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domingo, 1 de julho de 2012

Uma entrevista inedita incompleta - dos arquivos secretos de PRA (2005)

De vez em quando aparecem coisas ainda mais estranhas nos meus implacáveis arquivos ainda não devassados pela CIA, KGB, ABIN, MI6, DGI e outros candidatos menos qualificados. Esta entrevista, por exemplo, que comecei a dar e não sei por que raios nunca foi terminada. Falta de tempo, mais provavelmente. Mas como não me cobraram, ficou por isso mesmo.
Um dia eu termino, e atualizo o que já tinha feito...
Não preciso revelar o órgão de imprensa, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida


Uma entrevista incompleta sobre Mercosul e a política externa (2005)
Entrevista a Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 agosto 2005

IMPORTANTE!        1 - A ordem das questões poderá ser alterada por motivo de edição;
2 – A edição da entrevista será enviada para os senhores prévia à publicação para possíveis correções;
3 – Estima-se que publiquemos a entrevista no mês de Agosto de 2005.

PERGUNTAS:
1-Como o senhor analisa a política externa brasileira atual? Existiria um modelo ideal de política externa para o Brasil?
PRA: Em princípio deve-se desconfiar de “modelos ideais”. Por definição, eles não existem, pois a realidade, sobretudo no plano internacional, não se deixa dominar ou influenciar por qualquer modelo que se estabeleça a priori.
            Na verdade, não há e nem deve haver modelos ideais para política externa como para qualquer outra política, macro ou setorial. Modelos são construções teóricas, geralmente feitas ex-post, que permitem sistematizar determinadas ações políticas ou sociais que no geral foram bem sucedidas, e daí viram modelos. Ninguém transforma um fracasso em modelo, isso parece claro. No caso da política externa, a política a ser eventualmente seguida comporta variáveis que não são inteiramente ou basicamente determinadas pelo próprio governo do país que a implementa, uma vez que elas são influenciadas ou mesmo determinadas pelo ambiente internacional ou mesmo por interações diversas que esse país mantém no cenário mundial ou com outros atores relevantes.
            A política externa atual, como qualquer outra, de outros países ou deste país em outras épocas, possui elementos de continuidade e de inovação ou ruptura, estas últimas como seria normal de esperar no caso de uma mudança tão significativa de maioria política e de orientação partidária, como a que ocorreu em 2002.
            Os elementos de continuidade estão evidenciados na centralidade do Mercosul para a política externa brasileira, na chamada relação estratégica com a Argentina, na prioridade dada ao multilateralismo econômico em geral e às negociações comerciais em particular, na confirmação da América do Sul como o espaço privilegiado de atuação da diplomacia brasileira, inclusive no que se refere à integração física, bem como no relacionamento seletivo com alguns grandes parceiros em desenvolvimento (Índia, África do Sul e China, embora, anteriormente, de modo menos enfático).
            Os elementos de ruptura ou de relativa inovação também claros, uma vez que foram repetida e reiteradamente afirmados, no plano de propostas programáticas ou de plataformas eleitorais, em documentos, declarações e posicionamentos adotados pelos principais líderes do Partido dos Trabalhadores ao longo de 20 anos de caminhada em direção do poder. Esses elementos de “diplomacia partidária”, digamos assim, estão documentados em diversos trabalhos que eu mesmo elaborei sobre a “política externa” dos partidos políticos ao longo desse período. Quais são esses elementos de ruptura? Eles são marcados por uma opção preferencial pelo relacionamento com os países do Sul, de modo geral, e com os latino-americanos de maneira especial (embora isso não seja totalmente inédito para os padrões habituais da diplomacia brasileira), por uma preferência seletiva com um número restrito de parceiros ditos estratégicos (designados antecipadamente como sendo a Índia, a África do Sul e a China, aos quais poderiam igualmente ser agregados a Rússia e alguns países europeus, geralmente rebeldes ao hegemonismo americano), na forte ênfase atribuída à conquista de uma cadeira permanente no CSNU em caso de reforma da Carta da ONU, numa recusa (em parte disfarçada no governo, mas evidente no âmbito do PT) da Alca e na preferência a priori por um acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia, bem como numa vontade geral de transformar as relações políticas internacionais de modo geral, tal como evidenciado vários vezes pelos líderes do PT no sentido de “mudar as relações de força no mundo”, ou pelo próprio presidente da República, que tem reiteradas vezes enfatizado seu desejo de “mudar a geografia comercial” do mundo.
            Essa nova diplomacia já foi por ela mesma designada como sendo “ativa e altiva”, e de fato ela multiplicou iniciativas e ações em novos campos de atuação que colocaram o Brasil em posição de realce ou de vanguarda em vários foros multilaterais, regionais, assim como no terreno bilateral. Ela foi especialmente ativa no projeto de uma cadeira permanente no CSNU, tendo constituído um novo grupo de interesse, o G-4, ainda que a sensibilidade da questão poderia indicar um tratamento mais discreto dessa pretensão, como recomendaria a diplomacia profissional. Ela o foi igualmente em várias tentativas de coordenar as posições dos países do Mercosul e de outros da América do Sul nos processos de negociação comercial como os da Alca e na OMC, mas aqui novamente com sucesso relativo. Os esforços de coordenação se traduziram, por exemplo, na constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações, que é um órgão essencialmente político, mas destinado a realizar tarefas complexas nos terrenos da integração física e comercial.
  
