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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Mortadelas do PT no exterior - Rubens Barbosa (FSP)

O PT, provido de seus milhões de dólares roubados dos brasileiros, pode contratar seus mortadelas estrangeiros para fazer o mesmo trabalho sujo de mentiras, falcatruas e deformações que já perpetra no Brasil, com dinheiro que também roubou de todos nós.
O ex-chanceler do lulopetismo é instrumental nesse trabalho vergonhoso de mentir em benefício de um criminoso condenado duas vezes pela Justiça brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

DESCRÉDITO DO BRASIL NO EXTERIOR
Rubens Barbosa
Folha de S Paulo, 27/08/2018
O ex-ministro Celso Amorim, em artigo publicado nesse espaço, dá curso à versão de que a eleição sem Lula é uma fraude. Com crescente protagonismo na divulgação das políticas e ações desenvolvidas pelo PT, Celso Amorim tornou-se o agente e o arauto das ações lulopetistas no exterior, com crescente visibilidade interna e externa.
No artigo, a realidade é obscurecida por inverdades como forma de iludir os (e)leitores. O Papa Francisco, a pedido do ex-ministro, ao invés de manifestar apoio ao ex-presidente, mineiramente pediu que Lula rezasse por ele... A teoria conspiratória da trama urdida com ramificações fora do país está longe de poder ser comprovada. A medida liminar dos peritos do Comitê de Direitos Humanos, sem qualquer aviso ou pedido prévio de informações, não tem validade porque, ao contrário do que se afirmou, o Protocolo Facultativo do Pacto de Direitos Civis e Políticos não foi promulgado no Brasil por inépcia do governo petista; pela primeira vez, o comitê opinou sobre eleições, confundindo Direitos Humanos (universais) e Direitos Políticos (que dependem da legislação de cada país). Cumprido todo o devido processo legal no julgamento do ex-presidente, a eleição será legitima e não uma fraude. Amorim continuou a prática de substituir a realidade por uma falsa retórica, iniciada durante sua passagem pelo Itamaraty.
Desde 2016, a campanha no exterior ganhou várias vertentes: golpe do impedimento da presidente Rousseff mobilizando até candidato a presidência dos EUA e lideres de partidos ideologicamente afins ao PT na Europa; versão da vitimização com o desrespeito aos direitos e a privação de liberdade do ex-presidente, apresentado como prisioneiro político; publicação de carta do ex-presidente com essa ficção no New York Times; politização das decisões da justiça brasileira com recurso ao Comitê facultativo do Conselho de Direitos Humanos. 
Dando seguimento à divulgação da versão petista da realidade, segundo se informa, o PT vai aumentar a ofensiva internacional para garantir a presença de Lula nas eleições. Trata-se realmente de uma campanha liderada pelo partido na mobilização de jornais, cientistas políticos, ONGs, governos e Parlamentos desinformados, ou que não querem se informar, sobre as leis, a Justiça e a democracia brasileira. A estratégia é colocar em questionamento o regime democrático caso Lula seja, de fato, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Não conheço ação semelhante em outro pais. Nenhum partido político age de forma tão desassombrada contra a reputação de seu pais, não para defender princípios ou direitos inquestionáveis, mas para auferir ganhos políticos de curto prazo. Porque o PT não se associa aos que lutam pela democracia e a liberdade de verdadeiros prisioneiros políticos, como fazem os partidos de oposição na Venezuela, ao invés de defender o regime autoritário de Maduro?
É inaceitável que, a partir de retórica distorcida e repleta de inverdades, essa campanha seja utilizada para reforçar o descrédito das instituições e das leis brasileiras. Não se pode admitir que a reputação do país seja colocada em questão, no momento em que todos estão empenhados em superar a atual situação crítica em que nos encontramos, resultado de políticas equivocadas adotadas durante o governo do partido que agora apresenta no exterior uma democracia em frangalhos. Celso Amorim,em entrevista, ousou declarar que o Brasil tem a alternativa de cumprir a determinação do comitê ou se tornar um pária global, equiparando-se a Mianmar e a África do Sul na época do apartheid. 
Depois de passar oito anos defendendo uma politica alegadamente ativa e altiva, o ex-chanceler está alienando a soberania brasileira com o único objetivo de defender as mentiras de seu partido.
Com a credibilidade externa do Brasil abalada pela crise econômica e pelos desmandos e corrupção dos últimos anos, a campanha de descrédito não pode passar sem uma indignada condenação daqueles que defendem interesses partidários e pessoais, nem sempre claros e muitas vezes questionáveis, por parte dos que colocam o Brasil acima de intrigas ideológicas.
Rubens Barbosa, diplomata, ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres

terça-feira, 6 de março de 2018

Negocios da China, ops, da Russia... - Claudio Humberto

Além de livrar-se de comprar baterias antiaéreas russas incompatíveis com o sistema nacional, o Brasil também deixou de tomar um tombo. O autor da proposta cretina, ex-ministro da Defesa Celso Amorim, chegou a assinar um compromisso de compra da geringonça rejeitada pelos militares brasileiros, no valor de US$1 bilhão (R$3,2 bilhões). Mas o Iraque pagou um quarto do valor pelo mesmo equipamento, em 2011.

As baterias russas Pantsir-S1 custariam ao Brasil o triplo daquelas recomendadas pelo Exército, após estudar trinta opções mundo afora.
Amorim mandou, em 2014, o sargento músico Jeferson Silva à Rússia avaliar as baterias antiaéreas. Qualificação: é marido de Ideli Salvatti.

O compromisso assinado por Celso Amorim foi levado ao pé da letra dos russos, que até hoje insistem em vender a inutilidade ao Brasil.

domingo, 4 de março de 2018

Celso Amorim e a conexão russa do PT - Claudio Humberto

Claudio HuMberto
04 DE MARÇO DE 2018
Se for escolhido candidato a presidente pelo PT em lugar de Lula, como sua turma espalha, o diplomata Celso Amorim terá de dar muitas explicações sobre sua incansável insistência, quando foi ministro da Defesa, para que o Brasil comprasse baterias antiaéreas russas Pantsir-S1, um negócio estimado em US$1 bilhão (R$3,2 bilhões em valores atualizados), contra a vontade das Forças Armadas.

Por serem incompatíveis com o sistema militar brasileiro, as baterias foram rejeitadas pelos militares. Mas Amorim não parou de insistir.

As Pantsir-S1 que fazia Celso Amorim revirar os olhos custariam mais que o programa de modernização do sistema brasileiro, R$2,3 bilhões.

Até hoje militares brasileiros fogem de eventos internacionais com os russos. Não agüentam mais a ladainha: “Mr. Amorim prometeu...”.
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  • Nunca ficou claro para generais brasileiros se o negócio das baterias antiaéreas eram interesse de Celso Amorim ou do esquema Lula-PT.

    terça-feira, 31 de outubro de 2017

    Ex-chanceler do governo lulopetista critica o governo atual - Brasil 247

    O instrumento por excelência do lulopetismo jornalístico, 247 (somando...) reproduz declarações do ex-chanceler dos dois governos lulopetistas e ex-ministro da Defesa no desastrado governo da sucessora.
    Má-fé, mentiras e deformações recheiam suas declarações, o que já é típico de quem afundou na submissão sem limites a um dos governos mais corruptos da nossa história, senão do hemisfério, quiçá do mundo.
    Essa coisa de "projeto anti-nação" é típico dos comunistas de antigamente, distilando um stalinismo rastaquera, e obviamente mentiroso.
    Um papel lamentável de quem serviu a diplomacia brasileira, mas de maneira oportunista preferiu colocar a mentira a serviço de interesses inconfessáveis
    Paulo Roberto de Almeida
    Brasília, 31 de outubro de 2017

