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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 27 de março de 2015

Brasil: um dos piores em crescimento do mundo





Alta média do PIB no governo Dilma é a menor desde mandato de Collor
O crescimento médio da economia brasileira no primeiro mandato de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014, foi de 2,2% ao ano. Apesar de o resultado ter sido positivo, foi o menor avanço desde o governo de Fernando Collor de Mello, de 1990 a 1992, que apresentou queda de 1,29% ao ano.


"Dilma pegou um ambiente exterior desfavorável. Aqui dentro, o que mudou foi a matriz macroecômica, com controle de preços, aumento das despesas e estimulo ao crédito. A partior do final de 2012, todo mundo começou a por o pé no breque, percebendo que a gestão era temerária", disse o professor da Universidade de São Paulo (USP) Davi Simão Silber.

Entre os presidentes que governaram o país desde 1985, a maior média anual foi do mandato de Itamar Franco, de 1993 a 1995, quando o PIB cresceu 5,4% ao ano.

"O que puxa o PIB no governo do Itamar foi o desempenho da economia nos últimos seis meses de mandato dele, quando o país vivia aquela euforia do plano real. O PIB cresceu muito por isso", afirmou Silber.

Na sequência, entre as maiores altas, aparecem as registradas no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (de 2006 a 2010), quando atingiu 4,56%. Na sequência, aparecem os PIBs do primeiro mandato de Lula (de 2001 2005) e de Sarney – ambos ficaram em 3,49%. 

Economia cresceu 0,1% no ano
No governo de Fernando Henrique Cardoso, o crescimento ficou perto de 2,5%. No primeiro mandato, de 1995 a 1998, a alta média foi de 2,5% e no segundo, de 2,3%, segundo cálculos do matemático José Dutra de Oliveira Sobrinho.

Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014. Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$ 5,52 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu a R$ 27.229.

Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%. Em 2013, de acordo com dados revisados, a economia havia crescido 2,7%.

Os números apresentados pelo IBGE já foram calculados com base na nova metodologia, que incluiu dados que não existiam e mudou a classificação de alguns itens. 

“O que contribuiu para o crescimento foram os serviços e, negativamente, foi a indústria”, afirmou Rebeca de La Rocque Palais, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

PIB do Brasil foi o 4º pior em lista de 34 países
Com o crescimento econômico de 0,1% em 2014, o Brasil ficou na 31ª posição num ranking do PIB de 34 países.

Segundo a lista elaborada pela Austin Rating,  o PIB do país no ano passado só não foi pior do que o do Japão (0%), da Finlândia (-0,1%) e da Itália (-0,4%).

A China se manteve na liderança o ranking, com um crescimento de 7,4%, seguida por Índia (7,2%) e Malásia (6%).

Reformando o governo: cura de emagrecimento, de 40 a 20 ministerios

Já que se está falando, até demagogicamente, da redução do número absurdamente, estupidamente alto de ministérios, vou colocar aqui novamente minha proposta, feita em meados do ano passado, com esse mesmo objetivo.
Já está sob a forma de mensagem ao Congresso, e deveria ter sido enviada em 1ro de Janeiro deste ano, mas infelizmente os mesmos prevaricadores que assaltam o Estado e roubam não só o governo mas todas as empresas públicas deixaram de fazer.
Agora, o centro do poder político parece voltar para o Legislativo, e talvez caiba a este fazer aquilo que o Executivo não tem coragem ou a honestidade de fazer.
Minhas propostas estão abaixo, e não tenho nenhuma objeção a que sejam copiadas. Não cobrarei direitos autorais por isto.
Paulo Roberto de Almeida


