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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

1427) Mourir Pour des Idées - Georges Brassens

Mourir pour des Idées
Geroges Brassens

Mourir pour des idées,
l'idée est excellente
Moi j'ai failli mourir
de ne l'avoir pas eu
Car tous ceux qui l'avaient,
multitude accablante
En hurlant à la mort
me sont tombés dessus
Ils ont su me convaincre
et ma muse insolente
Abjurant ses erreurs,
se rallie à leur foi
Avec un soupçon de réserve toutefois
Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente,
D'accord, mais de mort lente

Jugeant qu'il n'y a pas péril en la demeure
Allons vers l'autre monde en flânant en chemin
Car, à forcer l'allure, il arrive qu'on meure
Pour des idées n'ayant plus cours le lendemain
Or, s'il est une chose amère, désolante
En rendant l'âme à Dieu
c'est bien de constater
Qu'on a fait fausse route,
qu'on s'est trompé d'idée
Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente
D'accord, mais de mort lente

Les saint jean bouche d'or
qui prêchent le martyre
Le plus souvent, d'ailleurs,
s'attardent ici-bas
Mourir pour des idées,
c'est le cas de le dire
C'est leur raison de vivre,
ils ne s'en privent pas
Dans presque tous les camps
on en voit qui supplantent
Bientôt Mathusalem
dans la longévité
J'en conclus qu'ils doivent se dire, en aparté
"Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente
D'accord, mais de mort lente"

Des idées réclamant
le fameux sacrifice
Les sectes de tout poil
en offrent des séquelles
Et la question se pose
aux victimes novices
Mourir pour des idées,
c'est bien beau mais lesquelles ?

Et comme toutes sont entre elles ressemblantes
Quand il les voit venir, avec leur gros drapeau
Le sage, en hésitant, tourne autour du tombeau
Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente
D'accord, mais de mort lente

Encor s'il suffisait
de quelques hecatombes
Pour qu'enfin tout changeât, qu'enfin touts'arrangeât
Depuis tant de "grands soirs"
que tant de têtes tombent
Au paradis sur terre
on y serait déjà
Mais l'âge d'or sans cesse
est remis aux calends
Les dieux ont toujours soif,
n'en ont jamais assez
Et c'est la mort, la mort
toujours recommencée
Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente
D'accord, mais de mort lente

O vous, les boutefeux,
ô vous les bons apôtres
Mourez donc les premiers,
nous vous cédons le pas
Mais de grâce, morbleu!
laissez vivre les autres!
La vie est à peu près
leur seul luxe ici bas
Car, enfin, la Camarde
est assez vigilante
Elle n'a pas besoin
qu'on lui tienne la faux
Plus de danse macabre
autour des échafauds!
Mourrons pour des idées,
d'accord, mais de mort lente
D'accord, mais de mort lente

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

1426) Minha homenagem no dia do Professor

Minha homenagem no dia do Professor
Paulo Roberto de Almeida

Neste dia 15 de outubro, convencionalmente dedicado aos professores, desejo prestar uma homenagem aos que se revelam essenciais às lides docentes: os alunos. Sim, se não fossem os estudantes, os professores não teriam razão de ser, não apenas pelo fato deles constituírem a “outra parte” absolutamente indispensável à atividade dos professores, mas porque, sem alunos inquisidores, o encargo docente seria incrivelmente aborrecido. Minha homenagem, portanto, aos alunos, a todos eles, os meus e os de todos os outros professores. Obrigado, alunos, por me permitir existir como professor, o que faço por prazer, não por obrigação ou necessidade.

Tenho com a atividade docente uma antiga relação de dedicação parcial, no tempo, mas integral, no espírito. Salvo um ou outro romance, em volume bem mais rarefeito, todas as minhas leituras são feitas – e anotadas – em função daquilo que eu posso transmitir a meus alunos, diretos ou indiretos, oralmente ou por escrito, em contato pessoal ou à distância. Estou sempre anotando alguma coisa, em alguns dos meus muitos cadernos de notas, que servem para leituras, reflexões, registros de viagens, contatos, enfim, uma variedade de objetivos. Também estou sempre lendo algo, geralmente o que comprei no minuto anterior: andando ou dirigindo, sempre dá para avançar alguns parágrafos, talvez mesmo algumas páginas. Tudo isso é para ser revertido em alguma aula ou algum escrito, que é também uma forma de aula, por extensão.
Preferiria, claro, ter mais alunos perguntadores do que ouvintes passivos, mas cada um deve decidir o que é melhor para si, independentemente da vontade do professor. Este só existe para tentar melhorar os estudantes, e estes só existem, se forem conscienciosos e inquisitivos, para melhorar o professor. Alguns crêem que se trata de uma relação assimétrica, mas para mim se trata de algo absolutamente relacional, com conivências recíprocas, ainda que não isentas de contradições. O aluno contestador ajuda o professor a ser responsável, ajustar o foco, preparar suas aulas de forma responsável, a sempre fazer a síntese de suas leituras, a expor claramente os seus argumentos, a embasá-los de forma pertinente em elementos factuais ou empíricos relevantes, sob risco de não convencer e não persuadir. O professor precisa de alunos iconoclastas, que contestem as meias-verdades e as afirmações puramente opinativas ou impressionistas.
Alguns são chatos, é verdade, não por questionar o professor, mas por desprezar o aprendizado, conversar ou ausentar-se de forma ostensiva no meio da aula, não que isso represente uma ofensa absoluta ao professor, mas porque perturba a aula pelo barulho do deslocamento, pela conversa paralela, pelo zumbido intermitente da concorrência desleal. Muitas vezes a culpa é do próprio professor, que não soube tornar a sua aula suficientemente atraente para motivar e capturar a atenção dos alunos. Aqui também se trata da lei da oferta e da procura num mercado pouco transparente: o aluno “compra” aquilo que lhe parece de boa qualidade e suscetível de oferecer algum prazer intelectual e se a aula é chata e pouco vinculada às realidades cotidianas, merece o desapreço e desatenção que lhe dedicam os alunos.
São os alunos, portanto, que fazem um bom professor, ainda que as qualidades deste também dependam de seu investimento preliminar no estudo e na leitura, sua acumulação primitiva de conhecimentos e informações, tudo isso apresentado com alguma pedagogia atrativa. De minha parte, não tenho reclamações de meus alunos, apenas motivo de satisfação. Sinto que estou contribuindo, ainda que modestamente, para o seu enriquecimento intelectual e, quiçá, para a elevação de seus padrões morais. Algumas sementes só vão frutificar alguns anos à frente, mas isso não importa para o professor, se ele tem certeza de que fez corretamente o seu trabalho docente.
Por tudo isso, só tenho a agradecer sinceramente aos meus alunos e prestar-lhes, neste dia, uma merecida homenagem por permitir-me ser um simples professor.
Cheers...

Brasília, 15 de outubro de 2009

1425) Criacao de um Instituto de Estudos Brasileiros na Universidade do Illinois em Urbana

Grande notícia esta, que eu já conhecia, diga-se de passagem, tanto porque efetuei uma estada acadêmica em Urbana, em abril de 2009, em companhia do Professor Werner Baer, que será homenageado no X Congresso da Brazilian Studies Association, a realizar-se em Brasília em julho de 2010 (vejam o site da Brasa: www.brasa.org). Na ocasião, o Professor Joseph Love, o primeiro diretor do Instituto, encontrava-se em viagem de estudos no exterior.
Ele e Baer coordenaram a edição do livro Brazil under Lula, do qual participei (vejam em meu site, seção livros).

Pesquisas sobre o Brasil
Com doação de Lemann, Illinois abre centro de estudos brasileiros.

Saiba como trabalham os brasilianistas
Lucianne Carneiro
O Globo, 15.10.2009

Prédio do International Studies Building, na Universidade de Illinois, onde fica a sede do Instituto Lehmann para Estudos Brasileiros
http://oglobo.globo.com/fotos/2009/10/15/15_MHG_lemann.jpg

RIO - O mundo ganha nesta quinta-feira mais um centro dedicado aos estudos brasileiros. A Universidade de Illinois inaugura o Instituto Lemann de Estudos Brasileiros, graças a uma doação de US$ 14,4 milhões do empresário Jorge Paulo Lemann, o terceiro homem mais rico do Brasil, segundo a revista "Forbes", e um dos donos da AB InBev, a maior cervejaria do mundo. Este é o maior investimento já feito em Illinois por alguém que não tenha estudado na universidade.

Segundo estimativa do diretor-executivo da Associação de Estudos Brasileiros (Brasa), Marshall C. Eakin, existem cerca de 15 centros ou programas nos Estados Unidos e na Europa com pesquisas amplas sobre o Brasil, além de o país ser um foco importante de estudos em algo como 50 núcleos dedicados à América Latina. Há centros até mesmo no Japão e na Austrália. A estimativa é que existam cerca de mil brasilianistas em todo o mundo.

Estudiosos de temas brasileiros em diferentes áreas, como economia, política, história, ciências ou cultura, os brasilianistas mantém vínculos fortes com o país, costumam passar longos períodos por aqui e, quando no exterior, mantêm uma rotina de vir pelo menos uma vez por ano ao Brasil.

Como característica natural da academia, têm diferentes linhas de pensamento. Os centros de estudos são tradicionalmente multidisciplinares, com diversas áreas de conhecimento, e promovem seminários e intercâmbio de profissionais com o Brasil. O trabalho fortalece os laços entre os países e rende frutos como livros, encontros e parcerias com instituições brasileiras, como um acordo que está sendo finalizado entre o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca e a Academia Brasileira de Letras (ABL) para a promoção do ensino de português na Espanha e do espanhol no Brasil.

É unânime entre os especialistas a avaliação de que o interesse por estudos brasileiros tem aumentado nos últimos anos com a maior visibilidade do Brasil no mundo, seja na política internacional ou na economia.

- Calculamos que o número de brasilianistas está na faixa de 700 a 800 nos Estados Unidos e Canadá, entre 100 e 200 na Europa, e menos de 100 nas outras partes do mundo - afirma Eakin, que acaba de chegar ao Rio para um ano de pesquisa sobre a formação da identidade brasileira.

A Brasa, criada nos anos 90 para reunir os especialistas nos estudos brasileiros, promove seu 10º congresso mundial em julho de 2010, em Brasília.

Cátedra permanente de História do Brasil
O investimento no Instituto Lemann de Estudos Brasileiros chama a atenção no ambiente acadêmico, em que muitas vezes faltam recursos, mesmo no exterior. Os recursos permitirão a criação de uma cátedra permanente de História do Brasil na universidade, a ampliação do curso de ensino do português falado
no Brasil, a ida de pesquisadores brasileiros para intercâmbio em Illinois, além de cerca de 15 bolsas para estudantes de graduação e pós-graduação por ano, tanto para brasileiros irem para os Estados Unidos quanto não-americanos virem para o Brasil.

O instituto passa a ocupar três salas do prédio de Estudos Internacionais (International Studies Building) do campus de Urbana-Champaign de Illinois, ao lado de outros centros, como os de estudos latino-americanos, africanos e asiáticos.

Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Oxford, onde fica o Programa de Estudos Brasileiros


- Temos cerca de 15 pesquisadores ligados a estudos brasileiros em Illinois, e o centro permitirá um amplo programa de pesquisas e atividades - explica o diretor do Instituto Lemann de Estudos Brasileiros, Joseph Love, historiador e brasilianista que desde os anos 60 se dedica a estudos sobre o país.

