sábado, 31 de dezembro de 2011

Minha mensagem de felicidades a todos os leitores e visitantes de passagem

Uma mensagem simples, mas que expressa meus sentimentos e meus votos a todos e a cada um:
Bom final de ano, e felicidades durante todo o ano de 2012!
Paulo Roberto de Almeida

Carta de agradecimento a meus leitores: informacoes sobre o autor

A crer no registro de "assinantes" deste blog, em 31/12/2011, sou acompanhado por exatamente 480 "leitores", o que não quer dizer que sou lido por todos eles regularmente. Alguns entram, outros saem, outros apenas me "marcaram", mas não têm tempo de ler todos os 6 mil posts acumulados neste blog desde seu início (em substituição ou paralelamente a vários outros, gerais ou especializados). Certos passantes são ocasionais, havendo os que gostam de meus posts (e até escrevem para agradecer o trabalho de compilação, penosamente conduzido em detrimento de minhas outras atividades) e tem os que acham apenas curioso, bizarro, ou interessante; mas também tem os que detestam francamente minhas posições e a seleção de materiais aqui apresentada (e escrevem comentários raivosos geralmente contra este articulista, menos contra meus argumentos, já que esses têm pouco a dizer, a não ser exibir a intolerância dos true believers).
Este é o mundo dos blogs, um dos poucos free lunchs fornecidos pelo capitalismo tão detestado -- embora não seja exatamente free, já que a publicidade se encarrega de cobrir os custos do empreendimento capitalista -- e um espaço ideal para coletar materiais interessantes de leitura.
Mas, por que eu, um homem já normalmente superocupado com leituras, pesquisas e escritos, ainda "perco tempo" com um divertimento como este, em lugar de ficar no meu canto, dedicado a minhas atividades habituais, alimentando de vez em quando um site bem mais didático e sério do que este "gabinete de curiosidades virtuais"? Sim, qual a razão?
Deve ser por exibicionismo, pensarão alguns, embora minha primeira motivação tenha sido superar os procedimentos mais lentos, custosos e complicados de um site, para organizar materiais de estudos e de referência num ambiente simples, enxuto e gratuito (já que o site necessita pagamento de provedor e de domínio). De fato, depois de alguma resistência inicial, rendi-me aos blogs pela facilidade de manipulação, pelos recursos oferecidos, pela rapidez e flexibilidade oferecidos para coletar material e deixar à disposição -- minha e de quem quer que seja -- para quando se necessita de algum texto ou referência documental. Enfim, uma espécie de repositório, de depósito, de biblioteca e de ficheiro, no qual se pode enfiar tudo, sem cuidar de ordem ou arrumação, e depois se pode recuperar de qualquer lugar, quando se necessitar, tudo o que por acaso entrou aqui, de bom, de mau e de feio (e como tem coisa ruim no mundo, my God, no Brasil em especial, com toda essa corrupção inaceitável, ocupando espaços até distinguidos numa república vagamente mafiosa). 


Mas estou me desviando do objetivo geral deste post, que se destinava apenas a agradecer a todos os meus leitores, aos comentaristas (mesmo aqueles raivosos, pois eles sempre têm algo a me ensinar, ainda que seja como pensam certos indivíduos amigos e tolerantes com coisas que detesto), enfim, render homenagem ao todos os passantes, visitantes ocasionais, navegantes em busca de alguma informação útil ou simples leitura agradável.
Os leitores são, obviamente, a razão de ser de escritores, de todos os escritores, mesmo aqueles, como eu, que escrevem coisas complicadas, nem sempre consensuais, mas sempre sinceras e de certo modo profundas, refletindo uma vida de leituras, pesquisas e reflexões.
Sem leitores, ou sem alunos, no caso de professores como eu, nenhum desses trabalhos, nenhuma dessas atividades e esforços conduzidos em horas incertas e menos certas, teria sentido ou encontraria "consumidores". 


Como alguns desses leitores talvez não tenham maiores informações sobre este blogueiro, este professor, este diplomata, este escritor, enfim, todas essas coisas juntas, aproveito um texto preparado para uma apresentação biobliográfica para satisfazer a curiosidade eventual dos que por aqui passarem.
Como dito ao final, maiores informações sobre minha produção intelectual podem ser encontradas em meu site: www.pralmeida.org.


Bom ano de 2012 a todos. Não estarei aqui presente de maneira muito frequente pois vou dedicar-me a cursos em Paris (ver no site, cursos ocasionais: IHEAL-Paris 2012). Como ninguém é de ferro, sobretudo estando na Europa, pretendo viajar bastante e dedicar-me a prazeres não facilmente disponíveis neste cerrado central onde estou atualmente.
Felicidades, e boas leituras em 2012.
Paulo Roberto de Almeida 
(Brasília, 31/12/2011)



