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terça-feira, 20 de maio de 2014

O Cespe da UnB tem professores idiotas, ignorantes, estupidos, ou tudo isso junto? Hitler, um liberal economico...

Corrijo desde já o título desta postagem de Rodrigo Constantino: o CESPE da UnB não tem nada a ver com o Governo do Distrito Federal. Se trata de uma fundação da UnB especificamente dedicada a realizar concursos, para vários demandantes, privados e públicos, inclusive, e principalmente, para o governo federal, e para o governo do GDF. Mas seus funcionários, e os professores que elaboram e corrigem as questões são geralmente funcionários da UnB, não do GDF.
Em geral, professores universitários revelam um conhecimento do mundo superior à média universitária, que anda baixando perigosamente, sempre escorregando no precipício da ignorância e da estupidez ideológica, sobretudo nestes tempos companheiros, quando o alinhamento com o que há de mais anacrônico e atrasado supera o conhecimento técnico e o simples bom-senso. Professores que fazem as perguntas dos concursos, e que corrigem as provas deveriam, então, ser um pouco melhores do que os outros, porque supostamente estudarão aquela área de conhecimento, mas como vemos pelo exemplo abaixo, nem sempre é o caso.
Neste caso, então, a estupidez é flagrante, e deve revelar apenas ignorância. Pelo menos espero.
Seria terrível imaginar que a desonestidade subintelequitual, e a má-fé se unissem para tentar aproximar Hitler do liberalismo econômico. Que tal um Hitler neoliberal avant la lettre?
Seria perfeito para a campanha dos companheiros totalitários contra os neoliberais tucanos não e mesmo?
Paulo Roberto de Almeida

Rodrigo Constantino, 
20/05/2014
 às 21:06

Hitler, um liberal? Para o governo do Distrito Federal sim!

Um leitor me manda uma prova da CespeUnB para um concurso recente, organizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Distrito Federal. O aluno deve marcar C (certo) ou E (errado). Na questão 23, temos:
Adolf Hitler presidiu a Alemanha entre 1933 e 1945, tendo
implantado nesse tempo o Nacional Socialismo, também
conhecido como nazismo, movimento político e ideológico
baseado no nacionalismo, no racismo, no totalitarismo, no
anti-comunismo e no liberalismo econômico e político.
E eis o gabarito: C. Isso mesmo: certo! Hitler, líder do Nacional Socialismo, organizou um movimento nacionalista (ok), racista (ok), totalitário (ok), anti-comunista (ok, irmãos brigam entre si pelo poder) e LIBERAL!!! Não socialista, mas liberal! Pode isso, Arnaldo?
Já escrevi alguns textos mostrando como o nazismo era semelhante ao socialismo em inúmeros aspectos. Os 25 itens elaborados pelo Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista seriam endossados por diversos membros da esquerda, jamais por liberais. Eram coletivistas, repudiavam o capitalismo liberal (tanto que usavam os judeus, ícones deste capitalismo, como bodes expiatórios para todos os males do país), e depositavam no estado a solução para tudo. Liberal? Vejam alguns exemplos:
7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. 
10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos.
11. Que toda renda não merecida, e toda renda que não venha de trabalho, seja abolida.
13. Nós exigimos a nacionalização de todos os grupos investidores.
14. Nós exigimos participação dos lucros em grandes indústrias.
15. Nós exigimos um aumento generoso em pensões para idade avançada.
16. Nós exigimos a criação e manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores entreguem os suprimentos necessários aos Estaso, às províncias e municipalidades.
17. Nós exigimos uma reforma agrária de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de toda especulação na terra.
25. A fim de executar este programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e todas as suas organizações.
Parecem bandeiras liberais? Ou socialistas? Segue um desses meus textos antigos. É realmente vergonhoso e revoltante que uma prova de um concurso público afirme que Hitler era representante do liberalismo econômico e político. Um ultraje! Um acinte! Mas sabemos como essa turma joga baixo e apela para a doutrinação ideológica. Não é de hoje. Só que agora há resistência mais atenta e organizada. Não passarão!
Socialismo e nazismo
“Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens.” (Adolf Hitler, citado por Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris 1939, pg 218-219)
Ensinada desde os tempos de Lênin, muitos socialistas usam a tática de acusar os opositores daquilo que eles mesmos são ou fazem. Tudo que for contrário ao socialismo, vira assim “nazismo”, ainda que o nacional-socialismo tenha inúmeras semelhanças com o próprio socialismo.
Tanto o nazismo como o marxismo compartilharam o desejo de remodelar a humanidade. Marx defendia a “alteração dos homens em grande escala” como necessária. Hitler pregou “a vontade de recriar a humanidade”. Qualquer pesquisa séria irá concluir que nazistas e socialistas não eram, na prática e no ideal coletivista, tão diferentes assim. 
Não obstante, para os socialistas, aquele que não for socialista é automaticamente um “nazista”, como se ambos fossem grandes opostos. Assim, os liberais, que sempre condenaram tanto uma forma de coletivismo como a outra, e foram alvos de perseguição dos dois regimes, acabam sendo rotulados de “nazistas” pelos socialistas, incapazes de argumentar além dos tolos rótulos de “extrema-esquerda” e “extrema-direita”.
Tal postura insensata coloca, na cabeça dos socialistas, uma “direitista” como Margaret Thatcher mais próxima ideologicamente de um Hitler que este de Stalin, ainda que Thatcher tenha lutado para defender as liberdades individuais e reduzir o poder do Estado, enquanto Hitler e Stalin foram na linha oposta.
O fim da propriedade privada de facto foi um objetivo perseguido tanto pelo nazismo como pelo socialismo, que depositaram no Estado o poder total. O Liberalismo, em sua defesa pela liberdade individual cujo pilar básico é o direito de propriedade privada, é radicalmente oposto tanto ao nazismo como ao socialismo, que em muitos aspectos parecem irmãos de sangue.
A conexão ideológica entre socialismo marxista e nacional-socialismo não é fruto de fantasia, e Hitler mesmo leu Marx atentamente quando vivia em Munique, tendo enaltecido depois sua influência no nazismo. Para os nazistas, os grupos eram as raças; para os marxistas, eram as classes. Para os nazistas, o conflito era o darwinismo social; para os marxistas, a luta de classes. Para os nazistas, os vitoriosos predestinados eram os arianos; para os marxistas, o proletariado.
Além da justificativa direta para o conflito, a ideologia de luta entre grupos desencadeia uma tendência perversa a dividir as pessoas em parte do grupo e excluídos, tratando estes como menos que humanos. O extermínio dessa “escória” passa a ser desejável seja para o paraíso dos proletários ou da “raça” superior. Os individualistas, entrave para ambas ideologias coletivistas, acabam num campo de concentração de Auchwitz ou num Gulag da Sibéria, fazendo pouca diferença na prática.
A acusação de que a Alemanha nazista era uma forma de capitalismo não se sustenta com um mínimo de reflexão. O “argumento” usado para tal acusação é de que os meios de produção estavam em mãos privadas na Alemanha. Mas como Mises demonstrou, isso era verdade somente nas aparências. A propriedade era privada de jure, mas era totalmente estatal de facto, da mesma forma que na União Soviética. O governo não só nomeava dirigentes de empresas como decidia o que seria produzido, em qual quantidade, por qual método, e para quem seria vendido, assim como os preços exercidos.
Para quem tem um mínimo de conhecimento sobre os pilares de uma sociedade capitalista liberal, não é difícil entender que o nazismo é o oposto deste modelo. Para os nazistas, assim como para os socialistas, é o “bem comum” que importa, transformando indivíduos de carne e osso em simples meios sacrificáveis para tal objetivo. 
Existem, na verdade, vários outros pontos que podemos listar para mostrar que o nazismo e o socialismo são muito parecidos, e não opostos como tantos acreditam. O fato de comunistas terem entrado em guerra com nazistas nada diz que invalide tal tese, posto que comunistas brigaram sempre entre si também, e irmãos brigam uns com outros, ainda mais por poder.
Apesar do Liberalismo se opor com veemência a ambos os regimes, os socialistas adoram repetir, como autômatos, que liberais são parecidos com nazistas, apenas porque associam erradamente nazismo a capitalismo. Se ao menos soubessem como é o próprio socialismo que tanto se assemelha ao nazismo!
Rodrigo Constantino

