esses contratos quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe. Em todo ano passado, a moeda norte-americana subiu 48,49% sobre o real, no que foi o maior avanço anual em 13 anos.

Avaliação do BC
Nos últimos meses do ano passado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou no Congresso Nacional que, por outro lado, a alta do dólar valoriza as reservas internacionais. Esse valor, segundo ele, supera as perdas com os swaps cambiais.
Em 2015, o BC informou que o ganho líquido com a valorização das reservas internacionais brasileiras, que é calculado pela sua rentabilidade (com a alta do dólar, as reservas em reais também ficam maiores) menos o custo de captação, foi de R$ 259,97 bilhões.
Ainda de acordo com o BC, a valorização das reservas, entretanto, não tem impacto no chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública), assim como não tem efeito no déficit nominal do setor público, mas incorporam o balanço do Banco Central. Os valores são exclusivamente utilizados para abater a dívida pública.
Tombini também afirmou, no ano passado, que o BC "nunca falou em segurar taxa de câmbio". "Falou em segurar volatilidade, permitir que os mercados funcionassem. Hoje temos um mercado de futuros que é bastante líquido. Ali estava a pressão", declarou Tombini naquele momento.

No fim de setembro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que as operações de swap têm proposito de oferecer "hedge" (proteção) ao setor privado contra a alta do dólar.
"É uma proteção contra a flutuação do câmbio, que funciona bem em termos de ajuste das contas externas e as operações conferem proteção aos agentes privados. Isso significa que as empresas que têm dívida, compromissos em moeda estrangeira, podem se proteger com o swap. Isso atenua os impactos sobre o setor produtivo sobre a renda, sobre a produção, sobre o emprego, sobre a arrecadação", declarou ele na ocasião.

Swaps impactam indicadores fiscais
Por outro lado, os prejuízos do Banco Central com os contratos de "swaps cambiais" são incorporados às despesas com juros da dívida pública e ajudam a impulsionar o déficit nominal – que somou 9,3% do PIB em 12 meses até novembro. Esse conceito é acompanhado pelas agências de classificação de risco.
Os contratos de "swap" também ajudam a impulsionar a dívida do setor público. No caso da dívida bruta, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais) – conceito também acompanhado pelas agências de classificação de risco – o endividamento brasileiro subiu em setembro. No fim de novembro, estava em 65,1% do PIB (R$ 3,84 trilhões).
Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 70% do PIB no futuro. O próprio Banco Central admitiu na semana passada que, considerando as previsões de mercado para PIB, câmbio, juros básicos da economia e inflação em 2016, além de um déficit primário de 1% do PIB (estimado pelos analistas para 2016), a dívida bruta somaria 71,5% do PIB no fim deste ano.
Com a piora dos indicadores, entre eles aqueles relacionados com as contas públicas, o Brasil já perdeu o grau de investimento por duas das três maiores agências de classificação de risco no ano passado. No início de setembro, a Standard & Poors tirou o grau de investimento do país. Em dezembro, a Fitch anunciou o rebaixamento da nota brasileira para grau especulativo. Com isso, alguns fundos de pensão, por conta de suas regras, têm de retirar investimentos do país.
Recentemente, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliaram que a perda do grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco poderia ter "efeitos consideráveis" para a economia brasileira. "Caso o Governo perca o grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco, ele deixará de ser considerado pelos investidores, inclusive pelos grandes investidores institucionais, como uma alternativa de investimento com baixo risco de crédito", avaliam os ministérios.

Para que servem os contratos de "swap"?
O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana.
No vencimento deles, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Segundo o BC, os contratos de "swap cambial", que voltaram a ser emitidos em junho de 2013, quando a moeda norte-americana se aproximava de R$ 2,40, visam dar proteção para os agentes ("hedge") que têm dívida em moeda estrangeira e fornecer liquidez para o mercado – evitando também uma volatilidade maior (forte sobe e desce) das cotações no mercado à vista.
Esse tipo de contrato também representa uma forma de proteção a empresas com dívidas altas em dólar. Se uma empresa fatura em reais, mas tem dívidas em dólares, pode ser interessante investir nestes contratos que a livram do risco de perder dinheiro com uma disparada da moeda norte-americana. Mas a estratégia tem um custo e envolve riscos. Se o dólar cair ou ficar estável, a empresa pode ter perdas e isso complica seu balanço.

sábado, 16 de janeiro de 2016

A FEA-USP virou uma sucursal da Unicamp? Nao acredito! Em todo caso...

Como é que a USP ainda consegue ser respeitável com certos professores?
Não estou falando da Fefelech, que é um reduto de ideólogos gramscianos perdidos na zona sul.
Eu falo da venerável FEA, a Faculdade de Economia e Administração.
Esta professora, por exemplo, até começa direitinho, citando trabalhos sérios sobre reservas e dívida externa, mas o final, Mon Dieu, ela escorrega completamente na maionese ideológica típica da UniCamp e do Palácio do Planalto.

A propósito do eventual uso das reservas internacionais para outros fins que não o famoso colchão de segurança no BP ela afirma, ao final de seus artigo: "se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo."

Que ridículo! Reféns do FMI??? Essa moça precisa urgentemente fazer um estágio no FMI para aprender o que faz aquela instituição inútil de Washington.
Agora, no que se refere às tais privatizações, ele pirou de vez. Provavelmente deve achar que empresas estatais são a maior maravilha do universo. Dessas, estilo Petrobras, para serem saqueadas por máfias sindicais como ocorre no Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

Quem tem medo das nossas reservas?
Laura Carvalho
 Folha de S. Paulo, 14/01/2016

Desde o ano passado, diversas propostas vêm surgindo para que o Banco Central reduza deliberadamente o seu nível de reservas internacionais.