2- A política econômica adotada pelo governo brasileiro, é bastante diferente do principal parceiro daquele que é, segundo o Itamaraty, o principal projeto de política externa do país, o MERCOSUL, chegando a gerar desconfortos entre eles. É possível ampliar a integração, reafirmando o compromisso do Itamaraty, adotando uma política econômica diferente ou o Brasil deve buscar outro "projeto principal"?
            PRA: Políticas econômicas nacionais respondem a ciclos econômicos nacionais e possuem as características de cada economia nacional. Nos últimos dez ou 20 anos, Brasil e Argentina tiveram itinerários relativamente similares, mas não semelhantes, em seus respectivos
(...)

[Parte não respondida]
3- O senhor diz que o neoliberalismo não encerra em si uma política distributiva, mas que a redução da inflação foi algo bom. Segundo Celso Furtado, em entrevista ao Merconsulta em 2002, esta redução acabou com uma das ferramentas do governo de financiamento (chegou a render 5% do Produto Nacional) e teve que ser compensada por outros meios, como, por exemplo, aumento de impostos, resultando numa situação fiscal que o próprio Prof. Celso Furtado classifica como grave, pela extrema elevação da taxa de tributos e pela deformação de sua carga sobre pobres e ricos, incidindo mais sobre os pobres, por conta dos impostos indiretos que recaem sobre a base da população. Como o Sr. analisa esta questão?
4-A desigualdade social persiste (0,6 em 93 e 0,6 em 03, segundo dados do IBGE/IPEA), acompanhada de uma queda na renda do trabalhador, segundo dados do livro Radar (a renda média do trabalhador caiu 15% entre 96 e 2003), queda esta que se refere apenas aos empregados, com ou sem carteira assinada. Também ao longo do período, o nível de homicídios cresceu mais de 30% e o desemprego passou de 6,4% para 10% da PEA. A que o Sr. atribui o mal desempenho deste índices? Quais alternativas teríamos para revertê-los?
5-O Sr. diz que o Brasil teve alguns “czares econômicos da ditadura”  (Roberto Campos, Delfim Netto, Simonsen etc.) e outros ministros políticos da Fazenda na “república populista”. Quais seriam suas críticas em linhas gerais a estes modelos/projetos?
6-O longo período de recessão que houve na América Latina fez com que os países se voltassem muito para a idéia de uma abertura externa. O argumento apresentado era o de que essas economias eram demasiadamente fechadas, muito controladas, e que para terem mais dinamismo deveriam se abrir ao exterior. Segundo Celso Furtado, muitos governantes acreditaram que seus países se encaminhariam para uma fase de progresso, avanço e desenvolvimento, mas o que ocorreu na prática foi justamente o inverso. O economista Gabriel Palma disse que as políticas econômicas não devem ser baseadas em proposições simplistas como “openness is good for growth and development”. O sr. acredita que haja coerência nas colocações destes dois economistas? Quais seriam as coerências ou incoerências dos mesmos?
7-Este mês de agosto, no Rio de Janeiro, ocorreu o Fórum IBAS (Índia Brasil e África do Sul), um Seminário de Desenvolvimento Econômico com Eqüidade Social, com a missão de promover o intercâmbio de visões acerca dos grandes desafios do desenvolvimento sustentável para esses países e compartilhamento de políticas/programas adotados nos 3 países para combate à pobreza, desenvolvimento igualitário, cooperação tecnológica, etc.. Qual a sua opinião sobre este tipo de iniciativa?
8-Como o Sr. avalia o desempenho dos programas sociais adotados no atual governo, tais como o Fome Zero, Bolsa Família, Microcrédito, etc.? Quais são os pontos favoráveis e os negativos? 
9-E sobre a questão da integração com os países industrializados, o senhor acredita que é melhor a integração com estes países ou com países em desenvolvimento?