    Todo mundo pergunta onde está o Brasil, diz Celso Amorim
     https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/324478/Todo-mundo-olha-hoje-e-pergunta-onde-est%C3%A1-o-Brasil-diz-Celso-Amorim.htm
    Ex-ministro das relações Exteriores, Celso Amorim fez um diagnóstico sombrio da atual política internacional brasileira;  segundo o diplomata, o País era chamado para facilitar conversas na America Latina, na África e no Oriente Médio; “O Brasil estava a frente dessas conversas. Agora, não está nem a reboque. Está parado lá atrás. Todo mundo olha hoje e pergunta: onde está o Brasil? O Brasil hoje vai nas reuniões dos organismos internacionais para cumprir tabela, não apresenta nenhuma iniciativa"
    Brasil 247, 27 de Outubro de 2017 às 06:50 // TV 247 no Youtube Youtube
    Por Marco Weissheimer, do Sul 21
    O Brasil deixou de ter uma política externa e um projeto nacional. Na verdade, o que existe hoje é um projeto anti-nação, um assustador processo de desnacionalização e de destruição de ativos nacionais. O diagnóstico é do ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que participou nesta quarta-feira (25) da sétima edição do Fórum de Grandes Debates, promovido pela presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
    Amorim foi recebido, no final da tarde, pelo presidente da Assembleia, deputado Edegar Pretto (PT), conversou com jornalistas e, logo e seguida, proferiu uma conferência no auditório Dante Barone. O ex-chanceler do governo Lula criticou os rumos da política externa brasileira no governo Temer que, segundo ele, abandonaram completamente o protagonismo que o Brasil vinha exercendo nos últimos anos, voltando a assumir uma postura subalterna aos interesses econômicos e políticos de Washington.
    Na avaliação de Celso Amorim, a política externa brasileira praticamente desapareceu. “O Brasil tem participado de certas reuniões, meio na lógica de cumprir tabela. Não se tem notícia de nenhuma iniciativa importante, como houve sobretudo no governo Lula. Pode ser que tenha alguma coisa acontecendo e o problema seja com o porta-voz que não está comunicando”, ironizou. “Nas poucas coisas em que parece haver uma orientação”, acrescentou, “eu não concordo com ela”. Celso Amorim citou o exemplo da Venezuela:
    “Você pode ter a preferência que quiser, mas não pode, em uma situação grave envolvendo um país vizinho ao nosso, se dar ao luxo de não contribuir para a construção de um diálogo. Eu fico chocado quando ouço que o Brasil não pode participar de uma mediação na Venezuela porque tomou partido. Acusavam o presidente Lula de ter uma política externa ideológica, mas o Brasil ouvia a oposição da Venezuela da mesma forma que ouvia o governo. Quando havia uma disputa entre a Venezuela e a Colômbia, que tinha um governo de centro-direita, o Brasil participava tentando construir uma situação de diálogo, pois nos interessava a paz e esta se baseia no diálogo. O que o país não pode é se auto-excluir do diálogo, o que aconteceu confessadamente”.
    O Brasil, acrescentou Celso Amorim, era chamado para facilitar conversas na America Latina, na África e no Oriente Médio. “O Brasil estava a frente dessas conversas. Agora, não está nem a reboque. Está parado lá atrás. Todo mundo olha hoje e pergunta: onde está o Brasil? O Brasil hoje vai nas reuniões dos organismos internacionais para cumprir tabela, não apresenta nenhuma iniciativa. Nós sempre tínhamos uma iniciativa nova. O próprio G-20 nasceu, entre outros fatores, pelo papel que o Brasil passou a desempenhar no cenário internacional. O nosso país tinha um papel muito importante no cenário internacional, tanto na parte econômica como na parte política. O Brasil foi chamado para intervir em questões envolvendo o Oriente Médio. Muita gente questionou o envolvimento do Brasil no Irã. Mas não foi o Brasil que quis se envolver no Irã. O presidente do Estados Unidos, Barack Obama, pediu que o Brasil ajudasse, apenas para dar um exemplo”.

    Celso Amorim falou sobre as relações entre a política externa e o desenvolvimento, na Assembleia Legislativa. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
    Falando sobre o cenário internacional, Celso Amorim avaliou que o mundo pode estar entrando, mais do que na era Trump, na “era Xi”, uma referência ao novo presidente da China, Xi Jinping. O grande fato novo, enfatizou, é o crescimento da China, não só o crescimento econômico, mas a disposição desse país em assumir uma postura de liderança. O ex-chanceler lembrou que, na primeira reunião dos BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), a China não mostrava muito engajamento, ao contrário do Brasil e da Rússia. Hoje, a China desempenha um papel central, sendo a sede, inclusive, do banco dos BRICS. “No último congresso do Partido Comunista chinês ficou claro não só o fortalecimento do presidente Xi, como também uma disposição de atuar com liderança”.
    Questionado sobre o futuro dos BRICS a partir da mudança política ocorrida no Brasil, Celso Amorim disse não acreditar que o país saia dessa iniciativa. “Por mais subserviente que a nossa classe empresarial possa ser, há fortes interesses econômicos em jogo, como os do agronegócio que exporta muito para esses países. Por mais voltado ideologicamente para Washington que possa ser o atual governo, não vejo a possibilidade de o Brasil sair dos BRICS. Acho que há aí um mínimo de pragmatismo que não permite que eles saiam. Só não vão tomar nenhuma iniciativa, até porque não têm nenhuma credibilidade para lançar alguma coisa nova. Vão indo na rabeira. Hoje, nestes encontros internacionais, ninguém quer tirar foto com o Temer. Na época do Lula, todo mundo queria aparecer na foto com ele”.
    Amorim manifestou preocupação, por outro lado, com a destruição dos ativos nacionais, que estão sendo entregues a outros países. Para ele, o que está ocorrendo no governo Temer não é propriamente uma privatização, mas sim uma desnacionalização. “Comparando com o que está acontecendo hoje, Roberto Campos seria considerado um desenvolvimentista desvairado. “Muitos dos nossos ativos estão sendo comprados por estatais de outros países. O que não presta é a estatal brasileira, a estatal de outros países serve? As empresas brasileiras ficaram sob suspeita com essa questão da Lava Jato, de uma maneira que não se vê em país nenhum. A Volkswagen teve um problema sério recentemente com a falsificação de resultados envolvendo um software de meio ambiente. Você ouve falar que a Alemanha está destruindo a Volkswagen por isso? Aqui há uma autoflagelação que está a toda velocidade”.

    “Quando os Estados quiseram vender os aviões F-18 para o Brasil teve carta da Condolezza Rice, da Hillary Clinton”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
    Na opinião do diplomata, a Lava Jato acabou provocando a criminalizando coisas que são absolutamente normais como oferecer subsídios para um investimento na África, por exemplo. “Está sendo colocado como tráfico de influência uma coisa que todos os países fazem. Pergunte ao rei da Suécia, ao presidente da França ou ao presidente dos Estados Unidos o que eles fazem? Quando os Estados quiseram vender os aviões F-18 para o Brasil teve carta da Condolezza Rice, da Hillary Clinton. Essas coisas são normais. No Brasil, tudo isso foi criminalizado. Fico até com pena dos diplomatas brasileiros. Eu não sei o que eu faria se eu fosse um diplomata brasileiro no exterior diante de uma oportunidade comercial para uma empresa brasileira. Ele vai pensar: melhor não falar nem fazer nada, senão vão dizer que estou sendo corrompido”.
    Celso Amorim questionou também alguns mitos que ficam sendo repetidos pela grande imprensa como se fossem verdade, como o suposto fracasso do Mercosul. “Uma das mentiras mais repetidas é que o Mercosul deu errado. Desde a criação do Mercosul até 2014, o comércio envolvendo os países do bloco cresceu 12 vezes, enquanto, no mesmo período, o comércio mundial cresceu cinco vezes. Que fracasso é esse?”.

    quarta-feira, 28 de setembro de 2016

    Celso Amorim apresenta A grande estratégia do Brasil - Escola de Guerra Naval, 29/09, 18h30

    Celso Amorim apresenta A grande estratégia do Brasil

    A Escola de Guerra Naval recebe o embaixador Celso Amorim para falar sobre sua experiência à frente do Ministério da Defesa do Brasil (2011-2014) no lançamento de seu livro A grande estratégia do Brasil.
    Os discursos, artigos e entrevistas reproduzidos na obra, coeditada pela Editora Unesp e Fundação Alexandre de Gusmão, passam a ideia de que, no Brasil, política externa e política de defesa devem se coadunar em uma grande estratégia de defesa do interesse nacional e de promoção da paz.
    O evento, aberto ao público, acontece em 29 de setembro, às 18h30.


    A Escola de Guerra Naval recebe o embaixador Celso Amorim para falar sobre sua experiência à frente do Ministério da Defesa do Brasil (2011-2014) no lançamento de seu novo livro A grande estratégia do Brasil. Os discursos, artigos e entrevistas reproduzidos na obra, coeditada pela Editora Unesp e Fundação Alexandre de Gusmão, passam a ideia de que, no Brasil, política externa e política de defesa devem se coadunar em uma grande estratégia de defesa do interesse nacional e de promoção da paz. O evento, aberto ao público, acontece em 29 de setembro, às 18h30.
    A grande estratégia do BrasilJá em seu pronunciamento na cerimônia de posse como ministro da Defesa, que abre o livro, Amorim traça os temas a serem trabalhados: a modernização das forças armadas, o fortalecimento da indústria nacional de defesa, a capacitação tecnológica nacional, a cooperação de defesa com os parceiros da América do Sul e do Atlântico Sul, a contribuição do país como provedor de paz às Nações Unidas e o papel dos militares em uma sociedade democrática. Seguem-se outros 29 discursos, selecionados de modo a elucidar os principais aspectos relacionados a uma política pública de defesa, mas também abarcando aqueles que se tornaram simbólicos diante das circunstâncias em que foram proferidos. Em conjunto, tornam-se representativos das diferentes atividades do Ministério, para além da sua atividade primordial de defesa.
    Em uma segunda seção estão reunidos três artigos e cinco entrevistas, em que articula política externa e política de defesa, interesse nacional e cooperação internacional. Comissão da Verdade, Integração sul-americana, pirataria na África, terrorismo, a atualidade de José Bonifácio e guerra cibernética são alguns dos assuntos tratados diretamente por Amorim ou em conversas com jornalistas, como Miriam Leitão e Martin Granovsky.
    Sobre o autor – Celso Amorim foi ministro das Relações Exteriores durante o governo Itamar Franco (1993- 1994) e durante o governo Lula (2003-2014). Foi ministro da Defesa durante o governo Dilma Rousseff (2011-2014). Atualmente, o embaixador Amorim é membro da Unidade de Inteligência da Fundação Getúlio Vargas, membro do Conselho Diretor do International Crisis Group, chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos no Haiti e membro do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre Acesso a Medicamentos. 
    Serviço
    Data: 29 de setembro de 2016, às 18h30 
    Local: Escola de Guerra - Naval Avenida Pasteur, nº 480, Urca, Rio de Janeiro (RJ)

    quarta-feira, 27 de julho de 2016

    Celso Amorim rebaixa uma politica externa que se diferencia da diplomacia lulopetista - Outras Palavras

