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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Seminario e livro sobre diplomacia presidencial - UnB, 15/03/2016, 14:00hs

O Diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (IREL/UnB), Prof. Dr. José Flávio Sombra Saraiva, tem a honra de convidar a comunidade acadêmica para o seminário de abertura do ano letivo de 2016 em torno do Seminário

A DIPLOMACIA PRESIDENCIAL NO BRASIL: Perspectivas históricas e atuais das relações internacionais do presidencialismo brasileiro

Local: Auditório do Edifício IREL/UnB
Dia: 15 de março de 2016, terça-feira
Horário: 14 horas

Participantes da Mesa:
Prof. João Paulo M. Peixoto (UnB) (autor de capítulo)
Prof. Paulo Roberto de Almeida (Uniceub) (autor de capítulo)
Prof. Dr. Eiiti Sato (UnB) (autor de capítulo)
Prof. Dr. Paulo Calmon (UnB) (comentarista)
Prof. Dr. Walber Muniz (UNIFOR/UnB) (comentarista)

Lançamento do livro ao final do Seminário: João Paulo M. Peixoto (organizador), Presidencialismo no Brasil: história, organização e funcionamento. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015.       

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Nunca antes no Brasil? Provavelmente - palestra na UnB (26/04)

Transcrevo novamente aqui um post anterior, sobre a palestra que dei na UnB em rápida incursão ao Brasil no final de abril. Apenas agora consigo ver o vídeo de minha própria palestra: o som e a imagem estão muito ruins, mas dá para entender 80% digamos assim.
Em todo caso, tem também um texto que escrevi rapidamente no avião para essa oportunidade, que resume o essencial de minhas ideias, além de remissões a outros textos ou palestras ainda mais antigas sobre o mesmo tema.
Sempre nos achamos pior falando do que escrevendo, o que é natural, mas cabe a cada um julgar...
Paulo Roberto de Almeida

(nunca antes mesmo...)

Filmado e inserido no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=ciay-PkUenQ).

Publicado em 26/04/2014
Encontro do Grupo de Estudos Liberais Lobos da Capital - 24/04/2014

GRUPO DE ESTUDOS LIBERAIS LOBOS DA CAPITAL convida a todos para a palestra "Tempos não convencionais: a economia e a política do Brasil como nunca antes vistas" com o diplomata Dr. Paulo Roberto de Almeida. O objetivo do evento foi discutir o estado da (des)"união" brasileira, depois dos 12 anos de governo do atual partido que está no poder e da deterioração das instituições e da academia no País nesse período.

O diplomata Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas e Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia. Ele também escreve no seu bastante acessado blog pessoal "Diplomatizzando"(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/) cuja leitura frequente sempre é recomendada.

Esquema da palestra e linkagem ao texto unificado

Paulo Roberto de Almeida
Palestra na UnB: 24/04/2014, 19hs
Em voo, de Bradley a Atlanta, e a Brasília, 17-18/04/2014

Esquema da palestra:
1. Na economia, a herança bendita da agricultura
2. Na política, a mentalidade sempre atrasada das elites
3. A história virtual das tentativas comunistas e do autoritarismo brasileiro
4. Do golpe à ditadura: acidentes de percurso
5. Nossas elites continuaram seu percurso de atraso mental
6. E as novas elites: quem são elas, o que fazem elas?
7. Nova classe, novo pensamento, nova língua, como nunca antes...
8. Existe saída do fascismo corporativo já instalado entre nós?

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Textos que guardam relação com o diagnóstico feito acima:

2035. “De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão”, Brasília, 10 agosto 2009, 10 p. Resumo de relatório da missão ao Brasil empreendida por Alexis de Tocqueville, a pedido do Banco Mundial, para determinar a situação do Brasil em termos de democracia e de economia de mercado. Antecipa relatório detalhado, que poderá ser preparado na categoria dos clássicos revisitados. Publicado na Espaço Acadêmico (ano 9, n. 103, dezembro 2009, p. 130-138; ISSN: 1519-6186; http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947). Revista Espaço da Sophia (ano 3, n. 33, dezembro 2009).  Postado no blog Diplomatizzando (12/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/tocqueville-de-novo-em-missao-o-brasil.html). Relação de Publicados n. 939.

2116. “O Direito, a Política e a Economia das Relações Internacionais do Brasil: Uma abordagem não-convencional”, Brasília, 19 fevereiro 2010, 8 p.; revisto 20.03.2-10. Texto suporte para palestra-debate na abertura dos cursos de Direito, Ciência Política, Economia e Relações Internacionais da UnB, no dia 22.03.2010. Postado no site pessoal (www.pralmeida.org/05DocsPRA/2116PalestraDebateAcadem.pdf). Revisto em 25/03/2010 em Lisboa, para publicação, sob o título de “A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”, em Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9800/5484). Relação de Publicados n. 958.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O Cespe da UnB tem professores idiotas, ignorantes, estupidos, ou tudo isso junto? Hitler, um liberal economico...