Caso queira expor algum outro tema adicional que julgue pertinente, favor adicionar.

sábado, 30 de junho de 2012

O que os vizinhos pensam do Brasil - seminario iFHC (Sergio Fausto)

O que os vizinhos pensam do Brasil
Sergio Fausto
O Estado de S.Paulo, 17 de julho de 2011


O protagonismo do Brasil na América do Sul não é uma questão de escolha. Tornou-se um dado da realidade, com o declínio relativo da Argentina e a perda de influência dos Estados Unidos na região. Deve até aumentar no futuro previsível, dadas as tendências expansionistas da economia brasileira. A questão é saber se esse protagonismo se traduzirá em liderança e se ela será positiva para a região em seu conjunto.
Em síntese, essa foi a visão da maioria dos líderes políticos sul-americanos presentes em mesa-redonda organizada recentemente pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC) para discutir o papel do Brasil na América do Sul. Participaram da discussão o ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa, o senador chileno e ex-chanceler Ignacio Walker, a senadora uruguaia Constanza Moreira, o ex-ministro da Justiça do Peru Fausto Alvarado, além de vários brasileiros, como os embaixadores Sergio Amaral e José Botafogo Gonçalves e o ex-chanceler Celso Lafer. Uma amostra representativa da centro-esquerda democrática sul-americana.
Apesar de uma percepção em geral positiva sobre o Brasil, detectam-se incerteza e mesmo inquietude em relação ao "gigante sul-americano".
Existe receio de que a expansão das exportações e dos investimentos brasileiros em outros países da América do Sul prejudique a capacidade de produção e geração de empregos de suas economias. E que isso leve mais água para o moinho de governos, partidos e/ou movimentos adeptos de um nacionalismo retrógrado com inclinações populistas e autoritárias. Em países menores, sobretudo naqueles onde há ressentimento histórico em relação ao Brasil, como a Bolívia e o Paraguai, é bem vivo o temor de que o extravasamento da economia brasileira acabe por levá-los a uma situação de subordinação política ao colossal vizinho. Mesmo no Uruguai, o mais desenvolvido dos pequenos países fronteiriços, observa-se um incipiente nacionalismo antibrasileiro, em reação à compra de terras em quantidade crescente por empresas brasileiras naquele país.
Algumas características do investimento brasileiro na região reforçam o sentimento descrito. O fato de grandes companhias brasileiras receberem apoio do BNDES para a aquisição de empresas locais acentua a percepção de que nosso país conta com um poder excessivo, derivado não apenas do porte e da eficiência de seus maiores grupos empresariais, mas também da estreita associação entre eles e o Estado brasileiro. A propósito, em entrevista recente ao jornal Valor Econômico, o presidente da União Industrial Argentina afirmou, com exagero característico: "Só quando tivermos um BNDES poderemos abaixar a guarda".
A reação à crescente presença brasileira na América do Sul poderia ser atenuada se fossem os investimentos feitos em parceria com grupos locais, mas as joint ventures são raras, predominando o controle do investidor brasileiro sobre o negócio. São raros também os fornecedores locais que se beneficiam dos empréstimos concedidos pelo BNDES a governos vizinhos, em financiamentos vinculados ao pagamento de obras e serviços realizados pelas grandes empreiteiras brasileiras nos países da região.
Em suma, à constatação de assimetria na relação com o Brasil soma-se o sentimento de que se está diante de uma competição desleal contra um poder cujo funcionamento parece opaco. De fato, não há nada similar na região à aliança entre grandes grupos empresariais privados, fundos de pensão públicos, empresas estatais e banco de desenvolvimento. Com frequência o investimento e o crédito chineses surgem como alternativas bem-vistas diante do temor de se tornar muito dependente do Brasil, apesar de as relações entre Estado e empresas serem na China muito mais opacas do que aqui.
Além de pouco transparente, o Brasil é visto como "soberanista", isto é, relutante em ceder parcelas de sua autonomia decisória em benefício do fortalecimento de instituições de governança coletiva da região. Desse "soberanismo" faria parte a resistência a pagar o custo financeiro, em favor da integração, correspondente ao tamanho de sua economia, como a Alemanha na Europa.
O Brasil é também considerado ambivalente quanto à importância que sua política externa atribui à região. Embora a centralidade da América do Sul esteja claramente definida no discurso, resta muita dúvida sobre se o Brasil de fato considera que o fortalecimento de sua liderança regional é mesmo necessário à realização de suas ambições como global player. Critica-se o governo brasileiro por supostamente não consultar os governos sul-americanos antes de tomar iniciativas no plano internacional, ao mesmo tempo que invoca a sua condição de líder regional quando lhe interessa fazê-lo nas negociações internacionais.
É nítido o contraste entre a percepção de que o Brasil é autocentrado e até certo ponto voraz em relação aos vizinhos e a opinião que no geral se tem aqui dentro a respeito da atitude do governo brasileiro em relação à região, normalmente percebida como muito generosa com as demandas de alguns países e tolerante com eventuais desmandos contra empresas brasileiras que operam na vizinhança.
Para o Brasil, não se trata, é claro, de moldar o figurino de sua política externa sul-americana à opinião média de seus vizinhos, que, aliás, varia de país a país. Trata-se, isso sim, de constatar que nos faz falta - na sociedade e no governo - um pensamento sobre a América do Sul que leve na devida conta a percepção dos outros países da região a nosso respeito, sem perder de vista os interesses brasileiros. Precisamos de uma visão abrangente e de longo prazo, que não se deixe levar por simpatias ideológicas episódicas nem por ilusões de que o peso econômico do Brasil se traduzirá automaticamente em maior liderança política. À medida que cresça a nossa presença na região, essa visão será cada vez mais indispensável.