Ele editou recentemente o livro "Brazil under Lula", com artigos de especialistas em diferentes áreas sobre o primeiro mandato do presidente Lula.

- Sou da primeira onda de brasilianistas, e temos visto nos últimos anos um maior interesse pelo estudo do português aqui nos Estados Unidos, embora o espanhol ainda seja a principal escolha - aponta Love, que vem ao Brasil pelo menos duas vezes por ano.

Segundo Eakin, da Brasa, entre oito e nove mil alunos estudam português nas universidades americanas por ano, e o número vem crescendo. Ainda é muito pouco, no entanto, se comparado aos cerca de 600 mil estudantes de espanhol, que respondem por cerca de 65% dos alunos das aulas de língua estrangeira.

A Universidade de Colúmbia, em Nova York, mantém outro centro voltado para estudos brasileiros desde o início da década. O centro tem outros patrocinadores, mas também recebeu um aporte de US$ 3 milhões de Jorge Paulo Lemann para o intercâmbio de alunos brasileiros para a universidade e de estudantes de Colúmbia para o Brasil.

- Cerca de 30 professores desenvolvem alguma atividade de pesquisa ligada ao Brasil, e o centro existe para facilitar estas pesquisas e promover laços com o Brasil - afirma o diretor do centro, Thomas Trebat, que tem pesquisas sobre a conjuntura econômica brasileira.

Na Europa, Oxford e Salamanca
Palácio de Maldonado, sede do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, na Espanha


Um dos mais prestigiados núcleos de pesquisas sobre o Brasil está na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele foi criado em 1997 como Centro para Estudos Brasileiros, mas acabou sendo transformado em um programa do Centro Latino-Americano, em 2007, por causa de limitações no orçamento. Suas pesquisas são em quatro áreas principais: política, relações externas, meio ambiente e literatura e cultura.

- Temos dois pesquisadores em dedicação integral, mas, em Oxford, cerca de 15 a 20 profissionais estudam temas brasileiros. Trabalhamos em parceria com diversas instituições brasileiras, como Fundação Getulio Vargas, Universidade de Brasília e Iuperj - explica o responsável pelo programa, Timothy Power.

Ele destaca que cada brasilianista busca as instituições mais ligadas a sua área de interesse, geralmente a partir de contatos feitos durante os estudos iniciais como estudante de doutorado no Brasil. Power esteve pela primeira vez no país em 1985, mas retornou em 1989 já como estudante de doutorado.

- Acho que estamos entrando na Era de Ouro para os estudos brasileiros, e isso tem a ver com a projeção internacional do país. Lula e FH são dois estadistas respeitados. Dezesseis anos de projeção podem mudar um país - aponta.

Também na Europa, destaca-se o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, criado em 2000 e que desde 2008 ocupa o Palácio de Maldonado, um prédio histórico na cidade espanhola. Os estudos são em quatro áreas principais: artes musicais (nomeada em homenagem a Heitor Villa-Lobos), literatura (Machado de Assis), artes visuais (Tarsila do Amaral) e ciências (Carlos Chagas).

- Nosso objetivo é poder estudar o Brasil em todas as suas diversidades e, diante de sua complexidade, temos um conselho com 25 professores de alta qualificação em diferentes áreas e promovemos parcerias com diversos centros de estudos brasileiros - explica o diretor do centro, Gonzalo Gómez Dacal.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

1424) Avioes militares: transferencia de tecnologia

Três países prometem transferir tecnologia de caças para o Brasil
Agência Câmara dos Deputados, 14/10/2009

Em audiência pública ocorrida hoje na Comissão de Ciência e Tecnologia, os representantes das três empresas finalistas na licitação para a compra de 36 caças para reaparelhar a Força Aérea Brasileira (FAB) se comprometeram a transferir para o Brasil toda a tecnologia dos aviões comprados. As empresas são a norte-americana Boieng, a francesa Dassault e a sueca Saab.

A decisão norte-americana de transferir tecnologia é inédita. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial os EUA não transferiam tecnologia de nenhum equipamento militar em operação para outro país; no máximo, ofereciam parceria para manutenção e uso. O Congresso americano já aprovou a transferência de tecnologia do caça F-18 Super Hornet para o Brasil. A Boeing ofereceu o conteúdo do F-18, tecnologia de manutenção, laboratórios de túneis de vento supersônicos e materiais compostos, como cerâmicas e fibra de carbono. A empresa prometeu montar os aviões no Brasil.

A Boeing também se comprometeu a construir um laboratório no Brasil para desenvolver tecnologia de construção de aviões invisíveis a radares.

O vice-presidente da Boeing destacou que o F-18 Superhornet é o único entre os três que foi usado em guerras e tem robustez comprovada em combates de longa duração.

Dassault
O diretor da Dassault International do Brasil Ltda, Jean-Marc Merialdo, informou que a França não necessitará de autorização de nenhum outro país para vender os caças Rafale ao Brasil, pois domina toda a tecnologia para criação e evolução desses aviões. Merialdo disse ainda que o governo francês já autorizou a Dassault a vender o Rafale e os sistemas de manutenção do avião com transferência de 100% da tecnologia.

O avião Rafale foi criado nos anos 80 para substituir sete aparelhos diferentes, entre eles o Mirage 2000 e o Super Etendard.

Saab
O diretor da Saab no Brasil, Bengt Janér, disse que todas as aeronaves Gripen que forem compradas pelo governo brasileiro serão produzidas inteiramente no País. O Gripen é a mais nova das três aeronaves.

A Saab oferece também parceria com empresas brasileiras para o desenvolvimento das aeronovaes suecas. Pela proposta de Janér, 80% da estrutura física de cada aeronave serão construídos no Brasil, inclusive das que serão vendidas na Suécia. Além disso, toda a parte eletrônica dessas aeronaves será produzida no Brasil.

Os softwares serão produzidos em conjunto pela Saab e pela Embraer, o que significa que a empresa brasileira poderá, depois, produzir esses softwares sem a presença da Saab. A empresa sueca também se comprometeu a instalar no País um laboratório de tecnologia supersônica e outro para desenvolver tecnologia eletrônica.

Novos debates
Os parlamentares que integram a comissão querem agora realizar audiências com representantes do Executivo e com pilotos da FAB, mas as datas ainda não foram definidas.

Notícias relacionadas:
Brasil poderá comprar aviões militares dos EUA
12/06/2009 16h44

Parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional estiveram nos Estados Unidos para conhecer os termos da negociação da compra, pelo Brasil, de aviões militares do modelo F-18 Super Hornet, fabricados pela Boeing. Outros dois grupos estiveram na França e na Suécia para verificar as condições de compra de outras aeronaves naqueles países.

O presidente da comissão, deputado Severiano Alves (PDT-BA), defende que qualquer compra de aeronaves seja acompanhada de transferência de tecnologia. Alves informou que a Embraer é uma das cinco maiores empresas de construção de aviões e, detendo a tecnologia estrangeira, poderá facilmente produzir modelos similares no Brasil.

Troca de tecnologias
Existem modelos mais avançados fabricados pela Boeing, mas os Estados Unidos só concordaram em transferir para o Brasil a tecnologia do F-18, um modelo mais antigo, que começou a ser produzido em 1997.

A ideia é uma parceria com os EUA para troca de tecnologias diversas. Segundo o deputado, os Estados Unidos têm interesse em aprender com o Brasil sobre a exploração de petróleo em águas profundas e sobre a produção de etanol.

Alves disse ainda que a comissão vai fiscalizar as ações do governo brasileiro na implementação do projeto FX-2, idealizado para reequipar e renovar a Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB). Iniciado em 1998, o projeto previa a compra de 12 supersônicos com a transferência de tecnologia do fabricante para a FAB.

1423) ABIN: inteligencia talvez seja uma palavra forte...

Um órgão de Estado que não consegue prevere um ataque a um órgão do Estado -- um ministério, por exemplo -- é visivelmente um órgão despreparado, pouco inteligente ou (mais provavelmente) castrado pelas circunstâncias políticas. Em qualquer hipótese, com tão pouca eficiência, não tem direito de pedir mais dinheiro ao Estado...

Inteligência
Diretor interino da Abin diz em sabatina no Senado que atividades do MST são monitoradas pelo órgão
Agência Brasil, 14/10/2009

Sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado do diretor interino da Abin, Wilson Trezza

BRASÍLIA - O diretor interino da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, indicado para ser efetivado no cargo, disse nesta quarta-feira que as atividades de organizações sociais, como as do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), são monitoradas pelo órgão.

No entanto, disse que a Abin não tem como prever determinadas ações, como a que destruiu um laranjal no interior de São Paulo na semana passada . Trezza foi aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado após sabatina nesta quarta-feira, por 14 votos a 1. A indicação precisa agora passar pelo plenário.

" Temos conhecimento do modus operandi desses manifestantes. Mas não do episódio específico que ocorreu "

- Sempre que há ameaça ao patrimônio público, fazemos ações de inteligência. Temos conhecimento do modus operandi desses manifestantes. Mas não do episódio específico que ocorreu. É uma possibilidade que foge, às vezes, da atividade de inteligência - afirmou. (Leia também: Polícia deve indicar 11 por invasão de fazenda em São Paulo)

Trezza ocupa o cargo desde o afastamento de Paulo Lacerda, no início de setembro do ano passado. No episódio, a Abin foi acusada de ter feito escutas telefônicas clandestinas para monitorar conversas de autoridades, durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Ele disse que o período em que a Operação Satiagraha foi divulgada pela imprensa foi constrangedor.

-Nesse período, tivemos de responder a questionamentos de duas CPIs, a cinco inquéritos policiais e passar ainda pela situação altamente constrangedora de ser objeto de duas atividades de busca e apreensão - disse.

Para Trezza, esse foi um dos maiores desafios de sua carreira.

- Oferecer tranquilidade aos servidores da Abin para eles entenderem que, de fato, não fazem parte desse processo que tentaram impingir nos profissionais de inteligência - afirmou.

Ainda durante a sabatina, Wilson Trezza considerou pequena a verba destinada às atividades de inteligência no país.

" O orçamento da inteligência brasileira é pífio "

- O orçamento da inteligência brasileira é pífio comparado com as atividades que se espera da inteligência de Estado. As pessoas, em geral, desconhecem a estrutura dos órgãos de inteligência dos outros países - afirmou.

Segundo ele, para 2010, os americanos terão cerca de US$ 75 bilhões. No Brasil, este ano, o orçamento para o setor foi de aproximadamente R$ 350 milhões.

