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Mostrando postagens com marcador economia política da idiotice nacional. Mostrar todas as postagens
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Militantes Negros querem revogar a lei da oferta e da procura

Eu às vezes me pergunto se é só estupidez, mesmo, ou se é racismo puro,  entranhado na mente desses militantes da causa negra, que pretendem obrigar comerciantes privados -- não necessariamente formados em altas escolas de comércio ou em cursos de administração, mas que devem ter algum instinto de mercado -- a fixarem preços administrados, segundo sua concepção idiota de valores econômicos, em patamares que eles julgam serem politicamente aceitáveis, mas que não são, provavelmente, economicamente realistas.
Certas pessoas acham que pelo fato de as bonecas "serem praticamente iguais", elas deveriam ter o mesmo preço: elas querem eliminar as preferências dos consumidores e o direito dos comerciantes realizarem um lucro maior sobre a procura dos clientes, o que é humanamente compreensível (menos para certos energúmenos).
Elas querem fazer o MP obrigar os comerciantes a "igualar os preços" das bonecas. 
Mas a minha sugestão é melhor: os comerciantes deveriam cobrar mais caro pelas bonecas negras, pois assim os militantes da causa receberiam a distinção -- embora duvidosa econômicamente -- de terem "suas" bonecas mais "valorizadas".
Não é uma solução perfeita para um problema perfeitamente estúpido?
Em todo caso, creio que o Brasil está se encaminhando para uma dupla trajetória muito triste: crescente estupidez nacional e racismo explícito, ao contrário.
Paulo Roberto de Almeida 

Conselho vai investigar caso de bonecas em feira
O Globo, 3/04/2012

Entidade pode recorrer ao MP se artesã não igualar preços de brancas e negras em Ipanema

RIO - O Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine) enviará três representantes à Feira Hippie de Ipanema, no domingo, para checar a diferença de preço entre bonecas de pano negras e brancas. Como noticiou na terça-feira Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, uma barraca cobra R$ 85 pelas brancas e R$ 65 pelas negras, embora as duas sejam praticamente iguais.

Presidente da entidade, Paulo Roberto dos Santos disse que os conselheiros tentarão conseguir com a dona da barraca uma explicação para a diferença de preços. Se os argumentos não forem convincentes, e se a proprietária se recusar a rever os valores, o conselho poderá encaminhar ao Ministério Público uma denúncia de discriminação:

— Nós resolvemos que, antes de qualquer atitude, vamos lá no domingo ver de perto essa situação, se tem a ver com algum preconceito. E vamos, primeiramente, convencer a pessoa a tratar com isonomia, com igualdade (brancas e negras). Se ela se recusar, vamos fazer uma denúncia formal ao Ministério Público e procurar a Defensoria Pública — disse Paulo.

A decisão de ir à feira foi tomada em reunião do Cedine, à qual estiveram presentes representantes do Conselho de Entidades Negras do Interior do Estado do Rio e da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio.

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quinta-feira, 29 de março de 2012

Jumentos bipedes defendem jumentos quadrupedes: faz sentido...

Eu NUNCA assino petições. Não apenas porque não costumo aderir a manifestos e declarações dos quais eu mesmo não tenha participado de sua redação -- e NUNCA participo da redação de qualquer manifesto ou petição, pois esses empreendimentos sempre se pautam pelo mínimo denominador comum, que costuma ser idiota -- mas também porque as causas geralmente são idem, ou seja, muito idiotas, ou totalmente idiotas. 
Baleias, golfinhos, borboletas, gays, quilombolas, reservas naturais, cotas raciais, santuários de qualquer coisa, até verdadeiros santuários, alguma semente imperialista, algum OGM idem, algum fast-food americano, enfim, todas as causas mais idiotas acabam nas mãos (e nos pés) dos redatores mais idiotas de manifestos idem...
Enfim, como vêem, tenho horror a manifestos e petições de qalquer coisa, mesmo para causas aparentemente nobres como lutar contra a corrupção, tirar bandidos do sistema político, fazer escolas decentes para nossas pobres criancinhas, etc...
Mas, e se trata de um grande MAS, nunca me recuso a ler manifestos, pois sempre se fica sabendo mais um pouco sobre os insondáveis meandros da alma humana.
Não que os manifestos sejam redigidos por êmulos de Tolstoi, ou seguidores de Dostoievski, mas é que a redação sempre me ensina algo dignificante, ou então degradante, o que é mais ou menos a mesma coisa, para quem observa o mundo e aprende com ele (ou não).
Bem, mas deixemos o mundo de lado, pois se trata de um vasto mundo e, como diria o poeta, eu não me chamo Raimundo.
Fiquemos com o nosso Brasil mesmo, que já é um osso duro de roer nessa matéria de inteligência... (ops, escorreguei...).
Algum tempo atrás fiquei curioso ao saber que o Brasil estava exportando jegues para a China; sim, o nosso simpático jumento, que povoa certas estradas provinciais do Nordeste, e até existe em cidades mais importantes de qualquer parte do Brasil.
Não soube mais, pois a nota era pequena e até pensei que fosse uma broma, uma brincadeira; ora, vejam só, o Brasil exporta um pouco de tudo, mas jegues para a China, francamente...
Bem, não é que agora deparei-me com um manifesto que protesta contra essa hipótese?
Transcrevo abaixo, não sem antes acrescentar alguns comentários.
Os jumentos que protestam contra essa exportação gostariam, por exemplo, de criar a Jumentobras, para desenvolver todo um programa nacional de proteção e promoção do simpático bichinho, ou eles apenas estão exercendo seu direito de ser idiotas, ao tentarem impedir esse comércio legítimo?
Eles querem protecionismo ao contrário, mas apenas em relação aos jumentos?
E as simpáticas vaquinhas, os afáveis bois de curral, todos os carneiros e porquinhos que exportamos, vivos, mortos, aos pedaços, em filé e cortes selecionados, eles também não mereceriam igual proteção?
E as galinhas, coitadas, os franguinhos tão frágeis, por que é que eles não poderiam se beneficiar também de uma proteção dos mesmos jumentos que pretendem defender o legítimo jumento nacional?
Acho esse tipo de discriminação contra os outros animais odiosa, no mínimo inconstitucional, pois a nossa Carta Magna recomenda que no Brasil não se faça nenhum tipo de discriminação ou preconceito com base em raça, cor, religião, time de futebol, sexo -- ou melhor, gênero, e temos vários deles -- enfim, não se pode dar ao jumento aquilo que não se pode estender aos outros filhos de Deus. E no Brasil todos são filhos de Deus.
Sou pela ampliação desta petição, e quero ver circular uma que proteja todos os nascidos no território pátrio. Prometo que essa eu assino (dependendo da linguagem, claro).
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Quem desejar assinar o manifesto dos jumentos, achegue-se neste link: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N21806


ABAIXO ASSINADO CONTRA A CRUEL EXPORTAÇÃO DE JEGUES PARA A CHINA
Para: MINISTÉRIOS DA AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
Nós, amantes e protetores dos animais, vimos por meio desse abaixo-assinado protestar veementemente contra a exportação de 300 mil jegues do Brasil para a China! Sabemos que esse país, assim como o nosso, não prima pelo bem estar de seus animais, sejam os domésticos ou os selvagens. Esperamos que o Ministério da Agricultura e o Ministério do Meio Ambiente VETEM essa verdadeira carnificina, pois temos comprovações de como animais são tratados na China: ursos tem sua bile extraída SEM ANESTESIA para que seja usada para fins medicinais. Vamos por um fim à vivissecção! Os jegues sempre foram os verdadeiros companheiros do Nordestino, pois não há justiça humanidade decência alguma na fala do execrável secretário de agricultura do Rio Grande do Norte, JOSÉ SIMPLÍCIO DE HOLANDA, quando diz que os asnos agora só servem para causar acidentes na estrada. Pois eu digo mais: os verdadeiros asnos que causam acidentes muito mais graves, são aqueles que usam ternos caros e exercem cargos públicos! POR UM TRATAMENTO DIGNO AOS JEGUES, QUE AJUDARAM A ERGUER MUITAS DAS GRANDES CIDADES NORDESTINAS! 
Os signatários

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Empresarios e trabalhadores manifestam CONTRA o governo! Acreditou?

Pois é, infelizmente não é verdade, mas deveria ser, pois o único -- repito, O ÚNICO -- responsável pela desindustrialização é, continua sendo, sempre foi e será pelos próximos anos -- talvez até que não reste mais nenhuma indústria digna desse nome no Brasil -- o GOVERNO, exclusivamente, essencialmente, fundamentalmente, basicamente o Governo.
Fui claro?
Acho que sim.
Pena que esses sindicalistas e empresários vão pedir as velhas receitas protecionistas de sempre.
E o Governo ficará contentíssimo em atender, obviamente.
Em linguagem grosseira, significa que vai tirar o dele da reta. Mas ele continua sendo o responsável pelo processo.
Não sei por que existem tantos cegos e idiotas no mundo, num país surrealista situado a centro-leste da América do Sul, mais especificamente...
Paulo Roberto de Almeida


Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil, 27/02/2012 - 19h33


São Paulo – Empresários e sindicalistas anunciaram hoje (27) que farão uma série de manifestações em diversos estados contra o aumento da importação e a desindustrialização do país. A mobilização começa amanhã (28) no Senado onde um grupo vai pedir a aprovação da Resolução 72, que reduz a zero a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais com produtos importados.

De acordo com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a prova de que a desindustrialização existe é o fato de que os empregos estão sendo perdidos no setor. “Por isso resolvemos colocar o bloco na rua para enfrentar essa questão”. Paulinho disse que empresários e sindicalistas pretendem atuar tanto para aprovar a Resolução 72, quanto para pressionar o Executivo com relação aos juros e ao câmbio.
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Adir de Souza, disse que a intenção não é a de fechar o mercado brasileiro aos países estrangeiros, mas que deve haver uma proteção para a indústria nacional. “Este movimento que se inicia não é só de trabalhadores e empresários, queremos chamar a atenção da sociedade porque o efeito dessa crise na indústria desencadeia emprego em outros setores”.
O presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ressaltou que empresários e sindicalistas estão igualmente preocupados com os problemas do Brasil, que em sua avaliação está perdendo sua competitividade, por causa de altos custos para produzir em território nacional. “Está custando caro produzir no Brasil, e isso, leva o capital para investir em outros lugares e traz produtos importados”.
Segundo Skaf, 25% dos produtos que circulam no comércio brasileiro são importados. “Quem fala que não há desindustrialização no país está vivendo fora da realidade. É lógico que está havendo desindustrialização e isto é prejudicial ao país. O Brasil vai ter, em 2030, 150 milhões de pessoas precisando de emprego e não é abrindo mão da indústria que emprega intensivamente que o Brasil vai conseguir empregar bem todo esse contingente”.


domingo, 29 de janeiro de 2012

Mais manchetes idiotas: os companheiros se esmeram na estupidez...

Assim não dá: eu tento ler coisas sérias na imprensa online, mas só pipocam manchetes idiotas, dessas capazes de provocar em mim, imediatamente, aquele comichão anti-estupidez, a que sou incapaz de resistir. Aliás, esse tipo de manchete é insuportável.
Sempre quando vejo uma idiotice estampada em algum veículo, não resisto a uma espécie de alergia anti-burrice. Daí que tomo da minha pluma para anotar no meu caderninho de asneiras a última pérola da coleção. Agora, com o blog, ficou ainda mais fácil.
Vejam esta aqui, por exemplo: 






Não é uma gracinha?
Os companheiros não se esmeraram na idiotice consumada?
Como é que eles vão fazer para marchar contra o capitalismo?
Vão marcar encontro com os banqueiros na Avenida Paulista?
Vão assaltar a sede da CNI em Brasília?
Vão ocupar Wall Street outra vez? 
Vai sair caro; além de passagens, um hotelzinho em Manhattan não sai por menos de 100 dólares...


