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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Pesquisa sobre a historiografia das RI no Brasil - respostas PRAlmeida


Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questionário submetido online.
Feito em 18/05/2018

Este formulário é parte de um projeto de Pesquisa conjunto dos professores xxxx (...). O objetivo é levantar percepções e críticas sobre o nexo História e Relações Internacionais no Brasil. As respostas servirão para estudos, publicações e proposições que privilegiem o avanço da discussão sobre o ensino e a pesquisa em História para a área de Relações Internacionais no país.

Nome e filiação Institucional: *
Sua resposta: PRA: Paulo Roberto de Almeida, Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores; professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Concorda que suas respostas sejam utilizadas para as finalidades desta pesquisa? *
Sim PRA

Quais as principais inspirações intelectuais na sua formação? *
Sua resposta: PRA: Adquirir uma base sólida em sociologia e em economia, com vistas a influir no processo de transformação estrutural, nos campos político e econômico, no Brasil, e desenvolver uma carreira vinculada a atividades acadêmicas, no plano da pesquisa e da docência. Circunstâncias especiais orientaram-me para a carreira diplomática, na qual continuei a desenvolver, paralelamente, atividades acadêmicas, de pesquisa e produção de material vinculado à area internacional, tanto na vertente da história, quando da ciência política, e especialmente em relações econômicas internacionais, com ampla produção de artigos e livros nessas áreas.

De qual geração de historiadores de relações internacionais no Brasil você se considera?
1a Geração(Aquela que inaugurou os estudos no Brasil, mas que teve sua formação fora do Brasil); PRA
2a Geração (Aquela formada nos estudos no Brasil pela 1a Geração)
Nova Geração
Descreva brevemente o seu método de trabalho como historiador das RI.  *
Sua resposta: PRA: Na verdade, não me considero um "historiador" de RI, sendo formado em sociologia e em economia, com doutoramento em sociologia histórica, mas no terreno do desenvolvimento econômico e dos regimes políticos. Gradualmente, por sólidas leituras em história – ainda que não formado metodologicamente nessa disciplina – inclinei-me para os estudos de sociologia das relações internacionais com profundo embasamento na história (política e econômica). Meu método combina pesquisa em arquivos, mas não de forma extensiva, documentação primária da época, literatura secundária, sobre os temas cobertos em meus estudos, geralmente numa perspectiva histórica e comparada, com amplo apoio em indicadores econômicos seriais.

História das Relações Internacionais e História da Política Externa. O que se faz no Brasil, na sua opinião?  *
Sua resposta: PRA: Tradicionalmente, sempre foi história diplomática – ou seja, baseada principalmente na atuação da chancelaria –, posteriormente voltada para as relações exteriores do país – compreendendo, portanto, fatores econômicos, políticos e sociais, externos ao âmbito exclusivo da diplomacia oficial – e complementada, mais recentemente, por uma visão mais ampla da política externa brasileira nos contextos regional e internacional. Mais raros são os estudos e pesquisas que visam colocar o Brasil no contexto global, ou seja, ver a trajetória das relações internacionais do país tal como inserido numa história global, que guarda alguma relação, mas não é a mesma coisa, com os estudos de "sistema-mundo", ou de economia mundial.

Como você avalia o diálogo com os historiadores-internacionalistas vizinhos? *
FracoPRA
Razoável
Bom
Muito Bom

Como você avalia o diálogo com os historiadores-internacionalistas do Sul-Global (África e Ásia especialmente)? *
Fraco
Razoável
Bom PRA
Muito Bom

Qual a sua opinião sobre a formação de algum tipo de institucionalidade de Historiadores das Relações Internacionais da América do Sul como meio para a integração regional?
Sua resposta: PRA: Pode ser positivo, e de certa forma já existe na área de história econômica, por exemplo, mas para a América Latina como um todo, não restrito à América do Sul. Poderia ser positiva uma iniciativa nesse sentido, uma vez que existem conexões reais entre os povos e Estados da região, em vista dos fluxos econômicos e humanos desenvolvidos ao longo de uma longa trajetória histórica.

Como avalia a conformação de um Forum Específico de Historiadores das Relações Internacionais dos BRICS para o avanço de uma História Global das Relações Internacionais ?
Irrelevante: PRA
Pouco relevante
Relevante
Muito Relevante

Qual a sua avaliação sobre a importância das teorias para o estudo da História das Relações Internacionais? *
Sua resposta; PRA: Sou menos propenso a estudar a história das relações internacionais do Brasil no plano teórico, ainda que aceite que possa existir, implicitamente a esses estudos, algumas concepções teóricas sobre a organização e o desenvolvimento de algumas tendências fortes nesse terreno. Podem ser interessantes, mas não as considero relevantes para um estudo caracterizadamente histórico.

Qual sua opinião sobre o ensino de história para os cursos de relações internacionais no Brasil e as pesquisas da área na pós graduação? *
Sua resposta: PRA: Não apenas necessário, como absolutamente indispensável para o estudo e uma compreensão objetiva, fundamentada em bases sólidas, da política externa e das relações internacionais do Brasil. Não se pode apreender objetivamente características atuais das relações internacionais e da política externa do Brasil atualmente, sem levar em conta fases pregressas, antecedentes dos processos atuais.

Quais rumos você acredita que a História das Relações Internacionais deve seguir para continuar como um campo relevante de estudo das RI? *
Sua resposta: PRA: Sólida base empírica – ou seja, estudos econômicos e políticos amplamente amparados em pesquisa primária, com interpretação dos dados em seu contexto próprio – e visão integrada dos processos abordados. Não tomar documentos produzidos por governos como evidências reais, ou fieis, dos problemas estudados, não tomar o discurso dos atores como representativos dos processos subjacentes às questões abordadas, tentar sempre enquadrar esses estudos num contexto mais amplo, que por vezes não está suficientemente refletido na literatura disponível ou nos documentos compulsados. Finalmente, desenvolver uma metodologia séria para esses estudos, sair do amadorismo característico dos primeiros anos, afastar modismos ou vieses de qualquer tipo – ideológicos, geralmente – e exigir pesquisa primária e leituras paralelas ao objeto principal de pesquisa.

Envie-me uma cópia das minhas respostas.

domingo, 1 de julho de 2012

Uma entrevista inedita incompleta - dos arquivos secretos de PRA (2005)

De vez em quando aparecem coisas ainda mais estranhas nos meus implacáveis arquivos ainda não devassados pela CIA, KGB, ABIN, MI6, DGI e outros candidatos menos qualificados. Esta entrevista, por exemplo, que comecei a dar e não sei por que raios nunca foi terminada. Falta de tempo, mais provavelmente. Mas como não me cobraram, ficou por isso mesmo.
Um dia eu termino, e atualizo o que já tinha feito...
Não preciso revelar o órgão de imprensa, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida


Uma entrevista incompleta sobre Mercosul e a política externa (2005)
Entrevista a Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 agosto 2005

IMPORTANTE!        1 - A ordem das questões poderá ser alterada por motivo de edição;
2 – A edição da entrevista será enviada para os senhores prévia à publicação para possíveis correções;
3 – Estima-se que publiquemos a entrevista no mês de Agosto de 2005.

PERGUNTAS:
1-Como o senhor analisa a política externa brasileira atual? Existiria um modelo ideal de política externa para o Brasil?
PRA: Em princípio deve-se desconfiar de “modelos ideais”. Por definição, eles não existem, pois a realidade, sobretudo no plano internacional, não se deixa dominar ou influenciar por qualquer modelo que se estabeleça a priori.
            Na verdade, não há e nem deve haver modelos ideais para política externa como para qualquer outra política, macro ou setorial. Modelos são construções teóricas, geralmente feitas ex-post, que permitem sistematizar determinadas ações políticas ou sociais que no geral foram bem sucedidas, e daí viram modelos. Ninguém transforma um fracasso em modelo, isso parece claro. No caso da política externa, a política a ser eventualmente seguida comporta variáveis que não são inteiramente ou basicamente determinadas pelo próprio governo do país que a implementa, uma vez que elas são influenciadas ou mesmo determinadas pelo ambiente internacional ou mesmo por interações diversas que esse país mantém no cenário mundial ou com outros atores relevantes.
            A política externa atual, como qualquer outra, de outros países ou deste país em outras épocas, possui elementos de continuidade e de inovação ou ruptura, estas últimas como seria normal de esperar no caso de uma mudança tão significativa de maioria política e de orientação partidária, como a que ocorreu em 2002.
            Os elementos de continuidade estão evidenciados na centralidade do Mercosul para a política externa brasileira, na chamada relação estratégica com a Argentina, na prioridade dada ao multilateralismo econômico em geral e às negociações comerciais em particular, na confirmação da América do Sul como o espaço privilegiado de atuação da diplomacia brasileira, inclusive no que se refere à integração física, bem como no relacionamento seletivo com alguns grandes parceiros em desenvolvimento (Índia, África do Sul e China, embora, anteriormente, de modo menos enfático).
            Os elementos de ruptura ou de relativa inovação também claros, uma vez que foram repetida e reiteradamente afirmados, no plano de propostas programáticas ou de plataformas eleitorais, em documentos, declarações e posicionamentos adotados pelos principais líderes do Partido dos Trabalhadores ao longo de 20 anos de caminhada em direção do poder. Esses elementos de “diplomacia partidária”, digamos assim, estão documentados em diversos trabalhos que eu mesmo elaborei sobre a “política externa” dos partidos políticos ao longo desse período. Quais são esses elementos de ruptura? Eles são marcados por uma opção preferencial pelo relacionamento com os países do Sul, de modo geral, e com os latino-americanos de maneira especial (embora isso não seja totalmente inédito para os padrões habituais da diplomacia brasileira), por uma preferência seletiva com um número restrito de parceiros ditos estratégicos (designados antecipadamente como sendo a Índia, a África do Sul e a China, aos quais poderiam igualmente ser agregados a Rússia e alguns países europeus, geralmente rebeldes ao hegemonismo americano), na forte ênfase atribuída à conquista de uma cadeira permanente no CSNU em caso de reforma da Carta da ONU, numa recusa (em parte disfarçada no governo, mas evidente no âmbito do PT) da Alca e na preferência a priori por um acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia, bem como numa vontade geral de transformar as relações políticas internacionais de modo geral, tal como evidenciado vários vezes pelos líderes do PT no sentido de “mudar as relações de força no mundo”, ou pelo próprio presidente da República, que tem reiteradas vezes enfatizado seu desejo de “mudar a geografia comercial” do mundo.
            Essa nova diplomacia já foi por ela mesma designada como sendo “ativa e altiva”, e de fato ela multiplicou iniciativas e ações em novos campos de atuação que colocaram o Brasil em posição de realce ou de vanguarda em vários foros multilaterais, regionais, assim como no terreno bilateral. Ela foi especialmente ativa no projeto de uma cadeira permanente no CSNU, tendo constituído um novo grupo de interesse, o G-4, ainda que a sensibilidade da questão poderia indicar um tratamento mais discreto dessa pretensão, como recomendaria a diplomacia profissional. Ela o foi igualmente em várias tentativas de coordenar as posições dos países do Mercosul e de outros da América do Sul nos processos de negociação comercial como os da Alca e na OMC, mas aqui novamente com sucesso relativo. Os esforços de coordenação se traduziram, por exemplo, na constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações, que é um órgão essencialmente político, mas destinado a realizar tarefas complexas nos terrenos da integração física e comercial.
  
2- A política econômica adotada pelo governo brasileiro, é bastante diferente do principal parceiro daquele que é, segundo o Itamaraty, o principal projeto de política externa do país, o MERCOSUL, chegando a gerar desconfortos entre eles. É possível ampliar a integração, reafirmando o compromisso do Itamaraty, adotando uma política econômica diferente ou o Brasil deve buscar outro "projeto principal"?
            PRA: Políticas econômicas nacionais respondem a ciclos econômicos nacionais e possuem as características de cada economia nacional. Nos últimos dez ou 20 anos, Brasil e Argentina tiveram itinerários relativamente similares, mas não semelhantes, em seus respectivos
(...)

[Parte não respondida]
3- O senhor diz que o neoliberalismo não encerra em si uma política distributiva, mas que a redução da inflação foi algo bom. Segundo Celso Furtado, em entrevista ao Merconsulta em 2002, esta redução acabou com uma das ferramentas do governo de financiamento (chegou a render 5% do Produto Nacional) e teve que ser compensada por outros meios, como, por exemplo, aumento de impostos, resultando numa situação fiscal que o próprio Prof. Celso Furtado classifica como grave, pela extrema elevação da taxa de tributos e pela deformação de sua carga sobre pobres e ricos, incidindo mais sobre os pobres, por conta dos impostos indiretos que recaem sobre a base da população. Como o Sr. analisa esta questão?
4-A desigualdade social persiste (0,6 em 93 e 0,6 em 03, segundo dados do IBGE/IPEA), acompanhada de uma queda na renda do trabalhador, segundo dados do livro Radar (a renda média do trabalhador caiu 15% entre 96 e 2003), queda esta que se refere apenas aos empregados, com ou sem carteira assinada. Também ao longo do período, o nível de homicídios cresceu mais de 30% e o desemprego passou de 6,4% para 10% da PEA. A que o Sr. atribui o mal desempenho deste índices? Quais alternativas teríamos para revertê-los?
5-O Sr. diz que o Brasil teve alguns “czares econômicos da ditadura”  (Roberto Campos, Delfim Netto, Simonsen etc.) e outros ministros políticos da Fazenda na “república populista”. Quais seriam suas críticas em linhas gerais a estes modelos/projetos?
6-O longo período de recessão que houve na América Latina fez com que os países se voltassem muito para a idéia de uma abertura externa. O argumento apresentado era o de que essas economias eram demasiadamente fechadas, muito controladas, e que para terem mais dinamismo deveriam se abrir ao exterior. Segundo Celso Furtado, muitos governantes acreditaram que seus países se encaminhariam para uma fase de progresso, avanço e desenvolvimento, mas o que ocorreu na prática foi justamente o inverso. O economista Gabriel Palma disse que as políticas econômicas não devem ser baseadas em proposições simplistas como “openness is good for growth and development”. O sr. acredita que haja coerência nas colocações destes dois economistas? Quais seriam as coerências ou incoerências dos mesmos?
7-Este mês de agosto, no Rio de Janeiro, ocorreu o Fórum IBAS (Índia Brasil e África do Sul), um Seminário de Desenvolvimento Econômico com Eqüidade Social, com a missão de promover o intercâmbio de visões acerca dos grandes desafios do desenvolvimento sustentável para esses países e compartilhamento de políticas/programas adotados nos 3 países para combate à pobreza, desenvolvimento igualitário, cooperação tecnológica, etc.. Qual a sua opinião sobre este tipo de iniciativa?
8-Como o Sr. avalia o desempenho dos programas sociais adotados no atual governo, tais como o Fome Zero, Bolsa Família, Microcrédito, etc.? Quais são os pontos favoráveis e os negativos? 
9-E sobre a questão da integração com os países industrializados, o senhor acredita que é melhor a integração com estes países ou com países em desenvolvimento?