Mensagem ao Congresso Nacional 2015

Origem: Presidência da República

Senhoras e Senhores Parlamentares da legislatura 2015-2018,
É com grande honra e justificada satisfação que cumpro, neste momento, o dever constitucional de dirigir-me ao Congresso Nacional para, pela primeira vez em meu mandato, trazer-lhes as primeiras medidas administrativas que têm por objetivo dotar o meu governo de condições para efetuar as mudanças que hão de caracterizar a fase promissora de modernização e de racionalidade que se abre agora para o Brasil.
Pretendo reformular inteiramente as bases da governança neste país, depois de mais de uma década de caos administrativo, de inchamento desmesurado do governo e de emissão de medidas que engessaram ainda mais a gestão pública e que converteram a administração das empresas privadas num inferno burocrático, paralisadas que foram por medidas contraditórias, por leis irracionais e por decretos irresponsáveis, que aumentaram exageradamente o chamado “custo Brasil”, mas que também minaram, do lado do setor público, a confiança dos brasileiros no Estado e em suas instituições.
Devo alertá-los desde já que este esforço não será concretizado sem a parceria do Congresso Nacional, uma vez que é minha intenção associar cada uma das senhoras e dos senhores às propostas de legislação que pretendo trazer para discussão nesta Casa. Minha disposição é a de recorrer o menos possível a medidas provisórias ou a decretos executivos, uma vez que entendo ser da responsabilidade desta Casa o debate aberto e esclarecedor sobre cada uma das propostas que pretendo submeter-lhes.
Estão atualmente sob a responsabilidade do chefe do Executivo nada menos do que 39 ministérios ou secretarias de Estado com status de ministérios, numa estrutura de gestão pública que se afigura exagerada para qualquer padrão administrativo que se possa conceber. Esta foi uma das muitas heranças inconvenientes que recebemos dos governos anteriores, uma máquina superdimensionada de administração. Pretendo, com a colaboração das senhoras e dos senhores, reformulá-la com sentido de racionalidade.
Portanto, se este Congresso aprovar – e entendo que ele há de respeitar o direito do chefe do Executivo de definir a organização da administração direta que ele julga a mais adequada ao País –, pretendo trabalhar com o ministério seguinte:

1)    Justiça
2)    Defesa
3)    Relações Exteriores
4)    Fazenda
5)    Educação
6)    Saúde
7)    Indústria e Comércio
8)    Agricultura
9)    Ciência e Tecnologia
10) Trabalho
11) Transportes
12) Comunicações
13) Interior e Infraestrutura
14) Desenvolvimento Social
15) Minas e Energia
16) Planejamento
17) Previdência Social
18) Meio Ambiente
19) Casa Civil
20) Casa Militar

As seguintes áreas administrativas passam a ser vinculadas, enquanto secretarias de Estado, aos ministérios aqui especificados:

1)    Cultura e Esporte ao ministério da Educação;
2)    Integração Nacional ao ministério do Interior e Infraestrutura;
3)    Cidades ao ministério do Desenvolvimento Social;
4)    Turismo ao ministério da Indústria e Comércio;
5)    Desenvolvimento Agrário, Pesca e Aquicultura ao ministério da Agricultura;
6)    Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União à Casa Civil;
7)    Gabinete de Segurança Institucional à Casa Militar;
8)    Portos e Aviação Civil ao ministério dos Transportes;
9)    Assuntos Estratégicos ao ministério do Planejamento;

Ficam extintas as seguintes Secretarias de Estado com status de ministério, passando suas responsabilidades respectivas a serem exercidas pelas áreas que se indica:

1)    Comunicação Social, nomeando-se um Porta-Voz da Presidência da República, e encarregando-se a Casa Civil de dispor dos demais serviços;
2)    Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos para o ministério da Justiça
3)    Micro e Pequena Empresa para o ministério da Indústria e Comércio;

