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sábado, 27 de julho de 2019

Existe uma ideologia da política externa brasileira? - Paulo Roberto de Almeida


A ideologia da diplomacia brasileira

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor no Centro Universitário de Brasília.
  
A diplomacia brasileira raramente exibiu uma ideologia que lhe fosse própria ou exclusiva, ao longo de sua história de quase dois séculos. Pode-se dizer que ela acompanhou, quando não participou ativamente, da construção do Estado brasileiro, mais até do que da nação, a despeito de ter sido uma das principais protagonistas desse processo inacabado e ainda incompleto, como argumentado amplamente por Rubens Ricupero em sua obra que leva por título justamente a afirmação de um projeto, tanto quanto de um ideal: A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016 (Rio de Janeiro: Versal, 2017).
Dois conceitos, porém, estão permanentemente associados às suas manifestações práticas, no decorrer desse período bissecular: autonomia e desenvolvimento. Eles são coetâneos ao processo de consolidação institucional do Estado brasileiro e percorrem os programas em diferentes fases da história brasileira, desde o Império até a atual República, que já conheceu diversos regimes mais ou menos democráticos, autoritários ou abertamente ditatoriais. Desde a sua introdução, o embaixador Ricupero deixa claro qual foi o papel da diplomacia ao longo dessa longa trajetória:
Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil, e não só em relação ao território. Em muitas das principais etapas da evolução histórica brasileira, as relações exteriores desempenharam um papel decisivo. Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio do regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico. (pp. 27-28).

