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sábado, 30 de julho de 2016

Jordan Young: morte de um brasilianista

Jordan M. Young, um grande brasilianista, morreu em 21 de Julho de 2016Abaixo, uma descrição de seu livro mais autobiográfico:


Lost in the Stars of the Southern Cross


Paperback, 224 Pages
Just weeks before the bombing of Pearl Harbor, 21-year-old Jordan Young arrived in Brazil with $35 in his pocket and dreams of adventure. Unable to return to the U.S. because of war travel restrictions, Jordan studied at the University of São Paulo, worked as a rural sociologist in the Amazon, and helped organize the Rubber Army to support the WWII war effort. In the process he met the Brazilian beauty whom he married many years later. His memoir tells the story of the Brazil of the 1940s that no longer exists and the making of a Brazilianist. Jordan M. Young is professor emeritus of history at Pace University in New York, NY. He is the author of several books about Brazil and an early proponent of the study of Brazilian culture in the United States.

domingo, 12 de junho de 2016

Thomas E. Skidmore: o brasilianista exemplar - James Green e Paulo Roberto de Almeida

Tive a oportunidade, enquanto servi em Washington, de convidá-lo para eventos acadêmicos que organizei na Embaixada e de criar o prêmio Distinguished Brazilian Studies Scholar, do qual ele foi o primeiro agraciado, junto com outros historiadores e estudiosos do Brasil, como Joseph Love, Jon Tolman, Wernr Baer, Robert Levine (a título póstumo). Vou postar as notas relativas aos trabalhos que elaborei abaixo.
Abaixo, minibiografia sobre Skidmore escrita por James Green, que o sucedeu na cátedra na Universidade de Brown.
Paulo Roberto de Almeida 
James N Green
10 hrs ·
THOMAS E. SKIDMORE, FAMED BRAZILIANIST, DIES AT AGE 84.
Thomas E. Skidmore, the prominent historian of Brazil, passed away on June 11, 2016 in Westerly, Rhode Island. He left a rich intellectual legacy in his books and articles that analyze politics, society, and culture in twentieth-century Brazil.
After earning a doctorate in European history at Harvard University in 1960, Skidmore received a three-year research fellowship to study a Latin American country. He chose Brazil. The end result was his seminal work Politics in Brazil: 1930-1964, An Experiment in Democracy published in 1967 by Oxford University Press. It became an immediate classic. The Brazil edition, Brazil: De Getúlio Vargas a Castelo Branco was recently reissued by Companhia das Letras.
In 1967, Skidmore moved with his family to Madison, Wisconsin where he led a large Latin American Studies program at the University of Wisconsin. He edited the Luso-Brazilian Review and trained many generations of scholars, while continuously maintaining a close relationship with Brazil. In 1972, he was elected President of the Latin American Studies Association. Two years later, Skidmore published Black into White: Race and Nationality in Brazilian Thought that was a pioneering contribution to Brazilian intellectual history. It was recently reissued in Brazil as Preto no Branco—Raça e nacionalidade no pensamento brasileiro (1970-1930) by Companhia das Letras.
After twenty years at the University Wisconsin, Skidmore was appointed the Carlos Manuel de Céspedes Professor of Latin American history at Brown University. He directed the Center for Latin American Studies for a decade and completed The Politics of Military Rule in Brazil, 1964-85, published in Portuguese under the title Brasil de Castelo a Tancredo. He retired from Brown University in 1999.
Among the most well known Brazilianists, on two occasions he made public statements about the political situation in Brazil that caused confrontations with the military dictatorship. In 1970, Skidmore and three other prominent scholars of Brazil in the United States signed an open letter condemning the imprisonment of the leading Marxist historian Caio Prado Júnior. At the time, Skidmore served as the Chair of the Government Relations Committee of the Latin American Studies Association. In that capacity, he sponsored a resolution condemning the military regime’s systematic repression of Brazilian academics and other oppositionists. In retaliation for his political stance, the Brazilian government denied him a research visa to teach a seminar at the State University of Campinas in the summer of 1970.
In 1984, on the eve of the return to democratic rule, while lecturing in Brazil, Professor Skidmore was summoned to appear before the Federal Police for commenting on the political situation and was threatened with expulsion from the country. Charges were later dropped. Many academics, politicians and journalists came to his defense, considering the actions of the Federal Police as unconstitutional and a violation of academic freedom.
Skidmore is survived by his wife Felicity and three sons.

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Paulo Roberto de Almeida:
Enquanto estive em Washington, convivemos em algumas ocasiões, sempre por minha iniciativa, pois que estimulei os estudos sobre o Brasil nos EUA através de diversas iniciativas todas acolhidas pelo Embaixador Rubens Barbosa.
Abaixo, e apenas relativo ao ano de 2003, quando já me preparava para sair de Washington, algumas notas de trabalhos que elaborei ou planejei, em relação aos Brasilianistas, em geral, a Tom Skidmore em particular.

1117. “O americano cordial: Thomas Skidmore e a história do Brasil”, Washington, 17 set. 2003, 1 p. Esquema de possível obra sobre a produção historiográfica do Prof. Thomas E. Skidmore, constando de introdução analítica, depoimento pessoal, seleção de textos, biobibliografia. Submetida a TS (Thomas_Skidmore@brown.edu).  


1121. “Os Brasis dos brasilianistas”, Washington, 23 set., 1 p. Projeto de coleção de livros-coletâneas com base na produção brasilianista, com destaque para a obra do Prof. Thomas E. Skidmore (vide trabalho n. 1117), Robert Levine, Fernand Braudel, Werner Baer, Joseph Love e Kenneth Maxwell, entre outros. Para apresentação a editor do Brasil.

1122. “O historiador Robert Levine e a longa crise do varguismo no Brasil”, Washington, 24 set. 2003, 1 p. Sumário de trabalho para o congresso da Brasa 2004, a ser realizado no Rio de Janeiro, em junho.

1123. “Projetos Acadêmicos e Culturais”, Washington, 25 set. 2003, 13 p. Nova versão de livreto com informação sobre os diferentes projetos acadêmicos desenvolvidos pela Embaixada em Washington (livro dos brasilianistas, Projeto Resgate, Brasiliana, etc.). Incorporação de informações mais recentes.


