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sábado, 17 de fevereiro de 2018

Pecuária e sustentabilidade - Marcos S. Jank, Mauricio Palma Nogueira

Pecuária bovina - impactos sobre o clima e a água

Jornal “Folha de São Paulo”, Caderno Mercado, 17/02/2018

Marcos Sawaya Jank (*)
Mauricio Palma Nogueira (**)

No segundo artigo sobre os falsos pecados da carne, uma análise sobre mudança do clima, uso de água e desmatamento na pecuária bovina.

De um lado, organizações internacionais propõem a taxação do consumo de carne bovina em razão do carbono emitido pela pecuária de corte. Não faltam acusações de que a pecuária é causa direta e quase exclusiva do desmatamento, prejudica o clima e consome água em excesso.

Do outro, passou despercebida a notícia que a Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com 260 milhões de habitantes, vai abrir seu mercado de carne bovina para o Brasil. O país consome só 3 kg/habitante/ano e não quer depender apenas da carne cara da Austrália ou da carne de búfalo de baixa qualidade da Índia. Ocorre que a grande maioria das pessoas do planeta quer consumir mais carnes, e o Brasil tem lugar central para satisfazer esse desejo.

É fato que a pecuária ocupa 20% da superfície do país, o dobro da área usada pela agricultura. Por isso o uso da água e as emissões de gases de efeito estufa são proporcionalmente maiores, o que coloca os bovinos sob intenso tiroteio. 

Mas é preciso considerar a verdade dos fatos e as grandes mudanças que estão acontecendo nesse setor.

O cálculo dos altos volumes de carbono emitidos pelos bovinos está correto. Mas há um erro crasso na estimativa do balanço do ciclo de vida da atividade, que desconsidera o sequestro (captura) de carbono pelas pastagens e a grande quantidade de carbono retida e incorporada pelos capins no solo. Incapaz de consumir toda a quantidade disponível, os bovinos retiram apenas de 30% a 40% do que é produzido nas pastagens. O restante volta ao solo e se junta às raízes, reciclando todos os nutrientes do material, inclusive o carbono.

Há ainda uma controvérsia em relação ao potencial de aquecimento global dos diferentes gases —principalmente em relação ao cálculo do metano emitido pelos bovinos—, cujas emissões estariam sendo superestimadas na metodologia atual.

Em sistemas com pastagens mais produtivas e maior desempenho animal, a incorporação de carbono pelas pastagens neutralizaria o que é emitido pelos bovinos. Pesquisas recentes da Embrapa enriquecem a base de conhecimento sobre tema, derrubando a crença comum de que a pecuária seria necessariamente emissora líquida de carbono.

Já a associação da pecuária com o desmatamento baseia-se na história da ocupação do território. Durante meio século a falta de infraestrutura e versatilidade da criação de gado fez a pecuária ser a única alternativa viável para colonizar as áreas de fronteiras. Não é mais o caso.

Entre 1990 e 2016, a área de pastagens caiu de 190 milhões para 165 milhões de hectares, entregando 25 milhões de hectares para outros usos. No mesmo período, o rebanho bovino aumentou 40%, e a produção de carne bovina duplicou. A tese do desmatamento causado pela pecuária não faz mais sentido, ainda que ele ainda ocorra como exceção, e não como regra.

O uso da água também compõe o arsenal de ataques à pecuária. Quando se diz que a pecuária usaria 15 mil litros de água por kg de carne produzida, nunca se esclarece que 99% desse volume vem das chuvas que caem sobre pastos, que retornam para a atmosfera pela chamada evapotranspiração do sistema solo-planta. As plantas são verdadeiros dutos, pelos quais a água está sempre subindo das raízes até as folhas, que transpiram e devolvem essa água para a atmosfera, à semelhança do que ocorre nas florestas.

O fato é que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo para produzir gado a pasto, pois temos maior abundância de sol, clima favorável, água de chuva e tecnologia. É claro que há grandes disparidades na pecuária brasileira e bastante ainda a melhorar. Mas os ganhos de produtividade e a tendência de intensificação sustentável da pecuária são inquestionáveis.

Eficiência produtiva com sustentabilidade é o caminho, e o Brasil tem os instrumentos para tanto.

(*) Marcos Sawaya Jank é engenheiro-agrônomo e especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
(**) Mauricio Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, sócio e diretor de pecuária na Agroconsult. Email: mauricionogueira@agroconsult.com.br

Politica externa brasileira: o que faria o Barao hoje, se vivo fosse? (2016) - Paulo Roberto de Almeida

Este trabalho foi elaborado, com base em notas anteriores, no período intermediário do impeachment conduzido entre maio e agosto de 2016, para servir como material de discussão a grupo de estudos de caráter acadêmico. Não foi publicado nessa forma, embora partes dele possam ter servido a trabalhos anteriores, e deles provinham, que já tinham sido publicados.
Como o "redescobri" agora, coloco à disposição dos interessados, lembrando, uma vez mais, que ele é de meados de 2016, e pode estar defasado num ou noutro ponto específico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17 de fevereiro de 2018

Política externa brasileira: o que faria o Barão hoje, se vivo fosse?

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata de carreira; professor no Uniceub (Brasília)
Brasília, 1/06/2016
  
Se, por um desses acasos históricos, o Barão do Rio Branco, falecido mais de cem anos atrás, retornasse eventualmente entre nós, quais seriam suas grandes preocupações diplomáticas? Esgotada a tarefa de remodelar a geografia dos limites territoriais, por meio de negociações de fronteiras com todos os nossos vizinhos, o Barão talvez se preocupasse com temas mais permanentes, ou mais estruturais, sobretudo numa fase – como foi a sua – de transição nas relações internacionais.
De fato, um século atrás, o mundo assistia aos primeiros passos da transposição hegemônica das velhas potências europeias para o novo poder emergente, os Estados Unidos da América, país com o qual o Barão do Rio Branco tentou estabelecer uma estratégia de coexistência de zonas de influência: os EUA ao norte, o Brasil ao sul. Obviamente, o Barão tinha consciência dos meios limitados do Brasil do início do século XX, mas ele se perguntaria, de igual modo, o que o Brasil precisaria fazer, atualmente, para ocupar seu espaço no chamado concerto das nações.
Os argumentos alinhados abaixo, foram pensados bem mais na perspectiva da política externa dos governos lulopetistas, de janeiro de 2003 a maio de 2016, do que no da nova diplomacia que está sendo construída, apresentada e implementada pelo novo governo interino, em meio ao processo de impeachment ainda em curso. Reflexões a partir dessa nova política externa terão de ser feitas após mais algum tempo de testes práticos da diplomacia profissional do Itamaraty, depois de quase uma década e meia de influência partidária sobre as grandes linhas das relações exteriores do Brasil sob o comando dos governos lulopetistas desde o início do novo milênio.

