Violência deixa Brasil em 83º no Índice de Paz Global
Agência Estado, Qua, 30 Mai
O Brasil ocupa uma constrangedora 83ª posição no Índice de Paz Global (Global Peace Index - GPI). Trata-se do primeiro estudo que classifica 121 países de acordo com seu grau de paz". Um dos fatores que mais pesou negativamente sobre o Brasil foi seu elevado grau de violência urbana.
Elaborado pela consultoria britânica Economic Intelligence Unit (EIU), o levantamento foi monitorado por um conselho de personalidades internacionais, como o Dalai Lama, o arcebispo Desmond Tutu, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter e o economista Joseph Stiglitz. O índice foi lançado hoje com o objetivo de servir como uma referência para o debate da reunião de cúpula do G-8, que ocorrerá no fim da próxima semana na Alemanha.
O ranking é liderado pela Noruega. O grupo dos dez países mais "pacíficos" é completado pela Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Japão, Finlândia, Suécia, Canadá, Portugal e Áustria. Na América Latina, o Chile é o melhor posicionado, com o 16º lugar. O país com o pior nível de paz é o Iraque, e o vice-lanterninha é o Sudão.
América Latina
Com uma performance de 2.173 pontos, o Brasil é considerado um país menos pacífico do que muitos vizinhos da América Latina, como o México, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina, mas está melhor colocado do que a Venezuela (102) ou os Estados Unidos (96). O grau de paz no Brasil também é considerado inferior ao da China, Jamaica e Síria.
O GPI é composto por 24 indicadores, que incluem o nível de gastos militares, relações com países vizinhos, ação do crime organizado, número de homicídios e o grau de respeito dos direitos humanos. Segundo a EIU, foram levados também em consideração uma variedade de fatores determinantes da paz, como o nível de democracia, transparência, educação e distribuição de renda.
Principais determinantes
"Países pequenos, estáveis, que integram blocos regionais como a União Européia, tendem a ocupar as melhores posições no ranking", informou a EIU. "Os principais determinantes de paz interna são a renda, o grau de escolaridade e o nível de integração regional."
O prêmio Nobel Dalai Lama disse que a elaboração desse índice "vai sem dúvida tornar os fatores e qualidades que contribuem para a paz melhores conhecidos, e vai estimular as pessoas a implementá-los em seus próprios países". O diretor editorial da EIU disse que o GPI serve como um alerta para os líderes mundiais.
Região
overall rank overall score regional rank
Western Europe
Norway
1 1.36 1
Denmark
3 1.38 2
Ireland
4 1.40 3
Finland
6 1.45 4
Sweden
7 1.48 5
Portugal
9 1.48 6
Austria
10 1.48 7
Germany
11 1.52 8
Switzerland
13 1.53 9
Netherlands
19 1.62 10
Spain
20 1.63 11
Italy
32 1.72 12
France
33 1.73 13
Greece
43 1.79 14
United Kingdom
48 1.90 15
Cyprus
50 1.92 16
Average 19 1.59
Central & Eastern Europe
overall rank overall score regional rank
Czech Republic
12 1.52 1
Slovenia
14 1.54 2
Slovakia
16 1.57 3
Hungary
17 1.58 4
Romania
25 1.68 5
Poland
26 1.68 6
Estonia
27 1.68 7
Lithuania
42 1.79 8
