quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Vergonha, apenas vergonha...

Existem momentos na vida nacional em que sentimos vergonha de ser brasileiros, poderia dizer o grande Rui Barbosa. 
O Brasil se expõe ao ridículo internacional de não respeitar a sua própria Constituição, e isso pelas mãos (e pés) daqueles mesmos que deveriam defendê-la.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 31 de agosto de 2016.

A Guerra Civil Espanhola em exposicao de fotojornalismo - Robert Capa (Sao Paulo)

As fotografias raras de Robert Capa na Guerra Civil Espanhola estão em São Paulo
Exposição do mestre do fotojornalismo de guerra registra um conflito dramático do século XX

Robert Capa em um de seus retratos mais difundidos.
FSP, São Paulo 22 JUL 2016 - 22:44 CEST
O grande mestre do fotojornalismo de guerra, o húngaro Robert Capa (1913-1954), um revolucionário da fotografia contemporânea, ganhou pela primeira vez (só) cinco anos atrás uma ampla exposição de seu trabalho original. Durante esse tempo, ela viajou por cinco países, sempre com um sucesso tremendo, e, agora, finalmente aterrissa no Brasil. A Valise Mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim, em cartaz na Caixa Cultural de São Paulo de 23 de julho a 2 de outubro, traz aos olhos paulistanos as imagens que Capa fez do conflito espanhol (1936-39) ao lado de seus parceiros Gerda Taro (1910-1937) e David ‘Chim’ Seymour (1911-1956). São fotografias únicas: históricas, artísticas e raras de ser vistas em seu contexto original.
Por isso, quem estiver na cidade deve aproveitar. São 4.500 negativos, que formam a tal Valise mexicana e que permaneceram desaparecidos por décadas, até serem recuperados na década de 1990 no México e, anos depois, arquivados com toda a importância merecida peloInternational Center of Photography (ICP) – fundado em Nova York pelo irmão de Capa, Cornell, que os recebeu em 2007 depois de uma busca incansável.
A história é que Capa mantinha um estúdio em Paris, para onde foi com Gerda, sua esposa, seguindo o rastro de Chim, o primeiro do grupo (todos judeus esquerdistas e exilados) a tentar a vida na França como fotógrafo, já que na Alemanha o nazismo estava em ascensão. Os três viram na Guerra Civil Espanhola uma oportunidade de trabalhar e ter destaque profissional. Em 1939, ano em que termina o conflito espanhol, estoura a Segunda Guerra Mundial, e Paris está na iminência de ser invadida pelo exército alemão. A pessoa responsável pelo estúdio naquele então embala o material e o entrega alguém de quem não se teve notícias por tempos. Até que Cornell os recuperou.

Refugiados andando na praia. Campo de internação francês para exilados republicanos, Le Barcarès, França. Março de 1939. ROBERT CAPA INTERNATIONAL CENTER OF PHOTOGRAPHY / MAGNUM

Nas fotos enfim resgatadas e agora expostas na Caixa Cultural, o que se vê é Capa e seus companheiros experimentando o estilo pelo qual ficariam consagrados, com fotos levemente tremidas, mais verossímeis que as nítidas no caso de conflitos, e tiradas quase sempre junto às cenas, como explica umareportagem da Ilustríssima sobre o mestre lançado à fama graças a um perfil publicado pela revista Picture Post.

Mulher amamentando e escutando um discurso político perto de Badajoz, Espanha, maio de 1936. CHIMESTATE OF DAVID SEYMOUR / MAGNUM
Vivendo essa vida imersa no perigo, os três fotógrafos, cujos nomes verdadeiros eram outros (Capa se chamava, na realidade, Endre Friedmann, Gerda era Gerta Phorylle e David, Dawid Szymin), morreram em ação. Gerda foi atropelada por um tanque na Espanha em 1937, Capa pisou em uma mina na Indochina em 1954 e Chim levou um tiro quando cobria a Guerra do Suez, em 1956. Talvez não sobre dizer que seus legados vivem eternamente.
Guerra Civil Espanhola teve início em 1936 após a sublevação de parte do Exército contra contra o Governo da época. Durou quase quatro anos e terminou com a vitória dos militares que levou o ditador Francisco Franco ao poder. Foi um dos momentos mais dramáticos do século XX. Em 2016, completa 80 anos.


Esquizofrenia e alienacao da esquerda - Wanderley Guilherme dos Santos, um alucinado

Posto aqui pois, por mais alucinado, alienado, paranoico e esquizofrênico que seja este sociólogo de esquerda, diferentemente dos jovens, que não leram nada e não sabem nem falar, este pelo menos teve uma educação à antiga, e sabe pelo menos se expressar, o que a Afastada sequer consegue fazer, por exemplo.
Mas as loucuras são extensas, disseminadas, amplas e irrestritas.
Paulo Roberto de Almeida

Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64’. 
Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos
Marco Weissheimer
Sul21, 29/08/2016

“O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar”. Esse é o resumo da obra que será exibida no Brasil nos próximos meses, talvez anos, na avaliação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).
A entrevista é de Marco Weissheimer, publicada por Sul21, 29-08-2016.

