O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 13 de outubro de 2018

Fascistas de esquerda e de direita - Antony Mueller (Mises Brasil)

A esquerda "anti-fascista" tem muito em comum com os fascistas originais

"A esquerda não é oponente do fascismo, mas sim uma genuína representante", escreve Antony Mueller, em artigo publicado pelo Mises Brasil:

As ideias anti-capitalistas são hoje propagadas de maneira mais colérica por integrantes de movimentos ditos progressistas e "anti-fascistas".

Mas eis a grande ironia: embora estes auto-proclamados anti-capitalistas (e declarados "inimigos da direita") se rotulem de "anti-fascistas", a realidade é que, mais do que qualquer outra ideologia, o fascismo é exatamente o que caracteriza suas idéias.

Mas, afinal, o que é o fascismo e qual o conteúdo desta ideologia?

O "Manifesto Fascista"

Manifesto Fascista foi proclamado em 1919 por Alceste De Ambris e Filippo Tommaso Marinetti.

Em seu panfleto, os autores defendiam a implantação de um salário mínimo estipulado pelo governo e de uma jornada de trabalho de apenas oito horas diárias (um valor pequeno à época). Defendiam também que os trabalhadores tivessem representantes no alto escalão administrativo das indústrias e que os sindicatos tivessem o mesmo poder decisório que os executivos do setor industrial e os funcionários públicos.

Os autores do Manifesto Fascista também exigiam um imposto de renda progressivo (alíquotas mais altas para quem ganhasse mais), seguro-invalidez bancado pelo estado, e outros tipos de benefícios sociais, além da redução da idade de aposentadoria.

Mais: o Manifesto exigia o confisco da propriedade de todas as instituições religiosas, bem como a estatização da indústria de armas.

E não parava por aí: os autores do Manifesto Fascista também defendiam a criação de um sistema corporativista de "Conselhos Nacionais" (semelhantes aos sovietes), os quais seriam formados por especialistas eleitos por suas respectivas organizações profissionais, os quais teriam poderes legislativos em suas respectivas áreas.

Finalmente, De Ambris e Marinetti exigiam um pesado imposto progressivo sobre os lucros e os ganhos de capital com o intuito de expropriar uma fatia de toda a riqueza dos capitalistas.

Em 1922, o socialista Benito Mussolini ascendeu ao poder na Itália sob o estandarte do fascismo, e prontamente colocou em prática grande parte deste programa fascista que havia sido proclamado no Manifesto alguns anos antes.

Comparado ao Manifesto Comunista

Uma comparação com o Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels, e publicado em 1848, revela a relação siamesa entre fascismo e comunismo.

O Manifesto Comunista de 170 anos atrás apresentava 10 medidas necessárias para que um país se tornasse socialista. Dentre elas:
*Imposto de renda fortemente progressivo.*Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital do Estado usufruindo monopólio exclusivo.*Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de comunicação e transporte.*Unificação do trabalho agrícola e industrial com o objetivo de eliminar gradualmente o contraste cidade e campo.*Educação gratuita para todas as crianças nas escolas públicas, eliminação do trabalho infantil nas fábricas em sua forma atual, e unificação da educação com a produção industrial.
Todos estes itens foram implantados pelos fascistas.

Ainda de acordo com o Decálogo Comunista, os itens que faltavam para que o socialismo pleno fosse alcançado sob o fascismo eram:
*Expropriação da propriedade sobre a terra e aplicação de toda a renda obtida com a terra nas despesas do Estado. (Item 1)*Confisco da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes. (Item 4)*Trabalho obrigatório para todos. Criação de exércitos industriais, em especial para a agricultura. (Item 8)
Mas melhora. Tanto os comunistas quanto os fascistas serviram de inspiração aos nazistas, que copiaram suas idéias no programa oficial do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, lançado em 1920.

As exigências do Partido Nazista

O próprio Adolf Hitler em pessoa estava presente quando os 25 pontos do programa do Partido Nazista foram anunciados no dia 24 de fevereiro de 1920. O termo nazismo já dizia tudo: era a abreviação de NSDAP, que significa Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães).

Em 1925, a Assembléia Geral do NSDAP declarou que o programa lançado em 1920 era "imutável". E, em 1941, Adolf Hitler determinou que todos os futuros líderes do Reich deveriam jurar obediência aos 25 pontos.