1037. “Robert M. Levine: um brasilianista emérito, um brasileiro de coração: tributo da Embaixada do Brasil em Washington”, Washington, 20 abr. 2003, 3 p. Leitura em homenagem ao historiador falecido, para ser lida pelo historiador Joseph Love em sessão memorial realizada em 28 de Abril em Miami, conjugada à atribuição, pela Embaixada em Washington do certificado de Brasilianista Emérito (Distinguished Brazilian Studies Scholar).
 

domingo, 10 de abril de 2016

Manifesto de brasilianistas sobre a crise politica no Brasil: meu comentario - Paulo Roberto de Almeida


meu comentário

Paulo Roberto de Almeida


Recebi, de fonte idônea, o Manifesto dos brasilianistas sobre a crise política brasileira, que já circulou amplamente, e eu mesmo devo tê-lo postado aqui ou no Facebook quando de sua divulgação. 
Mas agora disponho do texto "oficial", se se pode dizer, do manifesto em questão, que em muito se parece com um grande número de outros manifestos acadêmicos que já foram divulgados, a maior parte por iniciativa de suas respectivas diretorias, que provavelmente atuaram em petit comitê, no desconhecimento (possivelmente para evitar a oposição) de boa parte de seus membros, talvez até a maioria, pelo menos daqueles que conhecem o que efetivamente se passa no Brasil, e que não gostaria de estar em aliança com bandidos da política, os mafiosos que assaltaram o Brasil.
O dos brasilianistas provocou crise, e os meios de imprensa relataram inclusive o protesto e o desligamento do Prof. Anthony Pereira, do King's College da Universidade de Londres, que se desligou do Comitê Executivo da Brazilian Studies Association justamente em protesto pela divulgação irregular, ou seja, forçada, desse manifesto. A ele manifesto minha solidariedade e meus mais calorosos cumprimentos, pelo gesto corajoso. Eu também já me desliguei de duas ou três associações profissionais pelos mesmos motivos.
Como eu já antecipava, este manifesto, num tom aparentemente neutro, fala em corrupção, mas genericamente, assim como ele fala de políticos e partidos, mas também genericamente. 
Os autores do manifesto não têm coragem, ou pretendem deliberadamente permanecer coniventes com os corruptos e com o partido (não preciso esconder o nome, o PT) que organizou, deliberadamente, metodicamente, incessantemente, o maior assalto ao país, ao Estado, aos brasileiros, em toda a nossa história, e possivelmente em toda a história do mundo, com exceção de reinos bárbaros da antiguidade e da cleptocracia do Putin na atualidade. 
O manifesto, como já afirmei sobre similares que circularam no Brasil, um deles até em inglês, para consumo externo, é covarde, enviesado, e se coloca objetivamente do lado dos corruptos e dos fraudadores da vontade popular.
Lamento que acadêmicos em geral, brasilianistas em especial, tenham descido tão baixo na escala da desonra e da cumplicidade no crime.
Agradeço a remessa do texto oficial a quem assim procedeu, mas não hesito, mais uma vez, em denunciar essa vergonha feita em nome de estudiosos do Brasil no exterior, pois me cabe, como cidadão brasileiro, defender os direitos da cidadania em face de uma tropa de mafiosos disfarçados de políticos.
Acho que fui bastante claro, e dou divulgação a esta minha denúncia contra acadêmicos que não honram a condição, constituindo, se tanto, uma tropa da linha auxiliar de um partido mafioso.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de abril de 2016

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Declaração dos brasilianistas

Since 1985, Brazil has been enjoying the longest period of democratic stability in its history, following a coup d’état in 1964 and a violent military dictatorship that lasted twenty-one years. Under the aegis of the 1988 Constitution, which guarantees a wide range of social and individual rights, Brazil has become a more democratic society, with greater political participation, broader and more inclusive notions of citizenship, and the strengthening public institutions.
In spite of these advances, corruption remains endemic. A series of scandals involving politicians of different party affiliations have outraged the public.
As a result, there have been widespread mobilizations demanding an end to illicit practices. There have also been bold actions by state institutions, such as the Federal Police, the Federal Prosecutors Service, and the Judiciary.
The combat against corruption is legitimate and necessary to improve the responsiveness of Brazilian democracy. But in the current political climate, we find a serious risk that the rhetoric of anti-corruption has been used to destabilize the current democratically-elected government, further aggravating the serious economic and political crisis that the country is facing.
Instead of retaining political neutrality and respecting due process, sectors of the Judiciary, with the support of major media interests, have become protagonists in undermining the rule of law. During their investigations, some public officials have violated basic rights of citizens, such as the presumption of innocence, the assurance of an impartial judiciary, attorney-client privilege, and the guarantee of the right to privacy.
The Lava Jato Operation, led by the federal judge Sérgio Moro, has centralized the principal corruption investigations over the last two years. These investigations have been marred by repeated excesses and unjustified measures, such as arbitrary preventive detentions, dubious and problematic plea-bargaining agreements, selective leaking of information to the media for political purposes, and the illegal wiretapping of both the current President of the Republic and the most recent former president.
All of this has taken place with the sustained support of powerful sectors of the media in an unprecedented effort to influence public opinion for specific political ends. The combat against corruption must be carried out within strict legal limits that protect the basic rights of the accused.
The violation of democratic procedure represents a serious threat to democracy. When the armed forces overthrew the government of President João Goulart in 1964, they used the combat against corruption as one of their justifications. Brazil paid a high price for twenty-one years of military rule.
The fight for a democratic country has been long and arduous. Today, all those who believe in a democratic Brazil need to speak out against these arbitrary measures that threaten to erode the progress made over the course of the last three decades.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Brasilianistas: Kenneth Maxwell, ingles, sobre Richard Morse, um americano diferente