Em um artigo intitulado “O grande salto para trás de Michel Temer”, publicado em seu blog “Segunda Opinião”, o cientista político prevê dias sombrios para o país e aponta algumas características do bloco que apoia Temer e que pretende implantar uma novaagenda política e econômica no país, sem ser referendada pelo voto popular, com a confirmação da derrubada da presidenta Dilma Rousseff.
Wanderley Guilherme dos Santos fala sobre essa agenda, destacando o seu caráter profundamente antinacional. Para ele, o movimento golpista pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. “O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital”, assinala. Para tanto, acrescenta, a esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. “Eles não deixarão Lula ganhar a eleição em 2018 em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão”, diz, advertindo que a tentativa de prisão do ex-presidente Lula é uma possibilidade real neste cenário.
Eis a entrevista.
Como você definiria a atual situação política do país e, mais especificamente, o que está acontecendo no Senado nos últimos dias, com o julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
Eu não tenho acompanhado o Senado e nem o Supremo Tribunal Federal porque, já há algum tempo, tenho a convicção de que está tudo essencialmente resolvido. É uma peça cuja primeira montagem, para a minha sensibilidade, teve alguma emoção. Agora, virou algo mecânico. Por isso não estou acompanhando o que ocorre no Senado. Não vai daí nenhuma depreciação das pessoas. Elas estão cumprindo o protocolo, mas, no fundo, todos sabem que está resolvido.
Com a confirmação do afastamento de Dilma, quais podem ser as repercussões políticas e sociais no país?
Acho que ocorrerão desdobramentos e aprofundamentos do telos, da finalidade deste movimento que pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. A inserção do Brasil nosistema capitalista evoluiu muito durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foram construídos laços explícitos com o modelo internacional. Previamente a isso, havia uma indefinição sobre o rumo que o país iria tomar. Mesmo durante o período militar, havia uma disputa permanente entre os nacionalistas e os mais, digamos cosmopolitas. Isso foi resolvido, primeiro, com a vitória de Collor e, depois, com a de Fernando Henrique, quando tivemos oito anos de ajustamento da dinâmica brasileira ao modelo capitalista internacional. Isso foi interrompido em 2002.
O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital. Esse processo já está em curso.
Na sua opinião, pode ocorrer uma reação na sociedade a esse processo, especialmente entre os setores que devem ser mais atingidos por essa redefinição programática? Há uma aparente calmaria na sociedade hoje, considerando a gravidade de tudo o que está acontecendo. O que essa calmaria expressa? Apatia? Indiferença?
Acredito que temos aí uma composição de percepções. Em primeiro lugar, há o reconhecimento da falta de recursos. Os assalariados, de modo geral, com a ameaça dedesemprego, estão muito pouco dispostos a participar de manifestações com pautas universais, generalizantes. Só farão isso por questões específicas. Essa postura obedece a razões materiais compreensíveis. Em segundo lugar, por uma avaliação, na minha opinião bastante sensata também, de que esse esquema de redefinição programática e de reajustamento reacionário é muito forte e pouco vulnerável a pressões externas. Ele tem algumas instabilidades, como essa briga agora entre Gilmar Mendes e o Ministério Público Federal, mas elas não transbordarão para uma associação com quem está de fora. Assim, acredito que essa aparente apatia não é, na verdade, uma apatia, mas sim uma avaliação bastante pessimista, porém racional.
Em que medida a Constituição de 1988 está sendo afetada pelo que está acontecendo agora no Brasil?
A Constituição, propriamente, não está sendo atingida. O texto da Constituição consagra uma série de votos de boa vontade. O que aconteceu, de 2002 até aqui, foi uma tradução desses votos constitucionais em políticas específicas sérias e sistemáticas. Como essas intervenções sociais não foram constitucionalizadas, como ocorreu, por exemplo, com a Consolidação das Leis do Trabalho, elas ficaram muito vulneráveis a mudanças ministeriais e de governo. Então, o que está ocorrendo agora é um desmanche das políticas sociais construídas a partir de 2002 e a instalação de uma forma diferente de ler os votos constitucionais que não são específicos, mas sim declarações de intenções. O que está sendo atingido é a gramática que traduzia essas declarações de intenções em políticas sociais específicas.
Qual é, na sua avaliação, a capacidade do PT e da esquerda brasileira de um modo geral, de resistir a esse processo e de enfrentar o período que se abre agora na história do país?
Há um trabalho que vem sendo realizado há alguns anos junto ao subconsciente da sociedade para cultivar a impressão de que tudo o que vinha sendo feito desde 2002 era algo paliativo, populista e maligno para comprar o apoio das classes mais desfavorecidas. Foram anos de condicionamento da subjetividade nacional e grande parte dela ficou bastante hesitante no que pensar diante de uma lava jato. Não obstante a execução efetiva dos procedimentos legais que até agora condenaram empresários, burocratas, marqueteiros e alguns políticos, o único grande nome do PT condenado neste processo é o Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido).
Desde o início da Lava Jato, os vazamentos, delações, declarações são sempre em relação ao PT. Por isso não cessa a Lava Jato. Toda semana tem uma ameaça nova sobre a prisão de fulano ou de sicrano. E não acontece. Não acontece porque não tem base e as coisas não colam. Há alguns meses, o Lula seria preso por causa do sítio em Atibaia ou por um apartamento no Guarujá. Isso era martelado diariamente como se fosse verdadeiro e suficiente para tornar alguém incomunicável. A Lava Jato colheu os frutos desses 13 anos de cultivo de uma subjetividade disposta a aceitar determinadas coisas. E a devastação produzida por isso foi muito grande. A imensa maioria das forças de esquerda não tem nada a ver com o número de pessoas denunciadas e condenadas pelaLava Jato. Há uma discrepância absoluta aí e ninguém está se dando conta disso.
Há dois processos em curso. Há um processo teatral e um processo real. Os personagens reais estão lá na lista de denunciados e sentenciados pela Lava Jato, da qual não constam políticos do PT, com exceção de Vaccari e Delcídio, que era um recém-chegado ao partido. A Lava Jato continua produzindo essa devastação na esquerda.