Ficam extintas a Secretaria-Geral e a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, sendo as atribuições da primeira passadas para a Casa Civil.
O Presidente do Banco Central do Brasil não mais terá status de Ministro de Estado, sendo de nomeação da Presidência da República após sua aprovação pelo Congresso, dispondo de mandato fixo e de autonomia administrativa e operacional, e passando a responder ao Congresso Nacional, no cumprimento das funções que lhe forem atribuídas pelo Conselho Monetário Nacional.
A Presidência da República disporá, ainda, em caráter experimental, de uma Secretaria de Comércio Exterior, que trabalhará em estreita conexão com os ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, da Indústria e Comércio, da Agricultura e demais áreas que se afigurem pertinentes. Suas atribuições e a própria manutenção serão objeto de discussão e avaliação pelo Congresso, após três anos de funcionamento.
Meu governo não pretende dispor de comunicação institucional. Necessidades tópicas de informação de relevante interesse público serão afetas ao órgão interessado – como, por exemplo, campanhas de vacinação no âmbito da Saúde – abrindo-se amplo espaço para que a própria sociedade, através de empresas privadas de comunicações, cuide de sua informação, sem qualquer orientação ou aconselhamento do governo.
Meu governo seguirá o princípio de que cabe ao Estado regular apenas as áreas e atividades que lhe são precipuamente devidas, deixando todas as demais para a livre organização da sociedade. São extensas, incontáveis essas áreas e dou, neste momento, um único exemplo de como o governo pretende atuar. Entendo que não cabe ao Estado determinar os horários de funcionamento dos bancos comerciais, inclusive os públicos: cada estabelecimento bancário permanecerá aberto, segundo seu próprio interesse de atender ao público. A legislação laboral já dispõe sobre os direitos dos trabalhadores; os bancos serão livres para negociar horários de funcionamento com seus empregados.
Novas propostas de reformas administrativas serão encaminhadas ao Congresso, sempre sob esta orientação geral: as atividades privadas vão se libertar da mão pesada do Estado, e os brasileiros reterão os frutos do seu trabalho na maior extensão possível. As prioridades do meu governo são as de reduzir o peso indevido do Estado sobre o setor privado, em todas as esferas. Dessa forma, construiremos um Brasil mais rico.

Presidência da República, 1 de janeiro de 2015 
[Com a assessoria técnica de Paulo Roberto de Almeida (12-22/07/2014)]

O keynesianismo de botequim do Brasil - Antony P. Mueller (Mises)

Os companheiros praticam no Brasil aquilo que eu chamo de keynesianismo de botequim.  Este autor o chama de vulgar. Em qualquer hipótese, somos todos vítimas de coisa que vem destruindo a economia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil: Victim of Vulgar Keynesianism
Antony P. Mueller
Mises Daily, MARCH 27, 2015

All Keynesian roads lead to stagflation. That was the case in Europe and in the United States in the 1970s when both stagnation and inflation hit the economies at the same time. Currently, this is the case in Brazil.

Since coming into power in 2003, the Brazilian labor government has religiously implemented the economic policy doctrine of growth by spending. Now, the country has fallen into stagnation with a recession looming while inflation is on the rise. All economic indicators flash red lights: from economic growth to inflation and the exchange rate, from productivity to investment and industrial production.

Booms and Bubbles, Brazilian Style
Once again, Keynesian policies have led to stagflation. Reality has finally set in. The illusion of easy wealth is shattered. The Keynesian wonder weapon has become impotent. The economic policy teams at the Ministry of Finance and the Central Bank have no notion what to do now. After all, they know of no other economic policy doctrine than to stimulate the economy by spending ever more. Yet with the government’s coffers empty and inflation high and rising, the policy tools of deficit spending and monetary expansion have run out of fuel. Favorable external conditions such as the China boom and high demand for commodities had benefited the Brazilian economy during the presidency of Luiz Inácio “Lula” da Silva. These external factors together with massive internal stimuli accelerated economic growth. With the end of the commodities boom and the slowing of economic growth in China, the external environment factors no longer helped when at the same time internal consumption hit the wall, as consumers had to scale back along with the government as the debt burden approaches its limit.