Latvia
46 1.85 9
Bulgaria
53 1.94 10
Kazakhstan
60 1.99 11
Croatia
66 2.03 12
Moldova
71 2.06 13
Bosnia and Hercegovina
74 2.09 14
Ukraine
79 2.15 15
Macedonia
81 2.17 16
Serbia
83 2.18 17
Turkey
91 2.27 18
Azerbaijan
100 2.45 19
Uzbekistan
109 2.54 20
Russia
117 2.90 21
Average 55 1.94
Middle East & North Africa
overall rank overall score regional rank
Oman
21 1.64 1
Qatar
29 1.70 2
United Arab Emirates
37 1.75 3
Tunisia
38 1.76 4
Kuwait
45 1.82 5
Morocco
47 1.89 6
Libya
57 1.97 7
Bahrain
61 2.00 8
Jordan
62 2.00 9
Egypt
72 2.07 10
Syria
76 2.11 11
Saudi Arabia
89 2.25 12
Yemen
94 2.31 13
Iran
96 2.32 14
Algeria
106 2.50 15
Lebanon
113 2.66 16
Israel
118 2.03 17
Iraq
120 2.44 18
Average 71 2.18
Africa
overall rank overall score regional rank
Ghana
39 1.77 1
Madagascar
40 1.77 2
Botswana
41 1.79 3
Mozambique
49 1.91 4
Zambia
52 1.93 5
Gabon
55 1.95 6
Tanzania
56 1.97 7
Namibia
63 2.00 8
Senegal
64 2.02 9
Malawi
67 2.04 10
Equatorial Guinea
70 2.06 11
Cameroon
75 2.09 12
Kenya
90 2.26 13
South Africa
98 2.40 14
Ethiopia
102 2.48 15
Uganda
103 2.49 16
Zimbabwe
105 2.49 17
Angola
111 2.59 18
Cote d'Ivoire
112 2.64 19
Nigeria
116 2.90 20
Sudan
119 3.18 21
Average 77 2.22
Asia & Australia
overall rank overall score regional rank
New Zealand
2 1.36 1
Japan
5 1.41 2
Bhutan
18 1.61 3
Hong Kong
22 1.66 4
Australia
24 1.66 5
Singapore
28 1.69 6
South Korea
31 1.72 7
Vietnam
34 1.73 8
Taiwan
35 1.73 9
Malaysia
36 1.74 10
China
59 1.98 11
Indonesia
77 2.11 12
Cambodia
84 2.20 13
Bangladesh
85 2.22 14
Papua New Guinea
87 2.22 15
Philippines
99 2.43 16
Thailand
104 2.49 17
Myanmar
107 2.52 18
India
108 2.53 19
Sri Lanka
110 2.57 20
Pakistan
114 2.70 21
Average 60 2.01
Latin America
overall rank overall score regional rank
Chile
15 1.57 1
Uruguay
23 1.66 2
Costa Rica
30 1.70 3
Panama
44 1.80 4
Argentina
51 1.92 5
Paraguay
54 1.95 6
Cuba
58 1.97 7
Nicaragua
65 2.02 8
Bolivia
68 2.05 9
Peru
69 2.06 10
Dominican Republic
73 2.07 11
Mexico
78 2.12 12
Jamaica
80 2.16 13
Brazil
82 2.17 14
Ecuador
86 2.22 15
El Salvador
88 2.24 16
Guatemala
92 2.28 17
Trinidad and Tobago
93 2.29 18
Honduras
97 2.39 19
Venezuela
101 2.45 20
Colombia
115 2.77 21
Average 70 2.09
North America
overall rank overall score regional rank
Canada
8 1.48 1
United States of America
95 2.32 2
Average 52 1.90
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
quinta-feira, 31 de maio de 2007
domingo, 27 de maio de 2007
728) Comentarios ao meu estilo de escrever...
Uma leitora de meus trabalhos escreveu algo a respeito de meu estilo de escrita, que julguei dever partilhar com outros eventuais leitores deste blog.
Registro que editei sua mensagem, cortando algumas partes que me pareceram ter valor puramente episódico, retendo apenas aquelas que possuiam, em minha opinião, um valor "sistêmico", ou "estrutural".
Não tenho outros comentários a fazer, a não ser agradecer pela distinção que me é feita, uma vez que todos os "escrevinhadores", como eu, esperam um mínimo de leitores eventuais, que é justamente a reflexão crítica sobre suas próprias contribuições ao pensamento político e ao diálogo social.
