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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 17 de julho de 2018

Forum Estadao: A Reconstrucao do Brasil - Jose Fucs, SP 25/07

No próximo dia 25/7, quarta-feira, o Grupo Estado realizará a quinta rodada do Fórum Estadão A Reconstrução do Brasil, cujo objetivo é debater os grandes desafios do País neste ano eleitoral decisivo para o nosso futuro.

Serão dois painéis – “O combate à corrupção” e “Alternativas à segurança pública” -- com a participação do juiz Sergio Moro, do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, do advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira e de outras personalidades envolvidas com os temas em debate (confira a programação abaixo).


Forte abraço,
Fucs

Quer Saber? Estadão

José Fucs
Repórter Especial O Estado de S. Paulo 
Av. Eng. Caetano Álvares, 55
6º andar - São Paulo - SP - 02598-900 

jose.fucs@estadao.com +55 (11) 3856-2652 | 9-9991-3271 (cel.)


Celso Lafer: livro de seus textos sobre RI, PExt-Br e diplomacia. em preparação pela Funag

Acabo de revisar uma versão pré-impressão deste livro: 

Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação
2 Volumes  
Brasília, Funag, 2018


Índice do Volume 1
  
Prefácio – Gelson Fonseca              
Introdução geral – Celso Lafer 

PARTE I - A reflexão da experiência
1. Uma vida na diplomacia: entrevista ao Cpdoc (1993)
2. Reflexões sobre uma gestão: 2000-2002 (2003) 
3. Uma trajetória diplomática: entrevista à revista Sapientia(2012)

PARTE II –Itamaraty
A instituição
4. A autoridade do Itamaraty (1992)
5. O Palácio do Itamaraty: Rio-Brasília (2001)
6. Uma diplomacia de fundação: O Itamaraty na cultura brasileira(2001)
7. Rio Branco e o Itamaraty: 100 anos em 10 (2002)
8. Rio Branco e a memória nacional (2012)
9. Desatar nós: posse do secretário-geral Osmar Chohfi (2001)
10. O retorno ao Itamaraty (2001)

Diálogos
11. José Guilherme Merquior: a legitimidade na política internacional (1993)
12. Gelson Fonseca Jr.: a legitimidade na vida mundial (1998)
13. Sergio Danese: Diplomacia Presidencial(1998)
14. Synesio Sampaio Goes: Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas(2000)
15. Fernando Barreto: Os Sucessores do Barão, 1912-1964(2001)
16. Rubens Ricupero: a viagem presidencial de Tancredo (2010) 
17. Gelson Fonseca: A Diplomacia Multilateral do Brasil(2015)

Memórias
18. Horácio Lafer (1900-1965): sua atualidade (2015)
19. Diplomatas contra o Holocausto (2001) 
20. Saraiva Guerreiro: um empregado do Itamaraty (1992)
21. As lições das memórias de Lampreia (2010)

PARTE III – Relações internacionais
A necessidade do campo
22. O estudo das relações internacionais: necessidade e perspectivas (1982)
23. Discurso de agradecimento pelo prêmio Moinho Santista (2001)
24. Discurso de agradecimento como professor emérito do IRI-USP (2012)

O campo teórico
25. A política externa, a paz e o legado da Grécia clássica (1982)
26. Os dilemas da soberania (1982) 
27. Karl Deutsch e as relações internacionais (1982)
28. Aron e as relações internacionais (2005)
29. A Escola Inglesa: suas contribuições (2013)
30. Andrew Hurrell: sobre a ordem global (2008)
31. Zelotismo-Herodianismo na reflexão de Helio Jaguaribe (2013) 