Eu estava em Washington quando Richard Morse faleceu, e participei de uma homenagem a ele organizada por Thomas Cohen, diretor da Oliveira Lima Library, da Catholic University of America, feita na catedral católica de Washington, quando falaram diversos alunos e discípulos de Morse, inclusive Dain Borges, se bem me lembro.
Morse era efetivamente diferente, e dentre seus trabalhos seminais, posso referir-me não apenas ao seus estudo sobre São Paulo, feito no início dos anos 1950, mas também a um artigo seminal -- que não sei se li em inglês ou numa versão traduzida em alguma revista brasileira -- comparando São Paulo e Manchester, não apenas como cidades, mas como pensamento econômico nas épocas de seus respectivos processos de industrialização.
Li O Espelho de Próspero e tinha essa informação de que não tinha sido publicado em inglês, pois discrepava profundamente da maneira como os brasilianistas e os latino-americanistas americanos em geral interpretavam a América Latina.
Foi um grande brasilianista, sem dúvida alguma, e foi uma pena não termos tido sua colaboração no livro que organizei sobre os brasilianistas: O Brasil dos Brasilianistas (Paz e Terra, 2002), e em sua versão americana Envisaging Brazil (Wisconsin, 2005). Mas tampouco tivemos a colaboração de Kennet Maxwell: eu lhe havia solicitado um ensaio sobre, justamente, as discrepâncias entre as análises dos brasilianistas americanos e a produção própria do "brasilianismo brasileiro", ou seja, como os americanos leram os grandes mestres brasileiros. Kenneth Maxwell, um brasilianista inglês especializado na Inconfidência Mineira, até que começou a fazer o seu trabalho, mas nunca terminou, e fui assim obrigado a deixá-lo fora de nosso volume. Uma pena.
Em todo caso, aproveitem este belo artigo publicado agora por ele.
Paulo Roberto de Almeida
Anápolis, 17/01/2016

Brasilianistas, abençoados sejam!

Morse acreditava que a cultura latino-americana tinha a sua própria importância, para além de mero reflexo da americana 

Kenneth Maxwell

O Globo, 15/01/206

Redescobri, esses dias, um artigo de ocasião de Richard Morse sobre os “brasilianistas”. Em 1980, fui eleito para a cadeira do Comitê de Estudos do Brasil da Associação Histórica Americana. Era um mandato de dois anos. Nós decidimos dedicar a sessão anual a uma discussão sobre as recentes publicações dos “brasilianistas”. No primeiro ano, convidamos Fernando Novais, da Universidade de São Paulo, para Nova York. Em 1981, convidamos Richard Morse para Los Angeles.
Richard McGee Morse era, à época, professor de História em Stanford. Nascido em 1922, a sua família estava entre os primeiros colonos da Nova Inglaterra, ali se instalando no início do século XVII. Ele estudou em Hotchkiss, o colégio mais prestigiado de Connecticut. Depois, como o seu pai, estudou na Princeton University.
Depois de prestar serviço militar no Pacífico durante os estágios finais da Segunda Guerra, doutorou-se na Columbia University. A sua tese era a história do desenvolvimento urbano de São Paulo, publicada no Brasil em 1970. Ele, então, lecionou na Universidade de Porto Rico, em Yale e Stanford, até o encerramento de sua carreira como diretor do Programa Latino-Americano no Wilson Centre em Washington. Ele sempre fora, apesar do seu criticismo da estreiteza acadêmica, um burocrata muito habilidoso. No começo dos anos 70, ele dirigiu o escritório da Fundação Ford, no Rio.
O seu livro mais célebre foi “O espelho de Próspero — Cultura e ideias na América”, publicado pela Cia. das Letras, em 1988. Morse sempre acreditou que a cultura latino-americana tinha a sua própria importância, para além de mero reflexo da americana. O livro é uma rica exploração histórica das experiências culturais que formaram a Ibero-América. Antonio Candido destacou sobre a obra: “rara erudição e intuição construtiva”. Mas nem todos a receberam bem no Brasil. Simon Schwartzman achou o livro “profundamente equivocado e potencialmente danoso em suas implicações”. Os mexicanos foram mais complementares. Enrique Krause, escrevendo em sua revista literária “Letras livres”, elogiou Morse pela sua afirmação de que os latino-americanos tinham, de fato, criado uma civilização original. “O espelho de Próspero” nunca foi publicado na língua nativa de Morse.
Em 1954, ainda na Columbia University, Richard Morse se casou com Emerante de Pradines, uma cantora e bailarina haitiana. Tiveram dois filhos. Um deles, Richard Auguste Morse, graduou-se em Princeton, como o pai e o avô, mas seguiu os passos da mãe, tornando-se uma figura proeminente da música haitiana, além de gerenciar o Hotel Oloffson, em Porto Príncipe, que serviu de inspiração para o Hotel Trianon da obra “Os comediantes”, de Graham Greene.
Richard McGee Morse morreu em Pétionville, no Haiti, em 2001. “Ema” continua viva, aos 97 anos, assim como a influência deste mestre do “eroticismo de ideias”. Eu ainda me recordo das caras nervosas dos reunidos em Los Angeles, quando Morse fez as suas observações sobre os brasilianistas: “Abençoados sejam! O que no mundo ainda há a se fazer?” Morse não conseguiu resistir à analogia ao “Que fazer?”, de Lênin. Sempre gentil, mas também implacável, ele os criticava: todos ali sabiam que estavam sendo insultados, mas ninguém realmente entendia como e por quê.

Kenneth Maxwell é historiador

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/brasilianistas-abencoados-sejam-1-18478744#ixzz3xUxCJVCm
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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Brazilian Studies in the U.S.: um texto meu traduzido para o ingles, no site da BRASA

Como eu conheço bastante bem a história, e sobretudo a produção intelectual dos Brasilianistas, sobretudo os americanos, eu nunca tinha visto um texto sobre sobre os próprios, no site da BRASA, a Brazilian Studies Association, da qual já fui membro do Comitê Executivo (durante a BRASA X, realizada em Brasília, em 2010, quando eu vim da China para estar ali, durante uma semana).
Hoje, por acaso, fui consultar o site, para ver o anúncio que fizeram da publicação do meu livro mais recente, Nunca Antes na Diplomacia, e acabei percorrendo algumas seções da página, e foi aí que acabei caindo no texto abaixo, que reproduzo tal qual.
Ele é, na verdade, a tradução para o inglês, de um trecho de um texto meu, a introdução que escrevi para a edição brasileira do livro que preparei, com meu amigo Marshall C. Eakin, e o apoio do Embaixador Rubens Barbosa (então em Washington), que saiu publicado pela Paz e Terra.
Existe uma versão em inglês desse mesmo texto, bem mais elaborada, que saiu na edição americana do livro. Ambos podem ser consultados neste link do meu site.
Paulo Roberto de Almeida