terça-feira, 22 de abril de 2014

A baixissima produtividade do trabalhador brasileiro

A produtividade do brasileiro
Editorial Gazeta do Povo, 22/04/2014

É melhor abandonar as mágoas e tentar entender por que afirmações como as da revista TheEconomist são feitas.
A revista The Economist fez severa crítica à baixa produtividade do brasileiro e provocou reações variadas, que passaram até pela xenofobia (como se estrangeiros não pudessem fazer críticas ao Brasil) ou por preconceitos regionais. Em certo trecho, a revista diz que os trabalhadores brasileiros são “gloriosamente improdutivos” e transcreve afirmação de um empresário norte-americano, dono de restaurante em São Paulo: no momento em que alguém aterrissa no Brasil já começa a perder tempo. São afirmações duras, que podem ofender o brio nacional. Mas é melhor abandonar as mágoas e tentar entender por que elas são feitas.
A definição mais simples de “produtividade” afirma que ela é a quantidade de bens e serviços produzida a cada hora de trabalho utilizada. Um homem sozinho em uma ilha, que sobreviva apenas das frutas que coleta e dos peixes que pesca, terá seu padrão de bem-estar definido pela quantidade de frutas e peixes obtidos em cada hora de seu trabalho. A relação entre a quantidade de frutas e peixes e o número de horas trabalhadas é sua produtividade.
Essa mesma conta pode ser feita para o país. Usando estatísticas econômicas, chega-se ao total do Produto Interno Bruto (PIB) e ao número de horas trabalhadas pela população durante o ano. Dividindo o PIB pela quantidade de horas, obtém-se a produtividade, que, no Brasil, anda em torno de US$ 12, enquanto nos Estados Unidos está na casa dos R$ 58. Ou seja, a produtividade do brasileiro equivale a um quinto daquela do norte-americano. Tamanha diferença pode parecer estranha, pois não há diferença entre um piloto de avião brasileiro e um norte-americano, como não há muita diferença entre um motorista de caminhão daqui e outro de lá. As razões da imensa diferença são várias e estão ligadas aos fatores que determinam a produtividade.
O primeiro deles é o “capital físico”. Os trabalhadores são mais produtivos quando dispõem de melhor infraestrutura e melhores máquinas e ferramentas. Um motorista de caminhão nos EUA chega a fazer dez viagens por mês transportando soja, enquanto um brasileiro faz apenas três. O brasileiro dispõe de um caminhão inferior, trafega por estradas piores e perde muitos dias nas filas dos portos. O segundo fator são os recursos naturais. Um país pobre em recursos naturais – como fertilidade do solo, reservas minerais, rios, clima – terá mais dificuldade em elevar a produtividade de seus trabalhadores do que um país rico em recursos da natureza.
O terceiro fator é o “capital humano”. Este depende do nível educacional, do treinamento e das habilidades técnicas dos trabalhadores. É fácil constatar que, nesse aspecto, o Brasil está bem atrás das nações desenvolvidas. O quarto fator é o conhecimento tecnológico. Os países adiantados estão muito à frente do Brasil nesse aspecto. Quando comparado com os norte-americanos, o trabalhador brasileiro opera tecnologias inferiores, salvo exceções de setores com excelência técnica. Nessa análise são incluídos o setor privado e o setor público. Como é notório que o sistema público brasileiro é ineficiente, sua contribuição para a baixa produtividade é bastante grande.
É sempre louvada a abundância de recursos naturais do Brasil. O país dispõe de condições favoráveis para elevar a produtividade, mas, apesar de rico em recursos naturais, o país é pobre em capital físico (rodovias, ferrovias, hidrovias, armazéns, portos, aeroportos, telecomunicações e demais itens de infraestrutura); o capital humano tem baixo nível educacional médio, baixa qualificação e as habilidades técnicas são, na média, precárias; e, somando a isso o atraso em matéria de conhecimento tecnológico, a baixa produtividade do brasileiro está explicada. Porém, há mais. Outros fatores negativos – como carga tributária pesada, sistema judicial lento, leis ruins e alta corrupção – também contribuem para a baixa produtividade. Sem falar das cidades congestionadas, da cultura da indisciplina e da política que privilegia o consumo em detrimento do investimento em capital físico.
Pode-se não gostar do conteúdo e da forma como a crítica foi feita pela Economist, mas não dá para ignorar que, na essência, ela está certa.

domingo, 6 de abril de 2014

Um retrato do Brasil analfabeto (pior do que se possa imaginar) - Veja

A matéria se refere apenas aos analfabetos nominais. Existem muitas dezenas de milhões mais que são analfabetos funcionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Um retrato do Brasil analfabeto – Sobrevivendo na selva das vogais e consoantes