Com vocês, o texto abaixo:
Comentários sobre a sua escrita
Maria do Espírito Santo Gontijo Canedo
(Minas Gerais)
As maiores qualidades que um texto pode ter são três: ritmo, fôlego e tempero. Tema, introdução, desenvolvimento e conclusão são virtudes indispensáveis para torná-lo coerente, mas a indispensável coerência, por si mesma, não garante que o texto não seja monótono, insosso, desvitalizado. Por outro lado, excesso de paixão transforma o ato da leitura numa viagem pelo Saara e, a não ser que o leitor seja um tuaregue, em dois tempos o pobre coitado começará a ter miragens com a personificação da falta. Com relação à produção de textos não concordo com a máxima de Agostinho que reza estar a virtude no meio. Para mim, a verdadeira virtude do bom escritor está numa espécie de equilíbrio dissonante.
Os seus textos são pedrinhas atiradas na superfície calma de um lago. Uma pedrinha-idéia é lançada, as ondas se formam suaves, equilibradas, circulares, e aí surge outra pedrinha-idéia, outras ondas melodiosas se formam e se expandem, sem agressão ou atrito excessivo, se juntam às formadas anteriormente, e o texto segue o seu ritmo, às vezes mais lento, outras vezes mais rápido. E por que não jogar um miolinho de pão de vez em quando para que alguns peixes subam à tona enfeitando, sem o escândalo dos anzóis, a beleza da cena?
Você já leu A Mandrágora, do Maquiavel? Seu estilo me lembra o dele. Claro que, por estar atento aos leitores atuais (certamente um pouquinho, só um pouquinho, menos cultos do que o público a quem Maquiavel se dirigia) você não excede nas sutilezas do humor e da ironia principescas do florentino divino e comedidamente comedioso. (Eu sei que quem escreveu a Divina Comédia foi o Dante. Foi só um jogo compatriota de palavras que eu fiz, ou, em outras palavras, não me confunda com uma certa casta de leitores dos seus textos...) O cara que queria ver a unificação da Itália e você é Pro Patria Semper. Ele, como você, eliminou o “deveria ser” do vocabulário. Ele foi o primeiro teórico do Estado moderno e você o primeiro teórico do Estado brasileiro que não tem medo de dizer o que pensa nua e cruamente, sem querer parecer simpático, bonzinho ou condescendente. Ele, como você, teve origem relativamente modesta. E a sua cultura, como a dele, é estupenda. (Quando eu li os Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio eu pensei que não era possível alguém ser tão agudamente crítico sobre uma época tão distante da dele.)
(...)
As diferenças entre o próximo e o idêntico são tão abissais... na expressão “homem e mundo”, o conectivo “e” une e separa sujeito e objeto. “E” é o recheio do sanduíche da contradição dialética, que se devora, aproveitando-se os nutrientes e descartando o que não tem utilidade. “A imbecilidade humana tem, sim, aumentado, pela força dos números, mas ela comanda cada vez menos os destinos da raça humana, graças aos progressos da ciência. Ou estarei errado?” [Nota: trecho final do texto de PRA: “Estaria a imbecilidade humana aumentando? (uma pergunta que espero não constrangedora...)”] Toda síntese tem, em germe, uma nova tese em seu bojo. Não sei se os progressos da ciência vacinam suficientemente o mundo contra esta inflacionária e atualíssima infecção aberrante de imbecilidade. Os pitagóricos diziam que os entes são números.
Os entes imbecis são números naturais, manada, de fácil manipulação e multiplicação. Já o progresso científico pertence ao conjunto dos números complexos, ou talvez, dos números imaginários... se o ser humano é o ser que está situado entre as bestas e os deuses, você parece ter uma fé invejável no caminho da humanidade em direção aos deuses... eu creio que o caminho em direção aos protozoários é mais fácil e rápido... talvez eu tivesse fé na possibilidade dos progressos da arte... mas arte é algo que não progride nem regride: arte deveria ser a presença do absoluto em nós, mas, pelo menos para Hegel, a arte morreu... perdeu a aura, sem dúvida perdeu... mas morrer?