In early 2015, it became obvious that the country has lived in an illusionary world under the Labor Party over the past twelve years. Now it seems like a joke that President Lula once announced that Brazil’s economy was about to overtake that of the United Kingdom and from then on move upward on the ladder of the large economies. Yet when it was announced in 2007 that Brazil was to host the Soccer World Championship in 2014 and when in 2009 the Olympic Committee selected Rio de Janeiro for the Olympic Games in 2016, it seemed that the much-wanted international recognition of the president’s achievements had arrived. The jubilation at home was fully matched by the exuberance abroad about how Lula would lead Brazil into the twenty-first century.

Just as much as many Brazilians did not want to recognize, foreign observers, too, shut their eyes to the fact that the Brazilian Labor Party has been practicing one of the crudest forms of Keynesianism. The Brazilian kind of Keynesianism is deeply mixed with the Marxism of Michal Kalecki. In Europe and the United States remnants of sound economics survived at the onset of the “new economics,” and later on partially recovered classical and neoclassical principles. In Brazil there has been an almost complete victory of “Kaleckian Keynesianism” with most other types of macroeconomics cast aside.

Can the Government Turn Stones into Bread?
Even today, the Polish economist Kalecki is still held in high esteem at some of the most prominent Brazilian universities. The version of “Keynesianism” that he developed in the 1930s has become the leading paradigm for economic policymaking albeit this type of macroeconomics lacks any micro-foundation and is largely void of realistic content. The Kaleckian version of Keynesianism takes the macroeconomic symbols for real and by moving them around according to the basic rules of algebra, the model finally is brought to the conclusion that “workers spend what they earn,” while “capitalists earn what they spend” (as this theory was once summarized by Kaldor).

Kalecki and his Marxist followers consequently decided that when the state assumes the capitalist function, government could spend the country to wealth while workers would get their fair share as consumers. Even more so than Keynes, Kalecki’s gospel preached that its believers could turn stones into bread. Government spending for whatever purpose combined with mass consumption promised a most pleasurable way to prosperity. This promise has been the economic policy principle of the Brazilian Labor Party government over the past twelve years.

During much of the two presidential periods of da Silva from the beginning of 2003 to the end of 2010, the Kaleckian-Keynesian recipe seemed to work. The Brazilian government under the former trade union leader spent, the consumers consumed, and the economy grew. All the while, price inflation remained subdued and the unemployment rate fell. No wonder that President Lula enjoyed immense popularity during his two terms and that Lula’s Labor Party would remain in power when his handpicked successor won the elections for presidency in 2010 and in 2014.

Dilma Rousseff, however, a politician by trade and former urban guerilla fighter, had a hard time winning the elections. When running for her second mandate, dark clouds began to overshadow the still blatant optimism of the ruling party. In 2011, the economic growth rate began to fall. The government first brushed it away as a temporary dip, yet when the rate continued to decline even more in 2012, the government began to panic. With the election coming up in 2014, the government did what the Kaleckian-Keynesian recipe prescribes and accelerated even more its expansive policies. This may have won the election for her, but the price to pay came in high later on.

Disillusion Sets In
Now, in early 2015, disillusion has fully set in. People feel cheated by the false optimism of the government. The corruption scandal of the Brazilian oil company Petrobras together with the rapidly deteriorating economic conditions drove over a million of Brazilians to the streets on March 15 in protest against the government.

What many of the protesters fail to see, however, is that Brazil needs more than just a change of government. The country needs a change of mind. In order to get on to the path of prosperity, Brazil has to discard its prevalent economic ideology. Brazil has to get rid of its tradition of profligate government spending and easy money, Marxist-inspired state involvement in the economy, and the protectionism that had come with the adoption of Cepalism (the economic policy concept of the Economic Commission of Latin America). Not special circumstances lie at the heart of the current malaise, but wrong ideas about economic policy.

Brazil needs a huge dosage of economic liberalization to find its way out of the current crisis. Less state intervention and much more freedom of doing business must be the first steps. For this to happen a change of mind is needed. Brazilians must open up to an alternative beyond state capitalism. Brazil must embrace laissez-faire in order to prosper.