Corrijo desde já o título desta postagem de Rodrigo Constantino: o CESPE da UnB não tem nada a ver com o Governo do Distrito Federal. Se trata de uma fundação da UnB especificamente dedicada a realizar concursos, para vários demandantes, privados e públicos, inclusive, e principalmente, para o governo federal, e para o governo do GDF. Mas seus funcionários, e os professores que elaboram e corrigem as questões são geralmente funcionários da UnB, não do GDF.
Em geral, professores universitários revelam um conhecimento do mundo superior à média universitária, que anda baixando perigosamente, sempre escorregando no precipício da ignorância e da estupidez ideológica, sobretudo nestes tempos companheiros, quando o alinhamento com o que há de mais anacrônico e atrasado supera o conhecimento técnico e o simples bom-senso. Professores que fazem as perguntas dos concursos, e que corrigem as provas deveriam, então, ser um pouco melhores do que os outros, porque supostamente estudarão aquela área de conhecimento, mas como vemos pelo exemplo abaixo, nem sempre é o caso.
Neste caso, então, a estupidez é flagrante, e deve revelar apenas ignorância. Pelo menos espero.
Seria terrível imaginar que a desonestidade subintelequitual, e a má-fé se unissem para tentar aproximar Hitler do liberalismo econômico. Que tal um Hitler neoliberal avant la lettre?
Seria perfeito para a campanha dos companheiros totalitários contra os neoliberais tucanos não e mesmo?
Paulo Roberto de Almeida

Rodrigo Constantino, 
20/05/2014
 às 21:06

Hitler, um liberal? Para o governo do Distrito Federal sim!