Paulo Roberto de Almeida
Minibiobibliografia pessoal

Nascido na cidade de São Paulo (19/11/1949), iniciei meus estudos de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (1969-1970), curso abandonado no segundo ano, em função do ambiente de repressão política reinante na fase mais dura do regime militar no Brasil. Retomei estudos na mesma área, frequentando o curso da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Bruxelas, onde me licenciei em 1975, com uma dissertação de sociologia política, fortemente embasada na história, intitulada Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964.
Continuando estudos pós-graduados, desta vez na área da economia do desenvolvimento, obtive, em 1976, o título de Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade do Estado de Antuérpia, com a tese Problèmes Actuels du Commerce Extérieur Brésilien: une évaluation de la période 1968-1975. Iniciei logo em seguida o doutoramento, com um projeto sobre a “revolução burguesa”, mas retornei ao Brasil em 1977, interrompendo a preparação da tese.
Antes de tornar-me diplomata, exerci-me como professor de Economia Brasileira e de Economia Internacional na Faculdade Campos Salles e de Introdução à Sociologia no curso de Direito das Faculdades Metropolitanas Unidas (São Paulo, 1977). Também desempenhei-me como consultor de cursos de formação de funcionários públicos, em projetos coordenados pela Universidade de Campinas junto a alguns estados (Mato Grosso do Sul, Acre), tendo desenvolvido módulos vinculados à sociologia urbana.
Em outubro desse mesmo ano, prestei concurso direto para a carreira de diplomata, obtendo o segundo lugar nos exames de ingresso. Passei a morar em Brasília em dezembro daquele ano, casando-me, um ano depois, com Carmen Lícia, economista, trabalhando então no Itamaraty. Na Secretaria de Estado em Brasília, trabalhei inicialmente na divisão da Europa Oriental (1977-1979), coordenando um grupo de economistas em pesquisas sobre o comércio do Brasil com os países socialistas daquela região. Em ocasiões ulteriores, trabalhei, sobretudo, em áreas da diplomacia econômica.
Retomei a preparação da tese já como diplomata, quando estava servindo em meus dois primeiros postos, nas embaixadas do Brasil em Berna e em Belgrado (respectivamente de 1979 a 1982 e de 1982 a 1985). Tornei-me Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas, tendo defendido com “Grande Distinção”, em junho de 1984, tese sobre a interação entre o poder político e as classes sociais nos processos de modernização: Classes Sociales et Pouvoir Politique au Brésil: une étude sur les fondements méthodologiques et empiriques de la Révolution Bourgeoise.
De retorno ao Brasil, exerci-me como professor de Sociologia Política no curso de Mestrado em Sociologia da Universidade de Brasília (1985-1986) e no Curso de Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1986). Passei a lecionar a convite em instituições de ensino superior de Brasília (UnB, FGV, Uniceub e outras faculdades) em matérias de minha especialidade (direito econômico internacional, comércio exterior, integração regional, economia internacional, etc.). Desde então, tenho sido regularmente convidado a dar aulas regulares, cursos específicos, palestras, bem como a participar de seminários e de bancas de pós-graduação, em universidades do Brasil e do exterior.
No plano profissional, numa primeira etapa no exterior, fui chefe dos setores Econômico e de Promoção Comercial nas Embaixadas em Berna (1979-1982) e em Belgrado (1982-1984), retornando então ao Brasil, onde trabalhei na Secretaria de Relações com o Congresso (1985) e no gabinete do Subsecretário Geral de Assuntos Políticos Multilaterais (1986). Em nova designação para trabalhar no exterior, servi como encarregado de negócios na Delegação para o Desarmamento e os Direitos Humanos em Genebra (1987) e como chefe do Setor de Ciência e Tecnologia na Delegação Permanente em Genebra (1987-1990), onde ocupei-me de assuntos de desenvolvimento, tecnológicos e de propriedade intelectual (Unctad, Ompi, Gatt). Depois, exerci-me como representante alterno do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), em Montevidéu (1990-1992).
De volta à Secretaria de Estado, em 1992, trabalhei como coordenador executivo na Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior (1992-1993), tendo sido criador e editor do Boletim de Integração Latino-Americana e editor do Boletim de Diplomacia Econômica. Novamente removido para o exterior, servi, entre 1993 e 1995, como Conselheiro na Embaixada em Paris, na chefia do Setor Econômico, onde me ocupei de temas como Clube de Paris, OCDE e informação econômica em geral. Aproveitei o período para participar de seminários acadêmicos e proferir palestras em diversas instituições de ensino superior: universidades de Paris I, III e IV, Institut d’Études Politiques (Sciences Po) e Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine (IHEAL). Em função desses contatos, fui convidado para dar aulas, como professor convidado, no IHEAL, no primeiro semestre de 2012, oferecendo dois cursos em nível de pós-graduação: um comparando as políticas externas respectivas de FHC e Lula, outro sobre as relações econômicas internacionais e a inserção do Brasil na globalização contemporânea.
De volta a Brasília, em 1996, passei a chefiar a Divisão de Política Financeira e de Desenvolvimento do Departamento Econômico do Itamaraty, tendo desempenhado, até 1999, diversas funções de coordenação em processos negociadores, geralmente vinculados aos temas dos investimentos estrangeiros (acordos bilaterais, negociações do MAI-OCDE e processo hemisférico da Alca). Nessa fase, realizei o Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, tendo preparado uma tese sobre o Brasil e a OCDE (1996) e uma ampla pesquisa histórica que depois resultaria na obra Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (1997), publicada, em versão ampliada, como livro pela Senac-SP (duas edições: 2001 e 2005)
Entre 1999 e 2003 desempenhei-me como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington, onde coordenei as áreas financeira, cultural e de cooperação acadêmica. Aproveitei para desenvolver diversas atividades acadêmicas ligadas à comunidade dos brasilianistas e para fazer pesquisas na Biblioteca do Congresso, nos Arquivos Nacionais americanos e na Biblioteca Oliveira Lima. Sou regularmente convidado, desde então, a participar dos encontros da Brazilian Studies Association, de cujo comitê executivo participei como membro (2008-2012). Organizei o livro O Brasil dos Brasilianistas (2001), com edição americana publicada em 2005: Envisioning Brazil: Brazilian Studies in the USA, 1945-2000.
Minha produção de trabalhos acadêmicos cobre diversas áreas, mais geralmente ensaios sobre problemas sociais e políticos brasileiros ou estudos sobre questões estratégicas, de integração e de relações internacionais, que são usualmente publicados em livros, jornais e revistas do Brasil e do exterior. Tenho também pronunciado palestras e conferências em universidades brasileiras e estrangeiras, bem como participado de seminários nas minhas áreas de atuação acadêmica. Colaborei na transferência para Brasília do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (fundado no velho Palácio do Itamaraty do Rio de Janeiro em 1954), do qual fui diretor geral, e também sou editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, a mais antiga publicação nessa área no Brasil, estabelecida no Rio de Janeiro em 1958 e editada em Brasília a partir de 1993, em nova série.
Desde 2004 sou professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado do Uniceub (Brasília), mas também participo de atividades no Instituto Rio Branco. Estou atualmente preparando o segundo volume de meu estudo histórico sobre a diplomacia econômica do Brasil (no período 1889-1945), além de diversos outros trabalhos nas áreas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Mantenho, ademais, colaborações regulares em revistas de ciências sociais e em boletins eletrônicos, para os quais sou chamado a contribuir. Tenho projetos de pesquisas e de livros para os próximos dez anos, pelo menos, quando espero completar uma obra analítica sobre as relações econômicas internacionais do Brasil nos últimos 200 anos, o que representa um período de tempo bem maior do que a própria existência política de grande parte dos Estados contemporâneos.

