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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A longa batalha da democracia contra seus detratores - Augusto de Franco

A resistência democrática continua
Um manifesto da oposição popular ao PT
Augusto de Franco
DAGOBAH
NL 0021 - 02/09/2016

Muitos nesta hora gostariam de seguir adiante e esquecer o passado, agora que Dilma não é mais presidente.

Alguns (os legalistas conservadores) pensaram em pendurar as chuteiras e terceirizar tudo para "as instituições".

Outros (os liberais de manual) até imaginaram deixar de lado os protestos de rua e abraçar candidaturas para lutar "por dentro do sistema".

Mas a impunidade de Dilma, conquistada pelo golpe Renan-Lewandowski e o seu discurso de despedida, prometendo confronto, mostram que nossos problemas não estão resolvidos.

Se Temer começar a realizar, para valer, as tarefas da transição democrática, teremos pela frente uma guerra civil fria de longa duração (que ele não poderá enfrentar sem a ajuda da cidadania).

Se Temer abrir mão de realizar tais tarefas, ficando refém de Renan e da ala mais fisiológica do seu próprio partido que negocia por baixo do pano com Lula e sua máfia (que continua organizada), teremos um governo medíocre, inepto e desmoralizado, abrindo caminho para a volta do PT em 2018.

O golpe Renan-Lewandowski não foi apenas para sagrar a impunidade de Dilma. Foi para sujeitar o governo Temer aos bandidos da sua base.

Por isso a oposição popular ao PT, que emergiu das ruas, não pode morrer. E a resistência democrática não pode ser coisa do passado. Ela deve continuar.

Ou as ruas reagem, ou tudo que foi feito em 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto de 2015 e 13 de março de 2016 terá sido em vão.

Para que tudo não tenha sido em vão é necessário retomar os três pontos principais da pauta original desses grandes protestos de 2015-2016:

Fora Dilma,

Prisão de Lula,

Fim do PT.

Sem isso, a sociedade que se mobilizou contra o velho sistema político que apodreceu ficará na defensiva e o PT voltará (ou, na verdade, não sairá).

Sim, eles não saíram. Só as ruas poderão tirá-los.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Analise de conjuntura e as tarefas pela frente - Augusto de Franco (Dagobah)


Longa análise, começando por rememorar 2015, mas de leitura absolutamente indispensável para quem quiser entender o que está acontecendo no Brasil e quais são as tarefas da cidadania consciente, crítica e participativa no momento presente.
Paulo Roberto de Almeida

DAGOBAH
NL 0005 - 09/05/2016

Augusto de Franco
Dagobah, NL 0005, 9/05/2016

Vamos começar examinando uma análise que foi publicada (no Facebook) em 15 de abril de 2015, para depois fazer um balanço do que mudou no último ano e aduzir ao final o principal risco que está correndo a democracia brasileira no curto prazo.

ANÁLISE DE ABRIL DE 2015

As ondas de alta interatividade que mobilizaram multidões de milhões não podem ser vítimas de um "gato", de uma forma de roubar e transferir energia da sociedade para o Estado (e, inevitavelmente, para remendar o velho sistema político)

1 - A conjuntura mudou. Há hoje uma oposição popular e uma resistência democrática. Isso não havia até há pouco. É uma mudança significativa. A maioria da população - que não costuma ir para as ruas - também não quer a continuidade do governo (é o que revelam as pesquisas de opinião).

2 - Mas, a despeito de tudo isso, o governo continua. O governo não representa mais a população: se impõe e se sobrepõe a ela. O partido do governo faz guerra, não para derrotar um inimigo e sim para derrotar a população e se manter no poder indefinidamente (o inimigo somos nós, a maioria dos brasileiros). O PT, rechaçado pelas pessoas comuns nas ruas de todo o Brasil, continua assobiando e andando para a opinião pública e prossegue no seu projeto de dar um golpe de Estado em doses homeopáticas, implantando sua estratégia de conquista da hegemonia ou de tomada do poder a partir do governo conquistado eleitoralmente para se eternizar no governo.

3 - Não há uma força política, incluída no cenário institucional, capaz de se opor ao PT. Os tucanos desconfiam que, se o PT for para o ralo, eles e outros também podem ir (desorganizando o condomínio dos incluídos no oligopólio da política) e, por isso, a despeito do que digam, continuam sendo o principal partido de sustentação do PT. O PSDB sonha em voltar a reinar no castelo (o velho sistema político) e por isso não quer derrubar o castelo. Isso explica seu comportamento vacilante, leniente e, em alguns casos, conivente. O castelo, entretanto, já está ruindo (o velho sistema político apodreceu). Mais de 70% dos brasileiros, segundo pesquisa recente, não têm preferência por qualquer partido. A imensa maioria desses quer, inclusive, interromper a trajetória de um governo que foi reeleito democraticamente, mas não governou democraticamente no primeiro mandato (e nem nos dois mandatos anteriores do mesmo partido). Na verdade, a imensa maioria dos brasileiros não quer mais o PT, nem mesmo a volta de Lula.