Um leitor me manda uma prova da CespeUnB para um concurso recente, organizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Distrito Federal. O aluno deve marcar C (certo) ou E (errado). Na questão 23, temos:
Adolf Hitler presidiu a Alemanha entre 1933 e 1945, tendo
implantado nesse tempo o Nacional Socialismo, também
conhecido como nazismo, movimento político e ideológico
baseado no nacionalismo, no racismo, no totalitarismo, no
anti-comunismo e no liberalismo econômico e político.
E eis o gabarito: C. Isso mesmo: certo! Hitler, líder do Nacional Socialismo, organizou um movimento nacionalista (ok), racista (ok), totalitário (ok), anti-comunista (ok, irmãos brigam entre si pelo poder) e LIBERAL!!! Não socialista, mas liberal! Pode isso, Arnaldo?
Já escrevi alguns textos mostrando como o nazismo era semelhante ao socialismo em inúmeros aspectos. Os 25 itens elaborados pelo Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista seriam endossados por diversos membros da esquerda, jamais por liberais. Eram coletivistas, repudiavam o capitalismo liberal (tanto que usavam os judeus, ícones deste capitalismo, como bodes expiatórios para todos os males do país), e depositavam no estado a solução para tudo. Liberal? Vejam alguns exemplos:
7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. 
10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos.
11. Que toda renda não merecida, e toda renda que não venha de trabalho, seja abolida.
13. Nós exigimos a nacionalização de todos os grupos investidores.
14. Nós exigimos participação dos lucros em grandes indústrias.
15. Nós exigimos um aumento generoso em pensões para idade avançada.
16. Nós exigimos a criação e manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores entreguem os suprimentos necessários aos Estaso, às províncias e municipalidades.
17. Nós exigimos uma reforma agrária de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de toda especulação na terra.
25. A fim de executar este programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e todas as suas organizações.
Parecem bandeiras liberais? Ou socialistas? Segue um desses meus textos antigos. É realmente vergonhoso e revoltante que uma prova de um concurso público afirme que Hitler era representante do liberalismo econômico e político. Um ultraje! Um acinte! Mas sabemos como essa turma joga baixo e apela para a doutrinação ideológica. Não é de hoje. Só que agora há resistência mais atenta e organizada. Não passarão!
Socialismo e nazismo
“Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens.” (Adolf Hitler, citado por Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris 1939, pg 218-219)
Ensinada desde os tempos de Lênin, muitos socialistas usam a tática de acusar os opositores daquilo que eles mesmos são ou fazem. Tudo que for contrário ao socialismo, vira assim “nazismo”, ainda que o nacional-socialismo tenha inúmeras semelhanças com o próprio socialismo.
Tanto o nazismo como o marxismo compartilharam o desejo de remodelar a humanidade. Marx defendia a “alteração dos homens em grande escala” como necessária. Hitler pregou “a vontade de recriar a humanidade”. Qualquer pesquisa séria irá concluir que nazistas e socialistas não eram, na prática e no ideal coletivista, tão diferentes assim. 
Não obstante, para os socialistas, aquele que não for socialista é automaticamente um “nazista”, como se ambos fossem grandes opostos. Assim, os liberais, que sempre condenaram tanto uma forma de coletivismo como a outra, e foram alvos de perseguição dos dois regimes, acabam sendo rotulados de “nazistas” pelos socialistas, incapazes de argumentar além dos tolos rótulos de “extrema-esquerda” e “extrema-direita”.
Tal postura insensata coloca, na cabeça dos socialistas, uma “direitista” como Margaret Thatcher mais próxima ideologicamente de um Hitler que este de Stalin, ainda que Thatcher tenha lutado para defender as liberdades individuais e reduzir o poder do Estado, enquanto Hitler e Stalin foram na linha oposta.
O fim da propriedade privada de facto foi um objetivo perseguido tanto pelo nazismo como pelo socialismo, que depositaram no Estado o poder total. O Liberalismo, em sua defesa pela liberdade individual cujo pilar básico é o direito de propriedade privada, é radicalmente oposto tanto ao nazismo como ao socialismo, que em muitos aspectos parecem irmãos de sangue.
A conexão ideológica entre socialismo marxista e nacional-socialismo não é fruto de fantasia, e Hitler mesmo leu Marx atentamente quando vivia em Munique, tendo enaltecido depois sua influência no nazismo. Para os nazistas, os grupos eram as raças; para os marxistas, eram as classes. Para os nazistas, o conflito era o darwinismo social; para os marxistas, a luta de classes. Para os nazistas, os vitoriosos predestinados eram os arianos; para os marxistas, o proletariado.
Além da justificativa direta para o conflito, a ideologia de luta entre grupos desencadeia uma tendência perversa a dividir as pessoas em parte do grupo e excluídos, tratando estes como menos que humanos. O extermínio dessa “escória” passa a ser desejável seja para o paraíso dos proletários ou da “raça” superior. Os individualistas, entrave para ambas ideologias coletivistas, acabam num campo de concentração de Auchwitz ou num Gulag da Sibéria, fazendo pouca diferença na prática.
A acusação de que a Alemanha nazista era uma forma de capitalismo não se sustenta com um mínimo de reflexão. O “argumento” usado para tal acusação é de que os meios de produção estavam em mãos privadas na Alemanha. Mas como Mises demonstrou, isso era verdade somente nas aparências. A propriedade era privada de jure, mas era totalmente estatal de facto, da mesma forma que na União Soviética. O governo não só nomeava dirigentes de empresas como decidia o que seria produzido, em qual quantidade, por qual método, e para quem seria vendido, assim como os preços exercidos.
Para quem tem um mínimo de conhecimento sobre os pilares de uma sociedade capitalista liberal, não é difícil entender que o nazismo é o oposto deste modelo. Para os nazistas, assim como para os socialistas, é o “bem comum” que importa, transformando indivíduos de carne e osso em simples meios sacrificáveis para tal objetivo. 
Existem, na verdade, vários outros pontos que podemos listar para mostrar que o nazismo e o socialismo são muito parecidos, e não opostos como tantos acreditam. O fato de comunistas terem entrado em guerra com nazistas nada diz que invalide tal tese, posto que comunistas brigaram sempre entre si também, e irmãos brigam uns com outros, ainda mais por poder.
Apesar do Liberalismo se opor com veemência a ambos os regimes, os socialistas adoram repetir, como autômatos, que liberais são parecidos com nazistas, apenas porque associam erradamente nazismo a capitalismo. Se ao menos soubessem como é o próprio socialismo que tanto se assemelha ao nazismo!
Rodrigo Constantino

sábado, 10 de maio de 2014

Instituto Liberal do Centro-Oeste: criacao e seminario sobre a vinda de Hayek ao Brasil, 12 e 13 de maio de 2014

Transcrevo da página do Instituto Mises Brasil, esta notícia, e convido a ouvir o podcast com o primeiro presidente do Instituto Liberal do Centro-Oeste, com o qual colaborarei na medida de minhas possibilidades, uma vez que acredito nas suas causas, muito diferentes das que estão sendo patrocinadas atualmente no Brasil.
O evento programado será filmado e depois disseminado pela internet, o que registrarei aqui.
Paulo Roberto de Almeida

INSTITUTO LIBERAL DO CENTRO-OESTE
PODCAST 123 – FÁBIO GOMES FILHO


Na segunda e terça-feira da próxima semana (dias 12 e 13 de maio), o Grupo de Estudos Lobos da Capital vai realizar um simpósio para celebrar os 33 anos da visita e palestra de F. A. Hayek na Universidade de Brasília (UnB), em maio de 1981. Estão programadas palestras do embaixador Carlos Henrique Cardim, um dos idealizadores da ida do economista Austríaco, de Helio Beltrão (presidente do Instituto Mises Brasil), e de Rodrigo Saraiva Marinho (presidente do Instituto Liberal do Nordeste).