E como é essa coisa de pedir mais "justiça ambiental"?
Vão pedir para o sol ser menos agitado e fazer menos aquecimento global?
Vão pedir para a mãe natureza parar de provocar desastres ambientais (tem uma santa, no Brasil, uma tal de Marina das selvas, que talvez possa ajudar...).


Curiosos esses caras do Fórum Social: passam a semana inteira ouvindo os mesmos subintelectuais repetirem as mesmas bobagens de sempre, urrando os mesmos slogans e chavões contra o capitalismo e, depois, no final de tudo, ainda ficam reclamando da "dificuldade de encontrar uma pauta comum".
Mas que idiotas: eles não conseguem consenso contra o mesmo monstro perverso, conhecido desde meados do século XIX, quando um profeta barbudo fez sua anatomia, descreveu suas entranhas e predisse que ele estava condenado ao desaparecimento fatal devido a suas contradições internas?
Como é que agora eles não conseguem "impor derrotas reais ao capital"?
Mas eles não são 99% da humanidade, e os capitalistas apenas o 1% de privilegiados?
Que idiotas esses anticapitalistas e antiglobalizadores.


A única coisa na qual eles são ótimos é na redação de manchetes idiotas...
CQD...
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Conversa mole para boi dormir (e nao acordar mais...)

Será que em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, no Brasil, na América Latina, no mundo, ainda existem pessoas que acreditam nesse tipo de baboseira de que fala o governador daquele estado brasileiro?
Existem idiotas a esse ponto?
Acho que sim...
Como diria um bookmaker inglês, desses que aceitam aposta para tudo, ou quase tudo: NUNCA, alguém perdeu dinheiro apostando na estupidez das pessoas...
Paulo Roberto de Almeida 
(sem comentários, por favor...; poupem a dignidade do cargo, se é que existe alguma em quem devolveu asilados cubanos para a ilha-prisão, e aceitou um assassino comum como refugiado político...)



domingo, 13 de novembro de 2011

Idiotas da educaçao superior (superior?) contribuem para a imbecilizaçao da universidade brasileira

Eu nunca vou deixar de me surpreender com a capacidade que exibem certos professores do terceiro ciclo -- melhor essa designação do que "educação superior", que anda muito inferior no Brasil -- de manifestarem toda a sua idiotice assim à luz do dia, ofendendo a inteligência alheia e achando que todos são idiotas para concordar com o que estupidamente escrevem.
Assim, já não tão surpreendido com a absurda ocupação da USP por um bando de neobolcheviques anacrônicos, sou, sim, surpreendido nesta minha vida de retinas fatigadas (como diria o poeta) com a leitura de comentários perfeitamente idiotas em artigo em que três professores (professores?) da USP (Fefelech e Direito, onde se concentram grande número de idiotas, atualmente) se manifestam contra a presença de PMs no campus.
Leiam o que eles escreveram, aqui selecionado, eu comento em seguida. Eles acham que para a USP funcionar direito no plano das ideias, liberdade é fundamental, e que por isso mesmo a presença de PMs no campus é não só inaceitável, como potencialmente perigosa:

"A presença constante de qualquer agente com potencialidade repressiva, e que possa ser acionado por um poder central, certamente é elemento inibidor da gestação de ideias e, por consequência, da força motriz da universidade e de sua relevância para a sociedade."
PRA: Uau, os professores acham que PMs passeando pelas ruas da Cidade Universitária os impedem de pensar. Que bonitinho! Eles pensam melhor com maconheiros passeando pelos mesmos espaços...

"A reitoria pode, sob alegação de suposto interesse público, de ofício, acionar os meios repressivos."
PRA: Uau 2, eles estão preocupados com a livre manifestação das suas ideias (ideias?), mas o seu alvo é obviamente o reitor, que pode, quem sabe?, acionar os PMs cada vez que eles, diligentemente, propuserem aos seus encantados alunos alguma nova ideia sobre como PMs, ao contrário de maconheiros,  são nefastos à livre manifestação de ideias subversivas em plena sala de aula. Assim, "polícia do pensamento", como deve existir na Cuba querida e na maravilhosa Coreia do Norte...

"...mantendo-se no local um corpo militar, há a presença física que sempre se coloca, não somente de forma simbólica, à disposição para eventual repressão de atos ligados à livre expressão de ideias."
PRA: Uau3, triplamente qualificado. O reitor, perverso obviamente, pode decidir, ao ser delatado que qualquer um dos três professores idiotas que escrevem essas idiotices anda expressando ideias magnificas sobre como a liberdade de pensamento exige a exclusão de PMs -- mas a inclusão de jovens maconheiros -- nos espaços daquela magnífica obra do pensamento progressista que é a USP -- e a Fefelech e o largo de S.Francisco em particular -- esse perverso reitor, escrevia eu, pode decidir mandar os PMs, arautos de outro tipo de pensamento, baixar o cacete no cocoruto dos libertários professores cheios de ideias maravilhosas.

Por essas e outras que eu acho que também a nossa suposta maravilhosa universidade de São Paulo -- não merece mais um U maiúsculo -- e a Fefelech onde comecei estudos ideologicos (ops, sociais) algumas décadas atrás, abandonando, porém, em meio do caminho, que esse magnífico bastião do pensamento progressista há muito deixou de ser uma universidade, na acepção plena do termo, e também se converteu, no seu setor de Humanidades, num reduto das fortalezas imbecilizantes que contaminam a educação brasileira.

Em tempo: os professores que assinaram aquela extrovenga de artigo na FSP de 11/11/2011 (p. 3, Opinião), chamado "A Polícia Militar na USP", levam por nomes: Paulo Arantes, Marcos Orione Gonçalves Correia e Jorge Luiz Souto Maior. Trata-se, sem dúvida, de grandes nomes que contribuem para a mediocrização do terceiro ciclo da educação no Brasil (que já não merece o nome de superior) e que prometem continuar atuando para afundar ainda mais seus padrões.
Não se enganem: o processo de imbecilização vai continuar...
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sobre idiotas e outros personagens pouco frequentáveis...

Frequentadores frequentes (se me permitem a quase redundância), aficionados, passantes ao acaso, visitantes ocasionais, navegadores erráticos ou até mesmo alguns habitués deste blog -- sem nenhuma dúvida, masoquistas --  costumam reclamar que eu chamo muita gente de idiota (não tanto quanto deveria, acho eu, sinceramente). Para eles eu seria arrogante, no mínimo, desrespeitoso, certamente, e talvez mesmo mais um desses idiotas criticados.
Pode ser, mas que culpa tenho eu se o número de idiotas anda aumentando muito no mundo, ou se o mundo das comunicações livres oferece oportunidades únicas para os idiotas se expressarem e aparecerem, até mesmo fazer algum sucesso momentâneo?
Reconheço que o mundo seria um lugar bem melhor com um pouco menos -- bastante menos -- de idiotas e outros assemelhados e equivalentes funcionais, mas em nome da democracia e dos direitos humanos temos de deixar os idiotas disputar o mesmo espaço público do que seres bem pensantes, ou até mesmo pessoas medianamente constituídas, bem informadas e suscetíveis de trazer algumas bondades adicionais ao mundo como ele é (cheio de idiotas).
No passado, inspirado no "minitratado" seminal -- a expressão é minha, não dele -- do genial historiador italiano Carlo Maria Cipolla (sim, cebola), Le leggi fondamentali della stupidità umana, eu cheguei a escrever um pequeno ensaio perguntando se, por acaso, estaria aumentando o número de idiotas no mundo: 
Está aumentando o número de idiotas no mundo?
Espaço Acadêmico (ano 6, nr. 72, maio de 2007; ISSN: 1519-6186) 
(procurem no meu site que deve estar por lá).
Eu argumentava que sim, e não, ou seja, ambas as tendências: sim, estava aumentando o número de idiotas, cada vez mais idiotas e disseminando suas idiotices fundamentais com a ajuda de todos os meios modernos de comunicação, mas que, no fundo, isso não era grave, pois o número reduzido de não idiotas conseguia administrar a situação, para o maior benefício de todos, inclusive dos idiotas.


Pois bem, não vou fazer nenhum novo minitratado sobre a idiotice humana, mas como eu contemplo idiotices todos os dias, em todos os lugares, como leio nos jornais, escuto na rádio e vejo diretamente idiotices perpetradas em todos os quadrantes -- e imagino que existam zilhões de outras mais espalhadas sem que eu possa ver pelos quatro cantos de nosso planetinha redondo -- fico imaginando se não seria possível dividir os idiotas em categorias bem determinadas, em classes, ou espécies, quem sabe até famílias?, enfim (enfins, como diria uma professorinha da UnB), em tipos diferentes de idiotas, de maneira a melhor poder enfrentar esse flagelo da humanidade.


Ainda não cheguei a alguma conclusão científica, e pretendo aprofundar minhas pesquisas, mas pelo que constatei até aqui, talvez se pudesse dividir os idiotas em duas categorias fundamentais: 


1) Os "idiotas idiotas", ou seja, os apenas ingênuos, que acreditam que estão fazendo o bem, ou o melhor que podem, e que acreditam sinceramente nas idiotices que defendem e que disseminam. Eu diria que eles estão entre os 99% da humanidade que simplesmente existe, com aspirações diversas, e que pede para que suas concepções seja também aceita pelo resto da humanidade, sobretudo o resto dos 1% que exibem outras concepções do mundo. Conheço muitos, mas prefiro não indicar agora nenhum nome em especial para não receber um convite para algum duelo fatal... Ou talvez, sim, eu possa dar um nome: por exemplo, esse primeiro ministro grego que depois de mais de um ano de negociações difíceis com seus colegas europeus, conseguiu chegar a um compromisso aceitável para aplicar um calote bem dado em banqueiros e outros credores, e que agora pretende submeter esse acordo a um referendo nacional, que provavelmente vai rejeitar o acordo, tendo em vista os milhares de idiotas que manifestaram durante todo esse tempo contra as medidas de ajustes e outros remédios ao problema grego. Esse primeiro-ministro só pode ser um idiota completo, mas da primeira categoria, ou seja, dos ingênuos.
Idiotas ingênuos são também esses que marcham contra a especulação, a austeridade, o capitalismo, os mercados, e que pedem um outro mundo possível e slogans do tipo "o povo primeiro, as finanças depois", e que não sabem bem o que propor. São idiotas ingênuos, pois querem sinceramente o bem da humanidade.


2) Os "idiotas sem caráter", ou seja, aqueles que mesmo sabendo que seus argumentos, posições e propostas são inexequíveis, ineficientes e até contraproducentes, ainda assim pontificam nesses mesmos meios pregando as mesmas bobagens que encantam os idiotas da primeira categoria. Os primeiros eu até respeito, por achar que eles têm direito de defender, sinceramente, ideias idiotas, mas os segundos não contam com minha condescendência, pois eles são profundamente desonestos e fraudadores. Conheço vários nessa categoria, embora não conviva com esse tipo de gente, claro, mas sei que na academia, na vida pública, no jornalismo, no mundo em geral, eles existem e até tripudiam sobre a idiotice dos primeiros para prevalecerem sobre todos os demais.


Enfim, ainda tenho de escrever um minitratado sobre a idiotice e os idiotas.
Virá, um dia...
Paulo Roberto de Almeida 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Curvando-me a inteligencia governamental: sempre previdente...