Caso queira expor algum outro tema adicional que julgue pertinente, favor adicionar.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Carreira Diplomatica: respondendo a questionamentos

Por puro acaso, recebendo hoje mais um "enésimo" comentário a este post meu: 



QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2009


reparei que foram a ele acrescentados 128 novos pequenos posts, feitos de comentários e perguntas de leitores, e respostas minhas, quando assim era requerido ou me era possível fazê-lo.
Como continuo recebendo questões e demandas sobre a carreira, por vezes repetitivas, algumas divertidas, a maior parte muito sérias e consistentes, algumas perfeitamente malucas (também temos a nossa cota de malucos na carreira, assim que os que entrarem vão se sentir à vontade).
Como as pessoas não lêem TUDO o que já escrevi sobre essas questões, neste blog, em outros blogs, ou no site pessoal, várias fazem exatamente as mesmas perguntas ou similares.
Por isso resolvi colar aqui, de forma totalmente transparente, todas as perguntas e todas as respostas, apenas tendo o cuidado de retirar o nome dos que escreveram de forma identificada.
Acho que pode ajudar alguns.
Ou pelo menos divertir outros...
Paulo Roberto de Almeida 

128 comentários:

Xxxx disse...
Realmente muito instrutivas as dicas... e perigosas, sobretudo a quem deseja que sua vontade seja obedecida somente em função da autoridade de que é ocasionalmente revestida, e não em função do conhecimento objetivo de causa em que se baseia.
XXxxxx disse...
achei este blog por acaso,no meio de uma pesquisa se sirvo para o serviço diplomático, sou meio autodidata e me peguei estudando história do Brasil em pleno sábado a tarde quando a maioria das mulheres brasileiras estão no cabelereiro,e como você disse meu maior defeito é - não tenho nenhum respeito pela hierarquia ou pela autoridade - não gosto muito desta estória de chefe,sub-chefe e todos os chefes acima e abaixo, isto pode ser um empecilho real, e como voce não tenho pretensões de carreira visto já estar na casa dos 50 anos, mas estou interessada em prestar concurso para a diplomacia, voce acha meu perfil por demais anarquista ?
Xxxxx XXXxx disse...
Muito bom seu blog.
Acho que minha real vocação é o serviço diplomático, apesar de cursar Medicina.
Se não for pedir muito. você poderia me informar em que pontos a carreira médica se aproxima da diplomática?!
Pretendo terminar o curso que estou fazendo diecionar meus estudos mais para área da Saúde Pública.
Parabéns pela seu percurso profissional. Há muito na sua história daquilo que almejo alançar no futuro.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
Medicina e diplomacia possuem poucos pontos em comum. Nos exames de ingresso possivelmente nenhum, a nao ser o conhecimento de Portugues e de Ingles. Na profissao, apenas a analogia de se usar o bisturi para dissecar problemas complicados, que necessitam uma abordagem anatomica, digamos assim, mas não deve ter muito terreno comum.
Saude pública é importante eestá na agenda internacional, mas nem sempre se pode trabalhar onde se deseja. Diplomata é um generalista, nao um especialista, mas acho importante que tenhamos um perfil diversificado, incorporando engenheiros, médicos, matematicos, etc.
Xxxxx disse...
Tenho 18 anos, faço direito e desde sempre sou encantada pela carreira diplomatica. Lendo o post , então, me deu mais vontade ainda. Faltam alguns anos pra eu tomar uma decisão efetiva de carreira, mas a diplomatica ganha pouco a pouco o meu coração. Vou começar a visualiza-la mais como um objetivo a seguir. Já que tenho muito caminho a trilhar.
Paulo R. de Almeida disse...
Acho que fiquei devendo algumas respostas ou comentários aos comentários, aqui postados.
A Xxxxx eu diria que o problema não está em ser anarquista, pois isto não vai ser objeto de questionamento no ingresso, nem depois. A questão está em que você teria de estudar muito, agora, para poder aspirar algum sucesso nos exames de ingresso, e depois não terá nenhuma possibilidade de carreira, por causa da idade. Se trata de um fato, não de uma opinião.
Para a Xxxxx, eu diria que se você pretende entrar, o tempo de decisão é agora mesmo, sem esperar mais nada. A preparação é muito exigente, e você tem de comecar agora lendo todos os livros, do contrpário, se for começar a estudar apenas no final do curso de graduação, poucas chances terá, a menos que estude exatamente as matérias exigidas no concurso...
Xxxxxxx disse...
Oi. Eu tenho 36 anos e meu sonho é ser diplomata. Pergunto se há alguma possibilidade promissora na carreira, estando eu com essa idade? Eu tenho possibilidade de chegar ao ultimo posto? Muito obrigado.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx Xxxxxx,
Acredito que 36 anos seja um pouco tarde para uma carreira satisfatoria, pois voce poderia ter problemas de promocao e acabar tendo se de aposentar como Primeiro Secretario ou Conselheiro. Em todo caso, nao se trata de um impedimento absoluto, voce pode sempre tentar entrar e comecar a carreira, sabendo que poderá sofrer algum constrangimento por ter, provavelmente, chefes mais jovens do que voce.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxxx Xxxxx disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Xxxxx Xxxxxx disse...
Excelente blog.

Paulo R. de Almeida,

Junto-me à turma das idades avançadas para a carreira – 29 anos. Tive o privilégio de dedicar somente aos estudos. Graduei-me Matemática e Administração. Obtive o título de mestre em Estatística e Economia. Neste momento, defendo tese de doutorado. A carreira diplomática é um atalho...
Xxxxxxx disse...
Dr. Paulo,

Sou formado em Ciências Sociais e desde o início da faculdade venho sonhando na carreira diplomática não só por causa da prática profissional mas também pelo formação generalista e a proximidade com áreas acadêmicas. Acontece que eu nunca comecei a estudar de fato para o concurso porque me angustia a idéia de não poder dar a mim e aos meus furutos filhos a satisfação de serem criados próximos da família aqui no Rio. Por isso te pergunto sobre algo que descobri há pouco tempo: qual a possibilidade e em quanto tempo mais ou menos, o diplomata, depois do curso de formação, pode ir trabalhar num escritório de representação regional? Existe um limite de tempo para esses locais de trabalho? E qual a diferença de trabalho nesses locais para Brasília?

Muito obrigado.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
Acho melhor voce desistir de ser diplomata. A carreira significa passar praticamente dois terços do periodo no exterior e apenas um terco no Brasil, em Brasilia. Se voce pretende ficar com a familia no Rio, melhor nem começar, pois sua carreira seria prejudicada, para nao dizer impossivel, pois precisamos ter tempo de exterior para ser promovidos.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Dr, Paulo

Belo blog e grande pessoa você mostra ser,Parabéns
Não perguntarei se tenho o perfil ou não para ser um diplomata,pois serei um.Sei que a preparação é muito exigente
tenho 23 anos.E vou começar a estudar agora, ler todos os livros que é preciso, para ter uma boa preparação. Isso durante quatro anos, que também será o tempo para me formar. Mas queria saber se nesse tempo as matérias mudam ou existe uma tradição nos livros ,ou algo do tipo, tendo risco de estudar matéria já ultapassada devido o tempo que vou me preparar.
O que esta no guia do estudante seria muito parecido nos próximos anos? ou muda muita coisa. Estudarei todos os dias, mas o que gostaria de saber é como começar , ou melhor com quais livros?
Depois de me prepara entrarei em uma escola preparatória aqui em São Paulo, para reforçar todo o aprendizado. Eum planejamento que vai levar tempo e muito esforço, Agora só preciso de uma direção rapida. O sr. poderia me aconselhar algo?
Cordialmente,
Rxxxxxx Nxxx de Mxxx Oxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Rxxxx,
Os exames de ingresso seguem um mesmo padrao basico, com mudancas pontuais a cada ano, com enfases diversas, dependendo dos professores e diplomatas que preparam as questoes. Mas se requer sempre o mesmo tratamento amplo das materias fundamentais que estao na base da selecao? Portugues (que precisa ser perfeito), Ingles excelente, e muito bom conhecimento de Historia Mundial e do Brasil, Economia, Geografia, Direito e bastante coisa sobre a diplomacia brasileira e suas posicoes dentro da materia relacoes internacionais.
Comece lendo os grandes classicos das ciencias sociais no Brasil e a boa literatura.
Depois faca um cursinho preparatorio, pois parece que eles se tornaram obrigatorios.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxxxx disse...
O QUE FAÇO COM A MINHA CABEÇA?

Caro Paulo, já que você fez o blog então vamos conversar.
Sou XXXXXX, xxxxxxxx, 28 anos, portador de deficiência física, técnico do XXXXX e interessado na diplomacia.
Não sou bom de português, estudei o básico de inglês e espanhol, tenho facilidade nas demais diciplinas, menos na economia, mas posso estudar.
Sou esforçado, mesmo tendo estudado na escola pública e tendo lido o primeiro ( de capa a capa) livro as 18 anos.
Uma dúvida cruél me incomoda, seria velho demais? O fato de ter estudado pouco e na escola pública não me da base para postular uma vaga? Vou perder tempo e dinheiro?
Tenho medo de fazer uso das cotas para PNE e ser discriminado.
Tenho medo de investir, medo.... a diplomacia me parece grande, enorme para um filho de pais analfabetos.
Diga me caro Paulo, fale de suas impressões sobre mim. Diga me o que faço com a minha cabeça quando penso na diplomacia. Ajude-me a aceitar a impossibilidade dessa realização ou investir nela com toda a inteligência que tenho.
Você é um homem importante, muita gente o ler e o ouve, tem boa formação e logo tem boa carreira, diga se posso ser um aluno seu, um colega seu....
Aguardo suas decisivas considerações.
Xxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Vou ser muito sincero e franco -- o que é uma redundância -- com você. Pelo que você me descreve, você não está preparado para passar no concurso. Não digo para ser diplomata, e sequer pela deficiência física, que pode representar uma dificuldade adicional, mas não representa um impedimento absoluto às vontades muito fortes.
Se você realmente sente que tem vocação para a diplomacia, se voce quer, pretende, deseja, aspira a ser diplomata, eu diria que você deveria se preparar. Sua idade -- 28, mas supondo que você só consiga entrar em dois ou três anos -- não constitui tampouco um impedimento fundamental.
Ninguém, nunca, perdeu tempo, ou se prejudicou por estudar e por perseguir os seus sonhos, desde que os procedimentos adotados sejam razoáveis em termos de dedicação aos estudos, em tempo e dinheiro.
Mas devo também registrar, pela descrição que você me faz do seu estado de despreparo, que suas chances são mínimas num concurso notoriamente muito exigente (mesmo levando-se em conta a cota para deficientes físicos, que se traduz, ao que parece, em facilidades relativas).
Pessoalmente, eu diria que você deveria estudar e se preparar, ainda que eu reconheça que você tem enormes lacunas de formação, e que pelo background familiar você se atrasou em seus estudos.
Eu também venho de uma família muito modesta, com avós analfabetos, mas tive a chance de residir ao lado de uma biblioteca infantil, onde passei toda a minha infância e primeira adolescencia lendo e estudando. Eu estava preparado, portanto, o que sinto não é o seu caso.
Mas, estude, tente uma vez, e talvez outra, para você não dizer que não tentou.
Meus melhores votos.
Paulo Roberto de Almeida
Txxxxx Hxxxx disse...
Dr Paulo,

Tudo bem com o sr.?
Estou acompanhando seu blog e gostaria de parabeniza-lo pela iniciativa.
Gostaria da opinião do senhor sobre a possibilidade do meu ingresso na diplomacia.
Tenho 20 anos, estudo Direito e História na Universidade Estadual do Norte do Paraná. Morei alguns meses nos Estados Unidos, e de certa maneira, domino o inglês.
Estudo firme, e pelo que li no Guia de Estudos do Instituto Rio Branco, já li uma boa parte da bibliografia sugerida para História.
Entretanto, não tenho leituras profundas em economia (mais especificamente em microeconomia).

Penso em fazer mestrado na área de Direitos Humanos na USP, e somente após o término deste, ou quiçá de um doutorado, prestar a prova da Diplomacia.

O sr. considera besteira fazer pós-graduação antes do ingresso na carreira ou uma atitude correta?

Obrigado desde então,

Txxxxxx Hxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Thiago,
Minha opiniao é a de que voce deve tentar o exame de ingresso no Itamaraty ainda antes de concluir o curso de graduacao, para conhecer, treinar, saber onde estao seus pontos fortes e fracos. Depois, nao espere a pos para tentar novamente. Continue estudando e tentando, e faca o mestrado paralelamente.
Paulo Roberto de Almeida
Dxxxxx disse...
Exmº. Dr.Paulo Roberto de Almeida,
Primeiramente gostaria de prestar congratulações e respeito por vossa biografia, de fato inspiradora, acredito que para todos nós aspirantes à carreira diplomática.
Tenho 31 anos, sou odontólogo, professor auxiliar de uma Universidade pública no Rio de Janeiro e dou início, no atual momento, ao doutorado em minha área.
Entretanto, a carreira diplomática sempre me foi no mínimo instigante e exatamente pela curiosidade e pela compulsão literária, sinto-me impelido a enveredar-me por este caminho de evolução intelectual, profissional e humano. Acerca deste
último campo, me chamou muito à atenção o lado humanista da profissão, o de servir aos brasileiros, não somente ao Estado.
Tendo-se em vista as desigualdades sociais de nosso país, como a carreira diplomática pode ajudar a aliviar as claras deficiências de desenvolvimento humano em nosso país? Pelo que devemos primar em nossas carreiras para transformar crescimento do Estado, muitas vezes fomentado pela atividade diplomática, em consequente desenvolvimento humano?

Cordialmente,
Dxxxxx Mxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Excelentes perguntas, Daniel, que eu mesmo gostaria de responder agora, se tivesse tempo e capacidade (acho que tenho alguma).
Respondendo rapidamente de forma sintética, eu diria que o papel do diplomata no desenvolvimento brasileiro é claramente acessório, pois nenhum, REPITO NENHUM, dos grandes problemas brasileiros tem a ver com o cenário internacional, ou muito superficialmente.
Todos os nossos problemas -- falta de educação de qualidade, corrupção, políticas públicas inadequadas, baixo investimento em C&T, instituições governamentais deficientes, déficit previdenciário, baixo investimento, baixa poupança, pequena abertura a comércio internacional e investimentos diretos estrangeiros -- todas essas deficiências são "made in Brazil", nossos próprios pecados, e tem de ser resolvidos aqui mesmo. Mas acredito que isso vai demorar um pouco.
O diplomata, como cidadão, pode ajudar um pouco, expondo o que fizeram de certo (e de errado) outros países, e porque alguns deram certo e outros deram errado.
Nós fizemos meio certo em muitas coisas, e muito errado em outras, como em educação, por exemplo.
Mas, isso não é algo que o diplomata possa resolver, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Vou me dedicar a responder a esse seu questionamento em algum trabalho futuro.
Obrigado por formular a questão.
Xxxxx disse...
Olá Sr. Paulo.
Tenho 23 anos, sou formado em Administração Hoteleira e pretendo iniciar meus estudos para ingressar na carreira diplomática no início de 2010. Neste princípio, sinto-me um tanto confuso no que diz respeito ao que fazer, por onde começar. Como pretendo dedicar, no mínimo, os próximos dois anos de minha vida apenas aos estudos, estou a procura de um curso preparatório que responda a todas as questões as quais hoje desconheço. O Sr. poderia indicar-me algum?
Buscando informações encontrei seu blog e gostaria muito de ter a sua opinião. Dois anos, "integrais", são o suficiente? Como já disse, pretendo dedicar-me apenas a isso.
Acho que o sonho e a força de vontade são o princípio, mas infelizmente não bastam.
Aguardo suas colocações com ansiedade.

Grato.

Atenciosamente.