Tópicos específicos 
33. Guerra e Paz: o painel de Portinari na sede da ONU (2004)
34. O desarmamento e o problema da paz (1984)
35. Direito e legitimidade no sistema internacional (1989) 
36. Obstáculos a uma leitura kantiana do mundo no século XXI (2005)
37. Direitos humanos e democracia no plano interno e internacional (1994)
38. O GATT, a cláusula de nação mais favorecida e a América Latina (1971) 
39. Comércio internacional, multilateralismo e regionalismo (1991)
40. Reflexões sobre a OMC aos 50 anos do comércio multilateral (1998)
41. Perspectivas da Argentina: Felix Peña (2004)
42. Empresas transnacionais: Luiz Olavo Baptista (1987)
43. O significado da Rio-92 e os desafios da Rio+20 (2002) 
44. Mundo, ciência, diplomacia (2015) 
45. Cúpulas ibero-americanas (1992)
46. O Diálogo Transatlântico: Carlos Fuentes (2013)
47. Armas nucleares (2017)
48. O mundo e os refugiados (2016) 
49. União Europeia, 50 anos: lições do passado, desafios futuros(2007) 
50. 60 anos do GATT e da Declaração Universal dos Direitos Humanos (2008)
51. Proteção de nacionais no exterior: decisão da corte da Haia (2004)
52. A independência do Kosovo e a Corte de Haia (2010)
53. Sobre o Holocausto (2011) 
55. Variações sobre o tempo (2011)  

Índice do Volume 2

PARTE IV –A inserção internacional do Brasil: a política externa brasileira

O Brasil no mundo
56. Segurança e desenvolvimento: uma perspectiva brasileira (1972) 
57. Panorama geral da situação internacional (1981)
58. Representação, controle e gestão em política externa (1984) 
59. Dilemas da América Latina num mundo em transformação (1988) 
60. A inserção internacional do Brasil (1992)
61. Diplomacia e parlamento (1992) 
62. Relações internacionais do Brasil: palestra na ESG (1992)
63. O mundo mudou (2001) 
64. Repúdio ao terrorismo (2001) 
65. O Brasil, sua gente e o Oriente Médio (2012)
66. O Brasil num mundo conturbado (2016)

Lições do passado
67. 1ª e 2ª conferências da paz de Haia, 1899 e 1907 (2010)
68. O Brasil e a Liga das Nações (2000) 
69. Conferência do Rio de 1992 (1998) 
70. Gerson Moura: a política externa de Vargas e Dutra (1992) 
71. Diplomacia de JK: dualidade a serviço do Brasil (2001)
72. Política exterior brasileira: um balanço da década de 1970 (1981) 
73. Brasil-EUA: história e perspectivas das relações diplomáticas (1982)
74. Possibilidades diplomáticas do governo Tancredo Neves (1985)
75. A viagem presidencial de Tancredo Neves: seu significado (1985)
76. A política externa do governo Collor (2017) 
77. Reflexões sobre o 11 de setembro (2003)
78. Um olhar sobre o mundo atual (2015)
79. A herança diplomática de FHC (2004) 
80. Ação, experiência e narração em FHC (2006) 

Parceiros vitais do Brasil
81. Brasil-Argentina – uma relação estratégica (2001) 
82. Relações Brasil-Portugal: passado, presente, futuro (2000) 
83. A política externa do Brasil para a América Latina (2014)
84. O Brasil na América Latina (2013) 
85. Reflexões sobre a CPLP: lusofonia, sonhos e realidade (2013)
86. Reflexões sobre o tratado de 1895 com o Japão (2015) 

Questões polêmicas
87. A ONU, Israel e o sionismo (1975) 
88. Entusiasmo no Itamaraty? (2003)
89. Partidarização da política externa (2009) 
90. A política externa: necessidades internas, possibilidades externas (2006) 
91. A política externa e a crise política (2005)  
92. Variações sobre a política externa (2006)
93. Novas variações sobre a política externa (2007)
94. Diplomacia brasileira: novas variações críticas (2010) 
95. Ahmadinejah no Brasil: um equívoco (2009)
96. O Brasil e a nuclearização do Irã (2010) 
97. O Mercosul, a Venezuela e a cláusula democrática (2009)
98. Asilo diplomático: o caso do senador Roger Pinto (2013)