Os obstáculos enfrentados diariamente pelos brasileiros que não sabem ler

Branca Nunes
Revista Veja, 5/04/2014

"Onde é a saída?", perguntou Maria Verônica Marcelino da Cruz Conceição a um funcionário da linha 4 do metrô de São Paulo ao desembarcar pela primeira vez na estação República, no centro da maior metrópole brasileira. "É só subir a escada rolante que você já verá as placas", ouviu em resposta. Essas 12 palavras teriam bastado se não tropeçassem na barreira invisível. Verônica não sabe ler (nem escrever) – e, naquele 13 de fevereiro de 2014, como o trajeto lhe era desconhecido, não podia contar com a maior aliada dos 14 milhões de analfabetos que circulam diariamente pelo território brasileiro: a rotina."Às vezes tenho a sensação de que não sou ninguém, mas eu sou alguém. Posso não ler, mas sou inteligente", diz Verônica
É graças a essa rotina que utilizar o transporte público para ir e voltar do trabalho, fazer compras no supermercado ou buscar o filho na escola se tornam atividades tão banais. Quando está no ponto perto de casa, Verônica sabe dizer, por exemplo, se o ônibus que desce a rua é o Tamboré ou o Vale do Sol só de olhar para o desenho do nome escrito no letreiro do coletivo.
Mas naquele 13 de fevereiro, quando precisou utilizar um metrô que não conhecia, andar por ruas onde nunca tinha estado e ir até um prédio que jamais tinha visto, o sentimento que a acompanhava era o medo. "Tenho medo de me perder, ou que me passem a informação errada", confessou. "Tenho medo do que não conheço".
Aos 49 anos, com menos de 1,60 de altura, pele morena e cabelos alisados tingidos num tom puxado para o vermelho (a cor preferida), ela montou um acervo de técnicas para vencer desafios semelhantes: primeiro, pede alguma dica sobre o trajeto para quem lhe passou o endereço (qual linha de ônibus, trem ou metrô deve pegar, para qual direção, o nome do bairro e pontos de referência). Antes de sair de casa, a filha mais nova ou a patroa escrevem o nome da rua em um pedaço de papel. Por fim, sai perguntando, a cada nova etapa do caminho, qual o próximo passo a seguir.
Tão próximas quanto um ex-namorado com quem Verônica se relacionou por dois anos. Ele mandava mensagens por celular, ela mostrava para a filha. Ele pedia para Verônica ler alguma coisa, ela dizia que estava sem óculos. Ele perguntava por que ela nunca lhe escrevia, ela justificava que preferia conversar por telefone. "Acho que ele desconfiava, mas nunca perguntou nada", conta. "Morria de medo que ele deixasse de gostar de mim".​Dentro dos vagões de trens e metrôs, o áudio que informa em voz alta qual é a estação é uma ajuda e tanto. Do lado de fora, Verônica depende da bondade de estranhos. Com o papel na mão e baseando-se em critérios bastante pessoais, mostra o nome da rua para aqueles que considera confiáveis – curiosamente, a maioria dos escolhidos naquele dia eram homens, com menos de 40 anos, bem vestidos, quase todos com um celular na mão – e pergunta: "Como faço para chegar aqui?". Jamais confessa que não sabe ler. Esconde a informação não só de desconhecidos como de pessoas próximas.
Noel, o segundo marido de Verônica (e o que a fez mais feliz), demorou três anos para descobrir o segredo. "Eu queria perguntar uma coisa, mas não é para você ficar chateada", ensaiou Noel. "Você sabe ler?". Ela criou coragem e respondeu: "Presta atenção, porque eu só vou falar isso uma vez: eu não sei ler". Nunca mais tocaram no assunto até que ele morreu de enfarte algum tempo depois.
Com o segundo marido, teve Giovana – a quem chama Jojó –, a caçula de seis filhos: Cláudia, Ana Paula, Liliane e Jonathan, do primeiro casamento, e Daiane, sobrinha da ex-mulher de Noel, adotada pelo casal aos 10. Embora todos saibam ler, só um terminou o ensino médio. A esperança é Jojó que, aos 11 anos, sonha ser pediatra. 
O começo - Paraibana de Santa Rita, município na região metropolitana de João Pessoa distante 11 quilômetros da capital, Verônica foi confrontada aos 9 anos com o dilema: estudar ou trabalhar? Obrigada a optar pelo segundo para ajudar a mãe a conseguir comida, tornou-se babá de outra criança sete anos mais nova. "Ela era uma menina má, que dizia que eu roubava seus brinquedos", recorda. Quando a situação da família tornou-se insustentável, o pai abandonou a mulher com os nove filhos e partiu para São Paulo.
A babá se transformou em ajudante de cozinha num restaurante e, depois, em operária de uma fábrica de bolachas. Aos 15 anos, foi levada com a mãe e os irmãos para São Paulo pelo tio, que já não suportava ver a cunhada e os sobrinhos em estado tão degradante. Quando chegaram ao destino, o pai de Verônica tinha outra vida, outra casa e outra família – que acabou deixando ao deparar-se com a visita inesperada. Os pais, que continuam juntos, moram hoje em Registro, no litoral paulista.
Verônica casou com Manoel logo depois do desembarque na metrópole. "Achei que ganharia minha liberdade. Foi um doce engano". O relacionamento durou 16 anos. Desde a mudança para São Paulo, nunca mais colocou os pés – nem pretende colocar – na Paraíba. "Não tenho nenhuma lembrança boa da minha infância", encerra o assunto.
Até matricular os filhos na escola, a leitura nunca lhe fizera falta. "Eu conseguia me virar bem", garante. "Mas comecei a querer acompanhar as lições de casa e participar mais da reunião de pais". Hoje, o analfabetismo é um tormento.
montagem empregada

Embora não saiba escrever, quando está calma Verônica consegue desenhar o próprio nome (Foto: Ivan Pacheco)
"Às vezes tenho a sensação de que não sou ninguém, mas eu sou alguém. Posso não ler, mas sou inteligente", diz. Verônica reconhece marcas como Café Pilão, Coca-Cola, McDonald’s e Adidas pelo logotipo. Para fazer a lista de compras na casa de Regina Vilma Ruiz, onde trabalha como empregada doméstica há mais de duas décadas, copia o nome dos produtos da embalagem – de vez em quando consegue associar que o 'A', de arroz, é a mesma letra do 'A', de açúcar. Tornou-se uma exímia cozinheira apenas observando outras pessoas ao pé do fogão e, quando não está nervosa, é capaz de desenhar o primeiro nome.
Alguns anos atrás perdeu a carteira de identidade. Decidida a não ter mais a digital estampada no documento sobre a sentença "não alfabetizada", matriculou-se num curso de alfabetização de adultos. Estava quase conseguindo juntar consoantes e vogais quando foi surpreendida pela morte de dois irmãos – um de morte morrida, o outro de morte matada. Cláudio, o xodó de Verônica, foi assassinado ao ser confundido com o patrão no momento em que chegava para trabalhar. O choque foi tão grande e a depressão tão intensa que as letras simplesmente desapareceram da memória.
Também é para não expor o analfabetismo que ela optou por fazer parte da multidão de mais de 50 milhões de brasileiros que não possuem conta bancária. Alçada à nova classe média pelos malabarismos federais, Verônica insiste em continuar considerando-se pobre. Os cerca de 1 500 reais – somados vale transporte, seguro saúde e outros benefícios – que recebe de salário desaparecem no fim do mês. Roupas novas, restaurantes e viagens são luxos que ela não pode ter nem proporcionar para os filhos. Por causa do aumento dos preços dos alimentos – inflação que só o governo insiste em não enxergar – o sonho de conhecer Porto Seguro nas férias que se aproximam precisará ser adiado por mais um ano.
Outro documento que a intimida é o título de eleitor. Embora não seja obrigada, garante que participa de todas as eleições. Apesar disso, não se recorda em quem votou em 2012 nem em 2010. Não sabe o nome do prefeito e do governador de São Paulo nem quem foi o presidente da República antes de Lula – só faz questão de dizer que nunca votou nele. Se lhe pedem que cite algum político, lembra de Dilma Rousseff, Lula, Paulo Maluf e Marta Suplicy e em seguida ressalva que não simpatiza com nenhum. "Gostava muito do José Sarney, aquele que morreu", confunde-se. Sobre o mensalão? "Não sei o que é". Propina envolvendo a construção do metrô da capital paulista? "Nunca ouvi falar".
Suas fontes de informação são os telejornais, as novelas ou conversas com vizinhos e amigos. Adora filmes, principalmente as sequências de Harry Porter e Rambo, mas raramente vai ao cinema. Afirma que não gosta de espetáculos de teatro antes de admitir que nunca viu uma peça. Prefere o forró com o namorado.
Maria Verônica Marcelino da Cruz Conceição
Maria Verônica em frente à casa onde mora em Barueri, na Grande São Paulo (Foto: Ivan Pacheco)
Vaidosa, abusa dos decotes que exibem o bonito colo e jamais usa saias para ocultar as varizes que deixam ainda mais doloridas as pernas castigadas pelos 54 degraus absurdamente íngremes que é obrigada a subir diariamente para sair de casa.
Na residência alugada de três cômodos em que mora com a filha caçula, localizada num bairro pobre de Barueri, na Grande São Paulo, o bordado dos panos de prato e da toalha sobre o fogão combina com o rosa da parede da cozinha. O azul do quarto aparece também no enfeite do armário recém-comprado em seis prestações pelo carnê das Lojas Marabrás e a sala, pintada de laranja, ostenta porta-retratos com fotos de Jojó e de Mery, a melhor amiga. É ali que Verônica guarda seu maior tesouro: uma antiga coleção de livros de receitas que ganhou da patroa faz três anos.
Não conseguiu ler nenhum. Mas folheia com olhar apaixonado os cinco volumes, observa as imagens desbotadas, tenta adivinhar os ingredientes pelas fotos e reproduzir os pratos. São os únicos livros da casa.
Há um mês, fez uma promessa: "Vou conseguir ler esses livros". Para isso, vai matricular-se novamente num curso de alfabetização para adultos. Quando isso acontecer, a jornada, que começa diariamente às 5h30 e é encerrada por volta das 19h, depois de quase duas horas nos vagões dos trens metropolitanos lotados, será prorrogada até as 22h, quando as aulas terminam.
Caso complete o curso, ela fará parte de uma minoria. De cada 10 adultos que decidem se alfabetizar, sete desistem do objetivo antes de ler a primeira palavra. Enquanto isso, Maria Verônica Marcelino da Cruz Conceição será apenas mais um nome entre os milhões de brasileiros perdidos na selva das vogais e consoantes.