Jxxx Dxxxxxxx
Anônimo disse...
Boa tarde, Sr. Paulo Almeida

Bem, tenho 17 anos. Sempre tive muita facilidade com as matérias de humanas como História,Geografia e Português. Aprendo línguas estrangeiras com extrema facilidade, sou fluente em Inglês e Francês.
Por causa dessa paixão pelo estudo das línguas e culturas, decidi prestar Letras na USP. Porém, a carreira diplomática muito tem me cativado - assim como a muitos outros.
Gostaria de saber qual curso de graduação seria o mais apropriado para obter êxito nessa carreira. Relações Internacionais, Ciências Sociais, ou até mesmo a combinação de uma dessas com Letras?
Muito obrigada pela atenção,
Cxxxxxx Gxxxxxxxx
Xxxxxxxxx disse...
Boa tarde, Sr. Paulo Almeida.

Bem, tenho 17 anos. Sempre tive muita facilidade e gosto pelas matérias de humanas, tais como Português, História e Geografia. Línguas estrangeiras são meu grande hobby, falo francês e inglês fluentemente.
Exatamente por esse apreço pelas línguas e culturas estrangeiras, optei pelo curso de Letras na Usp no vestibular desse ano. Porém, a carreira diplomática muito tem me atraído - assim como a muitos outros.
Gostaria de saber qual o curso de graduação é o mais adequado para seguir a carreira diplomática. Seria interessante, além de ter tal graduação, ser letrada?
Muito obrigada!
Paulo R. de Almeida disse...
Cxxxxxxx,
Nao sei bem o qeu voce quis dizer com letrada. A unica coisa de que voce precisa para se tornar diplomata é um diploma de QUALQUER curso superior reconhecido pelo MEC. O resto é com voce, ou seja, o estudo de todas as materias que constam do edital de concurso, o que já é um imenso esforço de leitura.
Mas, voce tem tempo. Comece agora a ler e quando voce terminar a Faculdade voce ja estará pronta para ingressar na carreira.
Agora eu hesito em lhe indicar um curso. Pode ser que o de RI seja o mais adaptado para os exames de entrada, mas nao tenho certeza, pois voce precisa pensar em ter uma profissao normal, antes de se tornar diplomata, pois pode demorar o seu ingresso, tendo em vista que o concurso é muito concorrido.
Voce pode fazer direito, economia, administracao, letras, enfim, aquilo que lhe der mais prazer e oportunidades no mercado, ao mesmo tempo em que estuda as materias do concurso. Pode ser que na sua cidade exista um bom curso de RI, numa boa Faculdade, mas nao sei.
Bons estudos.
PRA
Xxxxxxx disse...
Boa Tarde, Sr. Paulo Almeida.
Bom, Tenho 17 anos. Sempre gostei de matérias como, História, Geografia (Geopolítica) e Português.
Línguas estrangeiras, conhecimento sobre outras culturas, assuntos políticos e econômicos é de grande atração para mim.
Eu gostaria de saber o que um profissional formado em Comércio Exterior faria como diplomata?
Não se tem tempo para cursos (fora os de aperfeiçoamento da carreira),
Esportes ou Dança?

Obrigada!
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
O profissional formado em Comércio Exterior, como qualquer outro profissional formado em qualquer outro curso de graducao reconhecido pelo MEC, faria como diplomata o que qualquer outro diplomata faz: trabalhar no MRE e nos postos no exterior, segundo funções e atribuições típicas da carreira. Ou seja, trata-se de um servidor do Estado, do serviço público federal, como vários outros, um burocrata federal, mas que tem essa particularidade de trabalhar no exterior por periodos determinados, geralmente 3 + 3 anos (em dois postos no exterior) e um periodo variável, de 2 a 3 anos, em Brasília.
Dentro da carreira existem dois cursos de aperfeiçoamento, para promoção, mas você pode fazer qualquer curso extra, fora da carreira, desde que não atrapalhe as funções profissionais: dança, pintura, linguas, mestrado e doutorado, não fazer nada...
PRA
 Xxxxxxxxx disse...
Caro Professor Paulo,

Escrevo-lhe porque pressinto que, com sua ajuda, eu possa obter resposta a uma pergunta sobre a carreira diplomática que me deixa, já há algum tempo, apreensivo. Vamos lá.

Para que o senhor possa compreender melhor o motivo de minha preocupação, apresento minha situação. Tenho 25 anos, nível superior completo e um forte desejo - para muitos injustificável - de ingressar no Itamaraty. Minha lucidez me indica, no entanto, que, iniciando minha preparação para o concurso neste momento, serei aprovado dentro de dois ou três anos. E tenho receio de que o ingresso na carreira com cerca de 28 anos me comprometa no que diz respeito ao meu futuro profissional.

Isto porque percebo que há, de certo modo, um limite de idade implícito para aprovação no concurso de admissão, tendo em conta que o candidato aprovado pretenda ascender de maneira satisfatória e plena na carreira. Suponho, por exemplo, que um sujeito de 35 anos que seja aprovado no concurso dificilmente alcance o ápice da carreira, em termos hierárquicos.

A questão que me atormenta é, então e por fim, a seguinte: qual idade - ou faixa etária - poderia ser apontada como tal limite?

Ademais, bajulações à parte, comento que seu espaço na rede muito me impressionou, tanto por conta da qualidade dos textos e das opinões quanto por conta da nobreza da iniciativa de divulgar aos interessados dados sobre a carreira.

Muito agradeço pela ajuda e pela atenção.

Até.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Acredito que se possa entrar no Itamaraty ate 32 ou 33 anos, embora a progressao possa tornar-se mais lenta a partir de agora, com tantos novos entrantes.
Eu mesmo ingresse cim 28 anos completos e tive uma trajetoria normal ate ministro de segunda classe, e poderia ter sido embaixador 5 ou 6 anos atras, embora por razoes basicamente politicas eu nao tenha sido promovido, pelas mesmas razoes que voce vê em meus escritos.
Você se comportando bem, conserva intactas as suas chances...
Vxxxxxxx disse...
Dr Paulo,
Tenho 17 anos e estou cursando o ensino médio. Ainda não me decidi completamente pela carreira diplomática, mas já tenho certeza de que quero fazer um curso de Relações Internacionais, por isso, tenho feito o PAS (Programa de Avaliação Seriada) da UnB, para, no futuro, poder cursar essa universidade. Tenho, porém, uma imensa vontade de estudar nos Estados Unidos e já até entrei em contato com agências que possam intermediar e me auxiliar durante o processo, inclusive já até vi uma universidade do meu agrado (University of Washington). Porém, tenho duas dúvidas: a primeira é se, por acaso, eu me decidir pela carreira diplomática, será vantajoso ter estudado fora? A segunda é a mesma dúvida, só que numa situação mais genérica: o Sr. acha que é realmente vantajoso estudar nos EUA em relação às universidades brasileiras (no curso de Relações Internacionais)?
Desde já agradeço a resposta.
Paulo R. de Almeida disse...
Vxxxxxx,
Sempre é bom estudar fora do Brasil, sobretudo em ingles, para voce ficar com a lingua totalmente dominada, mas eu nao recomendaria fazer todo o curso superior fora, pois voce vai precisar estudar muito mais coisas do Brasil, se pretende ingressar na carreira diplomatica. Assim, recomendo que voce estude um periodo fora, seis meses ou um ano, mas faça o essencial de seus estudos de graduação aqui no Brasil, para poder se preparar de maneira adequada, inclusive fazendo algum cursinho preparatorio.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Olá. Eu estudei na Escola Americana de Brasília e tenho o diploma técnico de tradutora intérprete. Sempre foi uma profissão que eu admirei. Sou formada em pedagogia, sou funcionária pública e tenho interesse em ser diplomata. Gostaria de saber como é o horário de trabalho dos diplomatas. Vocês trabalham no horário comercial de 8:00 às 18:00? E o horário é maleável? Vocês podem entrar às 10:00 e sair às 20:00 se quiserem? Os jantares e reuniões informais nos finais de semana para tratar de negócios são computados como horas trabalhadas ou não? Fico feliz que o senhor responda as perguntas de pessoas interessadas na carreira diplomática. Obrigada pela ajuda e consideração. Um abraço da Xxxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
Suas perguntas s'ao fora do comum, mas vamos lá.
1) Horario oficial de trabalho na Secretaria de Estado: de 9hs a 13hs, e de 15hs a 19hs, mas dependendo da área de trabalho, pode se sair mais tarde (e entrar mais tarde também): geralmente nos Gabinetes isso ocorre.
Temos muito trabalho (e viagens) em fins de semana, assim que a carga total de trabalho pode ser bem mais pesada do que o de um funcionário de outros setores (acabo de voltar da China, para onde viajei num sábado, 28.11.2009, demorei para me recompor com a diferença de 11hs; e voltei ontem, cansadíssimo).
Não existe NENHUMA hora extra computada por jantares, recepções ou viagens em fins de semana: só ganhamos o salário, ponto, todo o resto não é pago.
Ou seja, trabalhamos muito mais que funcionários "normais" e ganhamos proporcionalmente menos, posto que simplesmente não existe esse conceito de horas extras ou compensações por viagens e tempo gasto em atividades diplomáticas extra-horário de trabalho. Existe certa tolerância, por isso mesmo, quando se chega as 10hs ou 11hs na manha seguinte a uma dada atividade extra na noite anterior.
Espero ter satisfeito sua curiosidade.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxxxxx disse...
Dr.Paulo, sua informações me são muito oportunas. Tenho interesse na carreira diplomática e gostaria de saber quais seriam exatamente as atribuições de um 3° secretário (primeiro nível de carreira). Se puder esclarecer, agradeço.
Anônimo disse...
Olá. Primeiramente eu gostaria de agradecer por você ter respondido a minha pergunta. Eu tenho mais algumas dúvidas.

Você havia me dito que os diplomatas têm muito trabalho (e viagens) nos finais da semana. E quantos finais de semana por mês você têm que trabalhar? Quantas vezes por mês você viaja para fora do Brasil?

As remoções são direcionadas para postos separados entre as categorias A, B e C e D. O diplomata pode escolher o local para onde deseja ir morar? Se o diplomata quiser trabalhar em Sydney, na Australia, ele pode fazer essa escolha?

Imagino que você esteja na Conferência de Copenhague em inúmeras reuniões com autoridades estrangeiras. Sei que seu tempo é precioso, mas quando tiver um tempinho agradeço se responder minhas perguntas. Admiro a sua carreira diplomática e tenho curiosidade sobre o dia a dia dos diplomatas. Atenciosamente Dxxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Dxxxxx,
Sinto muito. Estou com minha central de respostas temporariamente desativada, por excesso de trabalho, e excesso de perguntas.
Tente de novo em janeiro. Pode ser que eu tenha conseguido terminar minhas obrigacoes...
Paulo Roberto de Almeida
Dxxxxxxxx disse...
Prazer!!!
Moro em Santa Cruz do Sul uma cidades de porte médio do interior do Rio Grande do Sul, tenho 15 anos.
Estou interessado em fazer a graduação em Relações Internacionais em uma universidade federal possilvelmente a UFRGS ou UFSM, contudo, sou proveniente de escola pública e de certo modo noto que grande parte das admissões nesses concursos os alunos são provenintes de escolas particulares como por exemplo o Itamaraty...
O fato de eu provir de escola pública é algum tipo de impencilho?
Há também tenho outra dúvida, o serviço militar(não me refiro ao alistamento) é obrigatório para passar no concurso? Quanto tempo?
E apenas mais uma dúvida que condições físicas de saúde são essas que o Itamaraty exige?
Certo de vosa compreensão aguardo as respotas...
Obrigado
Obs.: Adorei seeu blog
Xxxxxxx disse...
Prazer!!!
Sou de Santa Cruz do Sul uma cidade de médio porte do interior do Rio Grande do Sul, vou fazer 16 anos em abril.
Tenho interesse na área diplomática e pretendo cursar Relações Internacionais numa universidade federal...
Tenho algumas dúvidas que se não pedir demais gostaria que o senhor respondesse:
* O fato de eu provir de escola pública me prejudica de alguma forma?
* Tenho ter serviço militar obrigatoriamente (não me refiro ao alistamento ao serviço propriamente dito)?
* Que condições de saúde são essas que o Itamaraty se refere?

Certo de vossa compreensão aguardo as respostas.
Obigado

Obs.: Adorei seu blog
Paulo R. de Almeida disse...
xxxxxx,
Nenhuma escola publica representa um impedimento absoluto ao que você pretende ser mais tarde na vida, em termos de carreira acadêmica ou trajetória profissional nos mercados.
Mas, claro, você precisa ter perfeita consciência de que o ensino numa escola pública apresenta deficiências enormes, que você terá de suprir por seus próprios meios estudando de forma autodidata.
Aliás, você pode ter certeza também que o ensino numa escola privada não é de muito melhor qualidade. Os professores, com muito poucas exceções (que são as escolas privadas de altíssimo nivel, e portanto muito caras, e situadas apenas nas grandes capitais) não são muito melhores do que aqueles que ensinam nas escolas públicas, pois a mediocrização do ensino no Brasil é geral, atingindo inclusive as universidades.
Você pode escolher um curso de RI para se preparar depois para o concurso da carreira diplomática, mas sinceramente eu não recomendo. Acho esses cursos muito fracos e não preparam para uma profissão "normal", o que quer dizer tradicionais no mercado (direito, administração, economia, etc).
Recomendaria a você, em qualquer hipótese, fazendo ou não curso de RI ou outro, se preparar por conta própria, lendo e estudando todas as matérias do concurso do Rio Branco de maneira autônoma e individual.
Estude muito, pois você vai precisar ter um excelente nível de conhecimentos se pretende se tornar um diplomata.
Boa sorte nos estudos, felicidades em sua vida pessoal.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxx disse...
Chegamos ao ano de 2010 e acredito que o futuro da diplomacia e das relações internacionais no Brasil se modificou desde o texto ''As relações internacionais como oportunidade profissional'' onde o senhor responde a todas as duvidas dos jovens que pretendem cursar RI.

Pois bem, tenho 17 anos e esse ano pretendo prestar para uma faculdade pública (USP ou UNB) em busca da formação em RI, mas focada para a diplomacia. É o que tomo como ambição para o meu futuro desde os 15 anos. Sempre fui auto ditada e não tenho dificuldades em relação a estudo e leitura, muito pelo contrário, tomo isso como um hobbie. Minha principal preocupação é na verdade o tempo médio que levaria para a minha formação intelectual a nivel de concorrer a uma vaga no Itamaraty ( e o tempo que eventualmente não haveria ''mercado'' para mim ) e se esse ramo, o da diplomacia, tras ainda algum tipo de preconceito em relação a mulher em papeis de poder.

Se puder tirar minhas duvidas, agradeço desde já.
Lxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Lxxxxx,
Você já tem um nome, por assim dizer, internacional, e talvez isso facilite o seu ingresso na diplomacia. Meus cumprimentos por manter esse objetivo desde os 15 anos, ou seja, há dois anos, e se percebo bem, você vai continuar se preparando de forma intensa durante todo o seu curso de graduação em RI. Meus parabéns e eu diria que você deve fazer isso mesmo. Não confie em seus professores, que muitas vezes são preguiçosos, e continue autodidata. Faça um programa de leitura e de estudos dirigidos, calcado no Guia de Estudos e leia três vezes mais do que a lista ali recomendada, pois você vai precisar de toda leitura para ingressar logo na primeira vez.
Pelo que eu vejo de seu Português ainda falho, você vai precisar se aperfeiçoar seriamente em várias matérias. O tempo médio não existe, pois algumas pessoas passam o tempo vendo bobagens na TV e outras aproveitam para estudar: você escolhe o tempo de formação, mas se quiser ter sucesso comece a ler desde já, e treine muita redação também, pois é necessário.
Quando você entrar, já estará em tempo de uma mulher ser chanceler, ou seja, ser ministra das relações exteriores. Aliás, já estaria em tempo, mas a política brasileira ainda é muito machista... Creio que o Itamaraty já não tem muito preconceito nesse terreno, embora possa haver alguma condescendência e talvez mesmo um pouco de demagogia a esse respeito.
Boa sorte nos estudos.
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Olá!