    Transcrevendo, apenas, sem comentários, no momento, mas posso adiantar que não estou de acordo com a maior parte, senão a quase totalidade do que vai transcrito abaixo.
    Apenas uma amostra da entrevista:
    "Chanceler nos dois governos Lula, Amorim protagonizou, junto com o então presidente, uma espécie de exceção transformadora. Em sua área, houve de fato uma virada estrutural. O Brasil abandonou a posição da subalternidade às potências hegemônicas – estabelecida desde a Colônia – e ensaiou no mundo sua condição diversa, mulata e, em certo sentido, moleque contra os poderes estabelecidos. A primeira vítima foi a ALCA...".
    O vídeo pode ser visto no link abaixo.
    Paulo Roberto de Almeida

    Outro Brasil: hora de um novo projeto de país
    Outras Palavras e Canal Mova lançam entrevistas em vídeo para enfrentar a grande enrascada brasileira formulando alternativas. 
    Celso Amorim abre a série: “não estamos condenados à pequenez!
    Por Antonio Martins

    Dois meses após o golpe parlamentar que levou ao poder um projeto várias vezes rejeitado pelas urnas, o cenário é de devastação. Por não ter pretensões eleitorais futuras, o governo Temer avança sobre direitos sociais e conquistas históricas sem pudores ou vacilações. Sente-se confortável pra mirar tanto objetivos imediatos (como o congelamento dos gastos sociais) quanto para promover retrocessos estratégicos (entrega do pré-sal, privatizações irrestritas, ataque aos direitos previdenciários e às garantias conquistadas pelos trabalhadores há décadas). Conta com confortável maioria parlamentar. Bloqueia o debate público de seus atos graças à blindagem de uma mídia que, agora, julga razoável tais medidas serem comandadas por um ministério repleto de denunciados pela Lava Jato. Desnorteada, a esquerda institucional ajuda a eleger, para a presidência da Câmara, um deputado claramente comprometido com o programa das contra-reformas. Como recuamos tanto, tão rapidamente? Como sair desta enrascada?

    Em parceria com a produtora de vídeos Mova Filmes, Outras Palavras lança esta semana uma iniciativa que busca ajudar a encontrar respostas. Uma série de entrevistas, com pensadores e ativistas que se destacam pela profundidade e pelo compromisso com as lutas sociais, serão convidados a refletir sobre outro projeto para o país. A sequência é aberta por Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores. Ao comentar o abandono da postura internacional ativa e o retrocesso à velha posição subalterna, comandados por José Serra, Amorim reage e dispara: “Não estamos condenados à pequenez”.

    Reconstruir um novo projeto nacional é indispensável por ao menos duas grandes razões. A primeira prende-se aos erros do passado recente. Aos poucos, fica claro: entre 2003 e 2016, o Brasil viveu um período de mudanças sociais importantes – porém, frágeis e superficiais. As estruturas que asseguraram cinco séculos de dominação jamais foram arranhadas. Preservou-se o sistema político oligárquico, o poder da aristocracia financeira, as isenções e privilégios tributários dos mais ricos, a concentração da propriedade da terra, o oligopólio que controla as comunicações de massa. Acreditou-se ingenuamente que poderiam seguir a orientação dos novos governos. Quando os verdadeiros donos do poder enxergaram uma conjuntura favorável, foi-lhes muito fácil livrar-se dos intrusos no Planalto e ministérios.
    Mas se as reformas estruturais foram por tanto tempo adiadas, é porque se acreditou que não era necessário pensar um outro país. Bastava lutar para que, mantidas as mesmas dinâmicas, uma parcela maior da riqueza nacional fosse apropriada pelos desfavorecidos. Não se tratava de questionar a submissão das cidades ao automóvel – mas de estender a todos a chance de comprar um carro novo. Não era o caso de questionar o controle da terra pelo agronegócio (e todas as suas consequências devastadoras), mas de garantir que ninguém passasse fome, e que a proteína animal comparecesse mais vezes no prato de cada brasileiro.
    A segunda razão crucial para Outro Brasil é a potência incompleta das novas lutas sociais – que têm como marco o Junho de 2013. Ecos das Jornadas continuam a ressoar. Reverberam hoje nas ocupações urbanas (dos sem-teto, dos secundaristas, dos produtores culturais). Ressurgem nos que teimam em acompanhar e solidarizar-se à luta indígena. Refermentam-se nos coletivos de jovens dispostos a articular trabalho profissional com ações pelo Direito à Cidade. Reaparecerão, em breve – agora com cheiro de multidão — nas campanhas dos trabalhadores para defender os direitos previdenciários e laborais, que o governo ilegítimo tentará atropelar com ímpeto, caso o golpe seja consumado.
    Mas não parece claro, igualmente, que estas lutas precisam tramar um horizonte coletivo? Que país novo construiremos, se nos limitarmos a atitudes de defesa? Uma escola sem as velhas relações hierárquicas; um plano de preservação da Amazônia preservando a natureza e as culturas dos povos originários; uma nova inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho e da produção; uma modelo agrícola que nos livre dos agrotóxicos e transgênicos; cidades onde Centro e Periferia não sejam reencarnações de Casa Grande e Senzala – nada disso sera possível sem a dura tarefa de voltar a formular um projeto de pais. De enxergar tanto as forças sociais reprimidas que ele poderá liberar quanto as resistências que enfrentará; os caminhos para vencê-las; as possíveis brechas no cenário mundial e brasileiro.
    * * *
    Por diversos motivos, uma entrevista com o ex-chanceler Celso Amorim abre Outro Brasil. A vocação internacional de Outras Palavras é evidente. Acreditamos que não e possível enxergar os problemas estratégicos do Brasil sem situá-los – para o bem e para o mal – na dinâmica do capitalismo globalizante. Breves exemplos: dois dos setores que mais devastaram o pais, e que mais elegeram parlamentares favoráveis ao impeachment – agronegócio e mineração – agigantaram-se devido a um cenário internacional que inflacionou os preços dos produtos primários e deu força politica inédita a seus “lideres”. Em contrapartida, movimentos sociais e culturais de todo o planeta inspiraram-se, no inicio do século, na luta pós-industrial do MST, na resistência à ALCA tramada durante os Fóruns Sociais Mundiais, ou nas inovações de Gilberto Gil à frente do ministério da Cultura.
    Outro fato determinou nossa opção por Amorim. Chanceler nos dois governos Lula, ele protagonizou, junto com o então presidente, uma espécie de exceção transformadora. Em sua área, houve de fato uma virada estrutural. O Brasil abandonou a posição da subalternidade às potências hegemônicas – estabelecida desde a Colônia – e ensaiou no mundo sua condição diversa, mulata e, em certo sentido, moleque contra os poderes estabelecidos.
    A primeira vítima foi a ALCA – área de “livre” comércio sob a qual os EUA pretendiam submeter o continente. Foi uma satisfação acompanhar, na metade da década passada, os lances em que Amorim desarmou as armadilhas pouco a pouco. Trabalhou com mão sutil de quem evita o confronto direto com o inimigo mais poderoso – mas esgota as forças deste submetendo-o ao peso de suas próprias contradições.
    O chanceler não se limitou, no entanto, à defesa eficiente. Num mundo marcado pelos riscos de consolidação da ordem imperial, participa ativamente da construção de saídas. Esteve presente em cada um dos atos que constituíra o BRICS – antecipado pelo Ibas. Ajudou a cimentar a Unasul, uma articulação sul-americana que nega, enquanto existir de forma autônoma, a condição de quintal de Washington a que a região estava resignada. Ousou o inédito: por exemplo, a reunião inédita em 2010, em Brasília, entre América do Sul e Mundo Árabe, que contrariava tanto geopolítica quanto geografia tradicionais.
    Celso Amorim aborda todos estes temas, na entrevista que fizemos em seu apartamento à beira do mar de Copacabana, no final de maio. Em quase duas horas, ficam claros tanto a criatividade de suas iniciativas quanto a pequenez do retrocesso ensaiado agora por José Serra. A conversa não é um elogio dos governos de que o chanceler participou. Amorim reconhece, por exemplo, que os esforços para tornar a América do Sul mais independente, do ponto de vista geopolítico, foram confrontados pelo retrocesso dos países da região à condição de exportadores de produtos primários.
    Ainda assim, sua diplomacia altiva e ativa produziu enormes resultados. Segue como um dos sinais de Outro Brasil – possível e, em muitos sentidos, indispensável.
    Conseguiremos construí-lo juntos? É a grande pergunta a ser respondida nas próximas décadas. A resposta só poderá ser construída coletivamente. Outro Brasil expressa, desde já, nosso esforço, nosso desejo e nossa aposta.