PARTE V –Personalidades

Personagens
99. Gerson Moura (1939-1992): In Memoriam (1992)
100. José Guilherme Merquior: diplomacia da inteligência (2001)
101. Sérgio Vieira de Mello: uma vida na construção da paz (2003)
102. Em louvor de Aristides de Souza Mendes (1885-1954)(2004)
103. Homenagem a Celso Furtado (1920-2004) (2005)
104. Gilberto Dupas: uma homenagem (2009) 
105. Com coragem, Mandela fez o impossível (2013)
106. De Klerk: um herói da retirada (2014)
107. Octavio Paz: a democracia no mundo ibero-americano (2014) 
108. Sergio Paulo Rouanet e a questão da democracia (2014)
109. Shimon Peres (1923-2016): um estadista diplomata (2016) 
110. Rubens Ricupero: saudação ao professor emérito (2016) 
111. Koffi Annan e as Nações Unidas (2001)
112. Antonio Guterres na ONU (2017) 

Biobibliografia do autor

Rubens Ricupero e Affonso Santos lançam livros no Itamaraty do Rio de Janeiro, 25/07, 10:00hs


Palestra-debate no IRBr: O Brasil e a busca de status internacional - IRBr, 26/07, 16:00

Palestra-debate no IRBr: O Brasil e a busca de status internacional


            O Instituto Rio Branco (IRBr), a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) convidam para uma nova palestra-debate na série “Diálogos internacionais”, com a pesquisadora, diplomata (2007-2010) e professora Marina Guedes Duque, sobre “O Brasil e a busca de status internacional”. Marina Guedes Duque é Mestre pelo IRel-UnB e PhD pela Ohio State University, com pós-doutorado nas universidades de Harvard e Princeton. Atualmente é professora da Florida State University; o paper base para os debates encontra-se disponível no seguinte link: https://doi.org/10.1093/isq/sqy001. O ministro Benoni Belli (SPD) atuará como debatedor. A palestra será feita nas salas 1 e 2 do Instituto Rio Branco, no dia 26 de julho, às 16h00.

Banco Mundial: publicacao sobre as migrações e os mercados de trabalho

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June 2018. 308 pages.
English Version. Paperback.
ISBN: 978-1-4648-1281-1
Price: $45.00
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Moving for Prosperity
Global Migration and Labor Markets
By the World Bank
Now Available!
Migration presents a stark policy dilemma. Research repeatedly confirms that migrants, their families back home, and the countries that welcome them experience large economic and social gains. Easing immigration restrictions is one of the most effective tools for ending poverty and sharing prosperity across the globe. Yet, we see widespread opposition in destination countries, where migrants are depicted as the primary cause of many of their economic problems, from high unemployment to declining social services.
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Moving for Prosperity: Global Migration and Labor Markets addresses this dilemma. It suggests a labor market–oriented, economically motivated rationale to the political opposition to migration. Global migration patterns lead to high concentrations of immigrants in certain places, industries, and occupations. It is these geographic and labor market concentrations of immigrants that lead to increased anxiety, insecurity, and potentially significant short-term disruptions among native-born workers.
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In addition to providing comprehensive data and empirical analysis of migration patterns and their impact, the report argues for a series of policies that work with, rather than against, labor market forces. Policy makers should aim to ease short-run dislocations and adjustment costs so that the substantial long-term benefits are shared more evenly. Only then can we avoid draconian migration restrictions that will hurt everybody.
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Moving for Prosperity aims to inform and stimulate policy debate, facilitate further research, and identify prominent knowledge gaps. It demonstrates why existing income gaps, demographic differences, and rapidly declining transportation costs mean that global mobility will continue to be a key feature of our lives for generations to come. Its audience includes anyone interested in one of the most controversial policy debates of our time.
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World Bank | 1818 H Street NW, Washington, DC 20433
 
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Trump Day, again and again (mas um Trump Day especial): material da imprensa internacional

