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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Cafés de Lisboa: os mais antigos e aprazíveis -

Esta Lisboa que eu amo: os mais antigos cafés da cidade…

Esta Lisboa que eu amo | os mais antigos cafés da cidade…
“Beber um cafézinho”, uma expressão tão portuguesa que  continua a ser o mote para combinar encontros na capital mas a verdade é que este ritual não é de agora. Os cafés e pastelarias da capital sempre foram espaços de união e reunião e alguns já o são desde o século XVIII e tiveram uma importância determinante na vida social e política da cidade e do país.

Martinho da Arcada (1782)

 238 anos que o Martinho da Arcada dá vida e aroma a café à Praça do Comércio. Fundado a 7 de janeiro de 1782, foi uma inovação para a época, numa cidade dominada por tabernas, e teve muitos nomes até se ter fixado na nomenclatura “Martinho da Arcada”, apenas em 1845. É café e restaurante e, ao longo de mais de dois séculos, foi porto de abrigo de governantes, políticos, militares, artistas e escritores – porém, o mais ilustre cliente assíduo foi Fernando Pessoaque neste local escreveu alguns dos seus mais conhecidos poemas.

Confeitaria Nacional (1829)

A funcionar desde 1829 (há 191 anos, portanto), na Praga da Figueira a Confeitaria Nacional continua a ser propriedade da família que a fundou. Se no início foi criada à semelhança das patisseries parisienses, depressa passou a fabricar iguarias bem tradicionais – o bolo-rei é, sem dúvida, um dos ex-líbris da casa e consta que foi neste estabelecimento que tal bolo começou a ser vendido em Portugal, no ano de 1870.

Pastelaria Benard (1868)

Em 1868, Élie Benard abriu uma pastelaria na Rua do Loreto e este foi o ponto de partida da emblemática Pastelaria Benard, que se fixou depois na Rua Garrett em 1902. De realçar que o termo “pastelaria” só começou a ser usado em 1926, quando a Câmara começou a taxar as placas dos estabelecimentos em línguas estrangeiras. Nos anos 40, a Pastelaria conhece nova gerência e o espaço recebe eventos memoráveis, destacando-se um jantar para a Rainha Isabel II durante a sua visita a Portugal, em 1957. A estrela da casa continuam a ser os croissants.

A Brasileira (1905)

Depois da abertura da primeira Brasileira no Porto, em 1903, a capital depressa recebeu um espaço similar, inaugurado em 1905. Embora tenha havido outra no Rossio, é a do Chiado que hoje persiste, onde Fernando Pessoa nos recebe na esplanada desde 1988. É, sem dúvida, um dos locais mais emblemáticos do Chiado e foi palco de tertúlias intelectuais e artísticas que marcaram o início do século XX em Lisboa.

Pastelaria Versailles (1922)

Inaugurada em 1922, a Versailles serviu de polo cultural e social das Avenidas Novas – foi o primeiro grande café do bairro. Felizmente, mantém-se fiel a si mesma e por aqui ainda são raros os turistas. Toda a pastelaria é divinal mas os croquetes e o bolo rei são qualquer coisa de especial

Café Nicola (1929)

O que começou por ser Botequim do Nicola (italiano que o fundou, ainda no séc. XVIII) passou a Café Nicola, em 1929. Em 1935, o espaço foi finalmente intervencionado com os detalhes que são hoje a sua imagem de marca, com destaque para as pinturas de Bocage em estilo Art déco. Foi, aliás, um dos espaços favoritos do poeta e ele ainda se faz sentir numa estátua presente na sala de refeições. Será sempre lembrado como ponto de encontro de intelectuais e agitadores sociais.

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Faltam agora os bares, as tavernas, as tascas...

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Um “imenso Portugal”? A hipotese de um imperio luso-brasileiro no inicio do seculo XIX - Paulo Roberto de Almeida

Um “imenso Portugal”? 
A hipótese de um império luso-brasileiro no contexto internacional do início do século XIX


Paulo Roberto de Almeida
Colaboração a seminário na Biblioteca Mindlin da USP, em 10-11/09/2019,
sobre o tema: “Oliveira Lima e a (Longa) História da Independência”.
(preliminar; em revisão; formatar referências e bibliografia)

Sumário
1. Poderia o Brasil ter sido o centro de um grande império luso-brasileiro?

2. A importância da colônia brasileira para a atividade econômica da metrópole

3. As condições estruturais de Portugal e Brasil no período anterior à independência
4. A hipótese de uma união imperial no período joanino e na independência
5. As tentativas de Hipólito José da Costa na manutenção da unidade luso-brasileira
6. Independência e morte: uma visão militar do processo de independência
7. Um império luso-brasileiro seria possível a partir de uma unidade americana?
8. Tinha o Brasil condições de assumir a direção de um império multinacional?

Início do paper: 

1. Poderia o Brasil ter sido o centro de um grande império luso-brasileiro?
A hipótese, não de todo descabida, apresentou-se em diversos momentos da turbulenta conjuntura política e diplomática vivida por Portugal entre o final do século XVIII e as três primeiras décadas do século XIX. A possibilidade da junção da metrópole com a sua mais importante colônia – antes um simples vice-reino, depois um reino unido ao da metrópole – foi colocada ainda antes da independência, no momento da transferência da Coroa para o Brasil, retomada por ocasião da união dos reinos, oficializada em 1815, logo depois no decurso do próprio processo autonomista e, finalmente, nos anos imediatamente seguintes à declaração da autonomia política, quando se negociava o reconhecimento da independência e o estatuto que assumiriam os dois soberanos, pai e filho. Recorde-se, desde logo, que, no tratado de reconhecimento, o rei D. João VI foi também distinguido com o título de Imperador do Brasil, e que seu filho era o herdeiro direto do trono português. Mas, nele também havia a proibição de que o Brasil buscasse a sua própria junção com as colônias portuguesas da África, ou seja, uma interdição formal de aliança política e de criação de um novo reino entre os mais importantes parceiros num dos maiores e mais lucrativos negócios internacionais da época: o tráfico escravo.
Qual seria, em todo caso, a natureza do projeto? Ele consistiria na formação de uma grande unidade política de alcance multicontinental, tendo o Brasil como o centro de um vasto império, estendendo-se das Américas até o distante Timor (na Indonésia holandesa), passando por algumas ilhas atlânticas, por várias colônias nas duas costas da África, assim como pela Ásia do sul, notadamente em Goa, na Índia, e por Macau, na China. Esse era o vasto império ultramarino português, tão bem estudado por Charles Boxer, cuja amplitude ainda tinha sido confirmada por ocasião da aclamação do príncipe regente, depois da morte de sua mãe: D. João, até então “príncipe regente” – embora rei de fato, desde a última década do século anterior – tornou-se o sexto do nome, “rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia”. 
(...)

Ler a íntegra neste link: 
https://www.academia.edu/s/085e1aeea0/um-imenso-portugal-a-hipotese-de-um-imperio-luso-brasileiro-no-contexto-internacional-do-inicio-do-seculo-xix