Pra mim a arte continua viva, salvífica, messiânica... se não fosse por ela, já teria seguido o sábio conselho do Figueiredo e dado um tiro na cuca... mas arte – essa sim! – é para poucos... é pra quem tem razão, sensibilidade e corpo. Você pertence ao grupo restrito dos artistas, tenho certeza. O seu problema é crer na possibilidade de abrir as maçônicas portas deste grupo ao maior número de pessoas possível. Uma última palavrinha: desista.
27 de maio de 2007
Addendum em 29 de maio, pela mesma autora, a propósito de um texto meu, em preparação, em torno do Príncipe, de Maquiavel:
"O candidato a príncipe deve sempre visar mais alto do que as práticas normais do ofício político, como os arqueiros hábeis que, considerando muito distante o ponto que desejam atingir e sabendo até onde vai a capacidade de seu arco, fazem mira bem mais alto que o local visado, não para alcançar com sua flecha tanta altura, mas para poder com o auxílio de tão elevada mira atingir o seu alvo."
Registro que editei sua mensagem, cortando algumas partes que me pareceram ter valor puramente episódico, retendo apenas aquelas que possuiam, em minha opinião, um valor "sistêmico", ou "estrutural".
Não tenho outros comentários a fazer, a não ser agradecer pela distinção que me é feita, uma vez que todos os "escrevinhadores", como eu, esperam um mínimo de leitores eventuais, que é justamente a reflexão crítica sobre suas próprias contribuições ao pensamento político e ao diálogo social.
Com vocês, o texto abaixo:
Comentários sobre a sua escrita
Maria do Espírito Santo Gontijo Canedo
(Minas Gerais)
As maiores qualidades que um texto pode ter são três: ritmo, fôlego e tempero. Tema, introdução, desenvolvimento e conclusão são virtudes indispensáveis para torná-lo coerente, mas a indispensável coerência, por si mesma, não garante que o texto não seja monótono, insosso, desvitalizado. Por outro lado, excesso de paixão transforma o ato da leitura numa viagem pelo Saara e, a não ser que o leitor seja um tuaregue, em dois tempos o pobre coitado começará a ter miragens com a personificação da falta. Com relação à produção de textos não concordo com a máxima de Agostinho que reza estar a virtude no meio. Para mim, a verdadeira virtude do bom escritor está numa espécie de equilíbrio dissonante.
Os seus textos são pedrinhas atiradas na superfície calma de um lago. Uma pedrinha-idéia é lançada, as ondas se formam suaves, equilibradas, circulares, e aí surge outra pedrinha-idéia, outras ondas melodiosas se formam e se expandem, sem agressão ou atrito excessivo, se juntam às formadas anteriormente, e o texto segue o seu ritmo, às vezes mais lento, outras vezes mais rápido. E por que não jogar um miolinho de pão de vez em quando para que alguns peixes subam à tona enfeitando, sem o escândalo dos anzóis, a beleza da cena?
Você já leu A Mandrágora, do Maquiavel? Seu estilo me lembra o dele. Claro que, por estar atento aos leitores atuais (certamente um pouquinho, só um pouquinho, menos cultos do que o público a quem Maquiavel se dirigia) você não excede nas sutilezas do humor e da ironia principescas do florentino divino e comedidamente comedioso. (Eu sei que quem escreveu a Divina Comédia foi o Dante. Foi só um jogo compatriota de palavras que eu fiz, ou, em outras palavras, não me confunda com uma certa casta de leitores dos seus textos...) O cara que queria ver a unificação da Itália e você é Pro Patria Semper. Ele, como você, eliminou o “deveria ser” do vocabulário. Ele foi o primeiro teórico do Estado moderno e você o primeiro teórico do Estado brasileiro que não tem medo de dizer o que pensa nua e cruamente, sem querer parecer simpático, bonzinho ou condescendente. Ele, como você, teve origem relativamente modesta. E a sua cultura, como a dele, é estupenda. (Quando eu li os Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio eu pensei que não era possível alguém ser tão agudamente crítico sobre uma época tão distante da dele.)