Brief History of Brazilian Studies



The foreign researcher of Brazilian themes, usually identified as Brasilianista, played an important role in the emergence of social sciences in Brazil during the second half of the twentieth century. It is likely that the founder and initiator of this movement was the English historian Robert Southey. This keen observer of the Portuguese colonial empire - which preceded the more comprehensive studies of Charles Boxer – wrote, during the independence period, a "History of Brazil" which was the only reference in this discipline until the emergence of the first truly Brazilian historian, the diplomat Francisco Adolfo de Varnhagen. In the nineteenth century, the "brasilianista species" had several other representatives, including the German researchers Von Humboldt and Von Martius - who produced the first guidelines on "how one should write the history of Brazil", and Handelmann, who, similar to Robert Southley, had never visited Brazil. Others include Louis Agassiz and Gobineau from Switzerland and Louis County from France.

Francisco Adolfo de Varnhagen Alexander von Humbolt
Francisco Adolfo de VarnhagenAlexander von Humbolt
Despite those illustrious ancestors, the brasilianista concept was created much later, in times of the Cold War and imperial worries about a possible destabilization of the largest country in South America. The term "brasilianista" seems to have been used for the first time in Brazil in 1969, under the quill of the academic Francisco de Assis Barbosa for qualifying a foreign expert in Brazilian subjects. The concept was applied to the American historian Thomas Elliot Skidmore in the preface of the Brazilian edition of his book Politics in Brazil (1967).
The interest in Brazil grew exponentially in the United States during the transition between the Eisenhower and Kennedy administrations, and manifested itself both by new candidates for a research-driven university specialization on Brazilian themes, and also by the search for new sources of information from Brazilian reality. An example of the first trend was Robert Levine’s compilation of the first research guide identifying the characteristics of Brazilian laboratory: Brazil: Field Research Guide in Social Sciences (1966). Second, there was a great increase in the translation and publication of Brazilian social science texts in the United States. Several works of the following Brazilian researchers were translated and published: Gilberto Freyre, Celso Furtado, Jose Honorio Rodrigues, Jose Maria Bello, Caio Prado Jr.

Between the late '60s and mid-'70s, when Brazil was facing one of the most dramatic phases of its political history, and several researchers were condemned to exile or were intimidated by the government repression, was one of the high points of American brasilianismo. Several authors devoted their research to the authoritarian regime and its modes of operation. Among them stand out Ronald Schneider, Alfred Stepan, and Philip Schmitter. Other thematic initiatives were focused on social or religious groups, as in the work of Skidmore and Ralph Della Cava.

Alfred Stepan
In the other direction, on the "exportation" of ideas and theories from Brazil to the United States, the most conspicuous example refers to "Dependency Theory" – specially represented on the work of Fernando Henrique Cardoso – which elaborates a critical review of American sociological thinking on the problems of developing countries, particularly in Latin America.

Fernando Henrique Cardoso
Since the 1980's a new generation of Brazilianists emerged, with either a sectorial thematic focus or a diversified spectrum of themes such as gender issues, environment, race, African diaspora, immigration, etc. Stand out on this group Steven Topik, Roderick Barman, Marshall Eakin, Joseph Smith, Sandra Graham, Thomas Holloway, Jeffrey Lesser, Barbara Weinstein, James Green among many others. Several Brasilianistas of this generation actively participated in the creation of BRASA.

The contemporary Brasilianista does not compose, as his "ancestor" from the '60s and '70s, a special space in the Brazilian social sciences scene, since it appears to have been emancipated from foreign tutelage and methodological imports, and the intellectual relationship between the United States and Brazil has become more equitable. In this latest phase, some of the thematic emphases became common among Brazilian and U.S. scholars, pointing a more than welcome bi-lateral intellectual osmosis. Some evidence of this fact is the high participation of Brazilian intellectuals in international congresses on Brazilian topics, and broad academic publication by Brazilians. Currently, over 40% of BRASA associated members comes from Brazil.

Some curious facts:


  • The year of 2014 is the 100th anniversary of Theodore Roosevelt and Cândido Rondon's expedition of the Amazon Basin
  • During the summer of 1970 in Rio de Janeiro, economist Werner Baer of the University of Illinois and the political scientist Riordan Roett from the School of International Studies John Hopkins were kidnapped by agents of the military regime. Notwithstanding both received in 2000 from the hands of Ambassador Rubens Antonio Barbosa, the Order of the Southern Cross
  • The researcher Charles Wagley would have been the inspiration for the character James Levenson in Jorge Amado’s Tent of Miracles

Source: Almeida, Paulo Roberto de. Eakin, Marshall C.. Barbosa, Rubens Antonio. O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000. São Paulo: Paz e Terra,

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Brasilianismo americano: livros fundamentais de autores americanos sobre o Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Abaixo a tabela que acompanhava uma matéria importante sobre o Brasilianismo americano, que eu ajudei a compor, publicada na revista Veja, mais de dez anos atrás (em 2002), quando eu tinha acabado de compor o livro O Brasil dos Brasilianistas, em fase de publicação no Brasil.
A tabela termina, por sinal, nesse livro:
Barbosa, Rubens A.; Eakin, M. C., Almeida, P. R. (orgs). O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (São Paulo: Paz e Terra, 2002)
A tabela, que por acaso apareceu em algum link de busca que estava fazendo hoje, pode ser encontrada neste link: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/010502/brasilianismo.html
Acredito que ainda seja válida para as obras mais importantes do brasilianismo acadêmico.
Paulo Roberto de Almeida