Seleção de livros publicados:


O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (Brasília: Senado Federal, 2010)






Une Histoire du Brésil: pourcomprendre le Brésil contemporain (com Katia de Queirós Mattoso, Paris: L’Harmattan, 2002)



O estudo das relações internacionais do Brasil (São Paulo: Editora da Universidade São Marcos, 1999)

Velhos e novos manifestos: o socialismo na era daglobalização (São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 1999)

O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999)



O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Aduaneiras, 1993)


Livros editados:


Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies inthe United States (Organizado com Marshall C. Eakin; Madison: University of Wisconsin Press, 2005)

Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias econvergências (Organizado com Rubens Antônio Barbosa; São Paulo: Saraiva, 2005)

O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobreo Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (Organizado com Rubens Antônio Barbosa e Marshall C. Eakin; São Paulo: Paz e Terra, 2002)

Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (Organizado com Yves Chaloult; São Paulo: LTr, 1999)

Carlos Delgado de Carvalho, História Diplomática do Brasil (edição fac-similar; Brasília: Senado Federal, 1998 e 2003)

José Manoel Cardoso de Oliveira, Actos Diplomaticos do Brasil: tratados doperiodo colonial e varios documentos desde 1492 (edição fac-similar; Brasília: Senado Federal, 1997, 2 vols.)

Para conhecer outros trabalhos do autor e uma relação completa dos trabalhos produzidos e publicados ver o site: www.pralmeida.org

