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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
'A Venezuela ja implodiu, e' preciso haver um pacto', diz historiadora(FSP)
"... qual seria a motivação de um novo Caracazo se não há nem sequer alimentos e eletrodomésticos para saquear?"
Pois é, a Venezuela acabou, para o maior sofrimento do seu povo.
Ela diz ainda isto:
"Maduro... é um homem incapaz, ignorante e indeciso.
Ele está na política desde os 14 anos de idade, foi chanceler, presidente da Assembleia Nacional, um alto quadro do PSUV [partido chavista], mas revelou-se uma nulidade. Isso gera desgosto e angústia dentro do chavismo..."
Puxa vida: isso me sugere alterar apenas um nome...
Mas, qual seria a atitude do Brasil nesta conjuntura?
Vai ajudar a população, ou vai ajudar o governo chavista?
Não tenho nenhuma dúvida sobre a atitude, já tomada, sendo tomada, que será tomada.
Alguém tem alguma dúvida?
Paulo Roberto de Almeida
'A Venezuela já implodiu, e é preciso haver um pacto', diz historiadora
SAMY ADGHIRNI
DE CARACAS /Folha de São Paulo, 10/02/2016
Uma das intelectuais mais respeitadas da Venezuela, a historiadora e cientista política Margarita López Maya diz que o país já implodiu e que a única solução à grave crise econômica e social é um pacto entre o governo chavista e a oposição, hoje no comando da Assembleia Nacional unicameral.
Para López Maya, que recebeu a Folha em seu escritório, a alta participação e o resultado contundente em favor dos opositores na eleição legislativa de dezembro reflete uma mudança já em curso.
Ela questiona, porém, a viabilidade dos esforços parlamentares para abreviar a Presidência de Nicolás Maduro e afirma que uma renúncia seria a opção mais viável.
López Maya diz que o apego popular ao chavismo se esvai aos poucos, como o desencanto de uma relação amorosa, e critica a mentalidade venezuelana rentista que existia já antes de Hugo Chávez (1999-2013).
*
Folha - A transição já começou na Venezuela?
Margarita López Maya- O voto de dezembro foi em favor de uma mudança política, que começou pelo Legislativo, agora independente do Executivo. Isso abre caminho para uma transição democrática ou de qualquer outra natureza. Estamos indo em direção a algo diferente. Maduro tem uma carta na manga, que é ter sido designado por Chávez, mas é um homem incapaz, ignorante e indeciso.
Ele está na política desde os 14 anos de idade, foi chanceler, presidente da Assembleia Nacional, um alto quadro do PSUV [partido chavista], mas revelou-se uma nulidade. Isso gera desgosto e angústia dentro do chavismo, e alguns grupos se movimentam para removê-lo, mas não sei até que ponto isso pode surtir efeito.
Há perspectiva de saída de Maduro no curto prazo?
Muitos cenários estão em aberto. O mais barato e menos traumático é a renúncia, embora não haja sinal de que isso ocorrerá. Se a situação se tornar economicamente insustentável, algo que deve acontecer neste ano, pode chegar o momento em que ele terá de cair. Caso renuncie, a Constituição obriga a convocar uma eleição. [O vice-presidente] Aristóbulo [Isturiz] assumiria a Presidência por 30 dias até que se realize esta eleição, que, aliás, o governo não teria condições de ganhar.
Acho que a aposta do governo é dar um jeito de conseguir dinheiro para chegar até janeiro, porque, se Maduro sair a partir desta data, Aristóbulo ficaria na Presidência até o fim do mandato [2019].
De todo modo, tem de haver acordo com a oposição. Mesmo que haja eleições antecipadas e que a oposição conquiste o Executivo, ela precisará compor com todo o aparato administrativo e os quadros militares chavistas. E, se houver renúncia depois de janeiro, Aristóbulo também precisaria de um pacto para se manter.
Como seria esse pacto?