Livros fundamentais do brasilianismo
Ano
Autor e Livro
Observações pessoais
1957
Stein, Stanley J. The Brazilian Cotton Manufacture: Textile Enterprise in a Underdeveloped Area, 1850-1950. Cambridge: Harvard University Press, 1957 (ed. bras.: Origens e Evolução da Indústria Têxtil no Brasil, 1850-1950. Rio de Janeiro: Campus, 1979 )
Um dos papas do brasilianismo acadêmico, certamente um dos mais competentes estudiosos da emergência do Brasil moderno; tem um estudo, do mesmo ano, sobre a comunidade cafeeira de Vassouras
1958
Morse, Richard M. From Community to Metropolis: A Biography of São Paulo, Brazil. Gainesville: University of Florida Press, 1958; New and enl. ed.: New York: Octagon Books, 1974; (ed. bras.: Formação Histórica de São Paulo: da comunidade à metrópole. São Paulo: Difel, 1970)
Uma das primeiras (e raras) tentativas de examinar SP como uma estrutura histórica, dotada de sua lógica e dinâmica próprias; Richard Morse foi o mais original dos brasilianistas, o único talvez a transceder sua condição original e a tentar fazer uma análise do desenvolvimento comparado dos EUA e dos países latino-americanos a partir de um ponto de vista ibérico, e não anglo-saxão (em O Espelho de Próspero)
1962
Boxer, Charles R. The Golden Age of Brazil, 1695-1750: growing pains of a colonial society. Berkeley: Published in cooperation with the Sociedade de Estudos Históricos Dom Pedro Segundo, Rio de Janeiro, by the University of California Press, 1962 (ed.: bras.:A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. 2ª ed. rev., São Paulo: Companhia Editôra Nacional, 1969)
Por um historiador ingês, livro publicado originalmente nos EUA, o que justifica sua inclusão nesta lista: um olhar novo sobre nosso período colonial, a expansão portuguesa em terras castelhanas, as invasões estrangeiras e a especificidade da sociedade do ouro nas minas gerais, com base num primoroso trabalho de arquivo e na documentação da época
1963
Wagley, Charles. An Introduction to Brazil. New York: Columbia University Press, 1963; rev. ed.: 1971
Durante muito tempo, "o" livro de introdução ao Brasil estudado nas universidades americanas, por um autor que fez trabalho de campo e publicou obras importantes desde os anos 40 e 50, e que participou da famosa pesquisa da Unesco sobre raças e classes sociais no Brasil
1964
Manchester, Alan K. British Preëminence in Brazil: Its Rise and Decline; a study in european expansion. Chapel Hill: University of North Caroline Press, 1933; 2nded., New York: Octagon Books, 1964 (ed. bras.: Preeminência inglesa no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1973)
A primeira edição era de 1933 e esta, de 1964, deu origem à edição brasileira da Brasiliense, bastante estudada no Brasil: o trabalho clássico, a mais de um título, sobre a hegemonia britânica no Brasil, entre a era colonial e os anos 20 do século XX.
1965
Werner Baer. Industrialization and Economic Development in Brazil. Homewood, Ill.: Richard D; Irwin, 1965
O livro tem sido permanentemente atualizado desde então e possui edições brasileiras sucessivas, como prova de sua abordagem bastante completa e isenta sobre aspectos essenciais do processo brasileiro de industrialização
1966
Burns, E. Bradford. The Unwritten Alliance: Rio Branco and Brazilian-American Relations. New York: Columbia University Press, 1966
Um dos primeiros trabalhos de história diplomática a enfocar a questão da aliança entre o Brasil e os EUA: excessivaente otimista, mas bem pesquisado
1967
Skidmore, Thomas E. Politics in Brazil, 1930-1964: An Experiment in Democracy. New York: Oxford University Press, 1967 (ed. bras.:Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco, 1930-1964. Rio de Janeiro: Saga, 1969; 10ª ed.: São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996)
Tornou-se a história "standard" (padrão) do Brasil contemporâneo pela inexistência de obras brasileiras capazes de apresentar uma síntese equilibrada sobre as relações civis-militares na era Vargas; fraco nas questões internacionais, passável na análise econômica, mas bastante honesto na parte política; algo pessimista em relação às chances de po Brasil constituir uma sociedade verdadeiramente democrática, esta vista como um intervalo entre duas ditaduras
1968
Graham, Richard. Britain and the Onset of Modernization in Brazil, 1850-1914. Cambridge: Cambridge University Press, 1968 (ed. bras.: Grã-Bretanha e a modernização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1973)
Outro "clássico" da pesquisa histórica sobre o processo de transformação econômica do Brasil do Império à República, com muita pesquisa de arquivo e uma interpretação honesta, sem parti pris, das principais questões envolvidas
1968
Leff, Nathaniel H. Economic Policy-Making and Development in Brazil, 1947-1964. New York: John Wiley, 1968; Leff, N. The Brazilian Capital Goods Industry, 1929-1964.Cambridge: Harvard University Press, 1968
Dois estudos em profundidade sobre nosso processo de desenvolvimento econômico, revisando "meias verdades" por parte de historiadores como Caio Prado Jr. e Celso Furtado e colocando nosso "atraso" em uma nova perspectiva estrutural
1969
Dean, Warren. The Industrialization of São Paulo, 1880-1945. Austin: University of Texas Press, 1969 (ed. bras.: A industrialização de São Paulo, 1880-1945. São Paulo: Difel, 1971)
Um estudo ainda válido, apesar de já superado pelas novas pesquisas e interpretações do processo industrializador, por um autor que continuou a produzir obras primorosas sobre o Brasil, como seus estudos ecológicos sobre a economia da borracha na Amazônia e sua história da destruição da mata atlântica
1970
Robert M. Levine. The Vargas Regime: the critical years, 1934-1938. New York: Columbia University Press, 1970. (ed. bras.:O Regime Vargas: os anos críticos, 1934-1938. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1970)
O Brasil, entre a constituinte e o Estado Novo, examina o caminho da ditadura Vargas com enorme pesquisa em arquivos e muita sobriedade analítica, por um autor que especializou-se na era Vargas, sendo um dos seus maiores conhecedores
1970
Dulles, John W. F. Unrest in Brazil: Political-Military Crises, 1955-1964.Austin: Texas A & M Press, 1970
A segunda e um ds melhores livros do historiador "improvisado" que tem uma das melhores obras de reconstituição do nosso itinerário político no século XX (sem ser reconhecido pelos demais brasilianistas e pouco apreciado no Brasil); infelizmente nunca traduzido
1971
Love, Joseph. Rio Grande do Sul and Brazilian regionalism, 1882-1930. Stanford: Stanford University Press, 1971 (ed. bras.:O Regionalismo Gaúcho e as Origens da Revolução de 1930. São Paulo: Perspectiva, 1975)
Um dos maiores historiadores da economia e da política brasileira, em pesquisa coordenada outros autores em outros estados, num projeto de história regional do Brasil (Levine para Pernambuco, John Wirth para Minas Gerais e o mesmo Love para São Paulo (São Paulo and the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford: Stanford University Press, 1980 (ed. bras.: A Locomotiva: São Paulo na Federação Brasileira, 1889-1937. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982)
1971
Stepan, Alfred. The Military in Politics: changing patterns in Brazil. Princeton: Princeton University Press, 1971 (ed. bras.:O Militares na Política: as mudanças de padrões na vida brasileira. Rio de Janeiro: Artenova, 1975)
O livro que re(i)novou os estudos sobre os militares enquanto corporação atuante na política brasileira; teve sucesso por abordar os próprios "algozes" da academia brasileira, numa época em que não se ousava analisar os militares por temor de represália; combinava rigor analítico e abertur de opiniões, bastante lido entre os próprios militares, provavelmente pela inexistência de estudos sociográficos do gênero
1972
Toplin, Robert Brent. The Abolition of Slavery in Brazil. New York: Atheneum, 1972; Conrad, Robert E. The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888. Berkeley: University of California Press, 1972 (ed. bras. Os últimos anos da escravatura no Brasil, 1850-1888. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1975)
Dois livros que examinam criticamente a tradição herdade de Freyre e de outros historiadores oficiais antes dele no sentido de minimizar a bárbarie da escravidão no Brasil; constatam o quão difícil foi romper com a nefanda instituição e como a classe dominante se aferrou ao princípio escravista contra ventos e marés, até o final…