O Barão agora: qualquer semelhança é mera coincidência?
Talvez ele começasse pela pergunta clássica dos estadistas: o Brasil possui uma estratégia, grande ou pequena? Talvez, embora nem sempre se perceba. Os militares talvez tenham pensado em alguma, e ela sempre envolve grandes meios, para defender as grandes causas: a soberania, a integridade territorial, a preservação da paz e da segurança no território nacional e no seu entorno imediato. Enfim, todas aquelas coisas que motivam os militares. Os diplomatas, também, talvez tenham escrito algo em torno disso, e ela sempre envolve o desenvolvimento nacional num ambiente de paz e cooperação com os vizinhos e parceiros da sociedade internacional, no pleno respeito dos compromissos internacionais e da defesa dos princípios e valores constitucionais, que por acaso se coadunam com a Carta da ONU. Mas eles também acham que está na hora de “democratizar” o sistema internacional, que ainda preserva traços do imediato pós-Segunda Guerra, ampliando o Conselho de Segurança da ONU, reformando as principais organizações econômicas multilaterais e ampliando as possibilidades de participação dos países em desenvolvimento nas instâncias decisórias mundiais; enfim, todo aquele discurso que vocês conhecem bem.
Tudo isso é sabido, e repassado a cada vez, nas conferências nacionais de estudos estratégicos, em grandes encontros diplomáticos, nos discursos protocolares dos líderes nacionais. Até parece que possuímos de fato uma grande estratégia, embora nem sempre isso seja percebido por todos os atores que dela participam, consciente ou inconscientemente. Aparentemente, ela seria feita dos seguintes elementos: manutenção de um ambiente de paz e cooperação no continente sul-americano e seu ambiente adjacente, num quadro de desenvolvimento econômico e social com oportunidades equivalentes para todos os vizinhos, visando a construção de um grande espaço econômico integrado, de coordenação e cooperação política, num ambiente democrático, engajado coletivamente na defesa dos direitos humanos e na promoção da prosperidade conjunta dos povos que ocupam esse espaço.

Quais seriam os grandes objetivos do Barão, hoje?
Muito bem, mas esses são objetivos genéricos, até meritórios e desejáveis, que precisam ser implementados de alguma forma, ou seja, promovidos por meio de iniciativas e medidas ativas, o que envolve inclusive a remoção dos obstáculos que se opõem à consecução desses grandes objetivos. É aqui que entra, de verdade, a grande estratégia, quando se tem de adequar os meios aos objetivos, não simplesmente na definição de metas genéricas. A estratégia é que permite se dizer como, e sob quais condições, o povo do país e suas lideranças vão mobilizar os recursos disponíveis, as ferramentas adequadas e os fatores contingentes – dos quais, os mais importantes são os agentes humanos – por meio dos quais será possível alcançar os grandes objetivos e afastar as ameaças que se lhes antepõem. Uma verdadeira estratégia diz o que deve ser feito, na parte ativa, e também, de maneira não simplesmente reativa, como devemos agir para que forças contrárias não dificultem o atingimento das metas nacionais.
Nesse sentido, se o grande objetivo brasileiro – que integra nesta concepção sua “grande estratégia” – é a consolidação de um espaço econômico democrático e de cooperação econômica no continente, devemos reconhecer que avançamos muito pouco nos últimos anos. A despeito da retórica governamental, não se pode dizer, atualmente, que a integração e a democracia progrediram tremendamente na última década. Ao contrário, olhando objetivamente, esses dois componentes até recuaram em várias partes, e não se sabe bem o que o Brasil fez para promovê-los ativamente. O presidente anterior foi visto abraçado com vários ditadores ou candidatos a tal, esqueceu-se de defender a liberdade de expressão, os valores democráticos e os direitos humanos onde eles foram, e continuam sendo, mais ameaçados, quando não vêm sendo extirpados ou já desapareceram por completo. A integração que realmente conta, a econômica e comercial, cedeu espaço a uma ilusória integração política e social que até pode ter rendido muitas viagens de burocratas e políticos, mas não parece ter ampliado mercados e consolidado a abertura econômica recíproca.
Desse ponto de vista, o Brasil parece ter falhado em sua grande estratégia, se é verdade que ele realmente possui uma. Se não possui, está na hora de pensar em elaborar a sua. Passada a retórica grandiloquente – contra-produtiva, aliás – da liderança e da união exclusiva e excludente, contra supostas ameaças imperiais, pode-se passar a trabalhar realisticamente na implementação da grande estratégia delineada sumariamente linhas acima. A julgar pela experiência recente, não parece que sequer começamos a retificar os equívocos mais eloquentes do passado imediato, quando apoiamos ditadores e adotamos uma concepção muito peculiar dos direitos humanos e dos valores democráticos. O que diria o Barão, a esse respeito?
Talvez ele devesse começar examinando as pequenas estratégias desenvolvidas nos últimos anos. Na verdade, o Barão seria naturalmente levado a elaborar uma grande estratégia, obviamente diversa daquela de sua época, e adaptada aos requisitos do presente. Negligenciando o fato de que ele, quando vivo, já era quase um santo protetor da diplomacia brasileira, uma personalidade incontrastável, incontestável, o “dono” da política internacional do Brasil, além e acima de qualquer presidente, pode-se imaginar que ele atuaria segundo as instruções do presidente de turno, mas com certa latitude de ação, em vista de sua reconhecida competência para certos temas.
Vamos imaginar, contudo, que ele apenas atuaria como um chanceler qualquer, em face dos mesmos desafios ou agendas, que se colocariam a um chanceler de nossos dias, nas circunstâncias atuais do Brasil, país que deixou de ser simplesmente em desenvolvimento, e um instável crônico na América Latina, para se tornar um “emergente”, um país dotado de pretensões a ter uma influência regional e global. É com base, exatamente, nessas premissas, que podemos, em primeiro lugar, criticar as diversas estratégias que o Brasil seguiu nos últimos tempos, e às quais poderíamos chamar de pequenas.