Hoje, 17/07/2018, é um Trump Day na imprensa internacional, como aliás foram todos os dias anteriores, nos dois anos até aqui, desde que americanos inconscientes elegeram aquele que é, seguramente, o pior presidente de todos os tempos, desde George Washington até hoje, quiçá desde Abraão, nos tempos bíblicos, passando pelo declínio e a queda do Império Romano, tema magistralmente estudado por Edward Gibbon (que talvez tivesse alguma coisa a dizer sobre o declínio deste outro “Império romano”).
Digo isto porque a imprensa internacional, pelo que pude verificar por alguns títulos rapidamente visualizados, se dedica, pela mão de seus melhores editorialistas, ao que foi, certamente, o pior momento do pior presidente da história política americana: depois de destruir mais um pouco a OTAN e de ofender gratuitamente a maior parte dos aliados europeus dos EUA, o inacreditável personagem conseguiu fazer algo que nenhum presidente anterior jamais tinha feito: desacreditar as próprias instituições do seu país numa colusão com aquele que representa, possivelmente, o maior inimigo atual da América, de seus princípios e valores, de seus ideais democráticos e humanitários, o neoczar russo, autocrata e absolutista, bem diferente daquele outro imperador autocrata, que gostaria de ser amigo da América e não consegue (porque necessita dela para a prosperidade do seu povo, mas a isso vem sendo impedido pela esquizofrenia econômica e comercial do indescritível personagem).
Vejam alguns títulos da imprensa internacional, tal como coletados pelo infatigável trabalho de seleção de meu amigo e colega Pedro Luiz Rodrigues, com seu faro atilado de jornalista:
The New York Times – 17.7.2018
Trump and Putin vs. America
Thomas L. Friedman
Washington Post – 17;7;2018 – Editorial
Trump just colluded with Russia. Openly.
Les Echos, Paris -17.7.2018
Et le vainqueur est… Poutine
Jacques Hubert-Rodier
Financial Times, Londres – 17.7.2018
Trump’s five days of diplomatic carnage
The US president leaves Europe with Nato in turmoil and Putin in a stronger position
Edward Luce
Pessoalmente, creio que o artigo de Tom Friedman deveria se chamar “Trump and Putin against America”. O editorial do Washington Post fala claramente de uma colusão aberta entre os dois, da qual Putin consagra-se vencedor, como diz o editorialista do Les Echos. Edward Luce, do Financial Times, prefere examinar a “carnificina diplomática” perpetrada pelo inacreditável personagem em seu tour europeu.
Assim como houve, no passado, uma coalizão europeia contra as invasões bárbaras, contra Átila e seus hunos, creio que está na hora dos dirigentes europeus, e até chineses e brasileiros, se unirem contra o novo Alarico, o novo Átila que bate às portas.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 17/07/2018

segunda-feira, 16 de julho de 2018

PRA: promovido, despromovido, confundido, trocado, enganado, inventado

Não se pode pedir aos jornalistas que publiquem matérias elogiosas, favoráveis, estimulantes, excitantes. Deles se espera apenas que se atenham aos fatos, à simples verdade dos fatos. 
Na semana passada, mais exatamente dia 12/07/2018, fui surpreendido com uma nota no JB, que citava o meu nome, numa matéria colocada sob o signo de "Caça às bruxas". 
Não tenho a menor ideia de qual a relação entre a minha carreira e alguma "caça às bruxas".
Enfim, tentei ler a matéria por inteiro, mas não consegui, a despeito de ter, inclusive, mandado mensagem a seu autor, o jornalista Jan Theophilo.
Hoje, finalmente, ao ser alertado para mais uma nota citando o meu nome, pude acessar a matéria, e tive a oportunidade de também ler a matéria original, a tal da "caça às bruxas".
Constatei que a confusão continua, mas não tenho nenhum problema em postar ambas as matérias aqui abaixo. Apenas informo que a "oficina de reparos" não reparou nada, apenas acrescentou à confusão.
Minha simples recomendação ao jornalista em questão seria a de que ele verificasse exatamente a veracidade, a correção, a fiabilidade do que decide publicar.
Em todo caso, serviu como divertimento...
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 16/07/2017


Caça às bruxas

Alguma coisa anda foram de ordem nos corredores do Ministério das Relações Exteriores. Enquanto alguns diplomatas tidos como rebeldes são postos na geladeira, o Itamaraty segue a linha de promover aos níveis mais elevados da carreira antigos opositores dos governos do PT. O diplomata Julio de Oliveira Silva, foi removido do cargo de vice-cônsul em Nova York após criticar publicamente o governo Temer em um artigo para Carta Capital e desde então está sem função determinada. Outros embaixadores petistas estão sendo expulsos do “circuito Elizabeth Arden” e transferidos para as embaixadas mais sem importância. Por outro lado, nomes como o do diplomata Paulo Roberto de Almeida, que era do quadro especial, a chamada “reserva dos diplomatas”,  acaba de ser promovido a embaixador pelo secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães. Como diz o ditado: pimenta nos olhos dos outros é refresco.


