O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Mentiras politicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mentiras politicas. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 10 de maio de 2013

De volta ao debate: a Comissão da (In)Verdade e a fraude com a História (3)


Agora as reações despertadas entre leitores, vários me solicitando fazer um depoimento, o que fiz, tempos depois, mas nunca tinha divulgado, o que farei a partir da posta subsequente:

15 comentários:
Anônimo disse...
PRA,
E ate dificil acreditar neste texto, visto que os demais sempre foram favoraveis a economia de mercado, democracia, liberdade.
O Sr. Ja escreveu como deu-se esta mutacao de participante de grupos armados para um diplomata bem intencionado? Quando percebeu que trilhava um caminho inconsistente?
Nao ha muitos com esta autocritica, seja para o que for.
Seria demais interessante ler relato deste periodo sob sua otica.
Gustavo Stein
Gustavo disse...
Faço coro com o xará do post anterior.

Abraços
Anônimo disse...
Até hj só vi o Gabeira e, agora, vc, admitirem isso publicamente.

Existem muitos que já revisaram o pensamento e amadureceram, mas não admitem publicamente, ou admitem com eufemismos - talvez até por uma certa proteção psicológica, já que não deve ser fácil aceitar o fato de ter passado um bocado de tempo enganado.

Infelizmente, ainda existem alguns refratários alocados em algum partido irrelevante ou no PT.

Vc que conhece os bastidores da política e deve saber bem como pensam os petistas do governo, ilumine-me: quando é que chega a luz para os cabras, e quando é que eles se aliarão com o PSDB em prol do progresso social(democrata)? Porque quando cair a ficha dos comunas mais ortodoxos, eles vão virar alguma coisa parecida com tucano, não?

abraços, Zamba
Anônimo disse...
Muito estimulante encontrar mais um indivíduo corajoso, honesto, culto e inteligente como este! Recurso escasso neste pais surrupiado por demagogos e safados........
Gustavo disse...
Parabéns pela coragem e honestidade, Sr Paulo Roberto de Almeida. Texto louvável!
Juliana disse...
Sr Paulo Roberto, meus parabéns pela honestidade moral. Sou educadora e apesar de civil, sinto repugnância dessa grande falsidade chamada comissão da verdade, que descaradamente quer reescrever unilateralmente a história, mesmo que a saibamos cheia de desacertos. Fico feliz em vermos brasileiros corretos e comprometidos com a verdadeira verdade como o senhor. Felicidades e parabéns pelo espaço inteligente e que nos transmite a grande capacidade de que é dotado o seu autor.
Anônimo disse...
Seria interessante que a imprensa abrisse espaço para outras pessoas que viveram aquele período e conhecem a verdade verdadeira sobre os fatos que ocorreram durante a chamada guerra suja. Infelizmente,a imprensa livre faz o jogo seus maiores inimigos de sempre, que são estes que estão no poder. Raramente há uma contestação às inverdades pregada pela esquerda como a luta pela democracia citada pela presidente.
Anônimo disse...
Oh! Inocente Juliana, pergunte ao Dr. Paulo o que ele acha dos pensadores que você estudou durante toda a sua faculdade, como por exemplo, Paulo Freire. Depois ficarei aguardando sua opinião sobre tudo o que disse acima...
Quanto à comisão da verdade é uma das coisas mais ridículas que já vi na política brasileira.
Ass: Alguém
Juliana disse...
Anônimo de 21/5