Na primeira delas, da qual já tratei na coluna "Versão Brasileira", de 8/10/2015, a ideia era utilizar todas as reservas em um curto espaço de tempo para frear a desvalorização da taxa de câmbio e a aceleração da taxa de inflação.

Na segunda, parte das reservas deveria ser utilizada para quitar a dívida pública, já que o governo paga juros maiores sobre a dívida que emite do que é remunerado pelas reservas que mantém.

Na terceira proposta, as reservas poderiam ser usadas para a realização de investimentos públicos. Apesar dos objetivos distintos —salvo se o que se quer, ao fim e ao cabo, seja simplesmente acabar com as reservas—, os riscos envolvidos são similares.

O debate sobre qual é o nível adequado de reservas cresceu na literatura econômica a partir do seu acúmulo rápido por muitos países emergentes na última década.

Por um lado, as reservas apresentam custo de oportunidade, pois em geral rendem menos do que a dívida emitida para comprá-las. Por outro lado, as reservas funcionam como um colchão para absorver choques externos e reduzir os danos sobre a economia quando há forte fuga de capitais ("Sudden Stops"). Reduzem ainda o risco de default sobre a dívida externa e, assim, a própria probabilidade de que um "Sudden Stop" ocorra.

Há relativo consenso na literatura de que as reservas acumuladas por países emergentes pré-2008 foram fundamentais para amenizar os efeitos da crise nessas economias. No entanto, a pergunta sobre se o nível de reservas já teria atingido um patamar excessivo originou uma série de estudos recentes. Mesmo nos trabalhos que consideram ser esse o caso de alguns países asiáticos, como o de Calvo, Izquierdo e Loo-Kung (2012) publicado pelo "National Bureau of Economic Research", as reservas brasileiras ainda estariam abaixo do nível ótimo.

No ano de 2015, a valorização das nossas reservas em dólar, que enquanto ativos do governo reduzem a dívida pública líquida, quando combinada à quase inexistência de dívida externa soberana, foi fundamental para manter baixo o risco de default sobre títulos brasileiros e, assim, para impedir que a forte volatilidade financeira nos mercados internacionais precipitasse uma crise cambial.

O contexto continua sendo dos mais arriscados. A ameaça de elevação da taxa de juros americana e a turbulência na China continuarão a desencadear fortes movimentos especulativos no mercado internacional, o que, na falta de controles de capital, inevitavelmente golpeia os mercados emergentes. O uso de reservas poderá ser fundamental para absorver choques maiores e impedir uma eventual crise agravada pelo aumento das dívidas de empresas brasileiras em dólar.

Se o objetivo é mesmo o de estabilizar a dívida bruta e supostamente criar espaço para a retomada dos investimentos públicos, melhor seria se o Banco Central não continuasse a elevar a taxa de juros em meio a uma economia deprimida e com taxa de inflação que já sinaliza uma desaceleração. Mas, se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo.

Laura Carvalho é professora do Departamento de Economia da FEA-USP com doutorado na New School for Social Research (NYC).

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sambas e tragedias? A rapida deterioracao das transacoes correntes no Brasil

Não é bem verdade que o Brasil ainda é credor internacional, apenas por ter reservas internacionais nominalmente acima das obrigações externas (dívida pública e comercial).
Se formos considerar, junto com a dívida, todos os compromissos do BC sob a forma de swaps cambiais, isso já supera o total das reservas.
Por outro lado, os analistas não estão considerando o custo fiscal das reservas: colocadas em T-bonds, elas só rendem o que pagam esses títulos do governo americano, ou seja, muito pouco.
Ora, para comprar os dólares de que necessita para formar as suas reservas, o governo emite títulos da dívida brasileira. A diferença entre o que paga de juros, e o que recebe de juros, deve dar pelo menos 10%, o que por alto deve somar uns 35 bilhões de dólares de pagamentos líquidos por ano.
Bom negócio?
Eu não diria...
Paulo Roberto de Almeida 