Sou Mxxxxxx, tenho 22 anos, terminarei a faculdade de Ciências Contábeis em 2011. Por enquanto não falo outro idioma além do português, mas pretendo iniciar curso de inglês e francês depois de concluir a faculdade e, mais adiante, aprender espanhol(por motivos pessoais não posso fazê-los ao mesmo tempo). Gostaria de parabenizá-lo pela sua trajetória e pelo seu blog. Minha dúvida: é necessário falar, compreender, escrever e ler os três idiomas em nível avançado para ingressar na carreira diplomática?
Cordialmente,
Xxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...,
Xxxxxxxx
É preciso saber Ingles muito bem, mas muuuuiiito bem, e uma outra lingua, Frnces, Espanhol (ou outras, veja os editais) razoavelmente bem...
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Boa tarde,
Primeiramente gostaria de dar parabéns pelo seu ótimo e esclarecedor blog.
Gostaria de lhe perguntar se eu teria condições de concorrer a uma vaga no IRB com estas qualificações: tenho 30 anos, sou bacharel em ciência política, morei 4 anos no exterior mas não possuo qualquer certificado de proeficiência apesar de falar e escrever em inglês e alemâo. Tenho alguma chance?
Desde já lhe sou grato pela atenção.
Xxxxxxx
 Xxxxxx disse...
Prezado Paulo Roberto de Almeida

Meu nome é Xxxxx ,sou servidor público(RFB) e professor de História da rede pública de ensino.Cursei Ciências Sociais na UFAM,mas não concluí a graduação.Atualmente, sou estudante de Filosofia(UNISUL),francês e inglês,e,desde os 14 anos(isso já faz algum tempo), aspirava seguir a carreira diplomática.Por diversas razões tive que adiar tal objetivo.
Porém,de uns tempos para cá,o desejo voltou,e de forma intensa,quase que vocacional;um sentimento forte,ardente,uma convicção de que "é isso!".Logo deparei-me com uma concreta realidade:o desafio.O problema é que o tempo passou.Hoje tenho 35 anos,considerado velho para os padrões de admissão.Confesso que o fator TEMPO é o que menos importa para mim,pois o que me move não é um desejo de promoção,reconhecimento ou escalada dentro da estrutura da carreira,mas a experiência e a satisfação da realização de uma meta,um objetivo e algo que realmente me dá prazer:o diálogo,o debate,a reflexão crítica e aprofundada dos temas de relevância para o país,respirar o mesmo ar e beber na mesma fonte de tantos intelectuais e que ,pela simples razão de estarmos juntos,seria tremendamente satisfatório para mim.Reconheço a longa estrada e peço algumas orientações acerca da melhor estratégia para atravessá-la.Estou me programando para o concurso de 2015,estudando como autodidata,fazendo cursos das matérias específicas e guardando recursos para um período de estudos no exterior.Confesso que ao ler alguns comentários sobre a questão da idade fiquei um pouco apreensivo.Gostaria de saber sua opinião sobre esta questão (Idade-vou estar com 40 anos em 2015) e sugestões sobre estratégias para admissão no concurso.
Reitero minha admiração pelo homem e pensador Paulo Roberto de Almeida.
Paulo R. de Almeida disse...
Com perdao da expressao, dois coelhos de uma vez so (estou viajando no exterior e sem tempo ou conexoes para responder adequadamente),
Primeiro o Xxxxxxx,
Nao é preciso ter certificado nenhum de nenhuma língua, apenas o diploma universitario. As linguas se precisa apenas saber, ingles muito bem, uma outra razoavelmente bem. Voce tem chance, desde que saiba muito bem o resto do programa, o que não é facil.
Boa sorte nos estudos.

Agora o Xxxxx.
Nao entendo porque apenas em 2015: isso é falta de confiança em si mesmo. Acho que você deveria estudar intensamente para tentar entrar antes, se possivel no ano que vem, fazendo cursinho e se preparando adequadamente, a menos que voce nao tenha diploma de graduacao.
Acho que 40 anos inviabiliza uma carreira "normal", mas se seu objetivo é apenas entrar, então vá em frente, entre e seja feliz.
Paulo Roberto de Almeida

X
xxxxxxxxxx disse...
Prezado Xxxxxx,
eu peço desculpas pela minha intervenção em sua conversa com o mestre Paulo Roberto, contudo, foi impossível não me comover com seus comentários. Eu gostaria de lhe dar algumas sugestões:
1) - pegue o edital do concurso no site do MRE o link é este http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/IRBr/pt-br/file/Edital_abertura_CACD_2010_publicado_no_DOU(1).pdf

2 ) - faça um cronograma com metas de leitura diária, semanal, mensal e semestral.

2 ) - Faça o fichamento dos livros (pode ser em fichas cartonadas ou no computador mesmo, não importa)

3 ) - Tire uma hora diariamente para reler os fichamentos.

4 ) - Não sei o tempo que dispõe, mas seja obssessivo, leia compulsivamente.

5 ) - Não veja mais televisão.

6 ) - Largue a família e amigos (durante um tempo apenas)

7) - E não tenha medo daqueles que tem doutoramento ou pós-doutoramento. Por um único motivo: eles tem doutoramento em um assunto específico e não em todos que caem na prova, portanto, as chances são quase isonômicas.
Por exemplo, você pode concorrer com pessoas com doutoramento em linguística; que estudou na Sorbonne; que estudou inglês nos EUA e assim por diante. Se esta mesma pessoa não dominar Direito e Economia, ela não passa.
Isto significa, que as chances são iguais para todos, pois ninguém tem domínio absoluto de todas as disciplinas que caem nesta prova.

8) - Valorize o seu conhecimento e não se importe com a idade, até por que a atual gestão do Itamaraty nos mostra que muita coisa pode mudar no futuro em relação à carreira. [Só não sei se digo felizmente ou infelizmente]
Comece a estudar "ontem", pois se sente que tem vocação verá que valerá a pena.
9 ) - Só faça um preparatório como o curso Clio e outros quando tiver lido bastante, pois do contrário, apenas jogará dinheiro fora.

Um conselho: Só não se iluda achando que na carreira todos são intelectuais como o mestre Paulo Roberto.
Quem derá que fosse assim !
Xxxxxxxxx disse...
Sr. Paulo R. de Almeida,

Muito oportuno este blog. Admiro sua dedicação e destreza em responder a cada uma das dúvidas aqui apresentadas.

Divido duas paixões: a pesquisa e a diplomacia. É possível conciliar os dois?

Eis a minha atual situação: ingressei no curso de RI, mas me transferi para História. Não me arrependo de ter "nadado contra a corrente" de expectativas a meu respeito, a História me permite uma visão abrangente não apenas da formação da nossa Nação, como também do mundo. Além do mais, foi ali que descobri a paixão pela pesquisa: tenho dois projetos, um a ser submetido esse ano ao Probic, que já possui aprovação da coordenação do curso (aprovação em expectativas, devo dizer) e outro que pretendo desenvolver após o retorno às RI. Além das pesquisas, me propus a escrever e publicar artigos acadêmicos; um já foi submetido, inclusive, ao Congresso Acadêmico da Defesa Nacional. Admito: sou aprendiz ainda, mas com capacidade de progredir sem maiores dificuldades. Tais planos de desenvolvimento de pesquisas e publicações de artigos são o resultado daquilo que sinto prazer em fazer: estudar, ler, pesquisar e escrever. E não tenho o intuito de dedicar minha vida à algo que não me traria tal satisfação. Como o Sr. é o primeiro diplomata com quem tenho contato, é possível, pois, desenvolver pesquisas e estudos na área diplomática e da política externa em geral, paralelamente ao ingresso à carreira em si?

E, como tantos, também me preocupei com o fator 'idade'. Finalizarei a graduação em História com 24 anos e RI com 25, no mais tardar, 26 anos. Porém devo dizer que no momento me dedico a acentuar meus pontos fortes na área de humanas, enquanto que, noções de Economia e Direito, deixarei para que o curso de RI me complemente.

Obrigada.
Atenciosamente,
Xxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxxx,
É possível, sim, conciliar, diplomacia e pesquisa e o exemplo mais evidente disso é o historiado Evaldo Cabral de Mello, possivelmente o maior historiador ativo do Brasil, que, aliás, nunca foi acadêmico, mas sempre fez pesquisa, enquanto diplomata. Eu mesmo faço a mesma coisa e não me arrependo, mas sempre há certo stress pessoal e funcional, talvez familiar, pois a carreira é muito exigente em termos de trabalhos, recepções, etc.
Por outro lado, você está na idade perfeita para se preparar e entrar...
Vá em frente.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxxxx disse...
Muito obrigado por fazer um blog excelente como esse, que me fez refletir sobre a carreira diplomática (a qual pretendo seguir).
Meu nome é Wilson, tenho 15 anos e, há pouco mais de um ano, tenho interesse em cursar direito e, ao fim deste, diplomacia. Tenho procurado dicas em inúmeros sites sobre como tornar-se um diplomata, porém nenhum foi tão satisfatório como este. Gostaria, se não for muito abuso, que o senhor pudesse me passar algumas dicas sobre o curso, como estudar etc.

Agradeço desde já.
Xxxxxxx disse...
Sr. Paulo R. de Almeida,

Me identifiquei muito com o Sr. Sempre disponível para responder todas as perguntas.

Estou me preparando para prestar o concurso. Já fiz muitas pesquisas sobre a carreira, entretanto, ainda não encontrei ninguém que me esclarecesse sobre a frequencia das mudanças de residência. Quais os critérios utilizados para decidir quem irá para qual posto? O diplomata tem algum controle sobre isso? É possível ele não ir? Qual o nível de estabilidade que ele pode obter em cada cidade? Pergunto isso pois possuo dependentes e não seria interessante pra eles viver cada ano em uma parte do mundo, mas manter uma certa "permanência" em cada local.

Desde já agradeço, um forte abraço.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Não vou responder a suas questões, por duas razões muito simples.
1) Se você deseja ser diplomata, deveria saber que não é para ficar parado no mesmo lugar muito tempo. Ou você aceita o fato de ser nômade, ou nunca será um bom diplomata.
2) Concentre-se primeiro na tarefa de entrar na carreira, depois você se preocupa com o que vem depois.
Paulo R. de Almeida
Xxxxxx disse...
Há tempos leio tanto o seu blog como a página oficial,para mim é referência obrigatória,já fiz em 2006 uma prova do CACD,da bibliografia básica muitos livros principalmente na área de história já tinha lido, a verdade que só eu fiz para analisar o meu desempenho,não tinha muito tempo nem dinheiro para pagar um curso preparatório,enfim depois do resultado,começei a me convencer que necessitava de um mestrado,mas como eu queria estudar na Inglaterra só havia um jeito, bolsas de estudos,acabei sendo convencida de ir na França e visitar as universidades,ganhei a passagem fui nas férias, confesso que queria Inglaterra,pesquisei sobre universidades francesas na área de mestrado em turismo Sorbonne, Poitiers e Avignon, chegando na França fui convencida pelo departamento internacional da universidade de Avignon de fazer mestrado em desenvolvimento cultural por se adequar mais ao meu perfil (embora eu seja formada em turismo),eu realmente gostei da grade curricular do curso e tive uma péssima impressão da Université Paris I (Sorbonne)...Depois dessa viagem fiquei mais seis meses no Brasil e arquitetando um plano: ou conseguir bolsa ou trabalhar em um navio de cruzeiros para então pagar o curso de francês e depois o mestrado,a verdade é que passei dois anos viajando pelo mundo,voltei para o Brasil julho passado, a experiência que mais influenciou para almejar uma carreira diplomática (e ainda influencia) foi em 2004 ter sido escolhida como líder juvenil pela Unesco Chair Institute da Universidade de Connecticut em um programa para líderes juvenis na área de direitos humanos, com direito a conferência na universidade e visita a ONU.O que me passa na cabeça é que creio que tenho capacidade de passar no exame do CACD ( mas por comodismo não dei o melhor de mim),mas agora estou com 27 anos me mudando para a europa,com planos de realmente fazer meu mestrado e voltar e tentar o Itamaraty,creio que possa desenvolver uma técnica de estudo que me possibilite este efeito estudando lá e só vindo para o Brasil para fazer o exame (espero que ...bom que no atual governo os números de vagas não diminua), sinceramente a minha dúvida é mais pela idade ,digamos que se houver exames ano que vem vou ingressar com 28,29 anos...neste caso não deveria olhar também com bons olhos as agências da Onu como possibilidade? (Sim eu estou confusa não quero mais trabalhar em nada direcionado ao turismo estou saturada).
Agradeço todas as informações passadas!
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Vá para a Europa, faça seu mestrado e ao mesmo tempo estude para o concurso e prepare-se adequadamente para o ingresso na carreira. Eu ingressei na carreira com 28 anos completos, e acho que ate os 32 ou 33 ainda é aceitável em termos de carreira.
Não pense que você vai conseguir uma excelente posição em agências da ONU logo de início: aquilo é um dinossauro burocrático, com todas as deformações do apadrinhamento e da proteção.
Você pode, inclusive, tentar fazer o concurso no meio do mestrado, e se passar, abandona o mestrado e continua no Brasil.
Estude e divirta-se na Europa...
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Ola Dr. Paulo,