4 - Mas essa imensa maioria não tem representação política, nem institucional e nem extra-institucional. Os movimentos que vêm convocando as manifestações de protesto desde a campanha eleitoral de 2014, agora reunidos numa chamada Aliança Nacional de Movimentos, não representam as pessoas descontentes com o governo. São convocadores, alguns se imaginam organizadores, mas não são representantes legítimos. Entre convocar protestos e expressar aspirações coletivas há uma distância imensa. Entre escolher palavras de ordem e elaborar pautas de exigências ou reivindicações, há um perigoso percurso que pode levar à usurpação. As pessoas que foram às ruas, aos milhões, não delegaram nada aos diferentes grupos que contribuíram para convocá-las. Não se sintonizam necessariamente com as visões de mundo dos que pretendem liderá-las.

5 - E quem são esses pretensos líderes (estilo século 20)? Um é meio social-democrata fora de época e mais próximo à visão de mundo do PSDB (se é que existe tal visão); outro é liberal e leitor de Ayn Rand; outro, ainda, é bem rude nas suas concepções anticomunistas retrógradas, fala que Deus está guiando sua jornada ou caminha na frente do povo e defende (embora não o declare abertamente por motivos táticos) uma saída de força para remover o PT do governo, mesmo que passe ao largo dos procedimentos da democracia. Existem outros candidatos a líderes no cenário, organizados em mais meia dúzia de movimentos, alguns mais exóticos, outros mais ingênuos e, quase todos, como os três primeiros descritos acima, completamente inexperientes em termos políticos.

6 - É um erro brutal confundir as movimentações emergentes da sociedade desde 2013, com as pretensões organizativas desses candidatos a líderes. Nem as manifestações de 17 a 20 de junho de 2013 foram organizadas e lideradas pelo Movimento Passe Livre (e eles mesmos têm consciência disso), nem as manifestações de 2015, a partir de 15 de março, foram organizadas ou lideradas por movimentos do tipo Vem Prá Rua, Movimento Brasil Livre, Revoltados Online e outros grupos menores. Alguns convocadores cumpriram, sim, o papel de agentes desencadeadores, mas a nova e expressiva dinâmica social que se instalou não foi causada por eles. O que ocorreu, sobretudo nos picos de 17 e 18 de Junho de 2013 e em 15 de março e 12 de abril de 2015, foram enxameamentos (swarmings) de multidões que se constelaram por dinâmicas de rede. O caráter dessas grandes manifestações é mais interativo do que participativo (os swarmings são uma fenomenologia da interação em mundos altamente conectados, não da participação e não podem ser comandados e controlados, nem dirigidos top down por organizações e movimentos estruturados ex ante à interação). Isso não significa que os convocadores não tiveram um importante papel e sim que as grandes manifestações não teriam ocorrido sem uma contaminação viral - em geral peer-to-peer - na qual cada pessoa se transforma também num convocador e cada pessoa é sua própria manifestação.

7 - Também será um erro brutal delegar a esses convocadores autopromovidos a representantes das multidões descontentes com o governo e o seu partido, a continuidade das manifestações. Eles não podem fazer isso. Eles não têm o direito de fazer isso. Eles - se fizerem isso e forem legitimados pelos analistas políticos cujas cabeças ainda estão alocadas no século 20 - estarão usurpando e privatizando uma fermentação social generalizada e profunda como jamais vimos na nossa história, cujo sentido aponta para a ampliação do espaço público e democrático no país.

8 - Protestos de multidões, manifestações que constelam milhões por dinâmicas de rede, nunca têm pauta detalhada. Não são movimentos reivindicatórios. São expressões de insatisfação, em geral difusa, com o sistema (ainda que as pessoas não saibam explicar o que é o sistema), como ocorreu em 2013. Essas expressões ficam menos difusas quando assumem caráter explicitamente político (como vem acontecendo em 2015), pois agora o que unifica tudo é a insatisfação com um partido que aparelhou um governo para tomar o poder (e nunca mais sair do governo). O que as pessoas querem? Eles querem, basicamente, que o PT saia do comando e querem que o governo Dilma seja interrompido, por meios pacíficos e democráticos (seja pelo impeachment, seja pela renúncia de Dilma).

9 - Instrumentalizar esse sentimento para conquistar pequenas reformas ou mudanças pontuais nas políticas setoriais, numa estratégia de acumulação de forças para, quem sabe, lançar os candidatos a líderes atuais dos protestos em candidatos a cargos representativos nas eleições que virão em 2016 e 2018, é uma traição. Os protestos de 2013 contra o sistema e os de 2015 contra o PT e o governo, não podem ser convertidos em tática eleitoral. As ondas de alta interatividade que mobilizaram multidões de milhões não podem ser vítimas de um "gato", de uma forma de roubar e transferir energia da sociedade para o Estado (e, inevitavelmente, para remendar o sistema político apodrecido). Elas fundam uma nova esfera pública que dirá, mais cedo ou mais tarde, que tipo de Estado a sociedade quer. Elas são contra o velho sistema político (com todos os seus elementos, inclusive os velhos partidos). O não entendimento disso nos levará, mais cedo ou mais tarde, a assistir alguns aventureiros - em nome das multidões descontentes - construírem velhos partidos para disputar eleições (como lamentavelmente vem ocorrendo na Espanha, onde militantes bolivarianistas espertos - inclusive um ex-assessor de Chávez - estão tentando capturar a energia do 15M para emplacar o novo partido Podemos).

