Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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terça-feira, 30 de setembro de 2014
ONU condena fundos abutre: oh, que tragedia!; os especuladores vao arrancar os cabelos...
Todos os abutres, e os especuladores, desempenham um papel positivo, no sentido de conter as políticas erradas dos governos. Se especuladores pudessem especular com contas equilibradas, câmbio formado pelo mercado (e não como resultado da manipulação dos governos) e situações monetárias conformes à realidade das forças econômicas, não distorcidas pelos governos.
Abutres cumprem um papel profilático na natureza; o mesmo acontece com os dos mercados financeiros. Eles limpam os campos de governos apodrecidos, como era a Argentina, aliás...
Paulo Roberto de Almeida
ONU adota resolução que condena fundos abutres
Agência Brasil, 29/09/2014
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) adotou hoje (26), em Genebra, uma resolução que condena os chamados fundos abutres - como são chamados os fundos especulativos que compraram títulos da Argentina. O texto aprovado por 33 votos a favor, 5 contra (incluindo o voto dos Estados Unidos) e 9 abstenções.
O texto "condena as atividades dos fundos abutres pelos efeitos negativos diretos que exercem sobre a capacidade dos governos de cumprir suas obrigações em matéria de direitos humanos - sobretudo os direitos econômicos, sociais e culturais e o direito ao desenvolvimento - e o pagamento da dívida a esses fundos em condições predatórias".
O chanceler argentino, Héctor Timerman, disse, em coletiva de imprensa, que "a Argentina está muito orgulhosa de ter conseguido uma extraordinária vitória a favor dos direitos humanos". Ele acrescentou que os fundos abutres não vão parar até que sejam impedidos de continuar. "Os bilhões que os fundos abutres levam do Sul, traduzem-se em fechamento de escolas, em hospitais sem medicamentos, em famílias revirando o lixo para comer", acrescentou.
Brasil, Chile, Cuba, Rússia, Venezuela, Peru, Uruguai, Paraguai, El Salvador e Bolívia acompanharam a Argentina na apresentação da resolução. Os Estados Unidos justificaram o voto negativo com o argumento de que a discussão deveria ser técnica. "Se esse debate não for feito adequadamente, isso pode criar incertezas e elevar o custos dos empréstimos, levando inclusive ao corte de financiamento aos países em desenvolvimento".
A resolução também convoca os países a "participar nas negociações encaminhadas para estabelecer um marco jurídico multilateral para os processos de reestruturação da dívida soberana", previstas na Resolução 68/304 da Assembléia Geral da ONU.
A resolução, proposta por Argentina e G77+China, foi adotada pela Assembléia Geral da ONU no dia 9 de setembro com o objetivo de "elaborar e adotar, por meio de um processo de negociações intergovernamentais, um marco legal multilateral que permita reestruturações da dívida soberana". Segundo o texto, o marco legal será votado antes do fim do ano.
Buenos Aires mantém uma disputa legal com fundos especulativos, que classifica de "abutres", porque compraram os títulos da dívida desde 2001 e agora exigem 100% de seu valor, apesar de 93% dos credores da dívida argentina terem aderido à renegociação.
Os fundos conseguiram nos tribunais dos Estados Unidos o bloqueio dos pagamentos de 93% dos credores que aderiram à reestruturação em 2005 e 2010, o que levou a Argentina à moratória parcial em junho.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Exposicao ao ridiculo e caso de internacao, ainda o Estado Islamico dos Companheiros - Percival Puggina
Por Percival Puggina
O Globo, 23 de setembro de 2014
A presidente Dilma Rousseff condenou os ataques aéreos na Síria pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, iniciados na noite de segunda-feira para desmantelar a organização terrorista Estado Islâmico (EI) e combater células da rede al-Qaeda. Para Dilma, o Brasil repudia agressões militares, porque elas podem colher resultados imediatos, mas trazem consequências deletérias para países e regiões no médio e longo prazos. A presidente citou Iraque, Líbia e Faixa de Gaza como exemplos recentes da falta de eficácia deste tipo de política.