Xangai, que figura no primeiro lugar da educacao mundial, internacionaliza as suas escolas

Xangai, como se sabe, encontra-se em primeiro lugar nos exames do PISA. Não a China, mas Xangai, com todo o artificialismo -- e o stakanovismo educativo -- que isso possa representar. A cidade fez questão de preparar os seus alunos para os exames do PISA e eles responderam ao desafio.
Tendo vivido em Xangai durante boa parte do ano de 2010, quando esse grande salto estava sendo feito, posso testemunhar sobre essa realidade, pois inúmeras vezes vi jovens, crianças, saindo da escola no sábado em torno das 12hs, ou indo compensar algum feriado aos domingos. Esse é um esforço necessário para tirar o primeiro lugar.
Sacrificado para as crianças? Talvez, mas as famílias sabem que esse é o único caminho para sua ascensão social, num país altamente competitivo, e num mundo que oferece todas as oportunidades para a China.
Agora a cidade caminha para a internacionalização ampliada de suas escolas, públicas e privadas.
Enquanto os alunos do primário no Brasil são obrigados a perder tempo com estudos "afrobrasileiros" -- o que é uma mistificação e uma empulhação -- e com "portunhol" -- os alunos chilenos estão se preparando para se tornar bilingues em inglês em poucos anos, e os chineses, pelo menos os de Xangai, avançam rapidamente para colocar suas escolas no compasso dos países mais avançados.
Quando é que o Brasil vai aprender?
Acho que vai demorar.
Sinto muito dizer isto, mas SOU ABSOLUTAMENTE PESSIMISTA quanto ao futuro (ou falta de) da educação brasileira, hoje entregue à imbecilização freireana dos dinossauros do MEC e das faculdades de pedagogia. A idiotice e o atraso mental dos professores brasileiros me parecem irrecuperáveis pelos próximos anos, e com isso vamos afundando na mediocridade educacional.
Paulo Roberto de Almeida

City trial for international curriculum

A TOTAL of 21 local high schools have been chosen for a trial of international curriculum following a study by the Shanghai Education Commission, officials said yesterday.
The schools ­— 11 public schools and 10 private ones — will begin admissions from this year, providing an option of mixed Sino-foreign education for local students.
Students who want to learn international curriculum need to sit for a pre-admission exam held by the school. They must attend the city’s unified entrance exam for high schools as well, according to the SEC.
Even before the commission’s study last year, 33 schools had their own international curriculums since Shanghai began encouraging the measure to diversify school syllabus in a bid to meet different needs of a varying crop of students. For example, those who want to go abroad or those who are children of overseas returnees.
These schools offered 18 kinds of international courses, including IBDP (International Baccalaureate Diploma Program), A-level (General Certificate of Education Advanced Level) and AP (Advanced Placement).
The 21 schools were selected based on strict evaluation and discussions to ensure quality, the commission said.
Chinese language, ideology and politics, history and geography subjects will still be mandatory for students who opt for international syllabus as they are part of the national curriculum, said Ni Minjing, director of the SEC’s basic education department.
Ni said the integrated curriculum and textbooks will be scrutinized by the commission before classes begin.
Authorized public schools include No. 2 High School of East China Normal University, High School affiliated to Fudan University, and High School Affiliated to Shanghai Jiao Tong University.
Private schools include Shanghai International Studies University Xiwai International School and Shanghai United International School.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Minha avaliacao da pos-graduacao, ao contrario dos relatorios otimistas - editorial Estadao

Ao contrário do que diz esse editorial, e do que podem dizer os relatórios da Capes, não acredito que a pós-graduação vai muito bem em geral; ao contrário, ela vai muito mal, se degradando em qualidade como todo o resto da educação brasileira. Conheço por dentro, por dar pareceres em artigos, participar de bancas de seleção, e de bancas de mestrado e doutorado. Ela pode ir bem episodicamente ou localizadamente, em alguns programas específicos, geralmente mais ligados às áreas científicas do que às humanidades, mas o panorama global é o da deterioração da qualidade. Tenho observado, ao longo dos anos, uma progressão da mediocridade, dos bancos do secundário para a graduação -- onde muitos chegam analfabetos -- até a pós-graduação: tive a surpresa de constatar que vários candidatos a programas de mestrado ou doutorado não sabiam simplesmente escrever, se expressar corretamente numa simples pergunta para uma exposição sintética em duas páginas. Cinquenta por cento dos candidatos não sabiam escrever corretamente, o que me chocou bastante.
Acredito, sem ter provas disso, que os avaliadores da Capes têm sido muito tolerantes com os programas, inclusive porque são colegas e também participam de programas que podem estar enfrentando os mesmos problemas da erosão da qualidade e da mediocrização geral, e não pretendem reconhecer essa realidade dolorosa.
Ou seja, não compro, de nenhuma maneira, esse relatório pelo seu valor face, e gostaria de dispor de avaliações independentes do poder público, que sejam feitos por entidades sem qualquer interesse em manter a ficção que nos é apresentada atualmente.
Espero, portanto, notícias ruins pela frente, o que não me surpreenderia em absoluto.
Paulo Roberto de Almeida