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    quinta-feira, 30 de junho de 2016

    Entao ficamos assim: de um lado a politica externa ativa e altiva, de outro, a passiva e submissa - Amorim no think tank do PT

    Poxa, tanta gente assim preocupada com a tal de política externa ativa e altiva? Será que ela está correndo o risco de ser enterrada?
    O think tank do PT, bem mais tank do que think, organiza esse encontro significativo.
    Pelo menos seis entidades convidam para uma palestra do segundo (ou terceiro) principal responsável pela tal de "diplomacia ativa e altiva", na verdade partidária, do governo passado, que corre um risco enorme nas mãos dos atuais diplomatas e políticos, o que denota realmente uma extrema preocupação.
    Digo segundo ou terceiro porque existiram, ou existem, pelo menos mais três ou quatro personagens envolvidos na formulação da mais grandiosa diplomacia que o Brasil já conheceu em toda a sua história, republicana, imperial, colonial, dependente, autônoma, subordinada, etc.
    Imaginem só minha gente, existe um risco enorme, agora que os companheiros já não estão mais no poder, de que a nossa brava diplomacia profissional volte a ser submissa, dependente, acanhada, medrosa, medíocre, passiva (êpa!), pequena, acovardada, enfim, todas essas coisas que os companheiros combateram vigorosamente, só para nos dar a glória de uma diplomacia ativa e altiva, atrelada aos bolivarianos, sustentando ditaduras em todas as partes, mandando dinheiro para regimes falidos, destruindo o Mercosul, mentindo para a cidadania, fazendo propaganda indevida do Guia Genial dos Povos, isolando o Brasil comercialmente do mundo, enfim, fazendo aquelas coisas obscuras, que não deixam registros nos anais da Casa, coisas clandestinas e pouco sabidas (só deles), todas essas coisas que foram a marca registrada dos companheiros no poder.
    Com vocês, um dos responsáveis pelo produto apreciado por tantos gramscianos de academia do Brasil inteiro, o homem que mandou os diplomatas vestirem a camisa do governo, ou seja, do partido...
    Paulo Roberto de Almeida

    Em defesa de uma política externa ativa e altiva

    Instituto Lula, 27/jun/2016

    O Instituto Lula, a Fundação Perseu Abramo, a Frente Brasil Popular, o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), a Fundação Friedrich Ebert e o Grupo de Reflexão do sobre Relações Internacionais (GR-RI) convidam a todos para a conferência do embaixador Celso Amorim, que será realizada no dia 4 de julho, em São Paulo.
    O ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa irá palestrar Em defesa de uma política externa ativa e altiva, em um contexto critico da política externa hoje, que parece se dirigir a um retrocesso brutal se comparada à diplomacia dinâmica, inovadora e ousada anterior e que visava se adaptar e se destacar em um mundo hoje multipolar. Há algo de ‘novo’ na atual política externa do governo provisório, liderada por um político não por um diplomata? Quais foram os ganhos da política externa brasileira que já se quis altiva e ativa? Como é visto hoje o Brasil no cenário internacional?
    O evento acontecerá no próximo dia 4 de julho, às 19h, na Casa de Portugal – Av, da Liberdade, 602 (próximo ao metro Liberdade). Após o debate, haverá também sessão de autógrafos do livro “Teerã, Ramalá e Doha – Memórias da Política Externa Ativa e Altiva”.
    A entrada é gratuita, e as inscrições podem ser feitas até 2 de julho no site do Instituto Lula.

    sexta-feira, 27 de maio de 2016

    O mundo de Celso Amorim - Marcelo de Paiva Abreu (OESP)

    O mundo de Celso Amorim
    Marcelo de Paiva Abreu*
    O Estado de S. Paulo, 25 de maio 2016

    Em 2008, em Genebra, Celso Amorim, então ministro das Relações Exteriores, criou intenso mal-estar entre os parceiros comerciais do Brasil ao citar a frase de Joseph Goebbels de que uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade. Fazia referência à postura dos países desenvolvidos quanto à liberalização agrícola. Seu artigo publicado na Folha de S.Paulo (22/5) revela que o ex-chanceler desenvolveu certo fascínio pelo aforisma. Repete com insistência manifestações distorcidas feitas no passado.

    O ex-ministro já se havia notabilizado pelo embelezamento autobiográfico ao arrepio dos registros escolares, deixando prosperar a ideia de que seria doutor pela London School of Economics, com formação similar aos “especialistas” que tenta ironizar em seu artigo. Depois de ter perpetrado, em parceria com seu alter ego no Palácio do Planalto, uma política externa desastrosa, permitiu-se uma crítica marcada pela fantasia e pela disciplina partidária aos primeiros movimentos de José Serra como ministro das Relações Exteriores.

    A resposta do Itamaraty às reações destemperadas e equivocadas de Bolívia, Costa Rica, Cuba, Equador, Venezuela e da Unasul com relação ao início do processo de impeachment foi objeto de censura, quando parecia ser a única reação possível a intromissões inoportunas em processo legal que transcorre estritamente de acordo com a Constituição e os ritos definidos pelo Supremo Tribunal Federal.

    Amorim sugere que, por “prudência, ou temor do sócio maior dessa entidade”, a nota à Organização dos Estados Americanos (OEA) não usou palavras tão duras. Luis Almagro, secretário-geral da OEA, ex-ministro de relações exteriores do Frente Amplio uruguaio, mostrou destempero em manifestações sobre o impeachment no Brasil. De fato, seria perfeitamente razoável se o Brasil chamasse de volta seu embaixador na OEA, a exemplo do que fez o governo petista, baseado em razões menos graves.

    No terreno econômico, a “mala leche” persiste: questionar a união aduaneira, como fará o Itamaraty, seria retirar o coração do Mercosul. Nenhuma referência às dificuldades de celebrar acordos de livre-comércio em vista da resistência de parceiros durante o período kirchnerista. A ojeriza de Serra à TEC, por extrema que possa parecer, tem sólidas razões no retrospecto.

    Amorim curiosamente passa ao largo da Organização Mundial do Comércio, a menos de uma menção ao G-20, criado em Cancún em reação às propostas indecorosas sobre agricultura dos EUA e da União Europeia. Não há referência ao fracasso em Genebra em 2008, talvez para evitar menção às resistências indianas com que não contava. Poucos esquecerão o contraste, no relato do fracasso, entre Amorim, citando o G-20, e o indiano Nath, mencionando o G-33, coalizão de economias subdesenvolvidas contrárias à liberalização agrícola. E, contudo, foi o ponto alto de sua gestão no Itamaraty.

    O ex-ministro aproveita a oportunidade para vangloriar-se da fracassada gestão brasileira no Irã, com direito a referência a exaltações, inclusive nos EUA (aqui desaparece o ranço anti-EUA). Nas palavras do saudoso Luiz Felipe Lampreia, tratou-se de operação de alto risco e com poucas chances de êxito. Deixou o Brasil chupando o dedo e meditando sobre os riscos inerentes ao protagonismo excessivo.

    Finalmente, deve ser registrada a tentativa do ex-ministro de etiquetar o seu sucessor como direitista e, presume-se, a si mesmo como esquerdista. Para registro: enquanto Serra estava exilado no Chile e, depois, nos EUA, Celso Amorim progredia na carreira diplomática durante os anos de chumbo. É fácil hoje se arvorar monopolista das ideias progressistas com referências a guinada à direita e defender teses esdrúxulas como a de que “artistas e intelectuais interpretam, de maneira intuitiva, a alma do povo”.

    O governo do PT arruinou o País não só no plano econômico, mas também quanto à política externa. Chegou o momento de identificar os responsáveis e evitar empulhações.

    *DOUTOR EM ECONOMIA PELA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE, É PROFESSOR TITULAR NO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA PUC-RIO.

    segunda-feira, 23 de maio de 2016

    Guinada 'a direita no Itamaraty - Celso Amorim (FSP, 22/05/2016)

    Opinião

    Guinada à direita no Itamaraty

    Uma imagem vale mais que cem palavras, diz o provérbio chinês; e uma ação vale por cem imagens, poder-se-ia complementar. E, no entanto, na diplomacia, as palavras podem ter grande peso.
    A combinação das palavras com as ações em matéria de política externa, que se ouviram ou viram até aqui, inspira preocupação.
    É até compreensível que o novo chanceler do governo interino defenda o processo que o guindou ao cargo, amplamente criticado no mundo, ainda que uma grande parte da população brasileira considere tal processo ilegítimo.
    E não estamos falando apenas dos militantes do PT e do PC do B, mas de artistas e intelectuais, que, de maneira intuitiva, interpretam a alma do povo. Certamente, a imagem da equipe do filme "Aquarius", estampada pela Folha em sua primeira página da edição de quarta-feira (18), contrasta, inclusive por sua diversidade, com as figuras cinzentas que aparecem na cerimônia de posse do presidente interino.