Tenho 27 anos, inglês fluente - morei 3 anos no Canadá, espanhol avançado, estou estudando francês e sou bacharel em Geografia. Começei a minha preparação para o CACD e gostaria de saber até que idade eu poderia tentar ingressar tendo plenas condições de sucesso carreira. Obrigada,
Xxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
Creio que voce pode ter uma carreira normal entrando até os 35 anos, mas isso vai depender muito do fluxo da carreira nos proximos anos, ou duas decadas, pois as regras podem sempre variar um pouco, como expulsorias, etc.
Paulo R Almeida
Mxxxxx disse...
Dr. Paulo,
há alguns anos venho acompanhando o seu blog(ou melhor, os seus blogs), pois o desejo de seguir a carreira diplomática volta e meia aparece.
Tenho 22 anos e estou terminando meus estudos na Faculdade de Direito, mas acredito que minha paixão por "ajudar as pessoas e o mundo" só será suprimida se eu me tornar diplomata.
No entanto, minha única e maior angústia é apenas uma: como conciliar a carreira diplomática com a vida familiar? É possível manter um casamento sem que o outro cônjuge tenha que abdicar da carreira dele para seguir comigo nas missões internacionais?No meu caso, meu namorado é advogado e almeja fazer um concurso público futuramente.Acredito que isso facilite, estou correta?
E a criação dos filhos?
Por fim, pela experiência do senhor, como é a vida de uma mulher nessa profissão
Obrigado, desde já, pela paciência e gentileza em responder meus questionamentos.
Marcela
Mxxxx disse...
Dr. Paulo,

há alguns anos venho acompanhando o seu blog(ou melhor, os seus blogs), pois o desejo de seguir a carreira diplomática volta e meia aparece.
Tenho 22 anos e estou terminando meus estudos na Faculdade de Direito, mas acredito que minha paixão por "ajudar as pessoas e o mundo" só será suprimida se eu me tornar diplomata.
No entanto, minha única e maior angústia é apenas uma: como conciliar a carreira diplomática com a vida familiar? É possível manter um casamento sem que o outro cônjuge tenha que abdicar da carreira dele para seguir comigo nas missões internacionais?No meu caso, meu namorado é advogado e almeja fazer um concurso público futuramente.Acredito que isso facilite, estou correta?
E a criação dos filhos?
Por fim, pela experiência do senhor, como é a vida de uma mulher nessa profissão?
Obrigado, desde já, pela paciência e gentileza em responder meus questionamentos.
Mxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxxx,
Grato pelo contato. Eu sempre recebo os comentarios nos blogs ou no site, mas nem sempre tenho tempo de responder. Agora, por exemplo, estou em viagem pela China.
Mas vejamos se posso ajuda-la.
Comeco dizendo que voce nao deve "suprimir" a sua paixao, pelo menos esse tipo de paixao, e sim promove-la em quaisquer circunstancias, sendo diplomata ou nao...
No plano da familia, a carreira impoe, sim, alguns constrangimentos, a menos que ambos sejam diplomatas e possam conciliar obrigacoes de carreira com os deveres familiares.
Veja o meu caso: minha mulher, antes de ser minha mulher, era economista, trabalhando no Itamaraty, em projeto temporario. Nos casamos e logo fui removido para o exterior, ela ainda gravida. É evidente que ela teve de abandonar sua carreira de economista, pois que acabamos ficando seis anos no exterior, filho pequeno etc. Torno-se historiadora, mas tambem teve a carreira interrompida todas as vezes em que fui removido e partimos ao exterior. Dependendo do conjuge, pode ser stressante ou mesmo frustrante, mas tem alguns que aproveitam para fazer aquilo que realmente desejam fazer: hobbies artisticos, literarios, simples turismo cultural, etc.
Quanto aos filhos, nao se preocupe, eles sao muito mais fortes e flexiveis do que se imagina. Meu filho fala sete linguas, com as constantes mudancas de escola que teve de fazer. Creio que os filhos se beneficiam enormemente desse nomadismo.
Em qualquer coisa, alias, tudo depende do espirito das pessoas, como elas organizam sua vida, como recebem as mudancas, como se adaptam aos lugares, as pessoas, as linguas.
No nosso caso, sempre foi tudo muito bem, a despeito de postos de sacrificio e de problemas eventuais.
Acredito que seus temores nao sao justificados, mas se voce se tornar diplomata, seu marido seria obrigado a pedir licenca para acompanha-la. Estando no servico publico federal, isso nao é problema: é concedido automaticamente, ainda que sem vencimentos. Mas o salario no exterior dá amplamente para viver bem, desde que não se cometam loucuras residenciais ou de mordomias...
Cordialmente.
----------------
Paulo Roberto Almeida
Anônimo disse...
Paulo, tirando a parte do incentivo,no sentido puro da palavra, o que você teria a dizer para alguém que,pelo que se ouve, se acha ligeiramente incapaz de passar num concurso como esse.
Amo geografia,história línguas mas eu ainda acho que me falta algo.
Paulo R. de Almeida disse...
Ultimo Anônimo,
Se a pessoa se sente incapaz, mas tem vontade, tempo e condicoes (digamos, menos de 30 anos) para tentar, entao eu diria que, se a vontade é efetiva, ela deveria tentar se tornar capaz, o que se consegue simplesmente estudando.
O concurso é reconhecidamente difícil, mas não se trata de algo impossível ou sobrehumano. Nada que muito estudo não consiga resolver.
Portanto, eu recomendaria estudo, pois isso serve para qualquer coisa na vida.
Pode até não resultar em um diplomata, mas certamente vai resultar em uma pessoa melhor preparada para muita coisa na vida.
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Paulo Roberto, venho já há algum tempo seguindo seu site e blog, com respectivas publicações e comentários dos leitores.

Confesso que fico admirado com suas dicas acerca da carreira diplomática, tirando quase todas as dúvidas de quem tem algum interesse em seguir a carreira.

Vamos ao meu caso em específico: Fiquei muitos anos sem estudar, pois acabei dedicando minha vida ao serviço público, deixando de lado meu crescimento pessoal.

Embora tardiamente, dei início a um curso de inglês (já estou no nível avançado). Tenho 33 anos, e darei início ao curso de Administração na UFRGS agora em agosto. Ao longo destes cinco anos, pretendo concluir o inglês, reforçar meu espanhol, e dar início a um curso de francês.

Meus planos são de prestar o concurso para diplomacia, tão logo termine a faculdade. Sei que serei um pouco velho aos 38 anos, mas estou pronto para enfrentar esse desafio.

Tenho algumas dúvidas:

1) Gostaria de saber até que nível de ascenção funcional tenho condições de chegar, começando com a idade de 38 anos.

2) Outra dúvida é em relação ao subsídio inicial, de aproximadamente R$12.400,00, se há mais algum valor a ser adicionado como auxílio moradia, etc...

3) Durante o Mestrado no Instituto Rio Branco, o servidor tem direito a todas as vantagens do cargo, ou é tratado como um estudante?

Minha dúvida, é pelo fato de que sou casado e tenho uma filha, mas minha esposa apoia meus planos de dedicar grande parte do meu tempo no aprendizado de idiomas, na graduação, na leitura prévia de todas as obras indicadas e do que for preciso para isso.

Nos encontramos daqui a cinco anos no Itamaraty. Pode ter certeza disso.
Grande abraço!
Xxxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxx,

1) Gostaria de saber até que nível de ascenção funcional tenho condições de chegar, começando com a idade de 38 anos.
Ascensao é com s, não com ç. Acho que voce entrando com 38 nao passaria de Primeiro Secretario antes de entrar no Quadro Especial, e provavelmente se aposentaria nessa condição. Acho muito tarde para fazer uma carreira satisfatoria.

2) Outra dúvida é em relação ao subsídio inicial, de aproximadamente R$12.400,00, se há mais algum valor a ser adicionado como auxílio moradia, etc...
Nao tem outro subsido a nao ser o familiar e transporte, talvez alimentacao, pequenos. Moradia nao creio que se consiga, pois existem muitos diplomatas para os imoveis disponiveis agora. Voce teria de alugar no mercado, o que em Brasilia significa precos mais altos. Se sua esposa trabalhar sria mais facil, do contrario vai viver apertado, porque escolas privadas tambem sao caras em Brasilia.

3) Durante o Mestrado no Instituto Rio Branco, o servidor tem direito a todas as vantagens do cargo, ou é tratado como um estudante?
Ja entra como Terceiro Secretario, mas hierarquia existe e a disciplina tambem. Vai ser tratado como Terceiro Secretario, com algum paternalismo associado.
Anônimo disse...
Bom dia Paulo Roberto.

Continuando, talvez seria tarde para uma carreira satisfatória, mas melhor do que uma carreira medíocre em uma estatal que não valoriza seus funcionários, que é minha situação atual.

Desculpe, mas tenho mais duas dúvidas:

Então o funcionário pode trabalhar até que idade sem pensar em aposentadoria, para que possa usufruir de toda a ascensão na carreira?

O que significa "entrar no Quadro Especial? Depois de entrar, não há mais crescimento na carreira?

Atenciosamente
Xxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxxx,
O Quadro Especial, vulgarmente chamado canil, é o "encosto" para onde vão os diplomatas que ultrapassaram certa idade em sua categoria. Nao me interessei nunca por questoes administrativas, mas creio que deve ser 45 para Terceiro, 48 para Segundo e 50 para Primeiro Secretario, depois 55 para Conselheiro, 60 para Ministro de Segunda e 65 para Ministro de Primeira (Embaixador), ainda que a aposentadoria compulsoria seja aos 70 anos, conforme a Constituição.
Depois de entrar no QE pode haver progressao, mas muito lenta e depende de vagas.
Enfim, acho que voce nao deve se preocupar com essas coisas e sim em estudar para entrar.
Mas nao pense que o Itamaraty seja muito diferente de uma estatal. Se trata de uma espécie de Vaticano, uma Santa Casa, se voce quiser...com todos os atributos do genero...
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Paulo Roberto,

Realmente, o que me incomoda de verdade nas estatais é a progressão não por merecimento, mas sim exclusivamente por questões políticas. Pessoas completamente despreparadas e sem formação alguma acabam sendo chefes de administradores.

Isso acontece nos Correios, na Petrobrás, no Banco do Brasil, entre inúmeras fundações, autarquias, Sociedades Anônimas, etc.

Ao menos, parece que na carreira diplomática há menos política envolvida.

Agradeço pelo esclarecimento às minhas dúvidas.

Darei continuidade aos meus estudos...

Grande abraço!
Xxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Ilusao achar que na carreira diplomatica decisoes quanto a promocao, remocao, designação para funções são isentas de vieses politicos e até pessoais.
Pessoas são humanas, ao que parece, em qualquer lugar, época e circunstância...
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Boa noite Paulo.
Sempre me interessei pela carreira diplomática.
No entanto, após formar-me em direito, talvez por uma necessidade imediata, estudei para as carreiras jurídicas. Desde 2004 sou procurador federal.
Embora estável no serviço público e com uma boa remuneração, sinto que falta algo para minha realização profissional , talvez porque gosto muito de línguas, política, história e economia.
Vendo o seu blog, pensei em tentar novamente realizar esse sonho. Porém, embora com inglês avançado e já tendo lido alguns livros da bibliografia básica do concurso por prazer (como história e os livros obrigatórios de português) estou com 34 anos.
Acha que ainda há tempo de tentar e ter uma carreira completa?

Obrigado pela atenção.
Xxxxxx.
Anônimo disse...
Prezado Paulo,

Sou analista judiciário há cinco anos, tempo esse suficiente para que eu percebesse que não me realizaria profissionalmente na área jurídica.
Diante disso, passei a buscar informações sobre outras carreiras e me deparei com o seu blog.
Desde então, cresce em mim o interesse pela carreira diplomática.
Meu inglês é básico e acabei de completar 31 anos de idade; entretanto, tenho um bom conhecimento da língua portuguesa, facilidade na redação e interpretação de textos, aproximadamente quatro horas de tempo livre para estudo por dia, possibilidade de arcar com os custos de um bom cursinho e viagens ao exterior para aprimoramento de línguas estrangeiras.
Ainda há tempo de perseguir essa carreira? Se sim, qual deveria ser o primeiro passo nos meus estudos?
Desde já muito agradecida.
Vxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Vxxxx, Axxxxx,
31 anos ainda está bem, mas 34 já está quase no limite para uma carreira bem sucedida, pois a progressão é lenta e não se pode esperar cumprir todas as etapas intermediarias ate o pico da carreira, ministro de primeira ou embaixador.
Deve-se comecar pelo habitual: ver o Guia de Estudos, mapear as fortalezas e fraquezas e comecar a estudar seriamente, eventualmente investindo em cursinho, mas os colegas sempre serao bem mais jovens...
Paulo Roberto de Almeida
Mxxx disse...
Então, quem já passou dos 50, melhor não aspirar à diplomacia? Um 3º secretário faz exatamente o quê? Obrigada.
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxx,
Quem ja passou dos cinquenta não tem nenhuma chance de progredir na carreira diplomatica por imposicao de limites de idade em cada classe. Nem vale a pena tentar.
Quanto ao que faz um terceiro, um segundo ou qualquer outro diplomata, voce leia o que ja escrevi em meu site: www.pralmeida.org
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxxxx disse...
Primeiramente, tenho 19 anos e irei agora para o 4º semestre de Relações Internacionais numa universidade particular com bolsa integral do Prouni – estudei Fundamental em escola pública e o Médio em particular com bolsa integral. Considero muito fraco o ensino, e é gritante a necessidade de uma graduação clássica para ingressar em RI, de qualquer forma devo concluir o curso. Meu inglês está razoável e já planejei viajar nas férias de julho do ano que vem para Liverpool pela universidade para aperfeiçoa-lo.

Aos 16 anos ganhei uma viagem à Brasilia no Concurso de pesquisa cientifica promovido pelo IBECC/UNESCO/CNPq na área de História, sou apaixonada por pesquisa, mas infelizmente não posso me dedicar totalmente, já que não posso deixar de trabalhar (trabalho desde os 15, tempo integral).

O fato é que estou em dúvida se após a graduação me dedico no Concurso ou inicio um mestrado, ou até mesmo viajo para fora. Sei das minhas limitações quanto ao tempo de dedicação de estudo posto que trabalho em período integral, mas sou extremamente dedica, autodidata, leio muito (não só por necessidade acadêmica, mas por prazer, literatura me consome), professores já me indicaram tentar uma graduação tradicional numa universidade pública (CS, Economia, etc.), outros me incentivam terminar RI e decidir depois.

Se puder, gostaria de dicas para o meu caso.