Em contraste com sua importância prática, e até o seu papel decisivo na construção da nação, como pretende Ricupero, não se pode identificar uma ideologia que lhe tenha servido de guia permanente para sua ação ou ideia unificadora que perpassasse as diferentes etapas da história nacional, ademais desses dois princípios subjacentes ao projeto nacional que parece atravessar uma história nem sempre retilínea: desenvolvimento econômico com autonomia decisória. Em outros termos, a diplomacia serviu à nação sem necessariamente construir um corpus doutrinal ou justificativas teórico-práticas que pudessem constituir um conjunto organizado de ideias ao qual se atribui normalmente o conceito de ideologia.
Paradoxalmente, é na fase atual, curiosamente, que a diplomacia tenta se dotar de uma ideologia própria, certamente não inspirada em seu próprio âmago, que é o dos diplomatas profissionais, mas importada de fora, a partir de emanações confusas de pessoas parcamente inspiradas na análise e no tratamento prático das relações internacionais do Brasil. A expressão correta, na verdade, é a de que a diplomacia brasileira vem sendo tomada de assalto por ideias e conceitos exóticos que não chegam sequer a conformar uma ideologia, enquanto sistema de ideias mais ou menos ordenado em torno de um projeto definido. O que se tem, de fato, é uma assemblagem caótica de sofismas construídos por setores marginais do pensamento político brasileiro, e que tentam se impor em face de padrões de trabalho, valores e princípios de atuação longamente estabelecidos na história da diplomacia brasileira. Se formos remontar a eras pregressas de afirmação de ideologias desafiadoras dos padrões estabelecidos na escala civilizatória ocidental – como ocorreu, por exemplo, na primeira metade do século XX – poderíamos dizer que estamos assistindo a um “assalto à razão”.
A importância e a dimensão desse assalto devem ser examinadas à luz do itinerário das ideias predominantes na sociedade brasileira nas últimas duas gerações, que são aquelas que participaram dos processos políticos e dos programas econômicos ainda em curso no Brasil. Trata-se basicamente do processo de industrialização, que se acelera nos anos 1950, atravessa todo o regime militar, para se consolidar no período recente, ainda que com perda relativa de dinamismo no seu crescimento e na sua intensidade tecnológica. Foram nos anos 1950 e 60 que ganharam força as ideias de promoção do crescimento econômico e do desenvolvimento social via industrialização autônoma, perpassando diversas manifestações acadêmicas em torno de teorias sobre a dependência e sustentando projetos estatais de superação de tal condição via inovação tecnológica em bases propriamente nacionais.
Pode-se dizer que a diplomacia acompanhou, secundou, estimulou amplamente tais ideias e projetos, formulando para si a mesma ideologia do desenvolvimento nacional que caracterizou, com maior ou menor ênfase, o pensamento das elites civis, militares, políticas e econômicas no último meio século. A ideologia nacional brasileira durante todo esse período, até hoje, foi a do desenvolvimento autônomo, e como tal a diplomacia incorporou-a plenamente, como sendo a sua própria ideologia.
O debate e a consolidação de ideias em torno do projeto nacional de desenvolvimento se inicia ao final da ditadura do Estado Novo – já presente, por exemplo, na famosa confrontação de ideias entre Roberto Simonsen e Eugênio Gudin, em 1944-45 –, se amplia na República de 1946 – com instituições do tipo da Fundação Getúlio Vargas (1946-47) e o seu Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Escola Superior de Guerra (1949), do BNDE (1952), do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (1955-1964) – e ganha extraordinário reforço durante o período do regime militar, notadamente através de órgãos como o IPEA e o próprio Ministério do Planejamento, núcleos principais de importantes reformas que estão na origem do Brasil atual, com as mudanças institucionais trazidas pela Constituição de 1988.
Pode-se dizer que essas instituições e princípios de atuação continuam presentes no atual debate brasileiro sobre os rumos do desenvolvimento nacional com autonomia, e foi a partir delas que o Itamaraty concebeu – junto com outros aportes extraídos de sua interface com o exterior, como a Cepal ou a Unctad – seu corpo doutrinal de formulação de ideias e de objetivos de atuação externa que se coadunam e se integram perfeitamente à ideologia nacional brasileira, a do desenvolvimento com autonomia. Em períodos extremamente raros de sua longa história – mas nesses casos também dependentes da orientação geral de sua política nacional –, o Itamaraty se dissociou dessa ideologia para adotar princípios de atuação mais ou menos alinhados com uma potência externa. Nem no Império, surgido em condições de precária afirmação do poder nacional – quando dependíamos de financiamento externo até para o funcionamento do Estado –, ocorreu uma subordinação política ou ideológica à potência hegemônica da época, a Grã-Bretanha, havendo inclusive ruptura de relações diplomáticas, justamente por reação contra a sua arrogância imperial, no caso da complicada abolição do tráfico e da escravatura.
Apenas no contexto da Guerra Fria, em períodos especificamente limitados – no imediato pós-Guerra e ao início do regime militar – é que se manifestaram posturas de relativo alinhamento com a potência então hegemônica, embora por questões tópicas e durante episódios limitados no tempo. A busca por votos coincidentes com os dos Estados Unidos nas primeiras votações da ONU, por exemplo, ou o acompanhamento da intervenção militar na República Dominicana, em 1965, podem simbolizar momentos fugazes de uma postura não de todo autônoma da diplomacia brasileira, junto com a vergonhosa sustentação do colonialismo português na África até 1974, mas por motivos bem diferentes daqueles. Desde a segunda metade dos anos 1960 que a política externa brasileira vem se pautando invariavelmente pela mesma postura de autonomia e independência na formulação e na execução de uma política externa estritamente alinhada com o grande objetivo nacional do desenvolvimento nacional, sua única ideologia conhecida, que emana, na verdade, de um consenso praticamente unânime entre as elites civis, militares, econômicas e políticas.
Pois é esse consenso que está sendo agora rompido, em troca de uma incompreensível e inaceitável adesão política à potência ainda hegemônica, não exatamente aos Estados Unidos enquanto país, economia ou nação avançada, mas ao seu governo atual, por força de uma estranha ideologia antiglobalista que jamais esteve presente entre os princípios e valores que animaram a sua diplomacia e que nunca percorreu os estudos, as orientações políticas e as bases de atuação externa de sua diplomacia profissional. Essa adesão sabuja a uma potência estrangeira, inexplicável em termos de simples racionalidade instrumental, junto com outros eflúvios teológico-moralistas que tentam enquadrar posturas e votações nos foros multilaterais, inaceitáveis no contexto dos padrões que sempre caracterizaram a diplomacia brasileira, não encontram sustentáculo em qualquer projeto de desenvolvimento autônomo do país, e menos ainda no plano da dignidade nacional.
Tais posições constituem, tão somente, manifestação extemporânea de ideias exóticas que dificilmente poderiam enquadrar-se no conceito de ideologia, sendo apenas uma assemblagem confusa de espasmos e sofismas completamente destituídos de fundamentação teórica ou empírica e que, justamente, tomaram de assalto a chancelaria brasileira e o próprio Executivo. Se tais ideias conformam uma nova “ideologia” para a diplomacia brasileira elas só podem pertencer à família das ideologias anacrônicas e reacionárias que fizeram a Europa, e outras partes do mundo, retroceder de maneira espantosa na primeira metade do século XX. A maior ironia é que o governo atual pretende exibir uma política externa e um comércio exterior “sem ideologia”. A afirmação representa, provavelmente, uma demonstração explícita de notável inconsistência política e o máximo de vacuidade mental. Os componentes principais dessa nova “ideologia” ainda devem ser objeto de exame detalhado e pertinente. O certo, desde já, é que se está em face de situação inédita na diplomacia brasileira.