- Logicamente que não temos a mesma comunidade de inteligência, as mesmas demandas dos órgãos de inteligência dos EUA, mas o orçamento de inteligência no Brasil é pífio. Me sinto constrangido em ter de admitir que essa é a nossa realidade - lamentou.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

1422) Sobre viagens e visitas - um texto pessoal

Sobre Viagens e Visitas
Paulo Roberto de Almeida

Acabo de voltar de uma viagem que eu classificaria de acadêmica e turística, de aproximadamente dez dias na Europa, onde fiz o que mais gosto de fazer na vida: conviver com a cultura, comprar e ler bons livros, visitar museus e monumentos e espaços culturais, comer bem, conhecer novos lugares, falar com novas e diferentes pessoas, acompanhar as realidades locais pela leitura dos jornais e um pouco pela televisão, enfim, expandir meus horizontes e satisfazer minha sede de saber. A gente sempre gosta de visitar lugares que nos dão prazer, que contemplem nossas expectativas intelectuais e que representem um acréscimo de conhecimento e de contato com a diversidade. Dificilmente escolhemos lugares incômodos, sofrendo de graves problemas ou que nos choquem por algum aspecto desagradável: excesso de miséria, de violência, ausência de liberdade ou de condições dignas de vida.
Assim procurei fazer em toda a minha vida, metade da qual eu vivi no exterior, diga-se de passagem. Conheço praticamente cada canto da Europa, com duas únicas exceções: a Irlanda – por falta de oportunidade, o que lamento muito – e a Albânia – por falta de oportunidade, a despeito de ter vivido ao lado, na Iugoslávia – à qual mesmo que eu desejasse não poderia ter ido, porque lá vigorava, na época, um dos regimes stalinistas mais perversos e esquizofrênicos de que se tem notícia na história contemporânea. Hoje, com exceção de certas partes da África e da Ásia, creio que poderia viajar a quase todos os lugares do mundo, por simples curiosidade intelectual. São poucas as ditaduras comunistas remanescentes – apenas dois pontos isolados num mundo praticamente em fase de crescimento democrático – ainda que existam muitos regimes ditatoriais e vários países candidatos a autocracias detestáveis. Certos países não me atraem, justamente por essa sensação de opressão, de idiotice reinante, de repressão à informação e às liberdades mais elementares.
Da mesma forma como não gostaria de visitar certos lugares – ainda bem que são poucos – tampouco eu receberia em minha casa certos personagens detestáveis, facilmente identificáveis quando se dispõe de informações relativamente fiáveis sobre seu comportamento público e notório. Tenho certa alergia à estupidez, mas certas pessoas não têm culpa de serem estúpidas, seja porque não dispuseram da oportunidade de contar com uma boa educação, seja porque o ambiente em que viveram não contribuiu para que melhorassem a educação precária que tiveram. No mundo moderno, porém, as oportunidades para se informar abundam, se ouso dizer, e praticamente 99% de todo o conhecimento produzido pela humanidade desde dez mil anos, aproximadamente, se encontra hoje livremente disponível na internet. Ou seja, quem desejar se informar – e se formar – não pode reclamar da falta de oportunidades.
Mais do que alergia à estupidez, eu tenho verdadeira ojeriza à desonestidade intelectual, ou seja, aquelas pessoas que, conhecendo pelo menos uma parte da realidade, escolhem, por interesse próprio, por conveniência política ou por oportunismo dos mais rasteiros, defender idéias manifestamente equivocadas, apenas para satisfazer algum principio fundamentalista ao qual estão submetidas. Existem muitas pessoas desse tipo, algumas até em posição de mando em certos países. Não preciso dizer que eu nunca convidaria para a minha casa pessoas desse quilate, ou dessa falta de caráter, por exemplo. Não sei bem porque, mas nem por obrigação dita profissional eu conseguiria me relacionar com pessoas sem caráter, pessoas, por exemplo, que negam o holocausto, que incitam ao ódio, que pregam a intolerância, que disseminam cizânias e rancores. Não preciso de ninguém desse tipo em minha casa e não compreendo porque se deveria convidar alguém dessa estirpe para espalhar seu festival de bobagens e de impropriedades a partir de nossa casa.
Acredito, finalmente, que devemos ser seletivos, tanto em nossas viagens quanto em “nossas” visitas, ou melhor, nas pessoas que nos visitam. Viagens e visitas são feitas para nos enriquecer espiritualmente, independentemente dos retornos materiais que elas possam ter. Nada como preservar sua dignidade intelectual e o seu espírito sadio, do que conviver com pessoas que representam o melhor que a humanidade produziu, não com a escória da sociedade moderna.
Estas minhas considerações são eminentemente pessoais, obviamente, e não pretendem servir de lição a ninguém, tanto porque eu não tenho esse poder.

Brasília, 13 de outubro de 2009.
Paulo Roberto de Almeida

1421) Mudancas de pessoal no Itamaraty

Embaixador nos EUA será número 2 do Itamaraty
Antonio Patriota ocupará vaga a ser deixada por Pinheiro Guimarães
Denise Chrispim Marin, BRASÍLIA
O Estado de S.Paulo, 13.10.2009

O Itamaraty acaba de fechar o quadro que comandará a diplomacia brasileira na etapa final do governo Luiz Inácio Lula da Silva e o início da administração de seu sucessor. No último final de semana, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, designou para a secretaria-geral o atual embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota. Segundo posto da casa, o cargo fora ocupado nos últimos seis anos e dez meses pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, uma das figuras mais controversas da diplomacia do governo Lula.

As mudanças devem se concretizar até o próximo dia 30, quando Pinheiro Guimarães completará 70 anos e, conforme as normas da carreira diplomática, será forçado a se aposentar. Amorim espera que, até o final do mês, o presidente Lula bata o martelo sobre a ascensão do embaixador para o seu gabinete de ministros. Pinheiro Guimarães deverá assumir a vaga deixada pelo acadêmico Roberto Mangabeira Unger, em junho passado, na Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Ao escolher Patriota para a secretaria-geral, Amorim reforçou sua preferência por diplomatas mais jovens e de sua extrema confiança em postos-chave do Itamaraty. Embora sem experiência na condução de uma embaixada, o diplomata havia sido escolhido para o posto mais importante e delicado da carreira, a representação do Brasil em Washington, no início de 2007. Anteriormente, Patriota havia atuado como subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty e como chefe de gabinete de Amorim.

Na equação montada pelo ministro Celso Amorim, o atual embaixador do Brasil em Buenos Aires, Mauro Vieira, assumirá o lugar de Patriota na embaixada em Washington.

Seu nome também havia sido considerado para a secretaria-geral. Assim como Patriota, Vieira havia sido um novo embaixador a ocupar um dos mais relevantes postos da diplomacia brasileira, Buenos Aires, e fora chefe de gabinete do ministro.

A embaixada em Buenos Aires será conduzida pelo subsecretário de Assuntos de América do Sul, Enio Cordeiro, um diplomata que se destacou nos últimos anos pela sua grande habilidade para contornar as crises do governo Lula com a Bolívia, o Paraguai, o Equador e, mais recentemente, com a Colômbia e na consolidação do projeto da União de Nações Sul-americanas (Unasul). Para o seu lugar, Amorim indicou o atual embaixador do Brasil em Caracas, Antônio Simões. Mas ainda não escolheu quem assumirá a delicada representação do Brasil na Venezuela.

Com essas mudanças, a incógnita na montagem da equipe de Amorim fica apenas restrita à decisão quanto ao destino que será dado ao embaixador Ruy Nogueira, que atualmente ocupa o cargo de subsecretário-geral de Cooperação e Promoção Comercial do Itamaraty. A dúvida do ministro consiste em manter Nogueira no cargo ou premiá-lo, por seu bom desempenho no posto, nomeando-o para uma embaixada na Europa.

1420) Brasil, um pais sem lei, e quem patrocina isso é o governo...

Sinto muito desviar-me de meus temas habituais, relações internacionais e política externa do Brasil, mas como cidadão brasileiro, sujeito pensante e tentativamente atuante, eu também me sinto contrangido ao assistir tantas ilegalidades sendo praticadas com a convivência -- e eu até diria com a concordância criminosa -- de tantas autoridades. Parece-me incrível que num país que pretendemos aproximar do respeito à lei e à legalidade, um bando de criminosos possa atuar durante tanto tempo absolutamente impune de seus atos criminosos.
Considero, pessoalmente, os setores envolvidos com a aplicação da lei neste país coniventes com esse tipo de ilegalidade. Acredito, também, que os órgãos de informação, que deveriam prevenir e proteger as instituições de Estado que estão sendo atacadas, tanto quanto as empresas privadas, são ou incompetentes totais, ou castrados, simplesmente. Em qualquer hipótese, é uma vergonha, e eu me sinto envergonhado de viver num país como este, onde a lei não impera...

Brasil, uma contradição ambulante
José Pastore*
O ESTADO DE S. PAULO, Terça feira, 13 de outubro de 2009

A economia vai bem, mas as instituições vão mal. Temos democracia, é verdade. Esse é um marco institucional de grande valor. Não podemos perdê-la. Com ela vem a liberdade de ir e de vir e de tantas outras.

Deveríamos ter também liberdade de expressão. Na prática, a realidade é outra. Basta citar a censura imposta a este jornal, que já dura mais de dois meses.

Outra instituição sagrada em um regime democrático é a da propriedade privada. Pois bem. Sete mil laranjeiras carregadas foram derrubadas na semana passada por invasores que usaram o equipamento do dono da fazenda e, de gorjeta, destruíram as casas dos trabalhadores.

As autoridades se limitaram a praticar a surrada retórica, chamando-os de "vândalos", "irresponsáveis", "criminosos", ao mesmo tempo que tratavam de abafar a CPI do Movimento dos Sem-Terra (MST).

Os atos de desrespeito à propriedade privada são incontáveis. O MST já derrubou eucaliptos de uma fábrica de papel e celulose. Seus seguidores devastaram laboratórios, destruindo valiosas pesquisas agropecuárias de longa duração. E continuam assim. Invadem prédios públicos com a maior facilidade. Se não me falha a memória, já acamparam no Congresso Nacional!

Das autoridades de um regime genuinamente democrático esperava-se uma intervenção firme e definitiva. Pois, nada acontece. Ao contrário, a referida CPI quer apurar graves indícios de que o governo federal financia indiretamente esses grupos que ignoram a lei e o direito.

O problema da insegurança afeta seriamente os que precisam da propriedade para produzir, crescer, gerar empregos, impostos e bem-estar. Mas afeta também a maioria dos brasileiros que tem medo de sair às ruas e até ficar dentro de suas casas.

Por essas e outras é que se pode dizer, sem medo de errar, que a economia vai bem, mas as instituições vão mal. Na instituição do Poder Legislativo, tivemos recentemente o vexame dos atos secretos do Senado Federal. Também não foi o primeiro e, como nos casos anteriores, nada aconteceu. As comissões "não conseguiram ver" nenhuma prova de malversação de recursos. A nós, contribuintes e eleitores, restou assistir às malandragens pela televisão - sem poder de agir.

James Madison dizia que o primeiro estágio de uma democracia ocorre quando os governados passam a respeitar os governantes. O segundo, quando os governantes começam a respeitar os governados. O terceiro, quando os governados passam a controlar os governantes. Ah! Como estamos longe dessa democracia. Aos governados sobrou apenas a obrigatoriedade de respeitar quem não os respeita.

Como dizer, então, que nosso quadro institucional é sólido e amadurecido? Vejam a escola. A grande maioria dos professores tem medo de entrar na sala de aula. A violência tomou conta da maioria dos estabelecimentos. Alunos agridem os mestres com palavras e atos de profundo rancor e incontido ódio. Muitos dos pais seguem o mesmo script e investem contra os mestres que tentam corrigir seus filhos. Dá para construir uma sociedade respeitosa diante de tamanha falência institucional?

Se olharmos para o Poder Judiciário, os casos que vêm à tona são os mais deploráveis. Lembram-se do juiz que assaltou a casa onde trabalhava - o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo? Ele devolveu o dinheiro?

Estarrecidos ficamos sabendo que um magistrado condenado acaba de virar ministro do Supremo Tribunal Federal. O povo que tem, na média, apenas sete anos de escola - e má escola - não consegue entender que a sentença condenatória não transitou em julgado. Será que não haveria outro juiz capaz e em condições mais fáceis de serem compreendidas para ocupar tão alto posto?

Quando se olha para os partidos políticos - peças-chave da democracia - o desânimo nos domina. Eles são reconhecidos pelos próprios políticos como descarados balcões de negócios, com raríssimas exceções.