(...)
As diferenças entre o próximo e o idêntico são tão abissais... na expressão “homem e mundo”, o conectivo “e” une e separa sujeito e objeto. “E” é o recheio do sanduíche da contradição dialética, que se devora, aproveitando-se os nutrientes e descartando o que não tem utilidade. “A imbecilidade humana tem, sim, aumentado, pela força dos números, mas ela comanda cada vez menos os destinos da raça humana, graças aos progressos da ciência. Ou estarei errado?” [Nota: trecho final do texto de PRA: “Estaria a imbecilidade humana aumentando? (uma pergunta que espero não constrangedora...)”] Toda síntese tem, em germe, uma nova tese em seu bojo. Não sei se os progressos da ciência vacinam suficientemente o mundo contra esta inflacionária e atualíssima infecção aberrante de imbecilidade. Os pitagóricos diziam que os entes são números.
Os entes imbecis são números naturais, manada, de fácil manipulação e multiplicação. Já o progresso científico pertence ao conjunto dos números complexos, ou talvez, dos números imaginários... se o ser humano é o ser que está situado entre as bestas e os deuses, você parece ter uma fé invejável no caminho da humanidade em direção aos deuses... eu creio que o caminho em direção aos protozoários é mais fácil e rápido... talvez eu tivesse fé na possibilidade dos progressos da arte... mas arte é algo que não progride nem regride: arte deveria ser a presença do absoluto em nós, mas, pelo menos para Hegel, a arte morreu... perdeu a aura, sem dúvida perdeu... mas morrer?
Pra mim a arte continua viva, salvífica, messiânica... se não fosse por ela, já teria seguido o sábio conselho do Figueiredo e dado um tiro na cuca... mas arte – essa sim! – é para poucos... é pra quem tem razão, sensibilidade e corpo. Você pertence ao grupo restrito dos artistas, tenho certeza. O seu problema é crer na possibilidade de abrir as maçônicas portas deste grupo ao maior número de pessoas possível. Uma última palavrinha: desista.
27 de maio de 2007
Addendum em 29 de maio, pela mesma autora, a propósito de um texto meu, em preparação, em torno do Príncipe, de Maquiavel:
"O candidato a príncipe deve sempre visar mais alto do que as práticas normais do ofício político, como os arqueiros hábeis que, considerando muito distante o ponto que desejam atingir e sabendo até onde vai a capacidade de seu arco, fazem mira bem mais alto que o local visado, não para alcançar com sua flecha tanta altura, mas para poder com o auxílio de tão elevada mira atingir o seu alvo."
domingo, 20 de maio de 2007
727) Nova ortografia em 2008
Serviço de utilidade pública:
MUDANÇAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE JANEIRO 2008
A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada.
Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
Resumo da ópera - o que muda na ortografia em 2008:
- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".
- mudam-se as normas para o uso do hífen - Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos".
- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y".
- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo.
- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido".
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.
Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa
MUDANÇAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE JANEIRO 2008
A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada.
Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
Resumo da ópera - o que muda na ortografia em 2008:
- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".
- mudam-se as normas para o uso do hífen - Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos".
- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y".
- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo.
- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido".
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.
Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa
segunda-feira, 7 de maio de 2007
726) America Latina: para trás, a toda velocidade...
Pode piorar muito
por Odemiro Fonseca
Instituto Millenium, Quarta-feira, 2 de Maio de 2007
neste link
A América Latina é uma aberração. É a única parte do mundo ocidental com consistente história de pobreza. Mas a Argentina e a Venezuela são casos especiais. Tinham se desgarrado e estavam entre os países ricos do mundo algumas gerações atrás.
Já em 1880 a Argentina equiparava-se aos ricos europeus. Entre 1915-45, somente EUA e Inglaterra, tinham o PIB e PIB per capita (combinados) maiores do que a Argentina. Juan Alberdi e seu grupo gravaram a tradição liberal clássica na Constituição de 1853 e o resultado foi espetacular. A Argentina se tornou o rico centro econômico e cultural da América Latina, com povo educado, sociedade aberta e democracia.