O retrato da pós-graduação

30 de dezembro de 2013 | 2h 03
Editorial O Estado de S.Paulo
A avaliação da produção científica dos cursos de pós-graduação do País, feita a cada três anos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mostra que aumentou o número de programas de mestrado e doutorado que receberam os conceitos máximos, entre 2010 e 2012. A escala vai de 1 a 7 e os dois últimos conceitos correspondem a níveis internacionais de qualidade pedagógica e científica.
Ao todo, a Capes avaliou 3.337 programas de pós-graduação oferecidos por universidades públicas, privadas e confessionais. Desse total, 406 - dos quais apenas 27 são vinculados a instituições particulares - receberam as notas 6 e 7. Dos cursos de mestrado e doutorado com melhor avaliação, 53% são oferecidos por cinco universidades públicas das Regiões Sudeste e Sul. Entre as instituições privadas e confessionais, a mais bem classificada foi a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com 11 cursos com conceitos 6 e 7.
A instituição com as notas mais altas foi a USP. Com 28,4 mil alunos de pós-graduação matriculados em 230 cursos no período avaliado, ela teve 89 programas de mestrado e doutorado com conceitos 6 e 7. Empataram no segundo lugar a Unicamp e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, com 33 programas na faixa de excelência em matéria de desempenho pedagógico e produção científica. Em seguida vêm a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com 31 e 30 cursos bem avaliados, respectivamente.
Apesar do bom desempenho, a USP teve 36 cursos de mestrado e doutorado que perderam qualidade, entre 2010 e 2012. Em todas as áreas do conhecimento há programas que caíram de posição. Mas em apenas um caso - Estudos da Língua e Literatura em Inglês - a queda foi significativa. Na avaliação trienal anterior, o curso ficou com o conceito 6. Na que acaba de ser divulgada, recebeu o conceito 4. Na outra ponta da linha, 9 cursos da USP passaram do conceito 6 para o conceito 7 - todos na área de ciências da saúde. Outros 12 subiram de 5 para 6. Ao todo, a USP ficou com 44 programas de mestrado e doutorado com conceito 7 - 17 cursos a mais do que no relatório anterior.
Entre a avaliação relativa ao período de 2007 a 2009 e a que agora foi divulgada pela Capes, foram criados 619 novos programas de mestrado e doutorado no País. É um aumento expressivo, que reflete a preocupação das novas gerações de universitários com o aprimoramento de sua formação acadêmica. No ranking da Capes, 60 programas de pós-graduação - o equivalente a 1,8% do total de cursos avaliados - foram reprovados. Os nomes não foram divulgados, pois eles têm o prazo de 30 dias para recorrer. Se permanecerem com conceitos 1 e 2, serão descredenciados pelo Ministério da Educação. Com isso, deixarão de receber verbas federais e não poderão matricular novos alunos, mas só poderão fechar as portas depois que os atuais pós-graduandos concluírem seus cursos.
De todos os programas de mestrado e doutorado avaliados, 69% mantiveram entre 2010 e 2012 o mesmo desempenho do triênio anterior, enquanto 8% perderam posição e 23% subiram no ranking da Capes. Este último número sinaliza uma "tendência nacional de amadurecimento do sistema de pós-graduação", afirma a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, Débora Foguel. Para permanecer no topo da lista da Capes, alguns cursos premiam os docentes e pesquisadores mais produtivos. Outros cursos estão firmando convênios com agências de fomento a pesquisa e de intercâmbio com universidades mundialmente conceituadas.
Ao contrário do restante do sistema educacional do País, a pós-graduação vai bem. Mas isso não significa que não enfrente problemas. Para financiar iniciativas com maior visibilidade política, por exemplo, o governo federal cortou verbas da pós-graduação nos dois últimos anos. E os reflexos dessa decisão só aparecerão no relatório trienal de 2015.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A criatividade humana pode ser infinita, mas governos sao finitamente delimitados, e ignorantes...

Em certos paises, governos ineptos, pretensamente generosos com os pobres, formulam imensos programas federais para dar acesso aos pobres seja a computadores, seja à internet. Geralmente eles promete computadores a 100 dólares, mas obviamente não conseguem fazê-lo. Empresários espertos promete fazer a 200 dólares, com subsídios, mas acabam fazendo a 300 dólares, com mais subsídios, e obviamente defasados tecnologicamente, e metade das verbas federais é desviada por superfaturamente, roubo descarado, e outros meios corruptos.
Melhor seria abrir os mercados e deixar a concorrência baratear todos os preços, mas isso eles não fazem...
Paulo Roberto de Almeida

Continuing Delanceyplace.com's End of Year Encore Week: This year a full week on creativity. 

In today's encore selection -- from Abundance: The Future is Better Than You Think 
by Peter H. Diamandia and Steven Kotler. A creative approach to education:

"In 1999 the Indian physicist Sugata Mitra got interested in education. He knew there were places in the world without schools and places in the world where good teachers didn't want to teach. What could be done for kids living in those spots was his question. Self-directed learning was one pos­sible solution, but were kids living in slums capable of all that much self-direction?

"At the time, Mitra was head of research and development for NIIT Technologies, a top computer software and development company in New Delhi, India. His posh twenty-first-century office abutted an urban slum but was kept separate by a tall brick wall. So Mitra designed a simple exper­iment. He cut a hole in the wall and installed a computer and a track pad, with the screen and the pad facing into the slum. He did it in such a way that theft was not a problem, then connected the computer to the Internet, added a web browser, and walked away.

"The kids who lived in the slums could not speak English, did not know how to use a computer, and had no knowledge of the Internet, but they were curious. Within minutes, they'd figured out how to point and click. By the end of the first day, they were surfing the web and-even more importantly-teaching one another how to surf the web. These results raised more questions than they answered. Were they real? Did these kids really teach themselves how to use this computer, or did someone, perhaps out of sight of Mitra's hidden video camera, explain the technology to them?

"So Mitra moved the experiment to the slums of Shivpuri, where, as he says, 'I'd been assured no one had ever taught anybody anything.' He got similar results. Then he moved it to a rural village and found the same thing. Since then, this experiment has been replicated all over India, and all over the world, and always with the same outcome: kids, working in small, unsupervised groups, and without any formal training, could learn to use computers very quickly and with a great degree of proficiency.

"This led Mitra to an ever-expanding series of experiments about what else kids could learn on their own. One of the more ambitious of these was conducted in the small village of Kalikkuppam in southern India. This time Mitra decided to see if a bunch of impoverished Tamil-speaking, twelve-year-olds could learn to use the Internet, which they'd never seen before; to teach themselves biotechnology, a subject they'd never heard of; in English, a language none of them spoke. 'All I did was tell them that there was some very difficult information on this computer, they probably wouldn't under­stand any of it, and I'll be back to test them on it in a few months.'