Alternativas estratégicas para o Barão no século XXI
A primeira estratégia pequena, na verdade mesquinha, seria a de ter exibido, durante os oito anos da doutrina do “nunca antes neste país”, uma orientação de política externa não exatamente nacional, mas mais propriamente partidária, para não dizer sectária. Quando o Barão foi convidado para ser chanceler, cargo que ensaiou recusar, seja por motivos de saúde, de dinheiro ou qualquer outro, a primeira coisa que ele adiantou era a de que não vinha servir qualquer partido, qualquer causa política, mas o Brasil, em benefício da nação e de seu prestígio na região e no mundo.
Cem anos depois, parece que tivemos não apenas uma diplomacia estreitamente partidária, mas até um chanceler que, talvez insatisfeito por ser “apenas” diplomata, resolveu se inscrever num partido, ou melhor, no partido do poder, o que aparentemente nunca lhe foi exigido como chanceler ou como funcionário de Estado. Mas, como defensor de um governo partidário, ele resolveu se filiar a esse partido. Como todo militante desse partido, como naquelas agrupações religiosas que exigem o dízimo, tem de contribuir com sua cota de boa vontade financeira, o mesmo chanceler escolheu ser conselheiro de algumas coisas, para arredondar o salário, já que o Brasil é hoje um país caro (talvez em função de algumas políticas de pequena estratégia que o mesmo partido aplica). O Barão, provavelmente, desprezaria gestos como esse.
A segunda estratégia pequena que o Barão lamentaria, se hoje contemplasse a diplomacia dos oito anos do “nunca antes”, seria justamente essa tal de “diplomacia Sul-Sul”. O Barão nunca compreenderia, e nunca admitiria, como se consegue ser tão reducionista, tão simplista, tão estreito geograficamente nas escolhas de relacionamento internacional, ele que sempre se bateu para equilibrar as relações do Brasil entre a velha Europa, os EUA emergentes, e a América do Sul, todos tão presentes em nossas relações imediatas. A despeito dessa “aliança não escrita” com os EUA, de que falam alguns acadêmicos, o Barão, na verdade, nunca se deixou prender, ou enredar, numa relação exclusiva, ou privilegiada, com qualquer sócio maior, mas procurava sempre manter equidistância dos grandes centros de poder, das velhas potências coloniais – mas ainda agressivamente imperialistas – e da nova potência que despontava no hemisfério – e já agressivamente imperialista, precisamente. Menos ainda ele compreenderia que o Brasil só tivesse olhos para o seu entorno imediato – claro, porque a África não “existia”, dominada que era pela Europa, e que a Ásia também se debatia na colonização direta e indireta das mesmas potências – e descurasse por completo das relações com aqueles que eram nossos principais mercados e fornecedores de capitais. Ele sorriria com certa complacência antes essas propostas de “nova geografia comercial internacional”, sabedor que, em matéria de comércio, toda e qualquer geografia é boa, desde que se consiga realizar todos os intercâmbios, nos dois sentidos, que interessariam ao Brasil.
Justamente, mesmo se ele tivesse de administrar uma “estratégia Sul-Sul” para o Brasil – fatalidade lamentável que ele certamente se escusaria por completo de iniciar – ele jamais se permitiria ser complacente, leniente, inconsequente ou descuidado em relação aos direitos do Brasil. Ele jamais permitiria, por exemplo, que tripudiassem injustamente sobre nossas exportações – como infelizmente ocorre muito frequentemente com certo vizinho arrogante – ou que, ao arrepio de tratados bilaterais e de contratos internacionais, outros vizinhos inconsequentes invadissem nossas propriedades legítimas para esbulhar-nos de nossos direitos, rasgando unilateralmente compromissos que tinham sido solenemente contraídos anteriormente. Por muito menos ele fez deslocar tropas para proteger nacionais ameaçados de maus tratos; ainda que não fosse o caso de fazê-lo em todas as circunstâncias, o Barão certamente teria sido bem mais vigoroso na reação a certos atos de expropriação ilegal.
Por exemplo: ainda que confrontado a uma declaração inevitável de expropriação de bens nacionais, ele JAMAIS assinaria uma nota na qual se reconhecia o direito soberano de outro país de, sem a cortesia de sequer um alerta preliminar, expropriar, sem negociações ou consulta prévia, propriedades nacionais, em total desrespeito às normas do direito internacional e à letra de tratados que constituíam obrigações para as duas partes. Ele certamente consideraria certas atitudes registradas nesses tempos caóticos de diplomacia confusa não só como marcas de uma pequena estratégia, mas como uma demonstração cabal de uma estratégia vergonhosa.
A mais forte razão, o Barão se guardaria escrupulosamente, e faria com que o seu presidente também observasse esse tipo de recato, de jamais interferir nos assuntos políticos internos de outros países, seja demonstrando apoios eleitorais indevidos, seja adiantando preferências ideológicas ou ainda rompendo normas e costumes de direito internacional e de relações diplomáticas. A melhor forma de manter boas relações com quaisquer vizinhos – mesmo os mais turbulentos – e com todo e qualquer país da comunidade internacional é manter reserva total quanto aos assuntos internos desses outros países, mesmo quando se possa, em privado, manter preferência por um outro personagem da vida política que possa ter influência nas relações com o Brasil. Expressar publicamente interesse nesse tipo de assunto é a mais pequena estratégia que o Barão poderia conceber, e isso ele deixou registrado em vários escritos públicos.
Finalmente, o Barão tampouco consentiria em dividir o processo de tomada de decisão em múltiplas cabeças, em fracionar o comando da diplomacia em diversos centros independentes de formulação e de execução de uma política nacional, como deve ser a política internacional de um país. Consciente, provavelmente, de que a política externa é uma espécie de política interna por outros meios, e sabedor de que a diplomacia, como a arte da guerra, exige unidade de formulação, de decisão e de implementação das ações requeridas, ele obstaria por completo a qualquer fragmentação da atuação diplomática do Brasil em unidades separadas de atuação. Já ao assumir a chefia do Ministério, e confrontando-se com a provecta figura de Cabo Frio, ele apressou-se em inaugurar um busto em homenagem a essa magnífica figura do Império, como forma de afastá-lo dos assuntos correntes, encaminhando-o a uma merecida aposentadoria que ainda tardou a acontecer. Independentemente desses dissabores, ele jamais consentiria, por exemplo, que dirigentes partidários, representantes de interesses especiais, neófitos palacianos ou quaisquer outros aprendizes de diplomatas lhe viessem sugerir esta ou aquela política em matérias que fossem de sua competência exclusiva. Como “general” da diplomacia, ele sabia que comando não se divide: ou se assume, ou se assiste a confusão predominar em temas que têm a ver com a segurança nacional.