Brasília, 27/07/2019.

sábado, 20 de julho de 2019

Miséria da Diplomacia: edição da UFRR disponível (e-book e impresso)

Acabo de receber a informação: 
a edição "universitária" de meu mais recente livro encontra-se disponível: 



Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty
Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p. 
Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42. 
ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico). 
Disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false : Google Books)
Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_.

Sumário 
Prefácio: onde está a política externa do Brasil? 
1. Miséria da diplomacia, ou sistema de contradições filosóficas 
1. No reino das contradições filosóficas  
2. Quanto à forma de designação do chanceler 
3. Quanto à natureza do personagem designado 
4. Quanto à substância de alguns temas da agenda diplomática 

2. O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias
1. A decadência e o Ocidente: algum perigo iminente? 
2. Quais são as “teses” principais de “Trump e o Ocidente”? 
3. O grande medo do Ocidente cristão: realidade ou paranoia? 
4. Contradições insanáveis no projeto de salvamento do Ocidente cristão

3. O marxismo cultural: um útil espantalho?
1. O renascimento de uma tendência: a parábola do marxismo cultural 
2. A trajetória do socialismo: o elefante que voou, via opressão dos trabalhadores
3. O genérico substituto do gramscismo: em socorro do socialismo
4. O marxismo cultural salvo do declínio pela paranoia da direita?

4. A destruição da inteligência no Itamaraty: dialética da obscuridade
1. No começo era o verbo, depois fizeram-se as trevas... 
2. Nas origens da metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo
3. Tribulações de um antiglobalista improvisado: supostas “ameaças” ao Brasil
4. Dialética da obscuridade: a diplomacia do antiglobalismo

5. O globalismo e seus descontentes: notas de um contrarianista
1. Fixando os termos do debate: a contracorrente do pensamento único 
2. Nota pessoal do ponto de vista de quem pratica ativamente o ceticismo sadio
3. Globalização real e globalismo surreal: da física à metafísica
4. Do lado da direita: todo globalismo será castigado, mesmo sem doutrina
5. Teorias conspiratórias sobre o globalismo: déjà vu, all over again
6. A contrafação dos neo-Illuminati no Brasil: globalismo, climatismo, marxismo

6. A revolução cultural na diplomacia brasileira: um exercício demolidor 
1. Euforia e tragédia das revoluções culturais
2. O pequeno salto para trás do chanceler
3. A revolução cultural na prática

Apêndices: Por que sou um contrarianista?
Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida
Livros e trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

A versão impressa do livro pode ser adquirida no seguinte endereço, segundo informação dos editores:
* A compra é toda auto-instrutiva (3 opções de acabamento do livro, em brochura com orelha (automático) ou capa dura. 

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Washington Post: Brazil, a Banana Republic?

Why does Jair Bolsonaro want to appoint his son ambassador? Because of Trump.

Eduardo Bolsonaro in Brasilia, Brazil, on May 7. (Joédson Alves/EPA-EFE/REX)
By Alexandre Andrada and Rosana Pinheiro-Machado.




Alexandre Andrada is an economist at University of Brasilia. Rosana Pinheiro-Machado is an anthropologist at Federal University of Santa Maria.