Partidos que capturam os nossos votos prometendo ética e honestidade são constantemente pilhados nas mais deslavadas falcatruas. Nada disso tem consequência. Já é lugar-comum dizer que o Brasil é o país da impunidade. Pergunto: impunidade casa com democracia?

Que tipo de instituições nós temos para apurar e punir? De fachada estão aí a polícia e a Justiça. Mas, de efetivo, elas só funcionam para os mais fracos, também com poucas exceções. As suspeitas de fraude e corrupção dos poderosos costumam ficar onde sempre ficaram - no limbo!

Ah! Como eu gostaria de ver este país com instituições fortes, atuantes e respeitáveis. Deus nos deu tantas coisas boas. É certo que entregaremos aos jovens uma nação com uma renda per capita mais alta. Um país que vai se transformar em grande exportador de petróleo. E que hospedará a Copa do Mundo e a Olimpíada. Mas, no campo das instituições, valores e ética de conduta, entregaremos o País que recebemos e piorado em vários aspectos.

Enquanto tais instituições não amadurecerem, continuaremos com uma democracia de segunda classe. Os valores básicos se deterioram a cada dia. Quem anda na linha passa por bobo ou desinformado.

Essa é a concepção que grassa em nossa juventude. Vejam estes dados: 30% dos brasileiros confessam que passaram em exames escolares com base na cola. Esses são os que confessam. E os outros? Vinte e sete por cento dizem que não devolvem o troco quando recebem a mais do que o devido. Esses são os que têm a coragem de dizer. E os outros?

O que mais dói é saber que os maiores contraventores nesses "pequenos delitos" são os mais estudados. Vejam o que a escola da violência está produzindo!

Paremos por aqui, reconhecendo que para chegar à verdadeira democracia teremos de enfrentar uma longa trajetória em que o fortalecimento das instituições é essencial.

Por tais motivos, quando vejo a distância que existe entre o sucesso da economia e a pobreza das instituições brasileiras, junto-me ao jurista Célio Borja quando diz: "O Brasil é uma contradição ambulante."

*José Pastore é professor de relações do trabalho da FEA-USP. Site: josepastore.com.br

1419) Climate Change: Freakanomics at rescue

Um importante artigo sobre mudança climática, que deve desarmar os mais afoitos defensores das atuais negociações em torno de um novo Kyoto...
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Paulo Roberto de Almeida

Freakonomics and Climate Change
The Independent, October 13, 2009

Dominic Lawson: Here's another phoney war: the one on climate change
There's no glory in spending $10m a year on giant nozzles that squirt sulphur dioxide

The phrase "publishing sensation" is standard hyperbole from marketing men anxious to push book sales. Sometimes, however, a book comes along which justifies the term. One such is Freakonomics, which since its publication in 2005 has sold well over 3 million copies. This would be a remarkable figure for a popular fiction writer; but the author of this non-fiction work was a university economist called Steven Levitt, aided and abetted by the New York Times journalist Stephen Dubner.

Essentially their book applied basic economic theories of utility-maximisation to social issues which hitherto had been discussed purely in political terms. The essay which caused the most sensation was Levitt's analysis linking falling crime figures to the federal legalisation of abortion via the Roe v Wade constitutional amendment. Levitt claimed that these apparently unconnected statistics in fact represented a significant correlation: unwanted children tended to be neglected and thus turn to crime, so the great increase in abortions from the early 1970s was the main, but unheralded, reason for the drop in US crime rates in the 1990s.

It's fair to say that Levitt's analysis, while rapidly attaining the status of conventional wisdom, remains highly controversial: a number of his fellow economists argue that his "abortion-cut-crime" theory doesn't come close to meeting the burden of proof. It was, however, marvellously mischievous, causing consternation and fury in equal measure among the American religious right, first in downplaying the role of tough penal policies and second in portraying abortion as a socially valuable law-enforcement tool.

Now Levitt and Dubner are launching the follow up to Freakonomics - but this time it is conventional left-liberal thought which will be outraged by their assertions. A clue is given in the work's full title, Superfreakonomics: Global Cooling, Patriotic Prostitutes and Why Suicide Bombers Should Buy Life Insurance. Yes, the authors have this time addressed their dispassionate intellectual blowtorch to the conventional wisdom about climate change, its causes and remedies.

In this investigation they have called upon a number of experts with relevant expertise, including Nathan Myhrvold, a former colleague of Professor Stephen Hawking at Cambridge, who went on to become Bill Gates' futurist-in-chief at Microsoft; and Ken Caldeira, an ecologist from Stanford University and contributor to the Intergovernmental Panel on Climate Change.

Caldeira points out that if our concern is for the planet, and if we choose to measure that concern by biodiversity, then increases in carbon dioxide can be a positive benefit. A rise in atmospheric CO2 means that plants need less by way of water for their growth; Caldera's study demonstrated that doubling the amount of carbon dioxide, while holding steady all other inputs, such as water and nutrients, yielded a 70 per cent increase in plant growth. This would not come remotely as a surprise to people of my generation, who were taught at school that carbon dioxide was the lifeblood of plants, but will perhaps be a shock to the present generation of schoolchildren who are being lectured that man-made CO2 is tantamount to poison.

Myhrvold goes on to tell the freakonomists that while the IPCC is fretting fearfully about the CO2 in the atmosphere increasing from about 280 parts per million to 380, our mammalian ancestors successfully evolved at a time when the atmospheric concentration of CO2 was over 1,000 parts per million. Myhrvold then commits true apostasy by pointing out that "nor does atmospheric carbon dioxide necessarily warm the earth: ice-cap evidence shows that over the past several hundred thousand years, carbon dioxide levels have risen after a rise in temperature, rather than before it."

This might help to explain why the recorded temperature of the planet has not increased at all over the past 11 years. As the BBC's climate correspondent, Paul Hudson, reported with thinly disguised amazement three days ago, "Our climate models did not forecast this." Hudson then spoke to Professor Don Easterbrook of Western Washington University, who explained that global temperatures were correlated much more with cyclical oceanic oscillations of warming and cooling than anything man does. Easterbrook argued that the global cooling from 1945 to 1977 was linked to one of these cold Pacific cycles, and that "the Pacific decadal oscillation cool mode has replaced the warm mode [of 1978 to 1998], virtually assuring us of about 30 years of global cooling."

Hold the front page! Global warming postponed for 30 years! Or possibly much longer! Or, if you prefer to remain terrified by environmental prognostications: hold the front page! New Ice Age approaches! Countless millions set to freeze!

Let's suppose, however, that our political leaders are not mistaken in taking the view that the threat to mankind does come from the greenhouse effect and its consequences. Here is where Levitt's friend Nathan Myhrvold (described by Bill Gates as "the smartest person I know") comes up with a plan almost appalling in its simplicity.

Myrhvold begins with the uncontroversial observation that the biggest sudden natural cooling events are eruptions from "big ass" volcanoes, which shoot vast quantities of sulphur dioxide into the atmosphere, which in turn leads to a decrease in ozone and a diffusing of sunlight, followed by a sustained drop in global temperatures. Why not bring about the same effect through engineering, asks Myhrvold. Thus he has designed a system of pumps, attached to gigantic hoses, which would be taken up into the atmosphere in helium balloons; they would then spray colourless liquid sulphur dioxide which would wrap around the North and South poles in less than a fortnight. Myhrvold estimates that this "save the poles" programme would cost roughly $20m, with an annual operating cost of $10m. Job done.

Alternatively, there is the British Government's suggestion that we spend $1.2 trillion a year globally on a decarbonisation programme. The trouble with this is that even if the British are happy to pay massively more for their electricity by foregoing coal - the world's most plentiful and cheap form of stored energy - the vastly bigger and growing economies of China and India have no intention of denying their people the life-changing benefits of cheap electrification.

You would think that the sort of innovative plan outlined in Superfreakonomics would be welcomed by leaders across the globe, with Nobel prizes in the offing for Myhrvold and his colleagues. You would be wrong. For the modern generation of politicians like to talk grandiloquently about the "war" against climate change (just as they do about the "war against terror" and the "war against drugs"): but there's no glory to be had in spending $10m a year on giant nozzles squirting sulphur dioxide around the poles. For that you need very little by way of international summits, or press conferences to the world's media.

Worse still from their point of view, such a solution would mean that they would be doing absolutely nothing to change the way we lead our lives. We would carry on going about our lives just as we are; and if politicians are doing nothing to change our behaviour they will feel bereft, devoid of mission, even (perish the thought) redundant.

Their fury at such redundancy would be shared by the conventional environmental movement, which regards any solution involving geo-engineering as an "offence against nature" and therefore axiomatically wicked - as if "nature" had the capacity to give a damn one way or the other. The authors of Freakonomics had better put on their hard hats; the ideological ordnance will soon be heading their way.

d.lawson@independent.co.uk

1418) David Fleischer and current moves in Brazilian diplomacy

Brazil Foreign Minister Celso Amorim setting the tune for “Musical Chairs” at Itamaraty

This posting is a guest contribution by Dr. David Fleischer, Emeritus professor of Political Science at the University of Brasília, and editor of Brazil Focus – a weekly political risk newsletter

CIGI, Monday, October 12th, 2009

In early October 2009, Itamaraty (the Brazilian Ministry of Foreign Relations) is operating a round of “musical chairs” with a rotation of its top three posts – Secretary-General (number two), and the ambassadors to Argentina and the US.

This “rotation” was provoked by the retirement of Amb. Samuel Pinheiro Guimarães as Secretary-General in mid-October as he reaches the mandatory retirement age (70). Apparently, Amb. Guimarães will be appointed Minister of Strategic Affairs, replacing Prof. Roberto Mangabeira Unger who left this position in June 2009 to reassume his duties at the Harvard Law School after two years leave of absence.

Samuel Pinheiro Guimarães is considered the “principal ideologue” at Itamaraty and responsible for installing a rigorous Left ideological “line” since 2003 with stronger emphasis on South-South relations and with an ongoing dialogue with what Pres. Bush called the “axis of evil” – Iran, North Korea, Venezuela, Cuba, etc. Thus, given his interest in the world of conceptual ideas, the Strategic Affairs position is thought to be appropriate.

Reportedly, Brazil’s current Ambassador in Washington Antônio Patriota would be transferred to Brasília to replace Amb. Guimarães as number two under Foreign Minister Celso Amorim. Amb. Patriota replaced veteran diplomat, Amb. Roberto Abdenur (then age 64) in November 2006. This appointment reflected the tone that has come to mark the Itamaraty during President Lula’s administration: Fairly inexperienced diplomats who have close links to the institution’s top echelon are named to the most important embassies while veteran ambassadors – who might voice disagreement with the ministry’s policies – suffer various degrees of ostracism. This was the case with Ambassador Abdenur. He was transferred back to Brasília on a 48-hour notice on justifications that his posture was incongruent with Brazil’s foreign policy “line”. He had “spoken out of turn” regarding Brazil’s enhanced trade relations with China, anticipating possible dumping of Chinese exports (that occurred in 2007-2008 and forced Brazil to impose “quotas” Chinese textile, clothing and shoe exports).

This was a case of “what goes around comes around.” Samuel Pinheiro Guimarães was himself ostracized during the second government of Fernando Henrique Cardoso. He was the Director of IPRI (International Relations Research Institute) and attacked the FTAA in successive public speeches. He was removed from the IPRI position and not assigned to another post.