    Evaristo Sá -18.maio.2016/AFP
    Novo chanceler brasileiro, José Serra, em seu escritório no Itamaraty, Brasília
    Novo chanceler brasileiro, José Serra, em seu escritório no Itamaraty, Brasília
    Por um momento, ao vê-las, com os áulicos de ontem e de sempre, fui transportado aos eventos palacianos do tempo do governo militar, quando não se viam mulheres, negros ou jovens.
    O que assistimos no Itamaraty guarda semelhança com esse quadro mais amplo.
    Em suas primeiras ações, o novo chanceler disse a que veio: com palavras incomumente duras, que fazem lembrar os comunicados do tempo da ditadura, como a acusação de que governos de países da nossa região estariam empenhados em "propagar falsidades", as notas divulgadas (aliás, estranhamente atribuídas ao Ministério das Relações Exteriores e não ao governo brasileiro, como de praxe, com o intuito provável de enfatizar a autoria) atacam governos de países amigos do Brasil, ameaçam veladamente o corte da cooperação técnica a uma pequena nação pobre da América Central e acusam o secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), um ex-presidente colombiano, eleito pela unanimidade dos membros que constituem a organização, de extrapolar suas funções.
    Um misto de prepotência e de arrogância pode ser lido nas entrelinhas, como se o Brasil fosse diferente e melhor do que nossos irmãos latino-americanos.
    Talvez, por prudência (ou temor do sócio maior dessa entidade), as notas evitaram palavras equivalentes sobre a OEA (Organização dos Estados Americanos), a despeito das expressões críticas do seu secretário-geral e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Até o momento, eximiu-se de manifestar-se sobre as preocupações expressadas pela pequena, mas altiva Costa Rica, insuspeita de bolivarianismo.
    Mas o que mais preocupa é o afã em diferenciar-se de governos anteriores, acusados de ação partidária, como se esta só existisse na esquerda do espectro político. Quando o partido é de direita, e as opções seguem a cartilha do neoliberalismo, não haveria partidarismo. Tratar-se-ia de políticas de Estado.
    Há muito que "especialistas", cujos discursos são ecoados pela grande mídia, acusam de "partidária" a política externa dos governos Lula e Dilma, esquecendo-se que muitas de suas iniciativas foram objeto de respeito e admiração pelo mundo afora, como a própria Unasul —aparentemente desprezada pelos ocupantes atuais do poder— os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; sem os quais não teria havido a primeira reforma real, ainda que modesta, do sistema de cotas do FMI e do Banco Mundial) e o G-20 da OMC (Organização Mundial do Comércio), que mudou de forma definitiva o padrão das negociações em nível global.
    Ao mesmo tempo, busca-se derreter o Mercosul, retirando-lhe seu "coração", a União Aduaneira (para tomar emprestado uma metáfora do presidente Tabaré Vasquez).
    Em matéria comercial, o afã em aderir a mega-acordos regionais do tipo do TPP (a Parceria Transpacífico ) denota total ignorância das cláusulas, que cerceiam possibilidades de políticas soberanas (no campo industrial, ambiental e de saúde, entre outros).
    Chega a ser espantoso que alguém que se bateu, com coragem e firmeza, pelo direito de usar licenças compulsórias para garantir a produção de genéricos, não esteja informado da existência de cláusulas, intituladas enganosamente de Trips plus (na verdade, do nosso ponto de vista, seriam Trips minus), que, de forma mais ou menos disfarçada, reduzem a latitude para o uso de tais medidas, no momento em que comissões de alto nível criadas pelo secretário-geral da ONU alertam para o risco de debilitar a Declaração de Doha sobre Propriedade Intelectual e Saúde, consagrada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, aprovada pelos chefes de Estado na 20ª Assembleia Geral da ONU.
    A África, de onde provém metade da população brasileira e onde os negócios do Brasil cresceram exponencialmente —sem falar na importância estratégica do continente africano para a segurança do Atlântico Sul- ficará em segundo plano, sob a ótica de um pragmatismo imediatista. Sobre os Brics, o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), as relações com os árabes, uma menção en passant. Esqueça-se a multipolaridade, viva a hegemonia unipolar do pós-Guerra Fria. Nada de atitudes independentes.
    A Declaração de Teerã, por meio da qual o Brasil, com a Turquia (e a pedido reiterado do presidente Barack Obama, diga-se de passagem) mostrou que uma solução negociada era possível, completou seis anos, no dia 17 de maio. Na época, foi exaltada por especialistas das mais variadas partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Porém causou horror aos defensores do bom-mocismo medíocre em nosso país.
    Mas as elites não terão mais nada a temer. Nenhuma atitude desassombrada desse tipo voltará a ser tomada. O Brasil voltará ao cantinho pequeno de onde nunca deveria ter saído.

     CELSO AMORIM, diplomata de carreira, foi ministro das Relações Exteriores (governos Itamar e Lula) e da Defesa (governo Dilma).

    segunda-feira, 18 de abril de 2016

    Imepachment = "maquiavelismo de provincia"? - entrevista Celso Amorim

    Curioso: será que ele acha que o impeachment contra o presidente Collor, também acusado de corrupção, foi igualmente uma conspiração das elites e um "maquiavelismo de província"?
    Será que ele acredita realmente que nem Dilma nem Lula estavam ou estão envolvidos em todos os casos de corrupção, que tudo se passou à revelia e no desconhecimento completo de ambos?
    Será que ele é ingênuo a esse ponto?
    Ou está apenas sendo, como sempre foi, um fiel aliado dos companheiros que tomaram o Brasil de assalto em 2003, e que, a pretexto de fazer justiça social, e distribuição de renda, comandaram ao mais gigantesco esquema de corrupção de toda a história nacional e um dos maiores do mundo?
    O que será que ele pensa realmente da Petrobras?
    Não vou comentar suas muitas declarações, pois perderia muito tempo com algo que não merece que eu deixe coisas mais importantes de lado para rebater o que considero -- eu sempre digo o que penso -- argumentos de pura má-fé de profunda desonestidade.
    Paulo Roberto de Almeida

    Impeachment é ‘maquiavelismo de província’, diz Celso Amorim

    • 15 abril 2016
    • 22 comentários
    (video neste link: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160414_celso_amorim_ping_jp)
    Às vésperas da votação do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula e da Defesa no governo Dilma, diz temer graves retrocessos num novo governo, e aponta elementos de "conspiração" e "maquiavelismos de província" em torno da movimentação pelo fim do mandato da presidente.
    Tido como um dos mais influentes chanceleres da história recente do país, na carreira diplomática desde 1965, Amorim avalia que as elites se tornaram "intolerantes" com o projeto petista de promover maior igualdade social no país, e se diz temeroso pelo futuro da política externa brasileira num eventual governo chefiado pelo atual vice-presidente Michel Temer.
    Para ele, haveria um gradual enfraquecimento da posição brasileira no Mercosul e na Unasul, e forte tendência de adoção de posições "subalternas" em relação aos Estados Unidos e à União Europeia, além de retrocessos nas áreas social e econômica.
    Apesar de não esconder divergências com Dilma, sobretudo em relação ao "constrangimento e dificuldades" enfrentadas pelo Itamaraty, Amorim defende a continuidade do governo e classifica o impeachment como "golpe", além de não ver indícios de crime de responsabilidade por parte da presidente, avaliando as pedaladas fiscais, principal argumento do pedido, como "tecnicalidades".

    Em entrevista à BBC Brasil no Rio de Janeiro, o ex-chanceler admitiu que o PT cometeu equívocos no governo e disse que atos de corrupção devem ser punidos, mas apontou que a operação Lava Jato tem usado a prisão preventiva como mecanismo de "tortura" e teceu críticas ao uso das delações premiadas nas investigações.

    Veja os principais trechos da entrevista:

    BBC Brasil - Como o senhor vê o momento atual do Brasil, e como acredita que os potenciais desfechos da crise política possam impactar o país?
    Celso Amorim - Eu vou completar 74 anos em breve e vivi essa história recente do país. Votei nas eleições diretas em 1960, vi o golpe de Estado, a democratização lenta e gradual, a estabilização econômica, e finalmente estava muito feliz porque achava que pela primeira vez o Brasil estava realmente atacando o problema da desigualdade, que é o pior problema do país. Houve pequenas oscilações, mas o fato é que sempre vi o Brasil melhorando, e agora eu estou muito preocupado.
    Há muitos anos eu não vejo o país tão dividido, e achava que nunca mais veria uma tentativa de ruptura institucional, porque é de fato uma ruptura, algo muito diferente do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, porque agora não há uma imputação clara de crime. Há no máximo uma tecnicalidade, e você pode dizer que foi impróprio ou não, mas essa é a razão do pedido de impeachment, embora eles tentem misturar com outros fatos que, na minha opinião, alguns ocorreram, e outros não se tem certeza. Mas aqui a suspeita já ganha foro de verdade imediatamente.
    BBC Brasil - Membros do PT, de sua base, e a própria presidente Dilma Rousseff classificam o impeachment como um "golpe". O senhor concorda?
    Amorim - Sim, de certa forma, sim. Sem os militares, como no passado, mas usando meios constitucionais para um fim inconstitucional, porque não há nada que prove crime de responsabilidade da presidenta.
    Eu acho que há dois pecados que você não pode cometer diante da elite do Brasil, e que já aconteceram outras vezes na nossa história. Eles não aceitarão um governo que lute por mais igualdade e não aceitarão um governo que queira uma posição mais autônoma no cenário mundial. E quando você tem as duas coisas juntas, aliadas a uma situação econômica difícil, chega-se à situação em que estamos agora.

