Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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domingo, 19 de outubro de 2014
Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas - muitos acessos em dois dias
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Quem ainda não teve acesso, eis aqui, novamente, os dados:
Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas
(Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG)
Disponível na Amazon; link:
http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG
e na plataforma Academia.edu; link:
https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_
Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando, link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html
Carta Maior: um instrumento companheiro censurado pelos proprios companheiros
Isso acontece, sobretudo em regimes totalitários, aqueles que gostam de reescrever a história passada, alterando fotos e registros documentais, para se adequar às verdades do presente.
Os companheiros são os mais orwellianos dos atuantes na política brasileira.
Parabéns, mais um pouco vai dar para aplicar o Animal Farm inteiramente a vocês...
Paulo Roberto de Almeida
Estava assim (antes da tesoura companheira):
Editorial
18/10/2014
Destaques
Você abusou: crônica de um voto
Lamento, mas minha conclusão é inevitável: o PT é a esquerda que se extraviou. Minha atitude não pode ser outra: voto nulo. Suas alianças preferenciais não dão a menor garantia de que um eventual segundo governo Dilma avançará para uma agenda progressista. Nestas circunstâncias, fica impossível passar um cheque em branco. Fazê-lo, seria ofender a história de tantos combatentes por uma sociedade mais justa
Mas, surpresa: vamos buscar, e dá nisto:
Desculpe-nos! Não foi possível encontrar a página solicitada
Conteúdo não Encontrado ou Inexistente.Você pode ter clicado em um link quebrado, pode ter acessado este endereço a partir de uma busca desatualizada, ou pode ter ocorrido algum problema em nosso servidor.
Se você digitou uma URL, por favor, verifique de ela está correta, e com letras minúsculas.
Você pode entrar em contato conosco para reportando este erro (link para o formulário, na mesma página, abaixo) ou ler as últimas notícias da Carta Maior
Não seja por isso: eu (PRA), coloco aqui o que está faltando no site companheiro:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/eleicoes-2014-ate-esquerda-desistiu.html
Eleicoes 2014: quao fiaveis sao as urnas eletronicas e o processo de agregacao de votos?
ATENÇÃO: não confio tampouco em que o TSE seja perfeito.
Acredito, sinceramente, que as urnas são frágeis, podem ser fraudadas, assim como podem ser fraudadas as transmissões ao TSE e o próprio processo de agregação final dos votos.
Acredito que tudo isso possa ser feito. O que não quer dizer que esteja sendo feito, de fato.
Ou seja, a possibilidade existe, mas sua probabilidade também precisa ser provada e documentada.
Não atuo apenas por suposições, mas todas elas são possíveis.
Sou favorável a um grande debate público sobre isso e, paralelamente, um processo de verificação, teste, verificação, teste, comprovação da fiabilidade de todo o processo, envolvendo os tecnocratas do TSE, auditores independentes, professores universitários, técnicos de empresas e representantes de partidos, todos reunidos, examinando cada etapa do processo, num plano eminenentemente técnico.
Desde já estou fora disso: não me julgo competente, mas gostaria de ler matérias a respeito.
Apenas por esta razão que coloco abaixo esta mensagem recebido de um cidadão, patriota como podem ser os militares, e que também se preocupa com o assunto.
Concluo: não sou paranoico, mas acredito que certas pessoas podem sim nos atacar...
Paulo Roberto de Almeida
Mensagem recebida em 19/10/2014, 16h43
Caríssimas(os) amigas(os):
Considero totalmente sem importância quem irá votar e como; mas o que é muito importante é quem irá contar os votos, e como !"
Iosif Vissarianovich Stalin
Tem havido frequentes e bem embasadas denúncias sobre a não confiabilidade das urnas eletrônicas brasileiras, em total contradição com a propaganda ufanista do TSE. Confira em:
https://www.youtube.com/watch?v=1GKkNR9fdX0
Nossas urnas eletrônicas foram desenvolvidas pacientemente, em um projeto genuinamente nacional e utilizadas progressivamente, atingindo 100% dos municípios brasileiros em 2000, em uma eleição proporcional. Ninguém em sã consciência pode diminuir o êxito desse trabalho e/ou contestar a honestidade de propósitos de seus executores.