10 - Numa democracia representativa tudo tem que desembocar em eleições, mas não começar por elas. No Brasil a pressa em se integrar à institucionalidade, ainda que disfarçada como propósito de diálogo, levará inevitavelmente à captura das energias de 2013 e 2015 para propósitos reprodutivos da velha dinâmica institucional e não criativos de uma nova realidade política. O governo do PT não quer de fato dialogar: quer neutralizar, se possível cooptar, para permanecer fazendo exatamente o que fazia (inclusive quer continuar assaltando o Estado para financiar um esquema paralelo de poder). A questão é simples: Dilma tem que sair - por qualquer meio democrático: o impeachment ou a renúncia - e os protestos não podem ser desviados desse objetivo central enquanto ela não sair. Não pode haver uma troca de pauta, do tipo, Dilma fica, mas reduz os ministérios pela metade (como se isso adiantasse alguma coisa); ou do tipo, Dilma fica mas faz uma reforma política ouvindo as propostas das ruas (as ruas não têm proposta de reforma política; ou melhor, têm: segundo o que se assiste, para os manifestantes, a única reforma política efetiva neste momento é apear o PT do poder).

Fim do texto de 15/04/2015

O QUE MUDOU NO ÚLTIMO ANO

Depois de abril de 2015, tivemos o 16 de agosto de 2015 e o memorável 13 de março de 2016, onde milhões ocuparam as ruas e praças de todo país. E agora temos também (quer dizer, provavelmente teremos) um outro ator institucional: o novo governo que se instalará ainda em maio de 2016. Ficou tudo mais complexo. Vamos ver por que.

1 - A conjuntura continuou mudando e no rumo já apontado há um ano. A resistência democrática continuou em todo lugar, não apenas nas ruas, mas nas ruas ela se manifestou, ainda com mais vigor do que antes, em 13 de março de 2016 (que talvez tenha sido a maior manifestação política da história ocidental, só menor do que o 30 de junho de 2013 no Egito, quando o jihadista eleito Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi apeado do governo pelas multidões).

2 - As ruas conseguiram colocar definitivamente na pauta política nacional o impeachment de Dilma. Os partidos de oposição (como o PSDB), que inicialmente resistiam a medida exigida pelo clamor popular, tiverem que vir a reboque das ruas e abraçaram afinal a proposta. Tão grande foi a efervescência social que ocorreram várias fraturas na base governista. O governo - já rejeitado por mais de 70% da população - ficou praticamente isolado também no Congresso (onde pode contar apenas com os partidos estatistas aliados mais rudes, como o PCdoB, o PSOL, em parte a falsa Rede da Marina e a triste sombra do passado chamada PDT). Todos os demais partidos foram saindo, no início timidamente e depois em revoada, da base governista. O impeachment continuou avançando, a despeito das várias e criminosas tentativas do PT e de Lula - sem qualquer mandato público e sediado em um quarto de hotel - de comprar (com dinheiro o vivo e com cargos) o baixo clero da Câmara dos Deputados. Até ser aprovado no dia 17 de abril com 367 contra apenas 137 votos. O processo foi para o Senado, onde está neste momento, tendo sido aprovado um relatório favorável ao afastamento da presidente por 15 votos a 5. A votação decisiva ocorrerá em plenário no próximo dia 11 de maio de 2016 e ao que tudo indica Dilma será afastada da presidência, assumindo o vice Michel Temer.

3 - As instituições, mesmo aparelhadas, não conseguiram barrar o processo, como se diz, "no tapetão". O Supremo Tribunal Federal - depois de uma tentativa patética, liderada pelo governista Barroso, em dezembro de 2015, de melar o impeachment na Câmara - não se imiscuiu mais, em 2016, na tramitação legislativa do impedimento constitucional da presidente. E, ainda por cima, negou todos os recursos do PT e dos partidos aliados para anular ou retardar o andamento dos trabalhos.

