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sábado, 16 de agosto de 2014

A destruicao da Petrobras pela companheira-chefe (uma historia de horror economico e politico) - Rogerio Werneck

POLÍTICA

A reeleição e a Petrobras

Rogério Furquim Werneck
O Estado de S. Paulo, 15/08/2014

Voltas que o mundo dá. A presidente Dilma agora acha que a Petrobras deve ser preservada da campanha eleitoral. “Se tem uma coisa que tem que se preservar, porque tem que ter sentido de Estado, sentido de nação e sentido de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Não é correto, não mostra qualquer maturidade."
Quem agora diz isso é a mesma candidata que, a partir de 2009, transformou a partidarização do papel da Petrobras no pré-sal em plataforma de lançamento de sua candidatura à Presidência. É difícil que alguém já tenha se esquecido da sua campanha eleitoral em 2010, saturada por cenas em que a candidata aparecia, em sondas, plataformas e navios, com mãos lambuzadas de petróleo, envergando indefectíveis capacetes e macacões da Petrobras.
O problema é que, desde então, a Petrobras converteu-se em inesgotável poço de temas espinhosos, que a presidente preferiria não ter de tratar na campanha da reeleição. O Planalto tem boas razões para estar preocupado. O potencial de desgaste político é, de fato, grande.
Para começar, é preciso ter em mente que, por impressionantes que sejam, as perdas decorrentes das trapalhadas de Pasadena são incomparavelmente menores que as envolvidas no faraônico projeto da Refinaria Abreu e Lima, imposto pelo Planalto à Petrobras. E, como já tive oportunidade de destacar em artigo publicado neste mesmo espaço, em 4 de julho, sob o título “Desperdício em grande escala”, Dilma Rousseff é a figura chave para esclarecer como essa imposição de fato se deu, pois ocupava posições centrais em cada um dos principais elos da cadeia de comando com que o Planalto controlava os investimentos da Petrobras. Era, ao mesmo tempo, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, coordenadora do PAC e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Mas as dificuldades com as duas refinarias são apenas parte dos espinhosos problemas que vêm aflorando na empresa. O irresponsável represamento de preços de combustíveis vem não só impondo grande desgaste ao governo, como exigindo dotes de malabarista para tentar manter um discurso que faça sentido sobre a questão. A rápida deterioração das contas da Petrobras, na esteira da “queima de caixa” decorrente desse represamento, vem reforçando expectativas de que o governo não terá como deixar de aumentar preços de combustíveis logo após as eleições. Mas, empenhado em vender a ideia de que a inflação voltará a ficar abaixo do teto de tolerância da meta no fim do ano, o governo não quer dar alento a expectativas de um “tarifaço” pós-eleitoral. É o que explica as manifestações desencontradas sobre correção de preços dos combustíveis que vêm sendo feitas pelo governo e pela Petrobras.
Em entrevista ao “Valor” de 11 de agosto, Rui Falcão, presidente do PT, preocupado com a questão, apresenta a melhor racionalização que conseguiu articular para a política de represamento de preços de gasolina: “...Você tinha que fazer uma escolha entre remuneração de acionistas e o poder aquisitivo da população. E a Petrobras, além de ter acionistas, é um patrimônio do povo brasileiro.”
A racionalização revela visão confusa e deturpada do problema. O povo brasileiro, através do Tesouro, é o acionista controlador da Petrobras. Manter preços de gasolina irrealistas é uma política pervertida que subsidia proprietários de automóveis à custa do povo brasileiro. O governo só teve de apelar para esse represamento populista de preços porque não soube conduzir a política macroeconômica. Agora, só lhe resta tentar evitar na marra que a inflação fique ainda mais alta do que já está.

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Sobram razões para o Brasil lamentar o desaparecimento prematuro de Eduardo Campos, um dos políticos mais talentosos e promissores de que o País dispunha. Como bem mostrou sua entrevista ao “Jornal Nacional”, na véspera do acidente que lhe foi fatal, o candidato do PSB à presidência tinha visão extremamente lúcida da urgência de se dar encaminhamento mais consequente às grandes questões que hoje afligem o país.

Eduardo Campos, RIP: uma perda para o pais; e agora, a ecologia - Reinaldo Azevedo