Balanços de Final de Ano: um exercício interminável - Paulo Roberto de Almeida


Balanços de Final de Ano: um exercício interminável

Paulo Roberto de Almeida

Pretendo, neste que deve ser o último trabalho do ano de 2011, tecer, em primeiro lugar, algumas considerações sobre o que consegui realizar no ano que agora se conclui; alinhar, em seguida e ainda que brevemente – pois a lista é muito longa – os trabalhos que tencionava fazer em seu decurso – e que podem representar alguma frustração ou sentimento de carência em vista do que deveria ter feito; por fim, relacionar alguns dos trabalhos que pretenderia empreender (e de preferência terminar) ao longo de 2012.
Começo, no entanto, corrigindo de imediato o subtítulo deste trabalho: nenhum exercício acadêmico – desses a que me obrigo voluntariamente desde que me conheço como pessoa razoavelmente dedicada aos estudos, à reflexão e à escrita – é propriamente interminável, mesmo um simples balanço como este aqui. Uma avaliação deste tipo termina quando já não temos mais o que listar como realizações, ou quando já não temos mais capacidade de pensar, de formular esquemas tentativos e de realizar projetos que nos aparecem como relevantes. Não creio que o sentimento de finalização pertença ao “universo” que eu frequento, sequer no domínio do imaginário: estou sempre pensando em fazer três ou quatro trabalhos ao mesmo tempo, lendo três ou quatro livros ao mesmo tempo, e planejando iniciar outros, na fila, tão pronto possível. (Já calculei, aliás, que necessitaria, por cima, de mais ou menos 150 anos adicionais para começar e terminar de ler tudo o que tenho em mente, à vista, tudo o que está disponível nas bibliotecas.)
Desse meu modesto ponto de vista, tenho sido particularmente feliz em meus empreendimentos de caráter acadêmico, os quais, aliás, realizo à margem de qualquer obrigação propriamente acadêmica, alheio a qualquer finalidade prática e à margem de qualquer atividade profissional em que possa estar funcionalmente engajado. Balanços de final de ano podem até ser “termináveis”, no sentido em que nos atemos, simbolicamente, a um calendário gregoriano que regula outras atividades sociais – a própria vida acadêmica no Brasil, o orçamento fiscal, a declaração de imposto de renda, etc. –, mas é claro que o fluxo da produção intelectual – se ele é verdadeiramente livre, como no meu caso – não conhece interrupções, nem sofre de restrições mentais ou meros impedimentos materiais: podemos até estar limitados ao ciclo circadiano das horas, mas eu costumo mesmo trabalhar fora do alcance da luz do dia, na calada da noite, e isto por semanas a fio e independentemente das estações do ano, das condições e do local de trabalho.
No que se refere especificamente a balanços restritos ao ano calendário, é claro que estamos pensando naquilo que conseguimos realizar ao longo do ano – e que pode constituir motivo de justo orgulho para nós, no caso para mim – (sem esquecer as bobagens que cometemos) e já projetando as maravilhas que faremos no ano que logo começa. Acho que sou assim, embora seja mais crítico do que o normal em relação ao que já fiz – e estou sempre tentando encontrar erros e omissões nos trabalhos recém terminados, ainda mais quando acabam de ser publicados – sempre sou irremediavelmente otimista quanto ao que vou conseguir fazer no futuro imediato, projetando mais trabalhos do que é humanamente possível terminar em prazos razoáveis.
Enfim, e para terminar esta já longa introdução, sou um pouquinho exigente (comigo mesmo, e com os outros também) e um tantinho perfeccionista no que se refere à forma e ao conteúdo dos meus trabalhos, o que às vezes representa motivos de angústia, para mim e para meus editores, já que estou sempre querendo corrigir, completar, ampliar trabalhos entregues, deixá-los atualizados até o último minuto da conferência e dos eventos correntes. Mania doentia, talvez, mas que me mantém permanentemente ligado às fontes de informação – elas são milhares hoje em dia, com essas maquinetas tipo iPad, iPhone, laptops, sempre conectados – e às últimas análises dos especialistas mais reconhecidos em cada área (e elas são muitas, também). Não sei se conseguirei me livrar dessa “obsessão”, mas se for como a mania dos livros, trata-se de uma loucura talvez sadia (a gentle madness, como já a chamou um desses maníacos por livros e leituras).