Brazilian President Jair Bolsonaro has long been described as the “Trump of the tropics" and has followed in the U.S. president’s footsteps by slashing environmental regulations, attacking media reports as “fake news” and representing a far-right, nativist worldview. Now, there is another reason to compare the two leaders: Like President Trump, who put his son-in-law Jared Kushner in charge of Middle East diplomacy, Bolsonaro is considering appointing his son Eduardo Bolsonaro ambassador to the United States.
The 35-year-old youngest son of the Brazilian president is a lawyer and worked in a low-ranking post in the federal police — dealing mainly with paperwork instead of field operations  before starting his career as a federal congressman in 2015. He may now have the chance to become one of the highest-profile members of his father’s administration, serving a much-sought-after position in the United States.
In response to the reports, he announced he would accept the post if offered, and tried to counter the attacks of nepotism by citing his apparent qualification: that he flipped burgers in the United States as an exchange student. In Brazil, the elite’s children are raised with little contact with domestic work. For wealthy youngsters, traveling abroad to gain “life experience” — which often means engaging in low-paid work, to wash dishes and clothes — is a kind of rite of passage.
But the real rationale behind this impending appointment has little to do with his actual qualifications or experience in the United States, and much to do with the pivotal role he plays in the ideological authoritarian “bromance” between President Trump and President Bolsonaro. In public appearances, Eduardo Bolsonaro has worn clothes invoking Trump’s “Make America Great Again” slogan. In his first visit to the United States, the president took his son to the White House. Before that, Eduardo Bolsonaro had personally met with former White House adviser Stephen K. Bannon. He also attended a Trumpettes meeting, in which he declared, onstage, to support the wall on the U.S. border with Mexico — a subject that contributes nothing to Brazilian diplomacy.
Moreover, Eduardo Bolsonaro has reportedly shown sympathy toward the possibility of allying with the United States to use military force against the regime of Nicolás Maduro in Venezuela. Bolsonaro’s position on Venezuela has resulted in Maduro’s foreign ministry classifying the U.S.-Brazil relationship as "neofascist alliance” and brought Brazil one step closer to conflict with a neighbor. This has Eduardo’s fingerprints all over it, as he is known to be his father’s most important foreign policy adviser.
In this context, having Eduardo Bolsonaro as Brazil’s ambassador in Washington is excellent news for the Trump administration. Instead of dealing with the pragmatic diplomacy practiced by the Ministry of Foreign Affairs’ highly trained bureaucracy, the U.S. government will deal with an enthusiastic supporter when negotiating its economic and political interests.
Bolsonaro must be aware that appointing his son is not just diplomatically fraught but also politically risky: According to the latest poll in June, Bolsonaro’s popularity has sunk to the lowest point in the post-dictatorship period, with 32 percent of the Brazilian population disapproving of the government. During the electoral campaign, he appeared in a video saying that the main problem of Brazil was patronage, particularly the excessive personal and family ties that perpetuated in official posts. Despite the accusations of nepotism and hypocrisy, Bolsonaro now seems convinced that appointing his son is key to strengthening diplomatic links with the United States, Trumpism and far-right politics.
Eduardo Bolsonaro’s vision of the world is shaped by the ideas of Olavo de Carvalho, a sort of tropical Rasputin, and Bannon, a global leader of the nationalist crusade that is gaining momentum across the globe. The Bolsonaros believe they are in a war against globalism and Marxism and in defense of so-called Western values. They see Trump as the leader of this conservative and populist movement, and seem to be willing to almost blindly follow him. Though they are restricted by the Brazilian army — whose worldview continues to be more pragmatic — and Brazil’s constitution and institutions — whose existence is being severely tested — they are doing their utmost to ally themselves firmly with Trump and the movement he represents. Eduardo Bolsonaro’s appointment is just one part of this broader push.
This is certainly one of the lowest points in Brazil’s diplomatic history. The younger Bolsonaro is not a career diplomat, nor does he have an academic background in international relations. His only credential is that he is the son of the president, something that lowers Brazil to the condition of a banana republic. And it might not even be the strangest foreign policy decision Jair Bolsonaro will make while in power.
If all this sounds bizarre, just wait for President Bolsonaro’s speech at the next United Nations General Assembly. Be prepared for the worst — and you might still be too optimistic.