4 - A operação Lava Jato prosseguiu revelando o esquema criminoso de poder e punindo os culpados. Não conseguiu, entretanto, prender o chefe da quadrilha (Luiz Inácio Lula da Silva). Porém o Procurador Geral da República denunciou-o como participante do esquema. Além disso, pediu autorização à Suprema Corte para investigar a presidente da República, sendo que praticamente todos os ministros petistas ou auxiliares mais diretos de Dilma (como Edinho Silva, Ricardo Berzoini, Jacques Wagner e Gilles Azevedo) estão sendo investigados neste momento por vários crimes, inclusive por financiamento ilegal, com dinheiro do petrolão, da campanha presidencial de 2014. Ademais - ainda por iniciativa da Lava Jato, mas sob jurisdição do STF em virtude do foro privilegiado - houve delações importantes que revelaram abertamente o esquema criminoso de poder organizado pelo PT, como as do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral e do empreiteiro Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez. Neste momento está para ocorrer a delação mais esperada de todas, a do chefe da Odebrecht e articulador do braço empresarial do esquema, Marcelo Odebrecht. Outros líderes de destaque do PT, como a senadora Gleisi Hoffmann (e seu marido Paulo Bernardo, ex-ministro e ex-sub-chefe do esquema petista), também foram denunciados pelo PGR. Outras operações da Polícia Federal (como a Acrônimo) encurralaram altos dirigentes do PT, como o governador de Minas Gerais e ex-ministro de Dilma, Fernando Pimentel, que corre o risco, a qualquer momento, de ser preso.

5 - Os grupos que assumiram o papel de convocar manifestações - como o Vem Prá Rua, o MBL e outros menores - comportarem-se muito bem no último ano, abandonando as tentativas de negociar pautas setoriais de reformas com o governo do PT ou com o velho sistema político e refugando as manobras de convocação de eleições gerais (capitaneadas, em parte, pela oportunista Marina Silva) e concentrando-se no impeachment. Não se sabe como se comportarão quando a dinâmica eleitoral de 2016 se impuser. Há indícios de que pelo menos alguns (ou algum) deles lançarão (ou lançará) candidaturas próprias, usando alguns partidos como "barriga de aluguel". Como não se aggiornaram suficientemente para entrar no século 21 (alguns chegaram a lançar até campanhas de recrutamento ou filiação), permanecem, porém, como uma fonte de preocupação, na medida em que, não podendo representar, stricto sensu, a oposição popular (que é distribuída e fractal e não centralizada e unitária), não têm pejo de falar em seu nome (um deles, inclusive, reivindicando para si as grandes manifestações de 2015 e 2016). Ou seja, o "gato" aventado na análise do ano passado, capaz de viabilizar uma corrente de fuga das energias sociais e políticas emergentes da interação social, permanece como possibilidade no cenário futuro de curto e médio prazos.

6 - Com a iminência do afastamento da presidente da República (a ocorrer no próximo dia 11 de maio), surgiu um outro ator político importante no cenário: o vice Michel Temer, levando consigo quase toda a base parlamentar aliada até ontem do governo. E aqui começa o problema. A oposição popular não tem compromisso com Temer (que assumirá o governo unicamente porque é o vice e assim reza a Constituição), mas também, por outro lado, não tem expressão institucional. De um modo ou de outro, portanto, Temer falará em nome dos que se indispuseram com o governo impedido. E a ele - querendo ou não, independentemente das qualidades e defeitos de sua base de apoio - caberá realizar a transição democrática que se seguirá após a retirada do PT do governo. Ocorre que essa aliança de ocasião em torno do novo presidente parece não ter integridade moral e capacidade política para tanto. E seu próprio titular - um político tradicional, meio apagado -, pelo menos até prova em contrário, não tem estatura de estadista e estofo político para liderar uma mudança tão crucial (sim, liderar: na velha institucionalidade século 20 - ao contrário do que ocorre nas ruas do século 21 - a prerrogativa da monoliderança ainda conta). Um outro problema é que o governo Temer não será reconhecido e legitimado pela aliança governista apeada do poder pelo impeachment. E não só: o PT e os partidos estatistas aliados e suas correias de transmissão (falsos movimentos sociais, ONGs que atuaram como organizações neo-governamentais, centrais, sindicatos e associações corporativas, intelectualidade universitária, setores artísticos e culturais e parte do mundo jurídico) farão tudo para inviabilizar o novo governo, quer na perspectiva de volta de Dilma após o recesso de 180 dias, quer na esperança de virarem o jogo nas eleições de 2018.

7 - A nova base governista, além de problemática do ponto de vista ético-político e até criminal (pois vários de seus líderes estão sendo identificados como meliantes pela operação Lava Jato e alguns deles serão denunciados pelo Ministério Público), não tem qualquer compromisso com uma transição democrática (na verdade, nem sabe bem o que é democracia). Seus membros abandonaram o PT como os ratos abandonam um navio prestes a afundar. Esperam levar, no governo Temer, a mesma vida que tiveram nos governos Lula e Dilma: trocando apoio por cargos, dinheiro ou outras benesses. Se não forem satisfeitos em suas pretensões, podem inclusive ameaçar não votar pela saída definitiva de Dilma daqui a seis meses, colocando seriamente em risco a continuidade do governo e, sobretudo, a transição (cujo principal objetivo é não permitir a volta dos autocratas ao poder: nem daqui a seis meses, nem daqui a dois anos e meio). Nenhum programa será capaz de aglutinar essa base fisiológica, sobretudo se os antigos partidos de oposição não apoiarem decisivamente Temer e não assumirem responsabilidades no novo governo (como, vergonhosamente, estão ensaiando fazer os tucanos). Se isso acontecer, o governo Temer será uma gelatina semelhante a que foi o governo Sarney, ou será um simulacro do governo Dilma sem Dilma e o PT. Nessas condições, não será possível realizar a pauta mínima da transição democrática que é exigida pela sociedade do novo governo.