O Programa do Partido Nazista incluía demandas como:

*Socialização de empresas monopolistas
*Municipalização de grandes lojas de departamento
*Expropriação de terras para propósitos caritativos
*Proibição da especulação imobiliária
*Expansão de todo o sistema educacional estatal
*Um abrangente sistema de escolas públicas gratuitas, com generosos estipêndios e bolsas estudantis
*Defesa do meio ambiente em conjunto com a promoção da saúde e do preparo físico da população

Em particular, o programa do Partido Nazista exigia:
*abolição do "rentismo", isto é, a renda fácil não-oriunda do trabalho (item 11)*confisco dos lucros oriundos de atividades de guerra (item 12)*estatização de todas as empresas monopolistas (item 13)*distribuição dos lucros das grandes empresas (item 14)*generosa expansão de pensões e aposentadorias (item 15)*criação de uma classe média saudável (item 16)*reforma agrária adaptada às necessidades nacionais; criação de uma *lei para a livre expropriação de terras para propósitos caritativos. *Abolição do consumo da terra e proibição de toda e qualquer especulação imobiliária (item 17)
No item 20, o programa do partido exigia que "o estado deve garantir que todo o nosso sistema educacional nacional seja completamente expandido" por meio de um amplo sistema de subsídios para a educação.

No item 21, o programa estipulava que "o estado tem o dever de ajudar a elevar o padrão da saúde nacional fornecendo centros de maternidade, proibindo o trabalho adolescente, aumentando a capacitação física por meio da introdução compulsória de jogos, olimpíadas e ginásticas, e encorajando ao máximo possível a formação de associações voltadas para a educação física dos jovens".

Os nazistas defendiam a criação de um "Exército Popular" — nada diferente daquilo que, mais tarde, os socialistas implantariam na Ásia e no Leste Europeu.

Não há diferença

Essa seleção de demandas existentes nas plataformas dos socialistas, fascistas e nazistas mostra o alto grau de similaridade entre as linhas de pensamento dessas três ideologias.

Aquilo que os socialistas expressam em seu slogan 'de cada qual, segundo suas capacidades; a cada qual, segundo suas necessidades' é igual à máxima nazista de que 'o bem comum vem antes do bem privado'('Gemeinnutz vor Eigennutz') e igual ao lema fascista do 'tudo dentro do estado, nada fora do estado, nada contra o estado'.

Não é surpresa nenhuma que governos socialistas, fascistas e nacional-socialistas tenham agido como regimes repressores que não geraram nem prosperidade e nem paz, mas sim miséria, supressão de direitos humanos básicos e guerras.

Os atuais movimentos socialistas, que se definem como progressistas e anti-fascistas, simplesmente utilizam uma falsa terminologia para esconder sua verdadeira agenda. Ao mesmo tempo em que se rotulam "anti-fascistas" e declaram que o fascismo é seu inimigo, esse movimento "anti-fascista" é, essencialmente, fascista. Seus membros não são oponentes do fascismo, mas sim seus genuínos representantes.

Conclusão

No final, comunismo, socialismo, nazismo e fascismo são rótulos que se unem sob o estandarte do anti-capitalismo e do anti-liberalismo. São contra o indivíduo, contra a propriedade privada, e contra a liberdade empreendedorial.

O movimento progressista "anti-fascista" é, em si mesmo, um movimento fascista. O inimigo desse movimento não é o fascismo, mas sim a liberdade, a paz e a prosperidade.

Obrigatoriedade estatal, custos privados, mania brasileira: Musica nas escolas (G1)

Politicos brasileiros, especialmente os companheiros, cultivam, sempre cultivaram, a obrigatoriedade compulsória, se me permito a redundância. Ou seja, criam uma nova obrigação, impondo custos ao próprio Estado e aos privados, sem sequer atentar para o absurdo de certas decisões sem condições necessárias para serem implementadas.
Os companheiros tornaram espanhol obrigatório para o primário, sociologia e filosofia no secundário, e uma infinidade de outras obrigações que aumentaram ainda mais as despesas públicas e os custos privados.
Não poderia dar certo...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/10/2018

Lei que torna o ensino de música obrigatório na rede pública completa dez anos, mas não é implementada

Um dos entraves é a formação. Segundo Censo, país tem 128 cursos específicos para formação de professores em música com 8.384 vagas. Em 2016, 2.246 concluíram.