As menções que faço de Paulo Freire em meu blog (http://umaeducadora.blogspot.com) tratam-no como um embuste tão grande quanto essa comissão da verdade. Quanto a Vygotsky e outros pensadores de esquerda, vejo o que de bom tem na teoria que eles apresentaram à humanidade. Nada é tão ruim que não possa ser filtrado. Como em nosso país não há teóricos na área de educação, os que existem mundo afora devem nortear o trabalho dos educadores interessados em progredir. Quanto ao que pensa o autor deste blog sobre a educação, concordo com seu post de hoje, em que ele apresenta em poucas linhas o caos que foi construído pela esquerda rançosa e primitiva. No mais, de inocente não tenho nada. Felicidades.
Anônimo disse...
Prezada Juliana,
em resposta às suas colocações sobre o que afirmei sobre sua inocência, confesso que derrubou minha argumentação. Acabo de ler seu blog e gostei do que li, apesar de ter feito de forma dinâmica, mas passarei a acompanhar seus escritos. Quanto ao meu blog, infelizmente, não poderei divulgá-lo, mas saiba que temos alguns pensamentos semelhantes.
Felicidades e um beijo carinhoso para você !
Anônimo disse...
Sr Paulo Roberto, vejo que a sua lucidez contrasta com aqueles que hoje pregam de inocentes e vítimas que nunca foram. Entendo que, na juventude, o senhor possa ter sido levado por ideologias retrógradas que hoje permeiam ascabeças dos que estão no poder. Eles sabem a verdade tanto quanto o senhor, só não admitem.
Anônimo disse...
uma leitora
Comissão da verdade , a verdade sempre tem dois lados , estão dando conotação de horror,ao gov militar, será?.. mas o outro lado apavorava psicologicamente a população,com ideias que nem os proprios eram conscientes , eram puramente ideologias ,acredito queriam fazer revolução ideologica
Anônimo disse...
Também me posiciono contra essa comissão pela sua inutilidade, ranço e descarada unilateralidade, que me parece injusta, principalmente com o grande número de vítimas inocentes das desastrosas ações acontecidas.
Espero sinceramente que a sociedade reaja e evoque que sejam investigados então TODOS os atos criminosos, de ambos os lados, pelo bem da Verdade, e que doa a quem doer. Será?
Temos que cobrar isto, afinal, não é a verdade que se busca?
Gostei de ver sua coerência e honestidade, felicidades.
ramos disse...
Prezado Sr Paulo Roberto, parabenizo pela sua hombridade de trazer à público a verdadeira intentona dos comunas. Como seria bom para o país se esses velhos fanáticos -que causaram tantas vítimas inocentes; muitas sem saber ao certo o motivo de tanto sangue derramado – refletirsem , assim como o Sr o fez, e, através da mídia- que tende a enveredar para uma única mão- mostrem ao povo a verdadeira história, não a que lhes covém. Parabéns Sr Paulo Roberto, por contribuir com a verdade.
Eugenio ramos de melo
Anônimo disse...
Elogiável seu texto. Trabalhava numa grande multinacional, na época. Para a população comum e aqueles que trabalhavam em grandes empresas, esses elementos que dizem ter lutado pela democracia eram uma contínua dor de cabeça. Todo executivo de empresas e a população estavam ameaçadas de ser morto por eles. Eles estavam ameaçados pelo regime militar como estão hoje ameaçados os foras da lei. O que se instalou foi uma comissão da inverdade, pois na época lutavam pela instalação de um regime muito pior do que o que tínhamos. Como é um logro e um desfalque ao povo brasileiro as indenizações que se pagam aos que participaram desses movimentos. Pessoas de bem asumem seus erros e não ficam tentando mentir e construir algo em cima de inverdades, para serem beneficiadas por estas. Quem construiu a transição do regime militar para o democrático foi o povo ordeiro e trabalhador do Brasil. Já pensei até em pedir indenização, pois enquanto muitos faziam baderna eu trabalhava duro para construir um Brasil melhor e recebe migalhas de aposentadoria, enquanto os revolucionáriso da época recebem pensões milionárias. Este é o país da mentira e da enganação. JALI

domingo, 5 de maio de 2013

Sob o dominio da mentira...

Existem muitos povos que vivem sob o domínio das mentiras oficiais, alguns com consequências desastrosas até para sua sobrevivência física ou conforto material; outros, apenas (ou ainda) para sua saúde mental, ou simples bem-estar social e convivial, pois as mentiras oficiais também trazem desconforto nas relaçöes sociais ou raciais, entre outras esquizofrenias coletivas.
Listo apenas alguns exemplos:
Coreia do Norte, Cuba, China, Rússia, Síria, Somália, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, República dos Companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 4 de maio de 2013

Republica Federativa da Mentira: as falcatruas companheiras

Alem de mentir no poder, eles também mentem fora do poder; pretendem construir sua versão mentirosa dos fatos, e fazê-la passar por verdadeira. Não com a minha omissão: sempre denunciarei as mentiras companheiras, as mentiras dos companheiros e as dos seus sabujos a soldo e de outros mercenários do teclado.
Paulo Roberto de Almeida

04/05/2013 | 12:54
Lula reconhece erros do PT e diz que partidos políticos parecem "negócio"
EX-PRESIDENTE DEU ENTREVISTA DE 20 PÁGINAS A LIVRO SOBRE ERA PETISTA NO PODER
“Às vezes eu tenho a impressão de que partido político é um negócio”, disse o ex-presidente Lula em entrevista de 20 páginas para o livro “Lula e Dilma, 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil”, da Editora Boitempo. Durante a conversa, Lula refere-se ao momento seguinte à denúncia do mensalão como o mais delicado do governo e voltou a reconhecer os erros cometidos pelo PT. “O PT cometeu os mesmos desvios que criticava. O PT precisa voltar a acreditar em valores banalizados por conta da disputa eleitoral. É provar que é possível fazer política com seriedade. Pode fazer o jogo político, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política”. Na avaliação do ex-presidente, o PT deveria “reagir” e empunhar a bandeira da reforma política para aprovar o financiamento público de campanha, caso contrário “a política vai virar mais pervertida do que já foi em qualquer outro momento”. A entrevista foi concedida no dia 14 de fevereiro ao sociólogo Emir Sader, organizador da publicação, e ao pesquisador argentino Pablo Gentili, no Instituto Lula, em São Paulo. O livro de 384 páginas e tiragem de três mil exemplares será lançado no dia 13 de maio.

================
04/05/2013 | 17:20
'Veja': Carvalho tentou abafar caso Rose
COORDENAÇÃO VINCULADA À SECRETARIA-GERAL ABRIU INVESTIGAÇÃO PARALELA AO DA CASA CIVIL

A Secretaria-Geral da Presidência da República questionou sindicância aberta pelo governo federal para apurar denúncias por corrupção passiva e tráfico de influências contra a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha. Segundo reportagem publicada esta semana pela revista “Veja”, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, teria autorizado a Coordenação-Geral de Correição (Coreg) a instaurar um processo de investigação paralelo ao da Casa Civil. Em documento, a Coreg argumentou que a competência de investigar a funcionária era da Secretaria-Geral, e não da Casa Civil, e apontou supostas incoerências na redação da portaria que autorizou a abertura da sindicância. Ele também cobrou o direito de Rosemary Noronha ao contraditório. As ressalvas não foram levadas em conta pelo Planalto, que deu prosseguimento à sindicância da Casa Civil. O coordenador-geral da Coreg, Torbi Rech, foi o mesmo que, em 2010, presidiu a sindicância que livrou a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra de acusações de tráfico de influência.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Governo FRAUDA os seus proprios dados: assistencialismo populista (e mentiroso)