E o evento também será marcante por outra razão: será anunciada a fundação e início dos trabalhos do Instituto Liberal do Centro-Oeste (IL-CO). Para falar sobre o seminário e sobre a nova instituição, o Podcast do IMB entrevistou Fábio Gomes Filho, membro do Grupo Lobos da Capital e que será o primeiro presidente do IL-CO. Engenheiro elétrico de formação, Fábio falou sobre o seminário, acerca das atividades do Lobos da Capital e sobre o trabalho que será desenvolvido pelo IL-CO junto com os outros grupos liberais/libertários da região.





A propósito do simpósio sobre a vinda de Hayek ao Brasil, transcrevo um texto de Roberto Ellery no Liberzone: 


ECONOMIZANDO
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5 Razões para um Economista Neoclássico apreciar Hayek


Fui surpreendido com o convite da página para escrever a respeito de Hayek por ocasião de seu aniversário. Conhecendo o Liberzone e apreciador do trabalho deles não tive como recusar, porém aceitar não foi uma decisão simples. Existem excelentes economistas brasileiros que seguem a Escola Austríaca e poderiam falar de Hayek com bem mais propriedade do que eu, afinal sou um economista neoclássico. Desconfiado, é verdade, mas definitivamente neoclássico. Sou desconfiado por duas razões: desconfio dos modelos que uso e desconfio das intenções de quem diz que vai aplicar os modelos para trazer mais bem-estar à sociedade. Talvez por ser desconfiado eu tenha recebido a confiança do Liberzone.
Como sempre ocorre de ser, o convite ainda era mais complicado do que parecia. Não bastava escrever sobre Hayek, o pedido incluía listar razões que fizeram de Hayek um símbolo do liberalismo. É complicado, vejo o liberalismo como uma doutrina essencialmente individualista, no sentido que é uma doutrina que supõe cada indivíduo como muito complexo para ser enquadrado em um grupo específico. Como então listar razões para alguém ser símbolo do liberalismo se eu tenho dificuldades para definir quem são os liberais. Ao escrever esse texto me propus a superar o desafio de homenagear Hayek sem ser um seguidor da Escola Austríaca, o desafio de escrever a respeito de um grupo que não sei definir eu não vou tentar superar. Desta forma em vez de escrever as razões para Hayek ser um símbolo do liberalismo escreverei as razões que me levaram a apreciar Hayek. Fazendo isto facilito minha tarefa e de saída me mantenho fiel a uma das razões que me levaram a apreciar Hayek.
Seguem as razões:

1. Não existe liberdade política sem liberdade econômica

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Hayek sabia que a liberdade é indivisível. Não existe liberdade política sem liberdade econômica e vice-versa. Essa é uma lição fundamental para economistas que vivem na América Latina e que são constantemente confrontados com a necessidade de avaliar políticas econômicas de ditadores que periodicamente assombram o continente. Isto quando não são convidados a participar de governos autoritários. Se um dia receberem tal convite lembrem a lição de Hayek e saibam que não vão criar um livre mercado a partir de um governo autoritário. Antes que perguntem, eu aviso que recomendação é válida mesmo se Pinochet o convidar para um certo “Centro de Estudios Públicos”.

2. O Uso do Conhecimento na Sociedade

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Hayek sabia que é impossível substituir o mercado por um planejador central. Não por acaso “The Use of Knowledge in Society”, artigo publicado por Hayek em 1945 na American Economic Review, foi listado em 2011 entre os vinte melhores artigos publicados quando das comemorações dos cem anos da revista. No artigo, Hayek argumenta que um planejamento centralizado nunca poderá substituir o mercado porque cada indivíduo detém apenas uma pequena fração do conhecimento existente na sociedade.

3.  A ordem econômica não é resultado de um desenho consciente

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Hayek sabia que o sistema de preços, melhor dizendo, a ordem econômica não é resultado de um desenho consciente. Pelo contrário, é uma ordem espontânea resultante da ação humana, mas não de planos humanos. Willian Eaterly, no excelente livro “The Tyranny of Experts: Economists, Dictators, and the Forgotten Rights of the Poor” recupera o tema da ordem espontânea e questiona as razões e as consequências de especialistas em desenvolvimento econômico dentro e fora da academia terem abraçado a tese oposta que suponha a ordem econômica como decorrente de um desenho consciente e, portanto, passível de substituição por outro desenho consciente, talvez melhor desenhado.

4. Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital

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Hayek sabia da necessidade de uma teoria do capital. Até hoje capital é um tema difícil de inserir na análise econômica, basta dizer que a maioria das estimativas do estoque de capital toma o custo do investimento como a medida de capital. Hayek sabia mais do que isto, sabia que o valor do capital é o valor presente esperado do fluxo de bens ou serviços produzidos pelo capital. Não é pouca coisa. Hayek tentou construir uma teoria do capital integrada à análise macroeconômica, queria uma teoria do capital que fosse útil para analisar economias monetárias. Tenho minhas dúvidas a respeito da relação entre capital, investimento e moeda, mas a despeito destas dúvidas aprecio a teoria do capital de Hayek.

5. Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir

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Hayek sabia que o governo tem papéis importantes a cumprir. Que me desculpem os que sonham viver em um mundo sem governo, mas eu aprecio Hayek por saber e dizer que o governo tem funções na economia. O autor de “The Road to Serfdom”, livro que apontou os perigos da intervenção, apontou a importância de existir regulações que restrinjam métodos de produção, desde que não desenhadas para favorecer alguns grupos, a prevenção de fraudes e, fundamental para o Brasil de hoje, a existência de uma rede de seguridade social não é incompatível com o sistema de competição. O perigo não está no governo ajudar os pobres, o perigo está no governo decidir quem serão os ricos.
Os seguidores da Escola Austríaca devem ter notado pelo menos duas ausências em minha lista: a teoria dos ciclos econômicos e a teoria do investimento. A primeira talvez seja a que mais incomode. Entendo a relevância da teoria austríaca dos ciclos, mas como disse sou um economista neoclássico, mais precisamente: estou entre os que acreditam no ciclo econômico como advindo de respostas ótimas de famílias e empresas a choques reais na economia. Não nego que a moeda e crédito tenham algum papel na explicação do ciclo econômico, mas não os coloco como principal razão da existência do ciclo econômico. Desta forma não sigo a teoria de Hayek que o ciclo é devido a expansões da moeda e o crédito decorrentes de ações do Banco Central.
O investimento entrou na lista de ausências para marcar posição. Quando falei da teoria do capital fiz a ressalva da relação entre capital, investimento e política monetária. Marquei o investimento como ausência para ressaltar esta ressalva. Não discordo que diferentes bens de investimento mereçam tratamentos diferentes e reconheço que a teoria neoclássica é pobre neste quesito, porém a relação entre política monetária e investimento proposta por Hayek me parece superestimar o papel da política monetária. A ideia de que juros baixos e crédito fácil levam a um excesso de investimento de longo prazo e isto é a razão dos ciclos de expansão e recessão me parece difícil de conciliar com um investidor racional que maximiza lucro esperado mesmo com informação imperfeita. Sei que para Escola Austríaca isto não é um problema, mas para mim é um problema. No fundo as duas ausências são uma só.
O leitor atento deve ter reparado que antes de fazer a lista fiz referência a uma razão para apreciar Hayek e não toquei mais no assunto, não foi esquecimento, pelo contrário, queria encerrar o texto com este tema. Hayek sabia dos perigos de dar muita autoridade a um economista, disse isto quando recebeu o prêmio Nobel e alertou a respeito de um economista com tanto reconhecimento. Só isto seria motivo para colocar Hayek na minha galeria de heróis, só isto já é suficiente para justificar minha hesitação em listar razões para colocar Hayek como símbolo do liberalismo e optar por listar apenas minhas razões para aprecia-lo.

sábado, 26 de abril de 2014

A economia e a politica do Brasil em tempos nao convencionais: palestra na UnB - Paulo Roberto de Almeida

Como anunciado anteriormente neste mesmo espaço, local e foro de informações e debates, fui convidado a efetuar uma palestra para alunos inteligentes da UnB (não que outros não possam ser, mas estes, ademais de todas as obrigações acadêmicas, se preocupam em estudar, aprender, ler, ouvir, coisas novas e interessantes, e não só ficar fazendo bailinhos animados a certas coisas, e com certas músicas, apenas como entretenimento).

Foi um convite sério, para falar de coisas sérias, nada menos do que o estado do Brasil atual, ou seja, o Brasil dos companheiros. Escolhi fazer um largo "recorrido" pela história econômica e política do Brasil, com ênfase nas intervenções militares, no período do regime militar (1964-1985), iniciado meio século atrás, e o que veio com ele e depois, sendo que muitos dos personagens que se opuseram ao regime militar (eu mesmo) ainda estão por aí, alguns até em posições de mando, e fazendo o que vocês estão vendo por aí.
Se você acha o Brasil a maior maravilha, não precisa ler esta palestra, pois vai se decepcionar.
Se você tem dúvidas sobre o que aconteceu no Brasil nos últimos 100 anos, e especialmente nos últimos cinquenta anos, e sobre o que está acontecendo agora, e o que pode acontecer futuramente, talvez tenha interesse em ler.
Sempre se pode aprender alguma coisa com quem viveu mais, teve mais experiência (no mínimo eu conheci todos os socialismos, os reais, os surreais, e os esquizofrênicos, e também vários tipos de capitalismos, dos ideais, tipo helvético, até os periféricos e desorganizados, como o nosso), com quem leu mais, e talvez tenha algo de interessante a contar.
Se você viu a minha palestra, tem aqui o texto base, que aliás já foi postado nas oito postagens anteiores (para não ficar muito pesado).
O que transcrevo abaixo é apenas o esquema da palestra e o link do arquivo em pdf de onde ela pode ser downloadada (ugh!; já foi dicionarizado esse verbo?), para maior facilidade de leitura.
Escrevi em viagem, no avião, de improviso e ao sabor da ideias, no meu Moleskine médio (tenho outros menores), o que me tomou exatamente 32 páginas do atual; depois transcrevi tal qual ao computador, justo a tempo de poder ler (o que não fiz, obviamente).
Enfim, divirtam-se, se puderem...
Mais adiante vamos ter o vídeo da palestra, com a parte de perguntas e respostas também...
Paulo Roberto de Almeida

