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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Embaixadores veteranos no “Parque dos Dinossauros” - Denise Chrispim Marin (Veja)

Os veteranos encostados no Itamaraty
Denise Chrispim Marin
VEJAedição nº 2653, 25 de setembro de 2019

Ernesto Araújo preencheu os principais postos do Itamaraty com diplomatas menos experientes — e deixou sem função definida gente com longa quilometragem

Fazer carreira na diplomacia sempre foi uma empreitada escorregadia, sujeita aos humores do governo e do chanceler de plantão. Um passo na direção errada, ou uma troca de função em momento impróprio, pode render anos no limbo, até os ventos políticos mudarem. Durante décadas o Itamaraty acomodou esses diplomatas “excedentes” no temido DEC — sigla do informal, mas muito movimentado, “departamento de escadas e corredores”. Uma vez exilado lá, o funcionário não tinha sala, nem mesa, nem cadeira e vagava como assombração pelo Palácio dos Arcos, em Brasília, à procura de um colega capaz de abrigá-lo em algum gabinete. O DEC foi extinto quando o Tribunal de Contas da União deu um pito no Ministério das Relações Exteriores por manter funcionários sem cargo e ganhando salário, mas o conceito permanece vivíssimo. Neste governo de política externa heterodoxa e indiferença à hierarquia diplomática, o chanceler Ernesto Araújo já encaixou vários desafetos em áreas pouco nobres do palácio e reservou a sala 203 do Anexo 1 — prontamente batizada de “Parque dos Dinossauros” — para que veteranos sem cargo fixo aguardem a convocação para uma ou outra tarefa eventual (com direito a água e cafezinho).

No total, existem no momento dezesseis diplomatas no ostracismo, e a maioria não sabe direito como foi parar nessa situação e se ainda tem alguma chance de obter um posto de verdade no ministério. O custo desse desperdício de experiência é de cerca de 4,5 milhões de reais por ano.

Há os que sabem, sim, precisamente o motivo da punição. Com passagens pelo DEC original nos anos 2000, durante as gestões de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, por causa das frequentes críticas aos governos do PT, o “contrarianistaPaulo Roberto de Almeida chegou a ser reabilitado no governo Michel Temer, quando foi promovido a embaixador — por sinal, na mesma turma de Araújo, dezessete anos mais novo. Mas viu-se deslocado neste ano para a Divisão de Arquivo, no 2º subsolo do Anexo 2 do Itamaraty, o “Bolo de Noiva”, onde celular e wi-fi não funcionam. Almeida, 42 anos de carreira diplomática, dezesseis livros publicados e doutor em ciências sociais pela Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, responde hoje a um primeiro-secretário — a terceira das seis “patentes” da afunilada hierarquia do Itamaraty.

Para driblar o vazio tecnológico, o embaixador apossou-se de uma mesa da biblioteca do ministério, onde escreveu Miséria da Diplomacia, obra que trata da ausência de política externa na gestão de Araújo, por ele chamado de “chanceler acidental” e “diplomata utópico”. Almeida foi demitido da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) na Segunda-Feira de Carnaval, sete horas depois de ter republicado em seu blog, o Diplomatizzando, artigos do embaixador aposentado Rubens Ricupero e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando Araújo e do próprio chanceler desancando os outros dois. “Antes, eu já tinha publicado a nota ‘Olavices debiloides’, com declarações de Olavo de Carvalho, a quem Ernesto Araújo chama de professor”, confessa. O sogro de Araújo, o ex-secretário-geral das Relações Exteriores Luiz Felipe de Seixas Corrêa, ainda tentou interceder em favor do diretor do Ipri, que o convidara para uma palestra na semana seguinte. Não adiantou. Almeida observa quão “tóxico” se tornou quando atravessa o corredor entre os Anexos 1 e 2 do Itamaraty para visitar os “dinossauros” e, nos corredores, recebe no máximo alguns sorrisos disfarçados dos conhecidos. “Queria muito voltar para o Ipri, mas com total liberdade. Como vou me aposentar em 2022, creio que meu futuro é mesmo no porão do Itamaraty”, suspira.