Nunca fui admirador de ecologistas neomalthusianos. Conheço vários ecologistas sérios, mas uma grande maioria não é de pesquisadores cientificos, ou racionais, como o grande Malthus. Ele estava errado, mas procedeu pelos métodos científicos da sua época, o que muitos ecologistas atuais não fazem. Eles são sonháticos, como a nova representantes da floresta. Comparada, porém, com a outra candidata, ela pelo menos sabe falar. A outra não consegue falar coisa com coisa.
Grande Eduardo Campos: ele sabia falar, e se expressava claramente, mesmo sem que precisássemos concordar com ele. Agora, com exceção do Aécio e do pastor do PSC, o resto é de uma tristeza terrível: não falam porque não pensam, e não pensam porque não conseguem.
Paulo Roberto de Almeida 
Marina Silva é uma esfinge. Sem segredos. O que ela pensa? Dizer que ninguém sabe é bobagem. Dá, sim, para saber. Não vou cair aqui na conversa mole de perguntar se Marina vai ou não realinhar as tarifas se, candidata do PSB, for eleita. É claro que vai. Qualquer que seja o eleito, o reajuste vai se impor. Contra quem? Contra ninguém. O realinhamento será uma imposição da realidade. Afinal, o Brasil não é a Venezuela. Se for presidente, Marina também vai ter de cortar gastos públicos — é o que Dilma ou Aécio terão de fazer. “Mas tirar dinheiro de onde?” De algum lugar. Ou o país vai para o vinagre. Nenhuma dessas vulgaridades me interessa. Essa gritaria só serve para gerar calor. E nenhuma luz.
A Marina que importa é outra. Sim, concordo: é quase impossível entender o que ela fala, com suas metáforas, alegorias e derivações impróprias — refiro-me à gramática mesmo! — porque, sei lá, os 340 mil verbetes contidos no “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” não lhe bastam… Faz sentido: pensamentos intraduzíveis pedem palavras… indizíveis. Pode não dar para entender o que ela diz, o que sempre desperta a suspeita do sublime, mas dá, sim, para saber o que ela pensa. E ela não pensa coisas boas.
Começo pela questão mais recente. Marina Silva se desgarrou do PT, como é sabido, mas não se livrou dos piores vícios da nave-mãe. Querem um exemplo? Ela foi uma das mais entusiasmadas defensoras do Decreto 8.243, o tal que atrela a administração federal a conselhos populares e institui, na prática, uma Justiça paralela. Seu “movimento”, que não é “partido”, combina com aquele estado de permanente mobilização, em que a militância atropela as instâncias da democracia representativa.
Recuemos um pouco. Como esquecer a atuação de Marina Silva durante a votação do Código Florestal? Se a sua proposta tivesse vingado, o país teria sido obrigado, atenção!, a reduzir a área destinada à agricultura e à agropecuária. O que escrevo aqui não é especulação. É apenas um fato. É demonstrável. Em 2013, a balança industrial produziu um déficit de US$ 105 bilhões, e o setor agropecuário, um superávit de US$ 82,91 bilhões. Isso para um país que teve um superávit de apenas US$ 2,5 bilhões. E olhem que foi uma trapaça contábil. De verdade, o saldo foi negativo. Ou por outra: o agronegócio salva o Brasil da bancarrota, mas Marina Silva queria diminuir a área plantada.
É o tipo de militância que seduz os descolados e os ignorantes, mas de ampla repercussão no exterior, especialmente nos países ricos que acham que devemos deixar a agricultura com eles, enquanto a gente disputa o cipó com os macacos e foge das onças-pintadas. Todos queremos preservar a natureza, é claro! Marina queria, de modo irresponsável, dar um tombo na agricultura e na pecuária. Ela quer economia sustentável? Quem não quer? A questão é saber o que entende por isso.
Pegue-se agora a questão energética. O Brasil só não passa por um apagão de fazer 2001 parecer brincadeira de criança porque cresceu 2,7% em 2011; 0,9% em 2012; 2,1% em 2013 e deve ficar em torno de 0,8% neste ano. Em 2015, projeções responsáveis apontam que não passa de 1,2%. Estivesse crescendo, como precisa, a pelo menos 4%, já estaríamos no escuro.
Mesmo assim, ainda que tente aqui e ali dizer o contrário, Marina se opôs, sim, à construção da usina de Belo Monte. Tanto é que apoiou um vídeo imbecil chamado “Gota d’Água”, que dizia uma impressionante coleção de bobagens a respeito da usina. Mais: esse empreendimento será subutilizado, sim, porque Belo Monte não terá reservatório. Será do modelo fio d’água. Pesquisem a respeito. Só se fez essa escolha errada por causa da militância ambientalista que Marina representa, já que se inunda uma área muito menor, mas se produz, em contrapartida, bem menos energia.
Em 2010, a Marina candidata foi ao programa “Roda viva” e tratou do assunto. Como fala pelos cotovelos, impede que o pensamento de seus interlocutores respire. Vejam. Volto em seguida.

Em primeiro lugar, houve, sim, os devidos cuidados ambientais. Em segundo lugar, a tese da inviabilidade econômica é de uma impressionante falácia. De fato, Belo Monte tem mais dinheiro público do que deveria, mas isso se deve ao viés esquerdizante do governo petista — que Marina não combate. O capital privado só refugou porque o preço que o governo queria pagar pela energia era incompatível com a realidade. Ou por outra: quando os petistas decidiram tabelar o lucro — prática hoje em dia vigente apenas em Cuba e na Coreia do Norte —, Marina se calou. O negócio dela era com os bagres. Sim, preservemos os bagres. Mas e a energia elétrica? Mais: se o governo tivesse dado de ombros para o ambientalismo doidivanas e construído a usina com reservatório, mais energia seria produzida. Ou por outra: Belo Monte só não vai render o que poderia por causa do espírito marineiro.
Trato aí de duas questões que hoje são essenciais ao país: balança comercial e produção energética. Nos dois casos, a possível candidata do PSB à Presidência estava do lado absolutamente errado do debate. Errado por quê? Porque as suas escolhas contribuiriam para afundar o país — e, como é sabido, em casos assim, os pobres pagam o preço primeiro.
Questão política
Não e só isso. Marina fala em nome de uma tal “nova política” que ninguém, até agora ao menos, entendeu direito o que é. É impossível governar o país sem o Congresso, a menos que se queira gerar uma crise institucional dos diabos. Em sua pregação, ela dá a entender que políticos são sempre os outros, nunca ela própria. Por quê? Porque acredita na tal da “mobilização em rede”, que vem a ser a prima rica — e com nível universitário — de movimentos como o MST ou MTST. Nem por isso menos autoritários.