O Brasil precisaria ter uma “grande estratégia”?
Enfim, falamos das “pequenas estratégias” que o Barão não teria, e não poderia ter, para as relações internacionais do Brasil, mais de cem anos depois de sua morte, se por acaso voltasse ao nosso convívio. Mas faltou falar, positivamente, de uma grande estratégia que o Barão do Rio Branco poderia exibir na atualidade.
E por que uma estratégia teria de ser “grande”? Não existe nenhum motivo especial para isso: trata-se apenas de um adjetivo, talvez exagerado, que visa, de certo modo, enfatizar o aspecto crucial para o país na determinação de suas políticas mais essenciais; neste caso, grande pode ser considerado como algo diferente de setorial (como poderia ser apenas defesa ou desenvolvimento). Grandes países, com grande interface ou exposição internacional, ou, ainda, países capazes de grande projeção internacional, costumam ter grandes estratégias. Talvez seja o caso do Brasil.
O Brasil é um ator relevante malgré lui, ou seja, possui massa e presença de dimensões relevantes, embora não consiga determinar o curso dos eventos e dos processos no subcontinente, mesmo mobilizando as armas de sua política – a diplomacia – ou “ameaçando” (o que, aliás, seria difícil de concretizar) recorrer à política das armas – para a qual lhe faltariam os requisitos de base, justamente. Mesmo no terreno das proposições de política, não se pode dizer que o Brasil tenha constituído um manancial de iniciativas significativas, capazes de alterar, de maneira sensível, o peso e o papel da região no contexto mundial.
Quais são, numa análise realista, os componentes dessa grande estratégia? A resposta a esta questão implica necessariamente identificar os principais desafios colocados ao Brasil na realização dos supremos interesses nacionais. Quais são estes últimos, portanto? Em plena transparência de propósitos, não parece restar dúvidas de que o objetivo supremo da nação – ademais daquelas questões básicas de soberania, que já consideramos não prioritárias – é o atingimento de uma etapa superior no seu processo de desenvolvimento, de maneira a garantir bem estar e vida digna a todos os brasileiros, como condição da plena integração do país ao sistema internacional num status de potência capaz e plenamente dotada dos meios de ação para atuar positivamente nesses sistema, em conformidade com os propósitos da Carta das Nações Unidas e dos demais instrumentos da cooperação internacional. 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1/06/2016


International Conference on The Economics of Oil - FGV-RJ, 28/02 a 2/03/2018


Inscriçõesregistration

Registration 

Registration is required, but, the conference will be open and free to the general public. Admissions will be accepted in the order of subscription, limited to the auditorium capacity. Most presentations will be in English and there will be no simultaneous translation from English to Portuguese. However, there will be simultaneous translation from Portuguese to English.
Sign up - Feb. 28  l click here 
Sign up - Mar. 1 - 2  l click here

Programa

International Conference on The Economics of Oil

28/02/2018
09:45 - 10:00 – Welcome Message: Carlos Ivan Simonsen Leal (President of FGV), with Sergio Quintella (Vice President of FGV), Hilde C. Bjørnland(Norwegian Business School), Roberto Castello Branco (FGV), João Victor Issler (FGV)
10:00 - 11:00 – Opening Lecture: Pedro Parente (CEO of Petrobras), (Chair: Carlos Ivan Simonsen Leal)
11:00 - 12:30 – Round Table: The Future of Oil: Roberto Castello Branco (FGV, Moderator), David Zylbersztajn (DZ Energia), Marco Lombardi (BIS), Ragnar Torvik (Norwegian University of Science and Technology)
12:30 - 14:30 – Lunch (by invitation only)
14:30 - 15:30 – Décio Oddone (General Director of ANP – Brazilian Oil and Gas Regulatory Agency), (Chair: Sergio Quintella)
15:30 - 16:00 – Coffee break
16:00 - 17:00 – Closing Lecture I: Warwick McKibbin (Australian National University) Sensible Design of Climate Policy to Enable an Orderly Energy Transition (Chair: Hilde C. Bjørnland)
17:00 - 18:00 – Closing Lecture II: Lutz Kilian (University of Michigan) Modeling Fluctuations in the Global Demand for Commodities (Chair: João Victor Issler) 

01/03/2018
09:00 - 10:00 – Opening remarks: Roberto Castello Branco (FGV)
·     09:00 - 09:40 – Fernando Coelho – Brazilian Minister of Energy and Mines
·     09:40 - 10:00 – Jorge Camargo – President of IBP, Brazilian Institute of Oil and Gas
10:00 - 11:00 – Keynote I: Ian Parry (International Monetary Fund) Getting Energy Prices Right (Chair: Yoosoon Chang)
11:00 - 11:30 – Coffee break
11:30 - 12:30 – Keynote II: Rabah Arezki (The World Bank) The Shifting Natural Wealth of Nations: The Role of Market Orientation (Chair: João Victor Issler)
12:30 - 14:00 – Lunch (by invitation only)
14:00 - 16:00 Session I – Resource rich countries (Chair: Marcelle Chauvet)
·     Pedro C. Ferreira (FGV): Fracking, China and the Global Economy
·     Ragnar Torvik (Norwegian University of Science and Technology): Dutch Disease Reconsidered
·     Renée McKibbin (Australian National University) Recovery from Dutch Disease
·     Hilde C. Bjørnland (Norwegian Business School): Supply Flexibility in the Shale Patch: Evidence from North Dakota
16:00 - 16:30 – Coffee break
16:30 - 18:30 Session II – Oil and business cycles (Chair: Hilde C. Bjørnland)
·     Yoosoon Chang (Indiana University) World GDP and oil price: Do they have a common trend?
·     João Victor Issler (FGV): The Role of Demand Factors in Determining the Behavior of Oil Prices
·     Alain Hecq (University of Maastricht) Detecting Co-Movements in Non-causal Time Series: An Application to Oil Prices
·     Zack Miller (University of Missouri) Forecasting energy consumption and efficiency in developing countries: A functional coefficient panel approach