Então, é natural que o eleitorado de esquerda esteja, não digo intimidado, mas aguardando os acontecimentos, pois foi colocado sobre seus representantes um véu generalizado de suspeição, o que faz com que ninguém se arrisque a por a mão no fogo por ninguém. A situação de meio paralisia que vemos hoje é uma situação de intimidação. Tudo contribui para um curto e médio prazo não muito róseo para aesquerda brasileira.
Você acredita que a Lava Jato, uma vez confirmado o afastamento da presidenta Dilma, tende a terminar?
Não. Pode até ser que eles tenham pensado nisso em algum momento do processo, mas acho que tomaram gosto pela coisa. É um poder que, agora, o Gilmar Mendesidentificou. É um poder excepcional esse de ter informações sigilosas sobre as pessoas, de saber quem faz o quê, em um contexto em que acusação e difamação se confundem. É um poder tirânico, aparentemente dentro da lei. Eu duvido que isso termine tão cedo.
Em que medida esse bloco que está apoiando Temer e a derrubada da Dilma é um bloco coeso e sólido, considerando especialmente as relações entre PMDB e PSDB?
Pode haver algumas rusgas internas, mas acho que o bloco reacionário é sólido. A esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. Lamento, mas eu leio o que está escrito. Posso estar lendo errado, mas tento ler o que está escrito.
Como avalia a possibilidade do movimento sindical e dos movimentos sociais resistirem à agenda de políticas defendidas pelo bloco político e social de Temer, que inclui propostas como a flexibilização da CLT e a precarização de direitos?
Os movimentos sociais podem resistir um pouco, mas dentro do sistema político legal atual, lá entre eles, a situação não é tão fácil assim. Nem todos são reacionários de alfa a ômega. Há representantes dentro do Legislativo e da burocracia que tem interesses a defender e estão envolvidos com uma série de políticas. Então, acho que não será tão fácil para eles e não cumprirão 100 por cento do que gostariam os mais radicais deles, mas isso por conta de resistências dentro do próprio bloco deles. Esse bloco é muito sólido no seu veto à esquerda. O consenso básico deles é: esquerda fora. Esse é o denominador comum que os unifica.
“Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento”.
Tudo isso que estou dizendo não significa que nós vamos ficar olhando para tudo isso de braços cruzados, sem fazer nada. O que estou fazendo é procurar ver essa conjuntura com um olhar realista, inclusive para não criar expectativas falsas. As lideranças da esquerda não podem ficar levantando expectativas falsas que sabem que não poderão cumprir. Isso é ruim. O que não quer dizer que vamos ficar parados. Nós ficamos parados durante a ditadura? Não e tampouco ficaremos parados agora. Na ditadura, não acreditávamos que, em 48 horas, iríamos derrubar os generais. Nem por isso ficamos parados.
Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento que o dos militares daquela época. Estes tinham uma seção autoritária, mas comprometida com interesses nacionalistas. Não é o caso agora. Cerca de 90% desse bloco que apoia Temer é profundamente antinacional. Isso não está acontecendo só aqui, vem acontecendo pelo mundo inteiro depois da crise de 2008.
Você vê alguma possibilidade de Lula vencer a eleição em 2018 e retornar ao governo?
Eles não deixarão Lula ganhar essa eleição em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão. A esquerda não ganhará a eleição em 2018 de jeito nenhum. O que não quer dizer que a gente não vá mostrar a cara. Dependendo do andar da carruagem e se as eleições fossem livres, hoje eu acho que eles perderiam. O governo Temer é muito ruim e está afetando todo mundo. Se houvesse uma eleição para valer, eles perderiam. Como é que eles vão fazer eu não sei. O compromisso que eles estão assumindo, em nível nacional e internacional, é de tal envergadura que eles não podem perder a eleição em 2018.
Na sua opinião, o tema da prisão de Lula ainda é uma possibilidade?
Acho que sim. Estão preparando o ambiente e o farão quando avaliarem que isso provocará apenas alguns protestos impotentes. Há um ano, eles não fariam, pois não daria certo. Eles não estão para brincadeira e vêm trabalhando sistematicamente para “acostumar” a opinião pública com a ideia da prisão de Lula. Eles vêm realizando sucessivas ameaças, às quais reagimos, para ir criando o clima. A ideia é que, ao longo dessas sucessivas ameaças, a nossa reação vá perdendo força na sociedade.
Como definiria a atuação do STF neste processo? Há setores do Supremo que fazem parte orgânica desse bloco de Temer?
Sim, fazem. A maioria do Supremo é servil. Os que não são, se acomodam e se acovardam. Só esboçam alguma reação em coisas secundárias. Na hora de decidir sobre temas essenciais, isso desaparece.
Outra instituição que vem sendo apontada como uma protagonista do golpe é a chamada “grande mídia”. Como definiria o papel desse setor?
É claro que também faz parte desse mesmo bloco. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Esse encontro entre Legislativo, Judiciário, Supremo, empresariado e mídia é uma circunstância que aconteceu. Não é fácil de acontecer, mas aconteceu. Acho que nem foi o resultado de uma coisa totalmente planejada, pois é muito difícil planejar algo dessa natureza. Mas acontece e, quando acontece, eles têm consciência de que aconteceu. Eles sabem o que aconteceu e, por isso, estão à vontade para cometer as maiores barbaridades como se fossem verdades. Hoje, se alguém ligado à esquerda entra com um habeas corpus ou algo do gênero no Supremo, eles negarão o pedido. Pode parecer exagerado, mas é isso mesmo. O que está acontecendo não é brincadeira. A gente esquece como isso tudo começou. Há alguns anos, o que estamos vendo agora era algo impensável. Hoje acontece como se fosse algo normal.
Considerando o bloco político social que apoia Temer hoje é possível fazer uma comparação com aquele bloco que apoiou o golpe de 64?
Não, é uma realidade bem diferente. Em 64, não havia uma sociedade organizada e diversificada como hoje. Os militares obtiveram uma maioria conjuntural, mas depois as coisas foram ficando mais complicadas. Não tem nada a ver com 64. Como disse, acho que o que acontece agora, em certo sentido, é pior em função do caráter profundamente antinacional desse bloco.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Crise politica na Venezuela recrudesce na vespera de manifestacao oposicionista