Na verdade, nesse particular, ela vai até um pouco além. Por mais que queira negar, parte do mau espírito das ruas — e não do bom — de junho do ano passado a esta data contou com o seu apoio silencioso. Ela pode se tornar a única beneficiária do ódio à política que tomou as ruas. E é evidente que esse tal espírito não me agrada. A propósito: alguém leu ou ouviu alguma censura de Marina aos black blocs?
O fato de a possível candidata do PSB ter hoje “conselheiros” com uma visão, digamos, mais à direita em economia do que o petismo não me seduz absolutamente. Na verdade, do meu ponto de vista, só torna a equação ainda mais confusa porque não vejo como ela poderia incentivar com a mão esquerda o espírito militante e procurar conter com a direita o rombo nos cofres públicos. Ou por outra: o discurso ideológico de Marina atenta contra o caixa, mas ela se cerca de gurus econômicos que fazem profissão de fé na responsabilidade fiscal.
Na minha coluna de hoje na Folha, critico as patrulhas petistas — ou a seu serviço — que tentam impedir que se formule um pensamento alternativo no Brasil. Busca-se deslegitimar desde a origem qualquer crítica organizada ao governo e ao partido oficial. Aécio Neves, do PSDB, é vítima desse procedimento. Eduardo Campos também era. Será que estou a fazer o mesmo com Marina? Uma ova! Estou é criticando aqui o que conheço de sua militância e dizendo por que ela não me serve. Em muitos aspectos, Marina pode representar um perigo ainda maior do que o petismo.
Se ela se eleger presidente e puser em prática o que pensa sobre militância organizada, a relação com os Poderes instituídos, o agronegócio e o setor energético, quebra o país e o conduz a uma crise política sem precedentes. Claro! Uma Marina que conseguisse governar teria de jogar fora a Marina “sonhática”, que está muito mais para “pesadêlica”.
Texto publicado originalmente às 5h37

As grandes falcatruas economicas (petistas, claro) - Rodrigo Constantino



15/08/2014
 às 14:23 \ EconomiaHistóriaPolítica

A esquerda não sabe o que é inflação? Ou: Comparação esdrúxula entre PT e PSDB ganha a internet

Circula pela internet uma comparação entre o Brasil de hoje e aquele de 2002, herdado pelo governo do PT, que chama a atenção por uma das duas coisas, se não ambas: a ignorância econômica e/ou a incrível canalhice. Deixo ao leitor o direito inalienável de escolha. O escritor (ou crítico de cinema) Pablo Villaça, contumaz esquerdista e defensor do governo Dilma, reproduziu em sua página os dados e obteve mais de 12 mil curtidas. Qual o busílis?
Vários dados divulgados, para começo de conversa, são em reais nominais! Isso mesmo: essa turma está comparando uma coisa em moeda nominal em 2013 com outra de 2002, ignorando a inflação de mais de dez anos, em um país como o Brasil, durante um governo petista, que justamente relaxou no controle da inflação. É comparar banana com laranja. Eis a inflação no período, deliberadamente ignorada pela turma:
índice IPCA acumulado. Fonte: Bloomberg
índice IPCA acumulado. Fonte: Bloomberg
A inflação oficial nesse período foi de quase 90%. Ou seja, se o valor de alguma coisa, como o salário mínimo, dobrou de 2002 para 2013 em termos nominais, ele permaneceu praticamente inalterado em termos reais! Ter de explicar isso a alguém é realmente desanimador. O rapaz deve saber alguma coisa da língua portuguesa, mas pelo visto precisa de muita ajuda em matemática e finanças…
Mas não é “só” isso! Ele pega os dados de 2002 e finge não saber que muita coisa ruim ali contida se deve justamente ao “risco Lula”. As reservas cambiais, que o homem cita na lista de conquistas, evaporaram justamente porque houve forte fuga de capitais de investidores receosos com um eventual governo petista. Lula teve de escrever a famosa “Carta ao Povo Brasileiro” para acalmar os ânimos. Esqueceu?
Tem mais ainda: mencionar crescimento de qualquer rubrica na última década deixando de fora o fator China é realmente um espanto! Se o sujeito não achar que o PT é também o responsável pelo acelerado crescimento chinês, que tanto beneficiou o Brasil, o mínimo que a honestidade intelectual demanda é deixar claro que boa parte do avanço numérico se deu por fatores completamente alheios ao governo petista.
Para deixar isso evidente, bastaria comparar o nosso crescimento com o de outros países emergentes. O resultado seria um tanto diferente, e mostraria que o Brasil sob o PT, na verdade, é o lanterninha do grupo. Perdemos a grande oportunidade de crescer uns 5% ou mais ao ano, isso sim! O PT nos tirou essa chance com sua incompetência, seu intervencionismo, sua irresponsabilidade.
Villaça gostaria de comparar nesse período o Brasil do PT com o Peru, que fez várias reformas liberais, por exemplo? Não? Foi o que imaginei. E olha que nem disse algum país asiático qualquer, mais capitalista e com mais liberdade de mercado. Vejam o resultado:
Crescimento acumulado do PIB desde 2003 (base 100). Fonte: Bloomberg
Crescimento acumulado do PIB desde 2003 (base 100). Fonte: Bloomberg
O Peru cresceu mais de 70% no período, contra pouco mais de 40% do Brasil. Vamos comparar nosso desempenho com nossos pares globais? Que tal?
A cara de pau dessa gente, ao ignorar o relativo quando interessa, é tão grande que chega ao ponto de o IDH ser mencionado em termos absolutos, ou seja, qual a nossa nota geral, e não nosso lugar no ranking! Não é um espanto? O IDH brasileiro em 2002 estava em 73º lugar, duas posições acima da registrada no estudo anterior. O IDH em 2013 estava no 79º lugar, ou seja, perdemos seis posições, a despeito de toda a ajuda da China!
desaceleraçao
Em resumo, a estatística pode ser a arte de torturar números até que confessem qualquer coisa. Mas a esquerda defensora da era lulopetista ao menos poderia trabalhar melhor nos truques para iludir os incautos, não é mesmo? Feito assim, de forma tão grosseira, nem os mais dependentes de esmolas estatais vão acreditar que as coisas melhoraram tanto, mesmo com muita vontade de fazê-lo para justificar suas escolhas no fundo interesseiras e egoístas.
Rodrigo Constantino