(nunca antes mesmo...)

Esquema da palestra e linkagem ao texto unificado:
https://www.academia.edu/attachments/33662703/download_file

Paulo Roberto de Almeida
Palestra na UnB: 24/04/2014, 19hs
Em voo, de Bradley a Atlanta, e a Brasília, 17-18/04/2014

Esquema da palestra:
1. Na economia, a herança bendita da agricultura
2. Na política, a mentalidade sempre atrasada das elites
3. A história virtual das tentativas comunistas e do autoritarismo brasileiro
4. Do golpe à ditadura: acidentes de percurso
5. Nossas elites continuaram seu percurso de atraso mental
6. E as novas elites: quem são elas, o que fazem elas?
7. Nova classe, novo pensamento, nova língua, como nunca antes...
8. Existe saída do fascismo corporativo já instalado entre nós?

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Textos que guardam relação com o diagnóstico feito acima:

2035. “De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão”, Brasília, 10 agosto 2009, 10 p. Resumo de relatório da missão ao Brasil empreendida por Alexis de Tocqueville, a pedido do Banco Mundial, para determinar a situação do Brasil em termos de democracia e de economia de mercado. Antecipa relatório detalhado, que poderá ser preparado na categoria dos clássicos revisitados. Publicado na Espaço Acadêmico (ano 9, n. 103, dezembro 2009, p. 130-138; ISSN: 1519-6186; http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947). Revista Espaço da Sophia (ano 3, n. 33, dezembro 2009).  Postado no blog Diplomatizzando (12/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/tocqueville-de-novo-em-missao-o-brasil.html). Relação de Publicados n. 939.

2116. “O Direito, a Política e a Economia das Relações Internacionais do Brasil: Uma abordagem não-convencional”, Brasília, 19 fevereiro 2010, 8 p.; revisto 20.03.2-10. Texto suporte para palestra-debate na abertura dos cursos de Direito, Ciência Política, Economia e Relações Internacionais da UnB, no dia 22.03.2010. Revisto em 25/03/2010 em Lisboa, para publicação, sob o título de “A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”, em Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9800/5484). Relação de Publicados n. 958.


terça-feira, 22 de abril de 2014

A economia e a politica do Brasil em tempos nao convencionais: palestra PRA na UnB (24/04, 19hs)

Na próxima quinta-feira, dia 24 de março, as 19hs, no auditório da Engenharia Elétrica da Faculdade de Tecnologia, darei uma palestra sobre os temas acima listados, ou seja, a economia e a política do Brasil em tempos não convencionais (que ainda não acabaram, e ameaçam continuar...).
Em todo caso, apresentarei a minha versão da história passada, da história recente, e dos desafios que se colocam ao Brasil sob a liderança da nova Nomenklatura, as elites que temos, e que estão fazendo do Brasil isto que vocês estão vendo agora mesmo, com tantas páginas de política que parecem estar deslocadas de lugar.
Sejam bem-vindos ao debate, que espero esclarecedor, com base em informação, leituras, experiência, bastante racionalidade e um pouco de bom-senso...
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Fresh Air [huummm] on History of International Relations - Seminario na UnB, 1-2/07/2013

Seminário Internacional "Fresh Air on History of International Relations"


O Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – UnB divulga o Seminário Internacional "Fresh Air on History of International Relations", que ocorrerá nos dias 1º e 2 de julho. A programação incluirá a participação de professores do IREL – Eiiti Sato, Sombra Saraiva, Antonio Carlos Lessa, Amado Luiz Cervo, Pio Penna Filho, Tania Pechir Gomes; da Sorbonne – Hugues Tertrais, Robert Frank; da UFRJ - Lucia Maria Paschoal Guimarães, entre outros.
Serão discutidos temas como: Pour l’histoire de relations internationales: penser la complexité du monde actuel; Rethinking Friendships and Conflicts in New Historiographies; CHIR and World Congress of Historical Sciences in China (2015): opportunities for fresh air on History of International Relations and possibilities for Brazilian historians.
Os interessados em participar podem mandar email para natalia.coelho@itamaraty.gov.br ou maria.notari@itamaraty.gov.br. Será emitido um certificado ao final do evento com 10h de participação.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Liberdade na Estrada: Brasilia (UnB), 8/11/2012