G1, 24/01/2014

A conta de transações correntes do Brasil, um dos principais indicadores da situação da economia brasileira, fechou 2013 com um déficit inédito de US$ 81,37 bilhões, informou o Banco Central nesta sexta-feira (24).
Para chegar a esse valor se somam os resultados da balança comercial (saldo entre importações e exportações) e de outras operações não comerciais que impliquem entrada ou saída de capitais (serviços e rendas).
Com isso, após todas essas contas, o déficit superou o resultado negativo registrado em 2012 (-US$ 54,23 bilhões, recorde histórico para um ano fechado) e teve alta de 50% no ano passado.
Na proporção com o PIB, também houve forte deterioração do resultado em transações correntes. No ano passado, o resultado negativo em conta corrente somou 3,66% do PIB – o pior valor, para um ano fechado, desde 2001 (4,19% do PIB).
A expectativa do Banco Central é de que o déficit em transações correntes tenha pequena queda em 2014, para US$ 78 bilhões. Na proporção com o PIB, somaria 3,5%. O mercado financeiro prevê um déficit menor que o BC para este ano, de US$ 72 bilhões.
Balança comercial piora
Os números do Banco Central mostram que a deterioração das contas externas está relacionada com a má situação da balança comercial, que registrou, no ano passado, o pior resultado em 13 anos. Em 2013, a balança teve um superávit de US$ 2,55 bilhões, contra um resultado positivo de US$ 19,39 bilhões no ano anterior. Houve, deste modo, uma reversão de US$ 16,83 bilhões no saldo comercial no último ano.
Em outras palavras, estamos vendendo menos os produtos que produzimos e compramos cada vez mais.
Os outros componentes das contas externas, entretanto, também mostraram deterioração no primeiro semestre de 2013. O resultado negativo da conta de serviços (que inclui, entre outras coisas, turismo e aluguel de equipamento), por exemplo, somou US$ 47,5 bilhões em 2013, impulsionadas, entre outros, pelos gastos recordes de brasileiros no exterior , o que representa aumento frente ao déficit de US$ 41 bilhões registrado em 2012.
Nas rendas (nas quais entram desde a multinacional que envia ou traz dinheiro do exterior ao ganho ou perda de rendimentos em investimentos em outras moedas), o déficit somou US$ 39,77 bilhões em 2013 – com alta frente ao mesmo período do ano passado (-US$ 35,44 bilhões).
Investimentos estrangeiros
O BC informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos (empresas ou investidores que resolvem colocar dinheiro no Brasil) somaram US$ 64 bilhões em 2013, com queda de 1,87% frente ao ano anterior (US$ 65,27 bilhões). O valor ficou abaixo também do recorde histórico para este indicador, registrado em 2011 (US$ 66,6 bilhões).
Financiamento do déficit externo
O BC confirmou, assim, que o resultado negativo da conta corrente (US$ 81,37 bilhões) não foi integralmente "financiado" pela entrada de investimentos produtivos na economia brasileira em 2013 – algo que não acontece desde 2001.
Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.
Analistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB e menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), e com uma confiança menor na economia brasileira, a atratividade do Brasil também é mais baixa – o que pode significar mais dificuldades no financiamento do déficit das contas externas.

O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, avaliou, porém, que as reservas internacionais brasileiras ainda são maiores do que a dívida externa do país, o que confere ao país a posição de credor líquido , e que a dívida externa de curto prazo (até um ano) representa pouco mais de 10% do valor total do endividamento externo brasileiro.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O Brasil ainda continua como credor liquido do mundo? Duvidas a respeito... - Financial Times

Brazil: net debtor to the world 
Jonathan Wheatley 
Financial Times, January 16, 2014

How well protected is Brazil against external shocks? Perhaps not as well as is commonly thought. 
It has been a proud boast of Brasília for several years that it is a net creditor to the world because it holds more in foreign exchange reserves than it owes in overseas debt. However, it is far from clear that this is still the case. The issue is just one example of the vulnerabilities investors must include in their calculations of how Brazil and other emerging markets will fare as monetary policy in the developed world becomes less accommodating. 
Global liquidity has been a boon to Brazil for at least a decade. Before the crisis of 2008-09, global demand for Brazil’s commodities and the rise of millions of new consumers at home led to and fed off huge inflows of money. Since the crisis, the flows have continued thanks to quantitative easing by the US Federal Reserve and other central banks in the developed world. 
The impact is clearly visible in Brazil’s foreign exchange reserves, which rose from about $35bn in 2001 to about $360bn by the end of last year. 
Combined public and private sector foreign debt was steady at about $200bn from 2001 until 2009 and then began to rise, reaching about $310bn by the end of last year. Nevertheless, thanks to the steady increase in foreign reserves, Brazil has been a net creditor since early 2009. 
Or has it? 

At about the same time as the country became a creditor, Brazil’s central bank began using a nifty new method of intervention on foreign exchange markets. Instead of buying and selling dollars on the spot market – the standard method of central bank intervention – it used currency swaps. This is a clever alternative because it achieves the same result as buying or selling dollars with no impact on the stock of reserves. 
When the bank uses such a swap to limit the depreciation of the real, it offers to pay the difference between the initial exchange rate and the final exchange rate during the period of the contract, plus a dollar-linked rate of interest (known to traders as the cupom cambial). In return, it receives the cumulative interbank interest rate (currently about 10 per cent a year) on the amount of the contract in Brazilian reals. Crucially, the contracts are settled entirely in reals. No dollars exchange hands and there is no obvious impact on the country’s ability to pay its foreign debts. 
The method works because it satisfies demand for foreign exchange contracts by financial market participants looking to hedge foreign exchange exposure or to speculate on movements in the exchange rate. By doing so, it removes demand from the market and has the same effect on the exchange rate as if that demand had been met by buying or selling dollars. 
During several periods since the method was introduced, the central bank used it (in a mirror image of the contract described above) to limit the appreciation of the real, which was being driven up by the arrival of all that hard currency and undercutting the competitiveness of Brazilian exports. 
But when the US Fed began talking about tapering its QE programme last year, the real went on a slide. Since then, the central bank has upped its currency swap programme to a different order of magnitude. As Gabriel Gersztein and Thiago Alday at BNP Paribas in São Paulo pointed out in a recent note, between May 31 last year and January 10, the bank accumulated a short position on the US dollar through currency swaps of more than $77bn. 
You may well ask, so what? It is all done in reals, after all, so there is no impact on foreign reserves. But big bazookas don’t come cheap and you can’t support your currency to the tune of $77bn at no cost. 
And of course there is a cost. If the swaps are successful – and a central bank working paper published in July 2013 suggests they often are – then the bank may even make a profit on them. But what if the real continues to slide, in spite of the central bank’s heavy weaponry? The currency has shown some resilience since the panic went out of foreign exchange markets last September. But it has still weakened from R$1.95 to the dollar last March to about R$2.35 today. Every time its swap contracts go against it, the central bank – or rather Brazil’s national treasury – takes a hit. 
How big is that hit? If we assume there is no such thing as a free lunch, let alone a free big bazooka, we must also assume the cost is significant. Gersztein and Alday at BNP Paribas think a reasonable indication of the cost is to net out the central bank’s short dollar position through currency swaps from its foreign reserves. After all, it is not only the stock of reserves but also the broader health of the Brazilian economy that affects its ability to pay its debts. 
If we do that, we discover that, thanks to the use of its bazooka, Brazil ceased to be a net creditor to the world in October last year. The central bank’s latest figures, for November 2013, show external debt at $312bn and foreign reserves at $362bn, giving a cushion of $50bn. Net out its short position through swaps of $68bn at the end of November and the cushion is gone. 
That is something investors may wish to keep a close eye on if, as widely predicted, the real continues to weaken and Brazil’s fiscal position continues to deteriorate during 2014 and 2015. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Bolhas: as reservas cambiais do Brasil vao se volatilizar - Francisco Lopes