Sempre fui contra o assistencialismo governamental, em qualquer época, de qualquer governo, sob qualquer circunstância.
Sob o lulopetismo, o assistencialismo governamental expandiu-se exagerada e deliberadamente e converteu-se num imenso curral eleitoral. Foi feito expressamente para isso mesmo: faz parte do projeto de dominação permanente, monopólica e totalitária de seus autores.
Agora se descobre que é tambem mais um foco de fraude e de mentiras oficiais.
Eles sempre foram assim, se voces querem saber...
Como conviver com essa nova vergonha governamental?
Paulo Roberto de Almeida

Miséria publicitária
Editorial da Folha de S. Paulo de 10/2/2013

Ao distorcer dados da emancipação de miseráveis, governo solapa a seriedade necessária para discutir os rumos da política social

A área econômica do governo Dilma Rousseff faz escola. O malabarismo estatístico, ou "contabilidade criativa", difunde-se também para outros setores da administração federal.

O Planalto alardeia ter tirado da miséria quase 20 milhões de pessoas. São 10% da população brasileira, e isso em apenas dois anos.

O segredo da prestidigitação, no caso, está em manipular os dois aspectos cruciais da contabilidade: a definição do que vem a ser pobreza extrema (ou miséria), de um lado, e o cadastro das famílias declaradas miseráveis, do outro.

Desde 2009 está fixado em R$ 70 o teto da renda mensal familiar per capita que define a miséria para fins do Bolsa Família e de outros programas federais de assistência.

Já o rendimento dos mais pobres no mercado de trabalho veio aumentando, nesse período, mais depressa que a inflação.

Trata-se de uma emancipação social independente da ação do governo. Mas ela seria menor que a alegada na propaganda oficial superlativa, e mais corretamente medida, se o Planalto reajustasse a linha da indigência pelos índices de preço.

Corrigidos pelo IPCA, os R$ 70 de 2009 correspondem a quase R$ 90 hoje.

A alquimia para simular tamanha progressão social instantânea envolve outro sortilégio. Em 2010, o Censo do IBGE apontava cerca de 16 milhões de brasileiros com rendimento inferior a R$ 70 mensais.

Abaixo, portanto, dos 19,5 milhões que o governo anuncia terem saído da miséria nos dois anos seguintes.

Em vez de fiar-se no IBGE, o governo passou a contabilizar os indigentes de acordo com seu próprio cadastro, realizado em parceria com os mais de 5.500 municípios brasileiros. Daí surgiu o milagre da multiplicação dos miseráveis, dois anos atrás.

Não é preciso muita reflexão para atribuir ao cadastro dos beneficiários do governo um grau de vulnerabilidade técnica - para não falar das brechas a fraudes- bem mais elevado que o do Censo do IBGE.

A discussão sobre a pobreza e as formas de enfrentá-la está pronta para subir de patamar. Sabe-se hoje, por exemplo, que as condições de moradia e instrução dos mais pobres evoluíram bem mais lentamente que a renda.
Deveriam ganhar mais destaque na política social e originar novos indicadores.

Os reiterados lances de pirotecnia estatística do governo federal, porém, chamuscam sua seriedade e sua credibilidade nesse debate.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A mistificacao das massas pela mentira politica (uma nota multipartidaria)

Parodiando Churchill (que ele me desculpe), nunca, tão poucos, tentaram enganar tantos, com tão poucos e tão pobres argumentos, com tantas mentiras e mistificações juntas.
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Aliás, considero uma vergonha ter de postar uma nota tão canhestra, tão medíocre, neste espaço. Só o faço porque ela é indicativa de toda uma falta de pensamento, que no entanto alimenta um discurso político mentiroso, e que pode servir a fins didáticos de educação cidadã.


À SOCIEDADE BRASILEIRA
O PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, representados pelos seus presidentes nacionais, repudiam de forma veemente a ação de dirigentes do PSDB, DEM e PPS que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja, pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação.
As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova.
O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados.
Assim foi em 1954, quando inventaram um “mar de lama” para afastar Getúlio Vargas. Assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o País a 21 anos de ditadura. O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos.
Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula .
A mesquinharia será, mais uma vez, rejeitada pelo povo. 
Rui Falcão, PT
Eduardo Campos, PSB
Valdir Raupp, PMDB
Renato Rabelo, PCdoB
Carlos Lupi, PDT
Marcos Pereira, PRB.
Brasília, 20 de setembro de 2012.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Concepcao alucinada da historia: "mensalao" como "golpe da imprensa"