This task is tremendous and not much different from earlier elections, almost all parties currently represented in the Brazilian Congress belong to the left and the extreme left. There is neither a truly conservative nor an authentic pro-market political party. This situation is more than peculiar because, as surveys consistently show, most of the Brazilians locate their political orientation at the center-right and in favor of free markets.

Marxism Still Dominates the Universities
The reason for this discrepancy lies in the fact that the left dominates higher education, particularly in the social sciences, economics, and law. It is from this group that most political activists come. When the military dictatorship ended in 1984, the university system fell under almost complete control by leftists of all kinds. This way, academic life is ideologically very different from the rest of the Brazilian society where common sense still has prevailed.

Fortunately, intellectual evolution is no longer largely dependent on academia. While the Kaleckian brand of Keynesianism and Marxism still dominates the universities, a strong libertarian movement is on the rise spearheaded by the Brazilian Mises Institute. Young people in particular flock to this site like the proverbial wanderer in the desert in the search for water. In the past, changes of mentality took decades and even centuries in order to unfold.

Nowadays, with the internet, ideas have a market place of their own with free access for all. It should be easy for the Brazilians to learn that it is not enough to be fed up with the present government, but it is high time to transform the country’s state capitalism into a free market system in order to prosper.

Politica Externa: Brasil quase mudo em Direitos Humanos - Jamil Chade (OESP)

Ativistas cobram fim de "silêncio" em política externa brasileira

JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE
O ESTADO DE S. PAULO, 26/03/2015

ONGs e defensores de direitos humanos pedem postura de maior liderança por parte do Brasil