Um artigo do mês de junho último, do economista e ex-presidente do BC (por breve período em 1999) Francisco Lopes, sobre a trajetória das bolhas especulativas.
Como eu também suspeitava, a partir de certo ponto na deterioração das transações correntes, o movimento se acelera, e mesmo reservas enormes como as de que o Brasil dispõe atualmente podem se dissipar rapidamente, uma vez iniciado o refluxo.
Ou seja, quando o déficit de TCs ultrapassa 4%, a coisa degringola...
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL: A BOLHA ESPECULATIVA VAI ESTOURAR EM ALGUM MOMENTO ENTRE 2013 - 2015! 
Do artigo 'Besouros e Borboletas', do economista Francisco Lopes
Valor Econômico - quinta-feira, 15 de junho de 2011

Bolhas especulativas são fenômenos complexos que não entendemos bem, mas com certeza sabemos que sempre evoluem para o colapso. Nosso palpite é que essa nossa bolha de acumulação de reservas vai estourar em algum momento entre 2013 e 2015.
            
É impossível saber o momento exato e a sequência exata dos eventos na ruptura, apenas sabemos que ela se tornará mais provável quando o mercado de câmbio transitar da atual posição de excesso permanente de oferta para uma posição de equilíbrio ou de excesso de demanda. Isto inevitavelmente vai resultar da deterioração continuada do déficit no balanço de pagamentos em transações correntes.
            
Na ruptura, os primeiros a sair tipicamente são os especuladores profissionais.  O especulador sabe que nosso regime de livre flutuação na prática tem sido um regime de flutuação amortecida assimétrica. A maior volatilidade do câmbio torna menos favorável a relação risco-retorno e induz o especulador a reduzir sua posição vendida na moeda brasileira.                 

Esse ajuste é muito facilitado pela dimensão do nosso mercado de derivativos de dólar, que é inusitadamente grande para uma economia emergente. A grande liquidez desse mercado torna muito fácil travar qualquer posição vendida em dólar, e isso vale tanto para os especuladores profissionais como para qualquer empresa ou investidor.
            
Como em todo colapso de bolha, o movimento pode ser iniciado por um pequeno grupo de profissionais, mas depois se alastra rapidamente e ganha amplitude e intensidade. O resultado é uma forte e rápida depreciação da taxa de câmbio.

Da coluna diáraia do ex-prefeito Cesar Maia (12/07/2013)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ouro vai escassear na Venezuela (aliás vai desaparecer...): Chavez nacionaliza o ouro

O primeiro título é meu; o segundo da imprensa.
Poderia ser também algo assim:

Ouro: de "relíquia bárbara" a relíquia dos bárbaros (com licença de, e perdão a, Keynes)

Bem, a última nacionalização-estatização de Chávez foi o da água mineral, um produto estratégico, como todos sabem. Assim como o petróleo, aliás, um produto tão estratégico quanto amaldiçoado, pois deforma completamente a economia da Venezuela. Não deforma todas as economias, claro (vide os casos da Grã-Bretanha e da Noruega), mas especialmente aquelas mal geridas, corruptas, cleptocráticas, enfim, petroditaduras.
Governos responsáveis podem gerir o petróleo em benefício do país. Governos rentistas, corruptos, demagógicos e populistas transformam o petróleo num monstro devorador de todos os recursos vivos da nação. Acresce-se a não existência de um orçamento digno desse nome e de procedimentos arbitrários de execução das despesas públicas do Estado.
Depois de ter destruído a economia do país, com o seu "socialismo do século XXI" (na verdade, do século XVIII, seria mais exato), e de não conseguir sobreviver sem um petróleo a menos de 80 dólares o barril (o da Venezuela deve estar rodando em torno de 50 dólares), o governo venezuelano (bem, não tenho certeza de que existe governo, creio que só existe o caudilho, que decide soberana e arbitrariamente sobre qualquer coisa) se prepara agora para viver um pouco das rendas do ouro, cujos preços subiram extraordinariamente, à raiz do recrudescimento da crise financeira internacional (para ser mais exato, americana e europeia).
Creio que será, como nos outros caso, um surto de renda, seguido de aumento da corrupção, esgotamento da produção, dívidas acumuladas, mais problemas, enfim.
Aí temos o nosso "Midas ao contrário", transformando em m.... tudo o que toca...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: Chávez nacionalizará el oro y saca las reservas internacionales de EE.UU. y Europa
Infolatam/Reuters/Efe
Caracas, 17 de agosto de 2011

Las claves
Chávez: "vamos a nacionalizar el oro y vamos a convertirlo, entre otras cosas, en reservas internacionales porque el oro sigue incrementando su valor".