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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Meu próximo livro: Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019) - Paulo Roberto de Almeida

Estou terminando de revisar meu próximo livro a ser publicado, do qual transcrevo a parte de expediente. Em breve estará disponível em formato digital




ALMEIDA, Paulo Roberto.
Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty – Brasília: Edição do Autor, 2019.
100 p.

1. Política externa brasileira. 2. Relações internacionais. 3. Ideologias. 4. Itamaraty. 5. Diplomacia. 6. Paulo Roberto de Almeida.






Uma cegueira persistente – o sentimento de uma superioridade ilusória – mantém a ideia de que todos os países de grande extensão existentes em nosso planeta devem seguir um desenvolvimento que os levará ao estado dos sistemas ocidentais atuais, teoricamente os melhores, praticamente os mais atrativos; que todos os demais mundos estão apenas impedidos temporariamente – por causa de governantes malvados ou por graves desordens internas, ou por barbárie e incompreensão – de se lançar na via da democracia ocidental, com partidos múltiplos, e de adotar o modo de vida ocidental. E cada país é julgado segundo seu grau de avanço nessa via. Mas, na verdade, esta concepção nasceu da incompreensão pelo Ocidente sobre a essência dos demais mundos, que são abusivamente medidos segundo o padrão ocidental. O cenário real do desenvolvimento em nosso planeta tem pouco a ver com isso.

Alexandre Soljenitsyn, discurso na 327ª. formatura na Universidade de Harvard, junho de 1978.
  

Este livro é dedicado a Carmen Lícia Palazzo, companheira exemplar de toda uma vida e de todas as nossas jornadas, plenas de viagens, de aventuras e de muitas leituras, com todo o meu amor...
Também a Pedro Paulo e Maira, e aos nossos netos queridos, Gabriel, Rafael e Yasmin, que encantam doravante nossas jornadas de felicidade, com a promessa de novas aventuras, de viagens, de outras aventuras, de mais leituras, com todo o nosso amor.


                      Sumário

  
Prefácio: onde está a política externa do Brasil?   11

1. Miséria da diplomacia, ou sistema de contradições filosóficas    17
     1. No reino das contradições filosóficas      17
     2. Quanto à forma de designação do chanceler    19
     3. Quanto à natureza do personagem designado  21
     4. Quanto à substância de alguns temas da agenda diplomática   23

2. O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias   27
     1. A decadência e o Ocidente: algum perigo iminente?  27
     2. Quais são as “teses” principais de “Trump e o Ocidente”?    30
     3. O grande medo do Ocidente cristão: realidade ou paranoia?  32
     4. Contradições insanáveis no projeto de salvamento do Ocidente cristão  34

3. O marxismo cultural: um útil espantalho?   37
     1. O renascimento de uma tendência: a parábola do marxismo cultural   37
     2. A trajetória do socialismo: o elefante que voou, via opressão dos trabalhadores  39
     3. O genérico substituto do gramscismo: em socorro do socialismo   41
     4. O marxismo cultural salvo do declínio pela paranoia da direita? 44

4. A destruição da inteligência no Itamaraty: dialética da obscuridade    47
     1. No começo era o verbo, depois fizeram-se as trevas...  47
     2. Nas origens da metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo 49
     3. Tribulações de um antiglobalista improvisado: supostas “ameaças” ao Brasil   51
     4. Dialética da obscuridade: a diplomacia do antiglobalismo    60

5. O globalismo e seus descontentes: notas de um contrarianista    63
     1. Fixando os termos do debate: a contracorrente do pensamento único  63
     2. Nota pessoal do ponto de vista de quem pratica ativamente o ceticismo sadio   64
     3. Globalização real e globalismo surreal: da física à metafísica    66
     4. Do lado da direita: todo globalismo será castigado, mesmo sem doutrina  69
     5. Teorias conspiratórias sobre o globalismo: déjà vu, all over again  71
     6. A contrafação dos neo-Illuminati no Brasil: globalismo, climatismo, marxismo  73

6. A revolução cultural na diplomacia brasileira: um exercício demolidor   77
     1. Euforia e tragédia das revoluções culturais   77
     2. O pequeno salto para trás do chanceler    79
     3. A revolução cultural na prática     82

Apêndices:
Por que sou um contrarianista?   87
Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida   92
Livros e trabalhos de Paulo Roberto de Almeida    94