Mais uma vez, ou mais três vezes, três ufas! Viva o Governo. Ele protege o desprotegido carro nacional e os empregos nacionais, e os lucros (bem, internacionais) das montadoras nacionais, que assim poderão remeter lucros extraordinários para suas matrizes estrangeiras, graças à magnanimidade do Governo nacional (ou não seria nacional?).
Never mind que o governo, em lugar de aumentar o IPI poderia, se ele fosse estúpido, diminuir os impostos sobre os carros brasileiros, que assim ficariam mais baratos do que os importados (e de quebra, mas apenas de quebra, beneficiar um pouquinho os consumidores nacionais). Mas isso não seria uma medida inteligente, pois o governo deixaria de aproveitar a oportunidade para aumentar a arrecadação de impostos. E para que diminuir a arrecadação e beneficiar os compradores locais com preços menores quando o Governo (ou governo?) tem tanto a fazer para a Copa, as Olimpíadas, os ministros (de todos os partidos), os parlamentares e suas emendas maravilhosas, tanta coisa de bom a ser feito e o governo, coitado, com poucos recursos para tudo isso? Ah, sim, não esqueçamos, a nossa saúde tão pobrezinha, necessitando apenas de alguns bilhões a mais para ficar realmente excelente (ela já é boa, não esqueçamos). Tudo isso não poderia ser feito, se o governo abaixasse impostos.
Mais uma vez tenho de reconhecer que o o governo agiu de forma extremamente inteligente, ao proteger não só o carro nacional, mas nossa soberania, nosso bem estar, nossa dignidade...
Palmas ao governo que ele merece...
Paulo Roberto de Almeida 





Governo eleva IPI para proteger carro nacional

Por João Villaverde | De Brasília
Ruy Baron/Valor/Ruy Baron/ValorMantega, Pimentel e Mercadante: medidas para evitar a "exportação de empregos" com aumento de importações
O governo elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos (automóveis e caminhões) fabricados no Brasil ou importados. O IPI elevado valerá até dezembro de 2012, mas só será pago pelos fabricantes nacionais que não cumprirem 6 de 11 exigências. As mais importantes são: contar com no mínimo 65% de conteúdo nacional ou regional em 80% dos veículos produzidos no Brasil, e investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) o equivalente a 0,5% da receita bruta descontada dos impostos. O novo regime do setor automotivo foi divulgado ontem à noite pelo governo.
Todas as alíquotas de IPI cobradas das montadoras terão elevação de 30 pontos percentuais a partir de hoje. Isso quer dizer que os fabricantes de veículos populares, de mil cilindradas, passarão a recolher IPI de 37%, e não mais de 7%, como ocorria até ontem. Aqueles que estão na maior faixa de IPI, os veículos com mais de 2 mil cilindradas, passarão a ter alíquota de 55% de IPI.
Ao adotar o princípio de conteúdo nacional ou regional, o governo garantiu que os veículos importados da Argentina (onde as grandes montadoras instaladas no Brasil também possuem fábricas) possam ser beneficiados pelo "desconto" de 30 pontos na alíquota.

Segundo estimativas da equipe econômica, caso o reajuste na tabela do IPI seja integralmente repassado ao preço final, os veículos ficarão 25% a 28% mais caros. No entanto, esse preço não deve ser sentido pelo consumidor dos veículos produzidos no Brasil porque, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, num primeiro momento, "todas as empresas estão enquadradas" no novo regime. Ou seja, terão direito ao desconto de 30 pontos. O aumento será mesmo sentido nos carros importados por montadoras sem fábricas no país, como as chinesas, ou que apenas montam veículos no Brasil, com forte importação de peças.
Valor apurou que as empresas do setor têm a partir de hoje 30 dias (e não 60 dias, como afirmou Mantega ontem), para se habilitar junto aos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ou seja, as companhias apresentarão ao governo as informações quanto ao grau de conteúdo nacional embutido no veículo, o patamar de seus gastos em P&D como proporção da receita bruta descontada dos impostos e outras nove exigências. O recolhimento do IPI elevado passará a ocorrer em 30 dias, mas ele terá efeito retroativo, ou seja, as empresas que não cumprirem as metas deverão pagar o IPI devido nos 30 dias anteriores a 16 de outubro.
Das 11 exigências definidas entre o governo, empresários do setor e centrais sindicais, 3 são específicas para os fabricantes de caminhões. Isso significa que para os fabricantes de automóveis basta cumprir cinco de oito premissas para evitar o IPI elevado.
O novo regime automotivo tem o claro intuito de reduzir o ímpeto de ingresso de veículos importados, que, segundo uma fonte do alto escalão da equipe econômica, tem sido "crescentemente massacrante". Segundo essa fonte, o incremento das importações gera entusiasmo, num primeiro momento, por reduzir os preços praticados internamente. "Mas já passamos dessa fase há muito tempo, o que ocorre hoje é a desarticulação de uma cadeia crucial ao desenvolvimento tecnológico e ao emprego do país."
Ao anunciar as medidas ontem, Mantega foi enfático: "O mercado brasileiro está sofrendo um forte assédio do exterior. Nosso consumo vem crescendo e vem sendo preenchido fundamentalmente por importações". Na apresentação das medidas, ao lado dos ministros do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, Mantega fez uma sinalização aos sindicalistas. "Corremos um sério risco de estar exportando empregos para outros países [com o atual ritmo de crescimento do volume importado]".
O auditório da Fazenda estava lotado com a presença de sindicalistas de três centrais (CUT, Força Sindical e CTB), e empresários da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos (Abeiva). Se agradou sindicalistas e parte do empresariado, o governo contrariou os importadores.
José Luiz Gandini, presidente da Abeiva e da Kia Motors, interrompeu a apresentação dos ministros para dizer, com voz elevada, "que nós [os importadores] representamos apenas 6% da indústria brasileira, vocês estão exagerando". Gandini foi acalmado por empresários.
Segundo Mercadante, as medidas não representam um ataque aos importadores. "Esse país tem espaço para a importação, mas não pode comprometer o estímulo a inovação e ao emprego nacional", disse o ministro, "por isso, para aquele que investir em P&D [pesquisa e desenvolvimento] e apostar no conteúdo nacional, o imposto será menor".
Valor Econômico, 16/09/2011

sábado, 20 de agosto de 2011

A loucura, no mais alto grau: deve ser alguma disfuncao cerebral

O que poderia induzir um cidadão alfabetizado, que até escreve em boletins eletrônicos, a dizer uma loucura destas?:

Jamais o prejuízo causado ao cidadão comum pela corrupção e o desperdício em todas as esferas governamentais será remotamente equiparável ao que lhe impõe o parasitismo capitalista em si.

Uma bobagem deste tamanho só se pode explicar por ignorância pura e simples, muita idiotice acumulada, ou má-fé, deliberada e consciente. Em qualquer dos casos, é grave. O cidadão poderia ser objeto de alguma camisa-de-força virtual, para não ofender a lógica e agredir a realidade.
Paulo Roberto de Almeida

Corruptos, os espantalhos úteis do capitalismo
Celso Lungaretti*
CONGRESSO EM FOCO, 20/08/2011 07:00

“Corrupção mata. Entender isso é fundamental para atacar um dos males que mais empacam o desenvolvimento socioeconômico e político do Brasil” – escreve Marina Silva, que saiu do Partido Verde, mas continua patinhando nas águas rasas do reformismo.

Morena Marina, você se pintou… Está repetindo como papagaio a cantilena que convém ao sistema e, por isso mesmo, é martelada dia e noite pela indústria cultural.

O capitalismo, ele sim, mata.

Mesmo que um milagre divino dele extirpasse totalmente a corrupção que lhe é inerente, ainda assim continuaria malbaratando o potencial hoje existente para se proporcionar uma existência digna a cada habitante do planeta. E poderá vir até a causar a extinção da espécie humana, ao submeter nosso meio ambiente ao primado da ganância desmedida.

Jamais, JAMAIS, o prejuízo causado ao cidadão comum pela corrupção e o desperdício em todas as esferas governamentais será remotamente equiparável ao que lhe impõe o parasitismo capitalista em si, começando pelas casas de agiotagem legalizada conhecidas como bancos.

Mas, lembrando o filme Os Suspeitos (d. Bryan Singer, 1995), o grande truque do diabo é fingir que não existe.

Então, a mídia habilmente direciona a ira das massas contra os corruptos que, gerados e mantidos pelo capitalismo, não só lhe servem de biombo, como se revezam no papel de espantalhos úteis.

A contrapartida por seus privilégios é serem obrigados a suportar estigmatizações momentâneas e perda dos cargos, às vezes até uma pequena temporada na prisão, com a garantia de adiante voltarem à tona, belos e lampeiros.

São os títeres utilizados pelo diabo para que o povo não perceba qual é a causa última dos seus males.

E, como tais, preservados por aquele a quem venderam a alma: depois das shakespearianas tempestades de som e fúria significando nada, reassumem discretamente suas posições e não se fala mais nisso.

De Paulo Maluf a Fernando Collor, passando por anões, sanguessugas e mensaleiros, os envolvidos nos episódios mais emblemáticos de corrupção nunca amargaram o ostracismo definitivo.

Como benefício adicional, a redução da política a um permanente mar de lama é tudo de que precisam os interessados em disseminar o desencanto e o egoísmo, para afastar os trabalhadores dos caminhos que levam à sua libertação.

Enquanto tal espetáculo de sombras chinesas fornece circo e catarse inócua aos explorados, o capitalismo os continua desgraçando impunemente.

Só mataremos o monstro cortando sua cabeça. Os tentáculos crescem de novo, indefinidamente.

*jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

sábado, 6 de agosto de 2011

Tiririca: uma certa e outra errada, mas esta' tudo errado, claro

Primeiro a transcrição das declarações [inventadas] do preclaro personagem e nobre deputado:

Tiririca diz que corrupção no governo pior do que tá não fica
G17, 6/08.2011

Tiririca tentou levantar o ânimo dos brasileiros garantindo que a corrupção chegou ao limite

O Deputado Federal Tiririca resolveu levantar o ânimo dos brasileiros que andam descontentes e desacreditados com o país, por causa dos escândalos no governo, que surgem de hora em hora.

“A corrupção no governo brasileiro pior do que tá não fica”, disse Tiririca querendo animar a população sofrida.

O palhaço, que também é deputado – ou o contrário, visto que deputado também é palhaço – disse que não há razões para desacreditarem no Brasil, porque os índices de escândalos que surgem a todo instante não podem aumentar, pois já atingiram todos os limites.

Ao ser interrogado pelo repórter de G1 sobre a razão de haver tantos palhaços no poder, Tiririca rebateu: “Palhaços são vocês abestados que votam na gente”.


Lamento discordar do nobre deputado, mas vou ser pessimista quanto à primeira afirmação. Não só a corrupção deve ficar maior do que já está -- o Brasil desmente a Lei de Murphy todos os dias -- como ela já é muito pior, mas muuuuuiiiiito pior, do que vocês podem imaginar.
Quem é ingênuo para acreditar que ela se resume nesses poucos casos delatados pela imprensa? Quem acha que ela pode diminuir? Ela é, provavelmente, dez vezes maior, senão mais, do que o detectado até agora, e jamais será possível medir toda a sua extensão. E posso apostar que as pessoas -- os corruptos, quero dizer -- estão aperfeiçoando novos métodos para continuar roubando sem essas desagradáveis surpresas do TCU, da imprensa, de bisbilhoteiros...