O Globo transcreve a fala presidencial:
Lamento enormemente isso (ataques aéreos na Síria contra o EI). O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU. Eu não acho que nós podemos deixar de considerar uma questão. Nos últimos tempos, todos os últimos conflitos que se armaram tiveram uma consequência. Perda de vidas humanas dos dois lados, agressões sem sustentação aparentemente podem dar ganhos imediatos, mas depois causam prejuízos e turbulências. É o caso do Iraque, está lá provadinho. Na Líbia, a consequência no Sahel. A mesma coisa na Faixa de Gaza.
Se a presidente dissesse isso conversando com seus próprios botões, durante um chá da tarde com a família em Porto Alegre, já seria um disparate. Afirmá-lo perante a comunidade internacional reunida em Nova Iorque, durante um evento de grande repercussão como a Cúpula de Mudança Climática da ONU, é um caso de internação.
Mais grave ainda se torna o quadro clínico quando se sabe que a presidente não esboçou o menor muxoxo, nem fez tisc, tisc, tisc perante o genocídio que o Estado Islâmico vem praticando nas regiões ocupadas.
Nossa lamentável presidente não lamentou a degola de qualquer dos jornalistas executados friamente pela jihad em curso.
Nossa credibilíssima presidente, que diz crer na diplomacia contra esse tipo de terrorismo religioso, está envergonhando o Itamaraty.
Ela dá continuidade, aliás, às posições políticas que vêm dos dois governos de Lula, quando as relações internacionais do Brasil foram conduzidas como se o país fosse um diretório de estudantes controlado pela esquerda.
É preciso fazer saber ao mundo que, especialmente em questões internacionais, nosso governo representa o que há de mais retrógrado no seu partido. E não o Brasil.
Tais não são as opiniões da nação brasileira. Fale por si e pelo PT, presidente.
Não nos exponha ao ridículo dessa maneira.
Delinquencia diplomatica e direito 'a irresponsabilidade - Demetrio Magnoli
Nada mais coerente, segundo um outro jornalista crítico, Augusto Nunes.
Só poderia dar nisso: quem tem um Estado Islâmico dos Companheiros dentro das fronteiras, sempre vai buscar os semelhantes no plano internacional...
Paulo Roberto de Almeida
Nosso homem no califado
Demétrio Magnoli
Folha de S.Paulo, 27/09/2014
Você pensa que Dilma Rousseff foi a Nova York gravar filmes de propaganda eleitoral no palco iluminado da Assembleia Geral das Nações Unidas? Talvez fosse esta a intenção exclusiva, mas a viagem presidencial deixou um inesperado rastro de destruição. Em dois dias, o governo provou a tese de que o Brasil não pode almejar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Entre as 2.511 palavras de um discurso provinciano, obviamente revisado por João Santana, não apareceu o termo "terrorismo". Contudo a peça desviou-se do roteiro principal para, mirando a guerra em curso contra o Estado Islâmico (Isis), diagnosticar a inutilidade do "uso da força" e a natureza contraproducente da "intervenção militar". Na entrevista à imprensa internacional, a posição brasileira foi pintada com tintas mais nítidas, o que resultou numa obra quase surrealista.
Dilma condenou diretamente os bombardeios na Síria, divergindo da maioria dos países do Oriente Médio, que participam da operação ou a respaldam politicamente. O tom da condenação ficou vários decibéis acima do utilizado pela Rússia e pelo Irã, que se limitaram a registrar protocolarmente a violação de uma insubstancial "soberania síria". O próprio regime sírio, interessado no enfraquecimento militar do Isis, preferiu mesclar esse registro inevitável com uma declaração de apoio ao "combate contra o terror". É só o conforto gerado pela irrelevância diplomática e pela distância geográfica que propiciou à presidente a chance de exercer o curioso direito à irresponsabilidade.