Poderia ser alucinação, mas pode ser simplesmente cinismo, ou tentativa desesperada de, mais uma vez fraudar não só a história, real, objetiva, do país, mas as próprias instituições do Estado, que denunciaram uma trama sórdida de compra de partidos e políticos.
Nunca antes na história deste país, alguém que exerceu cargos de tão alta responsabilidade desceu tão baixo na mentira e na fraude para defender comportamentos mafiosos que marcaram indelevelmente seu partido e seus dirigentes.
O Editorial do Estadão, reproduzido mais abaixo, caracteriza Lula como "prisioneiro do ressentimento". Acho que o jornal se engana: não se trata de ressentimento. Lula tem ódio dos que não aderem incondicionalmente a seu estilo  bizarro de governar (e o bizarro só figura aqui para não colocar um conceito mais forte, próximo das famiglias conhecidas no submundo de certos países). Ele tem despeito, inveja, ódio, e uma tremenda necessidade de que os outros o reconheçam como o primus inter pares, o melhor de todos, o único, o semi-deus da história brasileira.
Além da megalomania, e da obsessão narcissista, certos traços beiram o totalitarismo dos tiranos, aqueles que só podem convive com quem os bajula.
Paulo Roberto de Almeida


Mensalão foi tentativa de golpe da imprensa, diz Lula

Portal Comunique-se, 22/05/2012
Em discurso após receber o título de cidadão paulistano e a medalha Anchieta, em solenidade na noite dessa segunda-feira, 21, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o mensalão. Para o petista, o escândalo não passou de uma tentativa de golpe contra o seu governo.
Sem citar nomes, Lula disse que tal atitude contou com a participação de veículos de comunicação. "O PT era atacado por grande parte dos políticos da oposição e por uma parte da imprensa brasileira. Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país", disse.


A declaração do ex-presidente foi publicada nesta terça-feira, 22, pela Folha. O texto, assinado por Diógenes Campanha e Bernardo Mello Franco, foi reproduzido em blogs e outros sites, como as páginas dos jornalistas Ricardo Noblat, colunista de O Globo, e de Fábio Pannunzio, repórter da TV Bandeirantes.
O ex-presidente disse que a oposição recuou diante do apoio dos movimentos sociais e populares que recebeu. Lula declarou que não seria o novo Getúlio Vargas, que cometeu suicídio, e nem a versão do século XXI de João Goulart, deposto do cargo de presidente em 1964 pelo Golpe Militar.
“Só tem um jeito de eles me pegarem aqui. É eles enfrentarem o povo nas ruas deste país. Aquilo foi a coisa que mais deixou eles com medo de continuar na luta pelo impeachment", afirmou”, discursou Lula durante a homenagem que recebeu da Câmara da capital paulista.
Leia mais:
=========
Prisioneiro do Ressentimento
Editorial O Estado de S.Paulo, 23/05/2012
Mais velho, mais sofrido - e nem por isso mais sábio -, o ex-presidente Lula levou para a Câmara Municipal de São Paulo, onde receberia na segunda-feira o título de Cidadão Paulistano, as suas obsessões e os seus fantasmas: as elites e o mensalão. Ao elogiar no seu discurso a gestão da prefeita Marta Suplicy, ele se pôs a desancar a "parte da elite" de cujo preconceito ela teria sido vítima "porque ousou governar para os pobres". Marta fez os CEUs (centros educacionais unificados), exemplificou, para acolher crianças de favelas, algo inaceitável para aqueles que não querem que os outros sejam "pelo menos iguais" a eles.
O ressentimento de que Lula é prisioneiro o impede de aceitar que, numa megalópole como esta, há de tudo para todos os gostos e desgostos - e não apenas no topo da pirâmide social. Os que nele se situam, uma população que o tempo e as oportunidades de ascensão de há muito tornaram heterogênea, não detêm o monopólio do preconceito de classe. Durante anos, até eleitores mais pobres, portadores, quem sabe, do proverbial complexo de vira-lata, refugaram a ideia de votar em um candidato presidencial que, vindo de onde veio e com pouco estudo, teria as mesmas limitações que viam em si para governar o Brasil.
Lula tampouco admite, ao menos em público, que dificilmente teria chegado lá se o destino não o tivesse levado a viver na mais aberta sociedade do País - que também abriga, repita-se, cabeças egoístas e retrógradas, mas onde o talento, o trabalho e a perseverança são os mecanismos por excelência de equalização social. Em 1952, quando a sua mãe o trouxe com alguns de seus irmãos para cá, estava em pleno andamento, aliás, a substituição das tradicionais elites políticas paulistas por nomes que expressavam as mutações por que vinha passando desde a 2.ª Guerra Mundial o perfil demográfico da capital.
Pelo voto popular, chegaram ao poder descendentes de imigrantes e outros tantos cujas famílias, vindas de baixo, prosperaram com a industrialização, educaram os filhos e os integraram, à americana, na renovada estrutura política. O curso natural das coisas, pode-se dizer, consumou a metamorfose na pessoa do carismático torneiro mecânico pau de arara ungido presidente da República. No Planalto, é bom que não se esqueça, ele vergastava as elites nos palanques e se acertava na política com o que elas têm de pior. Lula se amancebou com expoentes do coronelato do atraso, do patrimonialismo e da iniquidade - o mesmo estamento oligárquico que contribuiu para confinar à miséria incontáveis milhões de nordestinos.
Elas não lhe faltaram no transe do mensalão - "um momento", repetiu pela enésima vez o mais novo cidadão paulistano, "em que tentaram dar um golpe neste país". Na sua versão da história, as elites, a oposição e a mídia só desistiram de destituí-lo de medo de "enfrentarem o povo nas ruas". Falso. Lula ainda não havia completado o trajeto da contrição - "eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas" - à ameaça de apelar ao povo, quando a oposição preferiu não pedir o seu impeachment para não traumatizar o País pela segunda vez em 13 anos. Pelo menos um dos homens do presidente, ministro de Estado, procurou os líderes oposicionistas para dissuadi-los da iniciativa.
O estopim foi o depoimento do marqueteiro de Lula, Duda Mendonça, na CPI dos Correios, em agosto de 2005. Ele revelou ter recebido em conta que precisou abrir no paraíso fiscal das Bahamas, a conselho de Marcos Valério, o publicitário que viria a ser o pivô do mensalão, a soma de R$ 10 milhões pelos serviços prestados três anos antes à campanha presidencial do petista e ao partido. Afinal, parcela da bolada já estava no exterior e outra sairia do caixa 2 da agremiação - os famosos "recursos não contabilizados" que Lula admitiria existir na reunião ministerial que convocou para o dia seguinte da oitiva de Duda. Tecnicamente, o PT poderia ter o seu registro cassado, e o presidente poderia ser afastado, se as elites quisessem levar a ferro e fogo o combate político. Se conspiração houve, em suma, foi para "deixar pra lá".