No período 1945-75 o PIB per capita da Venezuela sempre foi muito maior do que os da Itália, Noruega, Irlanda e Espanha. De 55 a 75, a inflação foi a mais baixa do mundo e o salário real cresceu todos os anos. A Venezuela era democracia estável. Mas a partir de 74 foram estatizados o petróleo, a mineração, a energia elétrica e as telecomunicações. O BC independente foi extinto. Proibiu-se às empresas estrangeiras vender alimentos e estabeleceu-se completo controle das importações. Seguiram-se controles de preços, crises hiper-inflacionárias e políticas. Hoje o PIB per capita (ppp) da Venezuela é sete vezes menor do que o da Noruega, seis do que o da Irlanda e cinco do que os da Itália e Espanha. (A. Maddison, B. Mundial, L. Ball)
Já vimos grande parte deste filme. Mas a Argentina e a Venezuela são quase um mistério. Depois de ricos, optaram pelo declínio econômico, ditaduras e corrupção endêmica. Porque nossa perene opção pela pobreza na América Latina?
Usando a imagem de M. Aguinis, nosso êthos abriga “um confronto entre o conquistador e o indígena”, que seria a causa da baixa auto-estima e precária identidade latino-americana, que criou o sentimento de atraso e de marginalidade histórica com relação ao Ocidente. Seria a causa também da nossa constante expectativa com relação ao futuro e da necessidade de saltar etapas. A tal “ocidental incompleto” (D. Magnoli), fundiu-se o mercantilista (a riqueza é natural), o patrimonialista ibérico (primeiro os meus) e o nacionalista autárquico (não precisamos de ninguém). Agregou-se o positivista tecnocrático e militar e o marxista vulgar dos movimentos sindicais e intelectuais com seus dogmas de exploração e luta de classes. Estava pronto o teórico do comércio injusto e das nossas dependências periféricas ao ancestral ocidental, rico, central e de olhar complacente. Novas economias e filosofias de libertação (pós-colonial) invadiram nossas academias e foram usadas como ferramentas ideológicas por antiga figura da América espanhola – o caudilho – agora travestido de novo libertador, nacionalista, populista – pois precisa de movimentos de massas - e ungido pelas novas teorias. A Argentina introduziu os ditadores populistas, o capitalismo monopolista de estado e o Estado assistencialista “macunaímico”. Fez um retorno seguro para o nosso “Terceiro Mundo Ocidental”(ib.). A Venezuela voltou para nós pelo mesmo caminho, mais tarde e de maneira mais abrupta.
Na análise de Douglass North “ a eficiência (econômica) adaptativa exige estrutura institucional que, na onipresença da incerteza, permita o processo decisório ser por tentativa e erro. E tal estrutura exige crenças que permitam experimentação e o abandono do erro. A União Soviética representa a antítese de tal abordagem”. A América Latina também representa tal antítese.
É assustador como nossas crenças podem piorar o nosso atraso. E o populismo tem recrudescido no Brasil. O primeiro governo de Lula teve uma positiva agenda microeconômica de reformas institucionais. Nada disso se vê agora. Com relação às reformas maiores – previdência, trabalhista, tributária – a conversa é tatibitate. O que se vê é maior esforço em propaganda estatal, entrincheiramento de interesses especiais e a formação de uma república sindical em concubinato com um estado gastador. As vítimas serão as de sempre - a democracia e a prosperidade. Por aqui ainda não caiu a ficha das tragédias da Argentina e Venezuela.
por Odemiro Fonseca
Instituto Millenium, Quarta-feira, 2 de Maio de 2007
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A América Latina é uma aberração. É a única parte do mundo ocidental com consistente história de pobreza. Mas a Argentina e a Venezuela são casos especiais. Tinham se desgarrado e estavam entre os países ricos do mundo algumas gerações atrás.