DIRETOR EXECUTIVO DO iFHC, É MEMBRO DO GACINT-USP; E-MAIL: SFAUSTO40@HOTMAIL.COM

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lula: mudando a relação de forcas no mundo

Realmente é difícil ser da América do Sul: não nos convidam para nada. Temos de enfiar o pé na porta e dizer que chegamos para o baile.
Depois vai ser preciso pagar o custo do baile. Não vale sair de fininho no fim da festa, ou só aproveitar os comes e bebes e querer ficar fora da despesa...
Paulo Roberto de Almeida


Lula critica países ricos e quer o Brasil junto às tomadas de decisão

Correio do Brasil, 7/6/2012 14:17,  Por Redação - do Rio de Janeiro
Lula
Lula, ao lado do prefeito Eduardo Paes, em uma inauguração no Rio de Janeiro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as nações mais ricas em relação ao combate à crise econômica e cobrou a inclusão do Brasil nos processos decisórios. Durante ato na noite passada, ao lado do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral, ele lamentou que a última conversa entre os líderes do G8, grupo das antigas nações de maior economia mundial, tenha se dado sem a participação brasileira.
– Mesmo quando a gente conquista o direito de participar do baile, eles não nos convidam. Não é fácil ser da América do Sul, como não é fácil ser da periferia de alguma cidade – disse.
Lula acrescentou que é preciso lembrar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que o Brasil está entre as sete maiores economias do mundo, à frente de nações “falidas” como França e Itália.
– Nem a China tem a segurança de crescimento que o Brasil tem até 2020 – afirmou.
O discurso foi realizado durante a inauguração do primeiro corredor exclusivo para ônibus no Rio de Janeiro, uma das obras voltadas à melhoria da mobilidade urbana com vistas à Copa de 2014 e à Olimpíada de 2016. Lula aproveitou ainda para elogiar a nova geração de políticos que, segundo ele, tem mais preocupação com as camadas pobres da sociedade, e lembrou os ganhos para a população da boa relação entre os governos federal, estadual e municipal.
– Acabou o tempo em que os governantes só gostavam de governar na rua dos ricos, no bairro dos ricos. Tem gente que acha que pobre só gosta de pé de frango. Não. A gente gosta de peito de frango também – discursou.
Nos momento em que arrancou mais aplausos da plateia, Lula falou sobre governar para os mais pobres.
– Eu sempre digo para a Dilma que cuidar dos pobres é a coisa mais barata que existe. Se pobre pudesse ser vendido como ação em época de eleição, seria a ação mais valorizada na bolsa de valores. Uma vez o Joãosinho Trinta foi criticado porque a Beija-Flor tinha muito luxo. Ele disse: ‘pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual’. Ele estava certíssimo. A gente não gosta de comprar coisa de segunda, a gente não gosta de pisar na lama, a gente quer morar bem – concluiu Lula.

terça-feira, 6 de março de 2012

Politica Externa da Nova Classe - Matias Spektor


Política externa da nova classe
Matias Spektor
Folha de São Paulo, 05/03/2012 - 07h00