G1, 12/10/2018
Lei que torna o ensino de música na rede pública completa dez anos, mas não é implementada
Lei que torna o ensino de música na rede pública completa dez anos, mas não é implementada 
A legislação que torna o ensino de música obrigatório nas escolas da rede pública e privada do Brasil completou dez anos em 2018, mas o que se vê na prática é que ela ainda não saiu do papel. 
Segundo especialistas ouvidos pelo G1, a maioria das escolas que oferecem alguma atividade na área contam com a iniciativa isolada de professores ou coordenadores: não há políticas públicas nacionais que garantam a implementação da lei. 
A obrigatoriedade de incluir o ensino de música na grade curricular das escolas ocorreu por meio da lei número 11.769, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases Orçamentárias (LDB) em agosto de 2008. 
Há dois anos, uma nova lei, a de número 9.394, ampliou a legislação anterior e definiu que, além da música, as artes visuais, a dança e o teatro também devem compor o ensino de arte como componente obrigatório no ensino básico. 
Alessio Costa Lima, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime), diz que a lei só poderia ser implementada se viesse acompanhada por uma política pública nacional. 
“Sabemos que o ensino de música é importante. Mas para ser exequível precisa levar em conta a realidade local e precisa vir acompanhada de uma política pública nacional com essa finalidade” - Alessio Costa Lima, presidente da Undime.
Lima reforça que a criação de bandas marciais é uma demanda das escolas, principalmente para os desfiles cívicos de 7 de setembro. “Porém, os municípios não conseguem dar conta da implementação sem a dotação orçamentária. Acaba em uma legislação que não é cumprida e não é por falta de má gestão, é apenas falta de condição estrutural." 
O presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Marcus Vinícius Medeiros Pereira, disse que a ampliação proposta em 2016 foi importante para fortalecer a arte. No entanto, Pereira critica o fato de a legislação ser “imprecisa e ambígua”, porque nela ainda há a figura do professor de educação artística “polivalente”. 
“Teríamos quatro professores [de música, artes visuais, dança e teatro] trabalhando juntos de forma interdisciplinar. Mas a formação de professores é um dos problemas, a única universidade que tem escolas específicas nas quatro linguagens é a Federal da Bahia. No geral, temos um número pequeno de cursos de licenciatura em dança”, diz Medeiros Pereira, presidente da Abem. 
Segundo Pereira, a luta da associação é contra o senso comum de que a educação artística ainda permaneça. 
“Isso ainda é muito presente na cabeça dos secretários e diretores de escola. A lei fala de arte como componente curricular, mas não disciplina. A disciplina pode ser de música, artes visuais, teatro ou dança. O ensino das artes em geral está mais consolidado, tanto que os concursos cobram mais conteúdo em artes visuais e faz com que os professores específicos de outras linguagens tenham mais dificuldade em ser aprovados.” 
Para implementar a lei que prevê o ensino de música nas escolas, um dos entraves é a formação de professores — Foto: Fábio Tito/G1Para implementar a lei que prevê o ensino de música nas escolas, um dos entraves é a formação de professores — Foto: Fábio Tito/G1
Para implementar a lei que prevê o ensino de música nas escolas, um dos entraves é a formação de professores — Foto: Fábio Tito/G1 