Roberto Abdenur had served as Brazil’s ambassador in Berlin, Peking, Vienna and Quito, and was replaced by Antônio Patriota (then age 52), a career diplomat who had never before received an assignment as ambassador. A few months previous, another “junior diplomat” (with no previous experience as ambassador) – Mauro Vieira – was appointed Brazil’s ambassador in Buenos Aires. Amb. Patriota had previously worked under Amorim at the UN and in Geneva (WTO), and in 2006 was the under-secretary for political affairs at Itamaraty.

To complete this October 2009 “rotation”, reportedly Mauro Vieira is to be transferred from Buenos Aires to Washington, and Ruy Nogueira, the current under-secretary for Trade Promotion (also closely linked to Amorim) was to be Brazil’s new ambassador to Argentina. However, Ruy Nogueira declined Amorim’s invitation and instead Ênio Cordeiro, the current sub-Secretary-General (number two under Guimarães) was chosen.

In a missed opportunity, a fourth senior diplomat who was also under consideration in this “rotation” was passed over. Vera Machado the former Brazilian ambassador to India and the Vatican would have been the first woman to represent Brazil in Washington or Buenos Aires.

Finally, in late September, Foreign Minister Celso Amorim switched his party affiliation from the PMDB to the PT. This fanned speculations that he might run for office in the October 2010 elections. If so, he would have to “step down” [resign his post] in early April 2010, and President Lula would have to choose a new foreign minister. The second “locus” of Brazilian foreign policy is with the Foreign Affairs Advisor within the presidential office – Professor Marco Aurélio Garcia – who as long-time PT’s national coordinator for international relations has a close relationship with President Lula. Professor Garcia is expected to remain at Lula’s side until January 1, 2011 even if Celso Amorim “steps down” in April 2010. Marco Aurélio Garcia has been chosen to elaborate the campaign program of PT pre-candidate for president in 2010 – Dilma Rousseff.

Thus, there are no concrete indications that this “musical chairs” rotation will produce any major changes in Brazil’s foreign policy posture – bilateral relations with the US and Argentina, or in multi-lateral forums such as the UN, the OAS, the WTO, the G-20, or Global Climate Change.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

1417) Governos privatizam, para fazer caixa; no Brasil o governo dá calote...

Tanto o governo socialista inglês, quanto o governo autoritário russo estão privatizando ativos, simplesmente para fazer caixa e enfrentar as dificuldades conjunturais. Ou seja, não há nada de muito ideológico nas opções de venda de ativos públicos, pura e simplesmente necessidade de dinheiro para enfrentar os problemas da crise. Os dois países, Grã-Bretanha e Rússia, são dos mais afetados pela crise internacional, com notáveis decréscimos dos PIBs respectivos, alto desemprego e enormes déficits públicos.

Enquanto isso, no Brasil, o governo além de ser um extrator compulsório, é um devedor caloteiro, pois acaba de anunciar que vai devolver o dinheiro dos contribuintes apenas no ano que vem.
Trata-se de um roubo, pura e simplesmente, pois os particulares e algumas empresas (menos as que optaram pela declaração no final do ano) já recolheram o imposto presumido ao governo (os assalariados, públicos ou privados, sem qualquer opção, pois o dinheiro é subtraído na folha de pagamentos) e teriam direito ao SEU dinheiro pago a mais.
O governo simplesmente se apropria do que não é dele, o que deveria merecer um processo por crime de responsabilidade (suponho que a lei do imposto de renda preveja a devolução logo após a declaração).
É uma situação claramente de arbítrio, pois o dinheiro foi antecipado ao governo a cada mês do ano passado. Uma vez feita a declaração (cinco meses depois do pagamento mais recente e mais de um ano depois do começo das contribuições compulsórias), o governo deveria devolver imediatamente os pagamentos em excesso.
Ele diz que ninguém vai perder pois o governo corrigirá pela taxa Selic.
Ora, isso é um duplo roubo e um escárnio: nenhum particular toma dinheiro à taxa Selic, e se o governo acha justo então faça empréstimo nessa taxa para devolver o que deve aos particulares.
O governo não está sem dinheiro por causa da crise, tanto porque reduziu impostos e estimulou a atividade que voltou a crescer. O governo está sem dinheiro porque gasta muito, contrata demais, cria muitos empregos públicos e torra o dinheiro do contribuinte de forma irresponsável.
Em lugar de privatizar, fica criando mais estatais.
Esse governo é uma piada de mau gosto.

Paulo Roberto de Almeida (12.10.2009)

1416) Os materiais sobre a derrubada do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria do National Security Archive

Ao escrever meu ensaio sobre a Alemanha e a derrubada do muro de Berlim, apoiei-me bastante nos materiais recém divulgados pelo National Security Archive da Universidade George Washington, relativos aos eventos de 1989.
Abaixo uma informação sobre o último livro eletrônico divulgado sobre o tema.

A Different October Revolution: Dismantling the Iron Curtain in Eastern Europe
National Security Archive Electronic Briefing Book No. 290
Edited by Svetlana Savranskaya and Thomas Blanton
Posted - October 9, 2009
Link: http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB290/index.htm

Washington, D.C., October 9, 2009 - Twenty years ago today, crowds of East German demonstrators took to the streets in Leipzig starting their own October revolution that would bring down the Berlin Wall a month later. Ironically, these massive peaceful crowds of about 70,000 people gathered in the streets and squares of Leipzig just two days after the celebrations of the 40th anniversary of the German Democratic Republic and the visit by Soviet leader Mikhail Gorbachev to Berlin. GDR leader Erich Honecker's security forces were faced with a choice—to apply the Chinese Tiananmen model or to go along with their Soviet patron's advice not to use force. They chose the latter, and several days later Honecker was sent to retirement and replaced with reform Communist Egon Krenz on October 17, 1989.

(ver a suite no link acima)

1415) O projeto sobre a Guerra Fria do Wilson Center

Acabo de escrever um ensaio sobre a Alemanha antes e depois da derrubada (que prefiro ao termo queda) do muro de Berlim. Apoiei-me bastante nos materiais do programa de pesquisa do Wilson Center sobre a Guerra Fria, assim como sobre os materiais disponíveis no National Security Archive, da George Washington University.
Abaixo a relação dos materiais disponíveis no projeto do Wilson Center:

Cold War International History Project
Virtual Archive 2.0
Link: http://www.wilsoncenter.org/index.cfm?topic_id=1409&fuseaction=va2.browse&sort=Collection

Collection :
1945-46 Iranian Crisis
1954 Geneva Conference on Indochina
1956 Hungarian Revolution
1956 Polish Crisis
1980-81 Polish Crisis
Albania and the Indochina War
Albania and the Non-Aligned Movement
Algeria in the Cold War
Anti-Colonialism in the Cold War
Bandung Conference
Bulgaria in the Cold War
China in the Cold War
Chinese Foreign Policy in the Third World
Cold War Origins
Communist Activity in Latin America
CSCE Negotiation Process
Cuba in the Cold War
Cuban Missile Crisis
Czechoslovakia in the Cold War
East German Uprising
Economic Cold War
End of the Cold War
France in the Cold War
Germany in the Cold War
Hungary in the Cold War
Intelligence Operations in the Cold War
Mongolia in the Cold War
North Korea in the Cold War
Nuclear Non-Proliferation
Poland in the Cold War
Post Stalin succession struggle
Romania in the Cold War
Sino-Soviet Relations
Sino-Soviet Split
Sino-US Ambassadorial Talks
Soviet Foreign Policy
Soviet Invasion of Afghanistan
Soviet Invasion of Czechoslovakia
Soviet Nuclear Development
Stalin and the Cold War
The Cold War in Africa
The Cold War in Asia
The Cold War in Latin America
The Cold War in the Middle East
The Horn of Africa Crisis
The Korean War
The Mitrokhin Archive
The Nikita Khrushchev Papers
The Non-Aligned Movement
The Vietnam (Indochina) War(s)
The Warsaw Pact
Todor Zhivkov Papers
US-Cuban Relations
US-Soviet Relations
USS Pueblo Crisis
Warsaw Pact Military Planning
Western Media
Yugoslavia in the Cold War

1414) Teoria da Mais-Valia: a verdadeira paternidade

Para quem acha que Marx foi o genial inventor da teoria da mais-valia, valeria a pena ler os trabalhos do economista britanico Thomas Hodgskin (falecido em 1869), e que desde 1825 argumentava que o capital extraia valor dos trabalhadores, confiscando o excendente produzido pelos trabalhadores.
Como se vê, Marx foi um excelente adepto da teoria do "rouba mas faz (intelectual)"...

E para quem acha que Marx foi o autor de outra frase famosa: "de cada um segundo suas capacidades,a cada um segundo suas necessidades":

Sem pretender voltar a uma (aparentemente) inutil discussao sobre essa frase "marxista", e sem pretender desiludir aqueles que continuam acreditando que essa frase é puramente, unicamente de extração marxiana, gostaria de chamar a atencao para o fato de que Marx, um leitor compulsivo de livros de economistas contemporaneos e predecessores, nas suas longas jornadas na British Library, na verdade copiou essa frase do pensador britanico William Goodwin (que morreu em 1836).
De tendencia idealista anarquista, Goodwin já proclamava, desde o final do seculo XVIII, que todo governo era um mal, e que a distribuicao dos bens produzidos deveria ser feita de acordo com as necessidades de cada um.
Como se vê, Marx tambem aderia ao famoso "cut and paste" dos nossos tempos, emprestando ideias de outros filósofos sociais, sem necessariamente pagar direitos autorais por isso, ou sequer "moral rights"...
Sorry, marxianos...

1413) Enquete habitacional: qual a melhor designacao para esta habitacao?

Não, não se trata do programa governamental "Minha Casa, Minha Vida", que já tem nome e marca registrada, ainda que não avance muito com toda a publicidade governamental em cima dele.
Se trata, simplesmente de como designar os locais que já foram uma embaixada do Brasil, em Tegucigalpa.

O jornalista Augusto Nunes, que mantêm um Blog no site da Veja, lançou a seguuinte enquete, que reproduzo, com os respectivos scores de respostas, da revista desta semana (edição 2.134, ano 42, n. 41, 14 de outubro de 2009):

Enquete
Qual destes quatro nomes deve batizar o prédio onde funcionou a embaixada brasileira em Honduras?

Pensão do Lula: 35%
Cortiço do Chávez: 33%
Zona do Zelaya: 21%
Casa de Tolerância Xiomara: 11%

Pois bem, permito-me acrescentar novas sugestões, como abaixo, e comprometo-me a acolher e incorporar novas ideias e recomendações de leitores, desde que não ofensivas às tradições austeras da utilização original:

Embaixada da Mãe Joana
Albergue da Senectude
Pensão Asilo Al revés
Hotel de Trânsito Diplomático
Tegucigalpa Inn (and no out)
Centro Bolivariano de Agitação Política


Adições, complementos e correções sempre bem-vindos, desde que respeitados os critérios dos bons serviços de hotelaria...
Paulo Roberto de Almeida (12.10.2009)

sábado, 10 de outubro de 2009

1412) Seguro Saude nos EUA: nao existe solucao milagre

Apenas uma nota de caução do Wall Street Journal, um jornal desavergonhadamente capitalista, mas que costuma colocar o dedo nos pontos sensíveis, isto é: quanto vai custar e quem vai pagar?

REVIEW & OUTLOOK
The Stressed German Model
Wall Street Journal, October 10, 2009

It took the Germans 125 years to figure out that their health-care system doesn't work.
What if the Obama health-care proposal turned out to be the biggest public-policy mistake in 125 years?