03/02/2018
09:00 - 10:00 – Keynote III: Cynthia Wu (University of Chicago) Title (Chair: Hilde C. Bjørnland)
10:00 - 10:30 – Coffee Break
10:30 -12:30 – Session III - Commodity prices and monetary policy (Chair: Sergio Quintella)
·     Robert Vigfusson (Federal Reserve Board): Oil, Equities, and the Zero Lower Bound
·     Drago Bergholt (Norges Bank): Oil prices and optimal monetary policy
·     Marco Lombardi (BIS): Monetary policy spillovers, global commodity prices and cooperation
·     Marcelle Chauvet (UC Riverside): Title
12:30 - 13:45 – Lunch (by invitation only)
13:45 - 15:45 Session IV - Oil prices and instability (Chair: João Victor Issler)
·     Junior Maih (Norges Bank): Oil and Macroeconomic (in)Stability
·     Yongok Choi (Chung-Ang University) World energy consumption: Global trend and country specific characteristics
·     Julia Zhulanova (BI Norwegian Business School): The Shale Oil Boom and the U.S. Economy
·     Francesca Loria (European University Institute): The Effect of Oil Price Shocks on U.S. Investment: Size Matters

15:45 - 16:00 – Coffee break

16:00 - 17:00 (Paralell) Session V Crude oil prices
A)     Oil and empirics (Chair: Yoosoon Chang)
·     Reinhard Ellwanger (Bank of Canada): The Simple Economics of Global Fuel Consumption
·     Isabel Figuerola-Ferretti (ICADE): Mild explosivity in recent crude oil prices
B)     Oil and finance (Chair: Roberto Castello Branco)
·     Nicolas Legrand (INRA): The Delaying Effect of Storage on Investment: Evidence from The Crude Oil Sector
·     Espen Skretting (Norwegian Business School): Title
17:00 – 18:00 – Keynote IV - Joon Park (Indiana University): Interactions of oil futures and stock market at high frequency: A distributional approach (Chair: Marcelle Chauvet)
O evento será realizado em inglês.  

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Stalin, Kruschev e o início da derrocada do comunismo mundial

Um pouco tarde, mas importante a lembrança. Recomendo a leitura do livro de Osvaldo Peralva, O Retrato. Tem muitos defeitos, mas faz um retrato, efetivamente, do nosso stalinismo, a cargo daquele grande idiota do Prestes.


NESTA DATA 

Começa o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética

No dia 14 de fevereiro de 1956, teve início o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética onde Nikita Kruschev apresentou um relatório sobre os abusos da Era Stalin

Começa o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética
Nikita Kruschev (esquerda) foi um dos colaboradores íntimos do ex-líder soviético Stalin (direita) desde a década de trinta (Reprodução/Wikimedia Comons)

No XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), o então secretário do partido, Nikita Kruschev, apresentou para os delegados soviéticos e alguns poucos representantes dos partidos das “democracias populares” um relatório sobre a Era Stalin, que também ficou conhecido como Discurso Secreto.
Kruschev foi um dos colaboradores íntimos do ex-líder soviético desde a década de 1930. No Congresso, que teve inicio no dia 14 de fevereiro de 1956, o antigo colaborador denunciou o culto à personalidade de Stalin, que havia morrido há três anos.
No documento, Kruschev acusou Stalin pelo uso indevido e indiscriminado de violência, por execuções e por fraudes judiciais, desconstruindo a imagem de herói que a propaganda oficial do governo soviético divulgava desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Apesar das críticas, Kruschev reconheceu que Stalin prestou grandes serviços ao Partido Comunista da União Soviética e à classe operária, e pediu que as questões ali discutidas não fossem divulgadas à imprensa. Porém, pouco tempo após o discurso, a imprensa ocidental já sabia da notícia e divulgou partes do documento.

Sergio Corrêa da Costa, um diplomata acadêmico, historiador...

Pronto para ingressar na segunda edição do livro O Itamaraty na Cultura Brasileira, editado por Alberto da Costa e Silva em 2001.
Pretendo trabalhar numa segunda edição, ampliada. Ele é presença obrigatória...


Sergio Corrêa da Costa (2011. 68 pp.)

Edla van Steen

Essa publicação faz parte da coleção Série Essencial

Sergio Corrêa Affonso da Costa nasceu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1919, filho de Israel Affonso da Costa e Lavinia Corrêa da Costa. Em palestra para alunos, afirmou:
Aprendi, com minha própria experiência, que o mais importante é saber o que se quer, o que se pretende fazer de sua vida e mandar brasa. Foi o que aconteceu comigo. Ainda ginasiano (Externato São José) decidi ser diplomata e bater-me com toda energia para chegar lá. Levei a decisão tão a sério e me concentrei tanto no estudo das matérias exigidas no concurso para o Itamaraty que – apesar de ter apenas 17 para 18 anos, ainda no Externato e cursando o pré-jurídico à noite, fiz minha inscrição. Eu, o mais jovem dos 120 candidatos, muitos dos quais repetentes, empatei no primeiro lugar, o que me garantiu nomeação imediata. A mão do destino me ajudou: fui mandado servir no Arquivo Histórico, onde logo me fascinou o contato com a fonte primária, o documento. [...] Edla van Steen


Bibliografia:
As quatro coroas de Dom Pedro I (Prefácio de Osvaldo Aranha). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S/A, 1941; 2ª edição, 1942; 3ª edição, 1970; 4ª edição (A Casa do Livro), 1972; 5ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
Pareceres do Conselho do Estado e do Consultor do Ministério dos Negócios Estrangeiros (1842-1889). Publicação do Ministério das Relações Exteriores, Imprensa Nacional, 1942.
Pedro I e Metternich - Traços de uma guerra diplomática. Editora A Noite, 1942.
A diplomacia brasileira na Questão de Letícia (Prefácio de Afrânio de Mello Franco). Publicação do Ministério das Relações Exteriores. Rio, 1942.
Pareceres dos consultores jurídicos do Ministério das Relações Exteriores - Índice Sistemático e Remissivo (1889-1941). Publicação do Ministério das Relações Exteriores, Imprensa Nacional, 1943.
A diplomacia do marechal - Intervenção estrangeira na Revolta da Armada (Prefácio de João Felipe Pereira, Ministro do Exterior do Marechal Floriano Peixoto). Rio de Janeiro: Editora Zélio Valverde, 1945. 2ª edição, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.
Every Inch a King - A Biography of Dom Pedro I, First Emperor of Brazil. New York: The Macmillan Company, 1950; 2ª edição, 1952; 3ª edição, 1964 (New York: Charles Frank Publications); 4ª edição, Londres: Robert Hale, 1972.
Artigos, discursos e palestras. Setembro 1983-1986. Embaixada do Brasil em Washington, 1986.
Mots sans frontières. (Prefácio Maurice Druon da Academia Francesa - Grand Prix de l'Institut de France) Éditions du Rocher, Paris, 1999.
Palavras sem fronteiras. Editora Record - Rio de Janeiro-São Paulo, 2000, 2ª edição, 2006.
Brasil, segredo de Estado. Uma incursão descontraída pela história do país. (Prefácio Eduardo Portella). Editora Record - Rio de Janeiro-São Paulo, 2001,  5ª edição, 2002.
Brésil, les silences de l'histoire. (Préface Jean Christophe Rufin. Avant-propos Eduardo Portella) Éditions du Rocher, Paris, 2003.
Crônica de uma guerra secreta - Nazismo na América: A conexão argentina. Editora Record - Rio de Janeiro, 2004, 2ª edição, 2005.
(Post Mortem) Le Nazisme en Amérique du Sud - Chronique d'une guerre secrète 1930-1950. Editora Ramsay. Paris, 2007, 2ª edição, 2008.
(Post Mortem) Chronicle of a Secret War - Nazism in the Americas: the Argentine connection 1930-1950.
Prefácios, discursos, conferências, entrevistas, artigos no Brasil e no Exterior.