A nova classe trabalhadora brasileira transformou a vida pública no país. Responsável pelo dinamismo da economia, atraiu para sua órbita os interesses do capital industrial e financeiro. Maioria absoluta da população, passou a ditar os termos da competição eleitoral.
A trajetória ascendente dessa nova classe pressiona todas as políticas públicas, e a política externa não é uma exceção.
Por isso, a diplomacia precisa adaptar-se à nova tendência. No passado, ela serviu a banqueiros e grandes exportadores da Primeira República; ao projeto de modernização conservadora do Estado Novo; à industrialização nos anos cinquentas; ao autoritarismo anticomunista nos sessentas; à marcha forçada do nacional-desenvolvimentismo nos setentas; e, nos oitentas, à gestão do endividamento externo e da abertura política.
Com Fernando Henrique e Lula, normalizou as relações com o mundo, assegurou a sobrevida do Plano Real, pôs o país no mapa geopolítico e começou a internacionalizar o capitalismo brasileiro.
Agora, a política externa é pressionada para atender a um novo imperativo --os interesses da massa de cidadãos recém incorporada ao espaço da política e do mercado.
O que pode fazer a diplomacia por operadores de telemarketing, maquinistas, feirantes, empregadas domésticas, motoristas ou pequenos produtores rurais país afora?
Muito. Trata-se de debelar os obstáculos externos que dificultam o pertencimento desses brasileiros a uma nova classe social em expansão. A lista de exemplos é vasta. Inclui medidas como a adoção de práticas comerciais para o benefício do consumidor de baixa renda. A proteção consular a quem deixa o país temporariamente em busca de oportunidades. A redução de empecilhos para o jovem que, munido de Bolsa Família e ProUni, sonha em estudar no estrangeiro pelo Ciências Sem Fronteiras.
Nenhuma dessas áreas exige a reinvenção da roda e há indícios de que a política externa já pende nessa direção há algum tempo. Basta lembrar de como a universalização do acesso a remédios virou emblema nacional, levando nossos agentes diplomáticos a uma batalha global pelo licenciamento compulsório de patentes da indústria farmacêutica. Exemplos como esse serão cada vez mais comuns.
Hoje, contudo, as iniciativas existentes ainda são poucas e não estão unificadas sob um conceito estratégico comum. Ainda não constituem um projeto.
O governo que fizer os ajustes necessários poderá atuar à frente de seu tempo, inaugurando pela primeira vez uma estratégia internacional a serviço daqueles que batalham por uma vida mais digna e são maioria no país.
Uma política externa assim orientada buscará acelerar o processo de redução de assimetrias entre ricos e pobres, nossa mais perversa característica. A desigualdade, com toda sua injustiça e violência, é hoje o fator que mais limita nosso poder, prestígio e influência no mundo.
Organizar a política externa nesses termos não será fácil nem livre de conflitos. Não é necessário ser marxista para entender que o crescimento de uma classe colide com os interesses de outra. Ou para ver que o preconceito de classe ainda impregna as instituições, o debate público e até mesmo aquilo que nossa imaginação considera possível.
Mas a nova tendência está dada e veio para ficar. Maior e melhor desafio diplomático não há.
Matias Spektor
Matias Spektor ensina relações internacionais na FGV. É autor de "Kissinger e o Brasil e de Azeredo da Silveira: um depoimento". Trabalhou para as Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi pesquisador visitante no Council on Foreign Relations (Estados Unidos) e assina uma coluna no "International Herald Tribune".

Meus comentários ao artigo de Matias Spektor (PRA): 