Formação dos professores

Para implementar a lei, um dos entraves é a formação de professores. Segundo o Censo da Educação Superior de 2016, o Brasil tem 128 cursos específicos para formação de professores em música, que oferecem 8.384 vagas. Em 2016, 2.246 concluíram. Embora ainda em número pequeno, há dez anos, ele era ainda menor: em 2006, 327 alunos se formaram em música no país. 
Já em relação às demais áreas artísticas, a quantidade é ainda menor. Em 2016, o Brasil contava com 36 cursos de formação de professores em artes (educação artística), sendo que naquele ano foram oferecidas 3.015 vagas e 1.396 pessoas estavam concluindo os estudos. 
O país também oferecia 52 cursos de formação de professores de teatro (artes cênicas), com 1.974 vagas oferecidas, e 595 pessoas concluíram o curso naquele ano. Já considerando a formação de professores em dança, o número de cursos era 30, o número de vagas chegou a 1.304, e 320 pessoas eram consideradas concluintes em 2016, segundo os dados do Censo. 
“Eu trabalho com música há 26 anos e eu posso dizer que a cada ano, não no âmbito municipal ou estadual, e sim no federal, não há o entendimento da obrigatoriedade de lei de música nas escolas. A cada ano a gente ouve que a música vai estar na grade das escolas, mas isso não acontece”, diz o professor de música Alessandro Ferreira. 
Ele é contratado da Prefeitura de São Paulo para atuar no projeto de bandas e fanfarras e está trabalhando na Escola Municipal Nelson Pimentel, na Vila Guarani, na Zona Sul de São Paulo. 
A banda Nelson Pimentel já foi famosa na região, mas estava há cinco anos desativada. Instrumentos musicais e uniformes estavam acumulados sob o pó em prateleiras da escola. 
A banda Nelson Pimentel já foi famosa na região, mas estava há cinco anos desativada. Instrumentos musicais e uniformes estavam acumulados sob o pó em prateleiras da escola.  — Foto: Fábio Tito/G1A banda Nelson Pimentel já foi famosa na região, mas estava há cinco anos desativada. Instrumentos musicais e uniformes estavam acumulados sob o pó em prateleiras da escola.  — Foto: Fábio Tito/G1
A banda Nelson Pimentel já foi famosa na região, mas estava há cinco anos desativada. Instrumentos musicais e uniformes estavam acumulados sob o pó em prateleiras da escola. — Foto: Fábio Tito/G1 
“Com a chegada do Alessandro, a gente pediu para ele explorar o que tinha, o que era necessário comprar. Ele fez o levantamento dos instrumentos que tinham, muitos estavam cheios de pó. Alguma coisa a gente comprou para que ele lubrificasse os instrumentos e outros a gente precisa adquirir”, diz a diretora Juliana Reis. 
Professora Marta Maria de Almeida Arcanjo Hassenteufel ensinava matemática com notas musicais tocadas em flautas doces.  — Foto: Fábio Tito/G1Professora Marta Maria de Almeida Arcanjo Hassenteufel ensinava matemática com notas musicais tocadas em flautas doces.  — Foto: Fábio Tito/G1
Professora Marta Maria de Almeida Arcanjo Hassenteufel ensinava matemática com notas musicais tocadas em flautas doces. — Foto: Fábio Tito/G1 
“O que me moveu em trabalhar música em sala de aula foi primeiramente a mesmice em sala de aula. Como eu posso me trocar uma pessoa atraente na educação se todo dia o aluno vem para escola tão somente para ter de mim português, matemática, ciência e geografia. Esse aluno vem cá e fica cansado disso”, afirma Marta, que acabou desistindo do projeto por motivos pessoais. 

Voluntários na Amorim Lima 

A escola Amorim Lima, no Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, também faz o que pode para cumprir a lei e oferecer arte aos alunos. Reconhecida pela qualidade da proposta pedagógica e pelo engajamento da comunidade que a cerca, a escola oferece algumas atividades, mas quase todas são voluntárias. São oficinas de maracatu e capoeira destinadas não só para os alunos e também aos pais. 
O filho de Jorge Luciano da Silva, o Fofão, estuda na Amorim e por isso ele resolveu dar aulas de maracatu na escola. “Certo dia a Ana me chamou para fazer um maracatu aqui na escola porque meu filho disse também que no carnaval a batucada saia atravessada, aquela coisa sem ritmos. Estamos aí na escola levando essa musicalidade, esse tambor, difundindo essa cultura brasileira que é o maracatu.” 
O filho de Jorge Luciano da Silva, o Fofão, estuda na Amorim e por isso ele resolveu dar aulas de maracatu na escola. — Foto: Celso Tavares/G1O filho de Jorge Luciano da Silva, o Fofão, estuda na Amorim e por isso ele resolveu dar aulas de maracatu na escola. — Foto: Celso Tavares/G1
O filho de Jorge Luciano da Silva, o Fofão, estuda na Amorim e por isso ele resolveu dar aulas de maracatu na escola. — Foto: Celso Tavares/G1 
A diretora Ana Elisa Siqueira diz que a escola também deve ser o lugar de mostrar o mundo sensível às crianças, por isso as artes são fundamentais. “Conseguimos manter os profissionais [que oferecem as oficinas] com uma ajuda de custo que é o que temos no momento. Mas seria importante que isso fosse possível a partir da perspectiva pública, do governo.” 
A secretaria municipal de educação de São Paulo informou, em nota, que nas escolas da Prefeitura de São Paulo “o conteúdo de música é tratado, em especial, nas aulas de arte e por meio de projetos do programa Mais Educação. Dentro do novo currículo da cidade de São Paulo, implantado este ano na rede, o caderno de artes traz orientações para que as escolas desenvolvam experiências sonoras com os alunos do 1º ao 9º ano.” 
Administradores e especialistas afirmam que falta uma política de governo ampla para apoiar o ensino de música nas escolas. — Foto: Fábio Tito/G1Administradores e especialistas afirmam que falta uma política de governo ampla para apoiar o ensino de música nas escolas. — Foto: Fábio Tito/G1
Administradores e especialistas afirmam que falta uma política de governo ampla para apoiar o ensino de música nas escolas. — Foto: Fábio Tito/G1