Yesterday, these columns discussed the Congressional Budget Office's efforts to push the square peg of the Obama plan through the round hole of affordability. Meanwhile in Germany, often cited by American liberals as the "model" of a well-run health-care plan, the political debate is running in the opposite direction. Chancellor Angela Merkel's new coalition partner, the Free Democratic Party, is pressing her to claw back the state's participation in a system that now insures nine of 10 Germans.

Germany's health-care system was brought to life in 1883 by Otto von Bismarck and became the model for virtually every such state-directed national insurance plan since. Alas, the German system is starting to come apart at the financial seams. Germany's system relies on a handful of state-supported health insurers. This week they informed the government that the system was on the brink of a financial shortfall equal to nearly $11 billion.

Pointedly, the insurers made clear that cutbacks alone won't solve the problem. They said the government would have to consider raising premiums on the insured or, you guessed it, raise taxes. Currently, German workers pay a fixed-rate premium into the insurance scheme; that rate is now set at 14.9% of gross pay.

Chancellor Merkel, something of a political acrobat, was previously allied in coalition with leftist Social Democrats. She's now resisting calls from the Free Democrats to get off the state-pulled health-care train. The FDP's spokesman on health, Daniel Bahr, wants a "shift in direction away from state-run medicine." Why? Because "the current financial figures have showed us that the health-care fund doesn't work."

With Congress inching ever closer to passing a greater federal presence in providing health insurance under ObamaCare, let's hope it doesn't take the U.S. until the year 2134 to figure out it isn't working.

Printed in The Wall Street Journal, page A14

1411) Honduras: a base legal para a remocao de Zelaya

O Departmento de Estado encomendou uma análise jurídica da remoção de Zelaya da presidência de Honduras.
Abaixo extrato do documento, que pode ser lido neste link: http://schock.house.gov/UploadedFiles/Schock_CRS_Report_Honduras_FINAL.pdf
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HONDURAS: CONSTITUTIONAL LAW ISSUES
This report discusses the legal basis under the Honduran Constitution for
President José Manuel Zelaya Rosales’s removal from office.
Directorate of Legal Research for Foreign, Comparative, and International Law
James Madison Memorial Building; 101 Independence Avenue, S.E.; Room LM 240; Washington, DC 20540-3200
www.loc.gov/law/congress

(...)
Was the removal of Honduran President Zelaya legal, in accordance with Honduran constitutional and statutory law?
Available sources indicate that the judicial and legislative branches applied constitutional and statutory law in the case against President Zelaya in a manner that was judged by the Honduran authorities from both branches of the government to be in accordance with the Honduran legal system.
However, removal of President Zelaya from the country by the military is in direct violation of the Article 102 of the Constitution, and apparently this action is currently under investigation by the Honduran authorities.

Prepared by Norma C. Gutiérrez
Senior Foreign Law Specialist
August 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

1410) Governo do PT pede que EUA sejam imperialistas...

Como é que é mesmo?
Deixa ver se eu entendi:

O Brasil está pedindo para que os EUA sejam imperialistas?
Implorando por uma intervenção do Império num pequeno país da América Latina?
Com arrogância ou sem arrogância?

Sinto muito, mas a matéria abaixo me parece ser a piada do dia...
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Paulo Roberto de Almeida

Honduras: Brasil pede pressão dos EUA contra golpistas
Do UOL Notícias

EUA devem pressionar
O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje que os Estados Unidos devem pressionar mais para que o governo golpista em Honduras permita o restabelecimento do governo constitucional.

"Queremos que a pressão aumente, sobretudo a pressão do governo norte-americano. Vamos aproveitar agora o prêmio Nobel da Paz que o presidente americano (Barack Obama) tão merecidamente recebeu para que ele exerça essa pressão."

Segundo Marco Aurélio, o governo golpista "ainda é muito renitente". "Estamos esperando a avaliação que a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) fez lá. A posição do governo golpista ainda é muito renitente; eles estão criando uma situação muito difícil. Se a estratégia deles é de empurrar com a barriga até as eleições, vamos ter claro que eleiões com estado de sítio não têm nenhuma possibilidade de se realizar."

"Nós e grande parte da comunidade internacional já não iríamos reconhecer eleições sem o restabelecimento do governo constitucional. Mais ainda com um governo em estado de sítio. Não tem eleições que possam se realizar durante um estado de sítio", disse Marco Aurélio.

Questionado sobre uma possível intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas) na política hondurenha, o assessor da presidência disse que a tarefa é "essencialmente da OEA. "Eu acho que a OEA não fracassou nas suas tentativas por deficiência dela. Ela fracassou pela intransigência do governo (golpista). Evidentemente que quando dizemos que a posição dos Estados Unidos é uma posição importante, isso está chamando a atenção para o fato de que os Estados Unidos têm relações econômicas muito fortes (com Honduras)."

Marco Aurélio Garcia afirmou ainda que o governo de Roberto Micheletti fez lobby nos Estados Unidos a seu favor, mas que o esforço não deve ter resultado. "O governo golpista contratou lobbies nos Estados Unidos para pressionar os setores mais conservadores da política americana para tentar manter o status quo lá. Como esses setores foram setores derrotados na eleição passada nos Estados Unidos, nós esperamos que isso se resolva."

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Comentário final PRA:
Pensei que eu já tinha visto tudo em matéria de contradições políticas, mas me parece ser a primeira vez na história que o PT, que sempre reclamou das intervenções dos EUA na América Latina, praticamente imploram para que os EUA voltem a ser imperialistas...

1409) O Comite Nobel se enganou de Premio Nobel

Barack Obama Awarded 2009 Nobel Peace Prize
In a surprise move, the Norweigan Nobel Committee awarded the 2009 Nobel Peace Prize to U.S. President Barack Obama.

Bota surpresa nisso. O Comitê Nobel poderia, no máximo, ter dado um prêmio literário, pois o Obama, até aqui, só discursou e escreveu dois livros.
Nobel da Paz por discursos é uma première absoluta...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

1408) Democracia na Venezuela: pronta para ingressar no Mercosul?

Na semana que passou, o Senador Tasso Jereissatti apresentou seu parecer sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul, rejeitando o ingresso do país bolivariano sob pretexto de fraca adesão aos princípios democráticos, quando o argumento correto, segundo os documentos constitutivos do Mercosul seria o de saber se a Venezuela cumpre, ou não, os requisitivos exigíveis de uma união aduaneira (incorporação da Tarifa Externa Comum de modo explícito e internalização de um conjunto já impressionante de normas e regulamentos que tem a ver estritamente com o funcionamento dessa UA, para não dizer que ela teria de liberalizar amplamente o comércio com os demais países membros).
Na verdade, se for por argumentos democráticos, a Venezuela já pode ser admitida, pois a cláusula democrático do Mercosul -- Protocolo de Ushuaia -- apenas fala de ruptura do regime democrático, não de uma ditadura constitucional como parece ser o caso atualmente naquele país.
A Venezuela, portanto, passa no teste, pois como não se cansam de repetir seus apoiadores, ela tem se submetido à prova das urnas e dos plebiscitos desde o início do governo Chávez, que pode se perpetuar legalmente no poder.
Ela não passaria no teste da OEA -- Declaração de Lima, de 2001 --, entretanto, mas parece que isso não parece inquietar os demais países membros.
A matéria abaixo, do Washington Post desta segunda-feira, 5 de outubro, mostra que tipo de democracia a Venezuela é, atualmente.

Politics and Prison in Venezuela
Student Protester's Saga Shines New Light on Chávez's Approach to Dissent
By Juan Forero
Washington Post Foreign Service
Monday, October 5, 2009

CARACAS, Venezuela -- President Hugo Chávez's government says Julio Cesar Rivas is a violent militant intent on fomenting civil war.
Rivas's supporters say the 22-year-old university student is just one of many Venezuelans jailed for challenging a populist government that they contend is increasingly intolerant of dissent.
As the Chávez government approaches 11 years in power, many of its most prominent opponents are in exile in foreign countries or under criminal investigation here.
But human rights and legal policy groups say that even more worrisome is the growing number of government foes in jail for what they allege are politically motivated reasons. There are more than 40 political prisoners in Venezuela, and 2,000 Chávez opponents are under investigation, the groups and human rights lawyers say.
"The government tries to defend itself by saying it has politicians who are prisoners," said Teodoro Petkoff, a newspaper editor critical of Chávez. "But however you label them, they are people who are prisoners for political reasons."
Chávez administration officials contend that politics is not a motivating factor in the arrests and that the prisoners, political opponents or not, violated criminal code.
The arrests come in a year in which the number of anti-government protests has grown dramatically in Caracas, the capital, and other major cities. In the first eight months of this year, 2,079 demonstrations took place, up from 1,602 in 2008, according to a recent study by Provea, a human rights organization, and Public Space, a policy group that monitors free speech issues. Nearly 500 people were hurt and 440 were detained, the study said.
Venezuela's chief prosecutor, Luisa Ortega, warned at the end of August that such demonstrations were "in effect, criminal civil rebellion." She said protesters could be charged with crimes carrying prison terms of up to 24 years.
"People who disturb order and the peace to create instability of institutions, to destabilize the government or attack the democratic system, we are going to charge and try them," she told reporters.
Soon after that, Rivas learned how swift Venezuelan justice could be.
On Sept. 7, two weeks after participating in a demonstration, Rivas was arrested at his home. The main charge against him: inciting civil war.
"I didn't commit any crime. I am a young student who is not a coup plotter," he said in an interview. "I am not a CIA agent as they say I am."
Rivas's lawyers said the evidence against him was flimsy. A video made by a state television crew shows him shaking a police barricade during the protest and then telling a reporter that "we want to go to the Congress because we have a right." The tape was repeatedly shown on state television before Rivas was arrested, his lawyers said.
Rivas also became a target of Mario Silva, host of a state television show, "The Razor," in which Chávez foes are skewered. Silva aired photographs from Rivas's Facebook page and suggested that they demonstrated his culpability in generating unrest.
Among the photos was one of Rivas wearing a gas mask, which drew howls of laughter from Silva, and others of him with well-known opposition leaders. "Look, these are his friends!" Silva said. "This is in his Facebook. How horrible."
Alfredo Romero, who works at a Caracas law firm that represents Rivas and others detained by the government, said the steps taken against Rivas were meant to send a message to others in a budding student movement.
"The government is using Julio Rivas as an example to all the students: If you're a student and you go to a mass protest, you're going to go to prison," Romero said.
But Interior and Justice Minister Tareck El Aissami said Rivas's release Monday, after 22 days in jail, debunked "countless opposition lies" alleging government repression. "Like never before, we say that our government, particularly President Hugo Chávez, respects human rights," he told state media.
Though now free, Rivas still faces charges. But Tuesday, a day after his release, he joined 50 university students on a hunger strike to protest the jailings.
Government critics singled out for prosecution have little right of redress because the Chávez administration controls the Supreme Court and the lower courts, said Carlos Ayala, a Venezuelan constitutional and human rights lawyer who is president of the Andean Commission of Jurists.
"Venezuelan justice has been subservient to political intervention," Ayala said.
Calls to Ortega, the attorney general, were not returned. But Chávez has frequently characterized criticism of Venezuela's human rights credentials -- as well as accusations that he controls the courts -- as the fabrications of CIA-supported coup plotters.
Some of those who have been prosecuted, though, say the government shows little mercy.
Five years ago, three Caracas police commissioners were convicted on charges that they ordered the killings of pro-government protesters in 2002.
"The government needed to blame someone, but it did not look for who was really responsible," said Ivan Simonovis, one of the commissioners, who is serving a 30-year term.
The Due Process of Law Foundation, a Washington group that promotes judicial reform, last year concluded after a six-month study that Venezuela had violated the police officials' rights. The foundation also raised questions about the independence of the judges.
Simonovis said the only way out now is if the opposition wins a majority in Congress next year and names what he calls independent judges to the judiciary.
"For the moment," Simonovis said, "the president controls it all, and uses it like a weapon to make criminals of the opposition."