O que fiz de útil, ao longo de 2012?
No plano estritamente contábil, alguns números talvez sirvam para impressionar os incautos, os improdutivos ou preguiçosos: comecei o ano pelo trabalho número 2.234 e consegui alcançar o número 2.348, o que perfaz, portanto, numa perspectiva puramente quantitativa, um total de 114 trabalhos, ou seja, 9,5 trabalhos por mês, ou um trabalho a cada 3 dias, aproximadamente. Esse tipo de contabilidade não leva em conta, porém, as dimensões de cada trabalho, e elas são as mais variadas possíveis. Existem tanto os esquemas ou comentários de uma ou duas páginas, como livros inteiros, com quase 400 páginas (embora elaborados parcialmente ao longo de vários meses, ou como resultado de revisão de trabalhos anteriores). O total de páginas escritas elevou-se a 1.397, ou seja, quase 1.400 páginas, das quais talvez se devesse amputar 400 páginas, aproximadamente, que correspondem ao livro Relações Internacionais e Política Externa do Brasil (LTC), já que grande parte do seu conteúdo foi sendo elaborada parcialmente ao longo dos meses precedentes, e muitas vezes já foi contabilizada previamente em algum momento. Em qualquer hipótese, 1.000 páginas redigidas representam 83 páginas por mês (mais de 116 na alternativa maximalista), ou quase três páginas por dia, contando sábados, domingos e feriados. Uau!: eu deveria receber por página, não sob a forma de salário mensal...
Isto quer dizer que estou o tempo todo escrevendo, rabiscando, completando coisas que tinha deixado parado por certo tempo. Sim, e isto é importante esclarecer: quando eu me refiro à contabilidade dos trabalhos, estou mencionando apenas os trabalhos completos, ou seja, aqueles nos quais coloquei um ponto final, numerei e incluí na lista de trabalhos originais – tem uma outra, apenas dos publicados, cronologicamente, também – e não a tudo o que eu escrevi, rabisquei, esquematizei, mas não completei. Impossível calcular o número de páginas, pois existem textos incompletos em dezenas de pastas identificadas apenas pelo nome genérico de algum trabalho que pretendo completar algum dia (às vezes isso pode demorar anos, na melhor das hipóteses, meses). Em outros termos, o volume de papel sujo – maneira de dizer – é, portanto, muito maior, e daria para completar uma volta à terra, se alinhadas as páginas uma a uma, para repetir um slogan velho e sem graça (enfim, quem souber essa medida, pode multiplicar meu número de páginas pelos centímetros do formato A4, e ver até onde eu “voaria”). Enfim, para terminar com esta contabilidade maluca, caberia dizer que cada trabalho tem, em média, 9 páginas, mas a variação entre eles é muito grande.
Por fim, apenas para completar essas estatísticas chatas, tampouco estou considerando tudo o que escrevi, como posts, introdução a postagens de trabalhos de terceiros e comentários meus, diretamente num dos meus blogs de trabalho e de divertimento, sem mencionar correspondência eletrônica, centenas de mensagens, algumas das quais representando algum tipo de elaboração intelectual. Ufa!. Chega! Mas, não sem antes tecer algumas breves considerações sobre os trabalhos produzidos, no plano agora mais qualitativo do que quantitativo.
Percorrendo agora a lista de trabalhos completados e assinados – será que tem algum clandestino?, ou esquecido? – constato o seguinte. A produção mais significativa foi, obviamente, o livro mencionado anteriormente, que deveria ser uma simples terceira edição de minha primeira obra de relações internacionais, mas que terminou sendo um livro inteiramente revisto e reformulado, com cerca de um terço de aproveitamento de ensaios anteriores (mas todos revistos e atualizados), e muita coisa nova, que foi sendo elaborada ao longo dos meses precedentes, sob a forma de artigos, palestras, aulas, reflexões isoladas sobre obras alheias e temas do momento.
 Mas antes de completar esse livro, que só teve versão definitiva no segundo semestre, comecei o ano com um trabalho em Francês sobre a historiografia econômica brasileira (ainda não publicado na França, ao que eu saiba), depois feito também em versão revista em Português; continuei (depois de vários pequenos trabalhos de caráter mais conjuntural, ou de oportunidade) com uma análise de nossa patética oposição política (publicado na mesma revista em que figurou um muito discutido ensaio de FHC sobre a mesma oposição, no qual ele tinha uma fatídica frase sobre o “povão”). Também continuei a escrever sobre os antiglobalizadores inconsequentes, a despeito de já ter fechado um livro sobre esses malucos no ano anterior (mas publicado também em 2011).
Dois dos trabalhos mais importantes que fiz em 2011, representando considerável esforço analítico e alguma pesquisa quanto aos dados e argumentos a serem desenvolvidos, foram sobre o Mercosul, o primeiro uma reconsideração há muito tempo refletida sobre se o Mercosul poderia ser reversível (ou modificável, de alguma forma), o segundo um amplo painel histórico sobre seu desenvolvimento, que renderam, ambos, pequenos “filhotes” sob a forma de pequenas notas parciais organizadas em torno de suas distintas partes. No momento em que escrevo este balanço, estou tentando, justamente, terminar um terceiro trabalho sobre o Mercosul, de caráter prospectivo, que no entanto será terminado apenas nos primeiros dias de 2012.
Também continuei minha série de “clássicos revisitados” – na qual já figuram um Manifesto Comunista, Maquiavel e Tocqueville atualizados para o Brasil e algumas outras pequenas imitações – elaborando um “Sun Tzu para diplomatas” (atenção, não é a “arte da guerra” para diplomatas), bem como várias peças de minha série de “minitratados”, sempre com motivos mais para a comédia do que para o drama (embora devesse considerar esse aspecto, também, algum dia); em todo caso, elaborei considerações mais ou menos bem humoradas sobre a imaginação, a reencarnação, as improbabilidades, os desencontros, os reencontros, as corporações de ofícios, o inusitado, as inutilidades burocráticas e, finalmente, sobre as dedicatórias; ficou faltando um minitratado sobre a subserviência e um outro sobre as consequências involuntárias, já pensados, ou parcialmente escritos, mas ainda não terminados. Como sempre aceito sugestões quanto a novos temas de minitratados, tanto quanto para novas “falácias acadêmicas”, de cuja série só compus um único exemplar em 2011, sobre o modo repetitivo de produção do marxismo vulgar no Brasil (certamente por falta de tempo, pois justificativas para examinar o manancial de falácias que emerge de nossas universidades não faltam, ao contrário).
Elaborei diversos trabalhos sobre a política externa brasileira, sobre as políticas públicas em geral (vários deles diretamente no blog, depois ampliados de maneira mais reflexiva) e alguns capítulos de livros (ainda não publicados). Sim, também terminei um outro livro, de introdução ao tema da integração regional, que me deu bastante prazer ao selecionar os temas que desenvolvi, embora também uma grande angústia, já que o livro tem perfil paradidático e foi limitado em suas dimensões, o que me obrigou a ser sintético e um tanto quanto elementar em certas discussões. Deve ser publicado em 2012, espero.
Coloquei-me no lugar de certos personagens políticos, escrevendo discursos inusitados, e que eles jamais pronunciarão – mas bem que deveriam, pois o mundo, as pessoas, e o Brasil, seriam melhores e mais felizes se eles se pautassem pela minha “ajuda”. Comecei a psicografar as “memórias” do Barão do Rio Branco, o que me lembra que preciso terminar um trabalho mais sério sobre sua diplomacia econômica, para um grande seminário que ocorrerá em 2012, no quadro das comemorações oficiais dos cem anos de sua morte, ocorrida em fevereiro de 1912.
Também comentei diversos eventos correntes e fatos da atualidade – como, por exemplo, o impacto dos wikileaks para as relações internacionais – e atendi a inúmeros convites para comentar problemas correntes. Dei entrevistas, fiz pequenas e grandes resenhas de livros (inclusive para revistas estrangeiras) e apresentei livros e fiz prefácios; também dei parecer sobre artigos submetidos (recusando vários), sobre teses e ajudei em alguns projetos (oralmente e por escrito; mas isso não conta, salvo um ou outro exemplo).