*seu currículo é de provocar suspiros em nós, aspirantes.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
Meu curriculo, com 19 anos, nao devia ser muito diferente do seu, talvez até pior, pois nunca tive bolsa, e trabalhei desde muito cedo na vida, desde muuuiiiito cedo.
Pelo menos, em minha epoca, a escola publica ainda era risonha e franca, ou seja, de boa qualidade. Infelizmente, sei que NINGUEM, que estude apenas em escola publica, hoje, tem qualquer chance, provavelmente nenhuma, de ter alguma chance na vida, justamente, a não ser que a pessoa seja como eu sempre fui: um rato de biblioteca. Aprendi a ler na tardia idade de 7 anos, mas nunca parei de ler, em toda a minha vida, assim que pude ingressar na carreira de modo relativamente tranquilo, mas isso um pouco mais tarde, apenas com 27 anos. So comecei a construir curriculo depois disso.
Entendo que voce vai ter muitas dificuldades, mas se voce acredita e tem vontade, vá em frente: durma pouco, leia no onibus (se der), leia o tempo todo e tenha uma formação autodidata, como eu tive. Hoje em dia se pode formar na internet, uma chance que eu nao tive, por simplesmente nao existir.
Nao tenho dicas especiais para voce, a nao ser ler o tempo tido, e anotar, se possivel, o que ler, mas se nao der, apenas leia.
Você conseguirá, pois ainda tem dois ou tres anos pela frente...
Boa sorte nos estudos.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxx disse...
Olá, meu nome é Xxxxxxx e moro em Natal/RN. Tenho umas dúvidas acerca do concurso para MRE / terceiro - secretario. Tomo remédios controlados( antipsicóticos) mas mesmo assim gostaria de fazer o concurso para Diplomacia. Há algum impedimento? Ou posso participar do concurso sem nehuma preocupação? Tenho que me inscrever como deficiente na hora da inscrição do concurso?
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx,
Nao existe nenhum impedimento a que voce faça o concurso tomando remédios, inclusive porque ninguém sabe disso no momento da inscrição.
Nao sei se o que você tem pode ser classificado como deficiência, caso no qual você teria essa inscrição especial e talvez alguma facilidade que eu tampouco sei dizer qual seria.
Acredito que voce deva consultar o proprio Instituto Rio Branco sobre isso. Creio que deficiência é mais de tipo motora, ou física, do que algum disfunção de comportamento que não afete o raciocínio e a intelegibilidade.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxx disse...
Olá doutor Paulo Roberto, como vai?
Sou advogada, tenho 27 anos, pós graduada em direito civil. Apesar de atuar na área em que me especializei, há algum tempo venho acalentando a idéia de tentar o concurso da diplomacia. Venho de uma família pobre do interior, mas sempre tive interesse em estudar. Cresci frequentando a biblioteca municipal, lendo os clássicos, amando a história mundial e do Brasil, a geografia, a gramática, a literatura. Interesso-me profundamente pelos assuntos ligados à política internacional, e sempre me atualizo com jornais e revistas. Meu tema de monografia na graduação, inclusive, foi uma análise sobre o protocolo de Quioto e o aquecimento global, pois sempre gostei de direito internacional, especialmente os debates ligados ao ramo ambiental.
Penso ter alguma condição de, ao menos, pensar em fazer a prova da diplomacia. Contudo, possuo um inglês elementar, consigo ler alguns textos mas escrevo pouco. O mesmo com o italiano. Mas confesso não saber espanhol e francês.
Com toda a sua experiência, especialmente como professor, o senhor acha que tenho condições de fazer essa prova futuramente?
Desculpe tomar seu tempo, sei que é precioso. Mas é que seu comentário tem para mim grande valia. Será através dele que decidirei o caminho a traçar. Obrigada.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxxx,
Não tenho certeza de ter respondido a esta sua mensagem pessoal, pois estava viajando e terminando trabalhos. Se não fiz, faço-o agora.
Se você tem muitas e boas leituras, a despeito de não ter tido um ambiente familiar dos mais favoráveis a uma boa formação, como a maior parte dos candidatos (que são, presumivelmente, de classe média e alta), você já tem um bom começo, pois a carga de leituras, as referências culturais acumuladas ao longo da vida são importantes numa prova de redação.
Mas, você antes precisa passar no teste inicial, que é uma coleção enfadonha de interpretações subjetivas e outros tantos dados objetivos, que só se adquire lendo os textos "certos", aqueles selecionados na bibliografia oficial (antigamente era diferente, a criatividade pessoal, a capacidade de raciocínio eram mais valorizados, agora virou uma coisa mecânica). Você precisaria aperfeiçoar tremendamente o seu inglês, o que não é difícil, basta dedicação, algumas horas por semana, se possível 1h por dia. Teria de ter outra língua, de preferência espanhol, o que tampouco é dificil.
Fazendo isso, voce tem e deve fazer a prova ja no ano que vem, para testar seus conhecimentos. Talvez não entre imediatamente, mas saberá o que tem de aperfeiçoar.
Paulo R Almeida
Xxxxx disse...
Olá, estudo Direito em uma universidade estadual. Apesar de sempre gostar do curso de Relações Internacionais, por ter passado imediatamente no curso de Direito resolvi cursá-lo.
Porém, tendo em vista não desistir de um 'sonho' antigo, agora, no meio do ano, prestei Relações Internacionais e passei, em uma faculdade federal(de outro estado)que está iniciando o curso agora(eles estão no segundo ano de curso, quarta turma).
Gostaria de saber qual seria uma melhor opção pra mim no momento, para que no futuro eu tenha mais chances de iniciar a carreira diplomática.
Agradeço desde já a ajuda.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx,
Os cursos de relações internacionais costumam ser fraquinhos e não levar a grandes perspectivas no mercado de trabalho, pela indefinição geral de curriculos e especializações. Você não pode partir do pressuposto de que se tornará diplomata em seguida. Muitos diplomatas tem as formações as mais diversas.
Eu recomendaria que você fique em Direito, como profissão, e se dedique paralelamente e seriamente aos estudos para ingressar na diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxxx disse...
Olá. Como vai? Tenho 22 anos e estou no último semestre do curso de Direito. Tenho muito interesse na área diplomática. Adoro Direito Internacional. Sempre fui apaixonada por inglês e sempre tive muita facilidade com o português. Porém, quanto a história e geografia, só tenho o background do que estudei no Ensino Médio, que foi muito bem feito. Estudei numa escola exigente e dei o meu melhor. Quanto a Economia e Ciências Políticas, tenho uma base muito superficial. Quanto a francês e espanhol, nunca estudei essas matérias. Pretendo passar em outro concurso antes de estudar para o Instituto Rio Branco,pois devido especialmente à minha falta de conhecimento nessas últimas matérias, penso que levará algum tempo até a minha aprovação no concurso para admissão à carreira diplomática.
O que o senhor acha ?
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx,
Eu acho que se voce tem intencao de passar no concurso do Itamaraty, independentemente de se sentir ou nao preparada para ingressar agora, você deveria se inscrever e fazer as provas, as que passar, e até onde der. Será uma maneira de já ir se familiarizando com o estilo de questoes demandadas em provas desse tipo, experiencia para saber administrar o tempo, constatar quais suas fortalezas e fraquezas, alem dessas agora percebidas ou intuidas, ou seja, eu acho que voce nao perde nada em ir tentando sempre quando puder. Estude muito agora para o proximo concurso, que abre no comeco de 2011, e tente sua chance.
Boa sorte nos estudos.
Paulo R. Almeida
Gxxxxxx disse...
Olá, estou no 2º ano do Ensino Médio e já me decidi por seguir a carreira diplomática. Faço cursos de inglês, espanhol e francês e sempre tive maior facilidade para a área de humanas. Porém estou em dúvida entre os cursos de RI ou Direito, ambos na USP. Qual seria o mais recomendado para o CACD?
Obrigada, e parabéns pelo seu trabalho!
Paulo R. de Almeida disse...
Gxxxxxx,
O mais indicado, com certeza, é o curso de RI, o que não quer dizer que seja o melhor, seja intrinsecamente, em termos de qualidades e méritos próprios, seja em termos de mercados e oportunidades de trabalho.
Um curso mais tradicional como o de Direito talvez ofereça maiores oportunidades de trabalho, até que você consiga entrar no MRE. O concurso do Itamaraty é muito exigente.
Claro, se voce comecar a estudar desde já, e estudar por sua própria conta, sem esperar nada de faculdades e cursinhos, você já estará bem mais preparada para esse concurso.
Boa sorte nos estudos.
Paulo R Almeida
Xxxxxx disse...
Dr. Paulo Roberto,

Tenho algumas dúvidas sobre a carreira da diplomacia, entretanto gostaria antes de descrever um pouco o meu perfil para o senhor.

Tenho 21 anos e estou entrando no 4º ano de Direito da Universidade Federal da Paraíba. Não obstante faltarem apenas 4 semestres para eu me formar, a cada dia que passa acho o Direito mais e mais entediante. Por mais que à época de prestar o vestibular a idéia de ser advogado parecesse muito empolgante, hoje em dia não consigo me imaginar passando o resto da vida meramente decorando artigos de códigos e repetindo mecanicamente conceitos doutrinários arbitrários e puramente retóricos. Exceto por Filosofia do Direito (a única disciplina jurídica que realmente desperta algum interesse em mim), desde que entrei na universidade meu grande prazer acadêmico tem sido unicamente estudar Economia por conta própria – tenho uma grande base de micro e teoria dos jogos, sendo o meu maior foco atualmente em institutional economics.

Acredito que tenho uma forte vocação acadêmica: além de teoria econômica, leio muito lógica, fenomenologia, filosofia da ciência em geral e epistemologia das ciências sociais; e sempre gostei de estudar novas línguas estrangeiras, sobretudo para ter acesso a bibliografias mais diversificadas (leio em inglês, alemão e holandês). Contudo, o ambiente universitário da minha cidade e adjacências não é nada propício para se fazer pesquisa nas áreas que me atraem (aqui só tem desconstrucionistas, adeptos da hermenêutica filosófica e sociólogos no estilo frankfurtiano, pessoas perto das quais considero exercer a advocacia um mal menor).

Levando em consideração os posts que pude ler do senhor neste blog acerca de sua carreira, sinto-me tentado a acreditar que a diplomacia seria uma boa alternativa para mim na medida em que não apenas me permitiria seguir meu lado acadêmico sem instabilidades econômicas como também me estimularia ao máximo a desenvolvê-lo e ainda aplicá-lo cotidianamente no exercício da profissão.

Tendo explicado esse meu background, pergunto ao senhor:

- O CACD é realmente tão inacessível quanto parece e todos dizem que ele é?

- É utópico acreditar que, se eu me concentrar na matéria do concurso pelos próximos 2 anos, passarei no exame tão logo eu termine a faculdade?

Embora eu acredite que seja possível passar em qualquer concurso com a quantidade certa de tempo e dedicação, não gostaria de ser um estorvo para meus pais por anos a fio para conseguir realizar esse objetivo, somente vivendo de mesadas e produzindo apenas sonhos.

É quase um dilema do prisioneiro: se eu priorizar os estudos diplomáticos e não for aprovado no concurso, dificilmente terei condições técnicas de advogar em área alguma após a graduação; se eu priorizar os estudos jurídicos, aí é que dificilmente serei aprovado mesmo. Por conta disso, acabo ficando nesse “chove, não molha” e não me motivo para investir a sério em nenhuma das duas coisas.

Por último, tenho ainda mais uma dúvida, a qual não tenho certeza se o senhor poderá me esclarecer. Em um eventual Mestrado em Diplomacia, alguma coisa do meu conhecimento em teoria dos jogos (que é basicamente matemática pura combinada com axiomas de Economia para modelar escolhas e comportamento estratégico) poderia ser aproveitada? Ou a carreira no Itamaraty só permitiria abordagens mais "clássicas"?

Muito obrigado desde já.
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx,
O CACD é difícil, mas não inacessível, tanto que TODAS as vagas abertas tem sido preenchidas nos últimos anos, o que nem sempre era o caso nos concursos passados, com vagas sobrando (pois os exames de entrada eram mais rigorosos e a seleção pessoal de uma banca impiedosa cortava muita gente boa, por achar que não tinham vocação para a diplomacia).
Hoje ficou muito mecanico, com aquelas perguntas previsiveis que as pessoas que fizeram os cursinhos preparatorios acertam quase todas. Sobra o conhecimento perfeito de Português, literatura inclusive, o domínio do Ingles, e uma boa redação em algumas areas setoriais, como fatores decisivos.
Se voce se concentrar na MECANICA do concurso nos proximos dois anos e tiver uma boa cultura geral, como voce tem, voce passa, mas tem de ter os macetes do concurso, que geralmente um cursinho dá.
Acho que você deveria estudar para a advocacia, que é o que lhe vai dar dinheiro enquanto voce nao passar, e se preparar ao mesmo tempo para o concurso do IRBr.
Esqueça por enquanto o curso do Rio branco, esqueça a carreira e o que vai fazer nos dois, e se concentre unicamente no concurso. Depois você se preocupa com o que é secundário por enquanto.
Nem no Rio Branco, nem na carreira você vai precisar, infelizmente, de teoria dos jogos: eles estão muito aquém disso.
Repito: forme-se advogado, estude para o concurso. Você ainda é muito jovem, e pode entrar tranquilamente com 24 ou 28 anos.
Paulo Roberto de Almeida
Mxxxxxx Oxxxxxx disse...
Dr. Paulo Roberto,

Bom Dia! Acabo de ler sobre o questionário feito ao senhor por uma aluna do curso de administração e me identifiquei demais com suas respostas, muito parecido comigo, pois sou um cara que não respeito hierarquias também, sou meio anarquico e gosto de tomar minhas decisões por mim próprio. Também fico meio que indignado com todos os acontecimentos recentes no Brasil, sobretudo no que diz respeito a impunidade e a corrupção.
Além disso, eu agora tenho mais certeza ainda que essa é a carreira que quero seguir, tenho determinação, vontade e além de tudo gosto de estudar, sobretudo temas de economia, relações internacionais e línguas estrangeiras.
Falando sobre línguas estrangeiras, eu tenho vontade após eu passar no concurso estudar sete línguas estrangeiras, que são além do inglês, espanhol e francês, o alemão, italiano, russo e chinês, tenho um sonho de falar como nativo todas essas línguas, acredito que me servirá na carreira e sobretudo é algo como realização pessoal como o senhor mesmo disse que estuda por isso também. Eu tenho a curiosidade de saber quantas línguas o senhor fala e se acredita ser possível alguém falar como nativo sete línguas estrangeiras como pretendo e se o senhor conhecer alguém como tal.
Preciso lhe agradecer pois todo dia que leio seu bog eu ganho mais força ainda para seguir em direção a essa tão sonhada caminhada que ainda "efetivamente" nem comecei, considerando que estou no 7º semestre em administração com ênfase em comércio exterior, onde começarei "efetivamente" no ano que vem.
Ficaria muito grato pela honra de uma resposta do senhor.
Grato,
Mxxxxx Oxxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxx,
Nao se preocupe agora com tantas linguas e sim com as materias, em seu conjunto, que voce precisa saber muito bem para poder entrar. Vc precisa ser otimo em Português, em Inglês e saber razoavelmente bem uma uma outra lingua, para fins de classificação. Mas precisa saber muito bem historia, geografia, economia, etc.
Primeiro entre, e depois voce estuda sete linguas. Alias, o numero de linguas que meu filho fala, por ter morado ou estudado em sete linguas.
Eu so falo quatro ou cinco...

Xxxxxxx disse...
Xxxxxxxx
Sr. Paulo, o senhor já deve estar exausto de auxiliar jovens que tem como meta principal a carreira diplomática, e percebo que já tirou dúvidas em varias áreas, embora prefira focar no concurso.Eu poderia ser mais um desses jovens??
Tenho 16 anos, e me dedico á carreira diplomática desde os 11 anos, tendo como uma meta principal, embora tenha mantido uma relação de ''amor e ódio'' com ela durante esses últimos anos, devido aos comentários gerais sobre a impossibilidade de passar no concurso, mas prefiro não pensar dessa forma.
Já falo inglês e francês fluentemente, e gostaria de aprender espanhol durante a faculdade, mas estou um pouco em duvida com relação á faculdade.
Sempre pensei em R.I., mas vejo que você, por exemplo, não gosta muito do curso de R.I., afirmando que são ''fraquinhos'' em geral, e que não fornecem possibilidades de empregos..
Penso em R.I. devido a semelhança da grade curricular com as materias que caem no CACD...
Qual você acha que seria a melhor preparação para alguem que está na minha situação, ainda se rpeparando para ingressar em alguma universidade, e totalmente focalizado no CACD, disposto a passar anos estudando ininterruptamente para o concurso?
Grato desde já!
Paulo R. de Almeida disse...
Caro Xxxxxxxx,
Voce tem razao: a interface é essa mesma, de curso de RI. Faça o curso, pois você já sabe o que tem de aprender e o fará sozinho, sem depender de professores e apostilas.
Você já é um diplomata, apenas só falta entrar, mas isso é um detalhe para voce.
Paulo Roberto de Almeida