Ao contrário do calejado Almeida, outros diplomatas na geladeira da atual gestão jamais haviam passado por tal situação. Dois deles foram chamados de Bruxelas e de Viena no fim de 2018 para assumir subsecretarias do Itamaraty e, no dia da posse de Jair Bolsonaro, se viram sem cargo em Brasília nem indicação para outras posições no exterior. Nesse caso, foram vítimas da decisão de Araújo de mudar o organograma da casa e reservar os principais postos a embaixadores tão novatos quanto ele. “A hierarquia, que era a coluna vertebral do Itamaraty, virou uma salada. O chanceler quer trabalhar só com quem diga amém a suas ideias e decisões”, afirma um diplomata congelado.

Enquanto os bons cargos no ministério são ocupados pela ala júnior, os embaixadores seniores lutam pela sobrevivência. Antes mesmo da posse de Bolsonaro, alguns mais espertos, antecipando a transformação do Itamaraty em um dos ministérios ideológicos do novo governo, trataram de buscar postos em embaixadas menos relevantes e em consulados, evitando assim ter de defender causas que consideram constrangedoras. Três diplomatas veteranos conquistaram cargos em outras áreas do governo — na Presidência, na Vice-Presidência e no Gabinete de Segurança Institucional —, conseguindo ao mesmo tempo livrar-­se dos ditames do ministério e adicionar 5 000 reais ao salário.

Há veteranos, porém, alinhados com o bolsonarismo desde a campanha eleitoral. O embaixador em Paris, Luís Fernando Serra, que chegou a ser cogitado para o cargo de chanceler, pôs mais lenha na fervura dos incêndios na Amazônia ao defender veementemente o governo em entrevistas à imprensa francesa. No último grupo militam os vira-casacas, que fizeram carreira nos governos petistas e hoje são só elogios à diplomacia da era Araújo. A embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, ex-chefe de gabinete de Amorim, que criou para ela a missão brasileira na ONU em Genebra, tanto se empenha agora em combater a diversidade de gênero que protagonizou um memorável bate-boca com o ex-deputado Jean Wyllys na Suíça. Fascinado pelo chavismo na década passada, Antônio Simões, embaixador do Brasil em Montevidéu, pediu recentemente à organização de um festival de cinema na cidade que vetasse a exibição do documentário Chico — Artista Brasileiro, sobre o compositor Chico Buarque de Hollanda.

Os diplomatas exilados por Araújo, seja em ambientes pouco salutares do ministério, seja no Parque dos Dinossauros, recebem 23 000 reais brutos para trabalhar muito pouco e reclamam da subutilização de seus talentos — encontram-se nessa ingrata condição especialistas em meio ambiente, desarmamento, relações com a União Europeia, negociações políticas, assuntos de Oriente Médio e África, entre outros. “Agora, fazemos bico”, queixa-se um congelado. O embaixador Flávio Macieira, 67 anos, 42 de carreira, desembarcou em Brasília no fim de 2018, vindo do Panamá, a economia que mais cresce na América Latina, depois de cumprir dez anos no exterior. Não tinha cargo reservado e caiu no Parque dos Dinossauros, mas não perdeu a esperança de ainda fazer algo útil antes da aposentadoria compulsória, aos 75 anos. “Creio que, com o tempo, todo esse grupo experiente vai acabar sendo aproveitado”, diz, otimista. O Palácio do Itamaraty, hoje sede do Escritório de Representação no Rio de Janeiro (Ererio), abriga cinco veteranos sem funções. Na representação de São Paulo (Eresp), três embaixadores estão na mesma condição.

Para o Ministério das Relações Exte­riores, o gelo de diplomatas não passa de “rodízio e renovação de chefias”. “Como ocorre em todas as instituições, públicas e privadas, há profissionais que podem não estar inteiramente satisfeitos com as posições que ocupam ou que considerem não ter sido atendidas suas expectativas”, declarou o ministério em nota a VEJA. O embaixador Mário Vilalva, demitido da Agência de Promoção de Expor­tações e Investimento (Apex) em abril passado, depois de ter denunciado um “golpe” de Araújo para mudar o estatuto do órgão, é dos poucos insatisfeitos que resolveram quebrar o gelo: está fechando contrato com uma empresa privada e vai abandonar a diplomacia. Dinossauro, nem pensar.

domingo, 11 de agosto de 2019

"Lançamento" de "Miséria da diplomacia" na Livraria Tapera-Taperá - Paulo Roberto de Almeida