    As elites nunca realmente aceitaram um metalúrgico na Presidência, o PT na Presidência, e uma mulher na Presidência, sobretudo uma mulher que teve a importância que ela teve em lutar contra a ditadura. Mas enquanto a economia estava indo bem, os pobres melhorando de vida, não só em termos absolutos, mas também relativos, e os ricos também melhorando, ainda havia alguma tolerância.
    Quando as coisas começaram a apertar, o que é muito parecido com o que aconteceu em 1964, e o dinheiro parou de entrar, houve uma mudança de visão dessas pessoas que nunca aceitaram um Brasil mais igualitário, menos racista, e mais presente no cenário mundial.

     
    Apesar de reconhecer divergências com Dilma, Amorim defende mandato de presidente
    BBC Brasil - De um lado há acusações de "golpe". Do outro, acusações de corrupção, delações premiadas e os indícios da operação Lava Jato, além do escândalo do Petrolão. Como o senhor se posiciona?
    Amorim - Eu não estou negando que tenha havido corrupção de muita gente. Mas não houve corrupção do ex-presidente Lula ou da presidenta Dilma. As acusações contra eles aliás são ridículas, e Dilma nem está sendo acusada de corrupção propriamente.
    O processo de impeachment não é sobre isso. Se você está falando do escândalo da Petrobras, de bilhões, o ex-presidente Lula ganhou o quê? Uma reforma no banheiro? Um bidê a mais? Num sítio que nem é dele?
    E é perfeitamente normal que o sítio não seja dele, e que um homem com a trajetória dele tenha um amigo que queira ceder a ele o lugar, mas achar que isso tem a ver com algum vício de licitação no passado é uma visão totalmente absurda. Agora, que há corrupção, é claro que há. Eu não posso dizer que é tudo uma grande conspiração porque eu não tenho provas, mas que é muito estranho, é.
    BBC Brasil - Ao que o senhor se refere exatamente com o termo "conspiração"?
    Amorim - Quando eu digo conspiração, é no sentido de primeiro se achar um culpado e depois procurar o crime. Todo este processo é muito estranho, e se não é uma conspiração, certamente parece uma.
    Outra coisa que faz parecer uma conspiração é quando você analisa em conjunto tudo o que está acontecendo. Estão atacando o petróleo, a energia nuclear, as empresas nacionais, o instrumento principal de presença econômica no exterior, que é o BNDES, as lideranças do PT.

    É muita coisa junta para você achar que não tem nada de estranho. É muita ingenuidade achar que essas coisas acontecem por coincidência. Por que o ex-presidente Lula foi detido? Fizeram isso para humilhar o presidente que encarnava as reformas e a autonomia do país, como tentaram humilhar o Getúlio Vargas. Isso não é novo no Brasil.
    Eu não tenho provas disso, então seria leviano dizer que há uma conspiração, mas que parece, parece. Como houve com o Getúlio. O que ficaram das acusações de corrupção contra o Getúlio, um nacionalista que defendia os pobres? Um sítio que um filho dele vendeu para um segurança. Talvez uma coisa condenável, que tinha que ser apurada, mas não para derrubar um presidente.
    Os atos de corrupção têm que ser punidos, mas quando houver um nexo causal comprovado. Não é porque alguém emprestou um sítio para o ex-presidente e reformou o banheiro do sítio que você vai ligar isso a licitações que ocorreram e envolveram bilhões de dólares. É uma coisa que não convence ninguém.
    BBC Brasil - Qual é a sua opinião sobre a operação Lava Jato?
    Amorim - Eu não posso negar que houve atos de corrupção e que eles têm que ser punidos. Disso não há a menor dúvida. Agora, eu também vejo, e não sou só eu, é também a opinião de juristas, alguns até conservadores, que o tipo de delação premiada como existe no Brasil é uma coisa que não existe em lugar nenhum do mundo.
    Eu estava nos EUA na época da queda do ex-presidente Richard Nixon, por exemplo. Havia delação premiada, mas não dessa maneira. Não usando a prisão preventiva, que é uma coisa que tem outros objetivos, como impossibilitar a fuga do país ou impedir crimes que possam continuar a ser cometidos. Estão usando a prisão preventiva quase como se fosse uma tortura.
    A combinação da prisão preventiva prolongada, dos vazamentos seletivos e do tratamento da mídia é muito preocupante. A imprensa age como se estivesse organizando a hegemonia intelectual para um golpe.
    BBC Brasil - Qual é a opinião do senhor sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha?
    Amorim - Eu não vou fazer julgamentos, não vou falar sobre pessoas específicas. Agora, é um fato óbvio que pesam sobre ele acusações infinitamente mais graves, não estou dizendo que estão provadas, tudo ainda tem que ser provado, mas infinitamente mais graves do que as que pesam sobre a presidenta.
    BBC Brasil - Mas o senhor concorda com a maneira como ele vem desempenhando seu papel institucional, de presidente da Câmara?
    Amorim - Há que se ver a maneira como ele usa o poder, claro. Quando ele diz que tem mais nove pedidos de impeachment para apresentar, isso é de uma leviandade absurda, porque das duas uma: ou os processos são sérios e ele já deveria tê-los apresentado, ou eles não são sérios e ele não pode apresentá-los agora, como retaliação porque também houve um movimento pelo impeachment do vice-presidente.
    Mas enfim, estou dando minha opinião pessoal, como cidadão. Nós vivemos num país em que ainda é possível que todo cidadão dê sua opinião e eu estou dando a minha, mas não posso julgá-lo. Eu acho que ainda vai haver o julgamento adequado, na instância certa, mas é uma pena que demore tanto.

    Há grande diferença entre impeachments de Dilma e Collor, diz Celso Amorim
    BBC Brasil - Como o senhor avalia o cenário de aprovação do impeachment e um eventual governo Temer?
    Amorim - Eu acho que será um retrocesso na área social, na área econômica, e será um retrocesso, sem dúvida alguma, na área da política externa e na defesa da soberania brasileira no exterior. Eu acho que obviamente o país sobreviverá, agora o custo é muito grande. Vai ser um custo humano tremendo.
    Quando as pessoas perceberem claramente que o objetivo é atingir o Lula, e atingir não só a Dilma, mas esses programas sociais todos, eu acho que a reação vai ser muito grande, e, somada à essa reação, (há) a situação econômica difícil.

    As organizações sociais que podem até ter um certo comedimento em função de elas se verem identificadas com o governo, ainda que não concordem com tudo que o governo está fazendo, isso não vai haver mais. E aí teremos a possibilidade de que ocorram mais manifestações e greves, e se isso acontecer eu temo que haja mais repressão, e que isso leve o Brasil a ser um Estado mais intolerante, e isso é muito grave.
    BBC Brasil - O senhor tem críticas quanto à condução da política externa no governo Dilma?Amorim - Eu fui crítico de algumas atitudes da presidenta, eu achei mesmo que não tinha mais sentido continuar no governo. No Ministério da Defesa, a tarefa que eu achava que tinha que cumprir, em relação à Comissão da Verdade, eu acho que eu cumpri, e a presidenta também nos ajudou a manter programas importantes, como o submarino nuclear e a decisão sobre os caças.
    Mas ao mesmo tempo eu não gostava de ver o Itamaraty constrangido e com dificuldades. Mas, deve-se dizer, ela soube manter a altivez. Ela não mudou o tom. Ou seja, quando um órgão do governo americano, a (agência de segurança nacional) NSA, veio aqui espionar, ela manteve uma atitude altiva e cancelou uma viagem aos EUA.
    A formação do Banco dos Brics também foi muito importante. Em duas ou três posições eu teria dado o meu conselho, se ela tivesse pedido, e faria um pouquinho diferente do que ocorreu, mas são problemas menores dentro de um quadro maior. Eu costumava dizer que a política externa era altiva e ativa. Ela diminuiu em atividade mas não diminuiu em altivez, e isso é muito importante.
    BBC Brasil - O senhor acha que as relações exteriores num eventual governo Temer caminhariam mais rumo a modelos de relacionamento com os Estados Unidos como os do Chile e da Colômbia, com acordos em que os países latino-americanos tendem a ceder em troca da parceria comercial?
    Amorim - A tragédia para eles é que nem isso eles vão conseguir, porque o Brasil é muito grande, muito diversificado. O Brasil não é um país que pode se especializar em apenas duas ou três áreas de produção industrial.
    Eles não vão conseguir, mas vão tentar, e, ao tentar, vão destruir um pouco da base que foi criada. Essa visão de integração da América do Sul, a primeira vez em 200 anos que o continente tem uma organização própria, obviamente incomoda muita gente.
    Ninguém vai dizer "vamos acabar com a Unasul, vamos acabar com o Mercosul". Eles vão dizer "vamos flexibilizar o Mercosul, vamos abrir a Unasul para entrar um ou outro país de fora da América do Sul, com perspectivas diferentes". "Vamos fazer uma associação com a Aliança Para o Pacífico". É isso que vai acontecer. Ninguém vai dizer "vamos acabar com a política africana", mas dirão "vamos agrupar as embaixadas na África".