1407) Petroleo do pre-sal: uma analise sobria e fundamentada

Pré-sal e suas ameaças: imaginárias e reais
Gunther Rudzit & Otto Nogami
Mundorama, 2 de Outubro de 2009

Nos últimos dois anos a mídia brasileira deu muito destaque às descobertas das novas reservas petrolíferas nas Bacias de Santos e Campos, mais conhecidos como a área do pré-sal. Muito também tem sido falado sobre os interesses estrangeiros, mais especificamente o norte-americano, por esta gigantesca reserva, que até o momento não se sabe ao certo qual o tamanho e conseqüente potencial de produção.

Sem dúvida alguma, esta descoberta terá a capacidade de modificar a percepção acerca do Brasil no sistema internacional, tanto do ponto de vista político, quanto econômico. Contudo, a fim de se elaborar uma análise mais próxima da realidade e não de meras especulações, faz-se necessário examinar as análises do próprio governo americano, para se poder determinar se as nossas análises estão corretas ou não.

A economia capitalista é movida a energia, e, sem dúvida alguma, a americana é baseada no petróleo. Por isso mesmo este tema faz parte das agendas econômica, diplomática e de segurança nacional de Washington. Contudo, partir deste princípio e aludir que os norte-americanos vêem as novas descobertas com a ganância suficiente para tomá-la, é temerário, principalmente quando estas afirmações são dadas por representantes do Estado brasileiro. Em um espaço de tempo de três dias duas afirmações neste sentido se destacaram, como o diretor de exploração e produção da Petrobrás, Guilherme Estrela, diz que a volta da quarta frota pode ser considerado uma ameaça (TEREZA, PAMPLONA e LIMA: 2009), ou então o próprio Presidente da República, que o País tem grandes patrimônios como a Amazônia e o pré-sal e precisa defendê-los.[2]

Diante de tantas insinuações acerca das intenções do governo norte-americano em relação à nova descoberta petrolífera em nossa zona econômica exclusiva (ZEE), há uma forma mais fácil e direta. Para saber se o governo americano realmente percebe as reservas petrolíferas brasileiras como uma fonte de energia estratégica para manter sua economia funcionando, o primeiro órgão que se deve pesquisar é a Energy Information Administration (EIA). [3] Este órgão tem como responsabilidade oferecer dados primários, estatísticas e análises sobre o setor de energia como um todo para o governo americano, tanto para o executivo quanto para o legislativo. Sem dúvida alguma, o setor de petróleo é um dos mais importantes, e representa a grande preocupação da administração do governo norte-americano.

A primeira constatação deste órgão é que o consumo mundial de petróleo deverá passar de 85 milhões de barris/dia para 107 milhões/dia em 2030. [4] Deste crescimento, 80% serão dos países não-membros da OCDE (sigla em inglês da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na Ásia, principalmente China e Índia. O setor de transportes será o maior responsável por este aumento.

A partir destes dados, a EIA apresenta três cenários prospectivos. O primeiro deles é com o preço do barril chegando ao ano de 2030 com o preço de U$ 200 o barril, o segundo cenário, que é o referencial, chegando à mesma data com preço em US$ 130, e o último cenário com o valor de U$ 50. Seguindo o cenário referencial, a previsão é de que a partir de 2013 o preço mantenha-se sempre acima dos US$ 100 o barril.

Para manter o mercado abastecido, é previsto que tanto os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) quanto os não-membros devem aumentar suas produções. Contudo, dois países membros devem, segundo a EIA, ter problemas para manter este aumento a partir de 2015. São eles o México e a Venezuela, que, devido às políticas setoriais adotadas até agora, não se vislumbram os incentivos necessários para que empresas privadas invistam no aumento de suas produções.

As principais bacias petrolíferas que apresentam condições de aumentar suas produções são as do Mar Cáspio e da América do Sul, sendo que os países não-membros da OPEP que devem ter aumento na sua produção são representados pelo Brasil, Cazaquistão e Rússia. Além disso, os próprios Estados Unidos devem aumentar também sua produção doméstica, principalmente nas águas ultra profundas do Golfo do México. O Canadá também será um grande exportador, mas de petróleo extraído de rochas betuminosas.[5]

Dentro deste contexto, atenção especial é dada ao Brasil, definido como o país que apresentará o segundo maior aumento na produção até 2030, devendo ficar atrás somente dos Estados Unidos. O relatório anual da EIA destaca as recente descobertas no pré-sal, referindo-se diretamente aos campos gigantes de Tupi, Guara e Iara, mas também faz menção às mudanças regulatórias que começam a ser estudadas pelo governo brasileiro.

Assim, a agência americana faz duas projeções em relação ao caso brasileiro. O primeiro tem como premissa o alto preço do barril e grande restrição ao capital privado, o que faria a produção crescer 3% ao ano e chegar em 2030 com 2,1 milhões de barris/dia a mais do que produção atual. Já o segundo cenário tem como premissas preços baixos e a manutenção da abertura ao capital privado, o que faria a produção crescer 5% ao ano e chegar em 2030 com produção adicional de 4,1 milhões de barris/dia.

Além do petróleo, a produção de etanol também é analisada. Para este combustível há o destaque de que o etanol brasileiro é o mais produtivo e competitivo hoje em dia, e que a produção deverá continuar a crescer mais do que o consumo interno, fazendo com que as perspectivas para as exportações cresçam. Mas, novamente, dois cenários são apresentados, o de alto preço do petróleo beneficiaria a produção de etanol, que chegaria em 2030 a 1,3 milhão de barril/dia, enquanto que no cenário de preço do petróleo baixo, a produção chegaria no mesmo ano a somente 0,8 milhão/dia. E para o Brasil há um fato muito importante, nenhuma menção é feita em relação a possíveis exportações para os Estados Unidos.

Outro relatório muito interessante desta mesma agência é a lista dos maiores exportadores de petróleo para os Estados Unidos no mês de agosto de 2009.[6] As importações são cotadas em milhões barris/dia, e em ordem decrescente, são: Canadá com 2.001; Venezuela com 1.119; México com 1.099; Arábia Saudita com 902; Nigéria com 769.

Um fato interessante nesta lista, é que o Iraque só aparece em sétimo lugar, com importações de 374 mil barris/dia. Por outro lado, fica claro também que, mesmo se colocando com o inimigo dos Estados Unidos, a Venezuela é segunda fonte de petróleo dos Estados Unidos, sendo que só o presidente Hugo Chávez é vê ameaça nessa relação. Ainda mais que as exportações de petróleo e refinados ao mercado americano equivalem a 60% do total, além de que, a estatal petrolífera venezuelana a PDVSA (Petróleos de Venezuela, S.A.) é proprietária de quatro refinarias e participação acionária em outras quatro (ALVAREZ e HANSON: 2009).

Portanto, em uma relação econômica tão forte e importante como é a de Estados Unidos e Venezuela, com grande interdependência econômica, é muito pouco provável que um presidente americano tente usar a força a fim de ter acesso ao petróleo venezuelano. Esta ação causaria mais prejuízos econômicos do que qualquer ganho relativo, o que torna tal hipótese muito fraca.

Com a possibilidade de acesso a outra fonte de petróleo de boa qualidade e de um fornecedor estável política e economicamente como o Brasil é, pode-se extrapolar duas hipóteses. Primeira, que haveria o interesse te trocar a dependência parcial em relação à Venezuela pelo petróleo brasileiro; e a segunda, de que a mesma impossibilidade de uso da força seria aplicada à nova relação. E esta não poderá ser ameaçada pela tão propalada quarta frota.

Esta estrutura militar existe somente no organograma do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Ela não tem nenhum navio designado e nem forças expedicionárias permanentemente e muito menos nenhum porta-aviões, como os outros comandos militares têm. Desde que foi relançada, teve aumento de staff de quarenta pessoas, passando a contar com cento e vinte militares. O que mais chama a atenção é que no seu quartel general a quarta frota tem oficiais de ligação do Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru, além de representantes de Argentina, México e Uruguai na Naval Telecomunications Network (IANTN), o sistema de tráfico de mensagem compartilhado entre todas as marinhas da América latina.[7] Portanto, tendo a presença de militares sul-americanos, e em especial um brasileiro, na sua sede, seria de se supor que estes possam perceber qualquer motivação estratégica no Comando Sul, o que até agora não foi noticiado.

Portanto, se existe uma ameaça, ela está na esfera econômica. Quando toda a gigantesca infra-estruturar de exploração comercial estiver pronta, o que deverá acontecer em dez ou quinze anos, o grande mercado americano poderá estar caminhando para a substituição do petróleo como fonte de energia de transporte.

O presidente Barack Obama tem planos para buscar a independência americana do petróleo, com três ênfases, desenvolvimento de novas formas de energia, estabelecer padrões de eficiência de combustível e regular emissões de fases de efeito estufa (WASHINGTON POST: 2009). E esta nova política já começou, com a discussão sobre a efetividade do plano e, principalmente, pelo aumento de um novo ingrediente, a preocupação com o aquecimento global (MUFSON: 2009). Tanto que, dia quinze de setembro o presidente assinou a nova lei que determina o aumento da economia de combustível em 5% ao ano até 2016 (FAHRENTHOLD & EIPLERIN, 2009).

Estas decisões vão de encontro com uma parte das propostas feitas pela RAND Corporation (RAND:2009, 19). Dentre as políticas propostas destacam-se a de incentivar o surgimento de novas formas de energia a fim dos Estados Unidos aumentarem sua segurança nacional, reduzir o consumo de petróleo e apoiar o bom funcionamento do mercado global de petróleo.

Se existe alguma ameaça ao pré-sal, ela não virá de estruturas militares, ela virá das lógicas política e econômica. A busca pela independência de fornecedores externos de petróleo e seus derivados tem sido um objetivo de várias administrações americanas, mas hoje as alternativas tecnológicas existem ou estão muito próximas, o que fará com que as reservas do pré-sal descobertas na Zona Econômica Exclusiva do Brasil não seja ameaçadas militarmente, mas sim por esta nova realidade. Principalmente levando-se em conta que empresas americanas, através de contratos de risco, tem prospectado a existência de petróleo na camada pré-sal nas costas africanas, a profundidades bem menores que a do Brasil.

Bibliografia

* ALVAREZ, Cesar J. and HANSON, Stephanie. (2009). Venezuela’s Oil Based Economy. New York: Council on Foreign Relations. Disponível em: [http://www.cfr.org/publication/12089/]. Acesso em 20/09/09.
* FAHRENTHOLD, David A. & EIPLERIN, Juliet. (2009). White House Is Prepared to Set First National Limits on Greenhouse Gases. Washington, DC: The Washington Post. Disponível em: [http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/09/15/AR2009091503146.html?wpisrc=newsletter&wpisrc=newsletter&wpisrc=newsletter]. Acesso em 16/09/09.
* MUFSON, Steven. (2009). Will Obama’s Revolution Deliver Energy Independence? Washington, DC: The Washington Post, 2009. Disponível em: [http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/04/03/AR2009040302794.html]. Acesso em: 05/04/09.
* RAND, Corporation. (2009). Imported Oil and U.S. National Security. California: Rand Corporation, 2009.
* TEREZA, Irany, PAMPLONA, Nicola e LIMA, Kelly. (2009). Fornecedor dita ritmo de exploração do pré-sal. São Paulo: Agência Estado, Caderno Economia, 09/09/09, p. B 6.
* ASHINGTON POST, The. (2009). Obama Announces Plans to Achieve Energy Independence. Disponível em: http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/01/26/AR2009012601147.html]. Acesso em: 26/09/09.