Oitavo ocupante da Cadeira nº 7, eleito em 25 de agosto de 1983, na sucessão de Dinah Silveira de Queiroz e recebido em 14 de junho de 1984 pelo Acadêmico Afrânio Coutinho. Recebeu o Acadêmico Evanildo Bechara.
Cadeira: 
7
Posição: 
8
Antecedido por:
Data de nascimento: 
19 de fevereiro de 1919
Naturalidade: 
Rio de Janeiro - RJ
Brasil
Data de eleição: 
25 de agosto de 1983
Data de posse: 
14 de junho de 1984
Acadêmico que o recebeu: 
Data de falecimento: 
29 de setembro de 2005

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

The Changing Wealth of Nations 2018: Building a Sustainable Future - World Bank

O Banco Mundial acaba de publicar um relatório analítico sobre a natureza mutável das riquezas mundiais, distribuídas entre as as nações.




January 2018. 240 pages.
English Version. Paperback. 
ISBN: 978-1-4648-1046-6
Price: $39.95

THE CHANGING WEALTH OF NATIONS 2018:
Building a Sustainable Future
Edited by Glenn-Marie Lange, Quentin Wodon, and Kevin Carey
Washington, DC: World Bank, 2018

Countries regularly track gross domestic product (GDP) as an indicator of their economic progress, but not wealth—the assets such as infrastructure, forests, minerals, and human capital that produce GDP. In contrast, corporations routinely report on both their income and assets to assess their economic health and prospects for the future. Wealth accounts allow countries to take stock of their assets to monitor the sustainability of development, an urgent concern today for all countries.



The Changing Wealth of Nations 2018: Building a Sustainable Future coversnational wealth for 141 countries over 20 years (1995–2014) as the sum of produced capital, 19 types of natural capital, net foreign assets, and human capital overall as well as by gender and type of employment. Great progress has been made in estimating wealth since the first volume, Where Is the Wealth of Nations? Measuring Capital for the 21st Century, was published in 2006. New data substantially improve estimates of natural capital, and, for the first time, human capital is measured by using household surveys to estimate lifetime earnings.


The Changing Wealth of Nations 2018 begins with a review of global and regional trends in wealth over the past two decades and provides examples of how wealth accounts can be used for the analysis of development patterns. Several chapters discuss the new work on human capital and its application in development policy. The book then tackles elements of natural capital that are not yet fully incorporated in the wealth accounts: air pollution, marine fisheries, and ecosystems. This book targets policy makers but will engage anyone committed to building a sustainable future for the planet.


Contents
Foreword xiii Acknowledgments xv Abbreviations xvii
Executive Summary 1
Key Findings 1
Why Should We Measure Wealth? 2
What Is New in This Version of The Changing Wealth of Nations? 3 Global and Regional Trends from 1995 to 2014 5
Natural Capital and Development 8
Human Capital: Driver of Development 14
Organization of the Book 19
Summing Up 21
Notes 22
References 22
Chapter 1. Estimating the Wealth of Nations 25
Main Messages 25
Complementary Measures: GDP and National Wealth 25
How We Measure Wealth 27
Wealth, Adjusted Net Saving, and Sustainability 30
The Role of Institutions, Governance, and Social Capital 33
A Roadmap for the Book 33
Summing Up and Future Research 36
Annex 1A: Changes in Methodology and Data Sources for the Wealth Accounts 38 Notes 40
References 40
Chapter 2. Richer or Poorer? Global and Regional Trends in Wealth from 1995 to 2014 43
Main Messages 43
Introduction 44
Trends in Global Wealth 44
Regional Trends in Low- and Middle-Income Countries 49 Convergence in the Wealth of Nations 55
Savings and Changes in National Wealth 60
Conclusion 63
Annex 2A: Countries Classi ed by Income Group and Region 64 Annex 2B: Regional Trends in Adjusted Net Saving 65
Note 68
References 68
Chapter 3. Wealth Accounts, Adjusted Net Saving, and Diversi ed Development in Resource-Rich African Countries 69
Main Messages 69
Introduction 70
Two Approaches to Measuring Investments and Sustainability 71 Trends in ANS in Sub-Saharan Africa 73
Comparing Adjusted Net Saving and Changes in Wealth 75
Case Studies: Ghana and Niger 77
Conclusion 82
Note 84
References 84
Chapter 4. Expanding Measures of Productivity to Include Natural Capital 85
Main Messages 85
Introduction 86
Recent Work on MFP Growth by the OECD 87
Growth Accounting for Measuring MFP Growth 88
Empirical Applications to Selected Petroleum Producers 90
Conclusions 92
Annex 4A: Understanding How Including Natural Resources as Factors of Production Affects the MFP Calculation 93
Notes 94 References 94
Chapter 5. The Carbon Wealth of Nations: From Rents to Risks 97
Main Messages 97 Introduction 97
Carbon Wealth of Nations 99
Carbon Risk 102
Four Challenges for Carbon-Rich Nations 103 Conclusion 110
Notes 111
References 112
Chapter 6. Human Capital and the Wealth of Nations: Global Estimates and Trends 115
Main Messages 115
Introduction 116
Measuring Human Capital Wealth 117 Estimates of Human Capital Wealth 121 Conclusion 131
Notes 132
References 132
Chapter 7. Gains in Human Capital Wealth: What Growth Models Tell Us 135
Main Messages 135
Introduction 135
Measures of Human Capital Wealth 137 Convergence in Human Capital Wealth? 139 Modeling Human Capital Wealth Per Capita 141 Summary Statistics 143
Estimation Results 145
Conclusion 147
Note 148
References 148
Chapter 8. Intangible Capital as the Engine for Development in Morocco 151
Main Messages 151
Introduction 152
Trends in Morocco’s Wealth 153
Morocco 2040: Building Human Capital 157 Morocco 2040: Institutions and Governance 164 Conclusion 166
Notes 168
References 168
Chapter 9. Air Pollution: Impact on Human Health and Wealth 171
Main Messages 171
Introduction 171
Air Pollution Incidence and Impact across the Globe 173
The Economic Costs of Air Pollution 178
Recommendations for the Way Forward: Improving the Measure of Pollution Losses for Human Capital 184
Annex 9A: Valuing the Cost of Air Pollution in the Adjusted Net Saving Indicator 185 Notes 186
References 187
Chapter 10. Subsidies Reduce Marine Fisheries Wealth 189
Main Messages 189
Introduction 190
State of Global Marine Fisheries 192
Annex 10A: Maximum Sustainable Yield, Maximum Economic Yield, and How Subsidies Can Create Negative Rents 195
Notes 196 References 196
Chapter 11. Remote Sensing and Modeling to Fill the Gap in “Missing” Natural Capital 199
Main Messages 199
Introduction 199
Biophysical Quanti cation of Ecosystem Services 201
Guidelines for Data and Models in Supporting Wealth Accounting for Natural Capital 205
Economic Valuation for Wealth Accounting 206 Note 207
References 207
Appendix A. Summary of Methodology and Data Sources 211
Total Wealth 211
Natural Capital
Produced Capital
Net Foreign Assets 219 Human Capital 220 Adjusted Net Saving 222 Notes 223
References 223
Appendix B. Per Capita Wealth for 2014 225
Boxes
.    ES.1  Wealth Accounting and the Sustainable Development Goals 4 