Já em 1880 a Argentina equiparava-se aos ricos europeus. Entre 1915-45, somente EUA e Inglaterra, tinham o PIB e PIB per capita (combinados) maiores do que a Argentina. Juan Alberdi e seu grupo gravaram a tradição liberal clássica na Constituição de 1853 e o resultado foi espetacular. A Argentina se tornou o rico centro econômico e cultural da América Latina, com povo educado, sociedade aberta e democracia.
No período 1945-75 o PIB per capita da Venezuela sempre foi muito maior do que os da Itália, Noruega, Irlanda e Espanha. De 55 a 75, a inflação foi a mais baixa do mundo e o salário real cresceu todos os anos. A Venezuela era democracia estável. Mas a partir de 74 foram estatizados o petróleo, a mineração, a energia elétrica e as telecomunicações. O BC independente foi extinto. Proibiu-se às empresas estrangeiras vender alimentos e estabeleceu-se completo controle das importações. Seguiram-se controles de preços, crises hiper-inflacionárias e políticas. Hoje o PIB per capita (ppp) da Venezuela é sete vezes menor do que o da Noruega, seis do que o da Irlanda e cinco do que os da Itália e Espanha. (A. Maddison, B. Mundial, L. Ball)
Já vimos grande parte deste filme. Mas a Argentina e a Venezuela são quase um mistério. Depois de ricos, optaram pelo declínio econômico, ditaduras e corrupção endêmica. Porque nossa perene opção pela pobreza na América Latina?
Usando a imagem de M. Aguinis, nosso êthos abriga “um confronto entre o conquistador e o indígena”, que seria a causa da baixa auto-estima e precária identidade latino-americana, que criou o sentimento de atraso e de marginalidade histórica com relação ao Ocidente. Seria a causa também da nossa constante expectativa com relação ao futuro e da necessidade de saltar etapas. A tal “ocidental incompleto” (D. Magnoli), fundiu-se o mercantilista (a riqueza é natural), o patrimonialista ibérico (primeiro os meus) e o nacionalista autárquico (não precisamos de ninguém). Agregou-se o positivista tecnocrático e militar e o marxista vulgar dos movimentos sindicais e intelectuais com seus dogmas de exploração e luta de classes. Estava pronto o teórico do comércio injusto e das nossas dependências periféricas ao ancestral ocidental, rico, central e de olhar complacente. Novas economias e filosofias de libertação (pós-colonial) invadiram nossas academias e foram usadas como ferramentas ideológicas por antiga figura da América espanhola – o caudilho – agora travestido de novo libertador, nacionalista, populista – pois precisa de movimentos de massas - e ungido pelas novas teorias. A Argentina introduziu os ditadores populistas, o capitalismo monopolista de estado e o Estado assistencialista “macunaímico”. Fez um retorno seguro para o nosso “Terceiro Mundo Ocidental”(ib.). A Venezuela voltou para nós pelo mesmo caminho, mais tarde e de maneira mais abrupta.
Na análise de Douglass North “ a eficiência (econômica) adaptativa exige estrutura institucional que, na onipresença da incerteza, permita o processo decisório ser por tentativa e erro. E tal estrutura exige crenças que permitam experimentação e o abandono do erro. A União Soviética representa a antítese de tal abordagem”. A América Latina também representa tal antítese.
É assustador como nossas crenças podem piorar o nosso atraso. E o populismo tem recrudescido no Brasil. O primeiro governo de Lula teve uma positiva agenda microeconômica de reformas institucionais. Nada disso se vê agora. Com relação às reformas maiores – previdência, trabalhista, tributária – a conversa é tatibitate. O que se vê é maior esforço em propaganda estatal, entrincheiramento de interesses especiais e a formação de uma república sindical em concubinato com um estado gastador. As vítimas serão as de sempre - a democracia e a prosperidade. Por aqui ainda não caiu a ficha das tragédias da Argentina e Venezuela.