Xxxxxxx disse...
Sr. Paulo, sou eu mais uma vez! Mas desta para agradecer sua gentileza e suas palavras animadoras, que foram muito importantes para mim.
Muito obrigado!
Anônimo disse...
Saudações Dr. Almeida,
Primeiramente, me sinto obrigado a expressar a euforia em degustar cada palavra que o Sr. emprega em seus artigos. Tardiamente, encontrei seus blogs, no entanto, tenho muito tempo livre para compensar o perdido. Bem, tenho 16 anos e sonho com a carreira diplomática desde o início de 2009. Desde então, comecei a me esforçar neste objetivo; hoje, possuo inglês avançado e espanhol intermediário. Minha paixão abrupta por línguas, culturas, enfim, pela "novidade" em si não me deixa outra opção. Definitivamente, não consigo me imaginar em outra profissão. Sou estudante do 3º ano em escola pública federal. Tenho acumulado certas conquistas nesta área: já viajei ao Uruguai (onde me encontrei com o Ex-ministro Celso Amorim), a Colômbia, e a vários estados do país participando de eventos importantes. Ademais apresentações, contato-lhe pois pretendo cursar UnB, e estou entre os cursos de Direito, RI e Ciência POlítica. As minhas inquietações referentes: Direito, acredito ser um curso muito específico, apesar das posteriores pós-graduações que poderiam ser feitas na área de RI, Direito Internacional ou outras; RI, acredito ser um curso fantástico, que proporciona muitas expectativas em relação a fazer intercâmbios durante a graduação e na área de estudo; Ciência Política, também é um curso fantástico e, pelo que vi na grade curricular, é o curso, dentre esses três, que mais é flexível, podendo cursar várias matérias opcionas e adicionais de interessa diplomático.
Contudo, peço desculpas pelo meu português, caso haja algum erro. Espero que tenha sido claro. E reafirmo minha admiração pelo diplomata que o Sr. é.
Cordialmente, Cxxxxxx Sxxxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Cxxxxxx,
Você me parece nem orientado e sobretudo bem decidido, desde já. Creio, assim, que você já É diplomata, só faltando os detalhes de terminar a graduação e passar no concurso.
Mas, refreie esse seu entusiasmo pelos cursos universitários, pois por melhor que eles sejam, nunca vão lhe dar tudo o que você precisa em termos de preparação adequada.
Faça um desses cursos, embora eu não recomendo muito RI que acho fraquinhos em geral (mas não na UnB, que tem bons cursos, certamente), mas dependa sobretudo de você mesmo.
Estude sozinho e se prepare de forma autodidata, pois não já nada melhor do que tratar de sua própria formação, lendo os livros.
Existe pouca coisa fora dos livros que os professores podem lhe ensinar e provavelmente nada que eles possam lhe ensinar que você não encontra na internet. Assim que faça você mesmo o seu curso de formação, em qualquer área, lendo livros e buscando na internet o que você quer saber.
O diploma é só um canudo, um certificado, e certamente você precisa dessa coisa para se candidatar em concursos, mas ele não vale absolutamente nada em termos de conhecimento se você não estudar por sua própria conta.
Confie em você mesmo, e bons estudos.
Paulo Roberto de Almeida
Dxxxx disse...
Dr. Paulo,
Muito válido foi ler suas postagens tanto pelo conhecimento como pela sabedoria.
Cursei Direito, advogo no momento e trabalhei 18 anos na Secretaria da Segurança em SP. Depois cursei pós em Relações Internacionais e encontrei o que procurava, unir o Direito às relações internacionais.
Tenho 39 anos, marido e filho e a vida estabilizada no que diz respeito à constituição de família e apoio familiar.
Pelos comentários, fiquei receosa da idade para prestar o exame, contudo, internamente é algo que me cala muito fundo.
Estou construindo um blog. O Sr. poderia dar sua opinião?
Grata,
Axxxxx
Anônimo disse...
dr paulo
primeiramente eu quero lhe parabenizar pelo blog, que me foi muito útil e esclarecedor.
A dúvida que tenho é de quanto tempo o senhor acha que eu precisaria de estudo para ter um nível avançado, ou pelo menos necessário para passar no concurso, nos idiomas francês e espanhol, sendo que estudaria os dois ao mesmo tempo. O sr acha que três anos de estudo nos dois, seria o suficiente?
grato,
Xxxxxx
Lxxx Rxxxxx disse...
Dr. Almeida,
Há algum tempo venho acompanhando seu blog, lendo os posts, comentários, dicas e etc. Somente agora tomei coragem de fazer uma pergunta bem específica publicamente. Para preservar um pouco minha intimidade, tomei a liberdade de usar um codinome.
Sou servidor municipal há 5 anos e sempre muito curioso em diversos assuntos relacionados a área da diplomacia, mas não necessariamente específicos do concurso. Tenho conhecimento em idiomas: inglês, francês e italiano. Inclusive já lecionei o primeiro em uma escola de idiomas. Já estive dois meses na Itália também. Porém, minha situação é, acredito, delicada. Sou soropositivo há 3 anos e ano passado iniciei o tratamento com os remédios pouco antes de minha viagem à Itália. Apesar de hoje em dia essa doença ser crônica e controlável, ainda há muito preconceito e pergunto: ela seria um empecilho na carreira de um diplomata (visto que há a necessidade de ser nômade, como o Sr. mencionou)? Acha que meu tratamento pode ser prejudicado por essa constante mudança de países/regiões? Tenho interesse na profissão, mas sou um realista e também completo 30 anos este ano, quase na idade limite para uma carreira satisfatória. Qual a sua opinião?
Parabéns pelo trabalho e principalmente a atenção em que responde às questões, o que me deixou mais a vontade para exprimir esta dúvida.
Paulo R. de Almeida disse...
Lxxxx Rxxxxx,
Não tenho certeza sobre se ainda são conduzidos exames médicos na fase final do concurso e para a admissão oficial. No meu tempo havia inclusive testes psicológicos, daqueles bem idiotas, e muitos eram bombardeados nessa fase, por revelarem sabe-se lá qual traço esquizóide. Em outros tempos havia também uma banca terrível, onde pontificava um famoso "deer hunter", zeloso guardião da pureza heterossexual do MRE. Deve ter falhado várias vezes, pois a nossa fauna é variada.
Não creio que existam problemas e imagino que uma discriminação desse tipo seja inconstitucional.
Existem na carreira, abertamente ou veladamente, vários soropositivos. Alguns morreram, mas isso foi bem no início, quando a informação era deficiente. Eu conheço pelo menos dois que sobrevivem há quase duas décadas na base do coquetel de remédios habituais. O conhecimento médico assegura uma vida quase normal, como você deve saber.
Não creio que o nomadismo da carreira afete o tratamento, pois os procedimentos hoje são bem conhecidos.
Preconceito sempre haverá, pois seres humanos são assim, mas acredito que você pode realizar uma carreira quase normal se ingressar com base em seus resultados intelectuais.
Eu lhe desejo dedicação nos estudos e boa sorte nos exames.
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Olá Dr. Paulo
Tenho 14 anos e a pouco tempo li seu blog, estou interessada em ser diplomata mas tenho algumas duvidas, gostaria de saber se a Matemática é uma matéria de muito peso para quem quer ser diplomata, pois tenho dificuldade nesta matéria,mas em contrapartida gosto muito de inglês inclusive faço curso além de gostar de viajar e não ter problema em ficar longe da família por um longo tempo. E só mais uma curiosidade gostaria de saber se diplomata tem férias?
Anônimo disse...
Olá Dr. Paulo
Tenho 14 anos e a pouco tempo li seu blog, estou interessada em ser diplomata mas tenho algumas duvidas, gostaria de saber se a Matemática é uma matéria de muito peso para quem quer ser diplomata, pois tenho dificuldade nesta matéria,mas em contrapartida gosto muito de inglês inclusive faço curso além de gostar de viajar e não ter problema em ficar longe da família por um longo tempo.
Grata desde já.
Gxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Gxxxxxxx,
Voce fez bem em escrever e em manifestar a intenção de se tornar diplomata desde os 14 anos. Acho que você tomou a decisão correta, no tempo certo. Se você começar a se preparar desde já, poderá ser uma diplomata desde sua formação universitária, à condição que leia os livros da bibliografia e que estude de maneira adequada de aqui até lá, digamos pelos próximos seis ou sete anos.
Matemática não é uma disciplina exigida nos concursos de entrada, mas economia sim. Para você ter um conhecimento e compreensão adequados de economia, você precisa saber um pouco de matemática, e eu recomendaria que você fizesse um esforço nessa matéria, pois se trata de uma importante área de conhecimento, aliás bastante instrumental para a sua vida, e não apenas para uma boa compreensão da economia.
Tenha uma boa cultura clássica, ou seja, humanidades, mas também não despreze a matemática e a economia, inclusive estatística.
Bons estudos, futura diplomata.
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Boa Noite Dr. Paulo
Muito obrigada por responder minha pergunta, pois eu realmente estava preocupada, sei que a Matemática é muito importante para a vida, não desprezo a matéria, mas procuro focar nos meus pontos fortes, e a Matemática não é um deles.
Gxxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Gxxxxxxx,
Tudo bem que a Matemática não seja o seu ponto forte, mas acredite, tente gostar, ou fazer, mesmo não gostando. Eu também não gostava, e deixei de lado, antes mesmo da sua idade, e me arrependi muito depois. Queria ser economista, mas não consegui, pois justamente não dominava o instrumental matemático, e isso faz uma ENORME diferença quando precisamos projetar taxas de crescimento, ou elaborar alguma correlação econômica mais complexa.
Na vida diplomática, também, saber matemática pode nos ajudar em alguma negociação econômica ou comercial.
Portanto, estude as matérias que você gosta com gosto, e a Matemática mesmo sem gosto.
Você estará melhor preparada e será uma melhor diplomata.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
Cxxxxxxx disse...
oi Sr. Paulo.
Primeiro quero vir parabenizar o senhor pelo seu blog.
Tenho 19 anos e estou cursando Ciências Sociais, diga-se de passagem ADORO ciência politica, por este motivo escolhi o curso.
Bom sem mais delongas, tenho duas dúvidas: Primeiro, devo trocar o curso para Relações Internacionais, pois lá terei aulas de economia e direito?
Segunda: Interfere na banca avaliadora do concurso, se eu tiver dupla nacionalidade?
Obrigada pela atenção.
Paulo R. de Almeida disse...
Cxxxxxxx,
Voce pode ter dupla nacionalidade sem problema.
QUanto ao curso, so vale a pena trocar se ele for bom, do contrario fique onde está e estude em paralelo.
Anônimo disse...
Sr. Paulo,

Gostaria de saber a sua opinião: penso em começar a estudar para a carreira diplomática, contudo, tenho 31 anos. Seria tarde demais ingressar na carreira com 34, 35 anos? Há algum tipo de constrangimento, em decorrência da idade?
Muito obrigada,
Lxxxxx.
Paulo R. de Almeida disse...
Lxxxxx,
Nao, não é muito tarde, mas não deveria tardar muito além de 33 ou 35 anos...
O único constrangimento seria ter um chefe mais jovem que você, mas isso é o de menos.
Paulo Roberto de Almeida
Pxxxxx Hxxxxxx Nxxxxx disse...
Dr. Paulo,
Gostaria de saber se no período no qual o diplomata trabalha no exterior existe a possibilidade de vir ao Brasil, além do período de férias. Pergunto isso pois apesar de sempre viajar muito não tenho condições de ficar sem manter contato pessoal com meus familiares. Não vejo problema em trabalhar fora do país, porém gostaria de saber se há alguma brexa para que o diplomata passe alguns dias no Brasil e, caso possível, quantas vezes esses períodos são concedidos por ano.
Muito obrigado,
Pxxxxx Hxxxxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Pxxxxx Hxxxxx,
Se voce não tem condicções de ficar sem manter contato pessoal com familiares, entao talvez fosse o caso de nem pensar em carreira diplomatica, que é essencialmente nômade, e por vezes em condicoes adversas.
Diplomata tem um mes de ferias por ano, como muitos outros, (menos juizes, claro). que deve ser suficiente para visitar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo;
Paulo Roberto de Almeida
Pxxxxx Hxxxxx Nxxxxx disse...
Dr. Paulo,
Lhe fiz essa pergunta porque ouvi de alguns amigos que o diplomata conseguiria uma semana a cada dois meses para vir ao Brasil. Isso não procede, certo? Além disso, vi em alguma legislação que quanto trabalhar em um país de categoria C ou D, o diplomata disporia de 2 meses de férias, além dessas semanas a cada dois meses.
Me desculpe o incômodo, mas essa é minha única dúvida para ingressar na carreia diplomática.
Muitíssimo obrigado,
Pxxxxx Hxxxxx Nxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Pxxxxx Hxxxxx,
Brecha se escreve com ch.
Postos de sacrificio dão direito a saídas periódicas, que você pode usar como quiser.
Não tenho certeza quanto a prazos, mas pode ser.
Então você sabe melhor do que eu, e poderá aproveitar essas brechas para vir visitar sua família no Brasil a cada vez.
Mas antes você precisa entrar na carreira, e depois pedir posto de sacrifício, para poder ter brechas...
Boa sorte.
Dxxxx disse...
Gostaria de saber se é permitido ao diplomata investir na bolsa de valores.
Paulo R. de Almeida disse...
Dxxxxx,
Voce pode tudo o que voce quiser com o seu dinheiro, até doar para o Itamaraty, só não pode roubar o Itamaraty...
Paulo Roberto de Almeida
Cxxxx Axxxx Sxxxxx disse...
Serei franco com você, Paulo. A tempos eu procuro um blog assim. Cheguei a agendar um horário com o diretor do meu curso para ver se, juntos, não achávamos algum tipo de instrução voltada a carreira diplomática (ele é um amor de pessoa. Me ajudou, deliberadamente, com muitas das minha indagações quanto a formação profissional) e, desde o site do Curso Clio até o formulário oficial do Itamaraty, eu não encontrei orientação melhor do que a que você nos disponibilizou (me perdoe pelo período longo, as vezes penso que isso já é uma mania).

Desde criança, meu sonho é a carreira diplomática. Primeiramente, pela facilidade e conforto que a carreira oferece, apesar de que apenas uma pessoa muito vivida, sábia, que já tenho obtido um controle notável sobre o próprio ego não sinta-se atraída por moradia, custos e transporte pagos pelo governo. Porém, Paulo, desde os últimos anos, eu não consigo mais olhar para os lados sem ver algumas coisas que me dão arrepios na espinha. Nosso mundo, hoje em dia, é construído de tal maneira que a hipocrisia e a ignorância não são apenas mascaradas, como também aceitas e, até, incentivadas. Eu vou aos shoppings daqui de Curitiba, praia, baladas, bares e shows como a maioria do resto dos brasileiros de 18 anos, me divirto muitas vezes, pelo menos ao meu ver, muito mais do que os meus amigos (talvez porque eu não beba, dou graças a Deus pela centelha de bom senso que me resta nessas noites) mas eu não consigo imaginar uma vida na qual os alicerces sejam apenas esses. O mundo vive para fingir que se diverte, enquanto o próprio cai por terra a cada dia, de todas as maneiras (ecologicamente, politicamente, socialmente, economicamente e por aí vai).

Mas Paulo, por favor não me entenda como pessimista, minha maior paixão nesse mundo é a felicidade, até a curtição, mas além dela, a paz de espírito, o conhecimento e, acima de tudo, o amor. O que eu quero, no futuro, é poder passar isso ao máximo de gente possível, especialmente para quem precisa (grupo que cada dia me parece mais aumentar em PG de razão elevada ao cubo). E é aí que entra a diplomacia. Eu vejo essa carreira, da minha humilde e limitada perspectiva, como a ligação entre uma carreira política de extrema satisfação profissional; a possibilidade de viajar o mundo e aprender ao máximo sobre tudo e de todos; e, por fim, a chance de me envolver em ações sociais, o máximo que eu conseguir. Eu gostaria de saber se estou certo no meu ponto de vista, além de outra pergunta que me tem me incomodado muito nos últimos meses: Eu tenho verdadeira paixão pela faculdade de Medicina, não pela profissão em si, mas pelo conhecimento que o curso proporciona. Você acredita que seja possível cursar Medicina (como já foi apontado lá em cima, porém meio que fora desse contexto) e, desde já e até a realização do CACD, estudar as matérias que a prova de ingresso exige? Eu não tenho problemas com esforço, já sou fluente em inglês e espanhol, amo de paixão todas as áreas do conhecimento, em especial exatas e humanas. Caso seja algo que beire o impossível, ou simplesmente não recomendável, eu não teria problemas em seguir educação em Relações Internacionais ou até Direito. Me perdoe pelo texto longo, mas você pode me dar uma ideia?