"Two months later, he returned and asked the students if they'd under­stood the material. A young girl raised her hand. 'Other than the fact that improper replication of the DNA molecule causes genetic disease,' she said, 'we've understood nothing.' In fact, this was not quite the case. When Mitra tested them, scores averaged around 30 percent. From 0 percent to 30 percent in two months with no formal instruction was a fairly remark­able result, but still not good enough to pass a standard exam. So Mitra brought in help. He recruited a slightly older girl from the village to serve as a tutor. She didn't know any biotechnology, but was told to use the 'grand­mother method': just stand behind the kids and provide encouragement. 'Wow, that's cool, that's fantastic, show me something else!' Two months later, Mitra came back. This time, when tested, average scores had jumped to 50 percent, which was the same average as high-school kids studying bio-tech at the best schools in New Delhi.

"Next Mitra started refining the method. He began installing computer terminals in schools. Rather than giving students a broad subject to learn-for example, biotechnology-he started asking directed questions such as 'Was World War II good or bad?' The students could use every available resource to answer the question, but schools were asked to restrict the num­ber of Internet portals to one per every four students because, as Matt Rid­ley wrote in the Wall Street Journal, 'one child in front of a computer learns little; four discussing and debating learn a lot.' When they were tested on the subject matter afterward (without use of the computer), the mean score was 76 percent. That's pretty impressive on its own, but the question arose as to the real depth of learning. So Mitra came back two months later, retested the students, and got the exact same results. This wasn't just deep learning, this was an unprecedented retention of information. ... 

"Taken together, this work reverses a bevy of educational practices. Instead of top-down instruction, [these 'self-organized learning environments'] are bottom up. Instead of making students learn on their own, this work is collaborative. Instead of a formal in-school setting for instruction, the Hole-in-the-Wall method relies on a playground-like environment. Most importantly, minimally invasive edu­cation doesn't require teachers. Currently there's a projected global short­age of 18 million teachers over the next decade."

Author: Peter H. Diamandis and Steven Kotler 
Title: Abundance: The Future is Better Than You Think 
Publisher: Free Press 
Date: Copyright 2012 by Peter H. Diamandis and Steven Kotler 

Abundance: The Future Is Better Than You Think
by Peter H. Diamand is by Free Press

If you wish to read further: Buy Now







sábado, 2 de novembro de 2013

Humanidades: virando o primo pobre de uma educacao universitaria? - TheAmerican Interest

Grato a meu amigo André Eiras pelo envio desta materia. Infelizmente, não disponho de tempo, agora, para comentá-la adequadamente, do ponto de vista brasileiro, obviamente um caso ainda mais esquizofrênico em relação à praga do politicamente correto que se disseminou pelo mundo a partir das faculdades americanas de humanidades.
Nossos masturbadores sociais, uma espécie bizarra à qual eu mesmo pertenço, são bem mais bizarros em certos meios...
Mas transcrevo uma parte do corretíssimo comentário do André: "não é apenas no Brasil que as humanidades passam por dificuldades.. Embora aqui, na última gestão federal, o aumento de ofertas no ensino público para as humanidades aumentou - como as aulas de sociologia no ensino médio. Mas bem sabemos que é apenas para empregar "companheiros"."
Dixit...
Paulo Roberto de Almeida

Students Tuning Out Humanities Professors

The American Interest, November 1, 2013

LectureHall
College students have been beating a path away from the humanities. Since the 1970s, the percentage of American college students majoring in humanities fields has been cut in half—to only seven percent—as students pursue degrees in programs like science and business. As a result, a number of colleges are shuttering their under-attended programs, which is in turn shooting anxiety through the professorial guild as humanities professors fret for their future. This anxiety is given clear voice in this New York Times piece:
“In the scholarly world, cognitive sciences has everybody’s ear right now, and everybody is thinking about how to relate to it,” said Louis Menand, a Harvard history professor. “How many people do you know who’ve read a book by an English professor in the past year? But everybody’s reading science books.”
Many distinguished humanities professors feel their status deflating. Anthony Grafton, a Princeton history professor who started that university’s humanities recruiting program, said he sometimes feels “like a newspaper comic strip character whose face is getting smaller and smaller.”
The humanities meltdown is a huge indictment of the academic fads and trends of the last generation. A serious liberal arts education in the humanities (which Via Meadia readers should remember that to us also includes a grounding in both math and science) is actually the most practical education for many students. Learning how to learn, how to communicate ideas effectively, how to assess complex situations and develop good strategies for addressing them, and strengthening your character and spiritual life: these are all more vital than ever before in the 21st century. 20th century French literary criticism, faddish race class and gender curriculums, jihads against the tradition canon because there are too many DWEMs (Dead White European Males) in it: those are less useful. Unfortunately, this is where too many professors in too many humanities departments focus too much of their energy, and students are beginning to tune them out.
Today’s humanities faculties that can’t build student enrollments are like people who can’t sell umbrellas during a rainstorm: great teachers teaching great books and great ideas are exactly what most students need. Unfortunately, too many people in the field in the last generation were interested in producing bad or indifferent teachers who taught dull and impenetrable books filled with tendentious and superficial ideas. And as for concepts like character and spiritual development, forget it. Fortunately, this seems to be changing among many younger faculty and grad students and there are grounds to hope that the humanities in America will regain some balance and poise.
In the meantime, the humanities are now reaping the natural and inevitable rewards of a generation in the wilderness: a deadly combination of student indifference and falling support among both donors and government legislators. The priests deserted the gods; the gods have deserted the temple.
[Lecture hall photo courtesy of Shutterstock]

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Educacao: o segredo para Xangai ser numero UM no mundo - Tom Friedman (NYT)


OP-ED COLUMNIST

The Shanghai Secret




SHANGHAI — Whenever I visit China, I am struck by the sharply divergent predictions of its future one hears. Lately, a number of global investors have been “shorting” China, betting that someday soon its powerful economic engine will sputter, as the real estate boom here turns to a bust. Frankly, if I were shorting China today, it would not be because of the real estate bubble, but because of the pollution bubble that is increasingly enveloping some of its biggest cities. Optimists take another view: that, buckle in, China is just getting started, and that what we’re now about to see is the payoff from China’s 30 years of investment in infrastructure and education. I’m not a gambler, so I’ll just watch this from the sidelines. But if you’re looking for evidence as to why the optimistic bet isn’t totally crazy, you might want to visit a Shanghai elementary school.
Josh Haner/The New York Times
Thomas L. Friedman
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Readers’ Comments