Custos das crises bancarias e financeiras - Ronald Hillbrecht (via Claudio Shikida)

Meu amigo Claudio Shikida sempre trazendo bons materiais para reflexão no seu blog De Gustibus Non Est Disputandum:

Bons momentos…


Eu gosto muito desta tabela que peguei lá do livro-texto de Economia Monetária do Ronald Hillbrecht (Editora Atlas). Trata-se do custo do PROER e de planos similares em outros países. Mostra o porquê de eu reafirmar sempre que a melhor assessoria econômica é a do candidato tucano (nada contra a assessoria do falecido candidato Eduardo Campos, claro).
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Quem viveu esta época sabe bem o que foi aquilo tudo. Quem estava no berço ou achando que sabia economia porque decorava frases feitas de 147 caracteres, bem, espero que um dia aprendam.

As grandes falcatruas da politica nacional - Rodrigo Constantino

Não uma, mas duas ao mesmo tempo. É bom que fique o registro.
Paulo Roberto de Almeida 

Blogs e Colunistas


15/08/2014
 às 12:08 \ ComunismoDemocraciaPolítica

Que vergonha, senadora Kátia Abreu!

No dia 12 de agosto a senadora Kátia Abreu postou em suapágina oficial do Facebook a seguinte mensagem e foto:
A presidente Dilma Rousseff sempre manteve as portas abertas para todos os setores. Ela comprova que oferecer políticas adequadas, construídas a partir do diálogo, é fundamental para promover o crescimento do País. Por isso, o meu apoio incondicional para presidente do Brasil é para Dilma, a mulher que seguiu mudando o Brasil e agora também vai nos ajudar a transformar o nosso querido Tocantins.
Katia Abreu
Que papelão, dona Kátia! Portas abertas? Estamos falando da mesma pessoa, a presidente Dilma, aquela que é conhecida por sua arrogância e sua agressividade em reuniões? Aquela que se reúne com 30 grandes empresários e acha que isso é “escutar o mercado”? Aquela que usou o BNDES para a seleção dos “campeões nacionais” e acabou produzindo um fenômeno como Eike Batista, fazendo ainda com que os grandes empresários “investissem” em lobby em vez de produtividade?
Políticas adequadas por meio de diálogos? Só se for o “diálogo” dela com ela mesma em frente a um espelho! Que políticas adequadas foram essas, que trouxeram nossa economia à beira do abismo, com estagnação do crescimento e elevada inflação, além de setores importantes totalmente desorganizados e com rombos bilionários?
Seu apoio é “incondicional”, senadora? Quer dizer que não importa a quantidade de “malfeitos” que vêm à tona, os infindáveis escândalos, a aliança com o que há de mais nefasto na geopolítica, que Dilma poderá contar sempre com seu entusiasmado apoio?
Dilma, a mulher que mudou o país? De fato, mas para pior! Ou a senadora acha que as coisas vão bem por aqui? Quer defender o voto em Dilma para “continuar mudando”? Até chegarmos no modelo argentino ou venezuelano? É isso que o Brasil precisa?
Senadora, compreendo seu medo de Marina Silva, agora a provável candidata após a trágica e infeliz morte de Eduardo Campos. Compreendo, ainda, os limites da política partidária nesse país, e sua dificuldade em compor com o PSDB de Aécio Neves, caminho natural para alguém que sempre defendeu o que a senhora defendeu em seus discursos, artigos e mesmo prática política.
Mas não posso aceitar ou perdoar uma traição dessas! Saiba que muitos brasileiros de direita, defensores da propriedade privada, inclusive rural, que combateram sempre a ameaça socialista, os invasores do MST, as lideranças “indígenas” que colocam em risco muitas fazendas, tinham em sua pessoa uma esperança. Alguns chegavam a imaginá-la uma espécie de Thatcher tupiniquim.
Como defendê-la agora? Como explicar para essa gente toda suas palavras e ações? Como dizer que aquela Kátia Abreu, outrora uma firme combatente em nome do capitalismo e da economia de mercado, debandou-se para o lado de lá, apoiando com tanta paixão um partido golpista, do Foro de São Paulo, camarada da ditadura cubana, irmão dos invasores do MST?
Eu não consigo, confesso. Posso apenas lamentar profundamente sua guinada rumo ao que há de pior na política nacional. O Brasil continua em busca de uma estadista…
Rodrigo Constantino