     
    Ex-ministro aponta chances de grandes mobilizações e greves caso impeachment ocorra
    BBC Brasil - E quanto à relação do Brasil com a União Europeia e os Estados Unidos?
    Amorim - A nossa relação com a União Europeia e os Estados Unidos vai ser uma relação de inferioridade, porque o Brasil era muito valorizado. Eu temo que de certa forma a gente aceite ou até procure uma posição de subordinação. Alguém inventou essa expressão "subalternidade estratégica", e eu acho que é um pouco a visão que eu temo que vá prevalecer se o impeachment vencer.
    BBC Brasil - Na visão do senhor o PT cometeu equívocos que possam ter colaborado para a situação atual?
    Amorim - Eu não preciso apontar os equívocos porque isso aí a oposição se encarrega de apontar, exagerar e multiplicar. Agora eu não vou dizer que não se cometeram equívocos, claro.
    Houve uma época em que as empresas nacionais estavam achando muito bom ter isenções fiscais, e também as estrangeiras que investiam aqui. Foi um erro, mas talvez com os dados da época se achava que era possível. Todo governante acha que as coisas boas vão continuar para sempre e as coisas ruins vão desaparecer.
    Talvez seja uma condição psicológica quase que essencial para você governar. Então talvez tenha havido essa esperança de que a crise internacional fosse passar, de que o preço das commodities fosse subir de novo, e de que as concessões pudessem ser absorvidas.
    Não ocorreu isso, e foi um erro, mas eu não acho que a crise brasileira tenha acontecido por causa disso, e de qualquer maneira não é justificativa para a instabilidade institucional que está sendo criada e que vai perdurar por muito tempo se o impeachment for vitorioso.

    BBC Brasil - Qual é a expectativa do senhor para a votação do impeachment marcada para domingo?
    Amorim - É óbvio que eu gostaria que o impeachment fosse recusado, porque aí sim as instituições brasileiras teriam demonstrado força. Eu fui recentemente a este ato chamado Cultura e Democracia, aqui no Rio, e vi a verdadeira alma do povo brasileiro ali.
    Negros, brancos, pessoas do hip hop, teatrólogos, escritores, o que é o Brasil verdadeiro, que capta o sentimento real do povo, então eu acho que esses maquiavelismos de província que estamos assistindo e essas atitudes muito pouco conducentes a uma decisão equilibrada são muito lamentáveis.
    Eu me identifico com o ex-presidente Lula, e com a presidenta Dilma, apesar de algumas vezes eu ter sido crítico de algumas coisas da área de política externa, não me identifico com ela, com seus objetivos, mas eu acho que é muito necessário para o Brasil que não ocorra o impeachment, porque se ocorrer nós vamos ter um período muito longo de instabilidade social.
    Vamos perder muito em termos de ativos, de estrutura, e não é só o PT que perde, é o país que perde. Por que não fizeram como os argentinos? Esperaram acabar o mandato e aí ganharam a eleição. É mais simples, mais democrático, e menos contestável.

    quarta-feira, 20 de maio de 2015

    Programa nuclear iraniano: acordo atual melhor do que o de 2010 com o Brasil, diz iraniano

    Se é um iraniano quem diz, deve ser verdade.
    Então, toda aquela conversa em torno das maravilhas do acordo tripartite de 2010 não parece condizer com a realidade das coisas.
    Pior para a realidade, não é mesmo?
    Mas o principal autor do acordo de 2010 defende a sua versão, mais abaixo...
    Paulo Roberto de Almeida

    Acordo com potências é melhor do que o acertado com Brasil, diz iraniano
    Entrevista: Mohammad Ali Ghanezadeh
    Folha de S. Paulo, 20/05/2015

    O embaixador do Irã no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeh, acompanha as negociações sobre o programa nuclear de seu país com as potências mundiais com uma certeza: as condições agora são "muito melhores" para Teerã do que as acertadas em 2010 na negociação entre Irã, Brasil e Turquia.
    "O primeiro acordo era mais positivo para os países ocidentais", disse em entrevista à Folha.
    O diplomata, que trata a necessidade de transferência de urânio para um outro país como algo já fora do texto a ser finalizado pelo Irã e o P5+1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) até 30 de junho, diz ser essa a grande vantagem das novas negociações.
    "Em 2010, foi acertado que o urânio do Irã deveria ser transferido a outro país, e não havia garantia de que o material, transformado em combustível, voltaria para o país a tempo", disse. "Agora manteremos o material no Irã e nós mesmos produziremos nosso combustível, o que é muito melhor", afirmou. Para ele, não há nada que possa ser aproveitado do Acordo de Teerã (2010) no novo texto.

    Folha - O Congresso dos EUA aprovou uma lei que permite aos parlamentares revisar o possível acordo entre Teerã e as potências ocidentais sobre o programa nuclear do Irã. Isso gera uma desconfiança sobre o compromisso americano?
    Mohammad Ali Ghanezadeh - Em nossas negociações na Suíça, chegamos a um entendimento geral com o P5+1, que é a base deste acordo que será preparado. Conforme esse entendimento, estamos avançando. Se houver alguma mudança, isso vai ser um problema [interno] dos EUA e eles terão que chegar a uma solução.
    Apesar da desconfiança histórica que o Irã tem em relação aos EUA, mais uma vez estamos experimentando para ver até onde pode chegar a confiança.
    O objetivo da delegação iraniana é seriamente alcançar um acordo. Se a negociação não chegar ao final, será culpa dos EUA.

    Do que o Irã não abre mão para fechar o acordo?
    Para os iranianos, o importante é o reconhecimento do direito do Irã de ter tecnologia nuclear para fins pacíficos. E também é fundamental que o país continue suas pesquisas na área de ciência e tecnologia.

    O texto final do acordo com as potências tem que ser fechado até 30 de junho. É possível aproveitar algo do que foi acertado por Brasil, Irã e Turquia na Declaração de Teerã, de 2010?
    Não. O primeiro acordo, entre Irã, Brasil e Turquia, era mais positivo para os países ocidentais do que para os iranianos. Agora, as condições mudaram.

    O acordo negociado agora é mais positivo para o Irã que o de 2010?
    Sim. Esse acordo é muito positivo. Em 2010, foi acertado que o urânio do Irã deveria ser transferido a outro país, e não havia garantia de que o material, transformado em combustível, voltaria para o país a tempo. Agora [se o acordo for fechado] manteremos o material no Irã e nós mesmos produziremos nosso combustível, o que é muito melhor.

    O Brasil poderia ajudar nas negociações com as potências?
    O Irã não fez pedido a nenhum país, mas o país que quiser ajudar é bem-vindo.

    O que significaria para o Irã a retirada de sanções?
    Apesar de 36 anos de embargo, continuamos avançando na área de tecnologia nuclear. Desenvolvemos um satélite e colocamos ele em órbita –inclusive com um ser vivo.
    É claro que [o fim das sanções] iria aumentar a velocidade de avanço iraniano na área de pesquisa e tecnologia. Mas também, retirando as sanções, os outros países terão uma oportunidade de aproveitar um mercado de 80 milhões de pessoas. Será bom para as duas partes.

    O regime não teme uma abertura maior ao Ocidente?
    O que a cultura ocidental poderia trazer que deixasse os iranianos preocupados? Acreditamos que o Irã é o único país democrático no Oriente Médio e, em 36 anos, tivemos 34 eleições livres [contando pleitos parlamentares e regionais]. As mulheres têm atividades em todas as áreas, 63% dos estudantes universitários são mulheres. A porcentagem de deputadas na Câmara iraniana, em relação à população, é muito maior que na Câmara dos Deputados do Brasil.
    O Irã não é como alguns países do Oriente Médio onde as mulheres não têm direito nem de dirigir. Se essa influência chegasse para a Arábia Saudita, poderia gerar temor. Não no Irã.

    O presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansour Hadi, acusa o Irã de apoiar os houthis contra seu governo. Para Teerã, esse governo não é legítimo?
    É trabalho dos iemenitas reconhecer um governo ou tirá-lo do poder, não de outros. Mas um terço da população não está reconhecendo.
    Os houthis são um terço da população do Iêmen e eles têm direitos. A Arábia Saudita, ao invés de contribuir para o reconhecimento do direito deles, os atacou. Não quis reconhecer as realidades da sociedade iemenita.
    Acreditamos que esses problemas devem ser solucionados pela população do Iêmen. Somos contra a intervenção de qualquer país. O Irã não tem nenhuma força militar nem consultiva no território iemenita.
    Nós temos muita preocupação do ponto de vista humanitário. Desejamos que essa guerra acabe o mais rápido possível. Pensamos que a polarização no Iêmen é um perigo e queremos a unidade desse território.