Naquela época, seria impensável fraudar uma urna. Hoje, com o PT no poder, aparelhando todos os setores do Estado brasileiro, inclusive o TSE, o risco que isso ocorra é muito alto. Além disso, nossas urnas estão ultrapassadas pois não permitem qualquer auditoria no resultado da votação uma vez que todos os resultados ficam gravados apenas no cartão de memória que a cada releitura fornecerá sempre as mesmas respostas.
O Artigo 5º da Lei Eleitoral 12.034/2009, aprovada pelo Congresso, visava impedir a fraude eletrônica, exigindo a emissão de um comprovante físico (voto impresso) conferido pelo eleitor no momento da votação. Isso permitiria a recontagem e/ou a verificação aleatória dos resultados.
O Ministro Lewandowski, então Presidente do STE, incentivou a Procuradoria Geral da Republica a entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que conseguiu anular esse Artigo, alegando que ele prejudicava a privacidade do voto (!!!???). O absurdo dessa decisão é que esse procedimento é hoje obrigatório em todos os países do mundo que usam esse tipo de urna. Isso está muito bem explicado em
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/ADI4543.htm
Para que a sociedade pudesse avaliar a qualidade dos resultados emitidos pelas urnas eletrônicas, elas são periodicamente submetidas a testes de desempenho, por parte de especialistas de fora do TSE. A ideia seria que esses testes dispusessem do tempo e dos meios necessários e suficientes para uma avaliação completa do sistema e que as vulnerabilidades encontradas fossem imediatamente corrigidas.
O comportamento do TSE por ocasião do último desses testes, ocorrido em 2012 foi muito estranho. Ele impôs inúmeras restrições ao livre trabalho dos investigadores, limitou drasticamente a duração dos testes, e não liberou mais tempo mesmo depois que várias vulnerabilidades foram detectadas e nem tomou providências para sanar as irregularidades detectadas.
Mesmo assim, foi descoberto que o sigilo do voto é protegido por um conjunto de instruções infantis, que podem ser quebradas por qualquer iniciante em informática; que é possível a agentes internos ou externos manipular o software para alterar o resultado da votação. E isso for feito alterando certos comandos, esse comportamento malicioso pode ser estendido a várias delas simultaneamente, derrubando o argumento de que, como as urnas são, em princípio, isoladas umas das outras, seria necessário contaminá-las uma a uma. A ação é facilitada pelo fato de que o TSE insiste em que a chave criptográfica, armazenada no sistema de forma insegura, seja a mesma para as mais de 500.000 urnas. Assistam:
https://www.youtube.com/watch?v=BaicDqJ5juU
Quando o chefe da equipe da Universidade de Brasília insistiu com o TSE para que tomasse providências para corrigir os problemas detectados, foi acusado de estar "ameaçando da democracia". Se não estivéssemos vivendo tempos de PT, isso seria inacreditável. Confiram:
Se somarmos todas essas informações e levarmos em conta que o Sr. Franklin Martins criou um grupo de mais de dois mil militantes para serem treinados em técnicas digitais, basicamente para perturbar as campanhas dos adversários, mas com capacitação para muito mais, o cenário da fraude, os protagonistas e o enredo da trama ficam bem claros.
Além disso, a instalação e as providências preparatórias para a votação foram terceirizadas regionalmente neste ano. Com isso, inúmeros funcionários, de diversas empresas, que podem ser cooptados, por questões ideológicas ou por dinheiro, terão acesso a procedimentos capazes de manipular à vontade os cartões de memória, inclusive introduzindo neles vírus que atendam a seus interesses.
Inúmeras denúncias de irregularidades no funcionamento das urnas foram registradas durante o primeiro turno como, documentadamente, na urna da Seção nº 47 da 22ª Zona Eleitoral de Porto Velho, por exemplo, na qual, quando digitado o número 1, a máquina imediatamente completava para 13. Em São Paulo, houve urnas que não aceitavam o número 45.
Todas as fraudes reportadas beneficiavam o PT.
Nestas eleições, pela primeira vez o PT tem enormes chances de ser derrotado no segundo turno. Sempre foram reportados problemas pontuais, mas a alteração maciça de resultados de urnas, que foi desnecessária nas eleições anteriores, agora tem uma possibilidade muito elevada de ocorrer.
Palavras do grande timoneiro Lula: “vocês não tem ideia daquilo que o PT pode fazer para vencer as eleições".