Quanto à segunda afirmação, concordo inteiramente com ele.
Ele não é idiota ao se apresentar como deputado, nem o partideco vagabundo que o colocou na cabeça de lista.
Idiotas são os mais de UM MILHÃO de paulistas que o elegeram deputado: esses sim são perfeitos idiotas, ainda que muitos pretendessem apenas protestar contra um sistema parlamentar falido, que elege justamente bandidos e corruptos. Pois elegeram um idiota completo, que vai passar quatro anos rindo dos mais idiotas que o elegeram...
Paulo Roberto de Almeida

PS.: Agradeço ao Stefano ter me alertado para a falsidade da notícia [como sempre leio muita coisa, rapidamente, sou suscetível de cair em pegadinhas também, sobretudo porque recebo muita coisa em minha caixa). Mas se a matéria é falsa, a realidade não é, pois ela é perfeitamente plausível e possível, imaginável e até perfeitamente cabível, neste mesmo momento em que estamos lendo e "falando": alguém está roubando o Estado, isto é, todos nós, de alguma maneira. em algum lugar. E mantenho o que disse sobre os eleitores do idiota acima...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ministro da Fazenda do Brasil justifica discriminacao argentina contra produtos brasileiros

Sim, repito: o Ministro Mantega está legitimando o protecionismo argentino e dizendo que eles podem, sim, continuar, e até expandir, o protecionismo que atualmente é exercido no mercado argentino contra produtos brasileiros.
Para o ministro Mantega, a Argentina pode e deve continuar a praticar as mesmas políticas que vem adotando desde vários anos para proteger o mercado argentino contra os aventureiros brasileiros que invadem o seu mercado com produtos mais baratos, prejudicando a indústria local, destruindo empregos e provocando déficit comercial.

Desculpem, leitores, não foi bem isso que disse o ministro da Fazenda do Brasil, mas é isso que se deduz logicamente de suas palavras, se aplicadas a um outro contexto.
Certas pessoas não pensam antes de falar. Aliás, existem pessoas que não pensam, ponto.
Paulo Roberto de Almeida

Mantega quer mercado em mãos brasileiras
Agência Estado, 3/08/2011

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que "o mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira, não por aventureiros", durante anúncio do programa "Brasil Maior".

Mantega afirmou que o programa é um conjunto de medidas para fortalecer a indústria nacional no momento em que o mundo está em dificuldades.

"A crise se arrasta há mais de dois anos e países avançados não dão sinais de resolução de problemas, ao contrário: os EUA estão à beira de um default, algo histórico", disse o ministro.

Para Mantega, este cenário internacional prejudica o setor manufatureiro brasileiro, que está em crise desde 2008.

"Houve uma compressão dos mercados. Os emergentes que saíram da crise dependem das exportações para cumprirem as metas de seu Produto Interno Bruto [PIB]. A indústria manufatureira está buscando mercado a qualquer custo. Eu diria que a concorrência é predatória", afirmou Mantega, em solenidade no Palácio do Planalto.

O ministro acrescentou que o mercado brasileiro está sendo apropriado por produtos importados em função da guerra cambial promovida por países que manipulam o câmbio.

"O dólar é a moeda que mais se desvalorizou nos últimos meses, e com isso os EUA estão tentando resolver sua crise para fora, por meio de exportações", analisou.

Para Mantega, o governo tem adotado medidas para evitar que o dólar ficasse abaixo deR$ 1,50 no Brasil. "Não aconteceu, mas sabemos que é uma luta difícil", afirmou.

Para o ministro, os países avançados continuarão com as mesmas políticas. Por isso, o Brasil deve adotar medidas para proteger o mercado nacional.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O ministro da CT (!?) quer voltar 50 anos atras... (combina com ele)

Incrível esse tal de ministro da C&T (coitadas, ambas), que se fez "doutor" num passe de mágica, assim como um coelho tirado da cartola da UniCamp (ah, bom, foi da UniCamp, então está explicado).
Ele pretende nacionalizar a indústria de tablets no Brasil, ou seja, torná-la autônoma, autosuficiente, totalmente independente de compras estrangeiras, 80% de nacionalização, enfim (mais um pouco ele chega nos 90% da era militar).
Ele é mesmo estupendo: um perfeito retrato da mentalidade atrasada que reina em certos meios acadêmicos -- esses esclerosados da UniCamp, que ainda estão cultuando Prebisch e Celso Furtado -- e dos sindicatos de ladrões patronais -- que pululam na avenida Paulista -- que pretendem que tudo seja feito aqui dentro.
Para que, então, inserir na indústria nos circuitos mundiais se é para mantê-la atrasada?
De vez em quando me pergunto se esse pessoal não sofre da "sindrome de Itamar": vocês sabem, aquela que pretende reviver o Fusca...
Paulo Roberto de Almeida

Ministro quer tablets com 80% de matéria-prima brasileira em três anos
DCI, 13/07/2011

Uma grande mudança na área de telecomunicações está no papel, com a informação de que o setor industrial do País vai produzir tablets (computadores de mão) constituídos com 80% de matéria-prima nacional, em três anos. Pelo menos é o que garante o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. "Em setembro, teremos tablets com um percentual de 20% de matéria-prima nacional. A meta é atingir em três anos 80%", disse Mercadante. Em 2010, a falta de uma indústria sofisticada em eletrônica fez com que o País registrasse um déficit comercial de US$ 19 bilhões. -

Segundo Mercadante, o Brasil precisa dar um "salto quântico" na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D;) e se tornar uma economia mais competitiva em produtos de média e alta complexidade. "Temos que entender que o nosso patrimônio é o mercado interno. Precisamos exigir mais processos produtivos básicos para incentivar a produção de bens com conteúdo brasileiro. Já fizemos isso com os tablets. No início acreditava-se que as empresas não se interessariam. Hoje, temos 14 empresas interessadas. Destas, nove já estão com seus processos aprovados", diz.

Para cada tonelada de chips que o Brasil importa é necessário exportar 21 mil toneladas de minério de ferro, ou 1,7 mil toneladas de soja, de acordo com cálculo do ministro. O Brasil é o sétimo mercado para tecnologia de informação e comunicação. De acordo com Mercadante, o Brasil tem de aproveitar o tamanho do mercado interno, que crescerá com a inclusão digital de escolas públicas e comunidades mais pobres, para incentivar a instalação da indústria de tablets em território nacional. Mercadante também defendeu que os recursos dos royalties do Pré-sal sejam usados para financiar gastos públicos em educação, ciência e tecnologia. Para ele, os royalties servirão para reposicionar o País no cenário mundial.

Addendum:
Transcrevo dos comentários:

Paulo Henrique deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O ministro da CT (!?) quer voltar 50 anos atras......":

"Para cada tonelada de chips que o Brasil importa é necessário exportar 21 mil toneladas de minério de ferro, ou 1,7 mil toneladas de soja, de acordo com cálculo do ministro."
Essa comparação do ministro "doutor" é uma das maiores asneiras que lí nas últimas semanas.


Postado por Paulo Henrique no blog Diplomatizzando em Quarta-feira, Julho 13, 2011 8:16:00 PM

Paulo Henrique,
Até nisso o ministro é atrasado.
Nos anos cinquenta, esses cepalianos ficam contando quantas sacas de café eram necessarias para importar um jeep. Ai, com base numa série estatistica deformada, e intelectualmente desonesta, afirmavam que nos anos 1940 bastavam 80 sacas. Depois, nos anos 1950 passaram a custar 160 sacas.
Esse era o "raciosimio" que justficava a "teoria" da deterioração dos termos de troca, ou o tal de "intercâmbio desigual".
Parece que continuam a repetir as mesmas bobagens...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 9 de julho de 2011

O governo contra a economia (e os cidadaos), 2: petroleo e gasolina

O governo sempre mete os pés pelas mãos, quando pretende criar um capitalismo dirigido, obediente, amestrado, subserviente. Tentou fazer assim com a Vale, que é uma empresa privada, mas que é considerada em certos setores como uma "perda estratégica" (vejam vocês: o governo gosta de exportar minérios, ou aço).
Sempre fez assim com a Petrobras, que foi uma empresa medíocre (a despeito de ser financiada por todos os brasileiros), até adquirir autonomia, sob o regime anterior, e crescer tecnologicamente e no mercado. Agora a empresa vem sendo usada para fins políticos (e eu nem menciono os milhões de reais repassados à máfia sindical) e com isso perde valor de mercado e não consegue cumprir objetivos empresariais, pois tem de cumprir objetivos que não são os seus (como, por exemplo, produzir renda para deputados e companheiros sequiosos de recursos públicos).
Infelizmente, temos de conviver com bobagens econômicas enquanto durar o reino dos companheiros no poder.
Paulo Roberto de Almeida

Petrobras perde US$5,7 bi em valor de mercado e cai no ranking do setor
Bruno Villas Bôas
O Globo, 9/07/2011

O mau desempenho das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) — efeito da ingerência política sobre o reajuste do preço da gasolina nos postos — fez a companhia cair da terceira para a quinta posição no ranking das maiores empresas de petróleo do mundo. O valor de mercado da estatal encolheu US$5,77 bilhões desde 24 de setembro de 2010, data da sua megacapitalização (a maior da história), para US$207,33 bilhões ontem.

A companhia ficou, assim, menos valiosa pelo critério valor de mercado (que consiste em multiplicar as ações da empresa pelo seu preço) em comparação à anglo-holandesa Royal Dutch Shell (US$220,47 bilhões), agora a terceira no ranking. E também foi ultrapassada na listagem pela americana Chevron (US$211,54 bilhões), que assumiu a quarta posição.

Especialistas lembram que a perda de valor não foi maior porque as ações da estatal são negociadas em reais e a moeda americana, usada no ranking, desvalorizou-se 8,42% de 24 de setembro do ano passado até ontem. Desde o fim da capitalização, as ações preferenciais (PN, sem voto) caíram 9,71% na Bovespa e as ordinárias (ON, com voto), 11,82%.

Segundo Osmar Camilo, analista da corretora Socopa, além da interferência do governo, outros fatores afetaram as ações da empresa nos últimos meses, como a “digestão” da capitalização de R$120 bilhões e as incertezas sobre o plano de negócios da companhia.

— A empresa tem um desafio muito grande pela frente, que é fazer caixa para financiar o desenvolvimento do pré-sal — explica o analista. — No longo prazo, no entanto, esperamos que os investimentos realizados agora se mostrem benéficos, já que a produção de petróleo pode dobrar nos próximos dez anos.

O ranking segue liderado pela americana Exxon Mobil, com valor de mercado de US$402,21 bilhões. Em setembro, a Exxon valia US$314,93 bilhões. O aumento foi provocado pelo alta do preço do barril de petróleo. Na segunda posição aparece a Petrochina, com valor de mercado de US$265,92 bilhões.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Incrivel: economia do PT virou neoliberal...

Corrigindo: não exatamente a "economia do PT" (se algo semelhante a isso existe, pois acredito que o partido continua economicamente esquizofrênico), mas a economia de certos dirigentes do PT que, no passado, defendiam ideias totalmente opostas, e que não tinham nenhum pudor em expor sua concepção maluca do mundo econômica.
Hoje, ao escutar o ministro Mantega falando, tem-se a impressão que se trata, vejamos, de um Henrique Meirelles, de um Armínio Fraga (quem sabe até o próprio Milton Friedman)...
What a difference a year makes (no caso, alguns anos no poder...).
Vejam, em todo caso, o que ele disse ontem:

Mantega quer regime de câmbio unificado
27 de Maio de 2011

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu nesta quinta-feira um duro recado aos países que "administram" suas taxas de câmbio. Ele defendeu "uma reforma global dos sistemas monetário internacional" cujo o principal objetivo deve ser a unificação de um regime cambial para todos os países. Mantega participou de conferência no Rio de Janeiro organizada pelo Ministério da Fazenda e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre fluxo de capitais em mercados emergentes

Para o ministro, a melhor opção é adotar conjuntamente um sistema de câmbio flutuante. Ele disse que "os desequilíbrios" atuais são decorrentes de disparidade entre os regimes e, muitos dos quais preveem o controle e a administração do câmbio de fluxos de capitais.

Sem citar nenhum país, Mantega fez uma clara referência à China que controla o yuan. Para o ministro, o sistema monetário internacional, constituído em Bretton Woods, ficou obsoleto a partir dos anos 1980 e não houve uma coordenação com os países com o objetivo de criar um novo sistema.

O ministro defende ainda a necessidade da criação de um sistema financeiro global com regras mais rígidas especialmente no que tange às regras de alavancagem (endividamento) das instituições financeiras. O atual sistema mais permissivo, diz, levou à crise global de 2008/2009.