El presidente Hugo Chávez, confirmó que sacará las reservas internacionales en oro de Estados Unidos y Europa para ponerlas en economías “sólidas” como China, Rusia y Brasil, además de anunciar que nacionalizará el oro para convertirlo en fondos nacionales.

El mandatario explicó que sacar el oro “del norte” es una medida “sana”, tomando en cuenta la crisis económica que azota a Estados Unidos y Europa y que naciones “aliadas” como China, Rusia y Brasil están sólidas, dando por cierto lo dicho por diputados opositores que ayer indicaron que habría una movilización de las reservas.

Chávez irrumpió telefónicamente en una rueda de prensa que ofrecieron el ministro de Finanzas, Jorge Giordani, y el presidente del Banco Central de Venezuela (BCV), Nelson Merentes, a quienes les pidió que ofrecieran toda la información relativa al traspaso de reservas.

Indicó, además, que el total de oro venezolano en el exterior llega a 11.000 millones de dólares, y que la mayor parte fue enviado en los años 80 aunque también durante su mandato “se ha colocado algo” en un banco de Inglaterra.

Dijo que Venezuela tiene 99,21 toneladas de oro en bancos de Inglaterra, lo que equivale, con una onza a 1.800 dólares, a 4.595 millones de dólares.

“En Estados Unidos tenemos 800 millones de dólares en oro (…); en Toronto (Canadá) tenemos 381 millones de dólares desde 1992, y desde 2004 en un banco de Francia tres toneladas de oro, 184 millones de dólares”, informó Chávez.

El presidente del BCV, explicó que el oro que está en el exterior será traído a Venezuela “progresivamente” pues se trata de barras físicas del mineral “que son las que se llevaron en aquel entonces” y hay que “verificar que son las mismas”.

Nacionalización del oro
“Vamos a nacionalizar el oro y vamos a convertirlo, entre otras cosas, en reservas internacionales”, aseguró Chávez más temprano en una comunicación telefónica transmitida durante un acto militar de entrega de 324 misiles y 25 tanques adquiridos a Rusia.

Chávez aprobará la reglamentación sobre la nacionalización del mineral en el marco de la llamada Ley Habilitante que le fue otorgada en diciembre pasado y que le permite legislar sin el consentimiento del Parlamento.

El mandatario dijo que gracias a esta ley será el Estado quien tendrá el control de la exploración, explotación del oro y todas las actividades conexas que se realizan para tomar control de una zona en la que todavía persisten mafias que extraen las riquezas y se las llevan del país.

En mayo pasado Chávez afirmó que la producción nacional de oro bordea en la actualidad las 11 toneladas anuales y que una cifra similar sale de contrabando hacia otros países.

Detalló que en la zona del arco minero de Guayana, en el estado del mismo nombre (sureste) se encuentran, además, yacimientos de piedras preciosas, bauxita y hierro.

La economía venezolana se recupera de una recesión de casi dos años, pero la inflación sigue siendo la más alta del continente y Chávez necesita fuertes sumas de dinero para costear su campaña a las presidenciales del 2012 donde tentará un nuevo mandato.

Empresas en vilo
La mayor exportadora de oro que opera en Venezuela es la ruso-canadiense Rusoro, que ha manifestado su descontento con la legislación local que limita sus exportaciones auríferas, a pesar de que el Gobierno aseguró que no modificará la norma.

Fuentes de la firma que cotiza en la Bolsa de Toronto dijeron a Reuters que en los próximos días emitirán un comunicado comentando la decisión de Chávez.

El Grupo Agapov, accionista mayoritario de Rusoro, está presente en Venezuela a través de diversas empresas mineras con participación estatal.

Venezuela tiene grandes yacimientos de oro sin explotar en el sureste del país y la zona es rica, además, en otros minerales como hierro, bauxita y diamantes.

Uno de los mayores yacimientos sin explotar son Brisas y Las Cristinas, con unas 30 millones de onzas de reservas estimadas, donde tenían contratos las canadienses Gold Reserve y Crystallex hasta que fueron echadas del país.

La producción estatal de oro en Venezuela se redujo en un 57 por ciento en el 2010 a 1,8 toneladas desde las 4,2 toneladas del 2009.

Constantes problemas laborales y desinversión han hecho que las denominadas “empresas básicas”, incluidas en la Corporación Venezolana de Guayana (CVG), produzcan por debajo de su capacidad instalada y presenten constantes paradas.

Últimas noticias de VENEZUELA
Venezuela: Chávez anuncia posibles visitas de Ahmadineyad y Lukashenko

¿Qué pasa con las reservas internacionales en Venezuela?
El análisis Asdrubal Oliveros

(Especial para Infolatam).- “…Hoy podemos decir, sin temor a equivocarnos, que no solo somos vulnerables a los precios petroleros, sino también a los vaivenes en el precio del oro. Incluso, es claro que la revalorización de este metal en los últimos meses ha permitido amortiguar la caída de las reservas internacionales e inflar las utilidades cambiarias y de operación del BCV por entregar al Fisco.”