O país já implodiu, e medidas econômicas são indispensáveis para reverter a crise.
Mas antes de implantar um pacote, é preciso adotar medidas sociais de emergência para proteger as pessoas que dependem de produtos regulados, pois essas pessoas ficarão muito afetadas quando houver uma desvalorização.
A pobreza subiu para 72%. Sem essas medidas, haverá fome. Você não pode deixar as pessoas expostas à tempestade. Um pacto também é necessário para renovar os poderes públicos. A oposição não pode fazer nenhum acordo com o governo se não houver mudança no Tribunal Supremo de Justiça (STJ, corte suprema), no Ministério Público e outros órgãos que precisam recuperar sua independência e autonomia.
Um setor da oposição defende uma emenda constitucional para abreviar o mandato presidencial e outro prefere um referendo revogatório.
Tudo isso é muito complicado. As leis não têm caráter retroativo. Se você aprovar uma lei, ela vale para o mandato seguinte, não para o atual. Além disso, uma emenda precisaria passar pelo TSJ, onde será certamente bloqueada. Ou seja, este caminho não procede.
Um revogatório também é complicado porque as pessoas estão mais preocupadas com seus problemas diários do que em se mobilizar numa coleta de assinaturas e depois votar em um referendo. Acho que a oposição se deu seis meses para encontrar uma saída com a esperança de que Maduro renuncie.
As divisões dentro da oposição e do governo dificultam a definição dos respectivos candidatos em caso de eleição antecipada?
Não acho. Estamos falando de uma presidência para conduzir um processo de transição durante três anos até terminar o mandato de Maduro. Esse presidente teria que ter um perfil muito específico. É preciso alguém disposto a se sacrificar pela pátria, um veterano, como foi Adolfo Suárez na Espanha após a morte do [ditador Francisco] Franco [1975].
Poderia ser [o presidente opositor da Assembleia Nacional, Henry] Ramos Allup, que tem 72 anos e está no final de sua carreira política.
Do lado do chavismo é mais complicado, não porque há muitos candidatos, mas justamente porque não há ninguém. Na ciência política existe a figura do herói da retirada, o homem que poderia ajudar o chavismo a sair de cena com dignidade. O PSUV teria que buscar alguém capaz de capturar gente para além do chavismo. Poderia ser Aristóbulo.
O resultado de dezembro foi um voto castigo ao governo ou um pedido para mudar o modelo?
As duas coisas. Houve participação massiva, de mais de 70%. Isso é quase um comparecimento em nível de eleição presidencial.
Como em quase todas as eleições na era Chávez, as pessoas votaram como se fossem morrer caso não o tivessem feito. E é sempre um voto contra ou o favor do modelo no poder. Por isso mesmo, por esse caráter plebiscitário, foi um claro rechaço à gestão de Maduro. E isso significa que se quer uma mudança não só dos atores, mas da maneira como o país está sendo conduzido.
Não me atrevo a ir mais longe porque houve forte abstenção no setor chavista. As forças de oposição conquistaram cerca de 400 mil votos a mais que na eleição presidencial de 2013. O voto chavista caiu em mais de dois milhões. Há um desejo de mudança mas não necessariamente um voto em favor da oposição que esteja claro.
Muitos dizem que a oposição ganhou graças a um voto "emprestado".
Desde 2013 o chavismo vem perdendo voto. Até mesmo a última reeleição de Chávez, em 2012, foi a sua vitória com menor porcentagem, cerca de 54%. Na primeira vez, em 1998, ele teve 56%, depois 60% e 64%. Há um deslocamento paulatino rumo à oposição, mas ainda não há um voto contundente em favor da oposição.
Por que não há esse voto contundente em favor da oposição?
O chavismo foi uma força política muito popular que teve seu apogeu em 2006, quando a sociedade estava dividida entre uma maioria de mais de 60% e uma minoria de 35 ou 38%. Hoje a coisa está se invertendo. É como na vida amorosa, quando nos desencantamos pouco a pouco do parceiro. Muitos ainda pensam: 'estou desencantado, mas não posso votar nesses inimigos de Chávez e da pátria', mas cada vez mais se aproximam da oposição.