8 - Uma pauta mínima para a transição democrática, que tem como objetivo - nunca é demais repetir - impedir a volta dos autocratas do PT ao governo, compreende a realização (ou ao menos o início da implantação) de uma série de medidas de redemocratização, como as seguintes:

1 - Apoiar decisivamente a operação Lava Jato.

2 - Dissolver os quistos partidários instalados nas instituições do Estado (e remover os militantes petistas que foram incrustados no governo, nas empresas estatais, nas agências reguladoras e em outros órgãos estatais para aparelhar e privatizar a esfera pública).

3 - Cortar o financiamento público da chamada mídia alternativa (a "rede suja" de sites e blogs e outros veículos) a serviço do PT.

4 - Reestatizar as agências reguladoras.

5 - Restabelecer a prestação pública de contas para as centrais e outros órgãos sindicais.

6 - Rever toda a coleção normativa que rege os Fundos de Pensão e o Fundo de Amparo ao Trabalhador.

7 - Rever os critérios de financiamento, fomento, apoio ou patrocínio de órgãos estatais às organizações da sociedade civil.

8 - Revogar o Decreto 8.243 (que institui a Política Nacional de Participação Social).

9 - Reformar o PNDH 3 (Programa Nacional de Direitos Humanos).

10 - Revogar o Decreto 5.298 (que instituiu a Força Nacional de Segurança Pública) e substituí-lo por uma lei que redefina a inserção institucional dessa força militarizada, retirando-a do âmbito do poder executivo.

11 - Retomar a tradição da política externa brasileira de não-alinhamento ideológico.

12 - Bloquear qualquer proposta de reforma do sistema eleitoral que vise estabelecer uma espécie de partidocracia.

13 - Desarmar as eventuais tentativas do PT de erigir um governo paralelo após o impeachment de Dilma (e de transformar o Palácio da Alvorada numa espécie de bunker da resistência autocrática ao Estado democrático de direito).

14 - Começar uma campanha de pacificação (impedindo a instalação de um clima de guerra civil fria no país).

Parece óbvio que um conjunto de medidas como estas não poderá ser executado - e nem mesmo pautado - sem a forte pressão da sociedade. Por isso pode-se afirmar que sem a voz das ruas a transição democrática dificilmente se consumará. Se a sociedade passar o bastão para Temer e seus aliados, que representam (e constituem) o velho sistema político que apodreceu, e se aboletar no sofá, tudo terá sido em vão. Este é o maior risco que corre a democracia brasileira no curto prazo.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

As tarefas da oposicao popular - Augusto de Franco (Dagobah)

A oposição popular e seus desafios
 DAGOBAH
NL 0004 - 29/04/2016

Para entender o que se passa no Brasil atual é preciso perceber, antes de qualquer coisa, que existe uma oposição popular no país, compreender a sua natureza e identificar quais são os seus principais desafios.

1 - Existe uma oposição popular no Brasil. Essa oposição é chamada de popular para não se confundir com a oposição formal, (que deveria ter sido) exercida pelos partidos de oposição (os quais receberam mandato das urnas para tanto, mas resolveram abdicar da sua missão). A oposição popular não pertence a partidos - em grande parte, aliás, desconfia dos partidos - nem está de qualquer forma atrelada às suas lideranças. Ela é composta por pessoas que votaram em candidatos de diferentes partidos, mas sua expressão não se dá - nem apenas, nem principalmente - por via eleitoral.

2 - Foi a oposição popular - e não a oposição formal - que colocou na pauta política nacional o Fora Dilma (o impeachment), o Fora Lula (Lula na cadeia) e o Fora PT (extinção do registro do partido).

3 - Foi a oposição popular que exerceu de facto a resistência democrática a um governo que se tornou ilegítimo. Essa resistência é praticada no dia a dia (e não apenas, como costumam fazer os partidos de oposição, nos períodos eleitorais), nas conversas familiares, de grupos de amigos, de colegas de estudo e trabalho, de comunidades de vizinhança, de prática, de aprendizagem e de projeto.

4 - A oposição popular não é organizada por ninguém, não tem uma liderança destacada, não segue condutores de rebanhos, não veste camisas de clubes hierárquicos, não recebe jeton, cargos ou sanduíches de mortadela em troca de sua participação (porque não se conforma dentro de ambientes participativos previamente configurados e sim ao léu da interação) e não é acarreada (levada de ônibus ou caminhão para eventos políticos) por alguém.