Durante o evento, Mantega voltou a defender que as medidas do governo para tentar conter a sobrevalorização do real têm sido eficazes. Segundo ele, a cotação do dólar estaria muito mais baixa sem essas medidas. "Se não tivéssemos tomado essas medidas, se tivéssemos deixado o mercado à própria sorte, a cotação do dólar estaria em torno de R$ 1,30, R$ 1,40, causando estragos nas exportações de manufaturados. As medidas são eficazes", afirmou.

Mantega deu outro exemplo do sucesso desta política. Ele lembrou que, nos três primeiros meses do ano, o Brasil recebeu um fluxo financeiro de US$ 35 bilhões. Depois das medidas, o patamar caiu. Em maio, até o dia 20, o fluxo foi de US$ 3,3 bilhões, o que segundo ele, é razoável. "Isso tem afetado o investimento estrangeiro
direto (IED). No ano passado, entraram no País US$ 48,5 bilhões. Este ano, a previsão está em US$ 65 bilhões."

Min Zhu, assessor especial do diretor-gerente do FMI, afirmou no evento que a entidade que os países devem buscar uma reação "inteligente" em relação ao excesso de liquidez mundial. Segundo ele, assim os países podem aproveitar o atual momento para usar este fluxo para promover o crescimento e o progresso.

"As ideias básicas estão ancoradas em princípios econômicos sólidos, especificamente: as intervenções de política econômica devem adequar-se ao máximo ao problema em questão; a magnitude das intervenções deve ser compatível com as distorções que elas tentam solucionar e na definição de suas políticas, cada país deve levar em conta os reflexos e consequências multilaterais de suas medidas econômicas", disse.

Ele afirmou que medidas como valorização da taxa de câmbio, acumulação de reservas e adequação do mix de políticas fiscais e monetárias devem ser tomadas antes de medidas de imposição de controle ou de medidas prudenciais.

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Apenas corrigindo um pouco o ministro: o sistema de Bretton Woods entrou em crise, na verdade, desde meados dos anos 1960, tendo vindo ao colapso em 1971. Em 1973 o Fundo reconheceu a impossibilidade de manter o regime do padrão ouro-dólar fixado em Bretton Woods, em 1944, e simplesmente eliminou de seu convênio constitutivo qualquer menção a um regime cambial de estabilidade administrada das moedas e de suas paridades respectivas.
Os países, portanto, são livres para fazer o que quiserem.
Durante muito tempo, por sinal, o PT preconizou controles cambiais e de capitais (ainda preconiza, para ser mais exato).
O fato de o ministro ser a favor da flutuação e que ele seja contrário aos controles excessivos só testemunha a se favor, e contra as suas conceopções anteriores. Ele é bem vindo ao realismo econômico, mas vem tarde, muito tarde.
Só precisa agora convencer o resto do seu partido para que abandonem as concepções primitivas, trogloditas, que muitos ainda mantêm sobre moeda, finanças, capitais, sobre o capitalismo enfim.
Eles deveriam pagar um imposto por se corrigirem tão tarde, juros de mora pelo atraso mental a que condenaram o país.
Ainda não se redimiram totalmente os esquizofrênicos...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chose de loques: deputados gauchos sao chauvinistas

Deveríamos deletar a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul?
Esse pessoal do PCdoB, que já foi vendido a estrangeiros -- no caso, ao PC da China, depois, quando a China virou capitalista, aos albaneses, e depois nem sei o que sobrou --, agora pretende se exibir na condição de chauvinistas culturais, pretendendo censurar nossas manifestações criativas e de importação cultural
Eles estão querendo controlar a maneira que falamos, como nos expressamos.
Fascistas...
Paulo Roberto de Almeida

Assembleia do RS determina tradução de termos estrangeiros
Igor Natusch
ZH, 20/04/2011

Foi aprovada nesta terça-feira (19) pela Assembleia Legislativa do RS, projeto de lei que pretende disciplinar de forma radical o uso de estrangeirismos em nosso país. Segundo o texto, de autoria do deputado Raul Carrion (PCdoB), torna-se obrigatória “a tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa, em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, sempre que houver em nosso idioma palavra ou expressão equivalente”. A votação foi apertada: 26 parlamentares gaúchos foram favoráveis, enquanto 24 se posicionaram contrários à lei.

Duas emendas foram aprovadas para o PL 156/2009. Uma delas, de autoria do próprio Raul Carrion, dispensa a necessidade de tradução em nomes próprios. A outra, do deputado Carlos Gomes (PRB), determina que os órgãos públicos e todos os meios de comunicação ligados ao Executivo e ao Legislativo priorizem o uso da língua portuguesa em todos os materiais que produzirem.

“Por que temos que usar ‘sale’ para falar de uma liquidação? Por que temos que ‘printar’ se podemos imprimir?”, questionou Raul Carrion durante a defesa de seu projeto. “Parece que falar em português é feio, vergonhoso, que bonito é falar estrangeiro. É uma imposição por macaquice”, atacou. O deputado comunista ressaltou, porém, que não há proibição no uso de palavras estrangeiras, e sim uma exigência no sentido de que sejam traduzidas.

Frederico Antunes: “Estamos discutindo uma questão de importância menor" -
Posição bem distinta da defendida por Frederico Antunes (PP). Para o progressista, a maior parte das expressões atingidas pela proposta de Carrion já estão incluídas até mesmo nos dicionários. “Estamos discutindo uma questão de importância menor. Faríamos melhor se nem tentássemos legislar a respeito dela”, criticou Antunes.

“Estamos pedindo que sejam traduzidos termos que usamos diariamente, que somos capazes de ler e compreender imediatamente o significado”. Jorge Pozzobom (PP) reforçou essa posição, dizendo que, em tempos de globalização, uma proposta dessas não faz sentido e que por isso o seu partido votaria contra o projeto.
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Lei que proíbe estrangeirismos não "deve pegar", alertam professores

Deputados aprovaram ontem legislação que obriga tradução de palavras em outros idiomas

A lei que obriga a tradução de termos estrangeiros para o português, aprovada nessa terça-feira pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, está causando polêmica. A maior crítica ao projeto é quanto à viabilidade da medida. Os professores de português consultados pelo Correio do Povo, nesta quarta-feira, alertam que a legislação não deve funcionar na prática.

“A lei não vai resultar em nada”, na opinião do professor Paulo Ledur.

Ele explica que a língua se faz pelo uso e por um processo cultural demorado. “A legislação não vai funcionar pela falta de fiscalização." O advogado e consultor de português do Correio do Povo Landro Oviedo concorda. “Essa lei é totalmente desnecessária e inviável, porque a comunicação se faz espontaneamente. As pessoas assumem ou descartam as expressões que não fazem sentido, naturalmente”, explicou. “Será muito difícil aplicar qualquer tipo de pena. A lei é inviável.” Oviedo acrescentou que uma determinação como essa não tem razão de existir, já que o português é uma confluência de outras línguas, como o espanhol, o francês e o inglês.

Oviedo disse que, caso seja empregada a tradução dos termos, a linguagem ficará truncada. “Vai acontecer o que chamamos de metalinguismo. Que é quando se usa palavras para explicar palavras. A linguagem em si terá um adicional, com o significado entre parênteses.”

O consultor disse ainda que não há risco da língua portuguesa se perder pelo uso de estrangeirismos. “Não é que não tenha problemas o uso de algumas expressões, mas isso é uma questão de bom senso.”
Além disso, na opinião de Oviedo, a medida poderia, até mesmo, interferir na música e na literatura. “Os nossos músicos e nossos poetas não poderiam utilizar espanhol, por exemplo, e nem mencionar ritmos como a milonga.”

O caminho para valorizar o uso da língua é inverso, conforme Ledur. “O que o poder público precisa fazer é incentivar o uso correto do idioma. Não há lei que transforme isso”, explicou. “Nem o Império Romando conseguiu impedir que o latim se transformasse.”

Contudo, o professor considera que há abusos do uso do inglês, por exemplo. “Isso porque o povo brasileiro é simpatizante. Falta um espírito de patriotismo”, afirmou. “A língua é talvez é o nosso maior patrimônio. O ensino adequado é que pode despertar o gosto por ela.”

Ledur contou que está torcendo para que o governador Tarso Genro não sancione essa lei. A assessoria de imprensa do Palácio Piratini informou que ainda não tem uma posição sobre a decisão do governador, mas adiantou que Tarso não descartou a possibilidade de vetar o projeto por dificuldades na aplicação. Ele tem um prazo de 30 dias para assinar o documento e deve ouvir especialistas.

O governador criticou a ridicularização à proposta do deputado Raul Carrion (PCdoB), e lembrou que a França e o território de Quebec tomaram medidas semelhantes de proteção ao idioma.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Acabou o pais de todos? (perguntar ofende, ao que parece...)

Parece que o novo slogan do governo já não é mais aquele, todo colorido:

BRASIL, um país de todos

Agora parece que virou:

País Rico é País sem Pobreza

Parece que perderam a imaginação também.
Eu realmente gostaria de encontrar o gênio do marketing que encontrou, bolou, tropeçou nesse slogan tão imaginativo, tão criativo, tão diferente, tão longe do banal e do esperado, tão tautológico, tão idiota...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A idiotice da semana: o capitalismo irracional

Leio apenas uma frase, ou duas, e desisto de ler o resto.
Mas os leitores podem adivinhar o que penso do seu autor, o inefável Emir Sader:

Capitalismo: o que é isso?
As crises revelam a essência da irracionalidade do capitalismo: porque há excesso de produção ou falta de consumo, se destroem mercadorias e empregos, se fecham empresas, agudizando os problemas. Até que o mercado “se depura”, derrotando os que competiam em piores condições.
- 05/01/2011

Bem, o que se poderia dizer?
Racional mesmo é o socialismo: sem nenhum desses desperdícios do capitalismo, com sua produção totalmente planejada, para atender exatamente as necessidades dos consumidores, sem um quilo mais, sem um par de sapatos a menos, tudo sob medida, para maior felicidade dos cidadãos. Graças aos sábios da planificação centralizada, o sistema econômico de produção socialista não conhece crises e não conhece desemprego. Deve ser uma maravilha, como atestam os resistentes exemplos da Coréia do Norte e de Cuba, esta ilha atualmente em processo de "desligamento" do Estado de meio milhão de trabalhadores...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

E por falar em Venezuela: la economia al reves...