Agronegocio brasileiro: reforma regulatorio - Marcos Jank (FSP)

Segue o quarto e último artigo da série “Agro Global”, publicado hoje na Folha.

Agro Global 4 – Reforma Regulatória

Jornal “Folha de São Paulo”, Caderno Mercado, 13/10/2018

Marcos Sawaya Jank (*)

Estrutura regulatória do agronegócio não acompanhou o crescimento das exportações.

As exportações brasileiras do agronegócio quintuplicaram desde 2000, mas a estrutura regulatória que as cercam não acompanhou o processo em termos operacionais, financeiros, normativos e de pessoal.

Esse é o tema do quarto e último artigo da série sobre a inserção global do agro brasileiro e as reformas necessárias. Nossos desafios são múltiplos:

1. Legislação: está muito defasada e precisa ser modernizada e simplificada. Alguns marcos regulatórios da área de sanidade animal remontam à década de 1930. Nosso arcabouço normativo é mais complexo e engessado do que o dos nossos concorrentes.

2. Fiscalização: precisaria ser mais eficiente e menos custosa. É preciso implementar definitivamente o novo regulamento que transfere para as indústrias a responsabilidade pela conformidade sanitária de processos e produtos finais, com verificações periódicas definidas por análise de riscos e aplicação de punições exemplares em caso de descumprimento.

É fundamental haver um sistema de trânsito constante e obrigatório de agentes de fiscalização, a exemplo de outras carreiras como a diplomacia. Não é recomendável o mesmo fiscal permanecer anos a fio inspecionando a mesma planta. É preciso ainda alocar um maior número de profissionais em locais-chave como Brasília e no exterior.

Outro imenso desafio é melhorar a estrutura de pessoas e equipamentos para evitar a entrada de pragas e doenças em um país continental, que tem 15.700 km de fronteiras com dez países.

3. Agilidade de resposta: apesar dos grandes avanços em informatização de processos e na ampliação da rede de adidos agrícolas em países estratégicos nas gestões de Katia Abreu e Blairo Maggi, ainda presenciamos deficiências por parte do governo e do setor privado.

São frequentes os desentendimentos no intercâmbio de informações com outros governos e em questionários técnicos mal preenchidos ou mal traduzidos.É preciso sistematizar um banco de dados com respostas-padrão para agilizar o preenchimento de questionários e as respostas aos países. Além disso, é preciso melhorar as traduções e revisões de forma que os documentos sejam entregues no padrão que o país-destino exige.

Um maior número de missões do Ministério da Agricultura (Mapa) ao exterior e de visitas técnicas ao Brasil é também necessário para gerar conhecimento mútuo e dar agilidade aos processos no exterior.

A boa notícia é que todos esses desafios foram adequadamente diagnosticados pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, que apontou os caminhos a serem trilhados. Uma das propostas é a criação de uma agência ou serviço social autônomo (como as entidades do “Sistema S”) financiado por recursos públicos e uma taxa de fiscalização paga pelas empresas.

O novo enfoque seria gerenciamento de riscos, execução focada em metas quantificáveis em termos de padrões de sanidade, desburocratização e simplificação de normas e procedimentos.

Qualidade e sanidade de produtos são temas-chave para a abertura e a manutenção de mercados, particularmente no segmento de carnes, o mais sujeito a barreiras comerciais e medidas protecionistas. Basta dizer que enquanto a licença para exportar grãos e fibras é conferida ao país, nas carnes ela costuma ser dada por unidade industrial, ou seja, caso a caso.