Creio que ele se ajusta ao mood atual brasileiro, quase lulo-petista, já que o ex-presidente desfruta, ao que parece, de 80% de aprovacao (a confirmar, por pesquisas independentes) e, se não fosse por problemas de saúde, seria eleito novamente no primeiro turno.
O artigo vem, pois, confortar os que acham que está tudo muito bem no Brasil, com essa ascensão do que foi chamado de "nova classe trabalhadora".
Meu rigor analitico sociologico, entretanto, me induziriam a formular as seguintes observações.
O que é uma "classe trabalhadora" e o que seria a "nova classe"?
Isso o artigo não diz e deixa no leitor a impressão que essa nova classe trabalhadora é aquela que ascendeu a partir da posse de Lula.
Não creio, porém, que se poderia confundir os trabalhadores em geral -- que tenho muita dificuldade em classificar como classe, em virtude da extrema diversidade de composição, com um peso maior nos setores desorganizados do terciario, justamente -- com aqueles que, ligados ao sistema sindical ascenderam, sim, com Lula a cargos de responsabilidade no novo esquema de poder.
Quem seria a "nova classe"?: os integrados ao mercado de trabalho, uma massa variada de milhões de pessoas, ou os companheiros que estão em cargos de poder, algumas centenas, talvez alguns milhares, juntando todos aqueles que não estão diretamente na máquina pública mas que vivem de transferências governamentais?
Para mim essa é uma diferenca crucial, e já que se quer falar de politicas públicas, e de politica externa em particular, creio que a diferença ai seria mais propriamente entre massa e "nomenklatura", a nova classe, mas a de Djilas.
Dizer que "a política externa é pressionada para atender a um novo imperativo", ou seja, alegadamente, os interesses da massa de cidadãos recém incorporada ao espaço da política e do mercado, representaria dizer que a diplomacia do governo atual atua em favor dos interesses da massa de cidadãos.
Creio que essa é também uma afirmação arriscada, pois ela teria de ser comprovada por testes empíricos, que exigiriam correlacionar cada uma das iniciativas de politica externa com esses interesses especificamente.
Este seria o maior exercício prático a ser feito, não num artigo de jornal, mas num artigo sério. Peguemos, portanto, todas as grandes iniciativas diplomaticas de Lula, no plano regional e no internacional, e vejamos se elas atendem os interesses -- nao de uma nova classe, conceito impreciso -- mas da grande massa, ou seja, os setores incorporados ao consumo, que esta é sim uma realidade tangível, aqueles estratos de classe E e D, que ascenderam para a C e comecaram a comprar produtos duraveis na base do crediario e dos "10 vezes sem juros". Creio que Spektor está se referindo a estas pessoas, certo?
Entao vejamos: IBAS, BRICs, Unasul, relacoes Sul-Sul, diplomacia da generosidade na América Latina, enfim, relacionemos todas essas iniciativas e vejamos o que elas teriam para a "nova classe".
Este é o desafio a ser feito.
Alguns indicios no artigo: 
"Trata-se de debelar os obstáculos externos que dificultam o pertencimento desses brasileiros a uma nova classe social em expansão."
Pois bem, caberia identificar esses obstáculos externos: protecionismo agricola europeu? Dificuldades de transferencia de tecnologia? Protecionismo externo em geral? Concorrência desleal, dumping chines, guerra cambial, quais seriam esses obstaculos?
O protecionismo brasileiro atual ajuda a nova classe?
O artigo menciona o exemplo dos genericos: "universalização do acesso a remédios virou emblema nacional, levando nossos agentes diplomáticos a uma batalha global pelo licenciamento compulsório de patentes da indústria farmacêutica."
O licenciamento compulsório de tecnologia proprietária (ou seja, de produtos que ainda nao perderam a patente, já que a imensa maiorias dos genéricos é composta de patentes expiradas) ajudaria a massa dos cidadãos de fato?
Spketor diz que a desiguldade (interna, suponho) é o principal obstaculo ao aumento do prestígio do Brasil no mundo, com o que concordo apenas em parte (pois China e India, que estão crescendo em influencia mundial, tem enormes taxas de desiguldade, no caso da China crescente), mas eu me pergunto o que a diplomacia teria a fazer para reduzir a desiguladade interna?
Estas sao minhas observações a este artigo provocador, que deve despertar interesse no Itamaraty, pois ele se ajusta, como disse, ao mood atual.
Paulo Roberto de Almeida 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dilma determina mudança na política externa do Brasil - Agencia Globo