Falta proposta clara à oposição?
Essa história de que a oposição não tem mensagem é relativa.
Há dois modelos de sociedade em disputa. Um é o que se chama socialismo do século 21, centralizado, hierárquico, com forte concentração de poder no Executivo e no qual tudo pertence e é regulado pelo Estado.
O outro é capitalista, mais ocidental e moderno e supõe uma democracia mais representativa. Mas essa alternativa não é completamente clara porque há coisas que são politicamente custosas de dizer na Venezuela.
Ninguém na oposição fala do que fazer com a estatal petroleira. A Venezuela é um país petroleiro, rentista e acostumado a um petroestado que provê tudo desde antes de Chávez. Nos últimos 17 anos, porém, o discurso chavista reforçou ainda mais essa visão de que o Estado tem que te proteger, te dar casa e comida.
Estados podem prover infraestrutura, esgoto, terrenos, créditos, empregos etc, mas casa? Aqui o governo se compromete a dar casa a todos aqueles que não têm. É algo impossível de fazer. Há uma distorção muito forte na cultura dos venezuelanos, que vem do rentismo e que faz com que seja muito difícil corrigir o discurso político.
Tivemos uma crise pesada nos anos 1980, o governo ficou muito endividado, a arrecadação petroleira caiu, a inflação ficou galopante e havia escassez. A crise de hoje é a mesma, que não foi solucionada.
Nas vacas gordas, entram tantos dólares que vale a pena importar qualquer coisa porque sai mais barato do que produzir aqui. E quando o preço do petróleo cai, o aparato produtivo já ficou destruído. O petróleo se manterá baixo e vai obrigar a buscar uma saída. Mesmo que suba, ficará em torno de US$ 30 ou US$ 40 o barril, o que é totalmente insuficiente para a Venezuela.
A população está disposta a encarar um aumento da gasolina?
Quando [o então presidente] Carlos Andrés Pérez aumentou a gasolina [em 1989], deu-se o Caracazo [protestos que deixaram centenas de mortos]. Mas quando [o presidente seguinte Rafael] Caldera implantou suas medidas, o mal estar era tão grande que as pessoas praticamente estavam pedindo alguma reação, e não houve o mesmo impacto.
Maduro já recuou três vezes de aumentar a gasolina, mas as pessoas têm bom senso. O problema é que os efeitos de um aumento não serão sentidos no curto prazo. Aumentar a gasolina não gera mais dólares, ao contrário de uma desvalorização, que é necessária.
Por que não houve outro Caracazo apesar da percepção generalizada de que esta crise é pior que a de 1989?
Naquela época ainda existiam meios de comunicação independentes, que contavam o que estava acontecendo. Hoje há saques diários de caminhões e vários episódios violentos, mas isso não sai na mídia, só nas redes sociais.
O Caracazo já está acontecendo em pequenos episódios que acabam rapidamente controlados. Além da censura, você tem militares por todos os lados na rua. No Caracazo não era assim. A repressão de 2014 ainda é muito presente. Além disso, qual seria a motivação de um novo Caracazo se não há nem sequer alimentos e eletrodomésticos para saquear?
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Democracias tem dissidentes; ditaduras possuem transfugas: China na berlinda (FT)
Só ditadores possuem transfugas, pessoas que se refugiam em outros países, por temer por sua segurança ou até por suas vidas. Transfugas podem vir com informações sensíveis, e só são transfugas por isso mesmo.
Parece ser o caso deste chinês.
Paulo Roberto de Almeida
Top China defector passes state secrets to US
by Jamil Anderlini in Hong Kong and Tom Mitchell in Beijing
The Financial Times, February 4, 2016
US intelligence agencies interrogating the brother of a disgraced Communist official believe he is the most valuable Chinese defector to flee to America, according to two people familiar with some of the intelligence he has provided.