GENEBRA - Ativistas de direitos humanos e governos cobram do Brasil o fim do que classificam de política externa do "silêncio" e apelam para que o governo de Dilma Rousseff "assuma maior a liderança" em debates sobre crises internacionais em temas de direitos humanos.
Na quinta, o Conselho de Direitos Humanos da ONU conclui seus trabalhos e, pela primeira vez em anos, o Brasil não enviou um representante de alto nível de Brasília para a reunião. O organismo da ONU se reúne três vezes por ano. Mas é a sessão de março que é considerada como seu principal encontro. 
Desta vez, enquanto o pódio era ocupado por Sergei Lavrov, John Kerry e dezenas de ministros, inclusive da Venezuela e de Cuba, a representação brasileira foi deixada aos diplomatas em Genebra. Pelo protocolo da ONU, isso significou que o Brasil apenas pode discursar dias depois da presença dos ministros e quando nem eles nem chanceleres estavam na sala para escutar.
O plano original era de que a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, viajasse no início de março para a reunião com os demais ministros. Mas ela acabou adiando a visita para esta semana para coincidir com outra reunião e, assim, economizar uma passagem aérea. Essa segunda data também foi cancelada.
Durante a sessão, o governo tem concentrado seus esforços em fazer passar uma resolução para garantir o direito à privacidade, numa resposta à espionagem conduzida pelos serviços dos EUA. Fontes diplomáticas revelaram ao Estado que, justamente para garantir a aprovação do texto, uma estratégia do Brasil foi a de não entrar em conflito com os demais governos.
Além disso, para atrair o voto do Egito, ONGs como Anistia Internacional e o Serviço Internacional para os Direitos Humanos acusam o Brasil de ter dado garantias ao regime militar do Cairo de que apoiaria uma resolução proposta pelos governos árabes para permitir ações contra grupos terroristas. "Trata-se de um cheque em branco para reprimir ativistas de direitos humanos e é um escândalo ver o Brasil apoiando isso", declarou Michael Ineichen, representante da Anistia Internacional.
Mas o que surpreendeu as ONGs e autoridades é que isso foi traduzido em um silêncio e, durante os debates, raramente o Brasil pediu a palavra para se expressar. Até mesmo quando o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro apresentou seu informe sobre os crimes na Síria na semana passada, o Brasil optou por permanecer em silêncio.
Num informe publicado nesta semana, a Human Rights Watch pediu que o País "demonstre mais liderança". A entidade apelou por uma maior ação do Brasil em "mobilizar o Conselho da ONU a agir em situações de emergência e intervir de forma mais sistemática em debates sobre países específicos".
"O trabalho do Brasil para proteger o direito à privacidade é muito bem-vindo. Mas é difícil entender por qual motivo o País evita falar durante os debates formais do Conselho da ONU sobre alguns dos piores crimes, como na Síria, Sudão do Sul ou Iraque", declarou Philippe Dam, representante da HRW. "O Brasil deveria ter algo a dizer sobre crises de importância global", disse.
Camila Assano, coordenadora de Política Externa da entidade Conectas Direitos Humanos, aponta que "o Brasil está bem posicionado para agir e mostrou, no passado, que tem a capacidade de criar consenso em temas difíceis".
"Mas um pouco desse fôlego foi perdido e o Brasil não pode se esquivar de alguns temas importantes", disse. "Essa atitude não condiz com o papel que o Brasil lutou para ter", insistiu.
Camila Assano aponta que o silêncio do Brasil também foi registrado quando a sociedade civil cobrou na ONU uma resposta do governo em temas como a lista suja do trabalho escravo, tortura ou a falta de água.  Uma aliança de ongs usou a ONU para fazer essas denúncias. "Mas o Brasil não respondeu", contou a representante da Conectas.
Nas últimas semanas, o silêncio do Brasil no cenário internacional tem sido alvo de comentários. Num editorial, The New York Times apontou que " enquanto as três outras grandes economias emergentes, China, Rússia e Índia, têm forte viés de política externa, sob o olhar da Sra. Rousseff a voz do Brasil no cenário internacional raramente supera um sussurro", afirma.
Entre diplomatas estrangeiros, porém, o silêncio brasileiro em diversos debates é "um contraste" com o comportamento do governo há poucos anos. "Muitos governos ficavam esperando o Brasil falar antes para saber quais seriam suas posições", explicou um diplomata sul-americano, que pediu anonimato. "Hoje, nem sempre sabemos o que o Brasil pensa de alguns dos assuntos", disse.
Para um negociador europeu, o silêncio do Brasil é "uma pena". "Precisamos que as grandes democracias assumam seus valores", completou.
Resposta. Questionado pelo Estado sobre o motivo da ausência da ministra e o que achava da cobrança dos ativistas, a Secretaria de Direitos Humanos respondeu por meio de uma nota.
" O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas reúne-se por meio de sessões ordinárias, que ocorrem no mínimo três vezes por ano, em Genebra, Suíça; além de sessões extraordinárias ", disse. " A participação dos ministros ou ministras de Estado Chefes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República não ocorre em todas as sessões, tendo em vista sua periodicidade e a agenda de compromissos que competem à Secretaria de Direitos Humanos ", apontou. " A participação em nível ministerial no âmbito do Conselho é resguardada principalmente aos instrumentos de alto nível, como por exemplo, no mecanismo de Revisão Periódica Universal, que ocorre a cada quatro anos ", alegou.
Segundo a Secretaria, não haveria necessidade de uma presença já que o " Estado brasileiro mantém a Missão Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas e Demais Organismos Internacionais em Genebra, cuja delegação é chefiada pela embaixadora Regina Dunlop, que detém competência plenipotenciária, ou seja, possui plenos poderes para representar a República Federativa do Brasil ".
O governo ainda insistiu que, nesta semana, o Brasil " instalou nesta segunda-feira, dia 23 de março, com a presença do representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Região, Humberto Henderson, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que ao lado do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura comporá o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura ". Esse seria um dos " compromisso assumido pelas principais democracias do mundo com a ONU que tem como objetivo monitorar locais de privação de liberdade, propondo melhorias constantes para a garantia da preservação dos direitos humanos nesses espaços ".

quinta-feira, 26 de março de 2015

Academia.edu: os textos mais visitados pelos visitadores...e downloadadores...

Primeiro os dez mais vistos nos últimos 60 dias: 

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