Dilma determina mudança na política externa do Brasil

- Houve fortes mudanças no mundo no último ano. Por isso, vamos redefinir um projeto de diversificação do Brasil no mundo - resume o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Desde o início do ano, um seleto grupo de ministros e assessores especiais da área externa está discutindo formas de o Brasil aproveitar o entusiasmo com o país para amplificar a sua voz nos grandes temas da atualidade. A equipe é comandada pelos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Fazenda, Guido Mantega, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Cada um na sua área, eles mapearão as oportunidades para reforçar a presença brasileira na agenda mundial.
- Relações internacionais não são uma ciência exata. Tentamos buscar caminhos através de uma postura de coerência que dê credibilidade ao país - explica Patriota.
Numa linguagem mais simples, diplomatas menos estrelados contam que já estão sentindo o gostinho de participar das grandes decisões do mundo, e são muitos os indícios de que o Brasil está entrando para o grupo dos países dominantes.
- É esta experiência que precisamos sistematizar e transformar em política - diz um embaixador.
Segundo Patriota, o governo manterá o que chamou de "âncora regional" em sua política externa, focada na preservação da paz e da democracia na América do Sul. Na vertente econômica, o chanceler diz que as perspectivas para os países da região são as mais promissoras das últimas décadas.
- Isso permite que nos concentremos em uma agenda positiva e em um engajamento pleno nas grandes questões internacionais - observa o ministro.
Marco Aurélio concorda, mas acredita que os países da região necessitam de mais atenção do Brasil:
- Os vizinhos reclamam nossa atenção. Estão carentes.
Tanto ele como Patriota destacam que o mundo agora é multipolar, o que permite um número maior de protagonistas. Ambos citam a China como exemplo e ressaltaram as divergências de opiniões surgidas no Conselho de Segurança da ONU em relação à Síria: chineses e russos de um lado e americanos de outro.
- Parece a volta da Guerra Fria - diz Marco Aurélio
- O Brasil se mantém firme em suas posições e leva muito em conta a opinião dos países da região - enfatiza Patriota.
Encontro para discutir crise
Os dois, no entanto, rejeitam a ideia de que o Brasil está menos falante desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a faixa para Dilma. A presidente, dizem todos, gosta de fazer política externa, conhece o assunto e dedica ao tema o mesmo interesse que seu antecessor. Claro que cada um com seu estilo: Dilma lê para se informar, Lula era intuitivo.
Na semana passada, a presidente fez críticas aos países ricos, ao dizer que a Europa provocou um "tsunami monetário" com suas medidas adotadas para enfrentar a crise. Hoje, Dilma deverá tratar do tema com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. A presidente chegou na noite de ontem a Hannover, por volta das 20h30m, duas horas após o previsto. Uma escala técnica no Porto, em Portugal, provocou o atraso. O encontro com Merkel será hoje, na abertura da maior feira de tecnologia do mundo, a CeBit.
- Lula sempre se moveu a partir de suas intuições. As reuniões de cúpula da América do Sul com os países árabes e com a África, assim como a tentativa de mediação de um acordo com o Irã, foram ideias dele. Agora, o momento é de colher frutos, olhar de forma mais minuciosa as mudanças que houve no mundo - diz Marco Aurélio, assessor internacional da Presidência desde o primeiro mandato de Lula.
Ao ser perguntado, em Hannover, sobre a conversa que Dilma terá com a chanceler da Alemanha, Marco Aurélio diz que a presidente vai repetir em público e na reunião privada com a chanceler alemã a crítica que fez aos países ricos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cuba: um pais poderosissimo...

Pelo volume de notícias, parece que estamos consultando uma potência mundial...


Notícias
resultados novos para diplomacia brasileira

Jornal de Notícias
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, António Patriota, chegou esta segunda-feira a Havana, capital cubana, num momento em que a ilha caribenha se ...

AngolaPress
De acordo com a Agência Brasil, o chefe da diplomacia brasileira realizou a sua primeira reunião com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, ...

De acordo com a Agência Brasil, o chefe da diplomacia brasileira realizou a sua primeira reunião com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, ...

Quatro desafios para a Diplomacia Brasileira em 2012. Vejam a matéria no link: ... Brasil coloca 31 Universidades entre as 100 melhor... ► Setembro (21) ...

Chefe da diplomacia brasileira visita Cuba num momento de abertura económica. Por UtilMate em 16 de Janeiro de 2012. O ministro das Relações Exteriores ...

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, António Patriota, chegou esta segunda-feira a Havana, capital cubana, num momento em que a ilha caribenha se ...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Brasil: politica externa mais planejada? - Correio do Brasil