The defector, Ling Wancheng, is the brother of Ling Jihua, the former chief of staff to President Hu Jintao who was formally detained on suspicion of “serious violations” of Communist party rules in December 2014.
The secrets Mr Ling has revealed to US investigators include details on Chinese procedures for launching nuclear weapons, the personal lives of China’s leaders, and arrangements for their security and for the protection of the Zhongnanhai leadership compound in central Beijing, according to one senior retired diplomat and a former leading western intelligence official who received briefings in Washington.
In a sign of how badly it wants to get him back, the Chinese government has sent several teams of security officials and agents to the US on official and covert missions to try to secure Mr Ling’s return.
Last August the Obama administration issued a warning to Beijing after discovering that Chinese spies in the US were trying to track Mr Ling down and repatriate him. In November an official delegation from the Chinese Ministry of Public Security travelled to the US to present accusations against Mr Ling to the Sacramento Federal Prosecutor.
The Chinese delegation initially alleged Mr Ling had laundered enormous sums of money through the US but it was unable to provide enough evidence to satisfy US prosecutors.
During a visit to Washington in early September, Meng Jianzhu, China’s top security official, also pressed the Obama administration to return Mr Ling to China to face prosecution in connection with his brother’s alleged crimes.
The White House, the Central Intelligence Agency and the Federal Bureau of Investigation could not immediately be reached for comment. In his position as director of the general office of the Communist party of China between 2007 and 2012, Ling Jihua was the top aide to President Hu Jintao and was responsible for categorising and archiving all of the party’s most secret and sensitive information.
Hong Kong-based media reports alleged late last year that Ling Jihua had stolen thousands of classified documents and handed them over to his brother Wancheng, who transferred them to the mansion he owns in California, near Sacramento.
Ling Jihua last appeared in public in October 2014 and in July last year Chinese state media reported he had been expelled by the party and charged with several crimes and violations of party discipline, including corruption, adultery and stealing state secrets. The official government announcement at the time said he had “obtained a great deal of the party and state’s core secrets in violation of laws and discipline”, “accepted huge bribes” and “committed adultery with a number of women and traded his power for sex”.
These charges marked the culmination of a spectacular downfall that began in early 2012 when Ling Jihua’s 23-year-old son was killed in a car crash while driving a Ferrari in Beijing city centre with two young women, one naked.
Despite a media blackout and government attempts to cover it up, the event was widely reported by international news organisations and Ling Jihua was moved to a less sensitive government position later that year.
Until now, the most valuable Chinese defector to the US was widely believed to be Yu Qiangsheng, spymaster from China’s Ministry of State Security and son of senior party members, who fled to America in 1985. His defection led to the arrest and conviction of CIA analyst Larry Wu-Tai Chin on charges of spying for China. Mr Chin was found dead in 1986 in his prison cell from apparent suicide just days before he was to be sentenced. Yu Qiangsheng was later assassinated by Chinese agents, according to Chinese officials familiar with the matter. Mr Yu’s younger brother, Yu Zhengsheng, is now a member of the seven-man Politburo Standing Committee, the highest political body in China.
terça-feira, 24 de junho de 2014
Saudades da Ditadura! Eu disse saudades? Enfim, comparando com os companheiros atuais...
Pois bem, por que digo isto (e não estou comparando nosso antigo SNI à Stasi ou à DGI cubana, longe disso)?
É porque hoje, um colega pesquisador, mergulhando nos fundos do Arquivo Nacional, descobriu minha autoria num documento, onde eu era identificado como pertencente a um "grupo subversivo de esquerda".
Ele me deu as referências, que são estas:
Arquivo Nacional:
“Justificativa para uma possível reformulação da política externa no Brasil na África”
“grupo subversivo de esquerda”
Fundo: SNIG;
AC_ACE_11577_78.PDF; A1157711-1978;
DATA: 17/9/1978;
30 páginas.