    O conflito do Iêmen pode alcançar uma escala regional?
    Não acho que chegará a se tornar um conflito regional. O ataque da Arábia Saudita ao Iêmen é um erro estratégico, e as consequências só trazem prejuízo para os sauditas. Primeiro, porque aumentou o perigo de ação extremista dentro da Arábia Saudita, ao dar mais espaço para grupos ativos no Iêmen, como a Al Qaeda.
    Além disso, a fronteira deles não estava em perigo antes, porque os houthis tinham enviado uma mensagem de que a fronteira estava segura. Agora há um risco.

    Há uma chance de cooperação direta do Irã com a coalizão liderada pelos EUA contra o Estado Islâmico no Iraque?
    O problema do EI é uma produção desses países ocidentais, inclusive dos EUA, por isso eles não estão lutando seriamente contra a facção. Alguns países ocidentais e aliados dos ocidentais fornecem equipamentos e armas para o EI, por isso não nos juntamos à essa coalizão.
    Mas como o Irã acredita que o EI é um perigo para o mundo islâmico e para o Irã, está lutando junto com o Iraque contra ele.

    Com base em que o sr. diz que os EUA apoiam o EI?
    Todos sabem que os americanos forneceriam equipamentos e armas aos curdos que lutam contra o EI, mas, de helicóptero, eles jogaram esse material justamente em locais onde está ativo o EI. Essas são informações da nossa inteligência.Além disso, os EUA dizem que eles são o país com maior poderio bélico, então como não conseguiram lutar contra um grupo?

    Qual seria o interesse dos EUA em ajudar o EI?
    Eles têm dois objetivos. Um é dar oportunidade para que extremistas que vivem em seus países migrem para [a Síria e o Iraque para] se unir ao EI e morram ali, tornando sua comunidade mais segura.
    A outra razão é enfraquecer os países islâmicos para proteger a segurança de Israel. E os países islâmicos estão mais fracos.

    Mas o EI não é uma ameaça também aos EUA?
    Sim, mas eles não querem acreditar. Eles criaram a Al Qaeda no Afeganistão e deram a eles armas avançadas para lutar contra os russos [na década de 80]. A América não pensou que, um dia, eles poderiam se voltar contra os EUA, mas depois vimos o 11 de Setembro.

    Como o Irã vê a abstenção do Brasil na votação na ONU sobre violações de direitos humanos no Irã?
    A relação entre Brasil e Irã já tem 120 anos e nunca temos uma única mancha nela. Esse foi um movimento positivo, se comparado com votos anteriores, e nós agradecemos e saudamos. O Brasil tem ficado cada vez mais por dentro dos avanços dos direitos humanos no Irã e das medidas que temos tomados.
    O governo brasileiro chegou a um entendimento que direitos humanos e democracia não são um projeto, mas um processo. O Brasil começou a entender mais a realidade da sociedade do Irã, deu um passo à frente baseado em fatos, e não em política.

    E sobre a relação comercial entre os dois países? Ela teve uma queda no governo Dilma.
    No início do governo Lula, nosso volume de comércio era de US$ 500 milhões [balança em 2002], e por causa da interação entre os dois governos, atingiu US$ 2,4 bilhões em 2011. Desde então, começou a cair. Em 2013, as trocas foram de US$ 1,6 bilhão.
    O Brasil não tem usado as oportunidades que existem no Irã. No lado iraniano, estamos abertos e prontos para aumentar sem limitações.
    O interessante é que essa relação é favorável ao Brasil. Dos US$ 1,6 bilhão, só 8 milhões foi de exportações iranianas para o Brasil. E esse mercado não usado pelo Brasil tem sido aproveitado por outros: China, Índia e até Austrália. Você não vai acreditar, mas no último ano, a nossa relação comercial com a América aumentou 30%, enquanto com o Brasil diminuiu.
    Mas não acho que [a queda] seja uma questão política. Ela depende de alguns fatores, e um deles é a crise econômica mundial.

    O jornalista americano-iraniano Jason Rezaian, do "The Washington Post", está detido desde julho passado e só no último mês foram apresentadas acusações contra ele –entre elas, espionagem. Diante de uma aproximação no diálogo com os EUA, não seria a hora de considerar sua libertação?
    Ele foi preso por razões de segurança. A CIA e outros órgãos de inteligência nos EUA pediram que ele coletasse informações no Irã. Ele mesmo admitiu isso. Então ele não foi preso como jornalista. O caso está na Corte e eles estão avaliando [o caso] com base nas informações que eles têm. A decisão final sobre o seu destino é da Corte.
    Não devemos ligar esse caso à questão nuclear. Os EUA também prenderam mais de 30 iranianos por causa de sanções e diferentes crimes, com diferentes acusações.
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     IRÃ
     Amorim contesta fala de embaixador do Irã sobre acordo mediado por Brasil
    Isabel Fleck
    Folha de S. Paulo, 20/05/2015

    Em sabatina na Folha na manhã desta terça (19), o ex-chanceler Celso Amorim disse estranhar as declarações do embaixador iraniano no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeh, de que o acordo negociado com as potências agora é mais positivo para Teerã do que o acertado entre Brasil, Turquia e Irã em 2010, quando ele era ministro.
    "É curioso porque as críticas que sempre foram feitas à Declaração de Teerã foi de que ela era insuficiente do ponto de vista do Ocidente, e agora o embaixador vem e diz que [a de agora] é melhor [para o Irã]", disse Amorim.
    "Mesmo admitindo que pode haver ganhos para os dois lados, se eu tivesse que lidar com a opinião pública americana, eu ficaria preocupado com a declaração de que, depois de anos, os EUA negociam um acordo que é mais favorável ao declarado adversário do que o que havia sido negociado pelo Brasil e pela Turquia, e que os EUA rejeitaram."
    Amorim reconhece que o acordo atual —que está sendo discutido entre o Irã o chamado P5+1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha)— é mais amplo que o de 2010, que era mais "um gesto unilateral do Irã para ganhar confiança e possivelmente evitar que medidas fossem tomadas no Conselho de Segurança".
    "É até possível que, do ponto de vista do Irã, que estaria, por exemplo, prevendo uma eliminação mais rápida das sanções, esse acordo possa ser mais favorável para eles", disse.
    Para o ex-chanceler, que trata das negociações de 2010 em seu novo livro, "Teerã, Ramalá e Doha —memórias da política externa ativa e altiva", também chama a atenção o fato de os EUA negociarem um acordo agora, quando o Irã possui 10 toneladas de urânio levemente enriquecido.
    "Naquela época, o Irã tinha 2.000 quilos, e uma das razões apontadas pela então secretária de Estado [Hillary Clinton] para não aceitar aquele acordo, contrariando o que o próprio presidente dos EUA havia sugerido, era o fato de o Irã ter aumentado de 1.200 para 2.000 quilos. Agora são 10.000", ressaltou.
    "Evidentemente, com 10.000 quilos você está muito mais próximo de ter um pequenino arsenal do que com 2.000", disse.
    Segundo Amorim, Hillary "sempre se revelou mais cética" da possibilidade de um acordo com o Irã do que o presidente Obama. "Também não se pode supor que ela não concordava, senão teria pedido demissão", afirmou. "Acho que os fatores eram complexos."
    Ele revelou ter ouvido, depois, que nas três semanas que separaram o envio de uma carta por Obama a Lula e ao então premiê turco Recep Tayyip Erdogan respaldando as negociações e a divulgação da Declaração de Teerã, em 2010, Hillary teria assumido "compromissos com o Congresso norte-americano para que não adotasse sanções unilaterais e esperasse que ela conseguisse sanções do Conselho de Segurança da ONU".
    OBAMISTA
    Amorim contou ter escrito uma carta ao editor da "Foreign Policy", David Rothkopf, depois que este publicou um artigo no qual sugere que as negociações com o Irã serão o maior legado do governo Obama.
    "Não me contive. Disse a ele: 'Primeiro, Cuba, depois, o Irã. Engajamento no lugar de confrontação. A política externa norte-americana está cada vez mais parecida com a brasileira'. Ele concordou comigo", contou Amorim, rindo. "Nesse ponto, sou Obamista", completou o ex-chanceler.
    Apesar disso, ele revela que a relação do Brasil com os EUA durante o governo de George W. Bush era mais "direta".
    "Nós tivemos muitas discordâncias, muito óbvias, desde o início do governo. (...) Mas a relação com o Bush era mais direta", disse. "A impressão que eu tinha nas conversas com o presidente Obama é que ele não dava atenção muito real ao que estava sendo dito. Ele [nos] tratava bem, mas eu discernia um certo paternalismo."
    PROTAGONISMO
    Amorim rejeitou a ideia de que o Brasil tenha deixado de ser um importante ator no cenário internacional nos quatro anos de governo Dilma Rousseff.
    "O Brasil não caiu do mapa do mundo. O Brasil está presente no mapa do mundo, é sempre lembrado para funções, mas eu diria que os momentos variam", afirmou, citando que um dos principais programas de estudo em relações exteriores da Universidade Harvard inclui o Brasil na disciplina que estuda a política externa das potências.
    "Tenho a certeza de que, no médio e longo prazo, a curva [da política externa brasileira] é ascendente. Pode haver momentos em que, por uma necessidade ou outra, certos aspectos recebam menor ou maior ênfase", disse.