Oficina de reparos 

Como já dizia Dalva de Oliveira: “Errei sim, manchei teu nome”. Paulo Roberto de Almeida é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty, e não mais secretário-geral, cargo que já ocupou, como saiu publicado equivocadamente pela coluna.

Rubens Barbosa: livro e entrevista sobre agenda modernizadora do Brasil

'O que Trump está fazendo já repercute no Brasil', 

diz diplomata

Rubens Barbosa publica artigos no livro 

'O Lugar do Brasil no Mundo: Agenda Modernizadora'


Renata Tranches, O Estado de S.Paulo
14 Julho 2018 | 16h00

Em um cenário internacional de transformações e incertezas, o Brasil precisa encontrar seu lugar. O caminho a seguir deveria estar na pauta e nos debates entre os candidatos na próxima eleição, como afirma o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA. Questões como a política econômica do governo Trump e a crise na Venezuela não deveriam ficar alheias ao debate político interno. Em seu livro O Lugar do Brasil no Mundo: Agenda Modernizadora, ele sugere ideias e propostas para esse debate em uma coletânea de artigos publicados no Estado entre 2014 e 2017. A seguir, a entrevista que Barbosa concedeu ao Aliás
Rubens Barbosa
Rubens Barbosa, autor de 'O Papel do Brasil no Mundo: Agenda Modernizadora' Foto: Amanda Perobelli/Estadão
Falta debate sobre a política externa brasileira entre os candidatos à Presidência?
Deveríamos colocar isso na agenda. Não se pode discutir apenas a macroeconomia, a estabilidade do País. O mundo está se transformando numa rapidez muito grande. Veja o que acontece com Trump. O que ele discute lá, o que mexe lá tem repercussão no mundo inteiro. Qual é o lugar do Brasil do mundo? Precisamos começar a discutir esse tema. Ele não está na pauta dos candidatos. Único tema que eu vi discutido nos últimos meses em termos de política externa foi o dos refugiados da Venezuela. É importante, mas é pouco.  
O que deveria estar na pauta? 
O Brasil é percebido como um país importante. Nós somos uma das dez maiores economias do mundo, apesar dessa crise toda pela qual estamos passando. Como estamos muito voltados para dentro, por causa da crise, não nos damos conta de que o Brasil é um país relevante no cenário global. E o problema é que ignoramos isso. Deveria haver no Brasil um debate de uma agenda política, diplomática, econômica e comercial e de inovação e tecnologia, que vai influir na própria formulação da política econômica. Mas aqui não há essa percepção que os fatores externos têm uma influência muito grande na definição da política econômica. O Brasil é um país muito grande, tem grandes problemas e há essa percepção de que o Brasil tem uma fronteira que delimita a autonomia do País de definir política econômica e agenda externa. Isso não existe.  
O próximo governo lidará pelo menos por dois anos com a política econômica do governo Trump. Como o Brasil pode se preparar para esse cenário? 
O que o Trump está fazendo já tem repercussão no Brasil, na economia brasileira. Quando ele baixa os tributos isso tem um impacto para a competitividade brasileira. Quando o novo governo fizer, espero que se faça, uma reforma tributária, vamos ter de levar isso em consideração. Não adianta nada congelar os tributos e ter de baixá-los para as empresas brasileiras serem competitivas no exterior. Sobre essa questão das barreiras que ele está colocando, do protecionismo americano, num primeiro momento pode ser que haja um produto brasileiro que se beneficie do desvio de comércio para a China ou da China ou de algum outro país para os EUA. Mas a médio e longo prazo, em termos comerciais, o Brasil vai perder como todos os outros países.  
De que outras formas essa política pode prejudicar o Brasil?
Um outro aspecto é que essas medidas americanas geram uma grande incerteza no cenário internacional. E essa incerteza vai fazer com que haja menos investimento e uma queda do crescimento global e do comércio exterior. Já estamos sentindo aqui no Brasil o aumento da taxa de juros lá nos EUA. O real se desvalorizou muito com relação ao dólar por causa da política monetária seguida pelos EUA.  
O sr. vê propostas nesta área nessas eleições? 