Com Dilma, política externa fica mais planejada e menos política

Najla Passos
Correio do Brasil (Ano XII - Número 4391), 8/1/2012 13:04  
Com Dilma, política externa fica mais planejada e menos política
Primeiro ano de Dilma Rousseff mostra diferenças importantes nas relações internacionais brasileiras. 
Presidenta se expôs e viajou bem menos que Lula e esfriou relações com África, a quem promete ‘atenção especial’ em 2012. 
Mas máquina diplomática foi mais exigida para pensar ações específicas. 
Obama veio ao Brasil, mas relação com EUA continua protocolar.
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff pretende dar em 2012 uma “atenção especial” à África na política externa, como disse, em dezembro, em café da manhã com jornalistas. Em seu primeiro ano de mandato, foi só uma vez ao continente, em outubro, para visitar África do Sul, Moçambique e Angola. E recebeu apenas dois líderes africanos no país, nenhum no Palácio do Planalto – os presidentes de Guiné e Cabo Verde estiveram na Bahia, em novembro, para as comemorações do Ano Internacional dos Afrodescententes.
A relação do Brasil com a África é ilustrativa de algumas mudanças na política externa na gestão Dilma. O antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha contatos mais frequentes e intensos com líderes africanos, inclusive com aqueles cuja longevidade no poder sempre custou ao ex-presidente críticas de cumplicidade com ditadores. E gostava, em seus discursos, de enfatizar essa proximidade com o continente a quem o Brasil devia “desculpas” pela escravidão.
Seja por uma visão mais progressista, seja por outra conservadora, é inegável, para observadores da política externa brasileira, que foram mudanças importantes, estas verificadas na passagem do bastão diplomático da dupla Lula-Celso Amorim (ex-ministro das Relações Exteriores) para Dilma-Antonio Patriota (atual ministro).
Segundo Renato Baumann, ex-diretor do Escritório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) no Brasil e economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), sem ter a mesma força política individual de Lula, Dilma estaria dando mais racionalidade à agenda diplomática. “Ele [Lula] fazia uma visita à África, por exemplo, prometia alguma coisa, e depois o governo corria atrás para concretizar. Não havia muito planejamento”, explica.
Dilma, ao contrário, estaria se baseando mais em análises e planejamento para dar início, por exemplo, à promoção de políticas de complementariedade produtiva com países vizinhos, como a permissão para a Petrobras subcontratar serviços na Argentina e Uruguai. E não hesitou em adotar medidas comerciais protecionistas, por causa da crise econômica global que produziu uma “guerra cambial”.
Como planeja mais se expõe menos, Dilma viajou bem menos do que o antecessor, outra mudança perceptível. Desde a posse, visitou, oficialmente, 15 países diferentes. O ex-presidente viajara para 23 países no primeiro ano do primeiro mandato e para 30, no primeiro ano do segundo.
O ritmo de viagens internacionais de Dilma assemelha-se ao visto com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que percorrera 14 países no primeiro ano do seu primeiro mandato, e 13, no primeiro do segundo mandato.
Para o professor de Economia Política Internacional da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Pio, que se classifica como liberal, o que o governo Dilma fez foi retomar uma postura diplomática mais convencional, como era tradição no Itamaraty. “O Lula foi padrão de anormalidade na política externa brasileira. Ele era tão exagerado que chegava a ser caricato. Dilma mantém o mesmo rumo, mas abaixou o tom”, afirma.
Porque não vê mudança de rumo, Pio faz críticas a posturas adotadas pelo Brasil no primeiro ano de Dilma. Para ele, o país continuaria sendo pouco crítico com líderes de países sem muito respeito pelos direitos humanos. Teria faltado condenar o governo da Líbia durante a Primavera Árabe e havido demora no reconhecimento do governo de Honduras, por exemplo.
O analista também contesta a aposta brasileira em relações econômicas e formação de blocos com países em desenvolvimento, como a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), que não passaria de “jogada de marketing”.
A Celac, que conta com 33 países, teve a semente lançada em 2010, mas só foi criada formalmente em dezembro, em reunião, na Venezuela, de chefes de Estado e de governo. No café da manhã com jornalistas, Dilma destacou a Celac como um acontecimento “muito importante” da política externa em 2011, embora, para ela, não tenha tido o reconhecimento devido. A Celac, disse, demonstra a “consciência elevada da região” sobre seu papel “geopolítico e econômico” no mundo hoje.
O grupo reúne todos os países das Américas, exceto Estados Unidos e Canadá. É, sem dúvida, um bloco que ajuda a minar o poder político norte-americano na região. E, por isso, para analistas como a visão mais conservadora como Carlos Pio, seria um gesto de antiamericanismo fora de moda.
Apesar de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter sido um dos 14 chefes de estado ou governo recebidos por Dilma no Brasil em 2011, o Brasil, tanto para Baumann quanto para Pio, preservou, com Dilma, relações quase protocolares com aquele país. Mas talvez devesse repensar a atitude, pelas potenciais vantagens econômicas.
“Os Estados Unidos ainda são a principal fronteira tecnológica do mundo. É razoável pensar que uma possível aproximação do Brasil com o país possa nos trazer benefícios”, afirma Bauman. “Se o Brasil quer vender manufaturas, e as vende principalmente para os Estados Unidos, porque não aprofundar essa relação, ao invés de insistir apenas no comércio com países como China e Índia?”, diz Pio.
A pauta exportadora brasileira tem aumentado ano a ano a dependência da China, como se viu no relatório sobre o desempenho comercial do país em 2011, divulgado na última segunda-feira (2). O Brasil vende cada vez mais produtos primários (agropecuários e extrativistas) para lá.
No café com os jornalistas, Dilma deu a entender que percebe o aumento da dependência da China, não apenas economicamente, mas também politicamente, e que trabalharia para equilibrar um pouco a situação. Apesar de ter sido um dos 15 países que Dilma visitou em 2011. “O Brasil tem que ter uma visão multipolar, o que não significa abandonar os BRICS”, disse a presidente, referindo-se ao grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.