1973
Dulles, John W. F. Anarchists and Communists in Brazil, 1900-1935. Austin: Texas A & M Press, 1973. (ed. bras.: Anarquistas e Comunistas no Brasil, 1900-1935. Trad. Cesar Parreiras Horta. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977)
A despeito de muita "pesquisa" por nossos sociólogos e historiadores "operários", não há nada de semelhante no Brasil, e não obstante todo o seu fatualismo sem interpretação, uma história essencial da formação de nosso movimento sindical enquanto fator na política, ostentando uma relação ambígua com a a classe operária; contrasta justamente com o parti pris da maior parte dos trabalhos brasileiros no gênero
1973
Schwartz, Stuart B. Sovereignty and Society in Colonial Brazil: the High Court of Bahia and its judges, 1609-1751. Berkeley, University of California Press, 1973 (ed. bras.:Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial: a Suprema Corte da Bahia e seus juízes. São Paulo: Perspectiva, 1979)
Um dos maiores estudiosos da sociedade colonial brasileira, com ênfase na Bahia
1973
Kenneth Maxwell. Conflicts and Conspiracies: Brazil and Portugal, 1750-1808. Cambridge University Press, 1973 (3ª ed. bras.: A devassa da devassa: a Inconfidência Mineira, Brasil-Portugal, 1750-1808. São Paulo: Paz e Terra, 1985)
Por um historiador inglês que depois ficou americano, uma visão nova da "conspiração das elites" mineiras contra a dominação colonial; ele coninuou a estudar o período pombalino, tendo produzido obras sobre seu impacto no Brasil
1974
Skidmore, Thomas E. Black Into White: Race and Nationality in Brazilian Thought. New York: Oxford University Press, 1974 (ed. bras.: Preto no Branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976)
"Apenas" uma história das "idéias", mas fortemente embasada na literatura e documentação da época, para mostrar a ideologia do branqueamento que frequentou nossas elites políticas, a despeito da origem mestiça de muitas delas
1974
Macaulay, Neill. The Prestes Column: revolution in Brazil. New York, New Viewpoints, 1974 (ed. bras.: A Coluna Prestes: revolução no Brasil. São Paulo: Difel, 1977)
O começo da desmi(s)tificação da Coluna Prestes
1974
Chilcote, Ronald. H. The Brazilian Communist Party: conflict and integration, 1922-1972. New York: Oxford University Press, 1974 (ed. bras.: O Partido Comunista Brasileiro: conflito e integração, 1922-1972. Rio de Janeiro: Graal, 1982)
Nossos historiadores "comunistas", ou simplesmente historiadores, foram incapazes, até agora, de produzir algo similar ou equivalente (só pode ser por bloqueio mental). Uma história honesta, relativamente completa, dos meandros do aparato do Partidão, em seu primeiro meio século: Prestes é colocado em seu lugar, sem concessões ao mito
1975
Hilton, Stanley E. Brazil and the great powers, 1930-1939: the politics of trade rivalry. Foreword by José Honório Rodrigues. Austin: University of Texas Press, 1975 (ed. Bras.:brasileira: O Brasil e as Grandes Potências: Os aspectos políticos da rivalidade comercial, 1930-1939. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977); Hilton, Stanley. Brazil and the Internacional Crisis: 1930-1945. Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1975 (ed. Bras.:brasileira: O Brasil e a crise internacional (1930-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977).
Um historiador importante, que já foi referência nos estudos sobre a era Vargas, e que provou sua capacidade de trazer novos problemas ao conhecimento dos contemporâneos, graças a uma leitura exaustiva da documentação e um conhecimento impecável das personagens da época. Dois livros de peso na literatura sobre os anos críticos da nossa transição para o Brasil moderno
1979
Evans, Peter. Dependent Development: The Alliance of Multinational, State and Local Capital in Brazil. New Jersey: Princeton University Press, 1979 (ed. bras.: A tríplice aliança: as multinacionais, as estatais e o capital nacional no desenvolvimento dependente brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1980)
A materialização americana da teoria da dependência; um grande estudo sociológico, por um pesquisador honesto e preocupado com os rumos do desenvolvimento brasileiro
1982
Hallewell, Laurence. Books in Brazil: a history of the publishing trade. New Jersey-London: The Scaricrow Press-Metuchen, 1982 (ed. bras.: O Livro no Brasil: sua história. São Paulo: T. A. Queiroz-Edusp, 1985)
A despeito dos trabalhos (já antigos) de Wilson Martins, e das pesquisas mais recente de Marisa Lajolo, não possui equivalente no Brasil; Revela uma enorme pesquisa nas mais diversas fontes, com grande perspicácia quanto ao papel social e político do livro na sociedade brasileira
1987
Topik, Steve. The Political Economy of the Brazilian State, 1889-1930. Austin: University of Texas Press, 1987
Um estudo exemplar por um dos maiores conhecedores da economia cafeeira no Brasil e no mundo
1988
Skidmore, Thomas. The Politics of Military Rule in Brazil, 1964-85. New York: Oxford University Press, 1988 (3ª ed. bras.: Brasil: de Castelo Branco a Tancredo Neves. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989)
Continuidade de seu trabalho de levantamento histórico da era Vargas, faz um levantamento honesto do período ditatorial e que se distingue na literatura da área por falta de equivalentes ou desafiantes brasileiros
1991
Smith, Joseph. Smith, Joseph.Unequal Giants: diplomatic relations between the United States and Brazil, 1889-1930. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1991
Uma tese de doutoramento que se converteu em livro importante e pouco conhecido no Brasil: levantamento completo das relações bilaterais durante a República Velha
1991
Andrews, George Reid. Blacks and Whites in São Paulo, 1888-1988. Madison: University of Wisconsin Press, 1991
Revisa a análise "clássica" (mas de certa forma criticável) de Florestan Fernandes em "A Integração do Negro na Sociedade de Classes"
1994
Hanchard, Michael. Orpheus and Power: the Movimento Negro of Rio de Janeiro and São Paulo, Brazil, 1945-1988. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1994
Dá início à fase menos "globalizante" (e mais detalhista) do brasilianismo; enfocando não grandes problemas gerais da sociedade, mas questões mais específicas e "menores", que correspondem a uma certa visão politicamente correta do Brasil
1995
Lesser, Jeffrey. Welcoming the Undesirables: Brazil and the Jewish Question. Berkeley: University of California Press, 1995 (ed. bras.:(Ed. Bras.: O Brasil e a Questão Judaica: imigração, diplomacia e preconceito. Rio de Janeiro: Imago, 1995)
Outro representante do brasilianismo jovem, que reproduz menos a "nova" agenda acadêmica americana sobre o Brasil e que enfoca questões relevantes da formação da nacionalidade, com muita pesquisa primária e uma visão ampla do processo de inserção do Brasil nas grandes correntes migratórias mundiais
1999
Skidmore, Thomas E. Brazil: five centuries of change. New York: Oxford University Press, 1999; Levine, Robert M. Brazil: A History.Westport, CT: Greenwood, 1999;
Dois "velhos" brasilianistas fazem obras de síntese, o primeiro interpretativa, o segundo documental, em formato de "reader"; constituem as referências atuais de introdução aos estudos brasileiros nos EUA
2001
Gordon, Lincoln. Brazil’s Second Chance: en route toward the First World. Washington, D.C.: Brookings Institution Press, 2001; livro sendo publicado no Brasil pela Senac (com introdução de Paulo Roberto de Almeida; 2002)
Uma análise honesta sobre o processo de desenvolvimento brasileiro no século XX, em escala comparada com outros países emergentes, por um "velho" estudioso do nosso processo de industrialização, por acaso também o "embaixador do golpe";
2002
Barbosa, Rubens A.; Eakin, M. C., Almeida, P. R. (orgs). O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (São Paulo: Paz e Terra, 2002)
Uma seleção de análises por brasilianistas da produção relevante em seus respectivos campos de atuação no último meio século: deve permanecer uma referência para o estudo do brasilianismo americano por algum tempo
Elaboração: Paulo Roberto de Almeida; com base em bibliografia e cronologia constantes de O Brasil dos Brasilianistas; comentários em 16.04.2002