Entendo que essa é hoje a área mais prioritária e estratégica de atuação do Mapa. Se ela não funcionar direito, estaremos condenados a exportar apenas commodities primárias mais simples.

Os diagnósticos foram bem feitos. Precisamos debater o tema e avançar na execução das mudanças necessárias já no início do próximo governo.

(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.

Querem enterrar e esquecer Colombo - Jarrett Stepman (Daily Signal)

Primeiro o esquerdismo estúpido, depois o politicamente correto, igualmente estúpido, começaram o esforço de vinificação do descobridor, agora as pessoas normais se rendem ao processo de rebaixamento histórico de Cristóvão Colombo.
Os que assim o fazem não são geralmente os indígenas, mas os descendentes dos europeus que vieram na esteira dos primeiros descobridores. São americanos (do norte, do centro, do sul), que pretendem defender os direitos dos indígenas, fazendo com que seus antecessores se convertam em assassinos étnicos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/10/2018

The Truth About Columbus

Italian explorer Christopher Columbus discovered the New World and was once a universally revered figure in the United States. (Photo: Album/Fine Art Images/Newscom)
Is this the last time we can celebrate Columbus Day?
wave of cities have decided to remove the holiday from the calendar and replace it with “Indigenous Peoples’ Day.”
Christopher Columbus, the Italian explorer credited with discovering America, and his legacy are under attack figuratively and, increasingly, literally.
Several Columbus monuments have been attacked and vandalized around the country. The towering Columbus statue at Columbus Circle in New York City now needs 24-hour guards after Mayor Bill de Blasio put it on the list of a commission to review “offensive” memorials.
And according to Far Left Watch, a watchdog organization, Antifa and other left-wing groups plan to deface and attack Columbus statues across the country on Columbus Day.
It is unfortunate to see what was once a uniting figure—who represented American courage, optimism, and even immigrants—is suddenly in the crosshairs for destruction. We owe it to Columbus and ourselves to be more respectful of the man who made the existence of our country possible.
Once Revered, Now Maligned
A few historians and activists began to attack Columbus’ legacy in the late 20th century. They concocted a new narrative of Columbus as a rapacious pillager and a genocidal maniac.
Far-left historian Howard Zinn, in particular, had a huge impact on changing the minds of a generation of Americans about the Columbus legacy. Zinn not only maligned Columbus, but attacked the larger migration from the Old World to the new that he ushered in.