A propósito del supuesto traspaso de reservas: ¿Qué pasa con las reservas internacionales en Venezuela?

En Venezuela, acostumbrados al escándalo, se han encendido nuevamente las alarmas ante la supuesta intención del Ejecutivo Nacional y el BCV de trasladar las reservas internacionales operativas a países “amigos” como China, Rusia y Brasil y el traslado al país del oro.

En lo que va de año, las reservas internacionales han descendido más de US$1.500 millones, a pesar de que en el mismo período los precios petroleros han aumentado más de 12%. Esto ha generado preocupación en diferentes ámbitos, tanto locales como extranjeros. Ahora, también tendremos que preocuparnos por los que manejan nuestros recursos externos.

Desde 2004 el actual Gobierno ha hablado sobre el concepto de reservas óptimas. Para los funcionarios del Gobierno de aquella época, el argumento era que se puede hablar de reservas en términos excedentarios, de cualquier stock o de cualquier flujo, siempre y cuando podamos hablar también de un nivel óptimo. En la medida en que se hable de un nivel óptimo, se puede definir un concepto de déficit y de excedente en cualquier categoría económica.

De esta manera, y con cambios legales a lo largo de estos años, el Ejecutivo se ha apropiado de una cantidad significativa de divisas que, en el marco legal anterior, hubiesen ido a parar a las reservas internacionales. Lo que está implícito, en esencia, es: las reservas internacionales se fijan en un nivel que permita al Ejecutivo atender principalmente los compromisos de importaciones y pago de servicio de deuda pública. El resto entra en una estructura paralela de gasto manejada discrecionalmente por el Ejecutivo Nacional.

Así, entre 1998-2004, Pdvsa entregó al BCV un promedio trimestral de 74,0% de sus divisas por exportaciones. Luego, entre 2004-2010 el promedio se ubica en 54,0%, lo cual indica el cambio legal y de paradigma.

En lo que va de año, las reservas internacionales no han subido. Esto es particularmente resaltante dado el incremento de los precios petroleros. Peor aún, las reservas han caído.

Más allá de esto, yace un problema de fondo: el 95% de nuestras divisas las aporta Pdvsa y la industria petrolera viene atravesando serios problemas de operatividad. Es decir, no solamente Pdvsa entrega menos divisas porque se queda con una proporción importante de ellas, sino también porque hay problemas en la producción de crudo.

En Ecoanalítica opinamos que las reservas internacionales no subirán de forma significativa. Cada dólar que entra al BCV, entra en el ciclo de lo que pudiésemos llamar la estructura formal presupuestaria, con todas las rigideces que esto implica para un Gobierno del estilo del presidente Chávez. La tentación de manejar las divisas con total discrecionalidad en los fondos paralelos (especialmente el Fonden) es muy grande, y más a las puertas de una campaña electoral. Por esa forma, este Gobierno solo traspasará al BCV las divisas necesarias para abastecer Cadivi y pagar el servicio de la deuda. El resto será manejado por fuera.

Ahora, dado que el Ejecutivo busca traspasar las reservas líquidas y el oro, según denuncia un diputado opositor en Venezuela es conveniente tener presente que la gestión de reservas por parte del Banco Central conlleva una diversidad de riesgos operativos y financieros. De esta forma deben establecerse parámetros para:

Mantener la diversificación de riesgos y condiciones de liquidez
Manejar el riesgo cambiario y una “óptima” combinación de monedas con límites claros y aceptables.
Disponer de requisitos de duración que limiten el riesgo de tasas de interés y precios de mercado.
La literatura económica moderna ha evolucionado respecto al llamado nivel “óptimo” de reservas desde la función de mantener un fondo de precaución para reducir la vulnerabilidad externa hacia una relación con el régimen cambiario y los movimientos de capital. En Venezuela tenemos que agregar nuestra naturaleza de economía petrolera.

Para una economía como la venezolana, el indicador de cobertura (el equivalente de las reservas internacionales en meses de importaciones) es importante. El mismo ha pasado de 16,3 meses de importaciones en 2004 a 9,7 en 2010. Como puede verse, el deterioro es evidente. Si bien no existe acuerdo en la literatura ni entre economistas sobre cuál es el nivel óptimo de este índice, para Ecoanalítica debería ubicarse entre 18 y 24 meses de importaciones. Hoy estamos lejos de eso.

En el año 2004, el entonces ministro de Finanzas, Tobías Nóbrega, señalaba, con respecto a las reservas internacionales, que en el mediano o largo plazo se debía generar una rentabilidad razonable de los fondos invertidos. Esto incluso ha sido un punto de honor para el actual presidente del BCV, quien ha afirmado que las reservas deben invertirse en instrumentos que den rendimientos significativos; por supuesto, los mismos estarían asociados a un nivel mayor de riesgo.

Hoy día, y según el citado Punto de Cuenta, la mayor proporción de las reservas están en oro (62,9%) y apenas 21,6% en reservas operativas. Al cierre de 2004 está proporción se distribuía de la siguiente manera: títulos valores 71,0%, divisas 5,0%, oro 22,00% y otros instrumentos 2,0%. Mientras que en 2009 se ubicaba así: títulos valores 48,0%, divisas 3,0%, oro 38,0% y 11,0% en otros instrumentos. El cambio es sustancial.