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Uma Brasa intelectual: congressos dos estudiosos do Brasil

 Chamada para propostas de sede para os próximos Congressos da BRASA: BRASA XIII (2016) e BRASA XIV (2018)

O Comitê Executivo da BRASA está recebendo propostas de instituições para sediarem o XIII Congresso da BRASA em 2016 e pré-propostas para o XIV Congresso da BRASA em 2018. O prazo final para o envio de ambas as propostas é 15 de novembro de 2012. 
As propostas para 2016 e pré-propostas para 2018 devem conter os elementos descritos abaixo. No entanto, as propostas para sediar a BRASA XIII em 2016 deverão ser mais detalhadas do que as pré-propostas para BRASA XIV em 2018. Serão aceitas candidaturas para apenas um dos eventos ou para ambos. Salvo manifestação em contrário, as propostas não selecionadas para sediarem o BRASA XIII em 2016 serão automaticamente consideradas para o BRASA XIV em 2018. 
As propostas completas deverão incluir:
1 Introdução:
Na introdução, deverá constar um breve perfil da Instituição proponente e sua capacidade para sediar um Congresso de grande porte. No caso de instituições não brasileiras, deverá conter uma visão geral sobre a sua tradição de estudos sobre o Brasil (incluindo uma lista de professores, programas e cursos relevantes no tema).
2 Instalações
Indicar o local onde se realizarão as conferências e demais reuniões do Evento (ser o mais específico possível, indicando a quantidade de salas de reuniões, a capacidade de amplas salas de reuniões e salões de eventos, bem como a disponibilidade potencial desses espaços e o acesso aos meios de transportes).
3 Acomodações
Indicar as opções de alojamentos (hotéis, pousadas etc.) para os participantes da Conferência.
4 Os recursos da Instituição
Indicar os recursos disponíveis para o evento. Cartas de apoio de universidade ou faculdades, administradores indicando interesse da instituição e compromisso com a conferência serão particularmente úteis. Por favor, seja o mais específico possível ao nomear as pessoas da instituição que irão comprometer-se a planejar e executar a conferência, em parceria com os representantes da Brasa.
5 Datas propostas
Geralmente o Congresso da Brasa é realizado entre o final de julho e meados de setembro dos anos pares. BRASA irá trabalhar com a instituição selecionada para determinar as datas ideais. Indique o mais especificamente possível as datas pretendidas e da disponibilidade de salas de reuniões, acomodações e transporte durante essas datas. (Nota: não há necessidade de especificar as datas para Congresso de 2018; a Comissão estará em contato com as candidaturas a respeito).
6 Pessoa de Contato
A proposta deve conter com um breve perfil acadêmico e profissional do responsável da Instituição para o planejamento e execução do Congresso (experiência em planejamento e execução de grandes eventos acadêmicos será particularmente considerada).
Por favor, envie propostas concluídas em docx ou pdf para:
Bryan McCann: bm85@georgetown.edu 
Sonia Ranincheski: Ranincheski.s@gmail.com 
Desde já o Comitê Executivo agradece a todos os anfitriões potenciais. Entendemos que a realização de um grande Congresso é uma iniciativa importante e agradecemos o interesse em sediar o Congresso da BRASA.
Em caso de dúvidas, entrar em contato com Bryan McCann ou Sonia Ranincheski, via e-mail acima ou pelo telefone +1 (202) 687 3552.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Richard Graham: homenagem a um brasilianista exemplar