.    ES.2  Renewables, Nonrenewables, and the Challenge of Development 11 

212 219
.    ES.3  The Carbon Wealth of Nations at Risk 14 

.    ES.4  Using Human Capital Data for Policy: A Summary of the Companion Volume 15 

.    ES.5  Intangible Capital and Diversi cation as the Engine for Development in Morocco 20 

.    1.1  Measuring Wealth in Purchasing Power Parity Terms 30 

.    1.2  Savings and Changes in Wealth 32 

2.1 Renewables, Nonrenewables, and the Challenge of Diversi cation 51
.    3.1  Oil Revenues, Electoral Cycles, and Adjusted Net Saving in Ghana 79 

.    3.2  Principles of Managing Natural Resource Revenues: Is a Fund Enough? 83 

.    5.1  Uncertainties around Carbon Wealth Estimates 102 

.    5.2  Climate Strategies of Carbon-Dependent Countries 109 

6.1 Human Capital: Wealth, by Type of Employment 119
8.1 Evaluation of the Impact of Public Policies on Gender Inequality and Growth in Morocco 163
10.1 Mauritania: Where Fisheries Capital Really Counts 191
Figures
.    ES.1  Shares of Global Wealth, by Income Group, 1995, 2005, and 2014 6 

.    ES.2  Changes in Total Wealth and Per Capita Wealth, 1995–2014 7 

.    ES.3  SharesofRenewableandNonrenewableNaturalCapitalinTotalWealth,by Region,1995 and 2014 11 

.    ES.4  Change in Per Capita Value of Forest and Agricultural Land, 1995–2014 12 

.    ES.5  Annual Growth Rates in Human Capital Wealth Per Capita, 1995–2014 (%) 16 

.    ES.6  Male Share in Human Capital Wealth, 2014 17 

.    ES.7  Self-Employed Share in Human Capital Wealth, 2014 17 

.    ES.8  Human Capital Wealth Per Capita and GDP Per Capita 18 

.    ES.9  Convergence in Human Capital Wealth Per Capita, by Gender 

.    2.1  Distribution of Global Wealth, by Income Group, 2014 46 

.    2.2  Composition of Wealth, by Income Group, 2014 48 

.    2.3  Contribution to Growth of Wealth, by Type of Asset, 1995–2014 

.    2.4  Regional Composition of Wealth, 1995 and 2014 51 

19
49
.    2.5  Shares of Renewable and Nonrenewable Natural Capital in Total Wealth, by 
Region,1995 and 2014 53 

.    2.6  Change in Per Capita Value of Forest and Agricultural Land, 1995 to 2014 54 

.    2.7  Changes in Total Wealth and Per Capita Wealth, 1995 to 2014 56 

.    2.8  Convergence in the Wealth of Nations Per Capita, 1995 and 2014 57 

.    2.9  Growth in the Main Components of the Wealth of Nations, 1995–2014 58 

.    2.10  Procedure for Estimating Adjusted Net Saving 61 

.    2.11  Adjusted Net Saving in Resource-Rich Countries, Average 2011–15 62 

.    2.12  Adjusted Net Saving, by Region, 1995–2015 63 

.    2B.1  Adjusted Net Saving for East Asia and Paci c, 1995–2015 65 

.    2B.2  Adjusted Net Saving for South Asia, 1995–2015 65 

.    2B.3  Adjusted Net Saving for Sub-Saharan Africa, 1995–2015 66 

.    2B.4  Adjusted Net Saving for Latin America and the Caribbean, 1995–2015 66 

.    2B.5  Adjusted Net Saving for Europe and Central Asia, 1995–2015 67 

.    2B.6  Adjusted Net Saving for the Middle East and North Africa, 1995–2015 67 

.    3.1  Procedure for Estimating Adjusted Net Saving 71 

.    3.2  Trends in Adjusted Net Saving for Sub-Saharan Africa, 1995–2015 73 

.    3.3  Adjusted Net Saving and Change in Wealth 76 

.    4.1  Comparing MFP Growth Measured Excluding and Including Natural Resources, Selected Petroleum Producers, 2010 91 

.    4.2  Gabon, MFP Growth Rate with and without the Inclusion of Natural Resources, 1997–2014 92 

.    5.1  Fossil Fuel Wealth, by Country, 2014 104 

.    5.2  Fossil Fuel Assets Compared with Government Revenues, by Country, 2010–14 105 