Inúmeras coisas, a começar pelo segundo volume de minha projetada trilogia sobre a diplomacia econômica brasileira, que deve cobrir o período da República Velha e da era Vargas (1889-1945), em função do qual já coletei muito material, mas ainda não encontrei lazer, tempo e disposição para sentar e escrever (inclusive porque sou dispersivo, aceito muitos convites, e acabo me distraindo com bobagens infantis); espero poder avançar um pouco nesse empreendimento verdadeiramente ambicioso, em 2011. Também não avancei nada na confecção de um “dicionário” de diplomacia brasileira, o que pode parecer uma tarefa por demais grandiosa para um homem só, mas não para mim. Em todo caso, também preciso terminar um “dicionário de disparates diplomáticos”, que já está praticamente pronto há vários anos, bastando apenas começar a revisar e atualizar alguns verbetes, e acrescentar mais algumas doses de humor...
Tinha planejado terminar um trabalho já começado sobre propostas programáticas para o movimento de oposição ao poder atual no Brasil, um outro sobre políticas do Estado brasileiro que são, objetivamente, contra os interesses do Brasil, além de algumas falácias e mais algumas peças para a série dos minitratados já referidos. Newsletter e think tanks estão sempre me pedindo artigos dirigidos ou de livre temática, o que acaba me distraindo dos trabalhos mais sérios, nos quais deveria me concentrar. Deixei de fazer dezenas de outras coisas, mas não me lembro agora: talvez devesse fazer uma terceira lista de trabalhos, uma de textos iniciados, mas ainda não terminados (o que me facultaria agora listar tudo o que deixei de fazer). Também deixei de ler dezenas de livros, que ficam se acumulando em todos os cantos da casa, esperando que algum dia, de 48 horas e nenhum sono, se apresente com uma agenda aberta, totalmente livre e descansada, ao longo do qual (dos quais, seria melhor) eu poderia fazer tudo isso que eu deixei de fazer e que pode estar me causando alguma “síndrome do trabalho inconcluso”.

O que eu pretenderia fazer, em 2012?
Uau! A lista é grande, começando por tudo aquilo que está sumariamente descrito acima e que deixei de fazer em 2011. Mas, não sei a quantas andará minha produtividade na escrita, talvez menos intensa, já que de certa forma ambulante, pelo menos no primeiro semestre. Como estou assumindo o posto de professor convidado do Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine, da Universidade de Paris-3 (Sorbonne), no segundo semestre do ano acadêmico que começou em setembro último (portanto, de janeiro a maio de 2012), vou ter de dedicar algum tempo à preparação, em Francês, de dois cursos (já esquematizados), em nível de mestrado, sobre política externa brasileira e as relações econômicas internacionais do Brasil. Também pretendo viajar bastante, pela França e pela Europa, enquanto estiver residindo em Paris, o que promete diminuir mais um pouco a produtividade na elaboração de trabalhos de maior fôlego (ou necessitando pesquisa documental e elaboração discursiva mais sofisticada).
Em todo caso, preciso fazer dois trabalhos de qualidade no primeiro semestre: o que se destina a “comemorar” a morte do Barão, e um grande ensaio sobre o estado da arte em matéria de explicações sobre o (não) desenvolvimento da América Latina, para um colóquio que se realizará no IHEAL, em maio (e do qual sou o conferencista principal). Serão dois grandes desafios, que pretendo empreender dentro em breve. Existem também outros congressos e seminários acadêmicos de que pretendo participar, e que também exigem a apresentação de trabalhos escritos, e certamente receberei convites para artigos de revistas, resenhas de livros, capítulos de obras coletivas e uma confusão de outras coisas que vão pingando ao longo do ano, ao sabor dos intercâmbios diretos ou por internet, o que promete acelerar-se tremendamente. Não tenho ilusão, assim, de que conseguirei “limpar” as centenas e centenas de mensagens não lidas de minha caixa de entrada, justamente porque a maioria são boletins e material de referência, que vou guardando (ou deixando ali depositado) “para ler um dia” que nunca chega, claro).