Quando o Ministro Lewandovsky detonou o Art 5º em 2009, já se sabia que o Ministro Toffoli estaria na presidência do TSE em 2014, tendo em vista que existe a tradição de eleger como presidente o Ministro do Supremo cujo mandato na Corte eleitoral se iniciou há mais tempo, neste ano, o Ministro Toffoli.
Existem três gerações de urnas eletrônicas em uso no mundo. A primeira é a nossa. A segunda (IVVR ou VVPAT) proporciona um comprovante físico do voto do eleitor e a terceira (E2E) torna essa comprovação muito mais transparente e eficaz. O Brasil é o ÚNICO PAÍS DO MUNDO que ainda usa urnas da primeira geração. Esse tipo foi abandonado ao longo do tempo por Holanda, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Rússia, Bélgica, Argentina, México, Paraguai, Índia e Equador, onde gerações mais modernas são utilizadas.
É inacreditável que ainda haja pessoas que digam que o sistema de votação brasileiro é “referência mundial”. Talvez o seja, mas exatamente por sua obsolescência.
Assistam:
http://www.folhapolitica.org/2014/07/brasil-e-o-unico-pais-que-ainda-utiliza.html
Para ter sucesso em uma fraude dessas dimensões, além do controle total do processo, que o TSE possui, basta desenvolver um software dedicado para trocar votos, programado para se apagar no final da votação. Em princípio, os resultados fraudados devem ser coerentes com as pesquisas de intenção de votos, mantendo-se dentro de limites eufemisticamente chamados de “margens de erro”. Por exemplo, com uma margem de erro de ± 2 pontos, é possível escamotear até 4 pontos de um dos candidatos, mantendo-se dentro do “esperado”. Isso é extremamente fácil de ser feito. Assista:
http://youtu.be/VnH_ElxR6jY
A obtenção de resultados destorcidos nas pesquisa de intenção de votos pode ser induzida pelos Institutos: a) com o emprego de uma metodologia viesada; b) com perguntas estimuladas ou induzidas e c) com uma escolha adequada da qualificação, localização e volume do universo de entrevistados. Houve informações na rede, por exemplo, que as intenções de votos de pessoas com formação superior não foram levadas em consideração para o primeiro turno.
Ressalte-se que tanto as pesquisas de intenções de votos, em todos os Institutos de pesquisa chapa branca, foram completamente diferentes do resultado no primeiro turno. Seria uma preparação de espíritos para que uma discrepância grande também no segundo seja considerada normal?
Causa muita preocupação um cenário em que a diferença de intenções de voto entre Dilma e Aécio seja mantida artificialmente apertada pelos Institutos de pesquisa amestrados. E, até hoje, eles o tem mantido em 2 ± 2 pontos, ideal para uma fraude. Mas o ISTOE/Sensus desde o começo do segundo turno vem mostrando coisa diferente. Confira o vídeo abaixo, referente a 18 de outubro:
http://www.istoe.com.br/reportagens/388139_AECIO+ESTA+13+PONTOS+A+FRENTE+DE+DILMA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
Além da fraude na urna, os pacotes de informações enviados via rede segura, entre Cartórios Eleitorais, TSE´s e o TSE, podem ser invadidos. Para diminuir esse risco, sugiro que todos colaborem patrioticamente com a proteção dessas informações entrando em http://somos.vocefiscal.org/ .
Eu já sou um orgulhoso Fiscal em Cachoeira Paulista - SP
Negar as vulnerabilidades cientificamente demonstradas da urna eletrônica é um desserviço e uma deslealdade para com a sociedade brasileira. Deixar de observar que existe toda uma estranha conjugação de circunstâncias, criada pelo governo, que facilitam a exploração dessas vulnerabilidades é uma displicência reprovável e omitir que o PT dispõe de um núcleo cibernético perfeitamente capaz de fazê-lo é uma imprudência inaceitável.
O único ponto discutível consiste em acreditar ou não que essas facilidades serão usadas para fraudar as eleições.
O assunto é muito importante e merece que vocês, por favor, assistam todos os vídeos. Depois, formem suas próprias opiniões a respeito.
Um patriótico e fraterno abraço.
José Gobbo Ferreira, PhD
Eleicoes 2014: ate a esquerda desistiu! Socialistas sinceros desistemdo PT e sua candidata
Você abusou: crônica de um voto
Lamento, mas minha conclusão é inevitável:
o PT é a esquerda que se extraviou.