O Brasil tem razões para introduzir temas que não se inscrevem no discurso de Washington sobre a versão 2.0 da "guerra ao terror", recordando os desvios abomináveis da versão original, de George W. Bush. Há pouco, o conservador britânico Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, sugeriu casualmente descartar a presunção de inocência de qualquer um que viaje à Síria ou ao Iraque sem notificação prévia, transferindo ao "suspeito" o ônus de provar que não participa da rede do terror. Os ecos de Guantánamo e da autorização da tortura devem servir para guarnecer a vulnerável fortaleza das liberdades civis. Dilma, porém, não pronunciou nenhuma palavra sobre os princípios da lei nas democracias, escolhendo a estrada da delinquência diplomática.
Na entrevista, Dilma jogou num saco abrangente coisas tão distintas quanto a invasão do Iraque, em 2003, a operação aérea na Líbia, em 2011, a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em julho, e os bombardeios contra o Isis, para repudiar "o morticínio e a agressão dos dois lados", referindo-se à coalizão liderada pelos EUA (um lado) e ao Isis (outro lado). No jargão diplomático, "dois lados" é a senha para o conflito entre Estados ou, no mínimo, entre forças combatentes legítimas. Por essa via, incidentalmente, e salvo algum desmentido futuro, o Brasil tornou-se o primeiro e único país do mundo a reconhecer o Estado Islâmico. Diante disso, o que é aquele célebre 7 a 1?
"Dois lados." Nessa linha, nossa presidente ofereceu sua alternativa à operação de guerra: "o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU". Como, simultaneamente, pela voz de seu secretário-geral, a ONU solidarizava-se com os bombardeios, Dilma colocou o Brasil em rota de colisão com as Nações Unidas.
A ideia de "diálogo" com o Isis, formulada quando os terroristas decepavam mais uma cabeça, talvez agrade ao antiamericanismo primitivo que hipnotiza as correntes mais anacrônicas da esquerda brasileira, mas não protegerá os curdos, as minorias religiosas e as mulheres ao alcance da fúria jihadista. Entretanto o governo brasileiro obrigou-se moralmente a levá-la adiante –e, parece-me, temos em Marco Aurélio Garcia a figura ideal para cumprir a missão de plenipotenciário de paz em Mossul (Iraque) ou Raqqa (Síria), as sedes do califado.
Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana, é especialista em política internacional. Escreveu, entre outros livros, 'Gota de Sangue - História do Pensamento Racial' (ed. Contexto) e 'O Leviatã Desafiado' (ed. Record). Escreve aos sábados.
Argentina: noticias (frescas) de los hermanos, desafiando a sentenca da corte de NY - Bob van Joris (Bloomberg)
State’s ‘Dignity’
Dialogo com terroristas? Disparate e irresponsabilidade - Rubens Ricupero
Misturar diplomacia com demagogia nunca dá certo. Pior é quando presidente em busca de reeleição submete a Assembleia Geral da ONU ao espetáculo da propaganda de baixo nível do nosso horário eleitoral obrigatório. Os diplomatas estrangeiros não podem fazer como o espectador no Brasil, que simplesmente desliga a TV ou passa a outro programa. Foram obrigados a aguentar impávidos os disparates que lhes impingiu o discurso brasileiro de inauguração da assembleia.
Disparate, diz o dicionário, é expressão destituída de razão e senso, algo de despropositado e fora da realidade. A definição se ajusta como luva à declaração de que o Brasil condena os bombardeios americanos aos degoladores do Estado Islâmico porque favorecemos o diálogo e os meios pacíficos.
Alguém deveria ter explicado à presidente que diálogo é excelente maneira de resolver conflitos desde que o outro lado concorde em ouvir e responder. Quando a resposta é a faca na carótida, não existe diálogo possível. Alguém imagina que as vítimas de Auschwitz poderiam ter dialogado com a Gestapo e os SS? Ou que os cambojanos e ruandeses massacrados deveriam ter mantido conversação polida com genocidas?