O que ocorre lá fora imediatamente tem impacto aqui no Brasil e uma das necessidade de todos os candidatos aqui é aumentar o comércio exterior, porque isso gera mais emprego no Brasil. Agora, o ambiente externo está se transformando em um algo diferente dos últimos anos, em que o Brasil poderia ter se beneficiado. Hoje, o ambiente externo de incerteza, de insegurança e de queda no crescimento e do comércio exterior não é tão favorável ao Brasil. Trump também está ameaçando taxar automóveis da Europa. Isso vai ter um efeito brutal. Automóveis são uma das áreas do comércio exterior que mais têm comércio. Terá efeito em todos os países, incluindo Brasil, que exporta para o México, para a Argentina. O futuro governo vai ter de se preocupar com essas coisas e vai ter de agir rapidamente para ajustar a economia brasileira a essa nova situação internacional. 
O que mais preocupa nessa nova situação? 
Um outro fator importante para o Brasil é o que o vai acontecer com a Organização Mundial do Comércio (OMC), que os EUA querem destruir, acabar com ela. A OMC é importante para o Brasil por causa do mecanismo de solução de controvérsias. Países de médio porte, como o Brasil, e pequenos têm de confiar nesses mecanismos de julgamento de diferenças comerciais entre as nações. Para nós, é importante que a OMC seja mantida com força nessa área de arbitragem, de solução de controvérsias.  
Como o senhor definiria hoje a política externa brasileira? 
Em resumo, o Brasil tem de terminar seu isolamento e o atraso do País em termos de inovação e tecnologia. O Brasil tem de definir onde está seu interesse a médio e a longo prazo, coisa que não estamos fazendo. O Brasil e o Mercosul nos últimos 18 anos assinaram três acordos comerciais. O mundo negociou mais de 400. Estamos isolados, o Brasil está isolado, atrasado e crescendo menos. Essa que é a realidade. Não adianta melhorar a situação aqui sem se colocar no mundo. Temos de aumentar a voz do Brasil no mundo, nos organismos internacionais e inserir o Brasil de novo nos fluxos dinâmicos da economia e do comércio exterior.  
Quais foram as consequências? 
Nós perdemos competitividade. Esse que é o grande problema hoje da economia, da produção nacional, da exportação nacional. É a perda da competitividade por políticas equivocadas, pelo aumento dos impostos, pela burocracia, pela ineficiência. Isso é resultado dos últimos 15, 16 anos. Com o nosso isolamento e a política de se privilegiar o sul, a política Sul-Sul, ficamos longe dos países desenvolvidos, onde estão tecnologia, financiamento e inovação.  
O senhor cita em seus artigos o exemplo da França, onde um movimento de centro venceu o debate polarizado entre esquerda e direita. Teremos algo parecido?
Bom, não vimos isso até aqui. Vamos ver quando começar o debate na TV, no qual todos os candidatos vão falar. Tem de haver um debate público em que essas ideias todas sejam discutidas. Temos de eleger um candidato que saiba qual é o desafio interno e o externo, e quais propostas ele vai apresentar para tirar o Brasil desse buraco que a gente está.  
Por que, como o senhor diz, as próximas eleições serão um divisor de águas? 
No segundo turno, vamos ter um debate entre dois modelos. Um modelo estatista, olhando para trás, e um modelo de reformas, de alguns candidatos que queiram fazer reformas. É entre isso que a população vai decidir e terá impacto nos próximos 10, 15 anos. Se a população brasileira escolher um candidato que olhe para trás e queira desfazer as reformas que foram feitas ultimamente, então a crise que estamos vivendo vai continuar muito forte e vai nos levar a uma situação próxima à da Grécia. Já estamos vendo isso no Rio de Janeiro. Se escolhermos um candidato que se proponha a fazer reformas, olhar para frente, abrir a economia, vamos ter a possibilidade de juntar aos fluxos dinâmicos da economia e do comércio internacional. A opção que a sociedade vai fazer terá muita importância para os jovens, que enfrentarão o problema do desemprego, da melhoria das condições de vida aqui no Brasil.  
A Venezuela é um tema importante. Houve uma mudança recente na abordagem ao tema? 
O Brasil tem de ter uma participação mais ativa para encaminhar alguma solução . Não sei como é que vai ser. A Venezuela, que está na fronteira, tem esse problema dos refugiados, dos direitos humanos que o Brasil tem de enfrentar. Há além disso a ameaça à nossa fronteira, por onde entram drogas, armas. Foi feita uma correção de rumo importante. Antes estávamos com a (ex-presidente) Dilma defendendo a Venezuela quando já se sabia que o país estava num caminho autoritário, pouco democrático. Com a mudança do governo aqui, o impeachment, o Brasil passou a criticar o regime na Venezuela e a cobrar do país mudanças políticas, liberdade dos presos políticos, autorização para levar ajuda humanitária. Com o novo governo, o Brasil terá de ter uma posição com outros países, com os EUA, com o México, a Colômbia, para resolver o problema e tornar a Venezuela democrática.