Sempre me surpreendo com as "lições de economia" do Professor Chávez.
Os chineses fizeram o que se poderia chamar de "negócio da China".
Deuda con China sacrificará $6.000 millones en 2011
Emprestaram, de forma condicional, 20 bilhões de dólares (na verdade, yuans) aos venezuelanos, e vão receber quantidades crescentes de petróleo, nos próximos vinte anos. Tem também minério de ferro.
Se o Chávez não falhar na entrega do petróleo, os chineses fizeram o melhor negócio que poderiam esperar...
Essa economia da Venezuela só pode ir para o brejo...
Paulo Roberto de Almeida

Deuda con China sacrificará $6.000 millones en 2011
Guia.Com.Ve, 29/09.2010

El Gobierno deberá sacrificar 6.000 millones de dólares en ingresos fiscales, correspondientes al ejercicio 2011, para comenzar a pagar el préstamo de 20.000 millones de dólares que se acordó con la República Popular China, denunció el director de la Escuela de Economía de la Universidad Central de Venezuela (UCV), José Guerra.
El economista manifestó que el cálculo se basa en que Venezuela deberá suministrar 250.000 barriles diarios de petróleo a la nación asiática, como parte de pago, durante el año que viene.
Si se toma como referencia un precio promedio de 70 dólares por barril, que es una expectativa my factible según el economista, Venezuela dejará de obtener la cifra mencionada.
Como el convenio con China establece un suministro de petróleo incremental en el tiempo, de acuerdo con los cálculos de Guerra, con el mismo precio petrolero de referencia, Venezuela dejará de percibir 7.000 millones de dólares en 2012.
Lo anterior se deriva de que los envíos de crudo a la potencia asiática deberán elevarse a 300.000 barriles por día.
En consecuencia, Guerra estima, que Venezuela pagará 13.000 millones de dólares a China, en solo dos años, período en el cual solamente habrá recibido el 50% del préstamo acordado por 20.000 de dólares. Esto significa que al cierre de 2012 Venezuela habrá pagado 3.000 millones de dólares excedentarios.
A juicio de Guerra, comprometer la producción petrolera de esta manera configura un claro daño al patrimonio de la República, porque los Chinos hicieron el mejor negocio a costa de las insaciables necesidades fiscales del gobierno venezolano.
Condiciones del acuerdo
El acuerdo entre ambas naciones, firmado el pasado 10 de septiembre en Beijing, contempla que Pdvsa se obliga a venderle petróleo a China National United Oil hasta el 2012, con un tope de 300.000 barriles diarios para esa fecha. Mientras que para 2011 se estiman envíos de crudo por el orden de 250.000 barriles por día. Actualmente, según datos oficiales, Venezuela suministra cerca de 200.000 barriles diarios.
El acuerdo corresponde a dos líneas de créditos, una por 10.000 millones de dólares y otra por 70.000 millones de Yuan (10.200 millones de dólares).
El presidente Hugo Chávez anunció la semana pasada que de este préstamo fueron ya depositados por China 4.000 millones de dólares, destinados ya al 'reimpulso y aceleración de una serie de obras (públicas) y el inicio de otras', añadió sin más detalles.
Analistas del entorno petróleo aseguran que no está muy claro de donde provendrán los hidrocarburos que se requieren para honrar el compromiso con los asiáticos, toda vez que la decaída producción petrolera no muestra síntomas de recuperación, pese a las múltiples asociaciones que ha logrado la estatal petrolera venezolana para materializar proyectos en la Faja del Orinoco, que no logran despegar.
¿Qué hacer con los Yuanes?
Una de las condiciones del acuerdo que más preocupa al director de la escuela de economía de la UCV es que el 50% de la erogación se hará en Yuanes (moneda de curso legal en China), toda vez que esta es una moneda no convertible en cualquier país del mundo, según Guerra, por lo tanto los 10.000 millones de dólares que el gobierno chino entregará en yuanes sólo podrán gastarse en la adquisición de productos del país asiático.
El académico coloca como ejemplo la reciente compra de electrodomésticos a la empresa China Haier, que constituyó un excelente negocio para una economía que está buscando mercados para colocar sus crecientes volúmenes de producción industrial.
Guerra insiste en que pedir prestado para importar bienes y servicios sólo contribuye a reactivar las economías de otros países, pues la inflación y la sobrevaluación del bolívar atentan contra a competitividad de la economía nacional, haciendo imposible producir bienes locales.
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WISCO and Venezuela agree iron ore contract price for 2010
Steel Orbis, Wednesday, 21 July 2010

At the end of June this year, Venezuela sent a delegation to China to carry out negotiations regarding iron ore contracts with Hubei Province-based Chinese steelmaker Wuhan Iron and Steel Co. (WISCO). The WISCO and Venezuelan representatives have lately reached agreement on contract iron ore prices for the whole of 2010. Compared with the iron ore price Japan and South Korea contracted with Vale, the price agreed by WISCO and Venezuela is $20 lower. This means that WISCO could save up to RMB 400 million (about $59 million) by importing iron ore from Venezuela in 2010.

Compared with Brazilian iron ore, Venezuela's iron ore is of a high grade. In October 2009, International Economic and Trading Corporation, a subsidiary of WISCO signed a seven-year contract with the CVG mining company of Venezuela, for a total volume of 40 million mt of iron ore. In December 2009, WISCO received priority from CVG as regards iron ore purchases.

The Venezuelan contract reduces the pressure on WISCO from the three main mining giants - Vale, BHP Billiton and Rio Tinto - and also eases the pressure on the Brazilian ship route.

domingo, 29 de agosto de 2010

Economia politica da idiotice (com perdao aos mais sensiveis)

Já reclamaram, aqui mesmo, de minha linguagem um pouco rude em relação a certos idiotas com quem tropeço ocasionalmente em minhas leituras variadas. Reclamam, por exemplo, que chamo idiotas de idiotas, e acham que isso ainda vai dar processo contra mim.
Concordo, não pelo processo, ou ameaça de, mas porque isso não resolve o problema fundamental, que seria o de explicar porque um idiota é um idiota. Claro, nem todos podem perceber imediatamente que existe um idiota desatado nos espaços públicos, inclusive porque o idiota em questão pode dizer algumas coisas perfeitamente razoáveis, que parecem de senso comum e muitos concordariam com ele.
Eu, como tenho pouca paciência para a burrice e a estupidez, e tenho verdadeira alergia à má-fé e à desonestidade intelectual, quando percebo que um idiota quer nos fazer a todos de idiotas, saio logo dizendo que ele é um idiota.
Mas esse não é o bom método, sei disso, pois o que se deve fazer é explicar, com palavras perfeitamente inteligíveis, se possível evitando chamar o idiota de idiota, que seus argumentos são completamente equivocados, e deixariam o Brasil e todos nós em situação muito pior do que antes (sem a aplicação da economia política da idiotice).
Eu sei disso, e só pratico meu exercício ofensivo por absoluta falta de tempo e de paciência para sentar e refutar cada um dos argumentos idiotas -- sem chamá-los de idiotas, apenas de equivocados -- e avançar meus próprios argumentos de melhor qualidade (que pretensão, diriam alguns, mas acho que, depois de ter estudado tanto, tenho esse direito).

Pois, o idiota em questão está aí abaixo, e foi em relação a ele mesmo que começou todo este debate em torno de minha linguagem ofensiva. Eu deveria ter feito como fez o economista do Instituto Mises do Brasil (Leandro Roque, editor e articulista do Instituto Ludwig von Mises Brasil): rebater o fulano em questão -- virão como não o chamei de idiota desta vez? -- e explicar aos leitores onde está o fundamento da posição correta.
Pois bem, sem tempo para fazer a mesma coisa, permito, portanto, transcrever a refutação que segue abaixo.
Espero que, depois de ler, muitos concordem comigo em minhas assertivas, qualquer que seja a linguagem usada...
Paulo Roberto de Almeida
PS: Para o vermelho e preto, favor dirigir-se ao post original. Como eu sou um completo incompetente em matéria de blogs, coloco o que seria em vermelho em itálico.

Um vermelho-e-preto com Benjamin Steinbruch - o homem que quer fechar o país
Blog Libertatum, 26 de agosto de 2010

Confira a seguir a entrevista que Benjamim Steinbruch concedeu ao jornal Valor Econômico, com os didáticos comentários de Leandro Roque, editor e articulista do Instituto Ludwig von Mises Brasil

Benjamim Steinbruch é um empresário multifacetado. Hoje, ele pode facilmente ser chamado de magnata do aço. Um dos fundadores do grupo Vicunha, que mexe com produtos têxteis, Steinbruch foi incumbido, nos anos 1990, de diversificar os negócios da empresa, e acabou entrando nos processos de privatização da CSN e da Vale. Mais tarde, abriu mão de suas ações na Vale e aumentou sua participação na CSN, empresa da qual hoje é presidente.

Esse é o seu lado empreendedor.

Porém, como infelizmente acontece com a maioria dos grandes empresários brasileiros, Steinbruch também possui seu lado cartorial: ele é o presidente em exercício da FIESP, entidade que define o que os paulistas e, por conseguinte, os brasileiros podem importar ou não. O atual presidente da FIESP, Paulo Skaf, coerentemente é afiliado ao Partido Socialista Brasileiro. A mídia, que não domina assuntos teóricos, fez troça dessa afiliação de Skaf: "Um empresário socialista? Como pode?" Ora, Skaf está demonstrando corretamente suas preferências. O atual regime brasileiro, em que os grandes empresários fazem conluio com o governo para benefício de ambos e em detrimento do resto da população, nada mais é do que a variante fascista (corporativista) de um arranjo socialista.

Mas estou digressionando. Voltemos a Steinbruch. Sua entrevista a seguir foi dada ao jornal Valor Econômico, muito embora seu conteúdo pareça diretamente saído da Carta Capital ou do A Hora do Povo. Sua proposta econômica é módica, sensata e equilibrada: quer criar mais dois BNDES, desvalorizar a moeda o máximo possível e simplesmente proibir as importações, fechando o país.

A seguir, os trechos mais saborosos de sua longa entrevista. Vale a pena ler tudo, pois seu pensamento revela como pensa grande parte do empresariado protecionista brasileiro. Ele e o Valor vão de vermelho, eu vou de preto. [coloquei o vermelho em itálico. PRA]

Valor: O mercado interno (brasileiro) forte amplia a chegada das importações. Isso incomoda a indústria?
Steinbruch: A importação é uma coisa nova no Brasil. Nós ainda não tivemos tempo de considerar nossa posição. Temos uma ótima situação interna, gente comprando seu primeiro bem — casa, geladeira, fogão, carro — ao mesmo tempo em que lá fora os países estão em dificuldade, com enorme capacidade ociosa. Então, nosso mercado interno, que é uma referência mundial, vira alvo. O Brasil nunca viveu isso, não temos a experiência de ficar tão bem, então pagamos um preço pelo sucesso. O mercado interno vai continuar bom, mas não necessariamente a produção local vai estar trabalhando a plena capacidade. Num curto espaço de tempo as empresas vão fazer um esforço muito grande para exportar, por falta de possibilidade de vender o produto internamente.


Devo confessar que não entendi o raciocínio. Primeiro Steinbruch diz que o mercado interno está muito bom, com as pessoas comprando seus primeiros bens, como casa, geladeira, fogão e carro. Porém, em seguida, ele conclui que estar bom significa, na verdade, estar ruim, pois vários produtos externos passam a ser vendidos aqui dentro. Conclusão: mais opções de compra é algo ruim para a população.

Paradoxalmente, conclui Steinbruch, um mercado interno forte faz com que as empresas brasileiras tenham de "fazer um esforço muito grande para exportar, por falta de possibilidade de vender o produto internamente." Entendeu? Nem eu. E, aparentemente, nem o jornalista. Daí sua próxima pergunta.

Valor: Como assim?
Steinbruch: Há um descontrole de importações em todos os setores. No ano passado, no primeiro semestre, importamos o equivalente a US$ 5,9 bilhões em manufaturas da China. Agora, em 2010, importamos US$ 9,9 bilhões entre janeiro e junho, praticamente dobrou em um ano. E estou falando da China, apenas.


Aqui ele apenas cita um dado. Porém, utilizando-se de um artifício malicioso, Steinbruch transforma essa ausência de conclusão em uma conclusão em si. Basta falar que as importações da China aumentaram de 5,9 para 9,9 bilhões de dólares em apenas um ano e, voilà!, ele transforma um dado numérico em uma coisa vagamente assustadora, fiando-se apenas no preconceito anti-importação que domina toda a imprensa, algo que é tomado como um critério universalmente aceito. À luz desse preconceito, não precisa haver mesmo conclusão alguma, pois o simples fato de estar havendo importações da China já é automaticamente aceito como algo supremamente anormal e condenável. A pergunta a seguir confirma esse raciocínio.

Valor: Isso é discutido na Fiesp? (Observe que sequer há uma indagação sobre os motivos de tal aumento das importações chinesas ser algo ruim.)
Steinbruch: Muito. Ninguém pensava que as empresas brasileiras iriam ter de parar a produção por excesso de estoques enquanto o mercado está com demanda forte, mas isso ocorre porque as importações estão ocupando espaço.