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Minhas previsoes "previsiveis": a Telesur e os companheiros...

Quem me segue há certo tempo, sabe que eu tenho as minhas "previsões imprevisíveis", ou seja, aquelas que estão destinadas a nunca serem realizadas, por teoricamente plausíveis, mas materialmente impossíveis.
Querem um exemplo? O MST deixar de ser um partido neobolchevique, parar de invadir propriedades do agronegócio e de acusá-lo de exportar alimentos que faltam na mesa dos brasileiros. Impossível, não é? E, no entanto, você também pode fazer, como eu, uma previsão imprevisível como essa.
Querem outra?
O governo vai deixar de exibir ministros com ficha corrida, que ele precisa defender antes e demitir depois, que ele vai parar de fazer protecionismo barato e reclamar da "concorrência desleal" de produtos estrangeiros, e dar início, enfim, ao conjunto de reformas INTERNAS capazes de devolver competitividade à indústria brasileira, essas coisas banais de reforma tributária, infraestrutura decente -- sem precisar fazer contorsionismos verbais em torno das privatizações meia-boca que são as concessões, incompetentes, além do mais --, diminuição do custo Brasil, etc. Acham que isso vai acontecer? Posso apostar que não, e pago em livros, como sempre, se alguém apostar que isto ocorre este ano da graça das eleições de 2012...
Pois bem, desta vez quero fazer uma previsão completamente previsível, e posso apostar com quem quiser como ela vai se realizar (e pago, como sempre...).
Vejam primeiro a nota abaixo, do blog de Marcos Guterman, no Estadão (e vejam o video, no link):

A emissora TeleSur, estatal latino-americana com sede na Venezuela, deu o tom de como será a eleição presidencial venezuelana. Assim que a boca-de-urna das primárias da oposição confirmou a vitória de Henrique Capriles como o candidato que enfrentará Hugo Chávez em outubro, a TV deu a “ficha” do sujeito: golpista, depredador da Embaixada de Cuba e filiado à TFP, entre outras qualidades.
É justo que a biografia de Capriles seja objeto desse tipo de escrutínio; afinal, a imprensa tem de ser vigilante em relação àqueles que almejam cargos públicos. Por isso, espera-se que a TeleSur, financiada com dinheiro público e que se orgulha de não discriminar ninguém por sua posição política, dispense o mesmo tratamento vigilante a Chávez. A não ser que a “construcción de un nuevo orden comunicacional”, prometida pela TeleSur em sua “missão”, signifique somente a construção da realidade conforme as conveniências chavistas.

Pois eu aposto, com quem quiser, que o mesmo tom sectário, mentiroso, oportunista, falso, aproveitador, deformado, enganoso (chega, vocês completam...), vai estar, logo, logo, nos veículos dos companheiros, esses pasquins que atendem pelo nome de "Correio do Brasil", esses sites patéticos com personagens ainda mais patéticos, que respondem com alguma coisa Maior, enfim, vocês conhecem esses esportistas do pensamento único.
Querem apostar?
Não vai passar uma semana antes que os mentirosos locais reproduzam as mentiras dos mentirosos amigos bolivarianos. Eles estão aí para isso mesmo...
Quem quer apostar?
Como já disse alguém (o romancista Moacir Scliar, na boca de um revolucionário inventado do fabuloso exército do Birobidjan), uma mentira progressista vale muito mais do que uma verdade reacionária...
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 28 de janeiro de 2012

O livro abjeto sobre as privatizacoes antes dos companheiros -- resenha de ex-funcionario do BNDES

O livro sobre a chamada "privataria tucana" é, obviamente, um lixo, como eu já tinha denunciado aqui, mesmo sem lê-lo, mas baseado em amplas informações de imprensa, com base no puro bom-senso e no que já conheço das posições fraudulentas e mentirosas daqueles que o incensaram.
Ainda assim, AAs (adesistas anônimos, ou melhor petistas enraivecidos) haviam escrito para este blogueiro com sua carga habitual de impropérios sem qualquer argumento sério.
Eles mesmos não devem ter lido o livro, e se comprazem no seu exercício abjeto costumeiro: mentir, denegrir, falsear a realidade, enfim, fazer o espetáculo habitual de patifarias repetidas.
Abaixo, a resenha de quem leu o livro e participou do processo de privatizações.
Os companheiros também fazem privatizações, mas em favor deles mesmos, não da sociedade...
Paulo Roberto de Almeida 