domingo, 15 de julho de 2018

Uma revelacao surpreendente, uma explicacao necessaria - Paulo Roberto de Almeida

Uma revelação surpreendente, uma explicação necessária

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: retirar fundamento de um boato; finalidade: esclarecimento público]

Minha atenção foi chamada, recentemente, para uma revelação surpreendente, feita em tom de confidência por um amigo que a ouviu, direta ou indiretamente, de algum colega diplomata, segundo a qual eu estaria integrando a equipe de apoio de um dos candidatos às próximas eleições presidenciais – ou seja, fazendo parte de um grupo de formulação de políticas – e que eu poderia vir a ser membro de seu ministério, na área das relações exteriores, se por acaso esse candidato, classificado à direita no âmbito do espectro político, viesse a ser eleito. Não sei exatamente de onde pode ter saído tal “informação”, mas ela não corresponde absolutamente à minha postura, na atual campanha eleitoral, por motivos que julgo relevante explicar, por simples cuidado de transparência, aliás confirmada em relação a minha produção intelectual e atividades públicas, objeto de registro e divulgação em minhas ferramentas de comunicação social, como por exemplo o blog Diplomatizzandoe o meu site pessoal, nos quais estão consignadas minhas listas de trabalhos originais e os publicados. 
Não estou, por razões de ética profissional e de simples acatamento a uma postura totalmente independente em relação a partidos e movimentos políticos, a serviço de qualquer um dos atuais ou futuros candidatos à presidência da República, assim como não postulo, e não desejo, por razões eminentemente práticas, exercer qualquer cargo executivo em eventual governo que venha a tomar posse em janeiro de 2019. Preservo total autonomia de pensamento e ação no terreno da política e, embora seja um cidadão consciente de minhas obrigações cívicas nessa área, não aspiro cargos ou assessorias em qualquer governo que venha a se formar a partir das eleições de outubro do corrente ano. Pretendo manter minha atitude de distanciamento crítico em relação a qualquer um dos candidatos à presidência do Brasil, em especial em relação ao candidato ao qual pretendem, contra a minha vontade, me vincular politicamente.
Essa revelação surpreendente pede algum esclarecimento sobre suas prováveis origens, assim como minha postura aqui exposta apela a uma explicação credível; é a isto que se destina a presente nota. Meus colegas de carreira estão quase amplamente informados, mas não necessariamente o público externo, de que, dentre os diplomatas que, na vigência dos governos do PT, foram considerados como “adversários políticos” de um regime que eu nunca hesitei em considerar nefasto ao Brasil, eu fui o único que permaneci, na inteira vigência daquele “reinado”, sem qualquer cargo ou função na Secretaria de Estado, aliás até o presente momento. Desde o início de 2003, quando fui expressa e deliberadamente vetado para um cargo no Itamaraty, ao qual eu tinha sido convidado em razão de minha capacitação na área, atravessando os dois governos Lula e um e meio de sua sucessora, e até o momento mesmo do impeachment, em maio de 2016, eu nunca exerci qualquer função na Secretaria de Estado, vetado que estava para o exercício das atividades às quais eu estava vinculado por dever de ofício, e isso contrariamente a normas administrativas a que o Ministério deveria estar adstrito. Já me expliquei, em diversas ocasiões, mas especialmente em dois textos divulgados em meu blog pessoal – uma primeira vez em 18 de dezembro de 2016, uma segunda em 26 de junho de 2018: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/uma-longa-travessia-do-deserto.htmlhttps://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/duas-pedras-no-meio-do-caminho-paulo.html– sobre como transcorreu essa longa travessia do deserto funcional a que estive relegado, um exílio involuntário que durou exatamente o dobro de meu primeiro exílio, voluntário, a que fui levado durante o período da ditadura militar. 