Minha atitude não pode ser outra: voto nulo.
Não me lembro de eleições tão geladas. Desde o primeiro turno, o que se viu foi pouca ou nenhuma militância na rua, panfletagens terceirizadas, pessoas desmotivadas/revoltadas com as sucessivas denúncias de malfeitos públicos. Some-se a isso o nível medíocre da grande maioria das candidaturas, a despolitização metodicamente praticada pelos principais partidos da ordem, o descarado abuso do poder econômico e as diferenças cosméticas entre os cavalos vencedores, e se entenderá a enorme fatia de eleitores que preferiram não cravar partidos ou candidatos (votos brancos e nulos). Neste segundo turno, apesar da polarização entre PT e PSDB, a situação é basicamente a mesma. Candidatos reféns de marqueteiros e das pesquisas de opinião, baixíssima mobilização, intensa movimentação nos bastidores (inacessível ao público, embora decisiva para definir rumos e compromissos do próximo governo).
Em quem votarei agora? Parto de duas premissas. Sou contra o voto biliar, histérico, que se define pela agressividade, pelo preconceito, pelo rancor. No estilo do velho cacique Jorge Bornhausen, que disse, referindo-se ao PT, “vamos acabar com essa raça”. A falta de cultura política fortalece os iracundos, que não se restringem à burguesia e à classe média. Também não voto na direita, que, agora, orbita em torno de Aécio Neves. Seu partido e aliados ressurgem como opção conservadora, acenando com o recrudescimento das privatizações, o tratamento inflexível/policial das reivindicações dos trabalhadores, a política externa subserviente aos interesses do imperialismo.
Restaria, por acomodação ou osmose, votar em Dilma Rousseff, hipotética cabeça de uma alternativa progressista. Em outras ocasiões, influenciado pelo “voto útil”, pela escolha do “mal menor”, cravei PT em segundos turnos. O resultado, lamento informar, foi pior do que decepcionante. Daí que prefiro não agir mecanicamente, não ir a reboque de um voto que parece óbvio à primeira vista. Elaboro o raciocínio.
Começo pela candidata. Apesar de ter quadros qualificados, com densidade política e larga experiência eleitoral, o PT preferiu o poste sugerido por Lula. Ecos do maquiavelismo getulista com relação ao marechal Mascarenhas de Moraes? Dilma é, claramente, uma burocrata de maus bofes, sem o menor tesão pelo jogo político. Neste aspecto, o uso da foto dos tempos de luta armada pelos marqueteiros, a Dilma “coração valente”, não passa de demagogia. O passado de luta contra a ditadura foi soterrado por grossas camadas de pragmatismo. Tenho sempre a sensação de que ela faz campanha eleitoral com profundo tédio, contrariada mesmo. Seu desempenho em debates é sofrível. Comporta-se como piloto de data show, preferindo gráficos e estatísticas a argumentos políticos. Sua dificuldade de argumentação fora da bitola estreita dos marqueteiros chega a ser comovente, quando não constrangedora. Um outro detalhe chama a atenção. Jamais cita seu partido nos debates. Desserviço grave num ambiente em que se costuma personalizar o que deveria ser construção coletiva.
Agora, o partido. Respeito a origem do PT, que nasceu numa conjuntura de ascensão das lutas populares. Socialista na raiz, abandonou o barco quando a perspectiva de chegar à presidência tornou-se concreta. Na Carta ao Povo Brasileiro (erradamente lembrada como Carta aos Brasileiros), de 2002, o partido dobra a espinha aos mercados e, mais à frente, confirma a inclinação à direita mantendo os pilares econômicos do governo anterior. Henrique Meirelles, executivo da banca internacional, é nomeado por Lula para o Banco Central, acalmando de vez a burguesia. Daí por diante, o que se viu foi um deslizamento consistente rumo ao centro e à direita. Quando Fernando Henrique anunciou, em 1994, a aliança com o então PFL, foi uma surpresa. Como era possível que o Príncipe dos Sociólogos, que panfletou junto com Lula nas greves do ABC, em fins dos anos 70, estendesse a mão para Antônio Carlos Magalhães ? Em 2012, Paulo Maluf recebeu Lula e lideranças petistas para um almoço. Na sobremesa, um acordo garantiu um tempinho adicional na TV para a campanha à prefeitura de São Paulo. A falta de escrúpulos em nome da “governabilidade” é equivalente em ambos os casos. Renan Calheiros, Fernando Collor e José Sarney fazem parte da base aliada que governa o país junto com o PT. Delfim Neto, que jamais fez uma autocrítica por sua atuação durante a ditadura, é tido como homem “progressista” e ouvido com respeito por aves de alta plumagem do partido. A aliança com as ruas se decompôs e deu lugar a um pragmatismo descaracterizador, que joga os petistas nos braços do que há de mais atrasado e corrompido na política nacional. Os movimentos sociais, com raras exceções, foram cooptados, anestesiados, domesticados. Lamento, mas a conclusão é inevitável: o PT é a esquerda que se extraviou. Não à toa, Tarso Genro, quadro histórico do partido, observou que “se o Lula não ficar na frente do movimento de renovação profunda, o PT pode se transformar numa espécie de PMDB pós-moderno”. Se o Messias não chegar, o mundo desaba ?