Análise inicial do livro Privataria Tucana
Luiz Ferreira Borges
Tribuna da Imprensa online, 27.12.2011

O livro tem 340 páginas e somente 13 folhas sobre os processos de Desestatização (que segue tendo aplicação até hoje), confundidos com a privatização brasileira dos anos 1990, envolvendo os governos Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso.
O autor trata, como parte de seu tema, privatizações realizadas por governos do PDT (Eselsa), do PMDB (CSN) entre outros.
O autor, embora alegue dez anos de pesquisa, não fez qualquer trabalho dessa natureza nos arquivos do Programa Nacional de Desestatização – PND existentes no BNDES e cita o nome só de membros de sua alta administração, sem nenhuma acusação fundamentada. Teria sido fácil entrevistar pelo menos um dos mais de cem técnicos envolvidos com o processo no BNDES, nos bancos estaduais, no CADE e em outros órgãos do Estado ligados à gestão do programa.
O autor não cita uma só vez nada das sete toneladas de documentos que foram enviadas à CPMI da Privatização realizada no Congresso Nacional durante o Governo Fernando Henrique Cardoso.
Também não leva em conta a existência de aprovações de contas do programa pelo TCU ou os inquéritos arquivados que foram abertos pela Polícia Federal. Não há qualquer extrato dos milhares de processos judiciais movidos contra o PND.
Também foram ignoradas as legislações federal, estadual e municipal aprovadas para dar sustentação à gestão do PND. Exceto duas obras citadas em pé de página, não houve a preocupação de consulta bibliográfica aos milhares de livros, monografias, artigos e comentários feitos na Academia sobre o tema, no Brasil e no exterior. Aliás, o livro não traz bibliografia consultada ou indicações de acesso à internet.
As 50 indicações de pé de página usam jornais cinco vezes, revistas semanais dez vezes, livros duas vezes, internet duas vezes e transcrições de autos duas vezes (não relacionados ao PND).
O autor também não se deu ao trabalho de ler as prestações de contas feitas à sociedade pelo BNDES sobre o PND e, especificamente, sobre os processos de venda citados. As demonstrações financeiras das empresas desestatizadas também não foram utilizadas para qualquer referência sistemática no texto do livro.
O livro trata de outros assuntos, com diferentes graus de profundidade, como a família do então ministro José Serra, o próprio Amaury Ribeiro Junior (que se cita em diversos pés de página), o banco Opportunity e os seus controladores, o Banestado, o traficante João Arcanjo, o senhor Marcus Valério, a família Maluf, o caso Baumgarten, as brigas internas de PSDB e PT, inclusive quanto ao uso do aparelho do Estado, a operação Satiagraha da Polícia Federal, a descrição dos instrumentos sobre lavagem de dinheiro, o caso INSS versus Jorgina Freitas entre inúmeros outros.
Os três capítulos que tratam da Privatização serão analisados de forma mais detalhada, mas não encontrei mais do que opiniões ou ilações mal costuradas.
Minha conclusão é de que, pela sua irrelevância para a história do BNDES, o livro Privataria Tucana não traz nenhuma acusação que mereça ser oficialmente rebatida pela APA, embora possa pensar em ações em caráter pessoal para questioná-lo sobre esses pontos. Nesse sentido pergunto se algum dos colegas foi procurado pelo autor na montagem de sua obra?

Luiz Borges é ex-funcionário do BNDES e passou o dia do Natal analisando o livro.
(Publicado na Tribuna da Imprensa na internet, 27.12.2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quem disse que o governo ia fazer economia? Ele mesmo? Mentiroso, entao...


Gustavo Patu e Ana Carolina Oliveira
Folha de S.Paulo, 20/09/2011
O governo Dilma Rousseff reduziu o ajuste fiscal dos R$ 50 bilhões anunciados em fevereiro para R$ 39 bilhões e, pela primeira vez, estima gastar mais neste ano do que no ano eleitoral de 2010. A reformulação das projeções foi divulgada ontem, sem alarde, no relatório feito a cada bimestre sobre a evolução das metas orçamentárias.
O documento deixa claro que a melhora nas contas do Tesouro está amparada no desempenho da arrecadação de impostos. As despesas chegarão ao equivalente a 18% do Produto Interno Bruto, patamar recorde. Até então, indicava-se uma queda dos 17,9% de 2010 para 17,7% do PIB. Impulsionada por receitas extraordinárias, decorrentes de vitórias judiciais ou da renegociação de dívidas tributárias, a estimativa de arrecadação foi elevada em R$ 21 bilhões.
Ela chegará ao recorde de 20,2% do PIB, já descontados os repasses obrigatórios para Estados e municípios. Foram esses recursos que permitiram o compromisso, anunciado há três semanas pelo ministro Guido Mantega, de elevar em R$ 10 bilhões a meta federal de superavit primário, ou seja, a parcela do Orçamento poupada para abater a dívida pública. Os R$ 11 bilhões restantes se transformarão em aumento de despesa, concentrado, segundo as novas projeções, em gastos obrigatórios que a equipe econômica prometia reduzir no início do ano. Do valor original do ajuste fiscal, R$ 3 bilhões deveriam vir da redução dos gastos com o pagamento do seguro-desemprego e abono salarial. Agora, a previsão foi elevada em quase R$ 5 bilhões. Também houve alta de R$ 5,5 bilhões na estimativa de gastos da Previdência Social.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Afirmacoes que serao desmentidas em breve...