5 - A oposição popular não foi criada, nem é comandada, liderada, dirigida, arregimentada ou organizada, pelos grupos que se formaram para convocar manifestações, como o Vem Prá Rua, o MBL e outros menores. A atuação desses grupos foi muito importante para convocar os protestos de rua de 15 de março, de 12 de abril e de 16 de agosto de 2015 e de 13 de março de 2016. Mas não foram eles os responsáveis pelo que aconteceu. Assim como não foi o Movimento Passe Livre o responsável pelos grandes enxameamentos de junho de 2013 no Brasil. Assim como não foram as poucas dezenas de ambientalistas, que protestavam contra a remoção de um parque urbano na capital da Turquia, os responsáveis pelas grandes manifestações em Istambul em 2013. Assim como não foi a Irmandade Muçulmana no Egito a responsável pelo grande swarming de 11 de fevereiro de 2011 na Praça Tahir, que levou à queda do ditador Mubarak. Assim como não foram os numerosos grupos de todo tipo - de anarquistas à neonazistas - os responsáveis pela resistência democrática na Praça Maidan, em Kiev, em dezembro de 2014, que obrigaram Viktor Yanukovich (o agente de Putin no governo da Ucrânia) a fugir do país no início do ano seguinte. Assim como não foram Leonardo Capriles ou Leopoldo López os responsáveis pelas mega manifestações de fevereiro de 2014 em Caracas e em quase todas as cidades da Venezuela. Assim como não foram os ativistas pró-democracia Chan Kin-man, Benny Tai e Chu Yiu-ming (que fundaram o Occupy Central) os responsáveis pelos enormes enxames sociais que ocuparam as ruas de Hong Kong em setembro e outubro de 2014 (e nem mesmo aquele jovem de 17 anos, Joshua Wong, ao qual a imprensa internacional atribuiu o papel de grande líder).

6 - Os grupos que se formam centralizadamente quando a sociedade é atravessada por ondas de alta interatividade, podem atuar - a depender das circunstâncias - como agentes detonadores de fenômenos inusitados que constelam multidões, mas não são a causa desses fenômenos. Se as condições não estiverem dadas pela rede - quer dizer, pelos fluxos interativos da convivência social - esses grupos podem convocar o quanto quiserem que os fenômenos não acontecerão. No Brasil - como em todo lugar - a maioria desses grupos que foram organizados para convocar manifestações de protesto contra o governo, não entendeu até agora o que realmente acontece. Em geral são grupos ancorados no século 20, que sofrem de deficit cognitivo por dessincronia. Ou seja, eles não conseguem entender: 1) que a rede social existe (não é um epifenômeno e não se confunde com as mídias sociais); 2) que o processo é interativo (e não participativo); e 3) que seu padrão de organização é distribuído (e não centralizado ou descentralizado). Em suma eles não conseguem entender o próximo ponto:

7 - A oposição popular não é unitária e sim fractal. No fundo são as pessoas que enxameiam a partir da sua interação, nas ruas - em grandes manifestações de protestos que constelam multidões -, mas não somente nas ruas. A interação ocorre em todo lugar: nas mídias sociais, nos locais de moradia, trabalho, estudo e lazer.

8 - O surgimento de uma oposição popular com tais características só foi possível em razão do aumento da interatividade na sociedade-em-rede. Ela começou a se manifestar mais visivelmente a partir dos grandes swarmings de junho de 2013, sem um pauta política explícita, mas expressando descontentamento com o sistema como um todo (e não apenas com os governantes), notadamente com um sistema representativo que apodreceu (era o que mais se ouvia em 2013: "vocês não nos representam"). Com o tempo, sobretudo após as eleições de 2014, a oposição popular expressou uma pauta explicitamente política contra a governante (Dilma), contra o líder máximo do partido no governo (Lula) e contra esse partido (o PT). Essa pauta não foi previamente elaborada e incutida "nas massas" por alguma organização centralizada, mas emergiu das ruas, por cloning (uma fenomenologia da interação), em todos os lugares do país.

Isto posto, cabe examinar agora quais são os principais desafios da oposição popular, que são também desafios para quem pretende falar em seu nome (o que é, a rigor, impossível, dada a sua natureza fractal, à sua forma distribuída de organização e à sua dinâmica mais interativa do que participativa ou adesiva).

São dois os principais desafios da oposição popular na conjuntura. O primeiro deles é não morrer.

Consumado o impeachment (e ele se consumará - em termos políticos - nos próximos dias, com a saída da presidente da República após a primeira votação do plenário do Senado e não no final do julgamento, daqui a seis meses), o governo será assumido por Temer, na condição de vice-presidente, em obediência à Constituição. Mas a oposição popular nada tem a ver com Temer e deve continuar na resistência democrática. Quem tem a obrigação de ajudar o governo, assumindo funções institucionais de governança, são os partidos de oposição, como o PSDB, o DEM, o PPS e as demais agremiações que saíram da base aliada para apoiar o impeachment.