Será que um dia eu vou dar conta de tudo o que eu gostaria de fazer, de ler, de produzir intelectualmente, sem continuar a arranhar a superfície das coisas, como muitas vezes faço, ao atender demandas sempre mais intensas? Provavelmente não, mas em algum momento vou ter de parar de escrever tanto para ler mais... O diabo é que quanto mais leio, mais me dá vontade de escrever, já que meus escritos sempre são alguma forma de síntese crítica, e criativa, de leituras feitas, comparadas, resumidas e discutidas.
Quando é que vou ter tempo para não fazer nada, ficar deitado na rede (à sombra, obviamente), cochilando, acordando para tomar algum refresco saudável, consultando as notícias no iPad, respondendo mensagens no mesmo instrumento, ouvindo alguma música no iPod ou no iPhone, pegando distraidamente algum romance histórico ao alcance da mão, enfim, fazendo um monte de coisa ao mesmo tempo, e por isso mesmo sem ter tempo para não fazer nada? Acho que esse dia, esse tempo nunca vai chegar, e por isso mesmo eu me consolo registrando esses balanços feitos de muita contabilidade, alguma frustração por “deveres” não feitos, e muitas promessas e projetos para os tempos que ainda veem pela frente. Nada melhor, de fato, do que ocupar o seu tempo com várias coisas ao mesmo tempo.
Dizem que o ócio é o pai de todos os vícios. Olhando por esse prisma, eu sou uma pessoa de muitas virtudes. Oxalá...

Brasília, 31 dezembro 2011, 8 p.; 2348.

Retrospectiva cientifica de 2011 - Ciencia Hoje


Retrospectiva 2011

Publicado em 26/12/2011
A CH On-line fez uma seleção de acontecimentos relevantes deste ano em cinco áreas: química, física, saúde, meio ambiente e ciências humanas. Confira nesta semana!
Retrospectiva 2011
2011 foi o ano da química, dos neutrinos supervelozes, das doenças crônicas, de avanços em estudos sobre a Aids, dos desastres naturais, das mudanças climáticas, das revoltas no mundo árabe... (montagem a partir de foto de Alex Slobodkin/ iStockphoto)
Retrospectivas, como bem disse a nossa colunista e historiadora Keila Grinberg, são, como a maioria das escolhas, subjetivas. A retrospectiva da CH On-line deste ano não é uma exceção. Por isso, vale explicar um pouco a ideia e as escolhas por trás dela.
Comecemos pela ideia inicial, que não vingou. Pensamos em voltar a alguns estudos importantes divulgados durante o ano e relatar seus desdobramentos desde então. A intenção era ressaltar o caráter contínuo da ciência.
A cobertura jornalística atual nessa área, no Brasil e em outros países, ao dar demasiada ênfase aos resultados de pesquisas e a suas aplicações práticas, ajuda a construir uma imagem deslocada – no tempo e no espaço – e utilitária da ciência – o que chega a justificar a ira de alguns pesquisadores diante da pergunta: “Para que serve isto?”.
Selecionamos áreas nas quais acontecimentos pontuais ganharam especial atenção e que, por motivos diferentes, devem marcar a história da ciência
Apesar das boas intenções, logo concluímos que seria difícil registrarmos desdobramentos relevantes de estudos divulgados há tão pouco tempo. Alguns meses ou mesmo um ano é um período curto para avanços significativos em pesquisas científicas.
Optamos, então, por um caminho mais seguro: selecionar áreas nas quais acontecimentos pontuais ganharam especial atenção este ano – no Brasil e no mundo – e que, por motivos diferentes, devem marcar de alguma forma a história da ciência.

Escolhas fáceis

No Ano Internacional da Química, instituído para comemorar os 100 anos do Nobel de Química da polonesa Marie Curie, não podíamos deixar essa área de fora. O Brasil participou ativamente das comemorações, realizando inúmeras atividades ligadas à divulgação da ciência que estuda a estrutura e a transformação das substâncias.
Durante o ano, dois novos elementos foram incorporados à tabela periódica, e a Academia Real de Ciências da Suécia surpreendeu ao conceder o Nobel de Química ao israelense Daniel Shechtman pela descoberta dos quasicristais, feita há quase 30 anos – o cientista já tinha desistido do prêmio. Quanto à pesquisa na área, o foco esteve principalmente na nanotecnologia.
O ano da física também foi especialmente agitado, sobretudo por conta dos neutrinos supostamente mais velozes que a luz. Não é por menos. Eles contradizem uma teoria importante de Einstein e, se comprovados, podem (e devem) causar uma reviravolta na física.
Palestra ministrada pelo físico Dario Auterio
Plateia da palestra ministrada pelo físico Dario Auterio, em 23/09/11, sobre os resultados do experimento com os neutrinos ultravelozes, do qual é um dos autores. O feito foi recebido com ceticismo pela comunidade científica. (foto: Maximilien Brice e Benoit Jeannet/ Cern)
Ainda nessa área, falou-se muito no Grande Colisor de Hádrons, o famoso LHC, e na sua insistente busca pelo bóson de Higgs. Também não é por acaso. A comprovação de sua existência garantiria a paz no universo da física de partículas, já que praticamente todas as teorias utilizadas nesse campo dependem dela. Caso contrário, a bagunça também vai ser grande – o que, no fundo, muitos físicos desejam.
Neste mês, pesquisadores que procuram pela partícula em projetos conduzidos no LHCdivulgaram resultados inconclusivos dos experimentos feitos até aqui, mas prometeram dar o veredicto no ano que vem. Fica a dúvida: se o bóson de Higgs não for encontrado, é possível descartar 100% a sua existência?