It wasn’t just Columbus who was a monster, according to Zinn, it was the driving ethos of the civilization that ultimately developed in the wake of his discovery: the United States.
“Behind the English invasion of North America,” Zinn wrote, “behind their massacre of Indians, their deception, their brutality, was that special powerful drive born in civilizations based on private profit.”
The truth is that Columbus set out for the New World thinking he would spread Christianity to regions where it didn’t exist. While Columbus, and certainly his Spanish benefactors, had an interest in the goods and gold he could return from what they thought would be Asia, the explorer’s primary motivation was religious.
“This conviction that God destined him to be an instrument for spreading the faith was far more potent than the desire to win glory, wealth, and worldly honors,” wrotehistorian Samuel Eliot Morison over a half-century ago.
In fact, as contemporary historian Carol Delaney noted, even the money Columbus sought was primarily dedicated to religious purposes. Delaney said in an interview with the Catholic fraternal organization the Knights of Columbus:
Everybody knows that Columbus was trying to find gold, but they don’t know what the gold was for: to fund a crusade to take Jerusalem back from the Muslims before the end of the world. A lot of people at the time thought that the apocalypse was coming because of all the signs: the plague, famine, earthquakes, and so forth. And it was believed that before the end, Jerusalem had to be back in Christian hands so that Christ could return in judgment.
Columbus critics don’t just stop at accusing him of greed. One of the biggest allegations against him is that he waged a genocidal war and engaged in acts of cruelty against indigenous people in the Americas.
But historians like Delaney have debunked these claims.
Rather than cruel, Columbus was mostly benign in his interaction with native populations. While deprivations did occur, Columbus was quick to punish those under his command who committed unjust acts against local populations.
“Columbus strictly told the crew not to do things like maraud, or rape, and instead to treat the native people with respect,” Delaney said. “There are many examples in his writings where he gave instructions to this effect. Most of the time when injustices occurred, Columbus wasn’t even there. There were terrible diseases that got communicated to the natives, but he can’t be blamed for that.”
Columbus certainly wasn’t a man without flaws or attitudes that would be unacceptable today.
But even as a man of an earlier age in which violence and cruelty were often the norm between different cultures and people, Columbus did not engage in the savage acts that have been pinned on him.
How Americans Once Viewed Columbus
For much of the 19th and 20th centuries, most Americans were taught about Columbus’ discovery of the New World in school.
“In 1492, Columbus sailed the ocean blue … ” went a popular poem about the Italian explorer who flew under the Spanish flag. At one time, Americans marveled at what seemed like an unbelievably courageous voyage across unknown waters with the limited tools and maps of the 15th century.
It is difficult in the 21st century to imagine what Columbus faced as he crossed the Atlantic in search of what he thought was a route to Asia. The hardship and danger was immense. If things went awry, there would be nothing to save his little flotilla besides hope, prayer, and a little courage.
Most people, even in the 1490s, knew that the Earth was round. However, Columbus made a nevertheless history-altering discovery.
The world was a much bigger place than most had imagined, and though Columbus never personally realized the scope of his discovery, he opened up a new world that would one day become a forefront of human civilization.
This is the man and the history that earlier generations of Americans came to respect and admire.
Unfortunately, Zinn and others’ caricature of Columbus and American civilization has stuck and in an era in which radicals and activists search the country for problematic statues to destroy, Columbus is a prime target.
Ku Klux Klan Pushed Anti-Columbus Rhetoric
Much of the modern rhetoric about Columbus mirrors attacks lobbed at him in the 19th century by anti-Catholic and anti-Italian groups like the Ku Klux Klan.
In fact, Columbus Day became a nationally celebrated holiday following a mass lynching of Italians in New Orleans—the largest incident of lynching in American history.
In 1892—the 400th anniversary of the Columbus voyage—President Benjamin Harrison called for a national celebration of Columbus and his achievements. Americans patriotically celebrated Columbus and erected numerous statues in his honor as the country embraced him.
Though American appreciation of Columbus deepened, some groups weren’t pleased.
As the pro-Columbus website The Truth About Columbus points out, the Ku Klux Klan worked to stop Columbus Day celebrations, smash statues, and reverse his growing influence on American culture.
According to The Truth About Columbus, in the 1920s, the Klan “attempted to remove Columbus Day as a state holiday in Oregon,” burned a cross “to disturb a Columbus Day celebration in Pennsylvania,” and successfully “opposed the erection of a statue of Columbus in Richmond, Virginia, only to see the decision to reject the statue reversed.”
Attempts to quash Columbus failed, but they have re-emerged in our own time through the actions of far-left groups who want to see his legacy buried and diminished forever.
This would be a tragic loss for our generation and those of the future.
The bravery and boldness that Columbus displayed in his trek to America have been inherent in the American cultural DNA from the beginning.
We may never have the class, the taste, the sophistication of the Old World upper crust. But what we do have is a reverence for simple virtues of strength, boldness, and a willingness to push the envelope to secure for ourselves a better future than those who’ve come before.
We are a civilization that admires those who push the limits of the frontier, who don’t merely accept what is and want something more. The spirit that drove us west and in modernity, to the moon, is what we celebrate in men like Columbus.
President Ronald Reagan said it best in a Columbus Day tribute:
Columbus is justly admired as a brilliant navigator, a fearless man of action, a visionary who opened the eyes of an older world to an entirely new one. Above all, he personifies a view of the world that many see as quintessentially American: not merely optimistic, but scornful of the very notion of despair.
When we have lost these things, when we no longer have the capacity to celebrate men like Columbus, as imperfect as they sometimes were, we will have lost what has made us great, and distinct.

Jarrett Stepman is an editor and commentary writer for The Daily Signal and co-host of "The Right Side of History" podcast. Send an email to Jarrett.

Com quantos ministros fora da lei se constroi um STF? - Conrado Hubner Mendes (Epoca)

Com quantos ministros fora da lei se constrói um STF?CONRADO HÜBNER MENDES DOUTOR EM DIREITO E PROFESSOR DA USPREVISTA ÉPOCA, 12/10/2018

A gran famiglia administra o Judiciário mais caro das democracias do mundo pelos meios da baixa política.