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Um debate sobre o papel do cambio nos problemas brasileiros - Antonio Carlos Teixeira Alvares (e PRA)

Recebo, a propósito desta postagem, e meus comentários iniciais a ela:

Plano Real, 20 anos: seria o câmbio o principal problema do Brasil? 

o seguinte comentário de um dos autores do artigo ali transcrito:
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
 
Como um dos autores do artigo desejo inicialmente declarar que concordo plenamente que uma moeda pode se valorizar. As razões são várias e só para citar algumas temos o aumento do preço dos bens exportados (no caso do Brasil, comodities), a elevação da taxa real de juros interna ou mesmo ações governamentais de politica econômica . O artigo não discute as causas nem nega a valorização, apenas analisa suas consequências. O custo Brasil (impostos, infraestrutura, energia, etc) ataca a indústria brasileira há muito tempo. A valorização do real começa em 2007. Em 2006 o saldo comercial (exportações menos importações) da indústria de transformação brasileira foi positivo em cerca de  usd  31 bilhões. Nos últimos 12 meses, encerrado em junho de 2014, o saldo negativo indicava usd  -106 bilhões!  A causa disso é a valorização do real que favoreceu as importações e prejudicou sobremaneira as exportações da indústria de transformação. Não se pode culpar o custo Brasil por essa evolução, pois em 2006 ele já estava presente entre nós. O cambio valorizado está sim prejudicando muito a indústria nacional, como prejudicou a indústria holandesa na década de 1960. Existe claro muitas outras causas para o Brasil ir mal, mas a balança comercial da indústria de transformação é claramente explicada pelo cambio fora de lugar.
 
 Devo dizer que concordo apenas em parte com os argumentos do comentarista, por uma razão muito simples.
No cursos de toda a era de Bretton Woods, e mesmo depois, as moedas respectivas da Alemanha Federal, deutsche mark, e do Japão, iene, se valorizaram constantemente, justamente pela fortaleza de suas economias, que foi inclusive beneficiada pela importação de bens (e energia, nos dois casos) mais baratos, devido à valorização.
O deutsche mark deve ter saído de um patamar de 5 a 6 dm por US$ para chegar a 1,50 três décadas depois; o iene deve ter saido de 500 a 600 por dólar, para menos de 100 dólares no mesmo período.
Como se compensou isso: bem com importações mais baratas, justamente, e com ganhos de produtividade.
O Brasil abandonou esses dois vetores, eles são difíceis, estão fora do seu alcance?
Esses países ficaram mais ricos, com moedas valorizadas, e continuaram grandes potências exportadoras.
Ou seja, é possível fazer, mesmo sem as velhs receitas da desvalorização contínua, que tornam todos um pouco mais pobres.

Dito isto, concordo em parte que câmbio e moderadamente desvalorizado, pode ser importante para manter equilíbrio na balança comercial. Mas, existem outras balanças, também...
Paulo Roberto de Almeida

Simon Leys: o homem que desmascarou Mao Tse-tung, morre...

Lembro-me como se fosse hoje: eu, jovem estudante recém chegado na Bélgica, percorrendo as livrarias de Bruxelas, e vendo um livro que contribuiria ainda mais para aprofundar o meu ceticismo em relação às supostas virtudes humanas do socialismo chinês.
Ali estava o livro: Les Habits Neufs du Président Mao, por um certo Simon Leys.
Era o começo da transformação...
Paulo Roberto de Almeida 
Pierre Ryckmans, 78, Dies; Exposed Mao’s Hard Line
He challenged the prevailing romantic view of Mao harbored by many Western intellectuals by writing about the cruelties of the Cultural Revolution.



By MICHAEL FORSYTHEAUG. 14, 2014
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Pierre Ryckmans, who used the pen name Simon Leys, first traveled to China as a student in 1955. His once romantic view of China dissipated when he learned of the Cultural Revolution.CreditWilliam West/Agence France-Presse — Getty Images