Por que será diferente com fanáticos e psicopatas que trucidam prisioneiros inermes e torturam todos os que não aderem ao Califado? Duas semanas atrás, a ofensiva do EI estava às portas de Bagdá e da capital do Curdistão. Se não tivessem sido detidos pelos ataques aéreos americanos, milhares de refugiados teriam tombado nas mãos dos piores assassinos que o mundo conheceu desde o Khmer Vermelho.
O que o Brasil propôs de prático e efetivo para evitar tal desenlace, além de banalidades piedosas e ineficazes como aconselhar o diálogo com degoladores? Se não sabemos ou podemos tomar iniciativa para neutralizar os terroristas, deveríamos ter ao menos a decência de ficar calados. Condenar os bombardeios, único recurso existente naquela hora para afastar a ameaça, equivale a condenar ao massacre civis desprotegidos.
Há um nome para esse tipo de atitude confortável e hipócrita: irresponsabilidade. Nada mais fácil do que o principismo de invocar o diálogo em situação na qual esse método obviamente se encontra fora da realidade. É o mesmo que lavar as mãos em relação à consequência trágica mais que provável de um conselho despropositado. A diplomacia não deve buscar o aplauso fácil. Tem de responder pelos resultados previsíveis do que propõe.
Isso na melhor das hipóteses, se o conselho foi dado com sinceridade e boa fé, embora desprovidas de discernimento. Se, ao contrário, a motivação é o antiamericanismo barato com o objetivo de angariar votos, é muito mais grave. Nesse caso, combina-se a irresponsabilidade com a provocação gratuita, sem contribuir em nada para minorar o sofrimento das vítimas ou fazer avançar a pacificação do conflito.
Em qualquer das situações, não é a receita para tornar o Brasil candidato irrecusável a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, posição que se alcança apenas por meio de diplomacia responsável, a serviço da moderação e do equilíbrio.
New Book: The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva - Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.)
From Dom João to Marina Silva
Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.)
A Kindle edition book, 2014
Online publishing makes this brand new book both more timely and less expensive than conventional texts. It is available in Kindle format, and can be read on any tablet, computer or smart phone. The price is only $2.99 including free shipping. Or you can borrow it for free if you belong to Amazon Prime.
It is appropriate for classes in Brazilian or Latin American history or politics and could be added in the middle of the semester.
Here are the details:
Ted Goertzel and Paulo Roberto de Almeida (eds.):
The Drama of Brazilian Politics: From Dom João to Marina Silva
(Amazon Digital Services; Kindle Book, 2014, 278 p.; ISBN: 978-1-4951-2981-0;ASIN: B00NZBPX8A; book length: 1199 KB; Sales Price: $ 2.99)
available at: http://www.amazon.com/dp/B00NZBPX8A
Table of Contents:
Preface
Introduction, by Ted Goertzel
1. The Drama of Brazilian Politics: from Dom João to Marina Silva, by Ted Goertzel
2. The Politics of Economic Regime Change in Brazilian History, by Paulo Roberto de Almeida
3. The Brazilian Presidency: From the Military Regime to the Workers’ Party, by João Paulo M. Peixoto
4. A Woman’s Place is in the Presidency: Dilma, Marina and Women’s Representation in Brazil, by Farida Jalalzai and Pedro G. dos Santos
5. A Brazilian ex-President’s Public Speech: A Threat to the Existing Order?, by Inês Signorini
6. Life Without Turnstiles, by Alipio de Sousa Filho
7. The Changing Face of Brazilian Politics: Lessons of the 2013 Protests, by Sue Branford and Jan Rocha
8. Political Leadership and Protest in Brazil: The 2013 Vinegar Revolt in Comparative Perspective, by Guy Burton
9. Presidential Leadership and Regime Change in Brazil with Comparisons to the United States and Spanish America, by Ted Goertzel
Preface:
BRASA Europa?: European Brazilianists Meet to Discuss Establishing a Network
Minha proposta foi a de que fizéssemos um balanço da produção brasilianista. Depois de algum esforço e muito trabalho de revisão, acabou dando certo, e desse processo resultaram dois livros, que informo aqui:
Espero que dessa reunião europeia possa emergir algo semelhante.