Nada disso significa que a oposição popular esteja contra as instituições do Estado democrático de direito. Significa, porém, que não cabe a ela entrar no jogo formal, que é papel dos partidos e dos demais atores formais da democracia representativa. E significa, sobretudo, que a energia política das pessoas que se manifestam autonomamente não pode ser canalizada para servir ao governo Temer. Do contrário elas perderão sua autonomia e sua capacidade de continuar questionando, não apenas o governo (tanto o que caiu, como o que vai lhe suceder), mas o regime (no sentido de democratizá-lo cada vez mais) e o sistema (que apodreceu).

Seria um erro grave a oposição popular pendurar as chuteiras confiando que "ainda existem juízes em Brasília", concluindo que já realizou sua tarefa e passando o bastão para as instituições. Se a oposição popular fizer isto, estará morta.

Isso é grave. Pois se as ruas não continuarem falando, nada estará garantido. A saída de Dilma é decisiva, mas é apenas o primeiro passo da redemocratização!

Sim, o primeiro grande desafio agora é a redemocratização, ou seja, a retomada do processo de democratização que foi enfreado por treze anos de domínio autocratizante do PT.

O segundo grande desafio da oposição popular é impedir que se instale no país um clima de guerra civil fria de longa duração. Este assunto já foi tratado em outro texto, mas sobre ele cabe dizer ademais algumas palavras. Para não morrer - manter seus laços como força orgânica e seu enraizamento em setores sensíveis da sociedade - o PT precisará de um ambiente de guerra, erigindo no espaço-tempo dos fluxos um muro de separação entre os que estão a seu favor e os que estão contra ele. Precisará estabelecer uma dualidade de poder (em termos gramscianos, não leninianos), mais no plano simbólico ou cultural do que no terreno da confronto violento, pervertendo a política como continuação da guerra por outros meios (a famosa fórmule-inverse de Clausewitz-Lenin que mata a política democrática). Esse comportamento do PT provocará uma clivagem na sociedade brasileira que tende a incidir em todas as formas estáveis de sociabilidade, a começar das famílias (com dissensões que separarão e colocarão uns contra outros: pais contra filhos, irmãos contra irmãos, esposos contra esposas), dos grupos de amigos (que agora serão grupos de amigos x grupos de inimigos) e de colegas de trabalho, estudo, esporte, lazer. Tudo vai ser pervadido por um ethos adversarial, que se expressará - numa intensidade jamais vista entre nós - na campanha eleitoral de 2018. As instituições - o governo, o parlamento, o judiciário - não têm instrumentos para reconfigurar esses ambientes sociais que serão infectados pelos germens de inimizade inoculados pelo PT. Só a oposição popular poderá fazê-lo.

Por isso é fundamental a continuidade da resistência democrática. A resistência democrática não é apenas uma resistência contra um governo e sim uma resistência contra as tentativas de autocratizar a democracia, que só podem florescer em ambientes de guerra. Cabe a ela derrubar os muros que serão (já estão sendo) erigidos pelos agentes da guerra fria, na cabeça dos quais o muro de Berlim ainda não caiu. Desarmar a disposição para a guerra através de um comportamento pazeante, impedindo que a rede seja esgarçada pela ação beligerante da militância ou que nosso capital social continue sendo dilapidado. A paz, sim, só a paz poderá abrir um caminho efetivo para isso.

ESTE ARTIGO É PARTE DE UMA ANÁLISE PROFUNDA DISPONÍVEL AOS ASSINANTES. PARA RECEBER O ARTIGO COMPLETO E OS COMENTÁRIOS DE AUGUSTO DE FRANCO EM VÍDEO,
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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Tchan, tchan, tchan: com voces, os sovietes brasileiros, em carne eosso...

Atualmente, bem mais carne do que osso, obviamente, com as gordas tetas do Estado (isto é, o seu, o meu, o nosso dinheiro), alimentando suas bocas glutonas, e seus bolsos ávidos de reais, de dólares, de cargos, de prebendas, enfim, burgueses do capital alheio, como já disse um jornalista muito conhecido...
Abaixo, a lista dos órgãos companheiros que vão nos representar, caso passe o decreto bolivariano.
Paulo Roberto de Almeida 

UMA MOSTRA DE QUEM SÃO OS MOVIMENTOS SOCIAIS QUE VÃO NOS "REPRESENTAR" NO SISTEMA ESTATAL DE PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO

Está rolando por aí uma tal Cartilha Plebiscito por um Novo Sistema Político. Trata-se de uma publicação da Plenária Nacional dos Movimentos Sociais editada pela CUT.

Muito interessante ver os signatários do documento para termos uma ideia do tipo de movimentos sociais que o governo quer que representem o povo nas instâncias participativas previstas no Decreto 8.243/14.