Com base nisso, fui consultar meus arquivos e encontrei esta referência:
056. “Estratégias da política externa brasileira entre 1960/1978”
Brasília, agosto 1978, 6 pp.
Análise das diversas etapas da diplomacia brasileira, preparada como texto de apoio à campanha presidencial do PMDB, inserido no documento “Justificativas para uma possível reformulação da política externa brasileira na África”.
Entregue, em setembro de 1978, ao staff do candidato do Partido, General Euler Bentes Monteiro. Inédito.
Ou seja, um documento, do qual eu participei apenas com meras 6 páginas, das 30 do total, me valeu ser fichado no SNI como "subversivo", o que não é nada excepcional.
Naquela época, todo mundo que não fosse do regime poderia ser classificado como opositor, e subversivo. Eu estava apenas participando da luta democrática, e é óbvio que o general Euler perdeu feio para o candidato oficial, General Figueiredo (com quem, aliás, tenho uma foto, mais o Golbery do Couto e Silva, na cerimônia de formatura da turma de diplomatas, nesse mesmo ano de 1978).
Pois bem, onde estão as saudades da ditadura?
Nisto: aposto como as trapaças atuais dos companheiros, a espionagem (que certamente eles fazem) contra seus opositores (entre os quais eu me incluo, certamente, como sempre fui contra todos os partidários das ditaduras e dos totalitarismos), as roubalheiras, a corrupção, os malfeitos, de forma geral, nada disso está documentado, e os companheiros vão para a lata do lixo da história sem deixar traço de suas patifarias.
Infelizmente, ou felizmente, eles não são como o SNI, ou antiga Stasi, que documentava cuidadosamente, burocraticamente, tudo o que era feito.
Ó tempora, ó mores...
Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 8 de abril de 2014
Filme: O Dia que Durou 21 Anos - minha avaliacao (PRA)
Dou a minha opinião sobre o filme.
Trata-se de um filme extremamente simplista, redutor, deformado, ainda que tecnicamente bem feito.
Ele parte justamente dessa ideia simplista de que antes, no Brasil, havia uma democracia, que os perversos americanos armaram uma conspiração com os militares, os grandes grupos econômicos, a direita brasileira, para dar um golpe contra um presidente progressista, que só estava querendo fazer reformas de base, em beneficio dos brasileiros, mas que os americanos e a direita o derrubaram, e implantaram a ditadura. Depois vem, num sucessão desonesta de imagens, cenas de tortura, de repressão, e vários depoimentos de personagens ligados ao golpe ou ao regime militar, alguns contra, outros a favor, mas numa completa barafunda de temas, épocas, imagens, sem qualquer sequenciamento correto do processo histórico.
A única coisa válida, penso eu, são as transcrições dos telegramas de Lincoln Gordon, então embaixador dos EUA no Brasil, na fase imediatamente anterior e posterior ao golpe.
Na verdade, Lincoln Gordon tinha sido designado por Kennedy para lidar com um presidente que os americanos consideravam "reformista", que era o Jânio Quadros (na verdade, um maluco com tendências autoritárias). Jânio renunciou assim que Gordon foi designado, e ele teve de lidar com um regime confuso, anárquico, incapaz de fazer reformas, apenas aprofundando a crise brasileira. Nada no filme revela o caos administrativo que era o governo Goulart, a espiral inflacionária, a deterioração das instituições.
Em primeiro lugar, não se pode caracterizar o processo histórico como sendo um de "democracia-golpe-regime militar-ditadura-volta à democracia". Isso é simplismo, sobretudo no que se refere à conspiração americana para derrubar Goulart.
O Brasil tinha motivos suficientes para fazer aquilo que já tinha sido feito em 1930, 1937, 1945, diversas vezes nos anos 1950, 1961 e finalmente 1964: crises políticas, incapacidade das elites, intervenção militar.