Prezados leitores, navegantes, curiosos, marxistas, neoliberais, socialistas, austríacos e keynesianos,
(Bem, vocês podem não ser nada disso, e ser apenas seres normais, o que espero sinceramente.)
Abaixo o o cartaz do um evento esta semana em Brasília, onde terei a honra de contar para vocês, como um dos palestrantes, um pouco do que aprendi numa vida intelectual que começou marxista, enveredou pela social-democracia, e hoje é bem mais libertária e anarco-capitalista, cheia de leituras, de viagens, de experiências enriquecedoras (nada como a vida para nos corrigir dos defeitos da juventude, que como dizia Nelson Rodrigues, tem todos os defeitos da vida adulta, com um agravante: a inexperiência, ou a imaturidade).

Em todo caso, já postei um texto no site, anunciado no blog, que serviu de base para minha palestra na inauguração deste ciclo, em Porto Alegre. Vejam aqui: 
O futuro do Brasil está no passado (de outros países); link: 

O evento será na UnB (Anfiteatro 2, ICC - Ala Sul UnB).
Espero vocês lá, dia 8/11, quinta-feira, as 19hs...

Maiores informações também aqui: http://www.liberdadenaestrada.com.br/

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Brasil na II Guerra Mundial - UnB, 30-31/08/2012


Ciclo de Debates “70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial” – UnB

 
 
 
 
 
 
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O Departamento de História da Universidade de Brasília convida para o Ciclo de Debates “70 anos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial”, que será realizado nos dias 30 e 31 de agosto, conforme programação abaixo:
 30 de agosto
14h: Intimidades e Intimidações: a 3ª Reunião de Consultas dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas na cidade do Rio de Janeiro
  •  Antonio Pedro Tota (PUC-SP)
  • Francisco Doratioto (UnB)
  • Carlos Eduardo Vidigal (UnB)
 18h: Aliança: a adesão do Brasil à ONU e à Carta do Atlântico
  •  Antonio Carlos Lessa (UnB)
  • Virgílio Caixeta Arraes (UnB)
 31 de agosto
14h: O Exército, a Marinha e a Aeronáutica na Segunda Guerra Mundial
  •  Coronel-Aviador Manuel Cambeses Jr.(FAB; IGHMB)
  • Capitão de Corveta (T) Carlos André Lopes da Silva (MB; IGHMB)
  • Coronel Carlos Alberto Naccer (EB; IGHMB)
18h: Memórias da FEB
  •  Cesar Campiani Maximiano (ECEME)
A entrada é franca e o evento terá lugar no Auditório IH – ICC, Ala Norte, Campus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília – DF. Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail tremontethiago@unb.br.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

UnB: um pequeno retrato...

Enfim, os estudantes sempre podem ir no McDonalds, por um preço quatro vezes superior:

ATENÇÃO

Informamos aos usuários do Restaurante Universitário de Brasília/DAC, que devido ao não pagamento do décimo terceiro salário pelas empresas Prestacional e AST aos prestadores de serviço lotados nesta unidade, os serviços prestados pelo restaurante (desjejum, almoço e jantar) estarão suspensos até que os pagamentos sejam regularizados.

Atenciosamente,
Direção do RU/DAC

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estudantes que estudam: ENORME novidade (na UnB, pelo menos...)

Transcrevendo, não apenas, subscrevendo, também, e reforçando, sobretudo, cada um e todos os argumentos deste pequeno ensaio sobre o renascimento de uma ideia muito simples: estudantes decentes, esclarecidos, ou simplesmente sensatos, precisam deixar de ser massa de manobra de seitas esclerosadas que pregam ideias estapafurdias para um Brasil que nem deveria estar discutindo o besteirol que essas seitas propagam.
O Renascimento, enfim...
Paulo Roberto de Almeida


A vitória de um grupo como a Aliança pela Liberdade dentro de uma instituição de ensino como a UnB possui um simbolismo claro: os estudantes da universidade estão fartos da hegemonia esquerdista dentro da academia brasileira.
POR FELIPE MELO 