Seleção difícil

Em saúde, ficou bem mais complicado fazer escolhas. São tantas pesquisas, doenças, políticas... Optamos por uma divisão entre doenças crônico-degenerativas e enfermidades infectocontagiosas, visto que o Brasil vive um momento de transição importante no que diz respeito a esses dois tipos de problemas.
Historicamente, as doenças crônico-degenerativas são tratadas como um problema exclusivo do primeiro mundo. No entanto, nos últimos anos, elas vêm afetando cada vez mais o Brasil. Hoje, são tão ou mais preocupantes que as enfermidades infectocontagiosas – estas sim típicas de países em desenvolvimento –, o que exige uma reestruturação significativa do sistema de saúde pública do país.
No que tange às doenças crônicas, os destaques do ano se devem a novas aplicações da genética contra o câncer. Já em relação às enfermidades infecciosas, 2011 foi marcado pela estabilização das epidemias de Aids e tuberculose e pelo desenvolvimento de novas vacinas e estratégias terapêuticas.

Arenas mais conflituosas

Falar de meio ambiente em 2011 é lembrar de desastres naturais, no Brasil e no mundo.Enchentes devastaram o nordeste da Austráliao estado de Minas Gerais e a região serrana do Rio de Janeiro – evento natural com impactos sem precedentes no país.
Enchentes da região serrana no Rio
Vista aérea de Santa Rita, zona rural de Teresópolis, em janeiro deste ano. As enchentes da região serrana no Rio de Janeiro deixaram mais de 800 mortos. (foto: Daniel Marenco/ CC BY-NC 2.0)
Terremotos destruíram partes da Nova Zelândia, da Turquia e do Japão – este seguido de tsunami e de acidente nuclear na usina de Fukushima, cujos efeitos ainda estamos tentando entender. Um deles é uma reflexão mais profunda sobre o uso da energia nuclear.
O ano do meio ambiente foi marcado ainda por uma série de estudos, polêmicas e políticas relacionadas às mudanças climáticas – que se cogita estarem ligadas à maior frequência de eventos naturais extremos.
Enquanto fazia bonito na África do Sul, defendendo metas de diminuição de emissões para países em desenvolvimento e ajudando a resolver impasses político-terminológicos, o Brasil aprovava, no Senado, o texto-base do novo Código Florestal Brasileiro, que vem sendo criticado por ‘flexibilizar’ o desmatamento.
Falando em política nacional, vamos aos destaques nas ciências humanas: o primeiro ano de mandato da primeira ‘presidenta’ do Brasil; os avanços nas causas legais homoafetivas – casamento e união estável –; o caso do livro didático Por uma vida melhoracusado de ensinar regras de português erradas; e a proliferação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro.
No âmbito internacional, impossível não falar dos acontecimentos em torno do que ficou conhecido como a primavera árabe, que envolveu a derrubada do presidente da Tunísiae o fim da era Mubarak no Egito e está dando trabalho para Assad, presidente da Síria, sem falar no assassinato de Kadafi, na Líbia.

Veja vídeo com imagens da praça Tahir, no Egito, tomada por manifestantes em janeiro de 2011



Manifestações políticas também agitaram o mundo ocidental. Em Lisboa, o movimento ‘Geração à rasca’ tomou a Avenida da Liberdade para reivindicar melhores condições de trabalho. Em Madri, milhares de pessoas se reuniram na praça Puerta del Sol para protestar contra o sistema político do país. A praça Zuccotti, em Nova Iorque, foi palco do‘Occupy Wall Street’, protesto contra a crise econômica e o sistema financeiro do país. O papel das redes sociais nesses e em outros acontecimentos importantes também mereceu destaque e reflexões.
2011 também foi o ano da marca dos 7 bilhões de pessoas no mundo; da descoberta de diversos planetas extrassolares, da aposentadoria dos ônibus espaciais da Nasa, de avanços importantes relacionados à Aids, do feijão transgênico brasileiro e de tantos outros acontecimentos importantes que nem sempre conseguimos cobrir por falta de pessoal, recursos e, sobretudo, tempo. Não seria fantástico se um dia a ciência conseguisse fabricar mais tempo?
Mas voltemos aos fatos e à nossa retrospectiva. Nesta semana, você vai poder relembrar com mais detalhes a maior parte dos acontecimentos aqui destacados, escritos pela equipe que, durante todo o ano, buscou informar os leitores, da melhor forma possível, sobre acontecimentos relevantes do mundo científico, no intuito de fortalecer cada vez mais os laços entre a ciência e a sociedade.

Carla AlmeidaCiência Hoje On-line