I’ve traveled here with Wendy Kopp, the founder of Teach for America, and the leaders of the Teach for All programs modeled on Teach for America that are operating in 32 countries. We’re visiting some of the highest- and lowest-performing schools in China to try to uncover The Secret — how is it that Shanghai’s public secondary schools topped the world charts in the 2009 PISA (Program for International Student Assessment) exams that measure the ability of 15-year-olds in 65 countries to apply what they’ve learned in math, science and reading.
After visiting Shanghai’s Qiangwei Primary School, with 754 students — grades one through five — and 59 teachers, I think I found The Secret:
There is no secret.
When you sit in on a class here and meet with the principal and teachers, what you find is a relentless focus on all the basics that we know make for high-performing schools but that are difficult to pull off consistently across an entire school system. These are: a deep commitment to teacher training, peer-to-peer learning and constant professional development, a deep involvement of parents in their children’s learning, an insistence by the school’s leadership on the highest standards and a culture that prizes education and respects teachers.
Shanghai’s secret is simply its ability to execute more of these fundamentals in more of its schools more of the time. Take teacher development. Shen Jun, Qiangwei’s principal, who has overseen its transformation in a decade from a low-performing to a high-performing school — even though 40 percent of her students are children of poorly educated migrant workers — says her teachers spend about 70 percent of each week teaching and 30 percent developing teaching skills and lesson planning. That is far higher than in a typical American school.
Teng Jiao, 26, an English teacher here, said school begins at 8:35 a.m. and runs to 4:30 p.m., during which he typically teaches three 35-minute lessons. I sat in on one third-grade English class. The English lesson was meticulously planned, with no time wasted. The rest of his day, he said, is spent on lesson planning, training online or with his team, having other teachers watch his class and tell him how to improve and observing the classrooms of master teachers.
“You see so many teaching techniques that you can apply to your own classroom,” he remarks. Education experts will tell you that of all the things that go into improving a school, nothing — not class size, not technology, not length of the school day — pays off more than giving teachers the time for peer review and constructive feedback, exposure to the best teaching and time to deepen their knowledge of what they’re teaching.
Teng said his job also includes “parent training.” Parents come to the school three to five times a semester to develop computer skills so they can better help their kids with homework and follow lessons online. Christina Bao, 29, who also teaches English, said she tries to chat either by phone or online with the parents of each student two or three times a week to keep them abreast of their child’s progress. “I will talk to them about what the students are doing at school.” She then alluded matter-of-factly to a big cultural difference here, “I tell them not to beat them if they are not doing well.”
In 2003, Shanghai had a very “average” school system, said Andreas Schleicher, who runs the PISA exams. “A decade later, it’s leading the world and has dramatically decreased variability between schools.” He, too, attributes this to the fact that, while in America a majority of a teacher’s time in school is spent teaching, in China’s best schools, a big chunk is spent learning from peers and personal development. As a result, he said, in places like Shanghai, “the system is good at attracting average people and getting enormous productivity out of them,” while also, “getting the best teachers in front of the most difficult classrooms.”
China still has many mediocre schools that need fixing. But the good news is that in just doing the things that American and Chinese educators know work — but doing them systematically and relentlessly — Shanghai has in a decade lifted some of its schools to the global heights in reading, science and math skills. Oh, and Shen Jun, the principal, wanted me to know: “This is just the start.”

sábado, 14 de setembro de 2013

Um debate sobre a educacao... na China (Shanghai Daily)

Five faces of changing education

Reverence for education and learning is legendary in China — they are associated with wisdom — and teachers have traditionally been accorded great respect. They are the torchbearers of society’s values.
As China develops, education has changed to meet the needs of a modernizing, highly competitive economy and society. Traditional approaches to education sometimes seem to be at odds with the times.
Debate rages about the essence, the purpose and methods of education, from preschool to university.
Has education lost touch with the Eastern search for wisdom? Has it departed from the cultivation of moral character and upright citizens? Is it too utilitarian, reduced to test scores and turning out of skilled job applicants? Are the old ways too rigid? Whatever happened to love of learning?
Above all, what is the best way to strike a balance between Eastern and Western concepts, traditional education and modern requirements?
School is back in session and this is the month that China celebrates Teacher’s Day as well as the birthday on September 28 of Confucius (551-479 BC), the greatest teacher of them all.
Shanghai Daily talks with five educators — a university chancellor and heads of a girls’ high school, a pilot boys-only program, a key primary school, and a progressive kindergarten.
They are reformers and innovators as well as hands-on educators grappling with day-to-day issues. All are thinkers about the state of education in China and how best to serve the interests of students and society.
Yu Lizhong is chancellor of just-opened New York University Shanghai, which aims to cultivate “elite world citizens.” It combines the NYU curriculum with good ideas of other world-class universities, as well as some Chinese elements.
“There have been too many critiques of China’s education and not enough action. We’re working hard to find way forward with reform,” he said.
Principal Lu Qisheng opened the first boys-only high school classes, tackling the so-called “boy crisis” of weak, socially inept underachievers.
“To find out the right way to teach boys, we must understand boys first,” he said. “The important thing is to find out why boys don’t do as well as girls and how to help them learn better.”
Principal Xu Yongchu heads the No. 3 Girls’ High School, the only all-female high school in Shanghai. It encourages independence, self-expression and creativity among women who are traditionally expected to be quiet and reserved.
“One of girls’ early advantages over boys is language expression, however, girls dare not talk about their own thinking because they listen too much to parents and teachers,” Xu said.
Principal Fu Fang heads the Weihai Kindergarten, which provides a Montessori education stressing children’s self-directed learning, freedom within limits, and the teacher’s role as guide rather than commander. It’s the opposite of traditional education.
“A big problem for Chinese parents is that they cannot face the risk of children’s failures, which is why they push so hard and are so anxious to drive their children to excellence,” Fu said.
Vice Principal and Party Secretary Shen Dexi of Dahushan Road No. 1 Primary School in Yangpu District says respect for children and equal treatment is essential for reform.
She urges elected student leaders to serve other pupils, not boss them about. She urges students to make suggestions.
“I read every proposal carefully and also tell our teachers to read them and reply to every child,” she said.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um debate sobre a educacao superior: seria ela dominada pelo mercado?

Tenho mantido, no espaço pouco adequado de "notas de rodapé", ou "notas de final de livro", ou seja, os comentários eventualmente recebidos neste blog -- um "debate", entrecortado, com o leitor Luiz Espíndola, sobre as peculiaridades do nosso sistema de ensino.
Embora o tema inicial fosse a meritocracia, e a oposição das máfias sindicais de professores estaduais (do RJ) a qualquer sistema de avaliação por desempenho dos seus caros afiliados, o debate acabou se concentrando na situação do ensino superior.
Os comentários do Luiz foram feitos a propósito desta minha postagem:

"Professores sao contra a meritocracia; eles preferem a mediocracia... - artigo de Jose Goldemberg"

Permito-me, sem remeter a todos os meus comentários, transcrever aqui o comentário mais recente recebido do Luiz: 