Crise política na Venezuela recrudesce à véspera de manifestação oposicionista
Governo suspende prisão domiciliar do ex-prefeito Daniel Ceballos e proíbe voo de jatos particulares no país por uma semana
ALFREDO MEZA
Caracas 29 AGO 2016 - 18:34    BRT

A Venezuela viverá nesta quinta-feira um novo capítulo de sua infindável polarização. A oposição planeja ocupar as ruas de Caracas, a capital, com uma passeata que partirá de vários locais, confluindo para se concentrar em seu feudo, a região leste da cidade, para exigir que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) acelere a realização do plebiscito revogatório do presidente Nicolás Maduro. O Governo, por sua vez, também decidiu sair às ruas, em um esforço de mobilização para tentar se contrapor ao repúdio à sua gestão anunciado pelas pesquisas e agitando a bandeira da existência de um possível golpe de Estado em curso contra si, recurso clássico do chavismo quando a temperatura do conflito aumenta no país.
O Governo organizou um dispositivo para a venda de alimentos controlados, que se tornaram escassos devido às condições impostas pelo seu próprio modelo econômico, e anunciou “a ocupação da Venezuela”. A expectativa é de que, nesse dia, seus simpatizantes se concentrem nas praças públicas e avenidas em todas as cidades do país. Os funcionários mais leais a Maduro reiteraram as ameaças de demitir altos cargos de sua administração que respaldaram uma saída antecipada de Maduro.

No sábado, o Governo deu sinais de que parece estar levando muito a sério as manifestações de quinta-feira. Durante a madrugada, membros do Serviço Bolivariano de Inteligência invadiram a casa de Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal e considerado o número três do Partido Vontade Popular, organização dirigida pelo famoso oposicionista Leopoldo López, para executar a ordem de um tribunal de suspender a sua prisão domiciliar. Horas depois, o Ministério da Justiça emitiu uma nota em que afirmava ter descoberto que Ceballos, um dos líderes das violentas manifestações ocorridas no primeiro semestre de 2014, planejava fugir para coordenar “ações violentas” na clandestinidade a partir de 1 de setembro. Ceballos foi, então, recolhido a uma penitenciária na região central da Venezuela.

Uma parte da mais alta direção do partido de López –o prefeito David Smolansky e os deputados Luis Florido e Freddy Guevara—também está sendo ameaçada de prisão, segundo denúncia veiculada no Twitter pelo presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup. O regime está convencido de que a Vontade Popular tem conseguido convencer o restante da oposição a transformar uma manifestação como a de quinta-feira em um pretexto para derrotar Maduro. Florido, que é também presidente da Comissão de Política Externa do Parlamento, afirmou que o governo planeja criminalizar a chamada “ocupação de Caracas”.

Durante todo o dia de sábado, esperava-se que o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, preso em sua residência desde 2014 após os violentos incidentes do primeiro semestre daquele ano, também fosse transferido, como Ceballos, para uma penitenciária. Apesar das medidas especiais adotadas pelos responsáveis por sua segurança, o rumor não se concretizou.

O Governo dos Estados Unidos se disse “profundamente preocupado” com a decisão de se colocar Ceballos novamente na prisão. Em nota divulgada neste domingo, o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, condenou a manobra, vista por Washington como “uma tentativa de intimidar e impedir o direito dos venezuelanos de expressar a sua opinião livremente em 1 de setembro”; o documento exige a “imediata libertação” de Ceballos. “Em uma sociedade democrática, não há espaço para usar os instrumentos do Estado com o objetivo de intimidar e silenciar a oposição política”, diz a nota.