Richard Graham to receive Brazilian Studies Association Award

Richard Graham, the F.H. Nalle Professor of History at the University of Texas at Austin, has been named the 2012 recipient of the Brazilian Studies Association’s Lifetime Contribution Award, BRASA announced on March 9, 2012. 
BRASA’s Lifetime Achievement Award (LCA) recognizes Professor Graham as a leader in the field of Brazilian studies with both a record of outstanding scholarly achievement and significant contributions to the promotion of Brazilian studies in the United States. BRASA especially wishes to emphasize Professor Graham’s lifetime contributions to our field.
Richard Graham will be recognized in an awards ceremony at BRASA’s 11th International Congress at the University of Illinois at Urbana-Champaign, September 8, 2012 at 7 p.m.  BRASA will present Professor Graham with a plaque expressing the organization’s deep appreciation for his lifelong commitment to Brazilian studies and Professor Graham will address the congress.  A group of prominent Brazilianists, former students of Professor Graham, will introduce him at the ceremony and comment on his many achieve¬ments discuss the enormous influence his work has had on the field of Brazilian history.
Professor Graham’s stellar career merits such an honor for his scholarship, teaching, publishing, mentoring, and institutional development.  Professor Graham is recognized internationally for his contributions to deepening our understanding of Brazilian history.   He has acted as a scholarly ambassador between Brazil and the United States, fostering the exchange of ideas, skills, scholarship, and cultural understanding and has inspired countless students and colleagues to pursue the study of Brazil.
Professor Graham’s first book, Britain and the Onset of Modernization in Brazil, 1850-1914 (1968), is a landmark study of British influence in Brazil. It won the prestigious Bolton Prize from the Conference on Latin American History in 1969.  A rare honor for a North American, in 1971 Professor Graham was one of the first North Americans to be asked to publish a chapter in Brazil’s preeminent multi-volume historical opus, the História Geral da Civilização Brasileira, edited by Sérgio Buarque de Holanda.  In 1978, he published The Jesuit Antonio Vieira and his Plans for the Economic Rehabilitation of Seventeenth-Century Portugal, an important contribution to colonial Brazilian and Portuguese imperial history.  The following year, Escravidão, reforma e imperialismo (1979) brought together some of his article-length work on Brazilian slavery and profoundly shaped the emerging Brazilian scholarship on the country’s slave society. His pioneering work on slave families appeared in Portuguese in this volume, and laid out an agenda for future research on slave families in Brazil.
Professor Graham’s 1990 Patronage and Politics in Nineteenth- Century Brazil quickly became a canonical work on Brazilian state formation in the nineteenth century.  Perhaps his greatest contribution to Latin American history more broadly is the invaluable, The Idea of Race in Latin America, 1870-1940 (1990); it remains in wide use as an introduction to the field.  Professor Graham has published well over seventy articles and book chapters. Many are considered classics in the field, such as “Slave Families on a Rural Estate in Colonial Brazil,” Journal of Social History 9 (1976) or “Slavery and Economic Development: Brazil and the U.S. South,” Comparative Studies in Society and History 23 (1981).   In his retirement, Professor continues to research and write major contributions to Brazilian history. Feeding the City: From Street Market to Liberal Reform in Salvador, Brazil, 1780-1860, a study of the production and marketing of food in Salvador, Bahia, from the end of the eighteenth century through independence and the time of liberal reforms to the mid- nineteenth century was published in 2010.  This book won the Bolton-Johnson Prize awarded by the Council on Latin American History in early 2011.
Born in 1934 in the interior of Brazil to an American Presbyterian missionary father and a Brazilian mother, Richard Graham studied with Lewis Hanke at the University of Texas at Austin in the 1950s, receiving his doctorate in 1961, upon which he began his long and distinguished teaching career at Cornell University.  In 1970, Professor Graham moved to the University of Texas and taught both undergraduates and graduate students there until his retirement in 1999.  During that time, he supervised twenty-one PhD dissertations and was instrumental in establishing a graduate program at the Universidade Federal Fluminense (UFF) in Niterói, Rio de Janeiro, today ranked one of the top three history programs in Brazil.  Professor Graham’s enduring legacy lies as much in
the students and colleagues he has nurtured, taught, and advised.  They have found their work profoundly influenced by him.

BRASA’s Lifetime Achievement Award Committee, consisting of BRASA Vice President Jan Hoffman French and Executive Committee members Bryan McCann, Cristina Ferreira-Pinto Bailey, and Vânia Penha-Lopes, received numerous nominations for this prestigious award.  The committee selected Professor Graham for his enduring scholarship, outstanding contribution to the field of Brazilian history, and his advancement of Brazilian studies. The BRASA Executive Committee ratified the nomination.
For further information, please contact Professor French at
jfrench@richmond.edu.  Additional information on the Brazilian Studies
Association is available at www.brasa.org.