Pierre Ryckmans, a Belgian-born scholar of China who challenged a romanticized Western view of Mao Zedong in the 1960s with his early portrayal of Mao’s Cultural Revolution as chaotic and destructive, died on Monday at his home in Sydney, Australia. He was 78.
His daughter, Jeanne Ryckmans, said the cause was cancer.
Mr. Ryckmans, who was better known by his pen name, Simon Leys, fell in love with China at the age of 19 while touring the country with fellow Belgian students in 1955. One highlight was an audience with Prime Minister Zhou Enlai. The man-made famine of Mao’s Great Leap Forward and his Cultural Revolution, which began in 1966 and ended about the time of Mao’s death, in 1976, were still in the future. There was much to be admired in the new China.
Yet pursuing his studies of Chinese art, culture and literature in the People’s Republic itself was not an option for a Westerner, so he settled in Taiwan, where he met his future wife, Han-fang Chan. He also lived in Singapore and Hong Kong.
It was in Hong Kong during the late 1960s, when it was still a British colony, that Mr. Ryckmans (pronounced RICK-mans) began to follow the turmoil just across the frontier, reading accounts in the official Chinese press about the Cultural Revolution and talking to former Mao supporters who had escaped it.
He began to find that the romantic view of Mao harbored by many Western intellectuals — as a progressive if flawed champion of the masses — was completely at odds with the cruelties of the Cultural Revolution, which sought to eradicate Chinese cultural traditions and Western capitalist influences and replace it with a Maoist orthodoxy. The movement led to purges, forced internal exiles and whipsaw shifts in the political winds, and it compelled Mr. Ryckmans to step into the arena of political commentary.
“Until 1966 Chinese politics did not loom large in my preoccupations, and I confidently extended to the Maoist regime the same sympathy I felt for all things Chinese, without giving it more specific thought,” Mr. Ryckmans wrote under his pseudonym in “Chinese Shadows,” which was first published in French in 1974. “But the Cultural Revolution, which I observed from beginning to end from the vantage point of Hong Kong, forced me out of this comfortable ignorance.”
His first account, “The Chairman’s New Clothes,” was also published in French, in 1971, a year after he had settled in Australia, lured by an eminent Chinese literary scholar, Liu Cunren, to teach at Australian National University. Mr. Ryckmans wrote the book under the name Simon Leys to disguise his identity so that he would not be banned from China.
He returned to China in 1972 on a six-month assignment as a cultural attaché for the Belgian Embassy in Beijing. The wanton destruction of the city’s ancient architectural heritage shocked him.
In “Chinese Shadows,” he wrote of his frantic search for some of the most magnificent of the city’s huge gates, which he assumed had been preserved, even though he knew that the city walls had been taken apart starting in the 1950s. The gates were gone. “The destruction of the gates of Peking is, properly speaking, a sacrilege; and what makes it dramatic is not that the authorities had them pulled down but that they remain unable to understand why they pulled them down,” he wrote.
The Cultural Revolution, he found, had destroyed the beauty of Chinese culture and civilization without destroying what needed to be exorcised: the tyranny of arbitrary rule.
In a telephone interview, Kevin Rudd, a former prime minister of Australia and a former student of Mr. Ryckmans, called him “the first of the Western Sinologists of the ’60s and ’70s to expose the truth of the cultural desecration that occurred during the Cultural Revolution, ripping away the political veneer from it all and exposing it for what it was: an ugly, violent, internal political struggle within the Chinese Communist Party led by Mao.”
Mr. Rudd added, “He was excoriated at the time by Sinologists who had been captured by the romance which many felt for the Cultural Revolution in the early days.”
The irony, Mr. Rudd said, is that the Chinese leadership moved to repudiate the Cultural Revolution after Mao’s death. Many of the delights of old Beijing — the food stalls, the street dancing on a summer’s evening — did indeed return, as did an appreciation for classical art, literature and, finally, the classical scholar Confucius, who had been vilified by the Maoists. Mr. Ryckmans translated, into English, the “Analects,” the collection of sayings attributed to Confucius.
Yet he did not change with the times. “It was difficult to get Pierre to accept that real, sustainable and positive changes had occurred in the China of the period of ‘reform and opening,’ ” Mr. Rudd said.
More than a Sinologist, Mr. Ryckmans was also a formidable European man of letters, earning doctorates in law and art in Belgium, said Richard Rigby, a China scholar and Mr. Ryckmans’s brother-in-law. His lectures, he added, brought the best of both worlds together.
“He could look at a Chinese painting or maybe something by Orwell and essays by Montaigne and put them all together into a coherent whole,” Mr. Rigby said.
Mr. Ryckmans also wrote a novel, “The Death of Napoleon,” which imagines the deposed emperor escaping from exile on St. Helena and making his way back to France. First published in France in 1986 and then in English in 1992, it was hailed as “an extraordinary book” by the novelist Penelope Fitzgerald, writing in The New York Times Book Review, and adapted into a film, with Ian Holm and Hugh Bonneville, in 2002.
Mr. Ryckmans was a frequent contributor to The New York Review of Books, Le Monde and other periodicals and the recipient of several literary prizes.
He was born on Sept. 28, 1935, in Brussels. Besides his daughter, he is survived by his wife; his sons Marc, Etienne and Louis; and two grandchildren.
He also taught at the University of Sydney and spent his later years writing and sailing. A collection of his essays, “The Hall of Uselessness,” discussing topics as far-ranging as “Don Quixote” and Confucius, was published in 2011.
In “Chinese Shadows,” Mr. Ryckmans wrote that even though Mao and his acolytes would leave the scene, and there would be an inevitable relaxation of authoritarian rule, the fundamental characteristics of Communist rule would not change.
“Among various descriptions of Communist China made at different times, one may note differences,” he wrote, “yet if these descriptions have been made conscientiously and perceptively, they will show more than ephemeral journalistic truths, for modifications will be in quantity, never in quality — variations in amplitude, not changes in basic orientation.”
A version of this article appears in print on August 15, 2014, on page A21 of the New York edition with the headline: Pierre Ryckmans, 78, Dies; Exposed Mao’s Hard Line.