Suspensão de voos particulares

O Instituto Nacional da Aeronáutica Civil acrescentou mais lenha na fogueira daqueles que avaliam que o governo quer evitar que se façam registros visuais para mostrar a dimensão da manifestação marcada para esta quinta-feira. Desde sábado, estão proibidos os voos de jatos particulares e de drones em todo o território venezuelano. A medida é válida até o dia 5 de setembro.

Na ausência de explicações oficiais, o argumento referente ao temor do governo começa a ganhar corpo nas redes sociais e entre os analistas políticos. Foi uma medida surpreendente que visaria também, segundo essas interpretações, a evitar o deslocamento de dirigentes políticos estrangeiros para participar do protesto. A mulher de López, Lilian Tintori, havia anunciado na semana passada a presença, em Caracas, de representantes de várias organizações estrangeiras.

As expectativas criadas em torno da manifestação não repercutiram na disposição das autoridades eleitorais, que sempre aguardam pelo vencimento de todos os prazos estabelecidos pelo cronograma do plebiscito a fim de anunciar os passos seguintes. “A passeata da oposição não altera os nossos planos em nada”, afirmou a Socorro Hernández, integrante do CNE, alertando para o fato de que qualquer ocorrência violenta na manifestação poderá levar à suspensão do processo que pretende colocar um fim ao mandato de Maduro.

Segundo esse plano, o segundo passo do longo caminho da oposição será dado no fim de outubro. Durante três dias, em datas ainda não definidas, a oposição tentará recolher apoio de 20% do eleitorado para finalmente obrigar à convocação do plebiscito. Falta definir alguns detalhes para que essas datas sejam marcadas e anunciadas.

Duas integrantes governistas do CNE –a própria Hernández e Tania D’Amelio— defendem, porém, que cada uma das 23 províncias do país precisaria registrar pelo menos 20% de eleitores favoráveis à consulta para que esta seja convocada. Se essa condição prevalecer, será um novo marco na história da Venezuela para esse tipo de consulta popular. No processo anterior, convocado em 2004 contra o então presidente Hugo Chávez, o que se considerou foi o total de assinaturas recolhidas em todo o país, independentemente dos percentuais obtidos em cada região.

Guerra Civil Espanhola: 80 anos - uma palestra em SP - Paulo Roberto de Almeida

Por enquanto o primeiro dia apenas, de uma semana inteira de atividades literárias e artísticas.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil-Cuba-EUA: crise dos misses sovieticos em 1962, Secret Brazilian Diplomacy - video com a palestra de James Hershberg

Transmitido ao vivo em 22 de agosto de 2016
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) realizaram, em Brasília, em 22 de agosto, das 10h45 às 12h, no auditório Embaixador Paulo Nogueira Batista, térreo do anexo 2 do Palácio Itamaraty, palestra sobre o tema: 
 "Secret Brazilian Diplomacy, the Cuban Revolution, and the 1962 Cuban Missile Crisis: Unearthing Hidden History"
com o professor James G. Hershberg. 

James G. Hershberg é professor de História e Relações Internacionais na Universidade de George Washington e diretor emérito do Cold War International History Project, do Woodrow Wilson International Centers for Scholars.

Espanha: sua importancia para o Brasil - Seminario na Funag, 31/08, 9h30-12h00

Seminário com a participação de:
Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima, presidente da Funag: Abertura
Embaixador Seixas Corrêa: Brasil-Espanha nos tempos da União Ibérica (1580-1640)
Prof. José Carlos Brandi Aleixo: Anchieta e a influência dos jesuitas na educação
Vamireh Chacon: Ortega y Gasset e o pensamento espanhol no Brasil
Embaixador da Espanha Manuel de la Camara Hermoso: Relações Brasil-Espanha: atualidade e perspectivas
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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Quem sao, e o que fazem, os internacionalistas da AL? - Arlene B. Tickner; Carolina Cepeda; José Luiz Bernal

Recomendo a leitura:

¿Quiénes son los internacionalistas en Latinoamérica?
Arlene B. Tickner; Carolina Cepeda; José Luiz Bernal
Foreign Affairs Latinoamerica, vol. 13, n. 2, abril-junio 2013, p. 42-49
https://www.academia.edu/27928791/Quienes_son_los_internacionalistas_en_Latinoamerica

www.fal.itam.mx

V Congresso Latino-americano de Historia Economica - resumo do encontro

Recebido, no boletim mais recente da ABPHE:

QUINTO CONGRESSO LATINOAMERICANO DE HISTÓRIA ECONÔMICA (CLADHE V)
O V Congresso Latino-Americano de História Econômica (CLADHE V) foi realizado na cidade de São Paulo, Brasil, entre os dias 19 e 21 de Julho de 2016. As instituições organizadoras do evento foram as associações de História Econômica da Argentina, do Brasil, do Chile, do Caribe, da Colômbia, do México, do Peru e do Uruguai, assim como da Espanha e de Portugal, como convidadas. A Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica – ABPHE – e a Faculdade de Economia, da Universidade de São Paulo – FEA/USP, com sede na cidade de São Paulo, eram as instituições anfitriãs.
Seguindo a tradição dos congressos anteriores realizados desde 2007, o CLADHE V é um espaço acadêmico para debater as recentes pesquisas de história econômica da América Latina, assim como para abordar as perspectivas globais e comparativas com outras regiões. A organização do CLADHE buscou incentivar a participação conjunta de pesquisadores dos países latino-americanos e de outras partes do mundo para difundir e discutir seus trabalhos bem como estabelecer agendas de pesquisa comuns. Os idiomas oficiais do CLADHE V eram o espanhol e o português; entretanto, foram bem-vindos trabalhos e apresentações em inglês.
O evento contou com duas Conferências proferidas por Victor Bulmer-Thomas da University College London, Grã-Bretanha e de Gareth Austin de Cambridge University, Grã-Bretanha e do Graduate Institute, Genebra, Suíça, que respectivamente trataram do Imperialismo dos Estados Unidos na América Latina e da Relação do desenvolvimento econômico africano e latino-americano durante o século XX. Ainda como parte das atividades acadêmicas voltadas ao público geral, foram realizadas seis mesas redondas. A seleção dos temas das mesas buscou atender aos interesses dos participantes, abarcando períodos históricos e grandes questões temáticas da história econômica latino-americana. Para compô-las, foram convidados pesquisadores de diferentes nacionalidades, de maneira que fosse possível dar um panorama para cada tema por meio de perspectivas nacionais distintas e, quando possível, complementares. A mesa-redonda 1. Fiscalidade na Colônia contou com a presenta dos professores Angelo Carrara (UFJF, Brasil), Roberto Schmit (Universidad de Buenos Aires, AAHE, Argentina) e Ernest Sánchez Santiró (Instituto Mora, México). A mesa-redonda 2. 1ª Globalização foi composta pelos professores Sandra Kuntz (El Colegio de México, AMHE, México), Manuel Llorca (Universidad de Santiago de Chile, AChHE, Chile), Carlos Contreras Carranza (Universidad Católica de Perú, APHE, Peru) e Paulo Roberto de Almeida (Centro Universitário de Brasília, Brasil). A mesa-redonda 3 tratou do tema da Escravidão com os profesores Dale Tomich (Binghamton University, Estados Unidos), Rafael Marquese (FFLCH/USP, Brasil), Luiz Felipe Alencastro (FGV-SP, Brasil) e José Antonio Piqueras (Universitat Jaume I, Castellón, AHEC, Espanha). A mesa-redonda 4. Industrialização e desenvolvimento foi composta pelos professores Mario Rapoport (Universidad de Buenos Aires, Argentina), Reto Bertoni (Universidad de la República, AUDHE, Uruguai), Pedro Cezar Dutra Fonseca (UFRGS, Brasil) e Aurora Gómez Gavarriato (El Colegio de Mexico, México) A mesa-redonda 5 teve como temática o Pensamento Econômico Latino-Americano e foi composta pelos professores Andrés Álvarez (Universidad de los Andes, ACHE, Colômbia), Alexandre Mendes Cunha (UFMG, Brasil), Mauro Boianovsky (UNB, Brasil) e Luís Bértola (Universidad de la República, Uruguai). Finalmente, a mesa-redonda 6. Relações Brasil-África teve como expositores os professores John Schulz (BBS, Brasil), Gareth Austin (The Graduate Institute of International and Development Studies, Genebra, Suíça), José Manuel Gonçalves (UFF, Brasil) e Paris Yeros (UFABC, Brasil). Ademais, o evento teve como sessões ordinárias os 39 Simpósios Temáticos aprovados, coordenados por 2 ou 3 docentes de ao menos duas nacionalidades diferentes, e com a presença de 10 a 25 pesquisadores como apresentadores de trabalhos. Ao todo, foram 620 artigos aprovados, com mais de 700 pesquisadores entre coordenadores de Simpósios Temáticos e autores e coautores de artigos. Durante o evento circulou, contudo, cerca de 500 congressistas, especialmente dos países latino-americanos. Na quarta-feira, dia 20, foram realizados mais de 20 lançamentos de livros, divididos em 6 sessões.
Sendo assim, com três dias intensos de Simpósios Temáticos, conferências e mesas-redondas, acreditamos que o V Congresso Latino-Americano de História Econômica cumpriu de maneira extremamente satisfatória o objetivo de construir um espaço de diálogo e debate entre os pesquisadores da área na região. Ademais, com a organização do evento, a ABPHE tornou-se responsável pela organização, seguindo a tradição de que o evento deve circular entre as associações latino-americanas de história econômica. Por outro lado, a FEA/USP, sede da fundação da ABPHE, mostrou-se palco importante de realização dos eventos da área, tornando-se a sede do primeiro CLADHE no Brasil.
Assim, seguindo os exemplos dos encontros da ABPHE, que são efetivamente um dos espaços mais privilegiados no país para a disseminação do conhecimento entre historiadores econômicos brasileiros, a realização do CLADHE no Brasil foi decisivo para estreitar os laços de nossos pesquisadores com a comunidade latino-americana.