É incrível que o PT seja o único partido presente (ele também se acha movimento social). Mas mesmo que o PT não tivesse a cara de pau de assinar a lista, não importa: examinem a composição desses movimentos, procurem saber quem dirige cada um deles, em que partido militam e em quem votaram essas pessoas nas últimas quatro eleições presidenciais.

Perda de tempo, é claro. É tudo aparelho do PT (ou dos partidos marxistas-leninistas aliados). Alguns autointitulados movimentos sociais (como o MST) são, na verdade, organizações políticas marxistas-leninistas disfarçadas. E nenhum deles é, stricto sensu, movimento social: são organizações hierárquicas regidas por modos autocráticos. Seus dirigentes, via de regra, apoiam ditaduras como a cubana e a venezuelana.

São esses "movimentos sociais" que vão participar em nosso nome? Ei! Calma lá! Vamos perguntar aos redatores do decreto (aqueles que defendem ditaduras como a cubana e a venezuelana): afinal é participação ou representação?

Estão entendendo o embuste? Façam uma pesquisa na lista abaixo:

• Agenda Pública/SP
• Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB)
• Assembleia Popular
• Assembleia Popular/PB
• Associação Brasileira de ONGs (ABONG)
• Associação Brasileira dos Pesquisadores pela Justiça Social (ABRAPPS)
• Central de Movimentos Populares (CMP)
• Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
• Central Única dos Trabalhadores (CUT)
• Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC)
• Comissão Pastoral da Terra (CPT)
• Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM)
• Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (CONTEE)
• Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
• Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB)
• Consulta Popular
• Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS)
• Coordenação dos Movimentos Sociais Paraná (CMS/PR)
• Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN)
• Federação dos Sindicatos de Engenheiros (FISENGE)
• Federação dos Trabalhadores Urbanitários do Estado de São Paulo/SP
• Federação Nacional dos Urbanitários (FNU)
• Federação Única dos Petroleiros (FUP)
• Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES)
• Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)
• Frente de Lutas de Juiz de Fora
• Frente Nacional dos Torcedores
• Grito dos Excluídos
• Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
• Jubileu Sul
• Juventude Revolução
• Levante Popular da Juventude
• Marcha Mundial de Mulheres
• Movimento Camponês Popular (MCP)
• Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE)
• Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
• Movimento de Pequenos Agricultores (MPA)
• Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
• Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo (MTC)
• Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
• Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente a Mineração (MPMPL - Juiz de Fora/MG)
• Movimento Popular Pró Moralização do Legislativo (MAM)
• Movimento Reforma Já
• Partido dos Trabalhadores (PT)
• Pastoral da Juventude Rural (PJR)
• Pastoral da Moradia
• Pastoral do Imigrante
• Pastoral Fé e Política
• Pastoral Fé e Política de Jundiaí/SP
• Pastoral Fé e Política de Salto/SP
• Pastoral Fe e Política de Várzea Paulista/SP
• Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política
• Rede fale
• Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP)
• Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP)
• Sindicato dos Eletricitários (SINDIELETRO/MG)
• Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo (SINERGIA)
• Sindicato dos Engenheiros (SENGE/PR)
• Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (SINDIBEL)
• Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (SISMUC)
• Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (SINTAEMA)
• Sindicato Unificado dos Petroleiros de SP
• União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
• União de Negros pela Igualdade (UNEGRO)
• União Estadual dos Estudantes (UEE/MG)
• União Nacional de Estudantes (UNE)
• Via Campesina Brasil

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O totalitarismo companheiro insidiosamente progressivo - Augusto Franco

Sempre chamei os companheiros do PT de neobolcheviques, não porque todos eles tenham lido Marx, Lênin, Gramsci ou outros teóricos do totalitarismo comunista, mas é porque a mentalidade deles, a cabeça, se por acaso ela funciona, deve atuar mais ou menos com base nessa cultura geral do totalitarismo, fundamentada no domínio do Estado sobre os indivíduos, que é na verdade a mesma concepção do fascismo e do nazismo.
O texto abaixo e o diagrama em anexo são de Augusto de Franco, um conhecido sociólogo democrata, preocupado, como muitos de nós, com os caminhos do totalitarismo no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida 

DECIFRANDO O CAMINHO REGRESSIVO QUE QUEREM NOS IMPOR


É isso. Não é tão difícil assim decifrar. Cabe mostrar que essa é uma via autocrática, antirrevolucionária e reacionária. É um caminho antidemocrático de criação de superávits de ordem e, consequentemente, de redução da esfera da liberdade das pessoas para construir seus próprios caminhos para o futuro. 
Em vez de radicalizar ou democratizar a democracia que temos, retrograda para estruturas e dinâmicas autocratizantes. Fortalece o Estado como tronco de programas verticalizadores. 
Perverte a política como continuação da guerra por outros meios (cristalizando a supremacia de um ente permanentemente armado contra a sociedade com o fito de comandá-la e controlá-la). 
Cria anisotropias para os fluxos interativos da convivência social deformando o campo e recentralizando a rede. Para resumir (explorando o sentido social da metáfora): é pura manutenção e reprodução da Matrix.