Abraços e obrigado pela atenção, como já dito acima, parabéns pela incrível pessoa que você mostra ser.
Paulo R. de Almeida disse...
Cxxxx Axxxx
Temos poucos medicos na carreira, e isso é muito ruim. Creio que você faria muito bem se fosse médico e ao mesmo tempo diplomata. Estude Medicina, e ao mesmo tempo se prepare para a diplomacia estudando paralelamente.
Siga seu coração e seus interesses. Faça as duas coisas...
Paulo Roberto de Almeida
Rxxxxx Mxxxxx disse...
Caro Paulo,
Pretendo fazer o curso de Ciências Sociais - Ciências Políticas. Gostaria de sua opinião sincera quanto as chances de passar no concurso do Itamaraty com essa formação, pois entendo que se fizer esse curso, terei posteriormente que me dedicar aos estudos de Direito e outras matérias que não estão na grade curricular.
Desde já grato,
Rxxxxxx Mxxxxx
Mxxxx Pxxxxxxxx disse...
Sr. Paulo
Primeiramente quero parabenizar o senhor pelo blog, ele é muito interessante.
Ainda sou bem jovem, tenho apenas 12 anos, mas de uma coisa tenho certeza, vou ser Diplomata. Me esforço bastante para ser uma boa aluna, sempre estudo e gosto bastante de questionar sobre certos assuntos. E apesar de várias pessoas falarem que não tenho chances, e que precisa ser uma pessoa superdotada para ser diplomata, eu não ligo, sempre me esforço e tento alcançar os meus objetivos.
Tenho uma dúvida: Qual dos cursos é o melhor para prestar quando se quer fazer diplomacia, Relações Internacionais ou Direito?
O Senhor poderia dar sua opinião?
Grata,
Mxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxx Pxxxxxxx,
Meus cumprimentos por já saber, aos 12 anos, o que você quer ser quando "crescer", ou quando se formar.
Isso lhe dá uma ENORME vantagem que essas pessoas, derrotistas, ou pessimistas, não podem ter: certeza sobre seus próprios desejos, projetos, vocação.
Meus parabéns, inclusive porque você terá todo o tempo do mundo para se preparar adequadamente, de maneira sistemática, metódica, independente, e poderá desmentir aqueles que acham que para ser diplomata é preciso ser superdotado.
De forma nenhuma, qualquer pessoa pode ser diplomata, desde que passe no concurso. E NENHUM concurso é impossível para quem está preparado, simples assim.
Eu até tenho encontrado diplomatas bem ruinzinhos, e me pergunto como é que eles conseguiram entrar: deve ser uma mistura de decoreba e de sorte.
Você não precisa nem de uma, nem de outra: basta estudar, desde já, as matérias do concurso. Assim, quando você terminar a graduação poderá entrar diretamente.
Faça um curso que lhe dê satisfação, mas tenha certeza de que são todos medíocres, e que você precisará estudar sozinha, e se preparar sozinha para o concurso. RI possui a maior interface com o concurso, mas os cursos costumam ser piores do que os demais, tradicionais, como Direito ou Economia.
Em todo caso, confie apenas em você mesma, desde já.
Boa sorte.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxxx Pxxxxxxx,
Meus cumprimentos por já saber, aos 12 anos, o que você quer ser quando "crescer", ou quando se formar.
Isso lhe dá uma ENORME vantagem que essas pessoas, derrotistas, ou pessimistas, não podem ter: certeza sobre seus próprios desejos, projetos, vocação.
Meus parabéns, inclusive porque você terá todo o tempo do mundo para se preparar adequadamente, de maneira sistemática, metódica, independente, e poderá desmentir aqueles que acham que para ser diplomata é preciso ser superdotado.
De forma nenhuma, qualquer pessoa pode ser diplomata, desde que passe no concurso. E NENHUM concurso é impossível para quem está preparado, simples assim.
Eu até tenho encontrado diplomatas bem ruinzinhos, e me pergunto como é que eles conseguiram entrar: deve ser uma mistura de decoreba e de sorte.
Você não precisa nem de uma, nem de outra: basta estudar, desde já, as matérias do concurso. Assim, quando você terminar a graduação poderá entrar diretamente.
Faça um curso que lhe dê satisfação, mas tenha certeza de que são todos medíocres, e que você precisará estudar sozinha, e se preparar sozinha para o concurso. RI possui a maior interface com o concurso, mas os cursos costumam ser piores do que os demais, tradicionais, como Direito ou Economia.
Em todo caso, confie apenas em você mesma, desde já.
Boa sorte.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo R. de Almeida disse...
Rxxxxxx Mxxxxx,
Os cursos, como eu sempre digo, são muito ruins, todos eles. Estude por sua própria conta.
Tudo é possível estudar sozinho.
Mas escolha uma graduação que o sustente enquanto você não entrar.
RI costuma ter um mercado muito restrito...
Paulo Roberto de Almeida
Anônimo disse...
Olá, Paulo. Tenho 30 anos, sou formada em Letras, e curso meu primeiro ano de mestrado. Falo inglês e francês e sou apaixonada por história. Sou professora civil, concursada de uma instituição militar de ensino superior. Antes de ler seu blog, pensava mudar o rumo de minha carreira e tentar a diplomacia. No entanto, percebo agora que minha idade já não é mais adequada. No entanto, gostaria de pedir informações sobre as carreira de oficial e assistente de chancelaria. Quais os atributos necessários para essas carreiras? Há problemas com a idade nessas posições também?
Grata pela atenção,
Mxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Mxxxxx,
O fato de voce ter 30 não é absolutamente um impedimento a uma carreira bem sucedida, desde que você entre, preferencialmente, nos próximos dois ou três anos.
O limite histórico de ingresso na carreira era 32 anos completos. Depois, a partir da Constituição, não existem limites estritos, mas o ideal seria que fosse na faixa dos 25 a 30, mas até a primeira metade dos 30 é plenamente aceitável, e tem gente que entre bem depois disso.
Creio que você deveria se preparar seriamente para ambos concursos, o da carreira diplomática e o de OfChans. Em ambos você pode ter satisfação, embora a de diplomata obviamente seja a mais distinguida e valorizada.
No site do MRE deve ter editais para ambos concursos.
Depois é só estudar e fazer...
Paulo Roberto de Almeida
Axxx Mxxxxx disse...
Caro Paulo R. de Almeida,
o primeiro contato que tive com o seu blog foi há mais ou menos um ano. Naquele período eu tinha acabado o ensino médio e estava pesquisando sobre a carreira diplomática, lendo editais, sites, blogs e afins.
Hoje tenho 17 anos e estou cursando o 3° período de Ciências Sociais, devo dizer que me mantive mais firme ainda na escolha depois de saber que o sr. é formando em Ciências Sociais e é diplomata (já que Direito e R.I. são os cursos mais comuns).
Nesse um ano que passou me apaixonei mais ainda pelo curso e já participo de pesquisas na área da Ciência Política, sobre Desenvolvimento e Pobreza.
Meus planos são de terminar a graduação e tirar dois anos para estudar especificamente para o concurso, pois hoje meu tempo é divido entre a universidade, o trabalho e pesquisa, meus estudos para o concurso não são intensivos, leio os principais livros que o sr. indicou naquela bibliografia resumida, comecei a fazer francês e continuei meus estudos em inglês e espanhol.
Em conversa com meus pais surgiu a possibilidade de eu ir para Brasília, que tem os melhores cursinhos preparatórios, quando terminar a graduação.
Sempre fui autodidata e aprendo melhor estudando sozinha, mas em conversas com quem estuda para o concurso há mais tempo, recebi muitas orientações de procurar um cursinho, que é intensivo.
Ir para Brasília para ter uma preparação melhor seria difícil, principalmente pelo esforço econômico, mas não impossível, fiz o ensino médio em um internato no Rio de Janeiro e sou do Piauí. Por isso, gostaria de saber a sua opinião sobre os cursinhos preparatórios.
Quero parabenizá-lo novamente pelo blog e agradecer, o sr. é uma inspiração para muitas pessoas.
Axxxxx  Mxxxxx
Paulo R. de Almeida disse...
Axxxx Mxxxxx,
A melhor relação custo-benefício é estudar e se preparar sozinha para o concurso do Itamaraty. Mas isso é para quem já tem uma excelente formação -- escolas particulares de bom nível a vida toda, algumas viagens, línguas etc -- e para quem tem energia, disciplina e método para ficar estudando sozinho o tempo todo.
Não reunindo essas condições, cabe os cursinhos preparatórios, que sim são importantes, nas provas bitoladas que existem atualmente para ingressar na carreria. As provas são debiloides (no sentido de viciadas em determinadas questões que os cursinhos sabem quais são), mas exigentes no mais alto grau. Se você puder pagar um cursinho em Brasilia, creio que seria o ideal, mas a cidade é cara, e os cursinhos idem.
Não se importe muito com o curso universitário, a menos que você pretenda e precise trabalhar para ganhar sua vida. Todos eles são medíocres, especialmente os de Ciências Sociais.
Foi-se o tempo em que eu podia falar bem do curso de CS na USP, onde iniciei minha carreira acadêmica: hoje provavelmente virou um lixo igual ao de muitas universidades Tabajara do setor privado.
Como você vê, eu sou especialmente crítico, e pessimista, em relação às universidades brasileiras, todas elas, mas tenho razões para ser assim: eu as conheço e reconheço a mediocridade galopante que se apossou de todas elas.
Por isso, continue fazendo o que deseja, mas dependendo única e exclusivamente de si mesma e de alguma preparação dirigida, como essa que pode ser dada por um cursinho preparatorio a diplomacia.
Estude, apenas isto, o resto vem de arrasto...
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxx Xxxxx disse...
Olá! Boa tarde!

Gostei muito do seu Blog! Parabéns!
Sou advogada, tenho 25 anos, moro em Brasília e do final do ano passado para hoje, tenho pensado muito em estudar para carreira diplomática. Inobstante, tenho muitos receios de "abandonar" o direito e todas as possibilidades que ele permite. A grande verdade é que acredito que não nasci para demandas, e sim para conciliação, negociação, isso me fascina! Assim como muitas pessoas que já escreveram, o único óbice que vejo é a necessidade de uma "vida nômade". Assim, minha dúvida é, os diplomatas, obrigatoriamente, são enviados para residir fora do país, ou eu posso exercer minhas atividades em Brasília? Pesquisando, vi que há algumas funções de intermediação, em que há necessidade de posto fixo em Brasília, mas não sei se na pratica efetivamente é assim. Obrigada desde já pela atenção despendida!!
Paulo R. de Almeida disse...
Minha cara Advogada,
IMPOSSIVEL progredir na carreira se voce não cumprir períodos no exterior. Período de serviço externa é obrigatório para promoção. Você pode até entrar na carreira, mas se não quiser ou não puder sair não vai ser promovida.
Diplomata, por definição, é nômade. Se você não gosta de mudanças, melhor nem começar...
Mudamos em média a cada 3 anos...
Eu já morei em muitos países, e viajo constantemente.
Assim é a vida de diplomata.
Paulo Roberto de Almeida
Xxxxx Xxxxxxx disse...
Olá Sr. Paulo Roberto!

Primeiramente seu blog é espetacular, e com certeza vc ouve isso constantemente, mas é sempre bom reforçar.
Bem, eu tenho uma pergunta um tanto usual, que se fosse respondida me tiraria a dúvida de prestar ou não o concurso para diplomacia. Portanto espero ansiosamente por sua resposta!
Eu gostaria de saber se o diplomata tem que viajar muito aos sábados, ou mesmo se existem algumas atribuições que lhe são cabidas durante esse dia? Me refiro tanto ao período no Brasil, quanto ao período do exterior.

Isso é de extrema importância pra mim, porque sou adventista do sétimo dia, ou seja, minha religião guarda o sábado. E depois de ler seu blog, vi que os diplomatas trabalham muito de final de semana, por isso fiquei com o pé atrás em relação a esse quesito!

Desde já, muito obrigada pela disposição!
Paulo R. de Almeida disse...
Xxxxx XXXXX,
Agradeco suas palavras gentis em relacao a meu blog, que foi justamente feito para responder a duvidas e questoes de pessoas como vc.
Indo direto ao assunto, eu posso lhe responder em toda sinceridade e diretamente.
SIM! Temos de trabalhar em quaisquer dias que sejam requeridos pelo trabalho, e frequentemente aos sabados, domingos, feriados, enfim, em diversas circunstancias da vida moderna, e ainda mais para o diplomata.
Vc nao pode dizer ao seu chefe, que lhe manda para uma reuniao em Genebra, por exemplo, que comeca na segunda-feira: "Sinto muito chefinho, nao posso viajar no sabado e sou chegar na reuniao na terca-feira."
Ou exigir diarias extras para viajar antes, ou sair depois...
Isso nao existe.
Diplomatas comecam fazendo plantao nos fins de semana, em Brasilia ou nas embaixadas do exterior e viajam, sim, frequentemente para o exterior ou dele voltam nos fins de semana.
Sua escolha e', portanto, muito simples: ou vc desiste de ser diplomata, ou desiste de ser Adventista.
Acho que as duas coisas nao combinam.
Ou entao, vc escolhe uma religiao mais simples, dessas que nao exigem coisas absurdas, em completa contradicao com a vida moderna, e a globalizacao, ou simplesmente com os deveres de um diplomata.
Religioes sao coisas atrasadas, que alimentam superstcoes ridiculas, algumas mais do que outras, como essa coisas de interdicoes alimentares ou de trabalho.
Bem, acho que vc vai desistir de ser diplomata, depois destas minhas palavras absolutamente sinceras.
Eu lhe desejo felicidades em sua vida adventista, bem mais tranquila que a minha, em todo caso.
Paulo Roberto de Almeida
X disse...
Quanto alívio em encontrar um profissional da diplomacia com as mesmas aspirações e o mesmo impulso irrefreável daquele desejo que tantas vezes é tipo como esnobismo: a pulsão de saber, como diria Freud, o puro desejo da leitura, do entendimento, o incômodo com a pura rotinização burocrática e o comodismo pavloviano. Almejo a carreira diplomática e percebo que as minhas motivações são muitas vezes mal vistas pelos mais idealistas e pragmáticos. Ora, que mal há em ter como maior impulso o puro deleite intelectual, a vontade de ler, escrever, conhecer mais o mundo para além do cotidiano, quando se tem uma mente inquieta e insaciável? O que mais me encanta na carreira é justamente o lado acadêmico, o estímulo para continuar estudando pelo resto da vida para muito além de uma mera tese de doutorado, a oportunidade de refletir sobre questões de alto nível,estar para sempre aprendendo, a confrontação com tantas culturas e modos de vida tão diferentes que alimentam a curiosidade e levam a um desejo irresistível de ver tudo isso mais de perto. Quanta coragem em admitir que tudo isso pode estar em primeiro plano, ainda que às custas de valores tão arraigados em nossa cultura, como a priorização da família e do conforto que se sente quando se tem a impressão de que 'já se chegou lá', quando a vida já está 'arrumadinha', ou mesmo do sacrifício para subir na 'hierarquia'. Chegarei lá também. Um abraço.