.    5.3  Time to Depletion of Oil Reserves, 2014 106 

.    5.4  Adjusted Net Saving and Nonrenewable Resource Rents 110 

.    6.1  Annual Growth Rates in Human Capital Wealth Per Capita, 1995–2014 124 

.    6.2  Male Share in Human Capital Wealth, 2014 126 

.    6.3  Self-Employed Share in Human Capital Wealth, 2014 127 

.    6.4  Human Capital Wealth Per Capita and GDP Per Capita 131 

7.1 Convergence in Human Capital Wealth Per Capita, by Gender 140
.    8.1  Components of Morocco’s Wealth Per Capita, 2005 and 2014 154 

.    8.2  Sources of Wealth in Morocco and Comparator Countries, 2014 155 

.    8.3  Enrollment Rates in Preprimary Education 158 

.    8.4  Under-Five Stunting Rate and GDP Per Capita 159 

.    8.5  Shares of Human Capital, by Gender, 2014 161 

.    8.6  Shares of Human Capital, by Type of Employment, 2014 164 

.    8.7  Degree of Social Trust, Morocco and Comparators, 2014 165 

.    8.8  Governance Indicators, Morocco and Comparators, 2015 165 

.    9.1  Leading Fatal Risk Factors Globally, 2015 174 

.    9.2  Population Reliant on Solid Fuels, 1990–2015 175 

.    9.3  Premature Deaths from Ambient PM2.5 Pollution, by Region, 1990 and 2015 176 

.    9.4  Premature Deaths from Household Air Pollution, by Region, 1990 and 2015 177 

.    9.5  Age Pro le of Premature Mortality from Air Pollution, by Region, 2015 177 

.    9.6  Global Labor Income Losses from Ambient PM2.5 and Household Air Pollution, 1995–2015 179 

.    9.7  Annual Labor Income Losses from Air Pollution, by Region, 2015 180 

.    9.8  Average Annual Change in Labor Income Losses from Air Pollution, by Region, 1995–2015 181 

.    9.9  Labor Income Losses from Air Pollution, by Income Group, 2015 181 

.    9.10  Age Pro le of Labor Income Losses from Air Pollution, by Region, 2015 182 

.    9.11  Average Annual Change in Losses from Household Air Pollution in Low- and Middle-Income Countries, 1995–2015, versus Income Level in 2015 183 

9.12 Average Annual Change in Losses from Ambient PM2.5, 1995–2015, versus Income Level in 2015 184
B10.1.1 Where Is the Wealth of Mauritania? 191
.    10.1  Trends in Global Marine Catch, 1950–2012 192 

.    10.2  State of Global Marine Fish Stocks, 1974–2013 193 

10A.1 Catch, Fishing Effort, and Rents 195
Maps
ES.1 Percent Growth in Total Wealth Per Capita, 1995–2014 7
2.1 Percent Growth in Total Wealth Per Capita, 1995–2014 56
5.1 Fossil Fuel Rent as a Percentage of GDP, by Country, 2014 100
9.1 Mean Annual Concentrations of Ambient PM2.5 Pollution, 2015 175
10.1 Where Fisheries Contribute to the Wealth of Nations 194
Tables
ES.1 Wealth, by Type of Asset and Region, 2014 8
BES.6.1 Wealth Per Capita in Morocco and Comparator Countries 20
B1.1.1 Alternative Measures of GDP Per Capita in China, 2014
30
.    2.1  Wealth and Population, by Income Group, 1995–2014 45 

.    2.2  Global Wealth, by Type of Asset, 1995 and 2014 47 

.    2.3  Trends in Wealth Per Capita in Low- and Middle-Income Countries, by Region, 
1995–2014 50 

.    2.4  Land Cover for Forest, Crops, Pasture, and Protected Areas in Low- and Middle-Income Countries, 1995 and 2014 53 

2A.1 Number of Countries in the Wealth Accounting Database, by Region and Income Group 64
.    3.1  Typology of Countries and Average Adjusted Net Saving, 1990–2015 74 

.    3.2  Decomposition of Ghana’s Adjusted Net Saving Per Capita with Population Adjustment, 2005–14 78 

.    3.3  Decomposition of Niger’s Adjusted Net Saving Per Capita with Population Adjustment, 2005–14 81 

.    4.1  MFP Average Annual Growth with and without Accounting for Natural Resources, Selected Countries, 1996–2008 88 

.    4.2  MFP Growth Rates, Selected Petroleum Producers, 1996–2014 90 

.    5.1  Wealth Shares, by Region and Income Group, 2014 100 

.    5.2  States’ Share of National Oil Companies, by Total Asset Value 108 

.    6.1  Trends in Wealth Per Capita, by Level of Development, 1995–2014 123 

.    6.2  Trends in Wealth Per Capita, by Region, 1995–2014 125 

.    6.3  Shares of Human Capital Wealth, by Gender, 1995–2014 128 

.    6.4  Potential Gains in Human Capital Wealth from Gender Equity, 1995–2014 129 

.    7.1  Levels and Gender Shares in Human Capital Wealth, by Income Group, 1995–2014 138 

.    7.2  Summary Statistics for the Variables, 1995–2010 and 1995–2014 142 

7.3 Correlates of the Growth in Human Capital Wealth of Nations Per Capita: Key Results 145
.    8.1  Morocco’s Wealth Per Capita, 2005–14 153 

.    8.2  Wealth Per Capita in Morocco and Comparator Countries 155 

.    8.3  Decomposing Morocco’s Net Wealth Creation Per Capita, 2005–14 156 

.    8.4  Potential Gains in Human Capital Wealth from Gender Equity, 2014 162 

B8.1.1 Effect of Reducing Gender Inequality on the Rate of Economic Growth 163
9.1 Labor Income Losses from Air Pollution, by Region, 1995–2015 178
11.1 Environmental Modeling and Mapping Approaches for Ecosystem Services in Support of Wealth Accounting 203
.    A.1  Data Sources for Energy and Mineral Resources 214 

.    A.2  Data Sources for Forest Timber Resources 216 

.    A.3  Data Sources for Forest Nontimber Resources 216 

.    A.4  Data Sources for Cropland and Pastureland 217 

.    A.5  Data Sources for Agricultural Land and Terrestrial Protected Land Area 218 

.    A.6  Data Sources for the Estimation of Human Capital 222 

.    A.7  Adjusted Net Saving’s Components and Primary Data Sources 222