Aunque el oro ha tenido un desempeño favorable desde hace un tiempo, nos parece extremadamente alta la proporción de reservas internacionales que el BCV mantiene en este metal. Hoy podemos decir, sin temor a equivocarnos, que no solo somos vulnerables a los precios petroleros, sino también a los vaivenes en el precio del oro. Incluso, es claro que la revalorización de este metal en los últimos meses ha permitido amortiguar la caída de las reservas internacionales e inflar las utilidades cambiarias y de operación del BCV por entregar al Fisco.
La prudencia hace que los países tiendan a acumular niveles adecuados de reservas internacionales de acuerdo con su estructura; y esos niveles se determinan según la experiencia que esos mismos países hayan tenido. En Venezuela es relevante dada nuestra dependencia petrolera, que se ha exacerbado, y un historial significativo de episodios de crisis.

El funcionamiento normal de la economía venezolana requiere altos niveles de reservas internacionales debido a que somos una economía pequeña, poco diversificada y dependiente del más volátil de todos los commodities; además, las cuentas de capital y financiera de la balanza de pagos son muy inestables con una marcada dicotomía entre la cuenta corriente del sector público, que es superavitaria, y la del sector privado, que es deficitaria.

Para cerrar, estas fueron parte de las palabras de Tobías Nóbrega en una sesión especial de la Asamblea Nacional en 2004 respecto a este tema:

""Alcanzar ese nivel óptimo de reservas no significa, como se ha pretendido trivializar a través del debate politizado y manipulado de los medios, echarle mano a las reservas que custodia el BCV. Se trata de crear los mecanismos institucionales y legales para que no se generen mayores perturbaciones monetarias y reales… “

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O custo (altissimo) das exageradas reservas brasileiras

Do blog do economista José Roberto Afonso

Custo Fiscal das Reservas Brasileiras

Custo Estimado de Carregamento (Kohler)
Quanto custa ao Brasil manter um elevado nível de reservas internacionais? por Marcos Kohler, publicado pelo Brasil, Economia e Governo. O governo tem diferentes motivos para acumular reservas em moeda estrangeira. O principal é garantir uma espécie de seguro contra crises internacionais. Não obstante esses benefícios, é preciso ficar claro que há um custo em se manter elevadas (e crescentes) reservas internacionais no Bancen. São duas as fontes de custos: a) juros sobre a dívida interna e os juros que rendem as reservas internacionais; b) quando o real se valoriza em relação ao dólar. http://bit.ly/hcPBW2

Drives Reserve? (Levy-Yeyati)
"What drives reserve accumulation (and at what cost)?" by Eduardo Levy-Yeyati. This VOX column investigates the driving forces behind the accumulation of foreign exchange reserves and finds that exchange-rate smoothing, rather than precautionary stockpiling, is the main driver. Levy breaks new ground with a new indicator about the net valuation of reserves for a group of emerging economies - Brazil has the highest cost. See: http://bit.ly/d8EJju

Notícia sobre Reservas (Travaglini)
Gastos com juros para manter as reservas sobem 50% neste ano, por Fernando Travaglini, publicado no Valor Econômico. O texto trata do cálculo do carregamento do custo das reservas feito pelo Bacen. No ano passado todo, o custo de carregamento foi de R$26,6 bilhões. Ou seja, em 2010 foram gastos R$ 2,2 bilhões em média ao mês, enquanto neste ano essa média mensal já está em R$ 3,4 bilhões, com aumento de mais de 50%. http://bit.ly/fMlalu

Vale os custos das reservas (Depec/Bradesco)
Vale a pena pagar os custos de acumulação das reservas internacionais? por Andréa B. Damico, publicado pelo Depec-Bradesco, nota recomendada por Isaac Zagury. A nota trata da política de acumulação de reservas internacionais. A nota tenta responder algumas questões como: 1) qual o custo dessa política de acumulação de reservas?, 2) quais são os benefícios trazidos por ela?, 3) o custo será elevado para sempre?, 4) como a política de acumulação de reservas brasileiras compara com a dos demais emergentes? e 5) vale a pena?

Análise Oficial (Meirelles)
Prestação de contas - LRF, Banco Central: Objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial e impacto fiscal de suas operações, apresentação periódica no Congresso do Presidente do BACEN, Henrique Meirelles, na última vez foi mais extensa e com inovações, em particular pela primeira vez uma autoridade econômica apresentou um cálculo do custo de manutençãodas reservas: R$ 68 bilhões entre 2004 e 2009 (ver slide 9, que não esclareceu a metodologia). É defendido que alto volume de reservas traz benefícios no enfrentamento da crise. http://bit.ly/dtiK01

sábado, 16 de outubro de 2010

Reservas internacionais do Brasil: um custo altissimo para a Nacao

Eu sempre falei a mesma coisa, sem ter os números precisos (e acredito que este economista tampouco os tenha), mas a ordem de grandeza deve ser mesmo em torno do 10% do volume de reservas: ou seja, se as reservas estão em 280 bilhões de dólares e se aproximam rapidamente de 300 bilhões, como afirma o ministro da Fazenda, então isso representa um custo de 28 a 30 bilhões de dólares, o que faz, aproximadamente, 50 bilhões de reais, bem mais, portanto, do que o anunciado pelo economista.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, segundo a matéria, que o Brasil deve fazer isso mesmo: “Nós temos um custo de fato, mas é melhor pagar este custo do que ter uma economia mais vulnerável”.
Isso é um absurdo um governo, que já investe pouco, jogar 1,5% do PIB apenas para manter reservas exageradamente elevada não está fazendo uma economia menos vulnerável. Está apenas dilapidando recursos nacionais com reservas desnecessárias que na verdade estão financiando o governo americano.
O Tesouro americano agradece, mas nós, brasileiros, poderíamos passar sem essa.
Paulo Roberto de Almeida

Reservas externas custam R$ 45 bi por ano ao Brasil
Estado de São Paulo, 16/10/2010

A manutenção das reservas internacionais superiores a US$ 280 bilhões custa ao contribuinte brasileiro cerca de R$ 45 bilhões ao ano, o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas de economistas como o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore e o ex-diretor da instituição Alexandre Schwartsman.