Eleicoes 2014: pesquisas eleitorais

Estudo aponta vitória de Aécio no segundo turno. Resta ver como a eventual entrada de Marina diretamente como candidata à Presidência poderia alterar radicalmente o panorama eleitoral.
Maurício David

MACROMÉTRICA PROJETA PROBABILIDADE ELEITORAL COM MODELO ESTATÍSTICO USADO NOS EUA
Valor Econômico, 12/08/2014

1. Para fazer a projeção, a Macrométrica usou o esquema de análise de Nate Silver, o editor-chefe do site "FiveThirtyEight". Silver ficou famoso por ter acertado o resultado de todos os 50 Estados na eleição presidencial americana de 2012, quando Barack Obama se reelegeu, ao vencer Mitt Romney.  O relatório pede cautela. Segundo o texto da consultoria do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, ela "corre riscos em função de eventual repúdio do eleitorado à política em geral e de uma eventual perda de competitividade de Aécio, afetando seu fator de conversão (o percentual de eleitores que não votou no tucano no 1º turno e o faz no 2º)".
       
2. Aí entra "a única hipótese arbitrária nesse exercício de projeção, que não sai diretamente da pesquisa eleitoral", segundo a Macrométrica - o percentual de eleitores não comprometidos com nenhum dos dois candidatos que vai permanecer assim até o fim da eleição. Na primeira simulação, esse percentual é fixado em 4%, próximo aos 4,2% registrados na eleição de 2006. Números do TSE, porém, mostram que o total de votos em branco e nulos naquela disputa foi de 6%.
           
3. Para chegar à previsão sobre o 2º turno, a consultoria calcula os fatores de conversão para estimar como seriam distribuídos para Aécio e Dilma os votos que no 1º turno não foram para nenhum dos dois. No Ibope, dos 17 pontos percentuais que migram para ambos, 23,5% - ou 4 pontos percentuais - vão para Dilma e 76,5% - ou 13 pontos percentuais - para Aécio.  "Esses fatores de conversão são parâmetros-chave para a projeção", destaca a Macrométrica, notando que, na sua hipótese, os 39% eleitores não comprometidos vão cair para 4% no 2º turno, um recuo de 35 pontos percentuais. Mantido o mesmo fator de conversão no Ibope, Dilma ficaria com 8,2 pontos percentuais dos 35 pontos e Aécio, com 26,8.
           
4. "O resultado é a vitória de Aécio com 49,8% dos votos, contra 46,2% para Dilma e 4% de VNC (votantes não comprometidos). Como os VNC nunca são considerados na apuração do resultado final, a vitória de Aécio seria com 51,8% contra 48,2% de Dilma, ou seja, por diferença de 3,6 pontos percentuais."   O relatório estima ainda que, se mais de 11% dos eleitores não escolherem nenhum dos dois no 2º turno, Dilma ganhará de Aécio. Isso pode ocorrer "se a falta de empolgação dos eleitores com a campanha representar repúdio à maneira como a política é feita", diz o relatório. Nesse cenário, o total de votos em branco ou nulos será maior do que o normal.
           
5. "Outro ponto de vulnerabilidade da projeção está nos fatores de conversão", afirma a consultoria. Se o fator de conversão de Aécio ficar abaixo de 71,5%, Dilma ganharia mesmo se apenas 4% dos eleitores não votar em nenhum dos dois no segundo turno. "Aconselha-se, portanto, acompanhar as pesquisas com cuidado antes de soltar fogos para qualquer candidato."

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BRASIL - Um Novo Rumo para as Eleições
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
Pesquisa macroeconômica - Itaú, 14/08/2014

O Brasil lamentou nesta quarta-feira a morte de Eduardo Campos, um político de 49 anos, presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), ex-governador de Pernambuco e candidato presidencial sob a coligação Unidos pelo Brasil. Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo, saindo do Rio de Janeiro em direção a Santos, no litoral de São Paulo, onde ele participaria de uma reunião com empresários, como parte da campanha. Logo na noite anterior, Campos havia dado uma entrevista ao Jornal Nacional, o noticiário de maior audiência no país. Seu falecimento é uma grande perda para sua família, amigos, e para o Brasil, que perde um líder jovem, ativo e importante. Oferecemos nossas mais sinceras condolências e estamos profundamente entristecidos por este evento trágico.

Eduardo Campos estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos. Seu partido tem dez dias para registrar (ou não) um candidato substituto. Uma possibilidade é que Marina Silva, candidata a vice-presidente de Campos, ocupe seu lugar. Marina Silva concorreu à presidência nas eleições de 2010 e obteve 19,4% dos votos. Anteriormente, ela havia sido ministra do Meio Ambiente no governo do presidente Lula, de janeiro de 2003 a maio de 2008. Marina Silva vinha tentando formar seu próprio partido (REDE), mas não foi capaz de cumprir as exigências dentro do prazo. Ela decidiu unir-se ao PSB de Eduardo Campos.