Prezado Paulo,
Entendi seus comentários em relação à gestão universitária que, segundo você, prejudica a produtividade, os resultados etc. 
Apesar de entender de forma um pouco distinta - a visão mercadológica é presente nas universidades e faz surgir um excesso de produção de qualidade questionável e que nunca são revisitados -, concordo que deva haver na reitoria gestores capacitados.
Não obstante, isso não é o bastante. A insuficiência reside na seguinte questão: por que o mercado deve ser referência quando se trata de educação? 
O reitor-gestor, no meu ponto de vista, ou deve ter suas origens na área de educação e ter especialização na área de gestão ou, quando não, o vice-reitor deve ser um economista nato.
O que quero dizer com isso. Compreendo que as bases epistemológicas das áreas do conhecimento (no exemplo aqui: pedagogia e economia) são distintas e sua seara de atuação deve ser bem definida. Com o objetivo principal de uma universidade? Educação. Então, as diretrizes devem ser pautas por concepções educacionais, com as ponderações (assessoramento) do especialista em economia ou gestão. O que não pode é um economista, a frente de uma reitoria, querer utilizar sua base para gerir o campo educacional. Quando isso acontece, distorções prejudiciais acontecem. A louvada, pelo professor Goldemberg (o do pitaco acima), meritocracia torna-se um câncer se não bem desenvolvida no âmbito educacional: no ensino básico, existe manipulação de números para receber os ganhos; no ensino superior, os Currículos Lattes se enchem de “produção improdutiva” para que as verbas continuem a correr pelos corredores universitários, oriundas dos órgãos de fomento à pesquisa.
Por fim, existe, ainda como reflexo positivista, uma hierarquia nas áreas de conhecimento, na qual as humanas são preteridas. Na prática, ninguém dá pitaco, com se fundamentado fosse, em uma obra de um engenheiro de qualquer área ou em um trabalho de física quântica – no primeiro caso, pode matar alguém e, no segundo, é muito distante do “pitaqueiro”. Entretanto, quando se trata de sociedade ou educação, qualquer um tem uma solução na ponta da língua, por se achar o assunto próximo ao “pitaqueiro”. Contudo, um olhar desnaturalizado já constrói uma complexidade que não se vislumbra na “ponta do iceberg”.
Essa hierarquização que gera muita incoerência: o que se mais vê encabeçando as secretarias de educação pelo Brasil são economistas ou administradores. Por que não vemos educadores ou sociólogos como secretários de fazenda?
Novamente, volto a minha ideia de que “cada um no seu quadrado”! 
Desculpe-me pelo tamanho do texto!
Com respeito,
Luiz Espindola


Acrescento agora meus comentários (PRA):

Caro Luiz, 
Sem tempo para fazer um comentário mais elaborado, peço desculpas por apenas comentar topicamente algumas afirmações suas: 
1) "... a visão mercadológica é presente nas universidades e faz surgir um excesso de produção de qualidade questionável e que nunca são revisitados..."
   PRA: Que existe uma imensa produção de baixa, e muito baixa qualidade, saindo aos borbotões dessas coisas que respondem (muitas indevidamente) pelo nome de universidades (tanto privadas, quanto públicas, mas especialmente nessas coisas que passam pelo nome de "humanidades"), disso eu não tenho nenhuma dúvida, mas o que é que o mercado tem a ver com isso???
   Ao meu ver, absolutamente NADA, e de fato nada. Isso é quantitativismo, REGULADO pelos órgãos dinossáuricos da (des)educação brasileira. Mercado seria se os escrevinhadores dessas coisas inúteis tivessem de disputar espaço num MERCADO definido pelas preferências do consumidor, ou seja, as demandas de outros cientistas ou acadêmicos. Mas não é, nem nunca foi o caso: essas coisas saem por revistas institucionais pagas pelo dinheiro público, depois de passaram por uma avaliação complacente dos "pares", segundo o velho princípio: "me publica que eu te publico".
   Você está confundindo quantitativismo -- estatísticas -- impostas pelo MEC-Capes, ou CNPq, ou seja, o Estado, com o mercado, que não tem nada a ver com isso.

2) "por que o mercado deve ser referência quando se trata de educação?"
    PRA: O Mercado, esse deus absoluto segundo os companheiros -- que adoram viver dos frutos do mercado, sem jamais contribuir com um grama de riqueza para ele -- não tem ABSOLUTAMENTE NADA A VER COM A EDUCAÇÅO. Ele só existe em função da incapacidade do poder público em prover escolas suficientes e de qualidade para todos, nos primeiros níveis, e da demanda da população por algo melhor do que as coisas oferecidas nas escolas públicas, de qualquer nível. Mas todas as regras, inclusive no ensino privado, são determinadas pelo ESTADO, inclusive essas excrescências ridículas que são a obrigatoriedade de ensino de "estudos afrobrasileiros" e de "espanhol" no primeiro ciclo, e a compulsoriedade de estudos de "Sociologia e Filosofia" no ciclo médio. 
   Seria bom se o mercado fosse realmente uma referência na educação, mas infelizmente não é o caso. O mercado somos todos nós, que queremos profissionais competentes para nos servir sob a forma de produtos ou serviços, e não profissionais incompetentes dotados de um diploma aceito por essa coisa horrorosa que se chama MEC. O mercado filtra imediatamente a competência ou incompetência dos egressos do sistema educacional, tanto é que se paga mais a alguém que tem diploma de uma universidade pública -- supostamente melhor -- do que a outro que tem um diploma de uma Faculdade Tabajara. isso é mercado, e acho que está certo. Mas deveria ser mais, não menos. Ou seja, se o mercado funcionasse, esses diplomas reconhecidos pelo MEC seriam filtrados pela competência específica do ofertante de mão-de-obra. Hoje em dia temos milhares de funcionários públicos fazendo cursinhos vagabundos, em faculdades Tabajara, apenas para, com os certificados fornecidos, inclusive por professores complacentes de instituições públicas, para que eles possam ganhar adicionais de salários por títulos. Isso é mistificação e fraude.

3) "O reitor-gestor, no meu ponto de vista, ou deve ter suas origens na área de educação e ter especialização na área de gestão ou, quando não, o vice-reitor deve ser um economista nato."
   PRA: Sou totalmente contrário. A área da educação no país é a que concentra o maior número de deformações, besteirol, ideologices e outros absurdos desse universo paulo-freire, que só forma as saúvas que estão acabando com o Brasil atual. A maior parte da educação é um lixo, e poderiam ser totalmente fechadas as faculdades de educação sem nenhum prejuízo da educação dos brasileiros, até com alívio.
Reitor tem de ser um administrador, ponto, de qualquer área, de qualquer especialização, desde que competente e munido de um programa de trabalho, de metas, e de resultados esperados, cobráveis por um conselho autônomo e independente. Professores, de educação ou não, podem até servir, mas isso não deveria ser o critério, e sim o pleito do candidato a reitor. As universidades americanas anunciam a vacância do cargo em jornais (leio sempre na Economist) e que se apresentem os candidatos, munidos de seus planos de administração. Ponto.
A economia ajuda, mas depende: um keynesiano de botequim, armado de suas loucuraas econômicas, pode fazer mais mal a uma universidade, do que um literato ou filósofo armado apenas de bom senso, e sentido de contas simples: dá para fazer?, quais são as alternativas para o uso desse dinheiro?; o Conselho (independente, e não apenas de professores) aprova? OK, vamos fazer.

4) "volto a minha ideia de que “cada um no seu quadrado”! "  
   PRA: Não acredito nesse tipo de enquadramento, de um nicho reservado a alguém. Acredito, por exemplo, que o diretor de um hospital não precisa ser médico, sequer entender de qualquer operação cirúrgica. Ele precisa ser um bom administrador, para que todas as áreas de funcionamento-fim tenham os meios necessários, com base em avaliações técnicas, não influenciadas pelo "médico-catedrático, que é uma sumidade" coisa e tal. Administração é administração, e o conselho deve, sim, ter pessoas competentes para aprovar o plano de trabalho e as metas.

Termino por aqui: infelizmente, a educação brasileira vai continuar afundando, lenta e seguramente.
Nem acredito que a prioridade seja o ensino superior. 
Eu concentraria os recursos nos dois primeiros níveis e nas escolas técnicas, ponto.
Universitários, vocês são bem grandinhos, virem-se, apelem ao mercado, ponto.
Sinceramente,
Paulo Roberto de Almeida