Agumas Revistas de História Econômica

América Latina en la História Econômica
Instituto Mora, México
http://alhe.mora.edu.mx/index.php/ALHE

Revista de Historia Económica – Journal of Iberian and Latin American Economic History (RHE-JILAEH)
Instituto Figuerola, Carlos III, Universidad de Madrid, España
http://journals.cambridge.org/action/displayJournal?jid=RHE

Economic History Review (EHR)
Economic History Society (United Kingdom)
http://www.ehs.org.uk/journal/index.html

História e Economia
Brazilian Business School (São Paulo, Brasil)
http://bbs.edu.br/a-bbs/revista-bbs/

Investigaciones de Historia Económica

Associação Espanhola de História Econômica
http://zl.elsevier.es/es/revista/investigaciones-historia-economica-328

Journal of Economic History (JEH)
The Economic History Association (USA)
https://eh.net/eha/publications/the-journal-of-economic-history/

Revista Tiempo y Economia (Colômbia)
Informações em: http://goo.gl/AqOSnO

Revista Uruguaya de Historia Económica (RUHE)
Associação Uruguaia de História Econômica, Uruguai
http://www.audhe.org.uy/revista/

I have a DREAM - Martin Luther King most famous speech - This Day in History (NYT)

ON THIS DAY (August 28, 1963)

In 1963, 200,000 people participated in a peaceful civil rights rally in Washington, D.C., where Dr. Martin Luther King Jr. delivered his "I Have a Dream" speech in front of the Lincoln Memorial.
http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/big/0828.html#article

200,000 March for Civil Rights in Orderly Washington Rally; President Sees Gain for Negro