Se as importações chinesas estão "ocupando espaço" dos produtos brasileiros é porque os consumidores brasileiros estão voluntariamente mostrando que preferem aqueles produtos (talvez por serem mais baratos) aos produtos brasileiros. E o senhor Steinbruch não aceita isso. Ele quer, na verdade, um decreto governamental que proíba os consumidores brasileiros de exercerem livremente suas preferências no mercado. Melhor ainda: ele quer que os brasileiros sejam obrigados a comprar apenas os produtos seus e de seus companheiros.

Se você acha que eu estou mentindo ou exagerando, continue lendo o show de horrores que virá a seguir.

Valor: O sr. tem algum caso concreto de empresa que vai fazer isso? (Parar a produção por excesso de estoques).
Steinbruch: Até duas semanas atrás ninguém falava nisso. Se pegar os dados de 31 de julho, vocês não verão. É algo que está acontecendo agora. Há 350 mil toneladas de aço estocadas em Santa Catarina. As empresas vão ser obrigadas à exportar, o que é um esforço muito grande com uma moeda tão valorizada. Vai ter de baixar o preço no mercado interno para competir com o importado, o que é uma competição desleal, mas só vai ter o efeito disso no ano que vem. Qualquer medida que o governo tomasse agora só serviria para 2011, então o governo está atrasado. A economia vai bem, a demanda está forte, mas as empresas brasileiras estão com dificuldade de aproveitar essa bonança.

É até difícil escolher por onde começar. Tentemos pela ordem. Se há 350 mil toneladas de aço paradas em Santa Catarina, restam-lhe 3 opções:

1) Vender tudo no mercado interno — é só baixar o preço que ele vai encontrar o tanto de compradores que ele quiser. Só que, como ele se acostumou com preços altos para seus produtos — tudo estimulado pela expansão do crédito orquestrada pelo Banco Central —, praticar uma redução é algo inconcebível.

2) Exportar a preços vigentes no mercado internacional, algo que para sua tristeza ele não pode controlar.

3) Estocar para vender quando o preço lhe for mais propício.

Depois dessa lamúria, Steinbruch prossegue dizendo que ter de baixar preços para competir com a concorrência dos importados é "uma competição desleal". Como todo grande empresário cartorialista, ele parece ter se acostumado à crença de que vender a preços constantemente altos é um direito inalienável.

Ato contínuo, ele solta o veredicto: o governo tem de agir e tem de agir rápido! Aliás, já está atrasado! As empresas brasileiras não estão conseguindo aproveitar a atual bonança, pois os malditos chineses estão acabando com a festa, atrevendo-se a vender aqui produtos baratos e voluntariamente desejados pelos consumidores brasileiros. Que alguém trate logo de abolir o mercado e seu sistema de preços insensível às volúpias do grande empresariado.

Valor: Mas como convencer as pessoas de que é preciso fazer algo num período de crescimento forte, redução do desemprego e aumento de salários?
Steinbruch: Só perceberemos depois que as empresas começarem a parar mesmo. Aí veremos que alguma coisa furou no modelo, e furou por um descuido nosso, porque ninguém pensou nisso e muita gente não percebeu ainda. Vamos bater num muro a 200 km por hora. Cerca de 95% dos óculos vendidos no país são importados, sabia? Escovas e pentes têm a mesma situação. Não se fabrica mais aqui. Ou incentivamos mais ainda o mercado interno, com financiamento, isenção de imposto, para ter efeito rápido, ou restringimos ao máximo as importações.


Enquanto o resto do mundo se preocupa com nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e robótica, nosso empresariado ainda está preocupado com a produção de pentes e escovas! De acordo com Steinbruch, se o país parar de produzir pentes, ficaremos pobres!

Consequentemente, para impedir a derrocada da portentosa indústria nacional de pentes e escovas, o governo deve abrir as torneiras, dar financiamento barato para as empresas voltarem a produzir tão demandados e insubstituíveis objetos (só falta encontrar algum índio pra fazer escambo), e, só pra garantir, dar uma fechadinha básica nas importações. É assim que um país enriquece.

Se nos aprofundarmos um pouco mais, veremos que tal raciocínio tacanho seria contra a substituição das máquinas de escrever pelos computadores, das velas pelas lâmpadas incandescentes e das carroças pelos automóveis. Steinbruch, se possível, proibiria a importação de laptops, pois isso seria ruim para as representantes da Olivetti no Brasil.

Valor: O novo governo, seja qual for, vai fazer algo próximo disso?
Steinbruch: Isso certamente vai ter de ser feito a partir de 2011. Porque enquanto o Brasil estiver bem e os outros países estiverem mal, isso vai se perpetuar. A empresa estrangeira não tem para quem vender, então manda para cá. O que desorganiza a cadeia é que quem está importando não são os clientes finais da indústria brasileira, mas o intermediário. Se você conversa com os industriais, eles vão te dizer que estão com produção toda vendida até o fim do ano. Só que os clientes não estão retirando a mercadoria. Porque entrou uma opção alternativa, o importado, que não estava previsto. Nem por quem produz, nem por quem compra.


Maldito mercado! Interpondo-se às expectativas sossegadas dos cartorialistas! Ou em 2011 o governo acaba completamente com as importações ou voltaremos à idade da pedra — só que, dessa vez, com escovas e pentes chineses.

Observe que o raciocínio tortuoso de Steinbruch leva a uma conclusão óbvia: quanto mais produtos estrangeiros forem vendidos aqui dentro, quanto maiores as opções e quanto mais baratas forem, pior para os brasileiros. Ou seja: estamos pobres porque somos ricos. Vamos empobrecer porque enriquecemos. Somos miseráveis pois vivemos na fartura. Um país só pode ser rico quando seu mercado interno é dominado por apenas um tipo de produto vendido ao maior preço possível.

Por que é inconcebível para Steinbruch a hipótese de os produtores nacionais simplesmente reduzirem seus preços? Por que o empresariado não aproveita essa maré favorável às importações e compra bens de capital que lhes permita otimizar seu processo produtivo, aumentando assim a produtividade? Isso possibilitaria uma redução de preços e um concomitante aumento dos lucros. Porém, é mais fácil simplesmente pedir para o governo barrar as importações. O que vale é o bem-estar deles e não o dos consumidores.

Valor: Mas a maior parte do que importamos é maquinário e bem intermediário, que complementa a produção. Essa importação não é benéfica ao país?
Steinbruch: A importação benéfica para o país é difícil de se diferenciar. É aquela que complementa além do limite de produzir. Se há demanda para 105 e produzimos 100, assim os cinco vêm de fora, para equilibrar a inflação. Hoje, com a oferta que temos no mundo, o risco grande que temos não é de inflação, mas de deflação. O Banco Central está errado quando diz que há risco de inflação. O que veremos agora é deflação. Porque a ociosidade do mundo, em termos produtivos, dificulta e muito qualquer processo inflacionário de demanda, que seria nosso caso, então não existe risco de inflação no Brasil. O nível de esforço que os países maduros estão fazendo para conseguir gerar demanda, com bilhões e bilhões de gastos para incentivar a economia é justificável para reanimar a atividade. Aqui fazemos o contrário, estamos castigando o sucesso do ciclo positivo que nós desenvolvemos — mercado interno, emprego, renda familiar —, que é quebrado pela importação, favorecida pela moeda valorizada. Estamos surpresos.


Antes de tudo, observe que Steinbruch não respondeu à pergunta que lhe foi feita. O que ele realmente quer — e disso ele não abre mão — é um maior rigor nas importações, de modo que seja importado rigorosamente apenas aquilo que vai complementar a produção. Ou seja, se a indústria nacional de pentes está produzindo em sua capacidade máxima, mas a demanda por pentes continua insaciável, então nesse caso — e apenas nesse caso —, Steinbruch permite que os chineses vendam seus pentes aqui dentro. Porém, tão logo essa demanda tenha sido saciada, as importações devem voltar a ser restringidas, para que a indústria nacional volte a ser soberana na venda de pentes mais caros.

Quanto à balela sobre risco de deflação, isso apenas mostra como os grandes empresários são contra uma moeda forte — como um padrão-ouro, por exemplo, que é inerentemente deflacionário (no sentido de provocar uma constante redução nos preços). É muito mais fácil viver em uma economia cuja oferta monetária esteja em constante aumento, pois assim os lucros contábeis são mais fáceis e a produção pode ser de menor qualidade.

Valor: Com o quê?
Steinbruch: Uma situação previsível de tranquilidade no segundo semestre mudou para uma surpresa de empresas grandes estarem parando por férias ou reduzindo pessoas por um desequilíbrio entre oferta e demanda por conta do importado. Para um país como o Brasil, que tem matéria-prima, capacidade produtiva, capacidade de ter duas safras agrícolas e petróleo, não vejo onde está o benefício da importação, a não ser que seja para equilibrar preços, para evitar inflação. O Brasil teria que, de alguma forma, se fechar.


Uma situação previsível de tranquilidade foi perturbada pela repentina mudança nas preferências dos consumidores. Empresário que se assusta e se surpreende com o fato de que os consumidores preferem produtos mais baratos me parece estar no ramo errado. Essa é a essência do empreendedorismo: saber antecipar as mudanças no comportamento dos consumidores. Como explicou Israel Kirzner, os empreendedores têm de estar sempre alerta às tendências de mercado. Aqueles que não se adaptarem a isso, certamente perderão fatias de mercado — e os que são poderosos o suficiente, certamente recorrerão ao governo para tentar mudar isso.

Observe, ademais, o totalitarismo nas duas últimas frases de Steinbruch: não há benefício para os brasileiros nas importações. Esta deve ser usada apenas pontualmente com o intuito de controlar o aumento de preços. Fora isso, as importações devem ser proibidas e o país deve se fechar. (Lembra-se que eu falei lá em cima que eu não estava exagerando?)

Valor: Como assim?
Steinbruch: Fazer um pouco o que a China fez. Vocês falaram de máquinas, por exemplo. O certo é que o Brasil pudesse desenvolver, por conta do crescimento contínuo da economia, tecnologia própria, inclusive para máquinas e equipamentos, para avançarmos tecnologicamente. Hoje, importamos equipamento chinês. Por quê? Porque cresceram por 15, 20 anos e tiveram condição de testar equipamento e tecnologia, corrigir, melhorar. Começaram copiando, depois melhorando e hoje eles têm tecnologia própria. O Brasil tem de fazer a mesma coisa.


Esse é um raciocínio delicioso. De acordo com Steinbruch, se o país se fechar, isso milagrosamente fará com que todo o intelecto nacional repentinamente se exacerbe e exiba seu pleno potencial, fazendo com que, do nada, haja um salto tecnológico no país. Para ele, a inteligência, a tecnologia e o capital são coisas que estão ali, adormecidas, apenas esperando uma oportunidade — no caso, um fechamento do mercado — para que possam finalmente despertar e se exibir em sua totalidade.

E ele aparentemente falou isso com um grande ar de seriedade. É como se toda a tecnologia, todo o capital e todo o intelecto prático fossem apenas um adorno que automaticamente entraria em cena tão logo a concorrência estrangeira fosse suprimida; é como se a ausência desses elementos hoje observada não fosse de maneira alguma um obstáculo à conquista do padrão chinês de desenvolvimento. Basta fechar o mercado e as mil flores irão florescer. Haverá, finalmente, o nosso Grande Salto Para a Frente.

Valor: Fechar a economia, então?
Steinbruch: A economia tem que se fechar um pouco para poder propiciar esse salto.


Eu nunca exagero no que falo.

Valor: Mas durante esse processo, não experimentaremos um período de inflação mais alta?
Steinbruch: Você tem que incentivar o bem mais barato fabricado aqui. Nós não temos porque fazer mais caro que lá fora.