O movimento estudantil foi concebido, desde sua origem, como uma ponta-de-lança da revolução gramsciana. Louis Althusser, em seu opúsculo “Aparelhos Ideológicos de Estado”, postula que a escola deve ser o alvo primário dos esforços subversivos para a criação de um ambiente social propício à revolução. Paulo Freire, o “pedagogo” responsável pela aplicação das teorias althusserianas na educação brasileira, transportou o conceito da luta de classes para dentro das escolas, transformando-as em campos de luta ideológica e solapando os valores sobre os quais o ensino foi constituído. Florestan Fernandes, outro dos grandes “intelectuais” idolatrados pela esquerda estudantil, declarou, convicto: “Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, como ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.”
Antes, estudante era o status (por vezes temporário) de uma pessoa em busca de formação técnica e intelectual. Após a introdução dessas idéias, sobretudo durante o Maio de 1968, estudante passou a designar uma “classe” oprimida -- e, como tal, devia desenvolver uma peculiar “consciência classista” e lutar por seus “interesses de classe”, o que só podia ser alcançado através do processo revolucionário. É dentro desse contexto que surge o movimento estudantil da atualidade, e esse espírito está mais forte do que nunca.
O dia 27 de outubro de 2011, entretanto, marcou um ponto de inflexão nesse paradigma. A Universidade de Brasília, que foi concebida por Darcy Ribeiro especificamente para ser o grande laboratório acadêmico da esquerda no País, testemunhou a eleição de um grupo de estudantes que é a antítese do movimento estudantil como ele é. Pela primeira vez na história da universidade, um grupo não-esquerdista venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), órgão máximo do movimento estudantil dentro da UnB. O discurso que ganhou os corações da maioria silenciosa dos estudantes da universidade defende bandeiras diametralmente díspares daquelas pertencentes aos tradicionais estudantes profissionais da militância de esquerda: excelência acadêmica, não-ideologização da representação estudantil, policiamento constante dos campi, presença de instituições privadas de fomento à pesquisa científica, dentre outros.
A Aliança pela Liberdade, grupo que venceu as eleições para o DCE da UnB (e do qual, até bem pouco tempo, fiz parte), surgiu em 2009 como uma reação ao imobilismo ideológico e à truculência autoritária e intolerante do movimento estudantil na universidade. Em seu estatuto, estão elencados os valores e princípios nos quais o grupo se alicerça:
I - A liberdade de expressão, pensamento e manifestação;
II - O estudo diligente e disciplinado;
III - A reflexão e o debate;
IV - O respeito às minorias;
V - A contestação ordeira e respeitosa;
VI - A crença na supremacia dos direitos e liberdades individuais;
VII - O pluralismo político;
VIII - A igualdade de todos perante a lei;
IX - O Estado Democrático de Direito;
X - O direito inalienável de cada indivíduo em escolher seu próprio destino.

A vitória de um grupo como a Aliança pela Liberdade dentro de uma instituição de ensino como a UnB possui um simbolismo claro: os estudantes da universidade estão fartos da hegemonia esquerdista dentro da academia brasileira. As tergiversações falaciosas da esquerda, travestidas de rigor intelectual e acadêmico, que há décadas têm dominado as universidades no Brasil já não mais encontram eco no corpo discente. O universitário médio está interessado em melhorias de infra-estrutura, não na luta contra o “Estado de apartheid” judeu contra os “pobres” palestinos; ele quer livros recentes na biblioteca, não receber lições de eco-socialismo de Leonardo Boff; ele quer participar da economia de mercado capitalista, não destruí-la.
O resultado das eleições para o DCE da UnB representa não apenas uma esperança, mas a real possibilidade de transformar a universidade em um espaço de debate intelectual honesto, de excelência científico-acadêmica, de liberdade -- não só de ensinar, mas principalmente de aprender. É evidente que esse resultado provocou uma grande agitação na escumalha esquerdista da instituição -- que, após chorar sua forçosa viuvez, chegou até mesmo a cogitar um golpe, forçando um segundo turno não-previsto pelo regimento eleitoral aprovado em assembléia geral dos estudantes.
Essa virada ocorrida na Universidade de Brasília não é, de modo algum, uma possibilidade exclusiva da instituição. Durante as vergonhosas (para não dizer criminosas) invasões da administração da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e da reitoria da USP, a tirania da esquerda estudantil foi duramente questionada pelos estudantes uspianos sérios. A ridícula greve geral (pura manifestação da “consciência classista” estudantil) convocada pelo DCE da USP também tem sido alvo de enfrentamentos-- um exemplo disso foi o esquema de piquetes na FFLCH, desfeito pelos universitários que querem exercer seu direito de estudar. A chapa Reação USP, formada pelo grupo Liberdade USP (que tem apoio da Aliança pela Liberdade), está concorrendo às eleições para o DCE daquela universidade e representa, de modo claro, a possibilidade de uma virada positiva.
Pouco a pouco, surgem sinais de que os estudantes dedicados, aqueles que realmente fazem valer o seu ingresso na universidade com “estudo diligente e disciplinado”, cansaram de ter suas instituições de ensino reduzidas a campos de treinamento da intelligetsia revolucionária. A universidade brasileira pode deixar de ser uma imensa usina de lixo ideológico e se transformar em um lugar onde o mérito, a honestidade e a dedicação venham a ser artigos não tão raros. A reação necessária exige, entretanto, que os alunos tomem posição e defendam, juntos, o verdadeiro ideal de universidade.
Isso só será alcançado através de uma grande aliança: uma aliança pela liberdade.
 Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UNB.