Adivinhem quem disse o que vai abaixo?

Sobre a eleição presidencial em 2014

• "O Brasil terá uma candidata em 2014 chamada Dilma Rousseff". Não pretendo voltar à Presidência. Acho que já cumpri com a minha tarefa para esse país.

• Só existe uma hipótese de Dilma não se candidatar a reeleição em 2014. "Ela não querer".

• Dilma será minha candidata em 2014′, disse em 27 de de 2010.

• “Estou interessado em passar um processo de desencarnação. Vou passar um tempo sem me meter na política, sem dar palpite... Só não disse quanto tempo. Alguns segundos, provavelmente.

• Dilma será candidata à reeleição em 2014 - 29 de Julho de 2011 - na Escola Superior de Guerra (ESG).

• "Essa coisa (disputar eleição), se tiver de acontecer, a conjuntura do momento vai indicar. Até porque quero dar um exemplo de ex-presidente: quero deixar a Presidência e não vou virar palpiteiro".

• Trabalho "com a ideia fixa de que a companheira Dilma (Rousseff) será outra vez candidata à Presidência da República".

Bem, acho que serão desmentidas antes que você possa aprender o significado de "saperlipopete".
(Uma dica: busquem nos livros antigos...)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Navios desenvolvimentistas; jangadas neoliberais; concorrencia predatoria estrangeira

Então ficamos assim: foram as políticas neoliberais que destruiram a indústria naval brasileira, não o caos econômico criado no final do regime militar brasileiro e redemocratização economicamente errática que se seguiu, com hiper-inflação, descalabro fiscal do Estado, déficits orçamentários, crise econômica e todos os males que foram penosamente reparados e superados pela política "neoliberal" da era FHC, políticas de ajsute que foram preservadas pelo governo petista que se seguiu. Agora, finalmente, essa indústria está sendo salva, e a Petrobrás, e todos os demais compradores potenciais, estão adquirindo navios brasileiros muito melhores e mais baratos do que os concorrentes estrangeiros. Ainda bem que sabemos preservar o dinheiro do povo...

Ficamos assim, também: a implosão da Alca trouxe enormes benefícios ao Brasil, que passou a dispor de bons e generosos acordos com a União Européia, que faz tudo para facilitar a nossa vida e os progressos da integração regional, ao contrário do império perverso, que só queria dominar a América Latina e implodir o Mercosul. Pode-se também agradecer aos dirigentes os enormes progressos do Mercosul, que vem sendo a cada dia fortalecido pelas excelentes políticas generosas da Argentina...

Ficamos, finalmente, assim, as políticas desenvolvimentistas do lulo-petismo fortaleceram enormemente as indústrias brasileiras, que são pujantes, competitivas e poderosas, exportando cada vez mais para os quatro cantos do mundo, sobretudo para o nosso parceiro especial e aliado estratégico, a China. Isso devemos agradecer ao governo Lula: ao não praticar uma política neoliberal, e sim uma política de defesa da soberania nacional, ele reforçou o potencial competitivo das indústrias brasileiras no plano internacional, que nunca exportaram tanto, a um câmbio tão favorável, ganhando espaços nos mercados externos e preservando, como deve ser, o mercado nacional para os produtores nacionais, salvando-os, ademais, da concorrência predatória dos malvados do exterior...

Ufa: ainda bem que temos dirigentes tão preclaros, avisados, inteligentes, nacionalistas, soberanos.
Imaginem se não fosse assim...
Paulo Roberto de Almeida

Política
Lula reencontra militares e defende Jobim
Maurício Thuswohl
Rede Brasil Atual, 30/07/2011

Lula aproveitou palestra a militares para apoiar Jobim e reafirmar a amizade com Dilma Rousseff

Rio de Janeiro – Diante de um auditório lotado por autoridades civis e militares, além de oficiais das três forças armadas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva travou na sexta-feira (29) seu primeiro contato oficial com as lideranças militares do país desde que deixou o posto máximo da República, há sete meses. Acompanhado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelos três ministros militares - general Enzo Peri (Exército), almirante Júlio de Moura Neto (Marinha) e brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica) -, Lula foi recebido na Escola Superior de Guerra (ESG) em ambiente amistoso, fez diversas menções elogiosas às Forças Armadas e teve sua palestra, sobre “o Brasil do futuro”, diversas vezes interrompida por aplausos.

Alvo de todas as atenções por conta da polêmica amplificada nos últimos dias pela grande imprensa após ter declarado voto no tucano José Serra nas últimas eleições presidenciais, o ministro Jobim não tocou no assunto, mas teve em Lula um defensor. Na saída da palestra, quando indagado se o episódio causaria mal-estar entre o ministro e a presidente Dilma Rousseff, Lula retrucou: “E quem disse que a gente tem que governar só com quem vota na gente? Um presidente tem que governar com os melhores. A gente não pode fazer política achando que quem não votou na gente é pior do que quem votou”.