Os americanos entram pelo lado da Guerra Fria, mas como não considerar a crise dos foguetes em Cuba, em 1962, e as simpatias do governo Goulart pelos regimes socialistas?
Enfim, um filme simplista, redutor, historicamente deformado.
Paulo Roberto de Almeida
PS.:
Como disse, no filme, não há nada sobre o quadro econômico e social dos anos Goulart, com inflação indo para os 100% ao ano, sem qualquer correção, seria bom relembrar.
Tampouco existe uma palavra sequer sobre as ações guerrilheiras que vieram antes, muito antes, que o governo autoritário virasse uma ditadura.
Permito-me reproduzir aqui um trecho, apenas um trecho do manifesto divulgado durante o sequestro do embaixador Burke Elbrick:
"Este ato (...) se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural."
quarta-feira, 19 de março de 2014
Venezuela-OEA: oposicao venezuelana ao chavismo mantem a ilusao de que conseguira comover os paises...
Nada. Os países, ou a maioria deles, continuarão indiferentes ao que se passa no país.
Vergonha é a palavra, mas haveria muitas outras também, para qualificar o que acontece com países e instituições próximas. Talvez inqualificável seja a palavra...
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela protestas
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La diputada opositora venezolana María Corina Machado partió de Venezuela para hablar en la Organización de Estados Americanos (OEA) sobre las protestas que vive su país tras aceptar un ofrecimiento de Panamá de cederle su asiento en el organismo regional.
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terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Golpe de 1964 e ditadura militar: 50 anos - comeca o maniqueismo (Cafe Historia)
Creio que vou escrever algo a respeito, para tentar restabelecer a balança...
Paulo Roberto de Almeida
Do site Café História, 7/01/2014
MURAL DO HISTORIADOR
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Chefe da quadrilha quer silenciar companheiro moderado: totalitarios inconformados...
A matéria abaixo é um reflexo dessa tentativa de isolar um ministro companheiro que pecou por não partilhar da mesma vocação ditatorial dos seus companheiros de partido.
Paulo Roberto de Almeida
Centrais sindicais consideram Paulo Bernardo ‘desastroso’
Por Felipe Bianchi - de São Paulo
Antonio Neto (CSB) e Nivaldo Santana (CTB) argumentam que, diferentemente das recentes manifestações de rua do país, o 11 de Julho tem pauta definida – “a defesa dos interesses dos trabalhadores” – e direção.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
A marcha da democracia na América Latina (para tras) - K vs Clarin
O Brasil ainda não chegou lá: mas já existem dezenas, centenas, milhares de mercenários a soldo da imprensa sabuja, feita de rastejamento frente ao poder, inclusive para viver de recursos públicos.
A última rede de televisão independente da Venezuela acaba de ser "vendida" a empresários amigos do poder.
O Clarin não vai ser vendido: ele vai ser estrangulado.
O bolivarianismo chega mais perto do Brasil.
Aqui também os espaços se reduzem. Sobram os blogs independentes, como este quilombo de resistência intelectual. Espero que não seja asfixiado...
Paulo Roberto de Almeida
E que os valores eram levados para a casa da família Kirchner na cidade de El Calafate, no sul do país. Lá haveria uma caixa forte.
No fim do programa, Jorge Lanata se despediu alertando sobre uma possível intervenção do governo no grupo.
O governo nega. “Querem gerar um clima de medo e terror na Argentina”, reagiu o secretário geral da presidência da república, Oscar Parrilli.
sábado, 11 de maio de 2013
A luta armada no Brasil: depoimento de um quase combatente (9, final) Paulo Roberto de Almeida
Continuação do post anterior e conclusão
A luta armada no Brasil: depoimento de um quase combatente (9, final)
Paulo Roberto de Almeida
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A luta armada no Brasil: depoimento de um quase combatente (8) - Paulo Roberto de Almeida
A luta armada no Brasil: depoimento de um quase combatente (8)
Paulo Roberto de Almeida
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