Ora, mas o bem mais barato é exatamente o que vem lá de fora! Não era exatamente disso que ele estava reclamando? Como um fechamento do mercado vai permitir que mais bens, melhores e mais baratos sejam produzidos aqui dentro? Para responder isso, ele precisa antes explicar como vai solucionar aquele problema que mencionei duas respostas acima.

Valor: E o caso da Petrobras na exploração do pré-sal que dá prioridade ao fornecedor nacional, mas há máquinas e peças que só existem no exterior?
Steinbruch: E por que não têm máquina aqui? Não é por falta de capacidade nossa, seja tecnológica, gerencial ou financeira, então não é por isso. Temos que nos educar no sentido de colocar desafios maiores para o Brasil. Nós podemos tudo. Temos que dar um trato diferente ao capital que vai para investimento e ao que vai para custeio. O investimento no Brasil é muito caro, temos um custo que não é comparável com o exterior. Essa discussão do BNDES é totalmente secundária e inoportuna.


A Petrobras, que não é boba, concorda comigo e discorda de Steinbruch. Na hora de buscar capital e tecnologia de ponta, ela corre pro exterior. Apenas ficar com esse papo cafona de que não há falta de capacidade tecnológica, gerencial ou financeira no Brasil, e que "temos que nos educar no sentido de colocar desafios maiores para o Brasil. Nós podemos tudo.", não é o suficiente para sanar estes problemas. O problema vem bem mais de longe, e não será solucionado apenas com romantismo.

Valor: Por quê?
Steinbruch: Porque temos que fazer todo o esforço possível e imaginável para favorecer o investimento. Então, o banco de desenvolvimento tem de dar condições para as empresas. Para micro, pequena, média empresa e também para as grandes e gigantes. Temos que ir para fora. Um país que quer liderar tem que ter empresas fortes e isso só ocorre se o governo apostar junto. Foi o que aconteceu em todos os países do mundo. Se for copiar o que aconteceu com Inglaterra, Estados Unidos, é o mesmo modelo. Temos que copiar e depois melhorar. Nós temos que privilegiar o BNDES e outros, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O presidente Lula estava certo quando estimulou o BB e a CEF à fazerem mais, à estarem presentes num momento de crise, à não cortarem o crédito. Foi um momento muito importante.


Esta posição em prol do "crédito fácil que gera crescimento" é muito difícil de ser atacada no atual momento da economia brasileira, em que tudo parece estar indo às mil maravilhas. Da mesma forma, era impossível criticar o Fed durante o período da bonança imobiliária americana, onde tudo aparentemente também era uma maravilha. Alan Greenspan, o então presidente do Fed, era saudado como um gênio monetário, capaz de gerar riqueza por meio da simples impressão de dólares. Deu no que deu. E hoje, o que vou falar no parágrafo seguinte já é amplamente aceito nos EUA (exceto pelos keynesianos); já é amplamente entendido como a causa da expansão artificial e da consequente recessão americana. Aqui no Brasil, como a coisa ainda vai demorar um pouco pra acontecer, tal raciocínio parecerá estranho. Mas economia é assim mesmo: é a arte de entender o que não se vê.

Um aparente "crescimento" econômico trazido por uma expansão do crédito — no caso, os financiamentos subsidiados do BNDES e a redução dos juros feita pelo BACEN —, não chega sequer a ser um crescimento econômico. Tampouco há um genuíno aumento da produção econômica. Inflação e crédito fácil jamais podem aumentar a disponibilidade de bens em uma economia; jamais podem aumentar a produção total. A única coisa que ambos fazem é provocar uma realocação de recursos, favorecendo aqueles que recebem esse dinheiro antes de todo o resto da população, e prejudicando aqueles que recebem esse dinheiro por último.

Durante esse período de realocação dos fatores de produção dentro da economia — período esse que é confundido com crescimento econômico genuíno —, as pessoas erroneamente creem que estão vivendo um período de bonança, quando na verdade estão vivendo um período de desperdício de recursos. Bens de capital estão sendo empregados em projetos que serão insustentáveis no longo prazo.

Esse processo é camuflado pelo fato de que alguns membros da sociedade realmente estão enriquecendo. Porém tal enriquecimento foi trazido apenas e exclusivamente pela criação de dinheiro. E sempre em detrimento daqueles que serão os últimos a receber esse dinheiro recém-criado.

"Ah, mas o PIB cresce!" Não obstante todas as falhas com o cálculo do PIB, é suficiente apenas dizer que, como o PIB mensura os gastos da economia, é óbvio que uma quantidade maior de dinheiro fará com que o valor nominal desses gastos sejam maiores. E mesmo sabendo que o PIB é "corrigido pela inflação de preços", sabemos que o aumento dos preços é sempre menor do que o aumento ocorrido na oferta monetária. Consequentemente, um aumento da oferta monetária de fato causa um aumento do PIB real, mas está-se apenas mensurando gastos, e não produção e poupança, que é o que realmente gera riqueza.

Valor: Como o sr. vê as críticas ao BNDES?
Steinbruch: Não precisamos de um BNDES, mas de três bancos como o BNDES para atender a demanda por investimentos e a formação de empresas globais.


Quanto mais crédito fácil, melhor é para aqueles que recebem esse dinheiro primeiro. Nesse caso, o senhor Steinbruch está sendo bastante coerente. Ele está defendendo aquilo que é bom exclusivamente para ele.

Valor: Além de fortalecer o BNDES, que medidas podem fomentar os investimentos?
Steinbruch: A mais imediata seria diminuir a taxa de juros, para desvalorizar a moeda.


O brasileiro não pode ter uma moeda forte, com um bom poder aquisitivo, que lhe permita comprar mais coisas de fora. Não. O ideal é que o brasileiro tenha uma moeda que ninguém aceita lá fora, valendo menos que capim. A moeda ideal é aquela suficiente para comprar apenas os produtos produzidos pelo senhor Steinbruch e por seu círculo de amigos fiespianos. O resto é desnecessário.

Valor: Mas já passamos por processo de redução de juros e mesmo assim a moeda continuou se valorizando...
Steinbruch: Se derreteu a moeda cortando juros, imagina elevando, como fazemos agora. Nossa taxa precisa ser um ou dois pontos percentuais acima da inflação.


As noções econômicas de Steinbruch são completamente invertidas. Para ele, uma moeda "derretida" é aquela moeda forte, com poder de compra no mercado internacional. Já uma moeda literalmente derretida, sem poder de compra algum lá fora, é para ele uma moeda robusta, geradora de prosperidade. Aparentemente, enquanto o dólar não estiver na casa dos 15 reais, Steinbruch não vai sossegar.

Valor: Então não passa só pelos juros, certo?
Steinbruch: Não, podemos também controlar importação. Tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Há muitos bens, como lâmpadas, que chegam custando um centavo de dólar. Precisamos ter gente treinada, investimento em pessoal para que possam controlar e desenvolver sistemas. Os países maduros têm isso, porque eles também foram alvos. Os Estados Unidos têm uma bíblia para você poder entrar lá e um pessoal profissional para controlar o que entra. Agora, o alvo somos nós e nós não temos essa experiência, então vem tudo para cá.


O modelo de prosperidade de Steinbruch deve ser a Coréia do Norte. Lá não há lâmpadas sendo vendidas a um centavo de dólar. Lá as importações são bem controladas. Lá há investimentos e gente treinada para controlar e desenvolver sistemas (nucleares). Lá certamente há "uma bíblia para você poder entrar lá e um pessoal profissional para controlar o que entra".

Enquanto isso, nós, coitados, somos bombardeados por uma oferta de produtos chineses baratos, algo que não pode acontecer. No Brasil de Steinbruch, haveria um exército de funcionários seus em todos os portos e aeroportos, inspecionando direitinho o que entra e ditando a nós, brasileiros, o que podemos consumir ou não.

Valor: A Usiminas entrou com um pedido de antidumping contra a importação de chapa grossa de aço. Acha que a abertura de processos antidumping pode ser uma saída?
Steinbruch: Tem que fazer. A gente vai deixar de ser um país produtor industrial para ser um importador? É um castigo que não podemos pagar.


Castigo é poder comprar produtos baratos de fora. Benção é ser obrigado a comprar apenas os produtos feitos por Steinbruch e sua claque.

Valor: Então devem partir das empresas as medidas de controle?
Steinbruch: Tem que ser algo coordenado com o governo.


Esse coordenação entre governo e empresariado foi um arranjo de muito sucesso na Itália e na Alemanha da década de 1930.

Valor: Mas o governo atual ou o futuro vai fazer isso?
Steinbruch: Tem que fazer. O Brasil vai ter que adotar uma política dura porque hoje em dia é muito mais importante para nós a produção e o emprego [indústria] que a fazenda [campo]. O problema para nós é muito mais dar garantia à produção e ao emprego que a questão econômica e financeira, que já está equacionada. A prioridade agora é o Ministério do Desenvolvimento, tanto com incentivo para exportar quanto para evitar importação desordenada. Cada porto tem que ter um controle e isso precisa ser integrado
.

Aqui Steinbruch é explícito. Ele defende uma burocracia responsável por fazer planejamento econômico, em que a decisão sobre o que será produzido, em qual quantidade e para quem será vendido fica a cargo de burocratas, e não dos consumidores. Nada de "importação desordenada". Cada porto deverá ter um agente contratado por Steinbruch, inspecionado absolutamente tudo o que entra no país, e dando seu selo de aprovação. (E aposto que você achou que eu estava exagerando nas minhas três respostas acima).

Valor: O que mais preocupa o empresariado?
Steinbruch: Preocupa tudo. Está faltando mão de obra, estamos colocando escola dentro do canteiro de obra, fazendo o que podemos para formar gente, algo que é um limitador do crescimento brasileiro.


Agora Steinbruch passou a concordar comigo e, consequentemente, a se contradizer. Como um país com esse nível de educação vai repentinamente se modernizar via fechamento dos portos? Apenas essa frase já está em contradição com metade das suas ideias acima expostas.

Valor: O que acaba por aumentar os salários. Isso é um empecilho?
Steinbruch: Aumentar salário para o consumo de produção nacional é razoável. Duro é aumentar salário para o cara consumir bem importado, isso é uma distorção. Estamos em condições de avançar e agregar outros 50 milhões de consumidores na economia. É um país fantástico, mas ainda temos muito o que fazer. Enquanto lá fora estão fazendo de tudo, o possível e o impossível para ressuscitar a economia, aqui não precisamos disso.


Aumento salarial bom mesmo é só aquele que é gasto integralmente na compra de produtos com o selo Steinbruch. Se o aumento salarial for gasto no consumo da produção nacional, isso será apenas "razoável". Mas duro mesmo é o sujeito se atrever a gastar seu salário comprando o que ele quer, principalmente coisas importadas. Aí já é demais. "Isso é uma distorção".

São pensamentos totalitários como esses do senhor Steinbruch que fazem com que o capitalismo tenha uma má fama, sendo visto como um sistema manipulado, no qual empresários e governo fazem conluio para benefício mútuo em detrimento de toda a população, principalmente a de menor renda, que se torna obrigada a comprar produtos nacionais mais caros.

Como bem disse Benito Mussolini,

"O fascismo deveria ser mais apropriadamente chamado de corporativismo, pois trata-se de uma fusão entre o poder do estado e o poder das grandes empresas".

Apenas o livre mercado pode colocar essa gente no seu devido lugar.

[Fim da transcrição]
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Retomo:
Bem, depois desse exercício de refutação bem conduzido pelo Leandro Roque, retomo minha linguagem mais dura, já empregada num post anterior, e acho que agora os leitores concordarão comigo. O "empresário" em questão não é apenas um idiota, o que ele é, obviamente. Se trata também de alguém de má-fé, já que apresenta seu interesse pessoal como sendo o interesse nacional.
Creio que os leitores concordarão comigo.
Era o que se queria demonstrar.
Paulo Roberto de Almeida