Pois bem, a que se poderia atribuir a “informação” em questão, dado que sempre fui extremamente discreto quanto às minhas escolhas políticas, mas deliberadamente aberto e transparente quanto ao que penso em relação a políticas e políticos em geral? Provavelmente ao fato que nunca escondi o que pensava – e isto está registrado em inúmeros trabalhos publicados desde antes de 2003 – sobre o partido companheiro e suas políticas esquizofrênicas para a administração do país. Paralelamente às minhas atribuições profissionais na carreira diplomática, exerço desde sempre atividades complementares no mundo acadêmico, sendo autor de muitos livros e artigos sobre os mais diversos assuntos de interesse em meu universo de preocupações intelectuais. Pode-se dizer que fui o único diplomata a ter escrito e publicado artigos e livros que podem ser classificados como objetivamente – e até subjetivamente – críticos em relação ao regime e suas políticas públicas, especialmente sua política externa, que sempre chamei de “lulopetismo diplomático”. 
Entendo que devo a essa postura de objeção pessoal à maior parte das políticas companheiras, em especial na área externa, o fato de ter sido agora alinhado “à direita” do espectro político, posição que rejeito não apenas por convicções ideológicas, mas também porque ela não corresponde absolutamente à verdade dos fatos. Aliás, eu nunca fui crítico do PT e das políticas companheiras porque estas e o seu partido seriam “de esquerda”, o que eu considero plenamente admissível no terreno das opções políticas disponíveis a qualquer cidadão consciente e participante ativo do jogo político, como aliás eu mesmo sou, mesmo sem estar integrado a qualquer partido, o que nunca fiz e não pretendo fazer. Sempre fui opositor daquelas políticas e de seus promotores pelo fato singelo de que sempre considerei que eles fossem totalmente ineptos na condução das políticas públicas, e por saber, de antemão – o que depois se revelou amplamente – que eles eram tremendamente corruptos no exercício do poder, além de dominados por um inaceitável espírito totalitário. 
Creio que os inúmeros textos meus divulgados a esse respeito – a maior parte deles livremente disponíveis nas ferramentas pessoais e na plataforma Academia.edu, e os mais representativos no livro Nunca antes na diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais(Appris) – podem ter causado essa impressão de que eu estaria identificado com, ou trabalhando para, um desses candidatos também crítico aos companheiros, o que eu desminto formalmente. Recentemente formulei algumas propostas de política econômica externa – notadamente o capítulo sobre “relações internacionais” no livro organizado por Jaime Pinsky, Brasil: o futuro que queremos(Contexto, 2018) – o que pode, mais uma vez, ter aberto espaço para esse tipo de associação que absolutamente inexiste. 
Se ouso ser ainda mais transparente quanto às minhas preferencias políticas, posso confirmar, formalmente, que não sou, nem pretendo ser, eleitor do candidato em questão, por divergir filosoficamente, e absolutamente, de suas posturas gerais em uma variedade muito ampla de terrenos e políticas públicas. Se existe algum candidato que se aproxima mais ou menos daquilo que eu mesmo penso quanto à natureza e sentido das medidas que deveriam ser implementadas por algum estadista (até aqui inexistente) eventualmente alçado à condição de presidente, esta pessoa seria o candidato do partido Novo, com o qual a minha interface de ideias é mais ampla e bem mais convergente. Depois de ter sido marxista na juventude, sou, na idade madura, um libertário puro. 
Espero que estas minhas explicações sejam suficientes para eliminar qualquer questionamento quanto às minhas preferências políticas, ou qualquer “revelação” de que eu estaria interessado em exercer cargos executivos, mesmo em minha área de trabalho. Sou, e pretendo continuar sendo, um espectador engajado, e não mais do que isso. 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de julho de 2018