Gunther Rudzit é Doutor em Ciência Política pela USP. Coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP- SP, Professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e do MBA do IBMEC-SP (grudzit@yahoo.com).

Otto Nogami é Mestre em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorando em Engenharia pela Universidade de São Paulo – USP. Professor do IBMEC-SP (OttoN@isp.edu.br).

[2] http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/09/18/lula-defende-que-brasil-aumente-seu-poder-de-defesa-767669637.asp
[3] www.eia.doe.gov
[4] www.eia.doe.gov/oiaf/ieo/pdf/liquid_fuels.pdf
[5] Este processo se dá quando o xisto betuminoso, que é uma rocha sedimentar e tem de 5% a 10% de petróleo na sua composição, é aquecido fazendo com que o óleo se separe e possa ser refinado, fazendo com que seu custo seja muito mais alto do que o petróleo extraído normalmente.
[6]www.eia.doe.gov/pub/oil_gas/petroleum/data_publications/company_level_imports/current/import.html
[7] http://www.southcom.mil/AppsSC/factfiles.php?id=55

from → 1. Boletim Mundorama, Brasil, Política Externa

domingo, 4 de outubro de 2009

1406) Turismo academico: encerrando uma etapa da viagem em Paris, novamente

De Torino a Paris, via Lyon

Hoje foi dia de viagem, e de despedidas. Acordei cedo, tomei um bom café no Best Western Genova, de Torino, e seguimos para a autoestrada do Frejus, o túnel de passagem entre a Itália e França na altura da Haute Savoie, que dá na altura de Chambéry.
Viagem agradável e tranquila, apesar de já estar fazendo frio no alto dos Alpes, o que parece uma banalidade dizer...
Pedágios e tarifa de travessia de tunel são bastante caros na Europa, que aliás se caracteriza pela cobrança de pedágio nas estradas. Creio que com exceção da Alemanha, da Bélgica e da Holanda, todos os demais países cobram pedágio pela utilização das boas estradas que cortam seus países, o que é eminentemente justo e democrático: o usuário é quem deve pagar por serviços de interesse restrito.

Almoçamos já na França, numa parada da rede Courtepaille. Comi um magret de canard, que estava apenas razoável.
Entramos em Lyon em torno das 15h00, e deixei Pedro Paulo e Carmen Lícia no Hotel Le Phenix, à beira do rio, no Quai de Bondy.
De lá segui direto para a autoestrada A6, a caminho de Paris, onde estou agora, depois de ter deixado mala e livros no hotel e ter ido devolver o carro.

Pelo cômputo de minha caderneta de viagem, deixei Paris no último domingo dia 27 de setembro, com o marcador a 7.830 kms. Devolvi-o neste domingo 4 de outubro, com o marcador registrando 10.736kms. Foram, portanto, quase 3 mil kms, mais exatamente 2.906kms, o que parece muito mas não é quase nada nas dimensões do Brasil (com a diferença da qualidade das estradas e dos serviços disponíveis). Basicamente, Provence, Piemonte, Veneza e Torino.

Jantei na estrada, antes de enfrentar pequeno engarrafamento do domingo de rentrée, no pedágio (mas não na entrada de Paris, como era o meu temor).

Amanhã, uma visita a um escritório internacional para uma pesquisa histórica de meu interesse e depois direto para o aeroporto, de volta ao Brasil, via Portugal.
Espero não ter as mesmas tribulações da vinda, quando tive de comprar nova passagem para contornar a greve dos pilotos da TAP.

No resto, foi tudo muito bem, uma viagem praticamente perfeita (mas ainda não fiz a soma de quanto gastei; em todo caso, este não era o critério).
Bye, bye...
Paulo Roberto de Almeida
Paris, Domingo, 4 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

1405) Turismo academico: ultima experiencia na Torino gastronomica e alguns passeios livrescos

Sábado, 3 de outubro de 2010
Helàs, la stada italiana prende fine, senza che il piacere del buon mangiare e gli passegiatte in cità hanno preso fine.
Passeio na cidade, primeiro no Palazzo Madama, museo di arte, um pouco barroco demais para o meu gosto, mas também atinha paratodos os gostos, peças da Idade Média, tapessarias, tecidos (inclusive uma história e a tecnologia do veludo), um bom café (ma questo non è bisogna da dire...).
Depois, pelas galerias, negozzi, restaurantes da cidade. Depois do excelente pranzo da sera, ieri, decidimos não voltar a um restaurante que conhecíamos da tempo, Il Cambio, que vem dos tempos de Cavour e do movimento contra a dominação austríaca, pela liberação e unificação da Itália.

Comemos mais rapidamente no centro, apenas para frequentar por mais tempo as livrarias, numerosas, e o comércio. Compramos mais dois ou três livros, alguns presentes, e voltamos ao hotel, arrumar malas e preparar a viagem de volta à França, neste domingo. Também aproveitar para ler outros livros nas livrarias.

De noite, uma última incursão gastronômica, próxima do hotel onde estávamos, Best Western Genova, na via Paolo Sacchi 14.
Fomos à Trattoria La Conca (ânfora), de cozinha degli Abbruzzi: Linguine ai Frutti di Mare, Pesce Spada ai Ferri, Branzino al forno, patate fritti, vino bianco, macedonia di frutta, café. Eccelenti, como sempre.

Tenho de trabalhar em alguns textos agora, aproveitando as numerosas notas que fiz durante todo o dia, no café do museo, nas livrarias, no próprio hotel...

Addio Torino, 3 de outubro de 2009.

1404) Turismo academico: Torino gastronomica

Uma sexta-feira de visitas a monumentos históricos, a livrarias e, soprattuto, dedicada à gastronomia, que é para isto que viemos parar nesta cidade.
Uma visita rapida à igreja do santo sudário, pois já conhecíamos a relíquia de passagem anterior, e um détour pela grande basílica de Superga, no alto de uma colina que domina toda a região. Livrarias aqui e ali, com livros de viagens e relatos de viajantes.

De noite, um retorno ao ponto alto da nossa atual estada (e ponto alto das despesas gastronômicas, também): Ristorante Al Gatto Nero, que existe no mesmo lugar desde longos anos, e ao qual tinhamos vindo possivelmente vinte anos atrás. Uma carta bastante variada, mas o ideal, para quem gosta da boa comida italiana, era experimentar o menu assaggini, ou seja, a modalidade da degustação, em que prova de tudo um pouco ao modesto preço de 55 euros por pessoa, sem vinho.
Descrevo a sucessão de pequenos pratos, para uma idéia do que comemos:
1) antipasto: insalata tiepida de frutti di mare (lulas, gamberetti);
2) antipasto: baccalà amantecato com purê de batatas;
3) antipasto: anchovie com alcaparras e tomates em cubos;
4) pasta: tagliolini ai funghi porcini;
5) pasta: rigatone con ragu di carne;
6) principale: chateaubriand con faggiolini

Carmen Licia comeu o bacalà de entrada e um peixe (sogliola) com batatas depois.
Para acompanhar tomou meia garrafa de Soave Pieropan 2008.
Eu e Pedro Paulo fomos de Brunello do Montalcino Riserva, Poggio Al Vento, 1998 (76 euros, como informação).
Sobremesas: gelatto de gianduia con pessegos; eu fui de parmigiano reggiano com peras.
Café; brincadeira total, 261 euros, sans regrets...

Torino, 2 de outubro de 2009.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

1403) Turismo academico: da Venezia a Torino, senza sbagliar niente, tutto piacere...

Museo Ebraico, a Venezia, Il Gato Nero a Torino...

Despedida de Veneza nesta quinta-feira, 1 de outubro. Acordamos cedo, eu alias, antes das seis, para redigir um trabalho para minha palestra no seminário da UnB sobre a queda do muro de Berlim (ver dois posts abaixo, ou seja, 1401), e depois um café saboroso.
Saimos para nossa última visita antes da partida, desta vez no quartiere ebrei, Vecchio Ghetto, Nuovo Ghetto e Museo Ebraico.
Ao contrário do que muita gente pensa, eles não estão da ilha de Giudeca, cujo nome não vem de judeu, mas sim de giurisdizione, ou seja, uma região atribuída aos judeus na Idade Média, mas que depois se moverem para uma ilha mais ao norte, um verdadeiro pântano, situado longe do centro (Piazza San Marco e o Palácio dos Doges). Por esse pântano, eles pagavam um aluguel acrescido de um terço, apenas porque eram judeus, além de serem obrigados a usar um barrete amarelo, que ficou nos costumes até tempos mais odiosos...
Tudo isso, e muito, muito mais, aprendemos ao visitar o Museo Ebraico, que retoma a história do povo judeu, com especial atenção para os que se instalaram na região de Veneza, vindos tanto da Europa setentrional (askenazis), como da peninsula ibérica (sefardins del ponente), sefardins do Oriente Médio (sefardins del levante) e de outras regiões (norte da África, por exemplo). Todos concentrados no ghetto, que era o local da antiga fundição, de onde vem o nome, cujas portas eram fechadas todas as noites, para serem abertas apenas na manhã seguinte.
Excluídos da maior parte das profissões e de acumularem patrimônio fundiário, os judeus tiveram de concentrar-se, como uma das poucas opções, no comércio de moedas e nas operações usurárias, daí sua identificação equivocada com o capitalismo, preconceito que também Marx exibiu no seu menos conhecido Judische Frage (A Questão Judaica, 1844).
Napoleão libertou os judeus de Veneza e os fez quase cidadãos, mas a história foi madastra com eles, posto que as perseguições continuaram, tanto dos papas quanto, mais tragicamente, dos nazistas.

Comprei um livro de Riccardo Calimani, um engenheiro eletrotécnico, autor de vários livros sobre o povo judaico e sua história italiana, inclusive este: Non è Facile Essere Ebreo: L'ebraismo spiegato ai non ebrei (Mondadori, 2004). Já comecei a ler, no barco de volta ao hotel...

Recuperamos o carro no parchegio (60 euros pelos dois dias e meio) e tocamos para a estrada de Padova, pelo canal della Brenta, para visitar alguns palácios palladianos.
De volta à autostrada, foi tranquilo, com apenas um pouco de concentração de carros na região de Milão.
440 kms de viagem, em pouco mais de sete horas, com várias paradas no começo, para as visitas mencionadas.

Propositalmente, vim para um Best Western Hotel próximo do Corso Felippo Turatti, onde fica um restaurante absolutamente extraordinario. Il Gato Nero (numero 14; telefono 59-0414), onde pretendemos enfrentar um menu degustazzione, nesta sexta ou sábado de noite...

Comemorações absolutamente oficiosas, e aborrecidas, pelo 60. aniversário da revolução comunista na China, e um pouco de tragédias ambientais na TV: terremoto em Sumatra, tsunami em Samoa, terríveis perdas humanas.
Olimpíadas de 2016 ainda não decididas, mas não vou esperar. Prefiro ler...

Torino, 1 de outubro de 2009.