O valor supera o total de investimentos públicos previstos para 2010. No primeiro semestre, o governo investiu um recorde de R$ 20,6 bilhões. Se mantiver o ritmo – o que é difícil, porque a lei eleitoral veta desembolsos próximos do pleito -, o total no ano chegará a R$ 41,2 bilhões.

As reservas custam caro porque o BC aplica a maior parte dos recursos em títulos públicos de países desenvolvidos, notadamente dos Estados Unidos, que hoje em dia pagam taxas de juros próximas de zero. Como o Brasil não tem excedente orçamentário para adquirir os dólares, o governo o faz por meio de endividamento. Só que a Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira) está em 10,75% ao ano. A diferença entre o juro externo e o interno é o custo das reservas.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil caminha rapidamente para chegar a reservas de US$ 300 bilhões. “Nós temos um custo de fato, mas é melhor pagar este custo do que ter uma economia mais vulnerável”, disse, em entrevista à GloboNews.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

===============

Addendum em 19/10/2010:
Brasil tem maior custo de reservas
Claudia Safatle - de Brasília
Valor Econômico, 19/10/2010

Câmbio: Levantamento de técnicos do governo aponta impacto da política de juros elevados

Dentre os países detentores das maiores reservas cambiais, o Brasil é o que tem a mais alta taxa básica de juros (10,75% ao ano) e, portanto, o maior custo fiscal para carregar as reservas de US$ 280 bilhões. Somando o custo de carregamento dado pelo diferencial de taxa de juros interna e externa ao custo de equalização, medido pela apreciação do real frente ao dólar, chega-se a mais de R$ 50 bilhões por ano.

A segunda maior taxa de juros nos países selecionados é a da Rússia, com 7,75% ao ano e reservas totais de US$ 458 bilhões, equivalentes a 40,7% do PIB do país.

No Brasil as reservas ainda são pequenas com relação ao PIB - 13,25%. Na China, com US$ 2,6 trilhões em caixa, as reservas correspondem a 53% e os juros anuais são de 5,3%. E na Índia, com reservas de US$ 261 bilhões, correspondente a 23% do PIB, os juros são de 5% ao ano. A comparação foi feita por técnicos do governo para dar a dimensão do custo da política de acumulação de reservas no Brasil, em função da distorção da taxa de juros doméstica.

Tomando como hipótese que esses países aplicam suas reservas de forma preponderante em títulos de longo prazo do Tesouro americano e recebem uma rentabilidade de 2% a 3% ao ano, a Índia gastaria algo como US$ 3,5 bilhões para carregar suas reservas cambiais. Cifra mais modesta é calculada para a Coreia do Sul, país que dispõe de US$ 285 bilhões em reservas (35% do PIB) e tem juros nominais de 2,25% ao ano. Outros países como Taiwan e Arábia Saudita, com reservas de US$ 380 bilhões (98% do PIB) e de US$ 434 bilhões (109% do PIB), respectivamente, têm juros básicos ainda menores. Em Taiwan a taxa é de 1,5% e na Arábia Saudita, de 2% ao ano.

Patamar dos juros, portanto, é a diferença básica entre os países emergentes que acumularam grandes somas em reservas cambiais nos últimos anos.

Cálculos técnicos indicam que, usando tanto a taxa de juros implícita da dívida pública quanto a taxa Selic, o custo de carregamento das reservas brasileiras, que devem chegar a US$ 300 bilhões este ano, subiu de 0,9% do PIB até 2008 para pouco mais de 1% do PIB atualmente. Como o produto soma cerca de R$ 3,4 trilhões, 1% de gasto para sustentar as reservas corresponderia a R$ 34 bilhões. Além do diferencial de juros, o governo tem que arcar também com a equalização cambial - quando o real se aprecia o Banco Central registra prejuízo e, quando se deprecia, a instituição apura lucro e ambos são transferidos ao Tesouro Nacional. Como este ano foi de apreciação da moeda, até setembro, segundo dados do BC já houve prejuízo de R$ 14,9 bilhões. Já em 2008, quando houve uma substancial depreciação do real, o BC gerou um lucro espetacular de de R$ 171,4 bilhões e o repassou ao Tesouro Nacional.

Ter reservas cambiais mostrou-se um seguro indispensável para tempos de crises nos mercados internacionais. Na pior crise global dos últimos tempos, em 2008, o Brasil tinha reservas de US$ 200 bilhões mais operações de swap cambial de US$ 20 bilhões. É razoável supor, portanto, que a título de seguro contra crises, esse patamar estava de bom tamanho. Todos os dólares comprados pelo BC de lá para cá seriam, portanto, para impedir uma valorização ainda mais forte do real. O custo de acumulação é elevado. Mas o raciocínio agora deve ser outro, confrontando o peso fiscal das reservas cambiais com a situação do setor exportador do país.