O sucesso de Marina Silva em 2010 foi concentrado principalmente nos grandes centros urbanos. Ela não chegou a vencer em nenhum estado, com exceção do Distrito Federal, mas ficou em segundo lugar no Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Amazonas.

Em abril de 2014, Marina apareceu na pesquisa Datafolha com 27% das intenções de voto, atrás de Dilma Rousseff (38%) e à frente de Aécio Neves (16%). Na mesma pesquisa, Eduardo Campos apareceu em terceiro lugar, atrás de Aécio Neves. Logo após os protestos de junho de 2013, a pesquisa do Ibope mostrou Marina em um empate técnico com a presidente Dilma Rousseff em uma simulação de segundo turno (Dilma = 35%, Marina = 34%). Na última pesquisa Datafolha (meados de julho) Eduardo Campos apareceu com 8% dos votos, atrás de Dilma (36%) e Neves (20%). Numa votação de segundo turno entre Neves e Dilma, 55% dos eleitores de Eduardo Campos escolheriam Aécio Neves, enquanto 26% escolheriam Dilma.

Se Marina for confirmada, as chances de a eleição chegar ao segundo turno aumentam, já que é provável que ela obtenha votos daqueles que hoje estão indecisos ou disseram que votariam em branco ou nulo. Além disso, as chances de uma vitória de Dilma caem, pois Marina possui mais intenções de voto do que Campos, e sua candidatura viria após um evento trágico de grande repercussão nacional.

Um dos principais assessores econômicos de Marina, Eduardo Giannetti da Fonseca, defende a recuperação da "credibilidade e consistência do 'tripé' macroeconômico, com superávit primário, taxa de câmbio flutuante e autonomia do banco central." Ele também defende uma nova agenda de reformas microeconômicas, com o princípio básico da "horizontalidade", ou seja, políticas destinadas a todos os setores simultaneamente, ao invés de políticas específicas para setores específicos. (Entrevista ao Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 2014).

O próximo passo importante no processo eleitoral será a escolha que o PSB fará sobre a manutenção ou não de um candidato presidencial. Caso decida manter um candidato na cédula de outubro, o partido terá que realizar uma convenção para ratificar o candidato, além de um candidato à vice-presidência, e a coligação. Lembrando que já na próxima terça, 19 de agosto, o horário eleitoral gratuito terá início na TV e no rádio.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Governo companheiro: um caloteiro como Nunca Antes

Tesouro atrasa repasse de R$ 19,5 bilhões a programas sociais

Do montante, R$ 17 bilhões já deveriam ter sido transferidos ao FGTS e outros R$ 2,5 bilhões ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

O Tesouro Nacional tem atrasado a transferência de 19,5 bilhões de reais a dois fundos ligados a programas sociais: o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Segundo informações do jornal O Globo, esse dinheiro está depositado, ainda, no caixa único do Tesouro, numa estratégia que ajudaria o governo na conta do superávit primário, que é economia feita para o pagamento dos juros da dívida.
Deste total, 17 bilhões deveriam ter sido transferidos ao FGTS e o atraso pode, segundo fontes de O Globo, prejudicar as contratações de novas moradias a médio e longo prazo, uma vez que é permitido usar parte do fundo para compra de imóveis. A expectativa é que o assunto seja discutido no Conselho Curador do fundo na semana que vem. Cerca de 10 bilhões do montante devido ao FGTS diz respeito à contribuição adicional das demissões sem justa causa que o Executivo retém desde 2012. Outros 7 bilhões são de subsídios do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O desconto no preço dos imóveis do MCMV é arcado, em grande parte, pelo FGTS.
No caso dos 2,5 bilhões devidos ao FAT, existe uma previsão de que, em caso de atraso no repasse, a Caixa Econômica arque com a despesa e depois cobre a conta do Tesouro, com correção. O FAT é responsável por benefícios sociais como o Bolsa Família e o seguro-desemprego.
O problema é que a Caixa está sendo prejudicada pelo movimento e já foi questionada  pelo Banco Central sobre as discrepâncias em seu balanço. Ela é responsável pelos pagamentos de benefícios sociais, mas a maior parte deles é financiada com dinheiro do Tesouro Nacional e uma minoria com recursos de Estados e municípios. Entre julho de 2013 e julho deste ano, só o pagamento do seguro-desemprego já teria tomado 2 bilhões de reais de seu caixa.
Diante do impasse, a Caixa recorreu à Advocacia-Geral da União (AGU), que, por sua vez, criou uma câmara de conciliação entre ela e a União. Segundo fontes, a Caixa quer se respaldar juridicamente para fazer frente aos questionamentos do BC. No centro dessa discussão, segundo o jornal Folha de S. Paulo publicou na quarta, está um valor superior a 1 bilhão de reais que ficou preso nos cofres do Tesouro em abril. 
Procurado pelo jornal, o Tesouro disse que os repasses para benefícios sociais, como o Bolsa Família, seguem a programação financeira e que não há anormalidade de transferência. Mas, não se pronunciou sobre o atraso nos repasses ao FGTS. 
Superávit - Neste ano, a meta do governo é economizar 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagamento dos juros da dívida (superávit primário). Contudo, até junho, só havia conseguido um saldo positivo de 29,38 bilhões de reais.