Não se trata de negar melhorias para as camadas mais pobres da população, nos doze anos petistas. Foram importantes, sem dúvida, mas são absolutamente insuficientes para caracterizar um projeto de esquerda. Antes de mais nada, um esclarecimento. As políticas compensatórias implementadas pelos governos Lula e Dilma não significaram uma diminuição real da desigualdade no Brasil. Cito o economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, dificilmente rotulável como besta fera da direita: “Com raras exceções, essas políticas limitam-se a alterar a distribuição da renda na classe trabalhadora (salários, aposentadorias e benefícios), sem alterações substantivas na distribuição funcional da renda, que inclui, além do salário e das transferências, as rendas do capital (lucro, juro e aluguel)”. Como corolário, a desigualdade entre a renda do capital e do trabalho, indecente no nosso país, permanece intocada. Os banqueiros continuam rindo à toa. Como que a confirmar a bonança dos ricos em mares petistas, relatório recente sobre a riqueza global informa que o Brasil tem 296 mil pessoas entre o 1% mais rico do mundo, e mais de 5 milhões entre os 10 do topo. É mais do que os outros seis emergentes citados no relatório. O número de milionários não para de crescer.
Voltando à questão das políticas compensatórias. Transferir recursos para os pobres, sem educá-los para compreender a estrutura que alimenta e multiplica a pobreza, traz duas consequências: a) Consolida o conformismo (Mas doutor uma esmola/para um homem que é são/ou lhe mata de vergonha/ou vicia o cidadão – Luiz Gonzaga); e b) Abre as portas para o messianismo. Desorganizado e desorientado, o povo continuará à espera de políticos “sensíveis” para resolver seus problemas. Não tem condições de compreender, sozinho, seu papel de protagonista das transformações. Um partido de esquerda não deve, jamais, renunciar ao papel de educador político das massas. Isso não se faz sem confrontar interesses de classe. O PT não tem sido esse partido.
Em toda a campanha eleitoral, o PT jamais esboçou ao menos um programa mínimo de demandas identificadas com a esquerda. Em determinados momentos, acovardou-se com pressões reacionárias (como aconteceu, por exemplo, com as discussões sobre o aborto e a homofobia). Suas alianças preferenciais não dão a menor garantia de que um eventual segundo governo Dilma avançará para uma agenda progressista. Nestas circunstâncias, fica impossível passar um cheque em branco. Fazê-lo, seria ofender a minha história e a de tantos combatentes por uma sociedade mais justa e fraterna. Entre eles, muitos que ajudaram a fundar o PT. Minha atitude não pode ser outra: voto nulo. Com o compromisso de apoiar a construção de uma Frente de Esquerda, que, para além das eleições, formule e implemente uma estratégia socialista para o Brasil.
Em tempo: Não falei sobre o segundo turno das eleições para o governo do Rio. Não há muito o que falar. O Estado do Rio, que já foi caixa de ressonância cultural e política do país, vai escolher entre duas máfias: uma religiosa, escorada pelo trio Crivella, Garotinho & Lindbergh, outra clássica, patrocinada por Cabral e seus Blue Caps. Entre don Corleone e don Altobelo, prefiro ... chamar a polícia ! Nulo de novo.
Eleicoes 2014: cenas de gangsterismo politico pelos petistas
Possesso, Lula comanda show de baixarias em Belo Horizonte.
Lula e o discurso do ódio. |