Paulo Roberto de Almeida
European Brazilianists Meet to Discuss Establishing a Network
On Saturday, August 23, during the XII BRASA conference at King’s College London, Anthony Pereira, BRASA’s in-coming President and Director of King’s Brazil Institute, convened a meeting attended by 40 scholars working on Brazil in Europe.
The purpose of the meeting was to discuss how to strengthen and expand Brazilian Studies in Europe. James N. Green and Ramon Stern from Brown University and former BRASA President Timothy Power from Oxford University were among those present. Scholars from Great Britain, Ireland, Denmark, the Netherlands, Finland, Germany, Sweden, Belgium, Italy, and France attended the meeting.
During the discussion James Green emphasized that over the last decade BRASA has encouraged the formation of a network, group, or association of people working on Brazil in Europe. There was general enthusiasm for establishing closer connections among scholars initially through a listserve and later though a website. It was reported that a small conference of Brazilianists has been planned for 2015 in Budapest, and this might be an opportunity to have further discussions about different proposals.
Another academic event on Brazil in Denmark in March 2015 is an additional chance for further discussions. It was suggested that people in Europe might wish to organize a European conference in odd numbered years so as not to conflict with the BRASA conferences.
BRASA representatives offered their enthusiastic support for the project. The meeting came up with the name ABRE (Association of Brazilianists in Europe) as a possible name for the new organization. After the meeting, scholars from Italy, Great Britain, the Netherlands and Denmark met to serve as an ad-hoc committee to carry out the proposals made in the meeting. This ad hoc committee will meet in March to set up a preliminary “mission, goals and objectives statement”, as well as the structure of an executive committee, both to be approved and voted by those who will register to the Association.
For more information, contact: Vinicius Mariano de Carvalho, King’s College, Brazil Insitute, London: vinicius.carvalho@kcl.ac.uk, who is participating on the ad-hoc committee.
Brasil-EUA: dialogo cancelado por causa do "dialogo" (entenderam?)
Paulo Roberto de Almeida
Reunião Brasil-EUA é cancelada após polêmica
por Isabel De Luca / Flávia Barbosa / Eliane Oliveira
O Globo, 27/09/2014
Itamaraty e Departamento de Estado divergem sobre quem desmarcou encontro entre Figueiredo e Kerry
NOVA YORK e BRASÍLIA — Dois dias após o polêmico discurso em que a presidente Dilma Rousseff criticou a intervenção militar dos EUA na Síria, um esperado encontro confirmado na véspera entre o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, e o secretário de Estado americano, John Kerry — no qual a coalizão que o governo Obama vem formando para combater o Estado Islâmico certamente seria um dos principais temas — foi cancelado, com os dois lados divergindo sobre os motivos.
Segundo fontes, a conversa não aconteceu por problemas de agenda do secretário de Estado. Perguntado sobre o que ocorreu, o chanceler relatou que ele e Kerry se encontraram rapidamente nesta sexta-feira, durante um evento sobre direitos dos homossexuais, em Nova York, e que os dois combinaram de se reunir nos próximos dias, para tratarem da situação no Oriente Médio.
— Nós vamos remarcar o encontro — disse.
Já o Itamaraty informou que a reunião não aconteceu devido a questões de agenda interna, embora não houvesse nenhum compromisso oficial preciso para sexta-feira. De qualquer forma, lembraram assessores do chanceler, Figueiredo e Kerry conversam com frequência, inclusive por telefone.
O Departamento de Estado, por sua vez, afirmou que "o ministro Figueiredo teve de voltar ao Brasil e por isso não pôde comparecer ao encontro com o secretário Kerry que estava marcado para esta sexta-feira" e instruiu o GLOBO a buscar mais esclarecimentos com o governo brasileiro sobre os motivos do cancelamento.