Provocado por jornalistas que perguntaram se o apoio a Jobim poderia contrariar a presidenta Dilma, que estaria incomodada com o ministro da Defesa, Lula respondeu com uma crítica à oposição: “Antes das eleições, diziam que a Dilma era um poste, não tinha experiência, não fazia política, etc. Depois que ela ganhou, eles se autodeterminaram amigos dela. E eu, inimigo. É claro que eu e Dilma somos diferentes, mas vocês sabem onde nós somos iguais? Somos iguais na afinidade ideológica e no compromisso programático com o desenvolvimento do nosso país. Não adianta tentarem criar intriga entre nós, porque no dia em que eu tiver uma divergência com a Dilma, ela estará certa”.

Minutos antes, durante a palestra, Lula já havia elogiado Jobim, a quem se referiu como companheiro pela condução do processo de elaboração da Estratégia Nacional de Defesa, aprovada durante seu governo. O clima entre os interlocutores era ameno, e o primeiro afago de Lula na platéia majoritariamente militar veio com um elogio ao ex-presidente Ernesto Geisel, penúltimo presidente-general durante a ditadura, “por sua ousadia ao investir em infraestrutura durante os anos setenta”. Lula, entretanto, observou que foi exatamente nesta época que a dívida externa brasileira em dólar cresceu consideravelmente.

Dirigindo-se ao comandante da Marinha, Lula lembrou que a indústria naval brasileira chegou a ser a segunda maior do mundo, mas foi sucateada no período neoliberal: “Em 2002, quando fui eleito, a indústria naval brasileira, que chegou a ter 50 mil trabalhadores nos anos setenta, tinha somente 1,9 mil trabalhadores. Travamos uma luta política para provar que era possível recuperar a indústria naval e, oito anos depois, voltamos a ter mais de 50 mil trabalhadores atuando em estaleiros espalhados por diversos estados do Brasil”, disse.

O ex-presidente reafirmou que o fortalecimento das Forças Armadas é um aspecto fundamental dentro do projeto político trilhado pelo Brasil nesses últimos oito anos e meio: “Quando eu cheguei no governo, o Batalhão de Engenharia do nosso Exército não tinha sequer uma betoneira. Hoje, está tão preparado que algumas empreiteiras já estão com medo. Os submarinos da Marinha e os helicópteros da Aeronáutica também estão perto de virar realidade. A gente não quer as Forças Armadas fazendo política, mas também não as quer subalternas e desacreditadas. Queremos Forças Armadas bem treinadas, preparadas, equipadas e respeitadas”.

Lula citou os desafios que, segundo ele, as Forças Armadas brasileiras têm pela frente. “O Brasil quer construir a paz na América do Sul, onde temos 16 mil quilômetros de fronteiras. Somos um país que hoje tem preocupação com a Amazônia, com seus oito mil quilômetros de costa marítima, que acaba de descobrir o pré-sal e quer defender a biodiversidade existente em nosso território. Por isso, a Estratégia Nacional de Defesa é extremamente importante para o Brasil que queremos criar para amanhã e depois de amanhã. É um modelo que queremos deixar para os nossos filhos”, disse.
Nova ordem, novos parceiros

As mudanças na política externa brasileira foram também abordadas por Lula na conversa com os militares: “Este país conquistou auto-estima e respeitabilidade, e não quer mais ser inferior a ninguém”. Lula citou um momento marcante de seu início de governo, quando foi ao Fórum Social Mundial em Porto Alegre e de lá saiu diretamente para o Fórum de Davos, como definidor de uma mudança de postura do Brasil. “Pude fazer o mesmo discurso nos dois lugares. Pude falar da fome com a mesma clareza que falei em Porto Alegre, mesmo sabendo que Davos não é lugar para falar de fome, pois todo mundo está de barriga cheia”.

“Naquele momento, vi que tínhamos que mudar a geografia política, econômica e comercial do mundo. Não é possível que os mesmos países que já detinham o poder e a hegemonia das decisões no pós-guerra continuem a ter a mesma atitude até hoje sem levar em conta que, do ponto de vista econômico e do ponto de vista político, o mundo mudou”, continuou o ex-presidente, antes de defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU. “As forças não são mais como eram em 1945, existem outros atores que querem jogar, querem participar, e não estão mais dispostos a serem apenas meros espectadores”, disse.

O novo período que o Brasil quer ver iniciado nas relações multilaterais, segundo Lula, passa necessariamente por uma nova ordem nas relações comerciais do país. “Quando chegamos ao governo, as exportações e importações do Brasil com a África eram de apenas US$ 5 bilhões, e em 2011 chegaremos aos US$ 20 bilhões em comércio com os países africanos. Com a América do Sul, tínhamos um comércio de apenas US$ 15 bilhões, e hoje chegamos a US$ 83 bilhões. Com a Ásia, tínhamos um comércio de US$ 16 bilhões e hoje temos um comércio de USS 112 bilhões”.

O ex-presidente falou especificamente da relação com os países ricos: “Qual a explicação para um país do tamanho do Brasil ficar tão dependente em suas relações econômicas dos Estados Unidos e da Europa? Por quê não procurar estabelecer novas parcerias? Fui muito criticado ao comprar uma briga para acabar com a Alca. Nós não queríamos a Alca porque não era um modelo de integração latino-americano. Era, na verdade, a tentativa de fazer um grande acordo entre os EUA e o Brasil, as duas maiores economias do continente. Não estava prevista na Alca nenhuma benevolência para ajudar os países mais pobres como aconteceu na União Européia. Apanhamos muito, mas vencemos e fortalecemos o Mercosul”.