O Febejapá — Festival de Barbaridades Judiciais que Assolam o País — é nossa dieta cotidiana de nonsense jurídico, nossa rotina de caradurismo togado. Era Stanislaw Ponte Preta quem deveria contá-lo, mas ele não pagou para ver nem viveu para crer. É festival dedicado à magistocracia, à gran famiglia judicial brasileira, estrato social que não se contenta com pouco: não quer escorregar do 0,1% mais alto da pirâmide social brasileira, nem que para isso precise furar o teto constitucional, dobrar a lei e acumular auxílios-dignidade livres de imposto.
A gran famiglia administra o Judiciário mais caro das democracias do mundo pelos meios da baixa política. Resiste à transparência e reprime os que tentam arejar a mentalidade magistocrática. Para compensar, entrega ao país o encarceramento em massa e alimenta o crime organizado, entre outros penduricalhos. Mas fale baixo, porque a magistocracia tem sensibilidade de seda, a sensibilidade dos “cocorocas”. Daqui a pouco vai alegar desacato a sua “honra institucional”, essa ideia pré-liberal que cunhou enquanto se apreciava no espelho. Se um dia levarmos a sério o combate à corrupção individual, e sobretudo a institucional, sugeriria começar por aí.
O relato do Febejapá começa tarde e tem um longo passado pela frente. Por isso, distribuiremos diplomas retroativos. Esse passivo será amortizado em parcelas. Na semana passada, fomos levados a perguntar: a quantos juízes fora da lei resiste o estado de direito? Quem souber que nos conte. Talvez já tenhamos cruzado essa linha vermelha. O juiz Sergio Moro, ciente de que o “quando” decidir é tão crucial quanto “o que”, tirou às vésperas da eleição o sigilo de delação que já não tinha valor jurídico. Ainda que autoridades do STF já o tenham alertado que isso é malcriação, ele insiste. Bem-comportado que é, deverá pedir “respeitosas escusas” de novo. A ala curitibana do Febejapá tem estilo.
Há outra pergunta mais urgente: com quantos ministros fora da lei se constrói um STF? A democracia brasileira nunca precisou tanto de um STF forte e respeitável.
Nos 30 anos da Constituição, nunca houve composição que combinasse tão bem o senso de autoimportância individual e a vocação para o suicídio.
Da presidência da Corte saiu Cármen Lúcia, “a pacificadora”, e tomou posse Dias Toffoli, “o negociador”. A primeira ressignificou o verbo “pacificar”; o segundo começou com arte e deixou seu vice, Luiz Fux, suspender liminar de Lewandowski que permitia a um jornal entrevistar um preso. Faltou nos contar por que o vice o substituiu.
Não tendo conquistado corações e mentes como juiz, Toffoli resolveu se lançar como historiador. Escolheu lugar solene para anunciar sua tese: o Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, sob o olhar de Dom Pedro II. Afirmou que em 1964 não houve nem golpe nem revolução, mas um “movimento”. Chama golpe de movimento assim como quem chama mandioca de aipim. O ministro tem razão: foi um movimento de tanques nas ruas, de choques nos porões, de “suicídios” em delegacias. Foi também um movimento, veja só, de aposentadoria compulsória de ministros do STF e suspensão do habeas corpus. Eram tempos em que um general não habitava gabinete do STF a convite de seu presidente.
De Toffoli nunca se esperou coragem moral. Sua trajetória não carrega vestígios de excelência técnica ou contribuições jurídicas ao bem comum. E isso não se deve ao fato de ter sido reprovado em dois concursos da magistratura ou à carência de títulos acadêmicos, critério bacharelesco pelo qual julgaram sua competência. Foi o único dessa geração que chegou ao tribunal sem outras credenciais que não a amizade do presidente, pelos serviços prestados ao partido. Sua reputação foi construída interna corporis, por assim dizer, não na comunidade jurídica. Mas isso importa menos.
Em vez de reinterpretar a história, ofício para o qual demonstrou não ter vocação nem método, pede-se a ele apenas que interprete a Constituição. E aí Toffoli não está sozinho: mais grave que o revisionismo histórico toffolino é o revisionismo constitucional do STF. Ao contrário de outros revisionismos, que questionam uma interpretação consolidada e propõem uma alternativa no lugar, o revisionismo constitucional do STF não põe nada no lugar. Ou pior: põe uma coisa num dia e depois muda de ideia, a depender da conjuntura.
Conrado Hübner Mendes é doutor em Direito e Professor da USP.