ACTION ASKED NOW
10 Leaders of Protest Urge Laws to End Racial Inequity
By E. W. KENSWORTHY
Special to THE NEW YORK TIMES
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Washington, Aug. 28 -- More than 200,000 Americans, most of them black but many of them white, demonstrated here today for a full and speedy program of civil rights and equal job opportunities.
It was the greatest assembly for a redress of grievances that this capital has ever seen.
One hundred years and 240 days after Abraham Lincoln enjoined the emancipated slaves to "abstain from all violence" and "labor faithfully for reasonable wages," this vast throng proclaimed in march and song and through the speeches of their leaders that they were still waiting for the freedom and the jobs.
Children Clap and Sing
There was no violence to mar the demonstration. In fact, at times there was an air of hootenanny about it as groups of schoolchildren clapped hands and swung into the familiar freedom songs.
But if the crowd was good-natured, the underlying tone was one of dead seriousness. The emphasis was on "freedom" and "now." At the same time the leaders emphasized, paradoxically but realistically, that the struggle was just beginning.
On Capitol Hill, opinion was divided about the impact of the demonstration in stimulating Congressional action on civil rights legislation. But at the White House, President Kennedy declared that the cause of 20,000,000 Negroes had been advanced by the march.
The march leaders went from the shadows of the Lincoln Memorial to the White House to meet with the President for 75 minutes. Afterward, Mr. Kennedy issued a 400-word statement praising the marchers for the "deep fervor and the quiet dignity" that had characterized the demonstration.
Says Nation Can Be Proud
The nation, the President said, "can properly be proud of the demonstration that has occurred here today."
The main target of the demonstration was Congress, where committees are now considering the Administration's civil rights bill.
At the Lincoln Memorial this afternoon, some speakers, knowing little of the way of Congress, assumed that the passage of a strengthened civil rights bill had been assured by the moving events of the day.
But from statements by Congressional leaders, after they had met with the march committee this morning, this did not seem certain at all. These statements came before the demonstration.
Senator Mike Mansfield, of Montang, the Senate Democratic leader, said he could not say whether the mass protest would speed the legislation, which faces a filibuster by Southerners.
Senator Everett McKinley Dirksen of Illinois, the Republican leader, said he thought the demonstration would be neither an advantage nor a disadvantage to the prospects for the civil rights bill.
The human tide that swept over the Mall between the shrines of Washington and Lincoln fell back faster than it came on As soon as the ceremony broke up this afternoon, the exodus began. With astounding speed, the last buses and trains cleared the city by midevening.
At 9 P.M. the city was as calm as the waters of the Reflecting Pool between the two memorials.
At the Lincoln Memorial early in the afternoon, in the midst of a songfest before the addresses, Josephine Baker, the singer, who had flown from her home in Paris, said to the thousands stretching down both sides of the Reflecting Pool:
"You are on the eve of a complete victory. You can't go wrong. The world is behind you."
Miss Baker said, as if she saw a dream coming true before her eyes, that "this is the happiest day of my life."
But of all the 10 leaders of the march on Washington who followed her, only the Rev. Dr. Martin Luther King Jr., president of the Southern Christian Leadership Conference, saw that dream so hopefully.
The other leaders, except for the three clergymen among the 10, concentrated on the struggle ahead and spoke in tough, even harsh, language.
But paradoxically it was King--who had suffered perhaps most of all--who ignited the crowd with words that might have been written by the sad, brooding man enshrined within.
As he arose, a great roar welled up from the crowd. When he started to speak, a hush fell.
"Even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream," he said.
"It is a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal.'"
Dream of Brotherhood
"I have a dream..." The vast throng listening intently to him roared.
"...that one day on the red hills of Georgia, the sons of former slaves and the sons of former slave-owners will be able to sit together at the table of brotherhood.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day even the State of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together."
As Dr. King concluded with a quotation from a Negro hymn- "Free at last, free at last, thank God almighty"- the crowd, recognizing that he was finishing, roared once again and waved their signs and pennants.
But the civil rights leaders, who knew the strength of the forces arrayed against them from past battles, knew also that a hard struggle lay ahead. The tone of their speeches was frequently militant.
Roy Wilkins, executive secretary of the National Association for the Advancement of Colored People, made a plan that he and his colleagues thought the President's civil rights still did not go nearly far enough. He said:
"The President's proposals represent so moderate an approach that if any one is weakened or eliminated, the remainder will be little more than sugar water. Indeed, the package needs strengthening."
Harshest of all the speakers was John Lewis, chairman of the Student Nonviolent Coordinating Committee.
"My friends," he said, "Let us not forget that we are involved in a serious social revolution. But by and large American politics is dominated by politicians who build their career on immoral compromising and ally themselves with open forums of political, economic and social exploitation."
He concluded:
"They're talking about slowdown and stop. We will not stop.
"If we do not get meaningful legislation out of this Congress, the time will come when we will not confine our marching to Washington. We will march through the South, through the streets of Jackson, through the streets of Danville, through the streets of Cambridge, through the streets of Birmingham.
"But we will march with the spirit of love and the spirit of dignity that we have shown here today."
In the original text of the speech, distributed last night, Mr. Lewis said:
"We will not wait for the President, the Justice Department, nor the Congress, but we will take matters into our own hands and create a source of power, outside of any national structure, that could and would assure us a victory."
He also said in the original text that "we will march through the South, through the heart of Dixis, the way Sherman did."
It was understood that at least the last of these statements was changed as a result of a protest by the Most Rev. Patrick J. O'Boyle, Roman Catholic Archbishop of Washington, who refused to give the invocation if the offending words were spoken by Mr. Lewis.
The great day really began the night before. As a half moon rose over the lagoon by the Jefferson Memorial and the tall lighted shaft of the Washington Monument gleamed in the reflecting pool, a file of Negroes from out of town began climbing the steps of the Lincoln Memorial.
There, while the carpenters nailed the last planks on the television platforms for the next day the TV technicians called through the loudspeakers, "Final audio, one, two, three, four," a middle-aged Negro couple, the man's arm around the shoulders of his plump wife, stood and read with their lips:
"If we shall suppose that American slavery is one of the offenses which in the providence of God must needs come, but which having continued through His appointed time, He now wills to remove..."
The day dawned clear and cool. At 7 A.M. the town had a Sunday appearance, except for the shuttle buses drawn up in front of Union Station, waiting.
By 10 A. M. there were 40,000 on the slopes around the Washington Monument. An hour later the police estimated the crowd at 90,000. And still they poured in.
Because some things went wrong at the monument, everything was right. Most of the stage and screen celebrities from New York and Hollywood who were scheduled to begin entertaining the crowd at 10 did not arrive at the airport until 11:15.
As a result the whole affair at the monument grounds began to take on the spontaneity of a church picnic. Even before the entertainment was to begin, groups of high school students were singing with wonderful improvisations and hand-clapping all over the monument slope.
Civil rights demonstrators who had been released from jail in Danville, Va., were singing:
"Move on, move on. Till all the world is free."
And members of Local 144 of the Hotel and Allied Service Employes Union from New York City, an integrated local since 1950, were stomping:
"Oh, freedom, we shall not, we shall not be moved, Just like a tree that's planted by the water."
Then the pros took over, starting with the folk singers. The crowd joined in with them.
Joan Baez started things rolling with "the song" - "We Shall Overcome."
"Oh deep in my heart I do believe We shall overcome some day."
And Peter, Paul, and Mary sang "How many times must a man look up before he can see the sky."
And Odetta's great, full-throated voice carried almost to Capitol Hill: "If they ask you who you are, tell them you're a child of God."
Jackie Robinson told the crowd that "we cannot be turned back," and Norman Thomas, the venerable Socialist, said: "I'm glad I lived long enough to see this day."
The march to the Lincoln Memorial was supposed to start at 11:30, behind the leaders. But at 11:20 it set off spontaneously down Constitution Avenue behind the Kenilworth Knights, a local drum and bugle corps dazzling in yellow silk blazers, green trousers and green berets.
Apparently forgotten was the intention to make the march to the Lincoln Memorial a solemn tribute to Medgar W. Evers, N.A.A.C.P. official murdered in Jackson, Miss., last June 12, and others who had died for the cause of civil rights.
The leaders were lost, and they never did get to the head of the parade.
The leaders included also Walter P. Reuther, head of the United Automobile Workers; A. Philip Randolph, head of the American Negro Labor Council; the Rev. Dr. Eugene Carson Blake, vice chairman of the Commission on Religion and Race of the National Council of Churches; Mathew Ahmann, executive director of the National Catholic Conference for Interracial Justice; Rabbi Joachim Prinz, president of the American Jewish Congress; Whitney M. Young Jr., executive director of the National Urban League, and James Farmer, president of the Congress of Racial Equality.
All spoke at the memorial except Mr. Farmer, who is in jail in Louisiana following his arrest as a result of a civil rights demonstration. His speech was read by Floyd B. McKissick, CORE national chairman.
At the close of the ceremonies at the Lincoln Memorial, Bayard Rustin, the organizer of the march, asked Mr. Randolph, who conceived it , to lead the vast throng in a pledge.
Repeating after Mr. Randolph, the marchers pledged "complete personal commitment to the struggle for jobs and freedom for Americans" and "to carry the message of the march to my friends and neighbors back home and arouse them to an equal commitment and an equal effort."