Em Brasília, Figueiredo, afirmou que as declarações dadas pela presidente Dilma durante a viagem para a Assembleia Geral foram mal interpretadas. Segundo ele, quando Dilma defendeu o diálogo — e não a força — na questão do combate ao terrorismo cometido por fundamentalistas radicais islâmicos, ela queria dizer que é preciso a formulação de uma estratégia mundial com base nos princípios do multilateralismo.
Dilma disse "lamentar enormemente" o ataque aéreo realizado pelos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico, após discursar na Cúpula do Clima das Nações Unidas. Disse que o Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU. No dia seguinte, ela voltou a criticar os bombardeios e afirmou que eles não resolveriam o problema.
— O Brasil não quer dialogar com bandido. O Brasil não acha que se deve dialogar com o Estado Islâmico. A presidenta da República quer o diálogo entre Estados, o mesmo que levou ao desmantelamento do arsenal químico na Síria. Atacar apenas não resolve. É preciso solucionar as causas profundas da questão — disse o ministro ao GLOBO.
Figueiredo lembrou que a resolução aprovada unanimemente pelo Conselho de Segurança da ONU na última quarta-feira não é uma autorização para ataque, e sim tratava sobre o recrutamento de terroristas em outros países. A medida recomenda aos Estados que dificultem esse arrebanhamento.
— O uso da força nas relações internacionais só pode ser feito por duas razões: por autorização do Conselho de Segurança, ou em caso de legítima defesa. Vamos dizer que o Iraque peça ajuda aos árabes, ou aos EUA, para ajudar a vencer militarmente esses terroristas, o que é perfeitamente viável nos termos da Carta da ONU. Agora, atacar eventualmente áreas de outros países que não pediram [no caso dos bombardeios americanos, a Síria], aí já não é. Daí a importância de se ter um diálogo internacional que monte uma resposta ao terrorismo — afirmou o chanceler.
Apesar das críticas do Brasil e do desencontro entre os chanceleres, o governo norte-americano afirmou ainda ter "esperança" na participação do Brasil na campanha internacional contra o grupo terrorista Estado Islâmico. Segundo a subsecretária para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Roberta Jacobson — diplomata e principal interlocutora norte-americana para América Latina —, a despeito do repúdio manifestado pela presidente Dilma Rousseff à operação militar liderada pelos americanos na Síria, o país, por ser "grande e importante", pode ter um papel a desempenhar nos esforços aliados.
— No caso de um país grande e importante como o Brasil, definitivamente há um papel a ser desempenhado aqui. Pode ser em áreas como ajuda humanitária, em que o Brasil teve papel importante em vários outros conflitos, e em áreas como combatentes estrangeiros e financeira. Nós ainda temos esperança nisso — disse a diplomata, sem oferecer detalhes.
Roberta Jacobson concedeu entrevista à imprensa em Nova York, onde participa de eventos relacionados e paralelos à 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele não soube informar se o governo norte-americano fez algum pedido específico ao Palácio do Planalto ou ao Itamaraty, lembrando que a semana foi muito corrida para as autoridades dos EUA.
— O que eu posso dizer é que as conversas sobre todos os países serem capazes de fazer alguma coisa nessa luta certamente estão em curso. Se houve ou não pedidos específicos ao Brasil, o que eu não sei e não tenho certeza de que ocorreu, certamente nós esperamos que todo país pode contribuir — explicou ela, que esquivou-se de comentar as críticas de Dilma.
O Estado Islamico do Cerrado Central degola as contas publicas - Rolf Kuntz
Across the Empire 2014 (27): listagem consolidada das postagens da viagem nos EUA, coast to coast
Desta maneira, todos os links ficam imediatamente disponíveis para consulta tópica a qualquer um deles.
A única coisa que fica faltando é um balanço contábil, ou seja, quanto gastei da gasolina, com hoteis, e outras despesas. Se puder, quando puder, vou fazer esse balanço também.
Paulo Roberto de Almeida