O "lançamento" está entre aspas porque era impossível lançar algo que não existe materialmente: o livro está disponível digitalmente, como já informei neste blog:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/miseria-da-diplomacia-em-edicao-de.html

O vídeo da palestra está disponível neste link:
https://youtu.be/RhjPCoG9uRM

Para ter uma ideia das referências que fiz na apresentação, pode-se apelar ao PowerPoint que eu tinha preparado para a ocasião:

plataformas Academia.edu: https://www.academia.edu/40001948/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_-_PowerPoint
e Research Gate:
https://www.researchgate.net/publication/334935220_Miseria_da_Diplomacia_-_Apresentacao_Paulo_R_Almeida 
DOI: 10.13140/RG.2.2.23836.44169

Preciso corrigir certos defeitos de expressão, como essa mania de "paulista", ou de paulistano, que sou, de recorrer continuamente ao "né?", ou "não é?"

No mais, foi divertido, sobretudo rever velhos amigos, como os embaixadores Rubens Ricupero, Rubens Barbosa, Synesio Sampaio Goes e Osmar Chohfi, e fazer alguns novos, como o próprio diplomata-livreiro Antonio Freitas.

Paulo Roberto de Almeida
Catalão (GO), 11/08/2019


sábado, 3 de agosto de 2019

Preview de PowerPoint: Miséria da Diplomacia - Livraria Tapera-Taperá, 10/08


3495. “Apresentação-debate do livro Miséria da Diplomacia”, Brasília, 26 julho 2019, 14 slides. Apresentação em Power Point para a livraria Tapera-Taperá, em 10 de agosto de 2019, em SP. Inserido em formato pdf nas plataformas Academia.edu (https://www.academia.edu/40001948/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_-_PowerPoint) e Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334935220_Miseria_da_Diplomacia_-_Apresentacao_Paulo_R_Almeida). DOI: 10.13140/RG.2.2.23836.44169.

A Livraria providenciará transmissão online da sessão, e depois colocará o vídeo no YouTube. Quem perder, ou dormir demais, poderá assistir decalado.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Miséria da diplomacia: apresentacao-debate na livraria Tapera-Taperá, 10/08, 11hs

No próximo sábado, dia 10 de agosto, convidado pelo colega diplomata e livreiro Antonio Freitas, terei o prazer de animar um de seus muitos eventos literários, sob a forma de uma apresentação debate em torno de meu mais recente livro: 

Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty

O livro está disponível livremente em dois formatos, uma edição de autor e uma edição da Universidade Federal de Roraima, graças à iniciativa do professor Eloi Martins Senhoras, que solicitou-me colocar em coleção que ele dirige naquela universidade.
Informo aqui os dados editoriais respectivos com os links diretos para acesso ao arquivo em pdf, a todos os que desejarem conhecer seu teor: 


 1) Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5. 
Incorporado à plataforma Academia.edu  (link para o miolo do livro: https://www.academia.edu/40000881/A_Destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_Edição_do_Autor_2019_; link para a capa completa: https://www.academia.edu/39821938/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_2019)     e a Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019). 



 2) Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3.
Disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e do Google Books: https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false). 
Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_) e a Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty). 





Gostaria de agradecer ao livreiro Antonio Freitas a organização desse evento.

Tapera Taperá é uma biblioteca, livraria e espaço cultural. Um ensaio, um esboço em construção. Sem fins lucrativos, sem objetivos claros: um experimento político-cultural. Estamos numa esquina da charmosa Galeria Metrópole, com muito verde por perto, na Av. São Luís, 187, centro de São Paulo, a cerca de 150 metros da estação República do metrô. Aberta ao público das 10h até 20h de segunda a sexta e de 10h às 18h aos sábados. Venha nos visitar, tomar um café e conhecer nosso espaço, acervo e atividades. Acesse nosso site e assine nossa newsletter semanal: https://taperatapera.com.br/ Somos uma organização sem fins lucrativos, e sua contribuição é essencial para continuarmos nossas atividades e transmissões ao vivo. Associe-se à Tapera: https://taperatapera.com.br/contribua/ Acompanhe nossas redes sociais, compartilhe e divulgue a Tapera para seus amigos e familiares. https://www.facebook.com/taperataperah/ https://www.instagram.com/taperatapera/